Psicofarmacologia - Estudos

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 9

Aula 1 - 08/06/22

- psicotrópicos: substâncias que agem sobre o sistema nervoso central e modificam uma
função
- diferem das drogas de abuso
- dependência química como doença
- fontes das drogas: plantas, animais, minerais, microbiológicos, engenharia genética
- podem ser sintéticas ou semi-sintéticas

1) teste pré-clínico: em animais, para conferir a eficácia


2) estudo clínico:
→ descoberta de um novo composto ou molécula
- Fase I: voluntários sem patologias para conferir a farmacocinética (ex: quanto tempo
a droga fica no organismo, etc)
- Fase II: grupo pequeno de pacientes. Serve para averiguar a melhora, a eficácia;
- Fase III: hospitais de vários lugares; estudo multicêntrico; avaliação da dosagem,
etc)
- Fase IV: farmacovigilância; não acaba nunca.

slides:
a) pré-clinico: in vitro ou modelos animais para determinar a segurança
b) clínico 1: voluntários saudáveis para avaliar segurança e tolerabilidade
c) clínico 2: poucos pacientes para avaliar a eficácia, segurança e regime terapêutico
d) clínico 3: testes em mais pacientes para estabelecer o regime terapêutico
e) aprovação pela agência reguladora
f) clínico 4: farmacovigilância. monitoramento do uso após a comercialização.

Receptor: onde a droga se liga no nosso organismo para fazer um efeito.

→ liberamos um endocanabinoide quando fazemos atividades prazerosas: anandamida.

- clorpromazina (antipsicótico) testada em pacientes com esquizofrenia

→ reposicionamento de uma droga: novas aplicações de um fármaco que já está no


mercado, que não foram previamente referenciadas e que atualmente não são prescritas ou
investigadas. diminui o tempo de pesquisa, estudos clínicos e gastos.

→ off-label: prescrição diferente da registrada na bula (ausência de estudos prévios) (em


relação à uma ou mais situações seguintes: dose, faixa etária, via de administração,
contraindicação, e/ou frequência de uso)
- pode acarretar aparecimento de reações adversas

- Hit - substância ativa - produz atividade reprodutível acima de um limite predefinido (por
exemplo, IC50) em algum ensaio biológico e cuja identidade estrutural foi estabelecida.

-Drug candidate - candidato a fármaco. adequado para entrar em testes clínicos que ele se
ligue de forma seletiva ao sítio receptor no alvo, que ele tenha biodisponibilidade e
distribuição adequadas para provocar as respostas desejadas em animais e humanos e que
ele passou pela avaliação formal de toxicidade em animais.

Aula 2 - 15/07/22

Psicotrópicos: ação no sistema nervoso central:


a) neurotransmissores
b) receptores
c) enzimas
d) sistemas que fazem a inativação do receptor (?)

Neuropsicofarmacologia: ramo da ciência que estuda as drogas que afetam o tecido


nervoso e alteram o comportamento.
Estimulantes
a) anfetamina (pode causar psicose)
b) metilfenidato (ritalina)
c) antidepressivos
d) cafeína

Depressores
a) antipsicóticos
b) ansiolíticos
c) hipnóticos
d) drogas analgésicas, etc

Perturbadores
a) cocaína
b) THC
c) LSD

- processo de neurogênese: formação de novos neurônios.

DOPAMINA

→ aminoácido tirosina → L dopa → dopamina

- 4 vias dopaminérgicas:
a) mesencéfalo para o estriado (nigroestriatal)
b) mesolímbica (busca por recompensa; quando hiperativada: esquizofrenia)
c) mesocortical (aprendizado, planejamento)
d) tuberoinfundibular

- pré-sinaptico: quem fabrica a dopamina


- pós-sinaptico: quem tem o receptor
(tbm tem receptores pré-sinapticos)

DAT: sistema de transporte da dopamina


- pega o excesso de dopamina da fenda sináptica e coloca de novo no neurônio
pré-sináptico. captação intraneuronal.

- existem enzimas que degradam a dopamina. MAO degrada a dopamina no terminal do


neurônio pré-sinaptico

- os receptores dopaminérgicos estão espalhados pelo cérebro todo

Funções da dopamina no SNC

1. aprendizado e memória (córtex pré-frontal e estriado)


2. atenção
3. sistema de recompensa
4. motivação
5. auto-estimulação x anedonia (sintoma depressivo: falta de prazer
6. tomada de decisão (pré-frontal)
7. função motora
8. controle neuroendócrino

Patologias associadas

1. Parkinson
2. Doença de Huntington
3. esquizofrenia
4. depressão (hipótese monoaminérgica) → drogas que inibem o transportador (DAT)
5. estresse (aumento de dopamina na amídala)
6. transtorno bipolar
7. TDAH: liberação excessiva de dopamina (problema na atenção) - modafinil
8. dependência
9. obesidade

- excessiva quantidade de dopamina pode fazer com que os receptores “percam interesse”
na dopamina.

