Aula 1 - Cefaleias

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 42

CEFALEIAS

Taynara Carrijo Moreira


Médica
Disciplina de neurologia

Faculdade de medicina
CASO CLÍNICO 1
Paciente sexo feminino, 37 anos, apresenta queixa de cefaléia há três meses.
Refere início de cefaleia hemicraniana esquerda há cerca de três meses, de
característica pulsátil, de forte intensidade, com duração média de 48 horas, sempre
precedida por alteração da visão, com sensação de ver pontos brilhantes por 15
minutos antes do início da dor. Apresenta, também, náuseas e vômitos. Dor piora com
luz muito intensa e também com barulhos.
Faz uso de analgésico (Neosaldina) com melhora temporária da dor (“Quando passa o
efeito do remédio a dor volta”), sendo necessário várias doses ao dia. No período
relatado, teve dores quatro vezes por semana, com tendência de piora na última
semana.
Relata que já teve dor semelhante na adolescência, porém sem alteração visual. Há
quatro dias teve um episódio de dor forte, precedida de dificuldade de falar, com
melhora espontânea. Nega outras queixas.
Exame físico sem alterações.
CASO CLÍNICO 2
Paciente do sexo masculino, 40 anos, procura o PS com queixa de dor de cabeça
excruciante, que identifica como a mais intensa de sua vida, em região retro-orbital
esquerda e irradiando para hemicrânio esquerdo. Relata que acordou
aproximadamente 5 horas da manhã em decorrência da dor, e que ficou mais
intensa mesmo após o uso de analgésico. Relata também a sensação de pressão
no olho esquerdo “como se fosse explodir”. Além disso, afirma que vem sentido
dores semelhantes e muito intensas nos últimos 4 dias, não acompanhadas de
náusea ou vômito, fazendo-o acordar por volta do mesmo horário e que passam
sem a necessidade de medicação em cerca de 1 hora, ocorrendo novamente por
volta das 17 horas, mas com menor intensidade. O último evento, contudo, foi mais
intenso, descrito como insuportável.
Exame físico evidenciou olho esquerdo com hiperemia conjuntival e ptose palpebral.
Apresenta congestão nasal e rinorreia também em hemiface esquerda. Sem
alterações em hemiface direita. Sem demais alterações no exame físico.
CASO CLÍNICO 3
Paciente do sexo feminino, 59 anos, com queixa de dor de cabeça forte há 24
horas. Paciente refere que estava fazendo limpeza em sua casa quando
apresentou, subitamente, uma cefaleia explosiva, descrita como “a pior da sua
vida”. A dor era do tipo pressão, de início frontal e irradiação holocraniana quase
imediata. Apresentou náuseas e vômitos repetidos. Nega perda de consciência ou
déficits motores focais. Nega pródromos ou outros sintomas associados, como
febre ou outras queixas sistêmicas. Nega outro episódio semelhante previamente.
Refere ser hipertensa. Nega outras comorbidades. Nega uso de medicamentos
contínuos. Tem alergia a Dipirona. Pais vivos. Irmã faleceu com 40 anos de idade
por hemorragia cerebral. Tabagista de 10 maços/ano. Nega etilismo e uso de
outras drogas.
Na emergência, permaneceu com cefaleia de forte intensidade apesar de
medicação sintomática. Apresentou confusão mental e sonolência.
Exame físico sem demais alterações.
“DOR DE CABEÇA”
• Cefaleia = “Dor de cabeça”
• Comprometimento de estruturas intra ou
extracranianas (com inervação dolorosa)
• 90% da população → Pelo menos um episódio
durante a vida
• Mais comum no sexo feminino
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL
DAS CEFALEIAS - 3ª Edição
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL
DAS CEFALEIAS - 3ª Edição
Classificação “simplificada” das cefaleias:
1. Cefaleias primárias

a. Migrânea (Enxaqueca)
b. Tensional
c. Trigeminoautonômicas
i. Cefaleia em salvas
ii. Hemicrania paroxística

