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KANT E O REALISMO*
Resumo: Na nota acrescentada ao Prefácio à segunda edição da Crítica da Razão Pura, Kant se
apresenta aos leitores como defensor do Realismo Material, isto é, da posição filosófica que
defende a existência de objetos externos ao sujeito cognoscente. No entanto, a tese do Idealismo
Transcendental, que é apresentada como a solução para o problema cosmológico tratado na
primeira antinomia, parece dispensar a crença na existência “fundada em si” de objetos fora do
nosso pensamento. O objetivo deste artigo é caracterizar as duas teses que Kant assume,
tentando mostrar que elas não são incompatíveis, e que uma solução para as dificuldades nas
quais Kant parece estar enredado é oferecida por ele mesmo na Doutrina Transcendental do
Método, onde ele supera o ponto de vista puramente analítico, propenso ao dualismo de sujeito
e objeto, e enfoca a razão “em ação”, isto é, a pragmática. Uma breve revisão do tema na
Filosofia da Ciência contemporânea, fechando o artigo, demonstra a atualidade da discussão
kantiana.
Palavras-chave: Realismo Material; Idealismo Transcendental; Pragmatismo; Crítica da Razão;
Filosofia da Ciência.
Abstract: In the note added to the Preface to the second edition of the Critique of Pure Reason,
Kant presents himself to readers as a defender of Material Realism, that is, the philosophical
position that defends the existence of objects external to the knowing subject. However, the
thesis of Transcendental Idealism, which is presented as the solution to the cosmological
problem dealt with in the first antinomy, seems to dispense with the belief in the existence
“founded on itself” of objects outside our phenomenal mind. The purpose of this article is to
characterize the two theses that Kant assumes by trying to show that they are not incompatible,
and that a solution to the difficulties in which Kant seems to be entangled is offered by himself
in the Transcendental Doctrine of Method, where he surpasses the point of a purely analytical
view, prone to the dualism of subject and object, and focuses reason “in action”, that is,
pragmatics. A brief review of the topic in contemporary Philosophy of Science, closing the
article, demonstrates the actuality of the Kantian discussion.
Keywords: Material Realism; Transcendental Idealism; Pragmatism; Critique of Reason;
Philosophy of Science.
*
Agradecimentos: à FAPESP (Processo 13/22871-3), ao Prof. Zeljko Loparic pelo curso sobre Kant
ministrado em 1985, quando a primeira versão da primeira parte deste trabalho foi elaborada, e ao
parecerista anônimo, pelas sugestões apresentadas.
modo que não pode ser tomada como um mero artifício retórico de Kant, a fim de
minimizar, aos olhos de seus contemporâneos, as consequências do “escândalo da
filosofia”. Não é do nosso interesse, aqui, reproduzir a “prova do Realismo Material”,
ou reconstruí-la para eliminar a possível obscuridade de certas passagens, mas apenas
lembrar que Kant, apesar de fazer algumas correções, não põe em dúvida a pertinência
ou eficácia desta prova; pelo contrário, toma-a como evidência que nos permitiria
“admitir a existência de coisas fora de nós” com base em algo mais do que a fé. Ou seja,
a prova seria um argumento racional em favor do Realismo Material, e contra o
Idealismo, subjetivo ou psicológico.
Kant ainda se dá ao trabalho de expor um possível contra-argumento dos
defensores do Idealismo, que seria o seguinte: “Estou imediatamente consciente apenas
do que existe em mim, isto é, na minha representação de coisas externas;
consequentemente, fica incerto se há algo fora de mim que lhe corresponda ou não”. A
resposta é a mesma que foi apresentada na Refutação do Idealismo: a “consciência
empírica da minha existência...só é determinável referindo-se a algo que, ligado à minha
existência, é fora de mim”, logo “o sentido externo já é em si mesmo referência da
intuição a algo real fora de mim”. Se não houvesse algo fora de mim, eu não poderia
fazer a distinção entre eu e o mundo; como todos nós fazemos essa distinção (pelo
menos enquanto estamos psicologicamente saudáveis) e, além disso, como a expressão
“sentido externo” supõe algo para ser capturado, a existência de “algo real” seria uma
condição necessária para que nossa experiência seja do modo como é.