NORADRENALINA

Funções da noradrenalina

1. Atenção seletiva
2. Vigilância (sistema de alarme)
3. coordenação de respostas neuroendócrinas
4. coordenação de respostas autônomas
5. controle da pressão arterial
6. controle do humor
7. memória (consolidação)

Patologias
1. depressão (pouca noradrenalina)
2. ansiedade (muita noradrenalina)
3. (medo: reação comportamental e característica)
4. distúrbio de hiperatividade: hipervigilância, irritabilidade

→ o transportador (NET) retorna a noradrenalina no neurônio pré-sinaptico. pode voltar para


a vesícula ou ser degradado.

→ reboxetina (antidepressivo) inibe NET. cocaína bloqueia.

- níveis de dopamina e noradrenalina se associam a cognição e escolhas

SEROTONINA

- seus corpos celulares estão no núcleo da Rafe (vários núcleos aglomerados)

- triptofano se transforma em serotonina

- recaptador: SEPT (transportador). volta para a vesícula ou é degradada

- existem 2 autorreceptores: um na terminação nervosa e um no corpo celular

- tbm está no trato gastrointestinal, na formação de vasos, etc.


- dopamina e serotonina regulam náusea e vômito

Funções da serotonina
1. comportamento alimentar
2. sono e vigília
3. humor (↓ depressão)
4. controle da transmissão sensorial
5. alucinações e alterações comportamentais
6. ansiedade

Patologias
1. depressão
2. ansiedade
3. suicídio
4. TOC
5. transtorno afetivo bipolar
6. distúrbios do sono
(autismo, doenças gastrointestinais e cardiovasculares)

- a serotonina e a melanina ajudam na regulação dos ciclos circadianos


- Gut-brain-axis: relação direta entre intestino e SNC (via nervo vago). Cruzam a barreira
hematoencefálica.

ACETILCOLINA
- receptores colinérgicos: nicotínicos e muscarínicos
- formada a partir da glicose, colina, etc

- enzima: CAT

→ diferente dos outros neurotransmissores, ela é degradada por uma enzima


(acetilcolinesterase)

Funções da acetilcolina
1. função motora
2. sono
3. concentração
4. formação de memórias
5. raciocínio verbal e lógico
6. sinaptogênese (formação de novas sinapses)
7. aprendizado
8. controle do SNA

Patologias
1. Alzheimer
2. Parkinson

GABA

- principal neurotransmissor inibitório do cérebro


- não tem um núcleo específico, o cérebro todo tem

- se forma a partir da glicose → glutamato → gaba

→ receptor GABA-A: hiperpolariza os neurônios pela abertura de um canal. Se ligam no


receptor: etanol, benzodiazepínico, gaba, barbitúrico, neuroesteróide.

Funções do GABA
1. ansiedade
2. comportamento alimentar
3. memória
4. controle inibitório de sinapses

Patologias GABA
1. ansiedade
2. distúrbios alimentares
3. epilepsia
4. doença de Huntington
5. distúrbio do sono

GLUTAMATO
- principal neurotransmissor excitatório do cérebro
- recaptado pelo EATT

Funções do glutamato
1. aprendizado e memória
2. plasticidade sináptica
3. mediação excitatória
4. função motora

Patologias
1. epilepsia
2. esquizofrenia
3. doenças neurodegenerativas (mto glutamato)
4. isquemia cerebral
5. excitotoxicidade (excesso de glutamato mata neurônios)

Aula 7 - Drogas

- transtorno de uso de substâncias

→ Abuso de drogas: uso prolongado que fere normas sociais ou legais vigentes em uma
dada época e sociedade.
- drogas lícitas (nicotina, etanol, ansiolíticos, opióides) ou ilícitas (maconha,
anfetamina, MDMA, cocaína)

Depressores: diminuição da atividade do sistema nervoso central


- sonolência
- lentidão psicomotora
Ex: álcool, ansiolíticos benzodiazepínicos, hipnóticos, inalantes, opióides, antipsicóticos, etc.

Estimulantes: aumento da atividade do sistema nervoso central


- diminuição do sono
- agitação psicomotora
Ex:cocaína, anfetamina, nicotina, xantina → (dependência)
- iMAO, antidepressivos tricíclicos, antidepressivos ISRS → sem potencial de abuso.
(tratam-se de antidepressivos que aumentam a disponibilidade de
neurotransmissores nas fendas sinapticas)

Perturbadores: alterações mentais (delírios, alucinações), mimetizam psicoses


Ex: - naturais: maconha, mescalina, etc.
- sintéticos: LSD, anticolinérgicos

Termos importantes:

a) Uso: moderado, esporádico, experimental.


b) Abuso: uso persistente, descontrolado. Padrão mal adaptativo do uso acarretando
prejuízo biológico, psicológico e/ou social. (reforço positivo)
c) Dependência: psicológica ou física. Psicológica: tendo vivenciado os efeitos
gratificantes de uma droga, um indivíduo pode desejar repetir a experiência.
Memória, contexto e aprendizado. Física: caracteriza-se pela síndrome de
abstinência quando os efeitos da droga cessam (efeitos contrários dos efeitos da
droga). (reforço negativo)
d) Abstinência: situação de desequilíbrio; conjunto de sinais e sintomas que aparecem
com a retirada abrupta da droga. Associa-se à intensidade da substância, o tempo
de abuso e a quantidade diária.