2. Cefaleias secundárias
3. Lesões dolorosas dos nervos cranianos e outras dores faciais
CEFALEIAS PRIMÁRIAS X SECUNDÁRIAS

PRIMÁRIAS SECUNDÁRIAS

Não possui uma São secundárias


causa clínica a uma doença de
Podem representar
(orgânica) que a basequadros de
EMERGÊNCIA!
justifique
(Importante reconhecer
Cefaleia:
os fatores de risco)
Cefaleia: Sintoma
É a doença em si
CEFALEIAS PRIMÁRIAS X SECUNDÁRIAS
“Red Flags” para cefaleias secundárias: SNOOP
CEFALEIAS
PRIMÁRIAS
1. CEFALEIA DO TIPO TENSIONAL
• É o tipo mais comum de cefaleia no cotidiano
• Desconforto bilateral / holocraniano → Sensação de uma
“faixa apertando a cabeça”
• Intensidade da dor: leve a moderada
• Duração: de 30min a 7 dias
• Geralmente: paciente apresenta apenas cefaleia isolada
(sem outros sinais ou sintomas associados)
• Pode ser:
1. Episódicas
2. Crônicas (presente > 15 dias por mês)
1. CEFALEIA DO TIPO TENSIONAL
• Não possuem relação com exercício físico ou
movimentação
• Associação com situações de estresse emocional
1. CEFALEIA DO TIPO TENSIONAL
Tratamento:

1) Analgésicos simples
- Dipirona
- Paracetamol
2) AINEs
3) Técnicas de relaxamento
4) CTT crônica → Amitriptilina
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
• 2ª causa mais comum de cefaleia
• Causa mais comum de incapacidade neurológica
relacionada a cefaleia
• Mais comum em mulheres (cerca de 15% das
mulheres apresentam migrânea no período de 1
ano)
• Duração: de 4h a 72h
• Características: moderada a intensa, unilateral,
latejante/pulsante, associada a náuseas e/ou
vômitos, foto e/ou fonofobia
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
• Pode ser dividida em:
a) Clássica (com aura)
b) Comum (sem aura)

• Aura na migrânea:
• Duração de 5 a 60min
• Mais comum: aura visual (flashes luminosos ou
linhas em zigue-zague que se movem ao longo do
campo visual)
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
• Pode apresentar “gatilhos”, para o início do quadro:
• Reflexos e luzes fortes
• Ruídos
• Fome
• Cansaço / estresse
• Flutuações hormonais (ex: ciclo menstrual)
• Ingestão alcóolica e de alguns alimentos
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
• Diagnóstico:
Pelo menos 5 crises preenchendo os seguintes
critérios:
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
Tratamento:

1) Não-farmacológico:
Mudanças de estilo de vida; evitar “gatilhos”; prática
de atividade física; diminuição do estresse etc

2) Farmacológico:
a. Crises agudas (tratamento abortivo)
i. < 72h de dor
ii. > 72h de dor (Status migranoso)
b. Prevenção das crises (tratamento profilático)
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
• Tratamento das crises agudas (tratamento
abortivo):

1) Dor < 72h:


- Controle dos sintomas
- Náuseas: Dimenidrato EV
- Dipirona 1g EV + Cetoprofeno 100mg EV
- Sumatriptano VO ou SC (se disponível)
- Alternativa: dexametasona ou clorpromazina
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)

2) Dor > 72h → “Status migranoso”


