Manual Acolhimento Pedagogico Trabalhador2021

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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA

ACOLHIMENTO PEDAGÓGICO PARA


PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA
M A N U A L D O T R A B A L H A D O R
______________________________________________________________________________________________

B151a Bahia. Secretaria da Saúde. Superintendência de Atenção Integral à


Saúde. Diretoria de Atenção Básica.

Acolhimento pedagógico para profissionais da Atenção Básica:


manual do trabalhador / Secretaria da Saúde. Superintendência de
Atenção Integral à Saúde. Diretoria de Atenção Básica. -- Salvador:
SESAB/SAIS/DAB, 2021.
228p. : il.

ISBN 978-65-00-27355-7

1. Saúde da Família. 2. Curso Introdutório. 3. Educação Permanente.


I. Título.

CDU 37: 614

______________________________________________________________________________________________
RUI COSTA

Governador do Estado da Bahia

FÁBIO VILAS-BOAS

Secretário da Saúde do Estado da Bahia

IGOR LOBÃO FERRAZ RIBEIRO

Superintendente de Atenção Integral à Saúde

JOSÉ CRISTIANO SOSTER

Diretor da Atenção Básica


2021 SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA
Todos os direitos de edição reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra desde que citada a fonte e
que não seja para a venda ou qualquer fim comercial.

Ficha Técnica
DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA COORDENAÇÃO GERAL
DIRETOR Elisa Maria Ramos Carvalho
José Cristiano Soster
e-mail: [email protected] ELABORAÇÃO
Consultoria PROSUS - Vania Priamo e
ASSESSORIA Letícia de Moraes Falleiro
Elisa Maria Ramos Carvalho DAB – Márcia Ediméia Costa de Matos e
Helena Oliveira Salomão Vânia Gomes Theodoro
Vânia Gomes Theodoro
e-mail: [email protected] REVISÃO TÉCNICA
Elisa Maria Ramos Carvalho
COORDENAÇÃO DE APOIO E DESENVOLVIMENTO - Iêda Zilmara de Queiroz Jorge da Silva
COAD Marcia Ediméia Costa de Matos
Kally Cristina Soares Silva Vânia Gomes Theodoro
Marcus Vinícius Bonfim Prates
Monica Maria Lemos Pereira COLABORADORES
e-mail: [email protected] TÉCNICOS DA DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA
Adeilda Ananias de Lima
COORDENAÇÃO DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO Adrielly Costa Freire de Carvalho
- COAM Agda Maria de Castro S. Lacerda
Marcia Ediméia Costa de Matos Alessandra Vasconcelos dos S. Cerqueira
Pedro Hernando Pairazamán Díaz Aline Gomes Fernandes Santos
e-mail: [email protected] Ana Paula Torres Pinheiro
Anderson Freitas de Santana
COORDENAÇÃO DE GESTÃO E PROJETOS - COGEP Anny Everson Belas Hayvanon
Aloisio Guillen Moreira Bárbara Conceição Vilas Boas Marques Brito
Ivonete de Santana Queiroz Carla Belo de Matos
e-mail: [email protected] Cintia Santos Conceição
Denise Rodrigues Diniz
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO TÉCNICO DE Diego Emanuel Lisboa da Silva
TELESSAÚDE / BA Diego Rangel dos Anjos Prata
Daiana Cristina Machado Alves Eliane Maria de Souza
Érica Lima Costa de Menezes Elis Carla Costa Matos Silva
e-mail: [email protected] Fábio Brito dos Reis
Françoise Elaine Silva Oliveira
EQUIPE DE APOIO ADMINISTRATIVO Gabriela Pereira Santos
Daiane Fernandes Sena Gladys Reis de Oliveira
Iramaia Cerqueira de Andrade Helen Ingrid Vieira Barreto
Karina Amorim Brandão Iêda Zilmara de Queiroz Jorge da Silva
Lindinalva Soares Silva Isabella Oliveira Cordeiro Andrade
Luciene Araújo de Oliveira Janaína Cardoso Rodrigues
Maria José Santana Jandira Lopes Cruz
Paulo Roberto de Santana Juliana Lamounier Elias
Valéria Aguiar Matos Karena Maria Cruz Dultra
Karina de Sá Adami Gonçalves Brandão
Karina Rodrigues Lelis Livia Brito Castro
Kassia Jeane Félix dos Santos Vieira Luzia de Souza Torregrossa
Ludmilla Monfort Oliveira Sousa Maria Ana Nogueira Nunes
Luisa Gervalina Larchert Carvalho Dias Maria Auxiliadora Mariano Cunha
Lyz dos Santos Vianna Maria Aparecida Souza Conceição
Manuela Oliveira da Silva Paz Maria José J. S. Costa
Marcelo Rios Lopes Marília de Queiroz V. Marques
Maria Cristina Santos Santana Marlúcia Rocha Santana
Maria Gabriele de Almeida Dantas Miguel Bispo Costa
Mariana de Azevedo Pinto Olívia Maria Matos Almeida
Mariângela Costa Vieira Rafaela M. Barreto
Marina Souza Vieira Rita de Cácia A. Correia
Naiara Freitas Carvalho de Andrade Rosimeire da Costa Castro
Nilma Lima dos Santos Samantha de Jesus Andrade
Patrícia Carvalho Andrade Silvanio Silva Souza
Pedro Hernando Paerazaman Diaz Vinicius Rodrigues Santos
Rivany Ribeiro da Silva Lima
Rosana Maria Rehem da Silva Fialho TÉCNICOS DA DIRETORIA DE VIGILÂNCIA
Rosivan Barbosa de Matos EPIDEMIOLÓGICA
Samantha Habib Miguel B. Ferreira Carla Taiana Bressy
Sávia Souza Machado Maria Aparecida Rodrigues
Sílvia Pereira Aleluia
Simone Janete Oliveira Barbosa RESIDENTES DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM
Tereza Cristina Guimarães Lima Cruz SAÚDE DA FAMÍLIA – UNEB, TURMA 10-2018
Thiago Gonçalves do Nascimento Piropo Ana Carolina de Castro e Silva
Ticiana dos Santos Ferreira Deise Nascimento
Vanessa Santos Estrela Emily Karle dos Santos Conceição
Xênia Paula Correia Reis Irani Santos Silva
Yolanda Silva de Oliveira Juliana Vasconcelos Silva
Leonardo Lima Ribeiro
COLABORAÇÃO ESPECIAL DAB Luane Rocha da Silva
Elisa Maria Ramos Carvalho Maiane Ferreira dos Santos
Helen Ingrid Vieira Barreto Simone Almeida Santiago
Nilma Lima dos Santos Síntique Priscila Alves Lopes
Rivany Ribeiro da Silva Lima
PROJETO GRÁFICO
TÉCNICOS NRS/BRS Fábio Brito dos Reis
Andréa Raimundo Dias
Bárbara Rosário dos Santos TIRAGEM
Catarina Ribeiro Fernandes 800 unidades
Celita Nazareth Menezes
Danilo Souza Amorim DIRETORIA DE ATENÇÃO BÁSICA
Denise Batalha O. Lima Endereço - 4ª Avenida, nº 400, Bloco B, 1º andar
Eduarda M. Santos Centro Administrativo da Bahia, Salvador/BA CEP- 41.750-300
Elba Mascarenhas Tel. - (71) 3115-4375
Fabíola Mesquita Mangabeira Grassi Endereço eletrônico: www.saude.ba.gov.br/dab
Leidilania Soares de Oliveira
Listas

LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Carga horária do Acolhimento Pedagógico Quadro 30 - Exemplo 5: Agenda organizada por bloco de
(AP). horas.
Quadro 2 - Cronograma geral do AP. Quadro 31 - Programação do Dia 7.
Quadro 3 - Programação do Dia 1. Quadro 32 - Matriz para planejamento de ação educativa.
Quadro 4 - Modelo assistencial médico-privatista e Quadro 33 - Matriz para o plano de educação permanente
estratégia de saúde da família. da equipe.
Quadro 5 - Programação do Dia 2.
Quadro 6 - Sistematização do estudo de caso da gestante LISTA DE FIGURAS
com sífilis. Figura 1 - Desenho Lógico do Acolhimento Pedagógico.
Quadro 7 - Participação e controle social no SUS. Figura 2 - Modelo de determinação do processo saúde-
Quadro 8 - Programação do Dia 3. doença, por Dahlgren e Whitehead, 1991.
Quadro 9 - Roteiro para caracterização da área de Figura 3 - Modelo de determinantes sociais, por
abrangência. Diderichsen e Hallqvist, 1998.
Quadro 10 - Programação do Dia 4. Figura 4 - Proposta de organização de serviços em rede
Quadro 11 - Matriz para sistematização da lista de do Relatório Dawson, 1920.
problemas. Figura 5 - Os momentos do Planejamento e da
Quadro 12 - Matriz de priorização de problemas referente Programação Local em Saúde (PPLS).
ao estado de saúde da população. Figura 6 - Desenho representativo do diagnóstico
Quadro 13 - Matriz de priorização de problemas referente situacional.
a unidade de saúde. Figura 7 - Pinakarri.
Quadro 14 - Matriz para construção da árvore de
problemas. LISTA DE SIGLAS
Quadro 15 - Matriz para definição de objetivos. AB - Atenção Básica
Quadro 16 - Matriz de definição de ações e análise de ABEn - Associação Brasileira de Enfermagem
viabilidade. ACE - Agente de Combate às Endemias
Quadro 17 - Matriz de programação operativa. ACS - Agente Comunitário de Saúde
Quadro 18 - Programação da 2ª etapa - Interação entre ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Equipe e Território. AP - Acolhimento Pedagógico
Quadro 19 - Programação do Dia 5. APS - Atenção Primária à Saúde
Quadro 20 - Indicadores para monitoramento da ASIS - Análise de situação de saúde
programação operativa. BEG - Bom Estado Geral
Quadro 21 - Exemplo de programação operativa. CAMAB - Caderno de Avaliação e Monitoramento da
Quadro 22 - Exemplo de indicadores para monitoramento Atenção Básica
da programação operativa. CES - Conselho Estadual de Saúde
Quadro 23 - Programação do Dia 6. CIB - Comissão Intergestores Bipartite
Quadro 24 - Matriz para sistematização da reflexão do CLS - Conselho Local de Saúde
grupo sobre trabalho em equipe. CMS - Conselho Municipal de Saúde
Quadro 25 - Matriz para demonstração de agenda. CNDSS - Comissão Nacional sobre Determinantes Sociais
Quadro 26 - Exemplo 1: Agenda orientada por ficha. da Saúde
Quadro 27 - Exemplo 2: Agenda orientada por programa. CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
Quadro 28 - Exemplo 3: Agenda com momento para CNS - Conselho Nacional de Saúde
acolhimento à demanda espontânea. COAM - Coordenação de Avaliação e Apoio Matricial
Quadro 29 - Exemplo 4: Agenda com acolhimento DAB - Diretoria de Atenção Básica
à demanda espontânea em dois períodos e com a DATASUS - Departamento de informática do SUS
participação de médico, enfermeiro e dentista DSS - Determinantes Sociais da Saúde
DUM - Data da Última Menstruação SINAN - Sistema de Informação de Agravo de Notificação
eAP - equipe de Atenção Primária SISAB - Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
eCnR - equipe Consultório na Rua Básica
eSB - equipe de Saúde Bucal SMS - Secretaria Municipal de Saúde
eAB - equipe de Atenção Básica SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
eAP - equipe de Atenção Primária SUS - Sistema Único de Saúde
eSF - equipe de Saúde da Família SVS - Secretaria de Vigilância Sanitária
eSPr - equipe de Saúde Prisional UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância
eSFR - equipe de Saúde da Família Ribeirinha US - Ultrassom
EP - Educação Permanente UTI - Unidade de Terapia Intensiva
EPS - Educação Popular em Saúde TR - Teste Rápido
ESF - Estratégia Saúde da Família UBS - Unidade Básica de Saúde
HPP - Hospital de Pequeno Porte USB - Unidade de Suporte Básico
ID - Idade Gestacional VS - Vigilância em Saúde
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IST - Infecção Sexualmente Transmissível
LGBTQIA+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais,
Queer/Questionando, Intersexo, Assexual e mais
LOC - Lúcida, Orientada e Coerente
MA - Metodologias Ativas
MRSB - Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira
MS - Ministério da Saúde
NASF - AB - Núcleo Ampliado de Saúde da Família e
Atenção Básica
NHS - National Health Service
NOAS - Norma Operacional da Assistência à Saúde
NOB - Norma Operacional Básica
NRS - Núcleo Regional de Saúde
OMS - Organização Mundial da Saúde
ONG - Organização Não Governamental
OPAS - Organização Pan ‒ Americana da Saúde
PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PEAB - Política Estadual da Atenção Básica
PCDT - Protocolo Clínico e de Diretrizes Terapêuticas
PIB - Produto Interno Bruto
PMAQ-AB - Programa Nacional de Melhoria de Acesso e
da Qualidade da Atenção Básica
PNAB - Política Nacional de Atenção Básica
PNSIPN - Política Nacional de Saúde Integral da
População Negra
PPP - Parto, Pós-parto e Puerpério
PPLS - Planejamento e Programação Local em Saúde
PPS - Políticas Públicas de Saúde
PSF - Programa Saúde da Família
PSE - Programa Saúde na Escola
RAS - Rede de Atenção à Saúde
RENASS - Rede Nacional de Serviços de Saúde
RN - Recém Nascido
SAMU - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SESAB - Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
“Quem dera eu achasse um jeito, de fazer tudo
perfeito, feito a coisa fosse o projeto e tudo já
nascesse satisfeito”
(Paulo Leminski).
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 13

Apresentação
O Manual do Trabalhador é um dos instrumentos que contribui para o desenvolvimento do
Acolhimento Pedagógico (AP) no Estado da Bahia. Seu texto e formato subsidiaram-se nas discus-
sões da oficina realizada entre trabalhadores da Diretoria de Atenção Básica (DAB/SAIS/SESAB),
técnicos da Atenção Básica dos Núcleos Regionais de Saúde (NRS/SESAB) e duas consultoras do
PROSUS, em abril de 2019. Como o próprio termo “manual”, que significa feito à mão, este vem
recheado de significados e se constitui em algo que nos remete ao fazer das diversas mãos que
contribuíram para sua elaboração. Esperamos que o seu formato oportunize o manuseio fácil de seu
conteúdo e contribua para a melhor produção de suas atividades no desenvolvimento do AP.

O material aqui contido envolve temáticas atinentes à Estratégia Saúde da Família, apresenta-
das por meio de dispositivos diversos, que contribuirão para aprimorar a atuação dos trabalhado-
res(as) da Atenção Básica: cronograma das atividades; textos e vídeos que orientam as discussões;
uma Linha do Tempo com marcos importantes da saúde pública no Brasil e na Bahia; propostas de
atividades que podem ser adaptadas para cada realidade e indicações de sites oficiais.

O Manual está organizado em capítulos, conforme o cronograma proposto para a realização


das oficinas do Acolhimento Pedagógico: 1ª Etapa – Interação Pedagógica, 2ª Etapa – Interação
entre Equipe e Território e 3ª Etapa – Interação Pedagógica, além do capítulo de apresentação de
um Caso Guia, que será utilizado durante todo o percurso do AP. As Etapas de Interação Pedagó-
gica estão divididas em subcapítulos, que compreendem os dias de atividades das oficinas em sala
de aula e os Textos Base para fundamentação teórica. A Etapa de Interação entre Equipe e Territó-
rio contém subcapítulos com as próprias atividades práxicas realizadas no território. Após os capí-
tulos citados, o Manual possui ainda os anexos: Matrizes Modelo, que estão em branco para facilitar
a utilização durante as oficinas, e Diários de Campo do Trabalhador.

Este Manual pretende que você, trabalhador(a), sinta-se provocado(a) a refletir sobre a AB no
SUS e, assim, implique-se na qualificação do seu processo de trabalho e da equipe em que está inse-
rido(a), em busca de efetivar o SUS e seus princípios na prática cotidiana.

Não temos a pretensão de esgotar aqui toda discussão e muito menos de considerar essa obra
acabada, mas temos a intenção de que esta produção gere análise, reflexão e mudança do fazer.

Convite feito, vamos dar as nossas mãos e seguir juntos(as)!


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 15

Prefácio

O Acolhimento Pedagógico na Bahia


O processo de educação permanente aos profissionais das equipes da Saúde da Família e Aten-
ção Básica (AB), em geral, tem figurado como um desafio nos últimos tempos, sobretudo conside-
rando a rotatividade dos trabalhadores nestas equipes. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
(SESAB), através da Diretoria de Atenção Básica (DAB), vem empreendendo esforços na direção da
qualificação dos profissionais e a preparação para atuação na Estratégia Saúde da Família (ESF) tem
sido uma das prioridades.

A primeira oferta estruturada de preparação para atuar na ESF, no estado da Bahia, foi o Trei-
namento Introdutório para Equipes de Saúde da Família nos anos de 2003 e 2004, realizada em
parceria com o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. A partir de 2010, a
concepção assumida adotou novos formatos e nova designação para este processo de qualificação,
que passou a se chamar ACOLHIMENTO PEDAGÓGICO PARA EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA.