A segunda parte do argumento, que se refere à lógica da percepção, é
particularmente bem desenvolvida por Kant na nota. A utilidade dos sentidos externos é
apresentada como um argumento contra o Idealismo ainda mais forte do que a primeira
parte, que se refere à existência temporal do sujeito cognitivo. Os sentidos externos nos
conectam com “algo fora de mim e com o que tenho de considerar em relação”, embora,
é claro, só tenhamos acesso a nossas próprias conexões e nunca às coisas em si mesmas.
O ponto é que, para que tal relação exista, deve haver dois relata; como nós somos
apenas um, há necessidade da existência de objetos fora de nós.
1
As citações da Crítica da Razão Pura, abreviada aqui por CRP, são feitas segundo a tradicional
referência B (1787), seguida da respectiva paginação da Edição da Academia. Utilizamos como
referência a tradução realizada por Valério Rohden e Ugo B. Moosburger, da Abril Cultural (1983).
Isso não significa (como pensavam os filósofos pré-críticos) que teríamos acesso
cognitivo às coisas em si mesmas, independentemente de nossa experiência fenomênica.
Portanto, os objetos, cuja existência deduzimos como necessária para nossa experiência,
não são os objetos do empirismo realista ingênuo, mas se situam naquela categoria que,
mais tarde, viria a ser chamada de “objeto intensional” (vide Jacob, 2014), e/ou
considerados como sendo naturais e mentais ao mesmo tempo, como no caso do
Monismo Neutro de Bertrand Russell (vide Stubenberg, 2010).
O termo “intensional” procura distinguir tais objetos de outros objetos, tais
como “objetos metafísicos”, que também são imaginados como “coisas em si”, mas que
não podem de modo algum ser deduzidos como sendo necessários para nossa
experiência. Objetos intensionais são objetos com os quais estabelecemos conexões em
nossa experiência, mas não temos o poder de apreender cognitivamente através da
própria experiência, precisamente porque a experiência já os pressupõe, isto é, eles –
assim como as formas a priori – já existem como “relata” no processo constitutivo da
experiência.
A limitação do acesso cognitivo aos objetos intensionais se deve ao fato de que
através da experiência fenomênica, que é uma relação, não podemos eliminar o polo
subjetivo (que, para Kant, determina o espaço e o tempo e as categorias da cognição)
para focar no objeto em si mesmo; ou seja, não há como “jogar fora a escada” e
retroceder empiricamente aos elementos geradores da experiência; isso só pode ser feito
analiticamente. Também não podemos eliminar o polo objetivo, e – mesmo por
momentos – realizar o ideal solipsista, porque a referência a algo distinto do sujeito que
conhece é condição necessária para toda experiência, inclusive a interna.
Se pudéssemos aceitar o idealismo psicológico, teríamos que aceitar que haveria
uma experiência interna como relação unária e reflexiva do sujeito consigo mesmo, e
assim estaríamos abrindo os flancos para o realismo metafísico. Além disso, se a
experiência não fosse uma relação irredutivelmente binária (ou n-ária), e se o sujeito
pudesse em alguns momentos recolher-se completamente consigo mesmo, tudo aquilo
que ele recolhesse em outros momentos se deveria então às coisas em si mesmas; ou
seja, ele poderia distinguir com precisão entre as coisas conhecidas que são puramente
subjetivas e as coisas conhecidas que são puramente objetivas. Neste caso, teríamos o
considerada como a priori e como necessária...tal premissa não pode ser puramente
„empírica‟, mas deve necessariamente empregar ideias da razão” (Loparic, 1986, p. 8-
9).