- Tratamento pode ser um pouco mais agressivo
- SF 0,9% 500 mL EV (expansão volêmica)
- Dipirona 1g EV + Cetoprofeno 100mg EV +
Dexametasona 10mg EV
- Sumatriptano VO ou SC
- Alternativa: Clorpromazina IM
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
• Deve-se usar opioides?
• NÃO!! → Piora os mecanismos da dor, risco
de adicção (vícios)
2. MIGRÂNEA (ENXAQUECA)
2) Tratamento preventivo das crises:
• Principal indicação: >= 3 crises no mês
• Sempre avaliar cada caso: efeitos adversos e
contraindicações
• Beta-bloqueadores: propranolol, metoprolol
• Anticonvulsivantes: topiramato, valproato, lamotrigina
• Antidepressivos: amitriptilina e duais (velafaxina e
duloxetina)
• Outros: flunarizina, riboflavina, candesartana
3. TRIGEMINOAUTONÔMICAS
• São quadros caracterizados por:
• Crises de cefaleia (relativamente curtas)
• Associadas a sinais e sintomas autonômicos
cranianos:
- Lacrimejamento
- Hiperemia conjuntival
- Congestão nasal
• São elas:
1) Cefaleia em Salvas
2) Hemicrania Paroxística
3) SUNCT / SUNA
4) Hemicrania Contínua
3.1. CEFALEIA EM SALVAS
• Também chamada de “cluster headache”
• Sexo masculino (85%)
• Evolui em surtos, de 1 a 3 meses de duração (“salvas”),
com 1 a 8 crises por dia; episódios de duração limitada
(entre 15min a 180min)
• É comum: despertar noturno pela dor
• Sintomas: unilaterais → Todos ipsilaterais à dor!
- Dor excruciante, retro-orbitária, flutuante e explosiva
- Alterações autonômicas: lacrimejamento, hiperemia
conjuntival, congestão nasal e ocular, rinorreia, edema
palpebral, rubor facial, miose e ptose palpebral
3.1. CEFALEIA EM SALVAS
3.1. CEFALEIA EM SALVAS
• Paciente típico: homem de meia idade (30 a 50
anos), inquieto e agitado, se movimentando e se
movimentando pelo local, balançando e esfregando
a cabeça, e podem se apresentarem agressivos
• Período entre as crises: assintomáticos
3.1. CEFALEIA EM SALVAS
• Tratamento das crises agudas:
Oxigênio a 100%
10 – 12L/min por 20min
Máscara não-reinalante
3.1. CEFALEIA EM SALVAS
• Em associação ao O2 a 100%:
• Sumatriptano 6mg via SC*
• Analgésicos e opioides: não devem ser utilizados!
• Evitar fatores desencadeantes → Bebidas
alcoólicas!

• Tratamento preventivo:
• Verapamil
• Lítio
• Topiramato
• Prednisona
3.2. HEMICRANIA PAROXÍSTICA
• Prevalência igual entre os sexos (H = M)
(algumas referências trazem prevalência feminino >
masculino)
• Quadro muito semelhante à cefaleia em salvas: dor
lancinante unilateral, associada a sintomas
autonômicos (lacrimejamento, congestão nasal,
rinorreia, hiperemia conjuntival) ipsilaterais
• Duração menor do que a cefaleia em salvas:
cerca de 2 a 30min
• Principal tratamento e profilaxia: indometacina
CEFALEIAS
SECUNDÁRIAS
CEFALEIAS SECUNDÁRIAS

SECUNDÁRIAS

São secundárias Podem representar


quadros de
a uma doença de EMERGÊNCIA!
base (Importante
reconhecer os
fatores de risco)
Cefaleia:
Sintoma
CEFALEIAS SECUNDÁRIAS
• O mais importante é saber reconhecer e suspeitar
de um quadro de cefaleia secundária, para o
manejo correto!