Essas ofertas de qualificação oferecidas pela Diretoria de Atenção Básica (DAB/SAIS/SESAB)


nesta década, sempre foram acompanhadas por material formativo, utilizado tanto pelos profissio-
nais das equipes participantes quanto pelo mediador pedagógico, também chamado de multipli-
cador ou facilitador. Em 2021, o mais novo Manual do Acolhimento Pedagógico se constitui como
a oferta atualizada, que foi elaborada a partir do acúmulo de diferentes de saberes e experiências
vivenciadas pelos trabalhadores da DAB e pelos técnicos das regionais de saúde, em contato com o
território baiano.

Partindo da perspectiva de que acolher é um compromisso de resposta às necessidades dos


cidadãos que procuram os serviços de saúde e que é necessário preparo para tal, o Acolhimento
Pedagógico tem como objetivo geral acolher os trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF),
a partir dos elementos pedagógicos que pautam a própria ESF, a Atenção Básica e o Sistema Único
de Saúde.

Com a priorização desta iniciativa, pretende-se qualificar a atenção prestada pelos profissio-
nais atuantes ou a atuar na Saúde da Família, alinhando conceitos, princípios e diretrizes voltadas à
estruturação desse espaço estratégico na política pública de saúde.

Desejamos que o Acolhimento Pedagógico dispare um produtivo processo de educação perma-


nente nos municípios e possa conformar equipes mais preparadas para a promoção de cenários
ainda melhores no SUS.

José Cristiano Soster


Diretor DAB/SESAB
16 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Sumário
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO..................................................................................................................................................................................... 13

PREFÁCIO................................................................................................................................................................................................. 15

METODOLOGIA E ESTRUTURA DO ACOLHIMENTO PEDAGÓGICO..................................................................................... 19

1ª ETAPA - INTERAÇÃO PEDAGÓGICA........................................................................................................................................... 28

DIA 1 ................................................................................................................................................................................................ 28

Texto Base 1 | Dia 1 - Determinantes Sociais da Saúde ................................................................................................................................. 30

Texto Base 2 | Dia 1 - Estratégia Saúde da Família e os Modelos de Atenção à Saúde no Brasil................................................ 34

DIA 2................................................................................................................................................................................................. 42

Texto Base 1 | Dia 2 - Políticas Públicas de Saúde no Brasil ......................................................................................................................... 46

LINHA DO TEMPO........................................................................................................................................................................ 48

Texto Base 2 | Dia 2 - Participação e controle social no Sistema Único de Saúde ............................................................................. 56

Texto Base 3 | Dia 2 – Integração de ações da Atenção Básica e da Vigilância em Saúde.............................................................. 60

DIA 3................................................................................................................................................................................................. 64

Texto Base 1 | Dia 3 – As Redes de Atenção à Saúde: histórico, conceitos e atributos................................................................... 67

Texto Base 2 | Dia 3 – O território e a territorialização.................................................................................................................................. 76

DIA 4................................................................................................................................................................................................. 84

Orientações para a apresentação das atividades práxicas na 3ª etapa - Interação Pedagógica ................................................ 85

Texto Base 1 | Dia 4 – Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS)...................................................................................... 87

2ª ETAPA - INTERAÇÃO ENTRE EQUIPE E TERRITÓRIO............................................................................................................ 98

Primeira atividade práxica: territorialização........................................................................................................................................................ 99

Segunda atividade práxica: levantamento e priorização de problemas............................................................................................... 102

Terceira atividade práxica: definição de objetivos, ações e programação operativa...................................................................... 106

Relação de produtos/atividades práxicas para postagem no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA)........................... 109

3ª ETAPA - INTERAÇÃO PEDAGÓGICA..........................................................................................................................................112

DIA 5...............................................................................................................................................................................................112

Texto Base 1 | Dia 5 – PPLS (continuação): definição de indicadores................................................................................................... 115


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 17

DIA 6...............................................................................................................................................................................................122

Texto Base 1 | Dia 6 – A importância do trabalho em equipe na Estratégia Saúde da Família e Atenção Básica............. 125

Texto Base 2 | Dia 6 – Agenda das equipes da Atenção Básica................................................................................................................ 130

Texto Base 3 | Dia 6 – Tecnologias para o cuidado em saúde................................................................................................................... 140

3ª etapa - Interação Pedagógica.............................................................................................................................................................................. 150

DIA 7...............................................................................................................................................................................................150

Texto Base 1 | Dia 7 – Educação Popular em Saúde...................................................................................................................................... 155

Texto Base 2 | Dia 7 – Educação em Saúde....................................................................................................................................................... 157

CASO GUIA.............................................................................................................................................................................................160

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................................................192

MATRIZES MODELO............................................................................................................................................................................206

DIÁRIO DE CAMPO DO TRABALHADOR ....................................................................................................................................218


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 19

Metodologia e estrutura do Acolhimento Pedagógico


O AP constitui estratégia fundamental para a qualificação dos trabalhadores e do trabalho na
AB no estado. Trata-se de uma formação específica que introduz temas estruturantes para o desen-
volvimento de Atenção à Saúde da Bahia, tendo a AB como ordenadora desta rede e coordenadora
do cuidado.

Neste contexto, serão abordados: os determinantes sociais de saúde; os modelos de atenção à


saúde no Brasil e o conceito ampliado de saúde; as políticas públicas de saúde no Brasil; participa-
ção e controle social; rede de atenção à saúde; integração entre AB e Vigilância à Saúde; territoriali-
zação; planejamento e programação local em saúde; agenda da equipe; tecnologias para o trabalho
em equipe9 com o usuário, com as famílias e com a comunidade; educação permanente, educação
em saúde e educação popular.

Alguns pressupostos metodológicos e conceituais respaldam esta proposta de Acolhimento


Pedagógico: o primeiro, acolher todas as demandas, críticas, anseios e desejos de atores que já esti-
veram e continuam implicados com esta proposta; o segundo, ter uma produção que dialoga com
as Regiões de Saúde e que mantenha a conexão da AB enquanto pilar da Rede de Atenção à Saúde
(RAS); o terceiro, pauta-se na utilização de uma linguagem acessível, acolhedora e esclarecedora
tanto para quem já vive o SUS há muitos anos, como para quem acabou de chegar; e por fim, o quarto
pressuposto é que todos os atores implicados - trabalhadores, gestores e facilitadores - tenham a
experiência da produção provocada pela reflexão crítica do fazer em saúde.

A Educação Permanente (EP) se dará de forma transversal ao desenvolvimento do AP. Por


conseguinte, as atividades serão desenvolvidas com base em Metodologias Ativas (MA), relacio-
nando-se a teoria com aspectos da realidade em busca de uma aprendizagem significativa.

Assim, o desenho do AP integra atividades teóricas com o cotidiano dos trabalhadores, ao


provocar a reflexão a partir da sua realidade e ofertar possibilidades para a qualificação desta atua-
ção. As atividades pedagógicas se desenvolvem a partir de um Caso Guia, centrado no fazer de uma
equipe de saúde que busca estratégias para enfrentar os desafios da sua prática individual e cole-
tiva. O Caso Guia é o fio condutor que articula as três etapas, que devem ser realizadas em uma
sequência e organização que contribua para o desenvolvimento de habilidades e competências indi-
viduais e em equipe.

O AP será desenvolvido em três etapas que se inter-relacionam: duas de Interação Pedagógica,


intercaladas com um momento de Interação entre Equipe e Território.

Cada etapa de Interação Pedagógica é presencial e ocorre com a participação de facilitadores e


trabalhadores, tendo como propósito o estudo dos principais temas, troca de experiências e proble-
matização da prática do trabalho das equipes em conexão com os conteúdos teóricos.

9. Considerando a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS/2017, das normas sobre as políticas nacionais de saúde
do Sistema Único de Saúde - SUS (BRASIL,2017), e a Portaria nº 2.539 GM/MS/2019 (BRASIL,2019) que institui a equipe
de Atenção Primária e dá outras providências, neste manual, as equipes a seguir serão todas consideradas como equipes
de AB: equipe de Saúde da Família (eSF), equipe de Atenção Básica (eAB), equipe de Atenção Primária (eAP), equipe do
Consultório na Rua (eCnR), equipe de Saúde Bucal (eSB), equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Famíliae Atenção Bási-
ca (NASF-AB), equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR) e equipe de Saúde Prisional (eSPr).
20 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Na etapa de Interação entre Equipe e Território, os participantes desenvolvem as atividades


práxicas em equipe e também junto à comunidade, em seu cotidiano, produzindo reflexões que
visem a transformação do processo de trabalho. As atividades
práxicas problematizam o processo de trabalho da equipe e
representam um importante momento do ciclo pedagógico,
devido à intervenção na realidade.

Para o registro individual do que é apreendido, ofertamos


o Diário de Campo do Trabalhador, que são instrumentos que
contribuem para organizar as reflexões, compreensões, vivências
e, especialmente, para o registro do aprendizado significativo de
cada atividade. Há o diário de campo para ser registrado pelo(a)
trabalhador(a) e outro pelo(a) facilitador(a) e estão disponíveis ao
final de cada manual.

Há ainda o acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem


(AVA), que é uma plataforma on-line onde estão disponibilizados
os materiais de apoio para o desenvolvimento do AP e é também o local onde deverão ser posta-
das as atividades práxicas realizadas. Para ter acesso, o(a) facilitador (a) e o(a) trabalhador (a)
serão cadastrados e receberão uma mensagem via e-mail contendo o endereço eletrônico (site),
login e senha.

A carga horária total do AP é de 80 horas, sendo 28 horas para a 1ª etapa de Interação Pedagó-
gica (sala de aula); 16 horas para a etapa de Interação entre Equipe e Território (unidade de saúde/
território); e mais uma etapa de Interação Pedagógica de 20 horas (sala de aula). Ainda compõem a
carga horária 10 horas para acesso ao AVA e 06 horas para os registros em diário de campo, conside-
rando uma hora após cada dia ou turno de atividade desenvolvida, tanto durante a Interação Peda-
gógica quanto durante a Interação entre Equipe e Território. Observe o quadro a seguir:
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 21

Quadro 1 - Carga horária do Acolhimento Pedagógico (AP)

ACOLHIMENTO PEDAGÓGCO

DIÁRIO DE CAMPO
ETAPA DIA CARGA HORÁRIA
DO TRABALHADOR

Dia 1 8 horas 1 hora

Interação Dia 2 8 horas 1 hora

Pedagógica Dia 3 8 horas 1 hora

Dia 4 4 horas 30 minutos

Primeira atividade 8 horas 2 horas


Interação entre
Segunda atividade 4 horas 1 hora
Equipe e Território
Terceira atividade 4 horas 1 hora

Dia 5 8 horas 1 hora


Interação
Dia 6 8 horas 1 hora
Pedagógica
Dia 7 4 horas 30 minutos

Subtotal -- 64 horas 10 horas

AVA -- 06 horas

Total -- 80 horas

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.

Os Manuais do Trabalhador estão organizados de forma a contribuir com o acompanhamento


de todo o processo do AP. A seguir, apresentamos a definição de expressões e símbolos utilizados.

Kit facilitador - é um kit que reúne os materiais voltados para o participante trabalhador do AP,
para apoio ao desenvolvimento das atividades. Está disponível no AVA, assim como este Manual
completo.

O perfil de acesso dos trabalhadores na plataforma permitirá a visualização de um outro kit


facilitador, que contém os materiais gerais do AP, mas não contém os materiais específicos da atua-
ção do facilitador.

D Texto Base- são os textos oferecidos em cada parte deste manual, que subsidiam as
atividades.

D Videos - Símbolo que indica vídeos que fomentam a discussão no grupo e/ou a amplia-
ção da reflexão sobre determinado tema. Os vídeos constam no kit facilitador e a maioria
acompanha endereço eletrônico para busca na internet.

D Símbolo utilizado para destacar os conteúdos que merecem atenção.

D Para lembrar- utilizado para remeter a um item ou informação presente neste


manual.

D AVA- indica que a atividade deve ser postada no ambiente virtual.


22 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

D Para Pensar e Refletir- indica uma situação especial que pode ser melhor desenvol-
vida a partir da reflexão / ideia que se apresenta.

D Para saber mais! - indica textos, vídeos e informações que não fazem parte do mate-
rial utilizado no dia, mas que podem ampliar a compreensão sobre determinado tema.

D Este símbolo indica a sugestão de um método/atividade a ser utilizada.

D Símbolo para lembrar as anotações no Diário de Campo do Trabalhador.

O desenho lógico do Acolhimento Pedagógico


A proposta que se apresenta sugere que o (a) trabalhador (a) siga um caminho lógico, iniciando
seu percurso pelo AP em etapa de Interação Pedagógica, com duração de quatro dias (em 7 turnos).
Este percurso conduzirá o(a) trabalhador(a) para que tenha êxito na etapa de Interação entre
Equipe e Território, cujo objetivo é o desenvolvimento do Planejamento e Programação Local em
Saúde (PPLS).

Ao retornar da Interação entre Equipe e Território, inicia-se a nova etapa de Interação Pedagó-
gica, com duração de três dias (em 5 turnos), quando ocorrerão trocas de experiências, que serão o
pano de fundo para a abordagem dos demais temas.

Com o intuito de representar essa totalidade do processo de aprendizagem do AP, elaboramos


o desenho lógico a seguir:
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 23

O desenho lógico do Acolhimento Pedagógico

1ª Etapa – Interação Pedagógica

Se reconhece no Se (re)encontra com Passa a (re)conhecer


Acolhimento a construção possiblidades de
Pedagógico, sua histórica e social do mergulhar no território
estrutura e objetivos. SUS, refletindo de atuação,
Dá início às reflexões sobre sua considerando os
de conceitos contribuição e problemas de saúde das
estruturantes para a participação. pessoas. Busca assim,
prática na Estratégia Reflete ainda sobre planejar ações e
Saúde da Família e as ações integradas preparar-se para
Atenção Básica. na Atenção Básica. atividades práxicas.

2ª Etapa – Interação entre


Equipe e Território: atividades práxicas

3ª Etapa – Interação Pedagógica

Com novas conexões (Re)conhece mais


Volta do território com
é convidado a possibilidades de
muitas novidades para
conversar sobre a atuação em território,
contar. Mais reflexões
importância do incorpora novos
e trocas acontecem.
trabalho em equipe conceitos. É estimado a
Dá continuidade
com o usuário e sua esperimentar novas
ao planejamento.
família. ofertas, como a
percebendo que esse é
Preparando-se para educação permanente,
contínuo e realizado
ampliar a atuação em para contribuir com o
em equipe.
território. trabalho em equipe.

Pactuações para entrega da atividade final e continuidade de ações

Figura 1 - Desenho Lógico do Acolhimento Pedagógico.

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO, 2019.

Apresentamos a cronograma geral do AP organizado por etapas, dias e turnos, conforme descri-
tos no quadro 2.
24 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Quadro 2 - Cronograma geral do AP.

CRONOGRAMA GERAL AP

DIA 1 (8h) DIA 2 (8h) DIA 3 (8h) DIA 4 (4h)

Políticas de Saúde
no Brasil Rede de Atenção
1ª ETAPA Determinantes à Saúde Planejamento e
Sociais da Saúde Controle Social Programação
INTERAÇÃO Territorialização Local em Saúde -
PEDAGÓGICA Modelos de Integração entre e Análise de PPLS
atenção à saúde Atenção Básica Situação de
e Vigilância à Saúde
Saúde

ATIVIDADE 1 (8h) ATIVIDADE 2 (4h) ATIVIDADE 3 (4h)

2ª ETAPA -
INTERAÇÃO
ENTRE EQUIPE E Territorialização PPLS PPLS
TERRITÓRIO

DIA 5 (8h) DIA 6 (8h) DIA 7 (4h)

Educação em
3ª ETAPA Planejamento e Trabalho em equipe Saúde
INTERAÇÃO Programação
PEDAGÓGICA Local em Agenda da equipe Educação Popular
Saúde – PPLS em Saúde
(continuação) Tecnologias para o cuidado em saúde
Educação
Permanente

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 25
1
26 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 27

P R I M E I R A E T A P A

INTERAÇÃO
PEDAGÓGICA
1ª etapa - Interação Pedagógica

Dia 1
Olá trabalhador(a), bem-vindo(a) à 1ª etapa do Acolhimento Pedagógico (AP).
O convite é para que aproveite esse momento e contribua com o desenvolvimento das
atividades que foram elaboradas pensando em você. Certamente, ao final, colheremos
bons frutos. Neste primeiro dia, você conhecerá o grupo, realizará o pacto de convivên-
cia e iniciará as atividades. A seguir, apresentamos os objetivos e a proposta de crono-
grama para esse primeiro dia.

D Conhecer os Trabalhadores(as) e o(a) Facilitador(a);

D Elaborar coletivamente os pactos para o bom andamento das atividades;

D Apresentar o objetivo, a dinâmica e o desenho do AP;

D Apresentar o caso-guia, o objetivo e a dinâmica de funcionamento para o desenvolvi-


mento das atividades;

D Construir o conceito coletivo de DSS;

D Compreender os modelos de atenção à saúde no Brasil;

D Compreender o conceito ampliado de saúde;

D Apresentar o Diário de Campo do Trabalhador.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 29

Quadro 3 - Programação do Dia 1

1ª ETAPA – INTERAÇÃO PEDAGÓGICA | DIA 1

ATIVIDADE

08h às 08h30 Acolhida dos Trabalhadores

08h30 às 09h15 Apresentação dos participantes

09h15 às 10h Contrato de convivência

INTERVALO

10h15 às 11h15 Apresentação do Acolhimento Pedagógico

11h15 às 12h Apresentação do Caso Guia

ALMOÇO

Conversando sobre os Determinantes Sociais em Saúde (DSS), os modelos de atenção


13h30 às 15h30
à saúde no Brasil e o conceito ampliado de saúde

INTERVALO

15h30 às 15h45 Continuação da atividade

16h45 às 17h15 Apresentação do Diário do trabalhador

17h15 às 17h30 Encerramento do Dia 1

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020, FALLEIRO; PRIAMO, 2020.