- cada droga de abuso produz um padrão característico de síndrome de abstinência.


- sintomas relacionados a mecanismos fisiológicos compensatórios

- dependência como uma doença crônica cerebral de etiologia complexa (biopsicossocial)

- início da doença: SNC em equilíbrio → droga e desequilíbrio


- uso contínuo: adaptação do SNC de modo a contrabalancear os efeitos da droga.

(anfetamina aumenta a disponibilidade de noradrenalina)

- tolerância: potencial adaptativo.

- há um metabolismo cerebral diminuído no cérebro de usuários de drogas


- pode ocasionar alteração estrutural do cérebro (não apenas funcional). Ex: dendritos do
núcleo accumbens

→ alterações funcionais: receptores D2 (dopamina) diminuem após o uso crônico. Alteração


na síntese de receptores.

Diagnóstico DSM-V e CID-10: Transtorno de uso de substâncias


- uso frequente de quantidades maiores ou por um período mais prolongado do que
pretendido
- desejo persistente ou esforços mal-sucedidos para reduzir ou controlar o uso
- muito tempo é gasto em atividades necessárias para obter a substância
- abandono de atividades sociais
- uso contínuo apesar dos prejuízos
- tolerância
- abstinência

→ pode ser evitada, é tratável, induz alterações. Se não tratada, pode durar a vida toda.

- as drogas agem alterando a comunicação entre os neurônios, potencializam sensações.

- sistema dopaminérgico: prazer, motricidade


- sistema noradrenérgico: alarme, perigo
- sistema serotonérgico: prontidão e ansiedade, humor, sono
- sistema gabaérgico: inibição
- sistema glutamatérgico: estimulação, regulação do aprendizado e memória
- glutamato em excesso causa morte de neurônios.

- drogas de abuso ativam vias dopaminérgicas (mesolímbica): prazer a recompensa


- há também outros sistemas de neurotransmissores afetados

Reforço: capacidade da droga em provocar efeitos que levam o usuário a desejar usá-la
novamente

Estágios da doença - 3 ciclos da adição

1. Drogas → aguda → intoxicação


- reforço positivo (ativação da via mesolímbica): estabelece e sustenta um
hábito devido a capacidade da droga de produzir efeitos agradáveis e
sensações prazerosas.
- comportamento impulsivo
- efeitos centrais e periféricos

2. Drogas → crônica → retirada/afeto negativo (transição)


- alta liberação de noradrenalina
- aumento de cortisol: estresse
- diminuição da ativação da via mesolímbica e da serotonina (onde?)
- ativação do eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal) (CRF - corticotrofina) e
do sistema aversivo cerebral (luta e fuga)
- reforço negativo: alívio dos efeitos da retirada. estabelece e sustenta um
hábito devido à capacidade da droga de diminuir sensações desagradáveis.
- comportamento é compulsivo
- neuroadaptações: alterações de sínteses proteicas
3. Estado patológico: drogas → crônica → preocupação/antecipação
→ efeitos deletérios centrais e periféricos

- encefalopatia
- mudanças mais expressivas na expressão de proteínas conferem vulnerabilidade
para recaída
- aumento do glutamato, lesão DNA, processo inflamatório, morte de neurônios

→ há sempre risco de recaídas porque a dependência é psicológica. temos memórias bem


consolidadas.

Plasticidade sináptica: reorganização de circuitos cerebrais através de expressão


gênica e proteica
- explica como o comportamento impulsivo se torna compulsivo
- explica as recaídas após anos de suspensão do uso crônico
- explica como pistas ambientais relacionadas à droga controlam o comportamento de
abuso
(entender melhor)

Tratamento: psicoterapia
- aumenta o valor de reforçadores naturais (inclusive suporte social)
- fortalece o controle inibitório e a função executora
- diminui respostas condicionadas através do monitoramento e enfrentamento.

→ os psicofármacos aumentam a efetividade dos tratamentos psicossociais

- fármacos que interferem com as propriedades reforçadoras (desintoxicação): aumentam


ou diminuem a dopamina, por exemplo.

- fármacos que diminuem a compulsão pela droga: aliviam os efeitos da retirada, alivia a
taquicardia, aumenta a serotonina, diminui a noradrenalina.

- fármacos para auxiliar na retirada da droga: medicamentos de substituição ou


neuroprotetores.

Você também pode gostar