Seguindo o raciocínio de Loparic, o uso do procedimento acima é legítimo se
assumirmos que os objetos gerados pela razão pura só existem em um sentido relativo,
“relativamente a um certo modo de se dar” (Loparic, 1986, p. 10). O uso linguístico
desses objetos como se fossem coisas que em si, e não dependentes de uma operação
mental, constitui um erro semântico (Loparic, 1986, p. 11).
O Realismo Transcendental (CRP B 519) seria a posição filosófica que
considera semanticamente legítimo não só se tomar o conhecimento dos fenômenos
como conhecimento das coisas em si, como também assumir os objetos gerados pela
razão pura como objetos empíricos existentes. Kant não proíbe que alguns desses
objetos possam possivelmente ser dados na experiência possível, mas, neste caso,
obviamente, eles não mais serão incondicionados e, sim, condicionados.
Vamos agora fazer uma distinção que não teria sido claramente estabelecida por
Kant, mas que é de vital importância para o nosso raciocínio subsequente. Os objetos
gerados pela razão pura podem ser de dois tipos: aqueles que são justificados pela
experiência atual e, portanto, podem ser projetados na experiência possível, e aqueles
que não são justificados com base na experiência presente e, consequentemente, não
poderiam ser projetados na experiência possível. Estamos, evidentemente, presumindo
que haja alguma conexão lógica entre experiência real e possível. Os primeiros objetos
são os que chamamos de “objetos intencionais”, mas que Kant chamará de “objetos
transcendentais”, como veremos abaixo; os segundos objetos são os objetos metafísicos,
como a Alma, Deus e a Totalidade do Mundo.
Voltemos agora ao erro semântico do Realismo Transcendental. Como antídoto
para esse erro, Kant apresenta o Idealismo Transcendental, que seria – conforme a
interpretação semântica de Loparic – baseado em um critério para distinguir entre o que
podemos referir de forma significativa e aquilo a que não se deve fazer referência em
um discurso de tipo científico, ou seja, no âmbito do entendimento da natureza. Deve-se
ler cuidadosamente o enunciado do Idealismo Transcendental (CRP B 519), de modo a
interpretá-lo corretamente, ou seja, como uma tese semântica e não ontológica (Loparic,
1986, p. 17-18). Aqui Kant está discutindo a existência ou não de sentido em certas
modo algum existe em si”. Na reinterpretação kantiana, não há mais antinomia, mas
uma única proposição decidível e verdadeira, que afirma que o mundo não é
encontrável como algo em si mesmo, “mas sim tão-somente no regresso empírico da
série de fenômenos”. No entanto, o realista transcendental não pode evitar a antinomia,
porque julga o mundo como “coisa em si”.
Temos então, em Kant, um argumento contra o Realismo Transcendental, que
também serve como método para eliminar objetos metafísicos; no entanto, ainda não
somos capazes de determinar em quais casos objetos não dados na experiência atual e,
portanto, atualmente acessíveis apenas à razão, são ou não são viáveis em possíveis
experiências – ou seja, ainda não sabemos como identificar objetos intensionais
legítimos. Parece que esse segundo critério só aparece na Doutrina Transcendental do
Método, mas encontramos na Dialética Transcendental certas passagens que preservam
a possibilidade de nos referirmos a objetos intensionais. Assim, Kant afirma: “que possa
haver habitantes na Lua, embora nenhum ser humano jamais os tenha percebido,
certamente tem que ser admitido. Mas isso significa tão-somente que poderíamos nos
deparar com eles no possível progresso da experiência” (CRP B 521).