Anote suas reflexões em seu Diário de Campo do Trabalhador.


30 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 1 | Dia 1 - Determinantes Sociais da Saúde

A partir de meados do século passado, o Brasil vive uma grande mudança social, política, econô-
mica e demográfica, impactando nas condições de vida da população. Atualmente, há predomínio da
vida urbana e a ampliação de serviços essenciais como acesso ao saneamento, água potável, saúde
e educação, com vistas a acompanhar esse desenvolvimento (RIBEIRO, 2014).

Associadas a essa transformação, as discussões acerca da saúde avançam com a definição de


“saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não meramente ausência
de doença ou enfermidade”, a qual foi inserida na constituição da Organização Mundial da Saúde
(OMS), em 07 de abril de 1948 - desde então tido como o Dia Mundial da Saúde - e que expressa
uma concepção mais ampla do termo. Porém, esse movimento contra hegemônico entra em disputa,
na mesma época, com o modelo campanhista (trataremos em um capítulo específico sobre os Mode-
los de Atenção à Saúde), que surge a partir da década de 1950, após erradicação da varíola (BUSS e
PELLEGRINI FILHO, 2007; SCLIAR, 2007).

A realização da Primeira Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde, no ano de


1978, pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), na cidade de Alma-Ata,
no Cazaquistão, é um marco importante para a ampliação do conceito de saúde que vinha se difun-
dindo. A declaração de Alma-Ata, fruto dessa conferência, reafirmou o significado da saúde “como
um direito humano fundamental” e uma das mais importantes metas sociais mundiais (MENDES,
2004; SCLIAR, 2007).

Essa reafirmação, juntamente com o lema inspirador da época pela OMS “Saúde para todos
no ano 2000”, destaca novamente o tema dos determinantes sociais. Além disso, o tema é impul-
sionado também pelo movimento pela Reforma Sanitária Brasileira (MRSB), iniciado na década
de 1970, com ápice na realização da 8.ª Conferência Nacional de Saúde, no ano de 1986, que, por
conseguinte, levou à criação do SUS.

Outros fatores que contribuíram foram o debate sobre as Metas do Milênio e a criação da
Comissão Nacional de Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) no Brasil. Essa comissão foi esta-
belecida em 13 de março de 2006, por um decreto presidencial, com mandato de dois anos, tendo
como referência o conceito de saúde concebido pela OMS e o preceito constitucional de reconhe-
cer a saúde conforme consta no artigo 196 da Constituição Federal de 1988 (CNDSS, 2008; BUSS e
PELLEGRINI FILHO, 2007).

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômi-
cas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação(BRASIL, 1988, Art. 196).

A comissão produziu um relatório final, publicado em 2008, com recomendações às políticas


e programas em curso no país. Destaca-se a necessidade de um reforço na intersetorialidade e na
ampliação de estudos que visem contribuir com a racionalização de investimentos e a integração
de órgãos federais, incluindo o Ministério da Saúde, considerando que a atuação sobre os Deter-
minantes Sociais da Saúde (DSS) extrapola as competências e atribuições das instituições de saúde
(CNDSS, 2008).
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 31

Neste contexto, há avanços na elaboração do modelo explicativo, ou conceitual, de saúde,


que surge com o intuito de compreender os processos e fatores determinantes do adoecimento
e da morte, em busca de alternativas para retardar ou evitar ao máximo essas condições. Cada
um desses modelos agregou saberes científicos distintos e em diferentes momentos da história.
Segundo Almeida Filho e Rouquayrol (2006), podem se destacar cinco principais modelos:

D Modelo biomédico: com abordagem à patogenia e à terapêutica, classificando as doenças


segundo forma e agente causador. É considerado um modelo com foco individual, curativo,
fragmentado, especialista, hospitalocêntrico e centrado no fazer médico;

D Modelo processual: baseia-se no modelo da História Natural da Doença, proposta por


Leavell e Clark, em 1976, que compreende os estímulos patológicos do meio ambiente
como desencadeantes de uma resposta do corpo, ocasionando a cura ou defeito ou invali-
dez ou morte;

D Modelo sistêmico: reconhece que fatores políticos, socioeconômicos, culturais, ambientais


e agentes patogênicos estão inter-relacionados de forma que, modificar um desses níveis,
afeta os demais;

D Modelo mágico-religioso: afirma que cabia aos deuses decidir pelo adoecimento e cura,
marcado também pela noção de pecado-doença e redenção-cura;

D Modelo de determinação social da doença: gerado a partir das sucessivas mudanças na


forma de pensar a saúde e a doença, tendo preocupação também com o bem-estar e com o
conceito ampliado de saúde.

PARA SABER MAIS!

No kit facilitador há o texto de Moacyr Scliar (2007), na íntegra, para quem quiser conhecer
mais sobre os modelos unicausais e multicausais do processo saúde e doença.

Frente a esta evolução dos processos explicativos para saúde e doença, diversos modelos
buscam esquematizar os inúmeros fatores que compreendem o conceito ampliado de saúde, sendo
o modelo de determinação do processo saúde-doença, desenvolvido com foco nos determinantes
sociais da saúde, no ano de 1991, por Dahlgren e Whitehead; e o modelo de determinantes sociais
proposto por Diderichsen e Hallqvist, em 1998, que posteriormente foi adaptado por Diderichsen,
Evans e Whitehead em 2001, os dois mais difundidos (BUSS e PELLEGRINI FILHO, 2007).

O modelo de Dahlgren e Whitehead é frequentemente associado à orientação da OMS, que


define os DSS como “o conjunto das condições sociais nas quais os indivíduos vivem e trabalham”.
Esquematicamente, distribui e organiza os determinantes em diversas camadas: na mais próxima,
se encontram os determinantes individuais; e, na camada mais distal, estão localizados os macro-
determinantes (BUSS e PELLEGRINI FILHO, 2007; BORGHI, OLIVEIRA e SEVALHO, 2018). Como
demonstrado na figura a seguir:
32 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Figura 2 - Modelo de determinação do processo saúde-doença, por Dahlgren e Whitehead, 1991.

Fonte: BUSS e PELLEGRINI FILHO, 2007.

Podemos observar que este é um modelo que recai sobre o indivíduo, considerando seu estilo de
vida e o livre arbítrio, incluindo as redes sociais e comunitárias as quais participam, suas condições
de vida e de trabalho e também as condições socioeconômicas, culturais e ambientais na compreen-
são do processo saúde-doença (CNDSS, 2008; BUSS e PELLEGRINI FILHO, 2007).

Uma crítica ao modelo, feita por Borghi, Oliveira e Sevalho (2018), é que ele não considera a
coletividade, somente o indivíduo. Além disso, não menciona raça e etnia nos fatores individuais e a
nomeação da estrutura de classes sociais é ausente no esquema, sendo substituída por algo que não
contempla a plenitude dessa influência das diferenças sociais no processo de saúde-doença.

Buss e Pellegrini Filho (2007) chamam atenção para o fenômeno da globalização que influencia
fortemente os macrodeterminantes dos países, tendo analisado a influência da globalização sobre a
pobreza e as condições de saúde, e sobre as condições de vida em geral.

Neste sentido, o modelo proposto por Diderichsen e Hallqvist que, conforme mencionado,
passou por uma adaptação em 2001, enfatiza a estratificação social gerada pelo contexto social,
conferindo posições sociais diversas aos indivíduos, o que recai sobre os diferenciais de saúde
(BUSS e PELLEGRINI FILHO, 2007).

Na figura representativa abaixo, é importante observar que, de acordo com a posição social
ocupada pelo indivíduo, há diferenciais de saúde que geram “consequências sociais”, ou seja, aumen-
tam os impactos da doença sobre a situação socioeconômica do indivíduo e da sua família.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 33

Figura 3 - Modelo de determinantes sociais, por Diderichsen e Hallqvist, 1998.

Fonte: BUSS e PELLEGRINI FILHO, 2007.

Observamos ainda que a posição social (I) é influenciada pelo contexto social e pelo contexto
das políticas, como o acesso ao sistema educacional e o mercado de trabalho, o que determina os
diferenciais, como a exposição a riscos, que aumentam os danos à saúde (II), o grau de vulnerabili-
dade da ocorrência de uma doença conforme a exposição ao risco de adquiri-la (III) e as diferentes
consequências sociais ou físicas após o indivíduo ter contraído a doença (IV) (BUSS e PELLEGRINI
FILHO, 2007).

Apesar de mais complexo, esse segundo modelo parte da percepção de que, quanto melhores as
condições sociais oportunizadas pelo acesso a políticas, menor o risco de danos à saúde, assim como
as consequências que influenciam o indivíduo e sua família, tratando-se de um modelo que passa a
considerar a coletividade, em determinada medida (BORGHI, OLIVEIRA e SEVALHO, 2018).

O avanço conceitual dos modelos explicativos indica a ênfase


nos DSS. Considerando a estratificação social como um fator
importante para se combater as iniquidades em saúde , desta-
ca-se a necessidade de políticas públicas específicas que busquem
minimizar os diferenciais entre determinantes, conforme a posi-
ção social de cada indivíduo e de grupos (BUSS, PELLEGRINI
FILHO, 2007).

PARA SABER MAIS!

✄ Acesse e conheça mais sobre o Observatório de DSS. Este apresenta também indicado-
res do Brasil e macrorregiões das regiões metropolitanas e da região nordeste. Vale a pena
conhecer! Disponível em: http://dssbr.org/site/
34 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 2 | Dia 1 - Estratégia Saúde da Família e os Modelos de Atenção


à Saúde no Brasil
Adaptado de Rosana Aquino10

Neste texto discutiremos os princípios e diretrizes da saúde da família, enquanto uma estraté-
gia que tem como propósito a reorientação dos modelos assistenciais vigentes, a partir da reorga-
nização da atenção básica, em conformidade com os princípios do Sistema Único de Saúde, impri-
mindo uma nova dinâmica de atuação nas unidades básicas com definição de responsabilidades
entre os serviços de saúde e a população (BRASIL, 1997).

Modelos de atenção à saúde no Brasil


Modelo assistencial ou modelo de atenção à saúde pode ser definido como sendo uma “maneira
como são organizadas e combinadas, numa sociedade concreta, as diversas ações de interven-
ção no processo saúde-doença. Dito de outro modo, podemos definir modelo assistencial como
a forma de organização e articulação entre os diversos recursos físicos, tecnológicos e humanos
disponíveis, de forma a enfrentar e resolver os problemas de saúde vigentes numa coletividade”
(FIOCRUZ/UnB, 1998).

Segundo Paim (1999), modelos assistenciais podem ser entendidos como combinações de sabe-
res (conhecimentos) e técnicas (métodos e instrumentos) utilizadas para resolver problemas e aten-
der necessidades de saúde individuais e coletivas, não sendo, portanto, simplesmente uma forma
de organização dos serviços de saúde nem tampouco um modo de administrar (gerir ou gerenciar)
um sistema de saúde. Nessa perspectiva, os modelos de atenção à saúde são formas de organização
das relações entre sujeitos (profissionais de saúde e usuários) mediadas por tecnologias (materiais
e não materiais) utilizadas no processo de trabalho em saúde, cujo propósito é intervir sobre proble-
mas (danos e riscos) e necessidades sociais de saúde historicamente definidas.

O conteúdo e a forma de organização das práticas de saúde mostram diferenças e também


semelhanças quando se busca caracterizar os modelos de atenção. Assim, enfoques teórico-concei-
tuais diferentes influenciaram as abordagens sobre o tema e são descritos a seguir.

Um enfoque teórico-conceitual advém da vigilância à saúde, na perspectiva da forma de orga-


nização do processo de prestação de serviços de saúde em estabelecimentos de saúde no sentido
de abordar a articulação entre as ações de promoção da saúde, prevenção e controle dos riscos,
assistência e reabilitação (visando desenvolver atenção integral a problemas de saúde e seus deter-
minantes) com as demandas e necessidades da população, em territórios específicos. Outro enfo-
que utiliza a programação em saúde como tecnologia para reorganização do processo de trabalho
através das ações programáticas com uma nova ética no cuidado. O objeto de intervenção são as
necessidades sociais de saúde definidas em função de critérios demográficos, socioeconômicos e
culturais, com recortes populacionais sobre os quais incidem as ações programáticas. Essa proposta

10. Médica, Mestre em saúde Comunitária. Docente da Residência em Medicina Social, Formação Multiprofissio-
nal em Saúde da Família.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 35

torna-se uma alternativa aos programas verticais, que não levam em conta as características da
população e suas condições de vida. Um terceiro enfoque teórico-conceitual compreende a combi-
nação de saberes e técnicas utilizadas para resolver problemas e atender necessidades de saúde
individuais e coletivas, considerando-se a relação entre os sujeitos (profissionais de saúde e usuá-
rios) como fator inerente para a organização dos serviços. Um quarto enfoque, que influenciou a
concepção de um modelo sistêmico, articula três dimensões: a gerencial, que aborda os mecanis-
mos de condução do processo de reorganização das ações e serviços; a organizativa, que se refere
às relações entre as unidades de prestação de serviços e a hierarquização entre os diferentes níveis
de complexidade; e a técnico-assistencial, que trata as relações entre os sujeitos das práticas e seus
objetos de trabalho (TEIXEIRA, 2006; TEIXEIRA; VILASBÔAS, 2014).

As investigações, experiências e elaboração de alternativas de organização dos serviços no


âmbito do SUS produziram novas propostas de organização e Teixeira (2006) apresenta algumas
delas:

D Distritos Sanitários: adota uma perspectiva sistêmica de organização dos serviços, desta-
cando a base territorial como critério para definição e cobertura populacional e do perfil da
oferta de serviços, considerando a articulação entre os diferentes níveis da assistência, o
perfil da demanda e a identificação das necessidades de saúde da população. Inspirado na
proposta de unidades sanitárias locais, do sistema Italiano, e nos SILOS, sua implantação é
anterior à criação do SUS.

D Oferta Organizada/Ações Programáticas em Saúde: visam à reorganização do processo de


trabalho e do processo de produção de serviços de uma unidade de saúde. A oferta orga-
nizada busca racionalidade da oferta e integralidade da atenção; e as ações programáti-
cas estão voltadas para o atendimento das necessidades específicas da população daquele
território, incorporando uma perspectiva epidemiológica e social.

D Acolhimento/ Clínica ampliada: o acolhimento é um dos pilares do “modelo em defesa da


vida”. Surge nos anos 1990 e constitui uma possibilidade de humanização e melhoria da
qualidade da atenção, e também de organização da demanda espontânea, contribuindo
para a racionalização dos recursos e a melhoria das relações entre profissionais de saúde
e usuários. A clínica ampliada, por sua vez, surge numa perspectiva de reorganização da
clínica, buscando a participação e autonomia dos usuários no projeto terapêutico e a supe-
ração da fragmentação dos recortes diagnósticos e burocráticos. Possui como pilares o
projeto terapêutico, o apoio matricial e as equipes de referência.

D Estratégia Saúde da Família (ESF): constitui a estratégia prioritária para a reorganização da


atenção básica, na PNAB (BRASIL, 2017). Articula práticas de diversos movimentos ideo-
lógicos, representa um instrumento de expansão da cobertura assistencial da AB e consti-
tui um espaço de reorganização do processo de trabalho as equipes. Trata-se de um modelo
com um comportamento dinâmico, desde a sua implantação, incorporando novos serviços e
ampliando o escopo de suas ações.

É importante salientar que nenhuma das propostas de mudança no modelo de atenção não
dá conta, sozinha, de todos os aspectos envolvidos no processo de mudança das práticas de saúde
(TEIXEIRA, 2006).
36 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Para que possamos discutir como a estratégia de saúde da família pode contribuir para a refor-
mulação dos modelos de atenção no Brasil, iniciaremos refletindo acerca contribuições de Teixeira;
Paim; VilasBôas (1998) e de Paim (1999). Para estes autores, no Brasil, existem dois modelos assis-
tenciais convivendo de forma contraditória ou complementar: o modelo assistencial médico-priva-
tista – ênfase na assistência médico-hospitalar e nos serviços de apoio diagnóstico e terapêutico; e
o modelo assistencial sanitarista - campanhas, programas especiais e ações de vigilância epidemio-
lógica e sanitária (TEIXEIRA; PAIM; VILASBÔAS, 1998; PAIM, 1999).

O modelo assistencial médico-privatista apresenta as seguintes características:

D está centrado na figura do médico especialista, privilegiando a utilização de tecnologias


para o diagnóstico e tratamento das doenças;

D é predominantemente curativo, privilegiando a doença, em sua expressão individualizada,


como objeto de sua intervenção

D está voltado para o atendimento da demanda espontânea, isto é, para atender os indivíduos
que procuram os serviços de saúde;

D a forma de organização da produção de ações de saúde é a rede de prestação de serviços,


sendo privilegiado o hospital (TEIXEIRA; PAIM; VILASBÔAS, 1998; PAIM, 1999).

