Direito Processual Civil I - Aula Extra - Tutela Cautelar

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Direito Processual Civil I – Prof. Rodrigo Castro – 2020.

1 – Débora Ferraz Kutter de Lalor Motta – Aula extra


Tutela Cautelar

Pode ser incidental, contudo, é mais utilizada na modalidade antecedente: há um novo processo, o cautelar.

Por ser uma tutela provisória, se for antecedente, o juiz sempre fará um juízo de cognição sumária: ele não terá pleno
conhecimento da causa, com base na probabilidade do direito.

1. Sumariedade formal e material:


1.1. Formal: Representada pelo procedimento sumarizado aplicado ao processo cautelar (procedimento
próprio e curto). Segue um rito diferenciado.
1.2. Material: Suficiência da cognição sumária desenvolvida pelo juiz para concessão da tutela cautelar.
Se for uma tutela cautelar antecedente, não foi feita no processo principal e sim num processo cautelar
para obter a tutela. Assim, o juiz vai julgar com base na cognição sumária.
2. Instrumentalidade:
Seja requerida de forma incidental ou antecedente, serve de instrumento para o outro processo, o principal.
Busca resguardar a utilidade do processo satisfação do direito.
A tutela cautelar serve para tornara composição/satisfação do processo principal viável no mundo dos fatos.
Ou seja, é o instrumento do instrumento.
Observar que não serve para obtenção do bem da vida e sim para possibilitar essa obtenção, garantindo que
o resultado do processo seja útil e eficaz.
Ex.: A deve devolver o carro a B, pois lhe é devido. Para evitar que A aliene o carro e, com isso, o resultado útil
do processo se perca, B pode entrar com um processo cautelar a fim de que o carro seja bloqueado para
impedir que A possa alienar o veículo e, no processo principal, o carro seja devolvido a B.
Atenção para o fato de que a instrumentalidade é hipotética, porque pode se manifestar de outras formas
diferentes da garantia do resultado útil do processo.
Ex. 2: A requereu tutela cautelar para constrição de bens de B para garantia de futura execução de pagar
quantia certa (arresto), a fim de evitar fraude e fuga de dívida. Na hipótese de obrigação ainda não adimplida
e no momento da satisfação do direito, B cumpriu sua obrigação – teve os bens bloqueados – esse bloqueio
perde seu objeto pois B pagou tudo que devia, extinguindo a obrigação. Com isso, perde-se a
instrumentalidade da tutela cautelar, que a constrição de bens – é utilizada como medida coercitiva. Assim, o
processo principal não precisará existir.
O CPC não tipifica as cautelares, fala apenas que podem versar sobre matéria ampla, geral e irrestrita – basta
preencher o requisito.
3. Requisito: Perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
4. Modos de efetivar a cautelar: Art. 301, NCPC.
Arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra
medida idônea (legal, lícita) para assegurar o direito.
5. Tutela cautelar incidental:
Pode ser requerida a qualquer momento no processo principal.
Ex.: A ingressou com ação contra B requerendo sua condenação na obrigação de dar coisa (um carro). Durante
o curso do processo, A fica sabendo que B está fazendo de tudo para vender o carro e tentar se livrar de
devolvê-lo a A. Assim, A pode fazer um pedido de tutela cautelar incidental para que o carro seja apreendido
até decisão final, a fim de evitar arriscar o resultado útil do processo – se o carro for vendido, A nunca poderá
tê-lo de volta, com isso, não há possibilidade de resultado útil do processo.
6. Tutela cautelar antecedente: Arts. 303 a 310, NCPC.
Art. 305: Precisa informar o conflito que, no futuro, precisará de um processo principal, além da exposição
sumária do direito que se pretende assegurar (fumaça do bom direito) e o perigo de dano ou risco ao resultado
útil do processo.
O autor pode se confundir ingressando com pedido cautelar ao invés de antecipada. Nesse caso, cabe a
fungibilidade.
Art. 306: O réu contesta em 05 dias o pedido da tutela cautelar e informar as provas que pretende produzir.
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Art. 307: Não sendo contestado, podem recair sobre o réu os efeitos da revelia. Aqui, as alegações autorais
não serão presumidas como verdadeiras, mas aceitas como ocorridas pelo réu. Nesse caso, o juiz pode julgar
em 05 dias (prazo impróprio).
Se o réu contestar, será cumprido o procedimento comum, entretanto, não cabe reconvenção, intervenção
de terceiros (denunciação à lide e chamamento ao processo, podendo caber amicus curiae ou
desconsideração da personalidade jurídica). Haverá a fase de saneamento, podendo ter fase de instrução e
julgamento – ação meramente documental dispensa essa fase.
Art. 308: Após a efetivação da tutela cautelar, o autor tem prazo de 30 dias para ingressar com a ação principal,
na qual será deduzido o pedido da tutela cautelar, sem depender do adiantamento de novas custas
processuais.
O autor vai aditar sua inicial, para incluir o pedido principal e o processo cautelar será convertido em processo
principal, que vai seguir normalmente, com a intimação das partes para audiência preliminar de conciliação
ou mediação (art. 334).
O pedido principal pode ser feito junta ao pedido de tutela cautelar – tutela cautelar incidental.
Se a tutela cautelar for concedida, ela precisa ser efetivada – cumprimento do pedido cautelar. Se não for
possível sua efetivação, o processo cautelar continuará até que consiga sua efetivação. Caso não seja possível,
o autor pode emendar a inicial, requerendo a conversão do processo cautelar em processo principal.
6.1. Prazo de emenda da inicial: Há divergência doutrinária: se a tutela cautelar não for efetivada em 30 dias,
perde sua eficácia.
6.1.1. Alguns entendem que o autor precisa, a partir desse momento, propor a ação principal.
6.1.2. Outros entendem que, dentro do mesmo processo, o autor poderá requerer a emenda para
adequar a lide ao processo principal.
Como não há um prazo legal estipulado, segue-se o prazo fixado pelo juiz, caso entenda que o autor deva
emendar a inicial. Se ele não estipular prazo, segue-se a regra: na ausência de prazo legal, o prazo é de 05
dias.
O juiz concedendo a conversão do processo cautelar em principal, as partes serão intimadas para audiência
preliminar de conciliação ou mediação (art. 334).
Se o juiz não conceder a conversão ou julgar improcedente a tutela cautelar, é possível interpor apelação ou
ingressar com ação autônoma ao juízo prevento.
Se não houver a efetivação da tutela cautelar e o processo for convertido em principal, se sentença favorável
ao autor, será de perdas e danos.
6.2. Cessação da eficácia da tutela: Art. 309
6.2.1. Se o autor não aditar a inicial para incluir seu pedido principal e deduzir o pedido cautelar
(efetivado no processo cautelar) em 30 dias, a tutela cautelar será revogada – o autor terá que
ingressar com nova ação para discutir o pedido principal, ciente de que não fará jus à mesma
tutela cautelar, salvo se mudar o fundamento, requerendo uma nova.
6.2.2. Se não for efetivada em 30 dias.
6.2.3. Se o juiz julgar improcedente o pedido principal ou extinguir o processo sem resolução do mérito.
Art. 310: O indeferimento da tutela cautelar não impede que a parte autora faça o pedido principal, nem
influencia no julgamento deste, exceto se o motivo do indeferimento for por decadência ou prescrição.

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