Em seguida, Kant se refere ao “objeto transcendental”: “A causa não-sensível
destas representações nos é totalmente desconhecida, e por isto não podemos intuí-la
como objeto; pois um objeto semelhante teria que ser representado nem no espaço nem
no tempo...condições sem as quais não podemos pensar nenhuma intuição. Enquanto
isso, podemos denominar a causa unicamente inteligível dos fenômenos em geral de
objeto transcendental, e isto só a fim de que tenhamos algo correspondente à
sensibilidade enquanto uma receptividade. A este objeto transcendental podemos
atribuir toda a extensão e interconexão das nossas percepções possíveis e dizer que ele é
dado em si mesmo antes de toda a experiência” (CRP B 522-523); e ele conclui: “dizer,
porém, que eles existem antes de toda a minha experiência significa tão-somente que
eles podem ser encontrados naquela parte da experiência para a qual, partindo da
percepção, tenho, antes de mais nada, que progredir. A causa das condições empíricas
deste progresso, portanto, que membros posso encontrar, ou, também, até que ponto
posso encontrar um membro no regresso, é transcendental e, por isso, necessariamente
desconhecido a mim” (CRP B 524).
Estas seções contêm alguns pontos muito importantes. Primeiro, Kant admite
que possamos encontrar novos objetos empíricos, isto é, que há um progresso do
conhecimento empírico de tal forma que o que não é dado em um determinado
momento histórico pode ser dado em um momento subsequente (neste caso, é claro, não
se trata do “incondicionado”, que não pode ser dado, mas de algo que foi assumido em
um dado momento como premissa para uma conclusão sobre questões empíricas, e que,
em um momento posterior, veio a ser dado empiricamente). Segundo, Kant parece estar
afirmando que não é possível determinar, em termos de uma semântica a priori, quais
objetos serão ou não encontrados na experiência possível – isto é, essa questão é
pertinente apenas para processos cognitivos em curso, ou seja, para uma prática
científica, e não para a análise das condições gerais do conhecimento.
necessários para indicar quais objetos não presentes na experiência atual podemos
projetar como existentes na experiência possível. Isso equivale a um critério de
identificação de objetos intensionais, pois estes são os que, embora não dados na
experiência presente, podem vir a sê-lo na experiência possível. Tais critérios, de
natureza pragmática, não teriam sido claramente formulados por Kant, pois o filósofo,
em suas reflexões práticas, se preocupava em resgatar os objetos metafísicos – Alma,
Deus, Totalidade do Mundo – que havia excluído do âmbito do entendimento.
Os critérios “positivos” para identificação dos objetos intensionais, projetáveis
como existentes no âmbito da experiência possível, não seriam ontológicos no sentido
tradicional do termo, mas primordialmente pragmáticos. O critério básico poderia ser
formulado da seguinte maneira: se acreditamos em algo para agir, então acreditamos
na existência desse objeto, e se a ação é bem sucedida, então nossa crença em tal
existência aumenta. Este princípio estaria implícito em Kant, em um contexto
pragmático do entendimento. Ele trata do “considerar-algo-verdadeiro”, que seria “um
evento do nosso entendimento que, embora podendo repousar sobre fundamentos
objetivos, também exige causas subjetivas na mente de quem o julga” (CRP B 848).
Este tipo de juízo pode expressar uma convicção, se é “válido para qualquer pessoa na
medida em que seja dotada de razão”, ou um ato de persuasão, quando “possui o seu
fundamento tão-somente na natureza particular do sujeito”. A persuasão “é uma ilusão”
e tem apenas uma “validade privada”, mas o mesmo não acontece com a convicção.
Aqui Kant apresenta um primeiro critério para distinguir entre ilusão e uma
convicção bem fundamentada, a comunicabilidade: “a pedra de toque para se decidir se
considerar-algo-verdadeiro é uma convicção ou uma simples persuasão é, portanto, a
possibilidade de comunicá-lo e de encontrá-lo válido para a razão de qualquer ser
humano” (CRP B 848-849).
A convicção tem “três graus” (CRP B 850): o opinar, em que tanto subjetiva
como empiricamente há condições insuficientes para se provar o que se afirma ser
verdade; o crer, quando há suficiência subjetiva, mas insuficiência empírica, e o saber,
quando há tanto suficiência subjetiva quanto empírica, o que garante a certeza.