O modelo assistencial sanitarista apresenta as seguintes características:

D privilegia o controle de certos agravos ou de determinados grupos de risco de adoecer e


morrer;

D tem como sujeito o sanitarista, cujo trabalho tem por objeto os modos de transmissão e
fatores de risco das doenças, numa perspectiva epidemiológica;

D a intervenção de saúde está organizada sob a forma de campanhas e de programas espe-


ciais. As campanhas são temporárias, requerem uma grande mobilização recursos e admi-
nistração centralizada, são realizadas para enfrentar problemas que a rede não conseguiu
resolver através de suas atividades usuais, tendo como principal problema a desestrutu-
ração da rotina dos serviços nos períodos que antecedem e sucedem a sua realização. Os
programas especiais de saúde pública tem administração única e vertical, organizando
suas ações de forma fragmentada, sem articulação com as outras atividades dos serviços,
levando a conflitos na ponta do sistema (TEIXEIRA & cols., 1998 e PAIM, 1999).

A partir da década de 80, em alguns municípios do país, vêm sendo construídos modelos assis-
tenciais alternativos” ao modelo hegemônico, voltados para a qualidade de vida, buscando articular
ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação na dimensão individual e coletiva. Estas
propostas têm como objetivo concretizar os princípios e diretrizes para a saúde estabelecidos pela
Constituição, como universalidade, regionalização, hierarquização, descentralização e participação
popular (TEIXEIRA; PAIM; VILASBÔAS, 1998; PAIM, 1999).

Nesta perspectiva de construção de mudança de cenário, a proposta do modelo assistencial da


vigilância da saúde é colocada como eixo de um processo de reorientação dos modelos assistenciais
do SUS.

O modelo assistencial da vigilância da saúde apresenta as seguintes características (TEIXEIRA;


PAIM; VILASBÔAS, 1998; PAIM, 1999):
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 37

D intervenção sobre problemas de saúde (danos, riscos e/ou determinantes);


D ênfase em problemas que requerem atenção e acompanhamento contínuos, operacionali-
zação do conceito de risco;
D articulação entre ações promocionais, preventivas e curativas;
D atuação intersetorial;
D ações sobre o território;
D intervenção sob a forma de operações.

O papel da estratégia de Saúde da Família na reorganização da


Atenção Básica
Para reorientar a lógica assistencial do SUS na perspectiva da construção do modelo da vigilân-
cia da saúde, uma etapa fundamental é a reorganização da atenção básica. Entende-se que inves-
timentos neste nível de atenção têm impacto positivo, não só sobre a saúde da população, mas na
reorientação dos serviços de saúde de média e alta complexidade.

Neste sentido, há que se trabalhar com a ideia de atenção básica como atenção resolutiva a
situações e problemas sanitários extremamente complexos, e não com a proposta de atenção primá-
ria centrada na assistência de baixo custo, simplificada e com poucos equipamentos (SCHRAIBER;
MENDES GONÇALVES, 1996).

No nível da atenção básica, embora muitas vezes tratemos com doenças simples, do ponto
de vista clínico, a maioria dos problemas de saúde possui diversos fatores determinantes (sociais,
econômicos, culturais, biológicos, etc.). Por exemplo, embora diarreia na infância seja um problema
simples do ponto de vista do diagnóstico e tratamento médico, muitas crianças padecem e morrem
por essa doença porque no cotidiano de suas vidas imperam a fome, a falta de saneamento básico e
outras condições de vida que levam ao adoecimento.

Para enfrentar estes problemas é preciso ampliar as práticas de saúde; ou seja, além da consulta
médica e dos procedimentos de diagnóstico e tratamento, é necessário o desenvolvimento de ações
e práticas de outros profissionais da equipe de saúde, profissionais de outros setores (educação,
ação social e saneamento) e da comunidade.

Na verdade, queremos dizer que atuar sobre os processos de saúde-doença da população


implica no desenvolvimento de três grandes tipos de ação: a promoção da saúde, a prevenção das
enfermidades e acidentes e a atenção curativa e reabilitadora, pensando uma atenção básica resolu-
tiva como parte de um sistema que possibilite o acesso dos usuários aos serviços de nível de comple-
xidade necessário para resolução de seus problemas de saúde (MENDES, 1996).

Estamos tratando da atenção básica que, ao mesmo tempo, deve servir de porta de entrada
para um sistema de saúde hierarquizado, mas também constituir, no sistema, um nível próprio de
atendimento, resolvendo um elenco de necessidades que englobam demandas sanitárias de várias
ordens, como a intervenção curativa individual; as medidas tradicionais de saúde pública, como o
saneamento do meio, o desenvolvimento nutricional, a vacinação, prevenção, a profilaxia de doen-
ças (SCHRAIBER; MENDES GONÇALVES, 1996); até a atenção a problemas sanitários, de forte
caráter social, como a violência, os transtornos mentais, o uso de drogas na adolescência, etc.
38 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Segundo o Manual de Atenção Básica (Brasil, 1999):

“Atenção Básica é um conjunto de ações de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro


nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agra-
vos, o tratamento e a reabilitação.

A organização da atenção básica, com base na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90), tem como
fundamento os princípios do SUS:

D “Saúde como direito - a saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, por meio de políticas econômi-
cas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabeleci-
mento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e serviços para a
promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva;

D Integralidade da assistência - entendida como um conjunto articulado e contínuo de ações


e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigido em cada caso, em todos
os níveis de complexidade do sistema;

D Universalidade – significa acesso garantido aos serviços de saúde para toda a população,
em todos os níveis de assistência, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie.

D Equidade – compreende a igualdade na assistência à saúde, com ações e serviços prioriza-


dos em função de situações de risco, das condições de vida e de saúde de determinados indi-
víduos e grupos da população;

D Resolutividade – entendida como a eficiência na capacidade de resolução das ações e servi-


ços de saúde, através da assistência resolutiva, contínua e de boa qualidade, oferecida à
população adscrita, no domicílio e na unidade de saúde, buscando identificar e intervir
sobre as causas e fatores de risco aos quais essa população está exposta;

D Intersetorialidade- desenvolvimento de ações integradas entre os órgãos e serviços de


saúde e outros órgãos públicos, com a finalidade de articular políticas e programas de inte-
resse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
Único de Saúde, potencializando, assim, os recursos financeiros, tecnológicos, materiais e
humanos disponíveis e evitando duplicidade de meios para fins idênticos.

D Humanização do atendimento – refere-se à responsabilização mútua entre os serviços de


saúde e a comunidade e ao estreitamento do vínculo entre as equipes de profissionais e a
população.

D Participação – representa a democratização do conhecimento sobre o processo saúde/


doença e sobre os serviços, estimulando a organização da comunidade para o efetivo exer-
cício do controle social na gestão do sistema” (BRASIL, 1999).

No nível local e municipal, a estratégia de saúde da família tem demonstrado seu potencial para
reorientação da atenção básica. Este potencial relaciona-se com as características desta proposta
que apontam para a ruptura com os modelos assistenciais hegemônicos e para o fortalecimento dos
princípios do SUS na construção de modelos de atenção mais resolutivos e humanizados.

O objetivo da Estratégia Saúde da Família (ESF) é organizar a prática assistencial em novas


bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para a cura das
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 39

doenças e realizado principalmente no hospital. Na ESF, a atenção deve estar centrada na família,
entendida e percebida a partir de seu ambiente físico e social, o que vem possibilitando às equipes
de saúde da família uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade de
intervenções que vão além das práticas curativas (BRASIL, 2000).

A equipe de saúde da família assume a responsabilidade pelo acompanhamento permanente


e sistemático de um número determinado de famílias que residem em um território delimitado. A
adscrição de clientela possibilita o estabelecimento de vínculos de compromisso e co-responsabili-
dade entre equipe de saúde e comunidade, permite a caracterização do território e o conhecimento
das condições de vida, aumentando a capacidade de resposta às necessidades básicas de saúde da
população.

A equipe de saúde da família atua com base nas seguintes diretrizes:

1. Eleição da família e seu espaço social como núcleo básico de abordagem no atendimento
à saúde;

2. Trabalho em equipe – indica que o cuidado não ocorre apenas por um profissional de saúde,
mas alguns de diferentes categorias, que atuam com foco na integralidade da assistência,
humanização das práticas, estabelecimento de vínculos, respeito aos valores e crenças,
democratização do saber e estímulo à participação social;

3. Adscrição de clientela: ocorre após o mapeamento das áreas de atuação das equipes e
cadastramento das famílias; seu significado é de que a população seja capaz de reconhe-
cer seu serviço enquanto o serviço possa identificar sua população (FIOCRUZ/UnB,1998).

4. Caráter substitutivo, complementariedade e hierarquização: a unidade de saúde família é


destinada à realização de atenção contínua nas especialidades básicas. Deve fazer parte do
sistema local como porta de entrada, substituindo as práticas de saúde convencionais por
uma nova prática, centrada nos princípios da vigilância da saúde, voltada para o desenvol-
vimento de ações de promoção, proteção e recuperação. A unidade de saúde da família não
deve estar isolada e sim representar um dos componentes de uma política de complemen-
tariedade do sistema local de saúde. Um sistema eficaz deve ser hierarquizado, garantindo
a referência e a contra-referência para os demais níveis, conforme a necessidade de maior
complexidade de ações para resolução dos problemas identificados.

A atuação da equipe de saúde da família tem como principais linhas:

D Cadastramento de todas as famílias residentes em sua área de abrangência, realizado com


a participação da comunidade;

D Diagnóstico das condições sócio-econômicas e de saúde da população sob sua responsabi-


lidade;

D Identificação das pessoas e famílias que necessitam de atenção especial, por estarem sujei-
tas a situações de maior risco de adoecer ou morrer;

D Priorização das ações a serem desenvolvidas para enfrentamento dos problemas identifica-
dos. Por exemplo, ações voltadas para a saúde da criança, da gestante, da mulher, do idoso,
para tratamento e recuperação de portadores de doenças endêmicas, infecciosas ou dege-
nerativas, como malária, tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabetes e outras;
40 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

D Ênfase na promoção à saúde, facilitada pelo vínculo estabelecido entre a equipe e as famí-
lias, que cria um espaço privilegiado para a incorporação de hábitos saudáveis;

D Atuação intersetorial, por meio de parcerias estabelecidas com diferentes segmentos


sociais e institucionais, de forma a intervir em situações que transcendem a especificidade
do setor e que têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e, consequentemente,
de saúde dos indivíduos” (BRASIL, 2000).

No quadro seguinte, apresenta-se um esquema que sintetiza as características da estratégia de


saúde da família, enquanto uma possibilidade de superação do modelo assistencial.

Quadro 4 - Modelo assistencial médico-privatista e estratégia de saúde da família.

MODELO ASSISTENCIAL MÉDICO-


ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
PRIVATISTA

Doença Saúde

Medicina curativa Promoção da saúde

Saber e poder médico Saber e poder da equipe e da comunidade

Não humanizado Humanizado

Indivíduo como objeto da ação Individuo como sujeito integrado à família e


comunidade

Desvinculação entre profissionais de saúde e Estabelecimento de vínculos entre profissionais de


comunidade saúde e comunidade

Comunidade afastada do processo de decisão Co-responsabilidade


dos serviços de saúde

Hospitalocêntrico Sistema hierarquizado, tendo a atenção básica


como eixo estruturante

Demanda espontânea e ocasional Oferta organizada

Baixa capacidade de resolver problemas Otimização da capacidade de resolução de


problemas

Limitado à ação setorial Ação intersetorial

Fonte: AQUINO, 2001.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 41

Na perspectiva sistêmica de modelos de atenção, para que se estabeleça a mudança efetiva no


modelo biomédico-hospitalocêntrico, propósito das políticas públicas no Brasil desde a criação do
SUS, é preciso que se articulem iniciativas mobilizadoras nas três dimensões: gerencial, organiza-
tiva e assistencial (TEIXEIRA, 2006). Neste contexto, para Fertonaniet al. (2015), a ESF representa
um novo paradigma para a AB no SUS, nas dimensões político-jurídico e político-institucional, sendo
que o seu grande desafio se concentra no campo das práticas, ou seja, na dimensão político-opera-
cional. Para os autores, persistem os desafios para superar as carências na formação das equipes e
nas condições e relações de trabalho; e, também, o caráter biologicista no tratamento das doenças
para alcançar a integralidade.

PARA SABER MAIS!

Assista ao vídeo de Carmem Teixeira, sobre modelos de atenção à saúde. Dispo-


nível em: https://www.youtube.com/watch?v=x6d1JI-0Akk
1ª etapa - Interação Pedagógica

Dia 2
Trabalhador(a), hoje iniciamos o segundo dia de Interação Pedagógica. Neste dia serão aborda-
das a evolução histórica da saúde pública no Brasil, a inserção do controle social nesse contexto e a
importância da integração da Atenção Básica com a Vigilância em Saúde. A seguir, apresentamos os
objetivos e a proposta de cronograma para esse dia.

D Compreender o desenvolvimento histórico da Saúde Pública no Brasil e na Bahia.

D Reconhecer os marcos da Participação e Controle Social.

D Discutir coletivamente o estudo de caso para compreensão da integração da AB e VS.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 43

Quadro 5 - Programação do Dia 2.

1ª ETAPA – INTERAÇÃO PEDAGÓGICA | DIA 2

ATIVIDADE

08h às 08h30 Acolhida dos Trabalhadores

08h30 às 10h30 Conversando sobre as Políticas Públicas de Saúde no Brasil, Participação e Controle Social

INTERVALO

10h45 às 12h Continuação da atividade

ALMOÇO

13h30 às 15h30 Compreendendo a integração entre Atenção Básica e Vigilância em Saúde (VS)

INTERVALO

15h45 às 17h30 Continuação da atividade

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020, FALLEIRO; PRIAMO, 2020.

Que tal iniciar com uma música que nos faz refletir sobre a grandiosidade do nosso país?

A VIDA DO VIAJANTE
Luiz Gonzaga.

Minha vida é andar por este país Minha vida é andar por este país
Pra ver se um dia descanso feliz Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações Guardando as recordações
Das terras onde passei Das terras onde passei
Andando pelos sertões e dos amigos Andando pelos sertões e dos amigos
que lá deixei. que lá deixei.

Chuva e sol, poeira e carvão Mar e terra, inverno e verão


Longe de casa sigo o roteiro Mostro o sorriso, mostro alegria
Mais uma estação Mas eu mesmo não
E a alegria no coração! E a saudade no coração.
44 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Essa canção nos inspira a pensar nos caminhos da vida e, nesse contexto, nos caminhos para a
construção do SUS.

Vídeo “A história da saúde pública do Brasil”, disponí-


vel em: https://www.youtube.com/watch?v=7ouS-
g6oNMe8

O quadro abaixo deve ser preenchido dentro da atividade sobre a importância da integração
entre Atenção Básica e Vigilância em Saúde, que ocorrerá durante a apresentação do facilitador a
respeito das soluções para a o Caso Guia - parte 2.

Quadro 6 - Sistematização do estudo de caso da gestante com sífilis.

CONDUTA PROFISSIONAL
SITUAÇÃO PROBLEMA IDENTIFICADA
(ORIENTAÇÕES / RECOMENDAÇÕES)

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO, 2020.

Anote suas reflexões em seu Diário de Campo do Facilitador.

Integrando AB e VS - Contribuições para a solução do Caso Guia


Apresentamos primeiramente a sistematização do estudo de caso do Pré-Natal de Isis Laura.
Em seguida, destacamos alguns pontos que contribuem para a solução, para complementar a discus-
são do grupo e orientar os trabalhadores. No percurso, podem surgir outros elementos a partir do
próprio grupo e então novas informações podem ser pesquisadas, tanto nos Protocolos Clínicos
e de Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que foram usados como material de base para essa constru-
ção, quanto em outros materiais. Estas contribuições estão disponíveis apenas para o facilitador(a),
neste Manual.

Cada PCDT (Infecção Sexualmente Transmissível; Profilaxia pré-exposição ao HIV; Transmis-


são Vertical) pode ser baixado gratuitamente via aplicativo iOS e Android.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 45

PARA SABER MAIS!

✄ Conheça o manual prático para implementação da Rede Cegonha. Disponível em: http://
www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2017/09/MANUAL_PRATICO_MS_IMPLE-
MENTACAI_REDE_CEGONHA.pdf)

✄ Conheça o Guia Prático de Bolso (2019) do Sistema de Informação de Agravos e Notifi-


cação (SINAN), produzido pela SESAB/Bahia. Bastante prático. http://online.fliphtml5.com/
yzuna/optm/#p=1

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46 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 1 | Dia 2 - Políticas Públicas de Saúde no Brasil

Arrisco começar esse texto utilizando mais uma vez o trecho da música: "minha vida é andar
por esse país, pra ver se um dia descanso feliz, guardando as recordações, das terras onde passei,
andando pelos sertões e os amigos que lá deixei...”(Luiz Gonzaga). Representando, uma singela
homenagem à construção da saúde pública no Brasil, que passou por caminhos sinuosos e chega
aos dias de hoje com uma proposta estruturada, ainda que necessitando constantemente de ajus-
tes. É um orgulho dizer: o SUS é uma conquista do povo brasileiro!

Outro ponto a ser considerado antes de iniciarmos, é compreendermos do que se trata uma
política de saúde. Segundo Amélia Cohn (2009), nos estudos de natureza política deve se conside-
rar a dimensão do poder e a dimensão da racionalidade no processo de formulação e implementa-
ção de uma política de saúde, em que ocorrem constantes disputas até que a decisão seja tomada,
por parte do Estado (representado pelo grupo que detém o poder em determinada conjuntura
histórica).

