Terapia de Aceitação e Compromisso
Terapia de Aceitação e Compromisso
Terapia de Aceitação e Compromisso
“Preciso de motivação para seguir trabalhando”, “Sem amor não posso seguir em
frente” ou “Tenho que garantir que conseguirei o que quero para poder seguir em
frente”. São frases familiares que todos nós falamos em alguma ocasião e que indicam
um profundo grau de mal-estar. A terapia de aceitação e compromisso pode nos ajudar.
“Lembre-se daqueles momentos nos quais seu convencimento de que aquela situação
carecia de todo o sentido foi o que lhe permitiu vivê-la livre, intensamente, e aprender
com a experiência…”
– L. Wittgenstein –
Esquiva experimental
A dor é uma parte inseparável da vida humana, no entanto o sofrimento é “outra
música”. Sentir-nos mal é um estado que qualquer um quer evitar ou, no caso de já estar
nele, escapar. Assim, nos empenhamos a fundo para anular as emoções e os sentimentos
negativos o quanto antes.
Todos tendemos a evitar o sofrimento em maior ou menor medida (salvo que existam
recompensas secundárias muito poderosas: alguém poderia querer estar “um pouco
doente” para receber atenção), e isso é algo lógico e desejável. No entanto, existem
ocasiões nas quais o preço a se pagar para conseguir, por nos equivocarmos na forma de
fazer, se torna muito alto.
Por outro lado, este rádio pode ser útil para nós no sentido de que pode nos dar
informação (no rádio não só existem debates de opinião, também existem informativos:
em nossa mente acontece o mesmo). Pode nos dizer se vai fazer calor, inclusive nos dar
sua opinião sobre se vale a pena sair ou não com esse calor, mas não deixa de ser uma
recomendação, que podemos seguir ou não. Este rádio, voltando para a psicologia, pode
nos dizer que em uma festa haverá uma tensão, inclusive nos aconselhar a não ir, mas
somos nós que decidimos no final. Neste sentido, na terapia é muito importante separar
a fusão que se produz entre o que diz o rádio e nossas chances de ação.
Os valores
A terapia de aceitação e compromisso outorga uma especial importância aos valores das
pessoas. O fato de que uma pessoa avalia, por exemplo, um determinado objeto como
feio ou bonito é, em sua maior parte, questão de antecedentes históricos dessa pessoa na
cultura correspondente.
Este termo é mais simples de definir. Consiste em realizar sempre os mesmos atos por
não dispor de um repertório mais amplo. Ou seja, muitas vezes damos voltas e voltas
sobre o mesmo problema e nunca chegamos a uma solução eficaz. De acordo com a
terapia de aceitação e compromisso, isso se deve ao fato de não dispormos de mais
“soluções” para enfrentar os problemas e de que tampouco as buscamos.
Estas pessoas vivem envoltas por este padrão de evitação com um custo pessoal muito
elevado, por exemplo, impedindo que alcancem muitos de seus objetivos. Nestas
circunstâncias falamos do transtorno de evitação experimental.
“O amor implica sofrimento porque podemos perdê-lo, mas se negar ao amor para
evitar o sofrimento não soluciona o problema, já que se sofre por não tê-lo. Então, se a
felicidade é o amor e o amor é sofrimento, então digo, a felicidade também é
sofrimento. Os dois lados do amor…”
– W. Allen –
O transtorno de evitação experimental aparece quando uma pessoa não está disposta a
estabelecer contato com suas experiências privadas de valência negativa (sejam estas
estados ou sensações do corpo, pensamentos ou lembranças). Um exemplo concreto de
experiência privada negativa podem ser as emoções “indesejáveis”, como o
aborrecimento ou a tristeza.
Neste sentido, nos damos permissão para nos sentirmos assim. Nos esquecemos com
frequência de que as pessoas “devem” se sentir tristes de vez em quando pelo simples
fato de serem pessoas. Quando evitamos esta experiência, está se torna mais intensa,
porque tudo aquilo que evitamos ou que resistimos persiste.
Com frequência, este padrão de comportamento parece efetivo a curto prazo porque
alivia a experiência negativa. No entanto, ao aparecer de um modo crônico e
generalizado, as experiências negativas aumentam e chegam a produzir uma limitação
na vida da pessoa.
Dito de outro modo, uma pessoa termina por ir contra o que é valioso para ela mesma,
sendo o suicídio o representante de um caso extremo de evitação experimental. A
natureza paradoxal do transtorno de evitação experimental radica, precisamente, no fato
da pessoa que o sofre estar implicada em fazer o que entende que deve fazer para
eliminar o sofrimento (empregando tempo e esforço em tal objetivo).
No entanto, o que obtemos ao longo prazo é que aquilo que faz a pessoa sofrer está
cada vez mais presente, e sua vida cada vez mais fechada. Ela se vê impossibilitada de
seguir em frente com a obtenção das metas e dos valores que são importantes para ela.
Uma análise dos estudos publicados sobre a terapia de aceitação e compromisso parece
demonstrar que os grupos de transtornos onde foi reunido um maior corpo científico
são, nesta ordem:
Os transtornos de ansiedade
Os vícios
Os transtornos de humor
Os quadros psicóticos
É bem possível que esta eficácia diferencial esteja relacionada, por um lado, com a
ênfase que ACT coloca na aceitação – um componente sem dúvidas necessário diante de
experiências associadas com a dor emocional (ansiedade, depressão, luto, transtorno
pós-traumático, etc) – e por outro, na potencialização do compromisso pessoal – o que,
por outro lado, parece crucial para abordar transtornos que envolvem comportamentos
que colocam em risco a saúde (práticas sexuais de risco, consumo de álcool e drogas,
etc).
Referências bibliográficas
Kelly G. Wilson, M. Carmen Luciano Soriano. Terapia de aceptación y compromiso
(ACT). Madrid. Pirámide.
fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/terapia-de-aceitacao-e-compromisso/