Kant compara convicção e fé (CRP B 851). A fé tem um elemento de persuasão:
“Os fundamentos subjetivos para se considerar algo verdadeiro, tais como os que podem
produzir a fé, não merecem qualquer aprovação em questões especulativas, já que não
5. Comentários finais
Ao elaborar as teorias científicas, os pesquisadores utilizam pressupostos
conceituais que os guiam no planejamento dos experimentos. Mesmo que os resultados
experimentais não tenham uma relação direta com os pressupostos adotados, é preciso
concordar que tal adoção aumenta a chance de se conseguir tais resultados, em
comparação com uma investigação feita aleatoriamente. Como Hempel (1965) apontou,
a conexão entre a teoria e os dados é indutiva, mesmo que não tenhamos um método
preciso de mensurar as probabilidades envolvidas.
O falsificacionismo de Popper (1993), que se baseia exclusivamente em
procedimentos dedutivos, é incompleto, porque lhe falta um método também dedutivo
para avaliar o grau de corroboração das consequências lógicas da hipótese pelos dados
obtidos nas observações e experimentos científicos. Entretanto, se o cientista recusar
quaisquer pressupostos teóricos de natureza filosófica, e também procedimentos
dedutivos que tomam tais pressupostos como premissas, pode passar toda sua carreira
sem alcançar resultados de interesse; exceto se um acidente de sorte acontecer, como na
descoberta da vacina por Louis Pasteur.
Na abordagem pragmática, que extrapola os limites do empirismo lógico, as
realizações práticas propiciadas pela atividade científica e tecnológica são utilizadas
como indicadores da relevância dos pressupostos filosóficos assumidos pelos
pesquisadores. Quando uma série de experimentos (um “programa de pesquisa” no
sentido de Lakatos, 1980) for bem sucedida, pode-se argumentar que a suposição
conceitual que orientou o programa seria pragmaticamente confirmada.
Embora o termo “confirmação” tenha sido introduzido por Carl Hempel para
designar uma inferência lógica de natureza indutiva, podemos estender seu significado
para abranger julgamentos que não podem ser quantificados em termos de cálculo de
probabilidades, porque há muitos fatores envolvidos – não apenas nos experimentos,
mas também nas relações socioculturais que determinam o sucesso dos
empreendimentos científicos e tecnológicos.
O casamento de filosofia e pesquisa empírica, ensejando o método filosófico-
interdisciplinar, seria, portanto, desejável para se investigar os aspectos constituintes da
realidade, tendo como critério de relevância as realizações práticas que a consideração
de tais aspectos tornou possível (Hacking, 1983); deste modo, estes aspectos seriam as
“condições de possibilidade naturais” da experiência humana, tal como ela se desenrola
na atualidade, isto é, pragmaticamente.
Se os filósofos dependem das atividades dos cientistas e tecnólogos para
investigar os princípios fundamentais da realidade, os cientistas também dependem dos
filósofos para discutir os conceitos utilizados. Todas as teorias científicas contêm
Referências
HEMPEL, C. (1965). Aspects of Scientific Explanation. New York: The Free Press.
KANT, I. (CRP B). Crítica de Razão Pura. Trad. Valério Rohden e Ugo B.
Moosburger, Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
LEWIS, P.J. (2001). Why the pessimistic induction is a fallacy. Synthese 129, p. 371–
380.
PEREIRA JR., A. and FRENCH, S.R.D. (1990). Metaphysics, Pragmatic Truth and the
Underdetermination of Theories. Dialogos (Universidad de Puerto Rico) XXV, p.37-
68.
STUBENBERG, L. (2010). Neutral Monism. In: ZALTA, Edward (ed.). The Stanford
Encyclopedia of Philosophy. Stanford, CA: Stanford University.