Frente a isso, os grupos sociais distintos entram na arena de disputa, defendendo sua priori-
dade, até que se traduza essa necessidade na política de um determinado governo, o que pode não
agradar a todos, mas que se leva em conta na democracia. Neste processo, se consideram estudos
de caráter científico e epidemiológico, entre outros, que contribuam para a melhor escolha entre as
alternativas disponíveis (COHN, 2009).

Certamente os “fatos” nem sempre acontecem com tamanha sensatez, mas efetivamente, para
uma política de saúde passar a existir, um longo caminho é percorrido. E é isso que queremos apre-
sentar a você através de uma Linha do Tempo, que apresenta marcos importantes para a constru-
ção do SUS a partir de 1930, dando ênfase também a alguns acontecimentos, no mesmo período, no
estado da Bahia.

Você deve estar se perguntando: Por que a partir da década de 1930? Vejamos a seguir.

Durante a República Velha (1889-1930) o país foi governado pelos estados mais ricos, como São
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Oswaldo Cruz, à frente da Diretoria Geral de Saúde Pública,
reforçou o papel de instituições públicas de higiene e saúde no Brasil. Neste período, foram imple-
mentados os serviços e programas de saúde pública nacional e, em paralelo, adotou-se o modelo das
“campanhas sanitárias”, com vistas a enfrentar epidemias urbanas e, posteriormente, as epidemias
rurais” (LUZ, 1991; BERTOLLI FILHO, 1996).

Do tempo do Brasil colônia de Portugal até a década de 1930, pouco se fez por uma saúde
pública. As ações não eram organizadas e as diferenças de classes sociais no tratamento de doenças
eram evidentes. Buscava-se atenção de curandeiros, benzedeiras, parteiras etc., e muitas pessoas
desvalidas dependiam da caridade das Santas Casas de Misericórdia, entre elas, a de Santos (1543),
Salvador (1549), Rio de Janeiro (1567), Vitória (1818), São Paulo (1599), João Pessoa (1602),
Belém (1619), São Luís (1657), Campos (1792) e Porto alegre (1803). Ainda assim, o Brasil manti-
nha cultivada a imagem de um país doente. Com a chegada da República e o fim da escravidão, mais
imigrantes vieram ao país, porém a fama de país insalubre continuava a afugentar muitas pessoas
(FIOCRUZ, 2015; CMB,19--?).
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 47

Entre as décadas de 1900 a 1920, foram realizadas reformas urbanas e sanitárias, nas áreas
portuárias, pois era preciso garantir um país com controle nas fronteiras para que os navios
pudessem atracar e movimentar o comércio. No período de 1903 a 1909, Oswaldo Cruz atua
como Diretor Geral de Saúde Pública com a missão de sanear a capital do país, na época o Rio de
Janeiro, de três grandes males: febre amarela; peste bubônica; varíola. No ano de 1904, torna
obrigatória a vacinação contra a varíola, provocando na população uma grande revolta que ficou
conhecida como a “Revolta da Vacina”, que revogou sua obrigatoriedade. Neste mesmo ano, em 8
de março, por meio do Decreto nº 5.156, o governo regulamenta os serviços sanitários da União
(PROJETO MEMÓRIA, 2003).

No ano de 1907, a Febre Amarela é erradicada no Rio de Janeiro e Oswaldo Cruz é condeco-
rado. Em seguida, outros estados começam o trabalho para a erradicação desse agravo, a exemplo
do Pará que desenvolve a campanha de erradicação entre os anos de 1910 e 1911. Este modelo
campanhista, embora bastante criticado, trouxe algum alívio para o comércio que mostrou melho-
ras após a erradicação de algumas doenças da época (PROJETO MEMÓRIA, 2003).

O modelo campanhista ainda é presente em algumas ações na atualidade,


conforme vimos no texto sobre modelos de atenção, no dia 1.

Quando os trabalhadores passaram a exigir melhores condições de saúde das empresas em


que trabalhavam, publica-se a Lei Eloy Chaves em 1923 (base da previdência social), e criam-se as
Caixas de Aposentadoria e Pensão, com a intenção de garantir proteção aos contribuintes em caso
de doenças e na velhice. Após alguns anos, em 1930, esse modelo foi expandido e deu origem aos
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), que tinham a intenção de atender mais categorias
profissionais, organizadas por segmentos dos assalariados, conforme o setor econômico onde esta-
vam inseridos. Esse, então, era o modelo que se desenvolvia na época, com prioridades de saúde
definidas pelo nível central do governo, prestação de serviço privado, modelo não representante de
sujeitos sociais, mas como direito vinculado ao mercado de trabalho de quem contribuiu compulso-
riamente para a previdência social (COHN, 2009).

PARA SABER MAIS!

Revolta da Vacina. Disponível em: https://youtu.be/amwFWGMJhUw (23’:08”).


(FIOCRUZ, 1994)

A Lei nº8.142/90 é complementar a Lei nº 8.080/90 e normatiza como deve ser acontecer
as transferências de recursos financeiros entre os órgãos intergovernamentais e principal-
mente como deve acontecer a participação popular e controle social no SUS.

Veja o breve vídeo no you tube (7’6”), sobre a importância da Lei nº 8.142/90. Disponí-
vel em: https://www.youtube.com/watch?v=sC8wzo_EHhU
LINHA DO TEMPO
48 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Linha do TempoP O L Í T I C A S . D E . S A Ú D E . N O . B R A S I L

Políticas de Saúde no Brasil

1930 - A partir desse ano, inicia no Brasil 1932 - É criada a Carteira de Trabalho, porém a assis-
o segundo período republicano, onde o tência médica previdenciária estava restrita aos seg-
país foi governado, provisoriamente, por mentos assalariados urbanos da população. Ao Estado
Getúlio Vargas, conhecido como o “pai era atribuição o “saneamento do ambiente”, como a va-
dos pobres”. cinação e o isolamento de doentes. Os pobres doentes
dependiam da caridade dos hospitais filantrópicos e
Figura 2 – carteiras de das Santas Casas de Misericórdia.
Figura 1 – foto de trabalho - 1932
Getúlio Vargas no
primeiro mandato
1930 - No dia 14 de novembro, 1939 - Criação do Serviço de Malária do
com o Decreto - 19.402, o Governo Nordeste (SMN) para intensificar o com-
criou o " Ministério dos Negócios bate ao Anopheles gambiae. Esse serviço
da Educação e Saúde Pública. esteve vigente até 1941, quando foi erra-
dicado o mosquito (Decreto nº 1.042, de
11/1/1939).

1930

1950

1956 - criou-se o Departamento Nacional de


Endemias Rurais (DENERW), que incorporou
Figura 4 – os últimos
dias da varíola.
programas sob a responsabilidade do Depar-
tamento Nacional de Saúde, como a febre
amarela, a malária e a peste.

O estabelecimento de normas gerais sobre a Defesa e pro-


1951 - A Assembleia Mundial da Saúde de-
teção da saúde é publicado em 1954, trazendo em seu ar-
cide promover o controle da varíola em todo
tigo 1º “é dever do Estado, bem como da família, defender
o mundo, considerada erradicada do mundo
e proteger a saúde do indivíduo” (Lei no 2.312, de
pela OMS em 1980. No Brasil, a campanha
03/09/54.
foi tão eficiente que na década de 70, já es-
tava erradicada no país.

1953 - Após essas duas Conferências e a partir da necessidade de orga-


nizar o setor saúde, no ano de 1953 o Ministério da Saúde foi criado, ou
melhor, foi desmembrado do Ministério da Educação (Lei no 1.920/53).
Apesar da proposta de acontecerem anualmente ou, no máximo, Esse foi um grande passo em busca de dar visibilidade a questões de
a cada dois anos, a 2º CNS aconteceu somente no ano de 1950 saúde que colocavam em risco a vida das pessoas e atrapalhavam o co-
e tratou dos temas: Higiene e segurança do trabalho e preven- mércio de produtos brasileiros (como por exemplo a adição do iodo ao
ção da saúde de trabalhadores e gestantes. sal de cozinha).
Como
AC O L H I M visto
E N TO Paté aqui, oO sistema
EDAGÓGIC - MA NUA Lde
D Osaúde brasileiro
que temos hoje ainda possui raízes
T RABALH ADOR 49
no início do século passado, fruto de uma política do Estado. Porém, não uma política
nacional, mas sim uma ação exercida por um poder central que instituiu normas e re-
gulação social na relação capital-trabalho (COHN, 2019).
Assim, a partir de 1930, grandes mudanças políticas, administrativas e econômicas
ocorreram no nosso país.

1941 - Ano em que aconteceu a 1a Conferência Nacional de Saúde (CNS), dis-


cutindo os temas: defesa sanitária, assistência social, proteção da maternidade
e infância e adolescência.

Nesse período aconteceu a nova Reforma da Saúde Pública Federal, com re-
organização do Departamento Nacional de Saúde, do Ministério dos Negócios
da Educação e da Saúde Pública (Decreto Lei no 3.171 de 02/04/1941).

1942 - Houve autorização para 1948 — Criado o primeiro Conselho de Saúde,


se organizar o Serviço Especial de considerado o marco inicial da Saúde Pública
Saúde Pública (SESP) em parceria Moderna. A saúde do povo passa a ser integral-
com o Institute of Interamerican mente reconhecida como importante função
Affairs, que funcionou até o ano administrativa de governo, cunhada com a má-
de 1948. xima: “quanto melhores as condições de saúde
da população, tanto maiores seriam as possi- Figura 3 – Marca SESP
bilidades econômicas de um país”.

1940

1960

1969 - A FSESP passa por nova mudança, passando


1960 - O SESP torna- a denominar-se Fundação de Serviços de Saúde Pú-
-se a Fundação Servi- blica FSESP (Decreto Lei nº 904, de 1/10/1969),
Em 1963 aconteceu a 3ª CNS, com mantendo a mesma sigla.
ço Especial de Saúde
a proposta de descentralização A FSESP cria o Boletim Epidemiológico e começa
Pública (FSESP), vincu-
da saúde. organizar o sistema de notificação de algumas do-
lada ao Ministério da
Saúde (Lei nº 3.750, de enças transmissíveis.
11/4/1960).
No ano de 1961, são realizadas as primeiras cam-
panhas com a vacina oral contra a poliomielite:
projetos experimentais em Petrópolis/RJ e Santo
André/SP, sendo também regulamentado o Códi-
go Nacional da Saúde, criado a partir da Lei nº
2.312/54 (Decreto nº 49.974-A/1961).

Art. 1º do Código Nacional da Saúde, que esteve Nos anos de 1965 e 1966, foram instituídas duas campanhas bas-
vigente até o ano de 1991: tante importantes para a situação vivida no Brasil nessa época:
Respectivamente a Criação da Campanha de Erradicação da Ma-
“O Código Nacional de Saúde regulamenta normas ge-
lária e a Criação da Campanha de Erradicação da Varíola.
rais de defesa e proteção da saúde a serem observadas
em todo o território nacional por qualquer pessoa, física
Ainda no ano de 1966, na Bahia houve a criação da SESAB, Secre-
ou jurídica, de direito público ou privado, inclusive Es-
taria da Saúde do Estado da Bahia, atravé da Lei nº 2.321, com a
tados, Territórios, Distrito Federal e Municípios, insti-
finalidade de formulação da política estadual de saúde e agestão
tuições civis ou militares, entidades autárquicas, pa-
da saúde em âmbito estadual.
ra-estatais e privadas, de qualquer natureza”.
50 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

a 1976 - houve a regulamentação da Lei nº 6.259, sobre


a organização das Ações de Vigilância Epidemiológi-
ca, e o Programa Nacional de Imunizações e se esta-
Em 1970, o Ministério da Saúde passa por reforma
beleceu normas relativas à notificação compulsória de
administrativa, sendo criada a Superintendência
doenças (Decreto nº 78.231, de 12/8/1976).
de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM),
subordinada à Secretaria de Saúde Pública e Foi o ano de implantação do Sistema de Informações
incorporando o DENERu. sobre Mortalidade (SIM) e realizada a campanha de
Vacinação Contra a Meningite Menigocócica pela
Figura 6 – SUCAM SUCAM e FSESP.

Um marco importante para as atividades de va-


cinação no país, foi a instituição, em 1971, do
Plano Nacional de controle da Poliomielite. No ano de 1975 foi iniciada a implantação do sistema
de registro de doses de vacinas aplicadas em todo país.
O Brasil demorou anos para controlar essa do-
ença que acometeu muitas crianças. Realização da 5ª CNS, com as temáticas para implanta-
ção do Sistema Nacional de Saúde, do Programa de
Nesse mesmo ano foi criada a Central de Medi-
Saúde Materno-Infantil, do Sistema Nacional de Vigi-
camentos (CEME) e dado início a organização do
lância Epidemiológica, do Programa de Controle das
sistema de produção e distribuição de medica-
Grandes Endemias e do Programa de Extensão das
mentos essenciais.
Ações de Saúde às Populações Rurais.

1970

1980

Em 1983 passa a ser recomen-


Figura 8 – Cartaz da Campanha da dação a estratégia de dias na-
Poliomielite cionais de vacinação (Opas e
da Unicef).
Figura 9 – Zé Gotinha
Em 1980, ocorre a 7ª CNS, que trouxe a temática da
extensão das ações de saúde por meio dos serviços No ano de 1981 é a vez do Plano de Ação Contra
básicos: Programa Nacional de Serviços Básicos de o Sarampo, por intermédio de intensificação de
Saúde - PrevSaúde. campanhas estaduais de vacinação.
O Plano de Ação Contra a Poliomielite é lançado,
estabelecendo os dias nacionais de vacinação.

Nessa década, há o
enfraquecimento do regime
ditatorial vivido no país desde
Na década de 1980, continuam as discussões sobre a importância de um sistema de saúde
1964. A queda do regime ocorreu
para todos e sobre a necessidade de se considerar a saúde em seu conceito ampliado.
em 15 de março de 1985. Houve a
A saúde passou a ser defendida enquanto direito de cada cidadão e dever do estado eleição do Presidente Tancredo
brasileiro. A partir deste período, não poderia mais haver distinção de qualquer natureza Neves, porém o mesmo faleceu
para ter acesso aos serviços de saúde, como a obrigatoriedade de contribuir com a antes da assunção ao cargo,
Previdência Social através de “carteira assinada”. tomando posse como presidente
O setor saúde vive uma crise política que impulsiona o MRSB. José Sarney. Esse período ficou
conhecido como Nova República.
Marco AChistórico
O L H I Mpara a Atenção
E N TO Básica,
P EDAGÓGIC O no anoNUA
- MA de L D O T RABALH ADOR 51
1978, quando aconteceu a Conferência Interna-
cional de Assistência Primária em Saúde, promovi-
da pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas (U-
Importante lembrar que, na década de 1970,
NICEF), resultou na elaboração da Declaração de
dá-se início às discussões que culminaram no
Alma-Ata, que reafirma a saúde como direito hu-
Movimento pela Reforma
mano fundamental.
Sanitária Brasileira (MRSB), com a bandeira
Figura 7 – Declaração
de luta pela saúde enquanto direito universal
da Alma-Ata
de cidadania. O movimento avançaria até a
Em 1977 acontece a 6ª CNS com temáticas que tra- década de 1980, quando aconteceu a 8ª
taram da situação do controle das grandes ende- Conferência Nacional de Saúde e foi
mias, da interiorização dos serviços de saúde e da marcado por ampla mobilização da sociedade
Política Nacional de Saúde. brasileira, que exigia melhores condições de
saúde. Nessa época a expectativa de vida do
Foi o ano em que foi aprovado o primeiro do modelo
brasileiro ficava entre 57 e 62 anos (IBGE).
da Caderneta de Vacinação (Portaria GM/MS
nº 85, de 4/4/1977) e da instituição do Sistema Na-
cional de Laboratórios de Saúde Pública (Portaria
GM/MS nº 280, de 21/7/1977).

Neste mesmo ano foi criado o Instituto Nacional de


Assistência Médica da Previdência Social – Em 1979, o Decreto nº 84.219 dispôs sobre a intensifica-
INAMPS (Lei nº 6.439), tendo a atribuição da assis- ção e expansão de serviços básicos de saúde e saneamento
tência médica dos segurados. e com a aprovação do Programa de Interiorização das
Ações de Saúde e Saneamento (PIASS) para o período
1980-1985.

1989 - O Brasil registra o último caso de Po-


liomielite. Erradicando a doença no país.

1988 - ano quem que o SUS passa a ser garantia de direi-


O ano de 1986 é um marco importante to do cidadão, estando escrito na Constituição Federal
na história da saúde pública brasileira entre os Art. 196 a 200.
pelo MRSB, a 8ª Conferência Nacional A Constituição Federal de 1988 é tida como a Constitui-
de Saúde. ção Cidadã!
É nessa conferência que, pela primeira Figura 10 – Ulisses Guimarães presidente da Constituinte
vez, a sociedade civil participa de forma
contundente, reunindo em torno de
1000 delegados e com a participação de “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
mais de 4000 pessoas, entre políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de ou-
representantes da sociedade civil, tros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
gestores e trabalhadores da saúde. promoção, proteção e recuperação.”