“Red Flags” para cefaleias secundárias: SNOOP


CASO CLÍNICO 1
Paciente sexo feminino, 37 anos, apresenta queixa de cefaléia há três meses.
Refere início de cefaleia hemicraniana esquerda há cerca de três meses, de
característica pulsátil, de forte intensidade, com duração média de 48 horas, sempre
precedida por alteração da visão, com sensação de ver pontos brilhantes por 15
minutos antes do início da dor. Apresenta, também, náuseas e vômitos. Dor piora com
luz muito intensa e também com barulhos.
Faz uso de analgésico (Neosaldina) com melhora temporária da dor (“Quando passa o
efeito do remédio a dor volta”), sendo necessário várias doses ao dia. No período
relatado, teve dores quatro vezes por semana, com tendência de piora na última
semana.
Relata que já teve dor semelhante na adolescência, porém sem alteração visual. Há
quatro dias teve um episódio de dor forte, precedida de dificuldade de falar, com
melhora espontânea. Nega outras queixas.
Exame físico sem alterações.
CASO CLÍNICO 1
1) Hipótese diagnóstica:
Migrânea (enxaqueca)
2) Exames complementares:
Sem necessidade
no momento
2) Tratamento:
Ambiente Cetoprofeno EV
Dimenidrato EV Dipirona EV
escuro e calmo
Sumatriptano Dexametasona EV
VO ou SC (se refratário)
CASO CLÍNICO 2
Paciente do sexo masculino, 40 anos, procura o PS com queixa de dor de cabeça
excruciante, que identifica como a mais intensa de sua vida, em região retro-orbital
esquerda e irradiando para hemicrânio esquerdo. Relata que acordou
aproximadamente 5 horas da manhã em decorrência da dor, e que ficou mais
intensa mesmo após o uso de analgésico. Relata também a sensação de pressão
no olho esquerdo “como se fosse explodir”. Além disso, afirma que vem sentido
dores semelhantes e muito intensas nos últimos 4 dias, não acompanhadas de
náusea ou vômito, fazendo-o acordar por volta do mesmo horário e que passam
sem a necessidade de medicação em cerca de 1 hora, ocorrendo novamente por
volta das 17 horas, mas com menor intensidade. O último evento, contudo, foi mais
intenso, descrito como insuportável.
Exame físico evidenciou olho esquerdo com hiperemia conjuntival e ptose palpebral.
Apresenta congestão nasal e rinorreia também em hemiface esquerda. Sem
alterações em hemiface direita. Sem demais alterações no exame físico.
CASO CLÍNICO 2
1) Hipótese diagnóstica:
Cefaleia em salvas
2) Exames complementares:
Sem necessidade
no momento
2) Tratamento: Oxigênio a 100%
10 – 12 L/min
Máscara não-reinalante
Sumatriptano
VO ou SC
CASO CLÍNICO 3
Paciente do sexo feminino, 59 anos, com queixa de dor de cabeça forte há 24
horas. Paciente refere que estava fazendo limpeza em sua casa quando
apresentou, subitamente, uma cefaleia explosiva, descrita como “a pior da sua
vida”. A dor era do tipo pressão, de início frontal e irradiação holocraniana quase
imediata. Apresentou náuseas e vômitos repetidos. Nega perda de consciência ou
déficits motores focais. Nega pródromos ou outros sintomas associados, como
febre ou outras queixas sistêmicas. Nega outro episódio semelhante previamente.
Refere ser hipertensa. Nega outras comorbidades. Nega uso de medicamentos
contínuos. Tem alergia a Dipirona. Pais vivos. Irmã faleceu com 40 anos de idade
por hemorragia cerebral. Tabagista de 10 maços/ano. Nega etilismo e uso de
outras drogas.
Na emergência, permaneceu com cefaleia de forte intensidade apesar de
medicação sintomática. Apresentou confusão mental e sonolência.
Exame físico sem demais alterações.
CASO CLÍNICO 3
1) Hipótese diagnóstica:
Hemorragia Subaracnoidea (HSA)
2) Exames complementares:
TC de crânio
(Sem contraste!)
2) Tratamento:

Estabilizar a Internação em Acionar


paciente UTI? Neurologia / Neurocirurgia
OBRIGADA!

Taynara Carrijo
CRÉDITOS: este modelo deMoreira
apresentação foi criado
pelo Slidesgo, inclui ícones da Flaticon e infográficos
Médica
e imagens da Freepik
Disciplina de neurologia
Por favor, mantenha este slide para atribuição

Você também pode gostar