Os temas discutidos foram: Saúde como


direito; Reformulação do Sistema
Nacional de Saúde; e Financiamento
setorial. Em meados dos anos 80, mais precisamente em 1987, com a mudança da
correlação de forças a nível estadual ocorrida com as eleições, foram criados os
Seu relatório final serviu de base para o Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS) em todos os estados da
texto constitucional, que seria publicado Federação.
dois anos depois.
A Bahia foi o primeiro estado a assinar o convênio SUDS que, além das propostas
gerais relativas ao financiamento, gestão e desenvolvimento da infra-estrutura da
rede pública de serviços, incorporou como estratégia de reorganização dos serviços
a criação dos Distritos Sanitários (DS).

Foi também nessa época que o estado da Bahia instituiu a realização das
Conferências Estaduais de Saúde - CONFERES. (PAIM,1999).
No ano de 1990, o SUS passa a ser devidamente instituído através 1992 - acontece a 9ª Conferência Nacional,
52Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90, que definiu seus objetivos,
da DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
realizada com o tema central: a municipali-
competências e atribuições, princípios e diretrizes, organização, zação é o caminho; e alguns temas específi-
direção e gestão; criou o subsistema de atenção à saúde indígena; cos, como: sociedade, governo e saúde; im-
regulou a prestação de serviços privados de assistência à saúde e definiu políticas de recursos hu- plantações do SUS; e controle social.
manos, financiamento, gestão financeira, planejamento e orçamento.
Neste mesmo ano ocorreu a implantação do
Foi instituída a Gestão participativa no SUS (Lei nº 8.142/90), que também orienta a forma de alo- Plano Nacional de Eliminação do sarampo.
cação dos recursos oriundos do Fundo Nacional de Saúde.

Em 1991, surge o Programa de Agentes Comunitários de Saúde –


PACS, iniciando a reestruturação da Atenção Básica no Brasil. 1993 - ano da extinção do
INAMPS (Lei nº 8.689), com suas
O PACS é um dos grandes programas que contribuiu para a redução competências transferidas às
da mortalidade infantil no nosso país, especialmente em regiões com três instâncias gestoras do SUS.
menor acesso a serviços de saúde.
Figura 11 – Logo Neste ano, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) recebe o Prê-
da Fundação Na- mio Criança de Paz, outorgado pela Unicef, sendo destaque na defesa
cional de Saúde - e na promoção dos direitos da criança e do adolescente.
FUNASA
Ainda em 1991, através do Decreto nº 100, foi instituída a Fundação
Nacional da Saúde (FUNASA), agregando diversos segmentos, entre
eles a SUCAM e a FSESP, sendo essa uma fundação pública vinculada 1994 - é dado início à estruturação da
ao Ministério da Saúde. AB, com a implantação de equipes mul-
tidisciplinares atuando em comunida-
des. Articulado com PACS, surge o Pro-
grama Saúde da Família.

1990

2000

É aprovada a Política Nacional de


Em 2001 foi aprovada a Norma Atenção à Saúde dos Povos Indíge-
A 11ª CNS acontece no ano 2000, e nas, em 2002, com a proposta de
Operacional de Assistência à Saúde
tratou da temática: Efetivando o ser criada uma rede de serviços nas
(NOAS-SUS 1/2001) que ampliou a
SUS – acesso, qualidade e humani- terras indígenas, de forma a superar
responsabilidade dos municípios na
zação na atenção à saúde com con- Figura 14 – Cartão as deficiências de cobertura, acesso
atenção básica, entre outras ques-
trole social. SUS e aceitabilidade do Sistema Único
tões , como a formalização do Cartão
É ainda o ano de criação da Agência SUS (Portaria GM/MS nº 95). de Saúde para essa população (Por-
Nacional de Saúde Suplementar taria nº 254 de 31 de janeiro).
É inaugurado o Disque ANS: 0800
(ANS), uma instância reguladora do
701 9656, canal de atendimento
setor privado da saúde, atuante a
para a sociedade.
partir das prerrogativas do SUS (Lei
nº 9.961/00).

Em 2003, houve a criação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência


Os anos 2000 foram de muitas mudanças e acontecimentos no (SAMU), ocorrendo também a implantação da Política Nacional de Urgên-
Brasil e no mundo. Foi um período de muitas guerras e conflitos cia e Emergência. Foi o ano da criação do Programa “de volta para casa”,
internacionais (Estados Unidos x Oriente Médio, terrorismo na que contribui com a reinserção social de pessoas que passaram anos vivendo
Rússia) e também de mudanças políticas importantes (Venezuela, em instituições psiquiátricas. Ocorreu a criação da Política Nacional de
Bolívia e Brasil, além de estados Unidos e Rússia). Nesse período, Humanização do SUS – HumanizaSUS, o lançamento da Política Nacional
concomitante com a maior expansão econômica, houve de Saúde Bucal e posteriormente o Programa Brasil Sorridente (2004).
redistribuição da renda, sobretudo na base da pirâmide social e Essas políticas foram lançadas e a estrutura da saúde sendo reorganizada,
investimento em políticas sociais (Atlas da exclusão Social no juntamente com a municipalização. Foi criada a Ouvidoria-Geral do SUS
Brasil). É uma fase de aceleração do crescimento do Brasil, com (OUVSUS), com o objetivo principal de garantir e ampliar o acesso do cida-
mudanças de governo significativas (Fernando Henrique Cardoso dão na busca efetiva de seus direitos. Ocorreu também a 12ª CNS: Saúde,
e Luiz Inácio Lula da Silva). direito de todos e dever do Estado, o SUS que temos e o SUS que queremos.
E na Bahia ocorreu a VI Conferência Estadual de Saúde (CONFERES), re-
forçando a mesma temática da CNS.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 53
1996 - é um marco importante para as pessoas convivendo com HIV/Aids, e
quando se inicia a distribuição gratuita dos medicamentos para o tratamento.

Realização da 10ª CNS, que tratou dos temas: Saúde, cidadania e políticas 1998 - a Norma Operacional Básica (NOB) nº 96
públicas; Gestão e organização dos serviços de saúde; Controle social na entra em vigor, trazendo a responsabilização direta
saúde; Financiamento da saúde; Recursos humanos para a saúde; e, Atenção dos municípios pela execução da vacinação na rede
integral à saúde. de serviços e habilitando a Gestão Plena de AB e
Gestão Plena do Sistema Municipal.

1997 - ano da criação do Disque Saúde.


1999 - marca o lançamento da Política
Nesse ano também foi instituído o Siste-
Nacional dos Medicamentos Genéri-
ma Nacional de Transplantes (Decreto
cos, que levou à queda no preço dos
nº 2.268/97), que organizou a doação de
medicamentos no Brasil e também a
órgãos no país.
Figura 13 – Logo da criação da Agência Nacional de Vigi-
Agência Nacional de lância Sanitária (Anvisa) - uma nova
Vigilância Sanitária
etapa no registro e fiscalização de me-
- Anvisa
dicamentos e alimentos.
Figura 12 – Campanha
que marca o dia nacional Foi também o ano de criação dos Dis-
de doação de órgãos – 27
tritos Sanitários Especiais Indígenas
de setembro
(Dsei), estabelecendo as competên-
cias, estrutura e organização (Portaria
FUNASA nº 852/99).

2007 - acontece a VII Conferes na Bahia, ampliando as discussões dos municípios, levando
propostas para a 13ª CNS, cujo tema central foi: saúde e qualidade de vida, políticas de
Estado e desenvolvimento. A Bahia implanta o Comitê Técnico Estadual de Saúde da
População Negra (Decreto nº 10.572), tendo como uma de suas atribuições: formular,
sistematizar, apoiar, monitorar e avaliar a implementação da Política Estadual.
O ano de 2006 foi bastante im-
É instituído o Programa Saúde na Escola (PSE), que visa contribuir para a formação in-
portante: houve a publicação da
tegral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde.
primeira Política Nacional de
Esse programa tem caráter intersetorial, integrando escola e equipe de saúde no desen-
Atenção Básica (PNAB), por meio
volvimento de ações. (Decreto Presidencial nº 6.286).
da portaria de nº 648 [Revogada].
Com esta portaria, o caráter de
ordenadora da Rede e Coordena- Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) foram criados
dora do cuidado para esse nível em 2008 pelo Ministério da Saúde, objetivando apoiar a consoli-
de atenção foi fortalecido. dação da AB e ampliar as ofertas de saúde na rede de serviços.

No ano de 2004 houve a criação da Política Na-


cional de Atenção Integral à Saúde da Mulher,
sendo também implantado o Programa “Far-
mácia Popular do Brasil”.

Criação da Ouvidoria SUS Bahia (Portaria nº


775/04).
No ano de 2009, é instituída a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra
(Portaria nº 992), visando garantir a equidade e a efetivação do direito à saúde de negras
e negros. Reconhecendo o racismo como determinante social das condições de saúde.
54 A década de 2010 é marcada por inúmeras mudanças e muitos escândalos de corrupção movimentando
DIR ETOR IA DA ATEN a arena política
ÇÃO BÁS ICAeDA BAHI A
acirrando a divisão entre partidos de direita e de esquerda. Temos a eleição da primeira mulher para ocupar o cargo mais alto
do país, que viria a sofrer um processo de impeachment em seu segundo mandato. Após o governo ter sido continuado pelo
vice-presidente, o país elege um presidente de direita e diversas mudanças viriam a ocorrer nas políticas de saúde, educação e
desenvolvimento social.

No ano de 2010, foi instituído o Programa Telessaúde Brasil com o objetivo de qualificar, ampliar a
resolubilidade e fortalecer a AB e ESF. (Lei nº 11.897)

O calendário de Vacinação para os Povos Indígenas foi instituído em todo o território nacional (Por-
taria GM/MS nº 1.946/10).

Nesse mesmo ano, na Bahia, foi criado o conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Es-
tado da Bahia – COPIBA, passo importante no reconhecimento das singularidades dessa população.

A Bahia é o segundo estado com maior número de equipes e o único com uma Política Estadual para
o NASF, aprovado apartir da Resolução CIB no 66 no ano 2010.

O ano de 2011 foi tão intenso quanto os demais, ocorreu a implantação da Rede Cegonha, que busca implementar
uma rede de cuidados e as regulamentações da Lei Orgânica da Saúde no 8.080/90 e do Cartão Nacional de Saúde.

Foi também um ano de fortalecimento da AB, com republicação da PNAB, através da Portaria n 2.488 [Revogada],
que reforça esse nível de atenção como ordenador da rede e coordenadora do cuidado.

Figura 14 – Rede Foi o ano de Lançamento do Programa Academia da Saúde, que atua de forma articulada com as equipes NASF.
cegonha
Na Bahia foi o ano de realização da VIII CONFERES, tendo como tema: “Todos usam o SUS! SUS na seguridade
social, política pública, patrimônio do povo brasileiro”, que aprovou propostas para a 14ª CNS.

2010

COMPLETE SUA LINHA DO TEMPO

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O ano de 2013 é um marco para o estado da Bahia, com a pu-
Chegamos ao final dessa Linha do Tempo. Espero que tenha 5 5
blicaçãoAC
daOPolítica
L H I M E NEstadual
TO P EDAGÓGIC O - Básica
da Atenção MA NUA naL Bahia
D O T RABALH
– ADOR
curtido e aprendido muito nessa viagem!
PEAB (Decreto nº 14.457), que reforça o modelo de organiza-
ção desse nível de atenção no território, tendo esta como or- Certamente há marcos que você lembrou e que não foram
denadora da rede de serviços e coordenadora do cuidado. sinalizados aqui. Assim, você pode usar o quadro a seguir para
completar com fatos que cosiderar essenciais nessa trajetória,
Também foi instituída a Política Estadual de Atenção Integral
além de aproveitar para destacar como você visualiza e
à Saúde da População Negra (Decreto nº 14.720), reforçando
compreende o atual momento da saúde no Brasil.
a necessidade de reduzir as barreiras de acesso aos serviços
de saúde. É importante conhecer a trajetória, saber como chegamos até
aqui e continuar a luta pela melhoria da saúde pública de
Houve a implantação do Núcleo Técni-
qualidade no nosso país.
co Científico Telessaúde Bahia, com a
proposta de potencializar a qualificação Afinal, o SUS é meu! É seu! É nosso!
da AB, por meio de ofertas de Telecon-
Figura 14 – Logo do sultoria, Teleducação, Telediagnóstico
Telessaúde bahia
e Segunda Opinião Formativa (SOF), di- 2019 - realizada a X CONFERES na Bahia e a 16ª CNS, com o propósito de reafirmar
rigidos a todas as categorias de profis- a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, que ficou conhecida
sionais e à gestão da Atenção Básica. como 8+. O tema foi: “Democracia e Saúde: Saúde como Direito e Consolidação
A Bahia foi um dos primeiros estados a e Financiamento do SUS”.
aderir ao Programa Mais Médicos para Foi publicada a Portaria MS 2.979, que instituiu o Programa Previne Brasil, esta-
o Brasil, implantado neste ano. belecendo um novo modelo de financiamento de custeio da Atenção Primária à
Saúde (APS) no âmbito do SUS.

Em 2015 acontece a IX CONFERES na Bahia 2017 - Início da implantação das Policlínicas Regionais na
e a 15ª CNS, com o tema: Saúde Pública de Bahia, integrando a rede de atenção de forma regionalizada,
qualidade para cuidar bem das pessoas. Di- com a demanda encaminhada pela AB.
reito do povo brasileiro.
Nesse ano, nacionalmente é publicada a Portaria de conso- Figura 15 – 16ª Conferência
lidação nº 2, que consolida normas nacionais do SUS, incluin- Nacional de Saúde.
do a PNAB.

2020

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56 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 2 | Dia 2 - Participação e controle social no Sistema Único de


Saúde
O Controle Social no Sistema Único de Saúde (SUS), tal como conhecemos hoje, foi o resultado
da conquista por direitos do povo brasileiro, após a redemocrati-
zação do Brasil. Como vimos anteriormente, o conceito de saúde
evoluiu ao longo da história, passando de uma perspectiva biolo-
gicista para uma perspectiva ampliada, considerando fatores
sociais na determinação das condições de saúde das pessoas.

O termo Democracia e Saúde significa que não se pode


melhorar as condições de saúde da população sem melhorar a sua
qualidade de vida. Assim, em pleno processo de redemocratiza-
ção do Brasil, o termo Democracia e Saúde ganhou destaque
como tema da 8ª Conferência Nacional de Saúde, ocorrida em
1986, pois se discutia um novo paradigma do conceito ampliado
de saúde que se materializou, apesar de todas as resistências polí-
ticas e econômicas, na criação do SUS.

No seu discurso de abertura da 8ª Conferência, Sérgio Arouca apresenta a sua interpre-


tação sobre o conceito ampliado de saúde:

É um bem-estar social que pode significar que as pessoas tenham mais alguma coisa do
que simplesmente não estar doentes: que tenham direito à casa, ao trabalho, ao salário
condigno, à água, à vestimenta, à educação, às informações sobre como dominar o mundo e
transformá-lo. Que tenham direito ao meio ambiente que não os seja agressivo, e que, pelo
contrário, permita uma vida digna e decente. Direito a um sistema político que respeite a
livre opinião, a livre possibilidade de organização e autodeterminação de um povo, e que
não esteja todo tempo submetido ao medo da violência, daquela violência resultante da
miséria, e que resulta no roubo, no ataque. Que não esteja também submetido ao medo da
violência de um governo contra o seu próprio povo, para que sejam mantidos interesses
que não são do povo [...]. (AROUCA,1986).

Neste contexto, o controle social no SUS foi instituído com a participação dos setores organi-
zados da sociedade desde as suas formulações – planos, programas e projetos –, acompanhamento
de suas execuções até a definição da alocação de recursos para que estas atendam aos interesses
da coletividade.

Entretanto, nem sempre foi assim. O primeiro Conselho Nacional de Saúde (CNS) surgiu, no
Brasil, há mais de 70 anos, em 1948, durante um regime autoritário, e, portanto, sua composição
incluía membros do governo e técnicos na perspectiva do sanitarismo campanhista, dentro de uma
estrutura rígida, militarizada, focada na “guerra às endemias” (BRASIL,2013a). Até os anos 1980,
não era permitida a representação de usuários e de profissionais de saúde.

No período da redemocratização do país, a participação da sociedade nas decisões sobre a


saúde começou a ser cogitada, como forma de garantir certa mudança às políticas e às práticas até
então existentes, e surge o movimento sanitarista (BRASIL, 2013a).

A 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986), marco fundamental do Movimento pela Reforma


Sanitária Brasileira (MRSB), foi considerada a constituinte da saúde. Neste percurso da construção
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 57

do SUS, em meio à redemocratização do Brasil, os conselhos de saúde e as conferências de saúde


foram instituídos como instâncias colegiadas do SUS, com a participação popular garantida pela
Constituição, pelas Leis nº 8.080/90, conhecida como Lei Orgânica da Saúde - LOS (regulamentada
pelo Decreto 7.508, de 28/06/2011); e a Lei nº 8.142/90.

Os conselhos de saúde são órgãos deliberativos, permanentes e colegiados, sendo que sua
composição é paritária, ou seja, o número de conselheiros que representam os usuários dos servi-
ços de saúde (50%) deve ser igual ao número de conselheiros que representam outros segmentos da
sociedade (50%). Atualmente, no Brasil, temos o Conselho Nacional de Saúde, os Conselhos Esta-
duais de Saúde e os Conselhos Municipais de Saúde. Cabe ao município avaliar a criação dos conse-
lhos locais e distritais de saúde (BRASIL, 2013a).

Os Conselhos Locais de Saúde (CLS) possibilitam a interação da comunidade com os serviços de


saúde e com as demais organizações do bairro; por esta razão, são considerados como componen-
tes estratégicos da gestão participativa (NOGUEIRA et al, 2008).

Destacam-se como atribuições dos conselhos locais a discussão do funcionamento dos servi-
ços, a definição de propostas para melhorar o “acolhimento” dos usuários, a proposição de estraté-
gias para superar os problemas detectados na UBS, bem como a articulação com a comunidade para
a superação de conflitos entre trabalhadores de saúde e usuários (SOLLA, 2005).

Considerando a importância dos CLS para a harmonização entre serviço de saúde e comuni-
dade, é fundamental que as Equipes de Saúde da Família fomentem a formação dos mesmos em sua
área de abrangência. Existem alguns passos considerados mínimos para formação de um CLS, são
eles: identificação das lideranças e instituições/entidades de usuários da área, tais como associa-
ções de moradores, organizações não-governamentais, entidades religiosas e escolas; realização
de reuniões e encontros com os líderes, entidades e comunidade em geral para discussão sobre a
importância da implantação do CLS; constituição de comissão eleitoral para estruturar o processo
de eleição dos membros representantes dos usuários para compor o Conselho; publicação de edital
de convocação da eleição do Conselho Local de Saúde e acompanhamento de seu processo de publi-
cação no Diário Oficial do Município; inscrição das entidades da comunidade candidatas a serem
membros do Conselho; e realização da eleição dos representantes dos usuários para comporem o
CLS. Após sua criação, o CLS deve ser registrado no Conselho Municipal de Saúde. (NOGUEIRA et
al, 2008).

A conferência de saúde se reúne a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos
sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde
nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por este ou
pelo Conselho de Saúde (BRASIL, 1990).

A participação da população nos conselhos e conferências de saúde vem garantindo a inclu-


são de serviços conforme as necessidades específicas de alguns grupos. O Movimento Social Negro
participou ativamente na 8ª Conferência, ao lado de outros movimentos, do processo de elabora-
ção e aprovação das propostas.

Neste contexto, o movimento de mulheres negras conferiu maior visibilidade às questões espe-
cíficas de saúde da mulher negra, sobretudo aquelas relacionadas à saúde sexual e reprodutiva. No
âmbito estadual e municipal, as primeiras formulações sobre a saúde da população negra ocorreram
na década de 1980 por meio do Movimento Social Negro e pesquisadores (BAHIA, 2013a).

Nos anos 1990, o Grupo de Trabalho Interministerial para Valorização da População Negra
organizou uma mesa redonda sobre a saúde da população negra, que resultou na introdução do
quesito cor nos sistemas de informação de mortalidade e de nascidos vivos; na elaboração da reso-
58 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

lução CNS nº 196/96, que introduziu o recorte racial em toda e qualquer pesquisa envolvendo seres
humanos; e na recomendação de implantação de uma política nacional de atenção às pessoas com
anemia falciforme.

A atuação do Movimento Social Negro brasileiro na 11ª e na 12ª Conferências Nacionais de


Saúde, realizadas respectivamente em 2000 e 2003, fortaleceu e ampliou sua participação social
nas instâncias do SUS, resultando no estabelecimento de padrões de equidade étnico-racial e de
gênero na política de saúde do País. No ano de 2006, o CNS aprovou por unanimidade a criação da
Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), reconhecendo as desigualda-
des raciais como fatores que interferem no processo saúde, doença, cuidado e morte, bem como
a necessidade de implementar políticas que combatam as iniquidades. Somente no ano de 2009 é
publicada a portaria que institui a PNSIPN, reconhecendo o impacto do racismo na saúde da popu-
lação negra (GOMES et al,2017).

Na Bahia, foi criado o Comitê Técnico Estadual de Saúde da População Negra e diversas ações
realizadas contribuíram para a instituição da Política Estadual de Saúde da População Negra
(BAHIA, 2013a).

A participação do Movimento Negro no controle social do SUS é um dos exemplos da importân-


cia da organização da sociedade civil para a reivindicação de serviços de saúde cada vez mais volta-
dos para as necessidades específicas da população, considerando os diferentes fatores que influen-
ciam na qualidade de vida das pessoas.

Para além das conferências e conselhos de saúde, a participação da comunidade no SUS não
se restringe ao controle social, pelo contrário, ela é mais ampla, e significa que cabe a população ir
além do que só controlar as ações da gestão. É uma manifestação de democracia participativa, pois
tem como pressuposto a participação direta dos cidadãos na tomada de decisões. A participação da
comunidade é decidir coletivamente qual o caminho a ser trilhado para garantir o direito à saúde
(COSEMS-RJ, 2016).

Além do controle social, representado pelos conselhos e conferências de saúde, são exemplos
da participação da comunidade: a construção do plano municipal de saúde; o orçamento partici-
pativo; ouvidoria; ações de mobilização voltadas à promoção da saúde e prevenção de doenças de
iniciativa ou com apoio popular (COSEMS-RJ, 2016).

A seguir, apresentamos alguns canais de comunicação e fontes de informação sobre a partici-


pação e controle social no SUS:
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 59

Quadro 7 - Participação e Controle Social no SUS.

SITES COMO ACESSAR

Governo federal https://www.gov.br/pt-br/participacao-social/

Recebe pedidos de informações pelo número


0800 462 9782 ou via formulário eletrônico
ANVISA
disponível em: www.anvisa.gov.br > no menu
“Acesso à Informação”

Central de Atendimento Ouvidoria recebe


elogios, sugestões, reclamações, solicitações e
denúncia.
Ouvidoria do SUS
http://portal.anvisa.gov.br/faleouvidoria -
prontuário eletrônico ou pelo fone 0800 462 9782

http://www.blog.saude.gov.br/index.php/
Disque Saúde 136 servicos/53405-ouvidoria-sus-ajuda-a-melhorar-
os-servicos-de-saude

Atendimento telefônico: 0800.284.0011


(De segunda à sexta das 07h30min às 18h)
Atendimento Presencial: De segunda à sexta das
Ouvidoria SESAB
08h às 18h ( Central de Atendimento da Ouvidoria
Sistema de Informação ao Cidadão
— CEAO. 3º Avenida, nº 390, Térreo, Plataforma
IV. Centro Administrativo da Bahia (prédio da
Governadoria).

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO, 2019.

PARA SABER MAIS!

✄ Sobre como criar conselhos locais de saúde. Acesse: https://aps.bvs.br/aps/quais-os-


-principais-passos-para-a-criacao-de-um-conselho-local-de-saude-o-conselho-necessita-
-de-algum-tipo-de-registro-deve-possuir-estatuto/
60 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 3 | Dia 2 – Integração de ações da Atenção Básica e da


Vigilância em Saúde
Para falar de integração da Atenção Básica (AB) com a Vigilância em Saúde (VS), é relevante
primeiramente conhecer um pouco sobre seus significados e como foram construídos.

A partir da chegada da família real portuguesa no Brasil, no início do século XVIII, com a neces-
sidade de contenção de epidemias no país, e a partir da Campanha de Erradicação da Varíola (CEV)
iniciada em 1966, a vigilância passaria dos seus marcos fundamentais à constituição da Vigilância
em Saúde que conhecemos hoje. Sua construção foi ancorada no controle sanitário de viajantes,
bens e serviços de interesse da saúde, bem como na vigilância epidemiológica e controle de doen-
ças (DE SETA; PEPE, REIS, 2020).

Por muito tempo, as ações de vigilância foram realizadas apenas pelos estados e pelo governo
federal. A vigilância sanitária e a epidemiológica passaram a ter ações desenvolvidas pelos municí-
pios após a implementação da Norma Operacional Básica do SUS 01/96 (NOB SUS 01/96), a partir
de 1998, que reforçou o papel das instâncias intergestores e introduziu critérios relacionados às
vigilâncias para transferências financeiras automáticas para estados e municípios. Além disso, outra
circunstância que contribuiu para aprofundar a descentralização das ações foi o fortalecimento dos
serviços federais das vigilâncias epidemiológica e sanitária (DE SETA, 2014).

No percurso da implementação da vigilância no Brasil muitos avanços podem ser sinalizados,


como a ampliação nos objetos de estudo e intervenção, anteriormente o foco eram as pessoas,
depois as doenças e agora os riscos à saúde; o fortalecimento da integração entre as diversas áreas
da vigilância, aumentando sua capacidade de predição e intervenção; e, a busca da integralidade da
atenção à saúde, iniciando pela integração da vigilância à atenção básica visando reduzir a demanda
por média e alta complexidade (TEIXEIRA et al, 2018).

No Anexo II da Portaria de consolidação nº 4 (BRASIL, 2017c), Vigilância em Saúde é definida


como o processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados
sobre eventos relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de medidas de
saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e
doenças, bem como para a promoção da saúde.

A Resolução 588/2018 do Conselho Nacional de Saúde, que institui a Política Nacional de Vigi-
lância em Saúde (PNVS), afirma que esta política incide sobre todos os níveis e formas de atenção à
saúde, abrangendo todos os serviços de saúde públicos e privados, além de estabelecimentos rela-
cionados à produção e circulação de bens de consumo e tecnologias que, direta ou indiretamente,
se relacionem com a saúde. Diz ainda, que a Vigilância em Saúde compreende a articulação dos
saberes, processos e práticas das quatro vigilâncias: vigilância epidemiológica, vigilância em saúde
ambiental, vigilância em saúde do trabalhador e vigilância sanitária.

Sobre a construção da AB, o movimento iniciado após a instituição do SUS levou à criação
do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), no ano de 1991, e posteriormente, do
Programa Saúde da Família (PSF) no ano de 1994, culminando com a publicação da primeira porta-
ria da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), no ano de 2006. Neste contexto, optou-se pelo
uso do termo AB com incorporação de atributos da APS (porta de entrada preferencial e ponto de
partida da estruturação dos sistemas locais de saúde), explicitando o PSF como estratégia priori-
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 61

tária para sua implantação (AQUINO et al, 2014; CONASS, 2011; GIOVANELLA e MENDONÇA,
2008; BRASIL, 2017).

Assim, ficou definido que a AB “caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde no âmbito
individual e coletivo que abrangem a promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diag-
nóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde” (BRASIL, 2006). No ano de 2011, é acres-
cida a essa definição de abrangência, a redução de danos, sendo também reforçada a compreensão
de que os termos AB e APS são considerados equivalentes, associando-se a ambos os mesmos prin-
cípios e diretrizes definidos pela PNAB (BRASIL, 2011).

A PNAB apresentada na Portaria 2436/2017 (BRASIL, 2017a) define:

A Atenção Básica é o conjunto de ações individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção,
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos
e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada,
realizada com equipe multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais
as equipes assumem responsabilidade sanitária.

A Portaria de Consolidação nº 2 (BRASIL, 2017b), em seu Anexo XXII, Capítulo I, traz:

Art 5º A integração entre a Vigilância em Saúde e Atenção Básica é condição essencial para o
alcance de resultados que atendam às necessidades de saúde da população, na ótica da integrali-
dade da atenção à saúde e visa estabelecer processos de trabalho que considerem os determinan-
tes, os riscos e danos à saúde, na perspectiva da intra e intersetorialidade.

No Estado da Bahia, a Política Estadual da Atenção Básica (PEAB), caracteriza este nível de
atenção:

[...] por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de
danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte
na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das
coletividades (BAHIA, 2013b).

A qualificação da AB é uma das frentes de ação do estado da Bahia, por meio das seguintes
estratégias:

• Educação Permanente para AB;

• Qualificação da infraestrutura da AB;

• Qualificação do processo de trabalho e da organização dos serviços de AB;

• Promoção de ações que visam à transversalidade da saúde bucal em todas as RAS;

• Aprimoramento das ações da AB;


62 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

• Fortalecimento da integração das ações de AB com a VS;

• Fomento a atenção integral e equitativa;

• Estímulo e apoio aos processos de articulação setorial, envolvendo a AB;

• Fomento ao processo de incorporação das Práticas Integrativas e Complementares na AB.

Segundo De Seta; Pepe; Reis (2020), a finalidade “mais ampla” do processo de trabalho das vigi-
lâncias é promover e proteger a saúde, atuando sobre determinantes e riscos à saúde. No âmbito
local, a finalidade específica é reconhecer os problemas de saúde locais e atender às necessidades
de saúde em seu território, sejam elas “sentidas” ou não pela comunidade.

Considerando que a VS se constitui como um processo contínuo e sistemático sobre eventos


relacionados à saúde, com vistas a melhor planejar as ações de prevenção e controle de riscos, agra-
vos e doenças, bem como a promoção da saúde; considerando também que a AB é um nível de aten-
ção que oferece a porta prioritária de acesso para todas as necessidades de saúde dos usuários e
problemas de saúde, com a responsabilidade sanitária pela área adscrita; todas as queixas e neces-
sidades que chegam a esse âmbito (de febre, tristeza, diarreia até planejamento familiar e vaci-
nação), devem ser consideradas para fins de vigilância e de atenção à saúde no mesmo território
(COSEMS-RJ, 2016).

Mesmo com a proximidade existente entre AB e VS em várias dimensões, a integração de suas


ações ainda é considerada um dos grandes desafios do SUS em todas as esferas de gestão. Há diver-
sas normativas e estratégias lançadas para estimular essa integração, mas o encontro ainda não se
efetivou como esperado, especialmente no âmbito de atuação das eSF e eAB (BRASIL, 2018).

Mas então como se faz essa integração?

Organizar ações integradas de trabalho é responsabilidade partilhada das equipes de AB e da


VS, da atenção e da gestão e, para se garantir que a integração seja efetiva, é importante que ocorra
desde o planejamento conjunto até a realização das ações (BRASIL, 2018).

Além disso, é importante que os profissionais da AB trabalhem com a lógica de risco, utilizando
a epidemiologia como ferramenta para mapear vulnerabilidades da sua população. O processo de
formação das equipes deve desenvolver o raciocínio epidemiológico para compreensão e interven-
ção sobre os problemas de saúde prioritários (BRASIL, 2018).

Para pensar no fazer integrado da AB e VS, primeiramente os profissionais de saúde precisam


conhecer bem o seu território (determinantes e condicionantes da saúde individual e coletiva, popu-
lação de risco, situações de risco sanitário, contextos locais cobertos pela ESF/AB, territórios indí-
genas, áreas de fronteira, áreas dispersas, etc.). Esta apropriação do território vai auxiliar a percep-
ção dos problemas de saúde e o planejamento das estratégias de intervenção.

Depois, os processos de trabalho precisam estar organizados para atender aos principais
problemas de saúde-doença identificados na análise situação de saúde. Assim, se é reconhecida a
presença de hipertensos, de diabéticos e de crianças com doença respiratória crônica, por exemplo,
a unidade precisará se organizar para atender as necessidades que cada usuário destes grupos certa-
mente vai demandar, considerando ainda as suas especificidades. As demandas estarão relaciona-
das às consultas (previstas ou urgentes, na unidade ou no domicílio), aos procedimentos e às ativi-
dades educativas. As ações sobre a demanda representam a intervenção nos problemas. Tomando
como exemplo a doença respiratória em crianças, as equipes precisam ainda propor intervenções
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 63

em fatores ambientais que contribuem para a presença ou agravamento do problema nestas crian-
ças. Essas intervenções representam exatamente as medidas de prevenção e controle das doenças
ou agravos e dos riscos à saúde.

Portanto, falar das ações de vigilância em saúde também é falar do cotidiano das equi-
pes de atenção básica, pois é nas consultas, procedimentos e ações educativas do dia a dia
que também estão incorporadas.
1ª etapa - Interação Pedagógica

DIA 3
Caro trabalhador(a), chegamos ao terceiro dia da 1ª etapa de Interação Pedagógica. Hoje os
trabalhadores conversarão sobre a importância da Atenção Básica na rede de Atenção à Saúde
e serão preparados para a segunda etapa do AP, por meio de exercícios sobre territorialização e
análise de situação de saúde, que são conteúdo de algumas tarefas práxicas na próxima etapa (Inte-
ração entre Equipe e Território). A seguir, mostramos os objetivos e a proposta de cronograma para
esse dia.

D Reconhecer a importância da AB na Rede de Atenção à Saúde;

D Identificar os modelos de organização de serviços em cada sistema;

D Aplicar os conceitos apresentados à interpretação da Rede de Atenção do seu município/


região;

D Introduzir a reflexão sobre território;

D Compreender a relação do território com o processo saúde-doença;

D Identificar a importância da adscrição de clientela para o planejamento;

D Identificar a importância da informação em saúde para a territorialização e o planejamento


local;

D Discutir o roteiro de territorialização a ser utilizado na etapa 2 – Interação entre Equipe e


Território;

D Exercitar a análise da situação de saúde como primeiro momento do PPLS.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 65

Quadro 8 - Programação do Dia 3.

1ª ETAPA – INTERAÇÃO PEDAGÓGICA | DIA 3

ATIVIDADE

08h às 08h30 Acolhida dos Trabalhadores

08h30 às 10h30 Compreendendo Rede de Atenção à Saúde

INTERVALO

10h45 às 12h Continuação da atividade

ALMOÇO

13h às 14h Adentrando o teritório e partindo para as atividades na AB

14h às 16h Conversando sobre territorialização

INTERVALO

16h às 17h30 Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS): análise da situação de saúde

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020, FALLEIRO; PRIAMO, 2020

Rede de Atenção à Saúde. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?-


v=0N_9KKu15oM;

Caminhando com TIM TIM. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1dYu-


kOrq5RI

Trecho de Mori (2014), que fala sobre a experiência do autor, trabalhador da saúde, ao adentrar
no cotidiano do território, objeto do seu trabalho:

À medida que o trabalho invade a vida, trata-se de um movimento lógico o caminho inverso; a vida
logo invade com toda sua intensidade o trabalho.

Assim, pensar acesso a coisas, lugares e pessoas, ajuda a pensar acesso aos serviços de saúde. Diria
que viver e sentir a dificuldade de acesso ajuda a se identificar (criar empatia) com as necessidades
de saúde das pessoas usuárias do sistema, gera incômodo [no(a) trabalhador(a)] e necessidades de
se criar mecanismos capazes de produzir cenários de mudanças (MORI, 2014, p. 162).
66 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Registre suas reflexões no Diário de Campo do Trabalhador.

PARA SABER MAIS!

✄ Américo Mori, é enfermeiro sanitarista, atua nas áreas de gestão e formação em saúde. É
autor desse relato reflexivo “os sentidos de uma experiência ao habitar o território no Apoio
Institucional descentralizado”. Este relato encontra-se no livro “Experiências de Apoio Insti-
tucional no SUS: da teoria à prática”, assim como a experiência de Sílvia Cardoso no apoio à
implantação da Linha de Cuidado Materno-Infantil num município da Bahia, que aborda a
Rede Cegonha. Ficou curioso? Acesse http://historico.redeunida.org.br/editora/biblioteca-
-digital/colecao-micropolitica-do-trabalho-e-o-cuidado-em-saude/experiencias-de-apoio-
-institucional-no-sus-pdf e leia este relato na íntegra.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 67

Texto Base 1 | Dia 3 – As Redes de Atenção à Saúde: histórico, conceitos e


atributos
Adaptado de Rosana Kuschnir

A organização de serviços de saúde e de redes assistenciais é subsídio importante para fomen-


tar a organização de serviços em redes, uma das diretrizes do SUS e a estratégia que foi seguida
por todos os sistemas de saúde que têm por princípios a universalidade, equidade e integralidade.
As distinções encontradas entre os sistemas de saúde no que diz respeito à concepção básica e ao
financiamento refletem-se também nos arranjos para a organização da provisão da atenção.

Origem do conceito de redes


O conceito de redes de serviços não é novo. Quando das discussões iniciais acerca da constitui-
ção de um sistema que cobrisse toda a população britânica, o primeiro-ministro da Saúde nomeou
uma comissão com a incumbência de definir “esquemas para a provisão sistematizada de servi-
ços médicos e afins que deveriam estar disponíveis para a população de uma área dada” (Webster,
2002). Esta comissão, coordenada por Lord Dawson, elaborou a primeira proposta de um modelo
de redes de serviços de saúde, apresentada no Relatório Dawson em 1920 (Ministério de laSalud
de Grã-Bretanha, 1920; OPAS, 1964). Propunha-se, pela primeira vez, a definição de bases territo-
riais e populações-alvo, ou seja, regiões de saúde. Estas populações seriam atendidas por unidades
de diferentes perfis assistenciais, organizadas de forma hierárquica.

Assim, propôs-se que a “porta de entrada” no sistema fosse um centro de saúde, que empre-
garia os general practitioners (GP‘s) – os médicos generalistas ingleses, que já então clinicavam de
forma autônoma. Estes centros de saúde, localizados em vilas, estariam ligados a um centro de
saúde mais complexo, já então denominado secundário; e os casos que não pudessem ser resolvidos
aí seriam referenciados aos hospitais – no modelo proposto, hospitais de ensino. Os generalistas,
então, teriam a função de definir a forma como o paciente “caminha” pelo sistema e, por isto,rece-
beram o nome de gate-keeper – literalmente o porteiro, o que toma conta da porta - e o de coorde-
nadores do cuidado.

É interessante observar como os conceitos que hoje utilizamos e discutimos, como porta de
entrada, regiões, níveis de complexidade, entre outros, já estavam delimitados e claramente defini-
dos no relatório de 1920. Inclusive, a ilustração utilizada é marcadamente semelhante aos modelos
que são utilizados até hoje para ilustrar os conceitos de redes de serviços de saúde.
68 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Figura 4 – Proposta de organização de serviços em rede do Relatório Dawson, 1920.

Fonte: KUSCHNIR, 2014.

A proposta do relatório Dawson, embora solicitada pelo governo, não foi implementada à época
e o sistema de saúde britânico seria criado apenas 28 anos depois, em 1948, após o fim da Segunda
Guerra Mundial.

Antes do sistema britânico, o primeiro sistema público universal foi instituído pela União Sovié-
tica, a partir de fins da década de 1920. O sistema de tipo soviético foi também implantado nos
demais países do bloco socialista, como Cuba, e nos países europeus que passaram a compor o
bloco após a Segunda Guerra Mundial, como a Polônia e Hungria. É conhecido como sistema de tipo
Semashko, denominação derivada de Nikolai Alexandrovich Semashko (NA Semashko), primeiro
comissário do povo para a saúde da União Soviética. É caracterizado por um sistema público, finan-
ciado diretamente pelo Estado, centralizado e com alto grau de normatização. Como todos os siste-
mas universais, é estruturado em redes hierarquizadas e regionalizadas de serviços e gerido pelos
diferentes níveis da administração estatal – central, regional e local. É estruturado verticalmente e
com responsabilidades muito bem delimitadas. Um exemplo mais próximo de um sistema deste tipo,
extremamente bem-sucedido, é o sistema cubano.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 69

Quando o Relatório Beveridge11 foi encaminhado à discussão do parlamento britâ-


nico, em 1942, a proposta inicial seguia um modelo semelhante ao proposto por Dawson,
inclusive com a construção de centros de saúde onde os generalistas (GP‘s) trabalhariam,
sob gestão do governo local. Todos os médicos seriam contratados pelo Estado e trabalha-
riam em centros de saúde e hospitais. No entanto, houve grande oposição dos médicos,
tanto especialistas quanto generalistas – cada grupo com sua representação – que temiam
a perda da autonomia profissional e não aceitavam a gestão local. Em plebiscito, os médicos
se recusaram a participar do novo sistema. Ao final de um longo processo de negociação, o
sistema foi criado sob responsabilidade e gestão do governo central e os médicos generalis-
tas foram incorporados como médicos independentes, contratados pelo Estado, com dedica-
ção exclusiva – não lhes é permitida a prática privada – responsáveis pelo primeiro nível de
atenção e pela “porta de entrada”.Os especialistas foram incorporados como médicos assa-
lariados, trabalhando em hospitais – onde se localizava toda a atenção secundária, inclusive
ambulatório de especialidades – mas com grande controle sobre suas condições de trabalho,
podendo inclusive manter prática privada. Já os hospitais que existiam à época – ou gran-
des hospitais universitários ou pequenos hospitais comunitários – foram todos passados à
propriedade e gestão do governo central.

A organização funcional da rede foi a mesma proposta por Dawson e já adotada pelo
modelo soviético. A partir do cuidado realizado pelo generalista no primeiro nível de aten-
ção, caso este considerasse necessário – e apenas nestes casos –, o paciente seria encami-
nhado ao atendimento especializado ambulatorial e deste para o atendimento hospitalar
– em geral, para o hospital distrital e deste para o hospital regional, se fosse o caso. Pode-
-se observar que a ampliação da cobertura do primeiro nível de atenção se deu a partir dos
generalistas, que garantem, até hoje, literalmente 100% de cobertura da população. No caso
inglês, os generalistas são pagos por capitação, uma forma de remuneração bastante utili-
zada para a atenção de primeiro nível, que paga ao médico pelo paciente inscrito em sua lista,
independentemente do número de consultas realizadas. Nesta forma de pagamento, paga-
-se não pela produção de consultas, mas pela responsabilidade pelo cuidado.

É interessante como este modelo, organizado em níveis hierárquicos e com o nível


primário como porta de entrada, que nasceu das condições específicas de implantação do
sistema britânico, acabou por se tornar um modelo seguido por diversos outros países em
outros contextos.

É de fundamental importância notar que, na concepção de uma rede, em todos os casos,


a responsabilidade pelo paciente é do primeiro nível de atenção. Não é bem o que conhece-
mos como referência e contrareferência. É mais. Significa que é neste nível que se estabe-
lece o vínculo entre o cidadão e o serviço de saúde. O paciente é encaminhado a exames, ou
referenciado a outros níveis do sistema, mas continua vinculado ao generalista, que pode ser
acionado a qualquer momento pelo paciente. Ademais, o primeiro nível é responsável pela
atenção integral, compreendida como o cuidado preventivo, a atenção a episódios agudos e
o acompanhamento de casos crônicos. Este conjunto de responsabilidades e ações caracte-
riza a função de coordenação do cuidado.

11. O Relatório Beveridge, oficialmente intitulado Seguro Social e Serviços Afins (Cmd. 6404), [1]foi um relató-
rio de governo, publicado em novembro de 1942, influente na fundação do estado de bem - estar social no Reino
Unido. [2]Foi redigido pelo economista liberal William Beveridge , que propôs reformas generalizadas ao sistema
de bem-estar social para abordar o que ele identificou como «cinco gigantes no caminho da reconstrução»
70 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Esta é, portanto, a origem dos conceitos de rede que discutimos como base para a construção
de sistemas universais. A rede é, em sua concepção básica, uma característica dos sistemas nacio-
nais de saúde, que são característicos de sociedades que têm por base a concepção de que as polí-
ticas e os serviços sociais são direitos do cidadão, portanto, para todos e sem diferenciação – um
sistema universal e equitativo. Na maior parte dos casos, a provisão dos serviços é feita quase que
exclusivamente por serviços públicos.

Este modelo, o mais clássico dos modelos de redes de serviços de saúde, foi seguido, em sua
concepção básica de organização funcional, por todos os países que construíram sistemas únicos
de saúde. É ainda o preconizado pela Organização Mundial de Saúde. No entanto, mesmo que o
modelo de redes de serviços de diferentes países tenham a mesma concepção básica não significa,
de modo algum, que as características – escopo das atividades e escala – dos serviços em cada nível
da rede sejam as mesmas em todos os casos. Em alguns, o primeiro nível é constituído por genera-
listas contratados, a exemplo do modelo inglês; em outros, por generalistas ou clínicos, pediatras e
ginecologistas trabalhando em centros de saúde. Em todos os casos, no entanto, é mantida a lógica
de acesso aos outros níveis do sistema através da referência a partir do primeiro nível.

O fato de, nos sistemas de tipo universal, os serviços serem organizados em redes regionali-
zadas e hierarquizadas não se dá por acaso, na medida em que há uma relação intrínseca entre a
proposta de universalização e equidade e a constituição de redes.

Novas formas de organização: as mudanças introduzidas pelas


reformas dos anos 1990
A partir da década de 1980 e principalmente da década de 1990, os sistemas de saúde vêm
passando por processos de reforma em vários países. Iniciado nos países centrais, a agenda de refor-
mas foi impulsionada, por um lado, pela crise econômica e pela necessidade de controlar o gasto em
saúde, que vinha crescendo exponencialmente com o envelhecimento das populações e o desenvol-
vimento tecnológico. Por outro, o questionamento aos sistemas públicos de saúde insere-se num
movimento mais amplo de reforma do próprio Estado, que questiona não só o papel da intervenção
estatal na provisão de serviços, como a própria noção de saúde como direito de cidadania.

Ao mesmo tempo, os sistemas nacionais de saúde efetivamente apresentavam problemas de


eficiência, de qualidade e de restrição de escolha. O grande mecanismo de regulação de acesso aos
serviços ao longo da rede, a partir do primeiro nível, é a lista de espera, tanto para consultas ambu-
latoriais especializadas quanto para as internações cirúrgicas eletivas, que sempre foi um problema
particularmente importante, inclusive no NHS inglês. Entre as causas principais para o estrangu-
lamento do acesso foram apontadas a falta de financiamento, a má distribuição de leitos, a inefi-
ciência na utilização dos recursos, o déficit de recursos humanos (médicos e enfermeiras) e o duplo
vínculo dos especialistas.

Na Inglaterra, em 1989, foram apresentadas as propostas de reformas que seriam adotadas em


1991, configurando a mais profunda reforma do NHS em sua história e que foi discutida em todo
o mundo e adotada em outros países. A estratégia fundamental foi a de tentar instituir “mecanis-
mos de mercado”, entre os quais a competição entre os diversos serviços, com intuito de fomentar
a eficiência, a melhoria da qualidade e proporcionar maior escolha. Foi criado o “mercado interno”,
através da “separação das funções de financiamento e de provisão”, em que a provisão seria feita por
instituições de mercado que oferecessem o serviço.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 71

As primeiras avaliações de resultados da estratégia de criação do “mercado interno” mostra-


ram que efetivamente logrou-se um aumento da eficiência na produção hospitalar, aumentando-se
o número de internações e diminuindo-se a ociosidade observada em muitos serviços. No entanto,
alguns problemas haviam sido criados. A introdução de múltiplos “compradores” levou à fragmen-
tação do sistema e, embora os hospitais tenham se tornado mais produtivos, se reorganizaram para
realizar os procedimentos mais lucrativos, de acordo com as novas formas de pagamento, em detri-
mento do tratamento de problemas mais complexos e/ou pacientes mais doentes. Os hospitais mais
complexos e de ensino passaram a ter enormes déficits, já que não poderiam se manter apenas com
os contratos que pudessem obter e, para que não “quebrassem”, foi necessário suplementação orça-
mentária que garantisse sua sobrevivência.

Finalmente, observou-se que os ganhos de eficiência estavam sendo parcialmente contraba-


lançados pelo aumento nos custos administrativos do novo modelo, que se tornavam cada vez mais
altos. O mercado interno foi combatido pelo Partido Trabalhista, à época na oposição e, embora
tenha sido mantida a separação entre financiamento e provisão, o objetivo deixou de ser a competi-
ção e passou a ser a parceria e colaboração, com ênfase no planejamento, na definição de priorida-
des segundo necessidades de saúde e no aperfeiçoamento da elaboração de contratos.

Já nos sistemas de seguro social, inclusive na Alemanha, os objetivos centrais da reforma foram
conter o gasto em saúde e tentar minorar a fragmentação e a descontinuidade do cuidado. A partir
de 2000, algumas medidas nesta direção puderam ser introduzidas, como, por exemplo, a obrigato-
riedade de oferta pelos fundos/caixas de modelos com gate-keepers. Além disso, vêm sendo tentadas
novas estratégias de fortalecimento da articulação entre os vários níveis do sistema, aproximando-se,
portanto, das formas organizacionais tradicionalmente adotadas pelos sistemas nacionais de saúde.

A partir da década de 2000, algumas novas formas de articulação entre serviços vêm sendo
testadas a partir de rearranjos institucionais, tanto nos sistemas nacionais quanto nos de seguro
social. No Reino Unido, o desenvolvimento de clinical networks (redes clínicas) para o tratamento de
pacientes crônicos começou na Escócia, inicialmente dirigido ao tratamento de câncer e mais recen-
temente vem sendo proposto para o tratamento da doença renal crônica. Os networks são confor-
mados por profissionais que trabalham nos diversos níveis de atenção do sistema, por organizações
representativas de pacientes e suas famílias e por sociedades de especialistas, que passam a traba-
lhar articuladamente, desenvolvendo protocolos clínicos e mecanismos próprios de articulação das
práticas, que perpassam todos os serviços envolvidos. Em suas propostas para o desenvolvimento
da política nacional de atenção aos pacientes crônicos, o NHS propõe que futuramente a contratua-
lização de serviços para o tratamento seja feita com os networks, configurando na prática um novo
ente que se responsabilizaria pelo cuidado integral.

É importante levar em conta que a busca por mecanismos cada vez mais sofisticados de integra-
ção – sejam eles destinados à integração entre serviços, entre as práticas ou entre as ações dirigi-
das ao mesmo usuário –, torna-se mais importante à medida que a população envelhece e aumenta
o número de portadores de doenças crônicas. Para um paciente agudo, a continuidade do cuidado é
central durante um período curto de tempo, correspondente ao episódio específico, como por exem-
plo, uma amigdalite ou um trauma. No entanto, no caso de pacientes crônicos, muitas vezes apre-
sentando múltiplas patologias, o cuidado é contínuo e envolve muitos profissionais e instituições.
O foco muda para a manutenção do equilíbrio funcional e a coordenação é um elemento-chave.

Quanto menos segmentado e fragmentado um sistema de saúde, maior a possibilidade de


que os arranjos organizacionais já em operação ensejem a coordenação do cuidado, como é o caso
das redes em sistemas nacionais de saúde. Ainda assim, com as mudanças de perfil epidemioló-
gico, novos mecanismos e instrumentos de coordenação vêm sendo desenvolvidos e colocados em
prática também nos países com sistemas nacionais.
72 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Sistemas Integrados Americanos


Já em sistemas com alto grau de segmentação e prestação de cuidado muito fragmentada, a coor-
denação é bem mais difícil, o que levou ao desenvolvimento de estratégias que utilizam alguns arran-
jos organizacionais semelhantes às redes dos sistemas nacionais de saúde, mas que não se confundem
com estas. Este é o caso americano, baseado em seguro voluntário de empresas, feito por meio de dois
grandes programas públicos – o Medicare, de responsabilidade federal e dirigido à população maior de
65 anos, e o Medicaid, para cobertura de populações de baixa renda, sob responsabilidade dos estados.

Os custos gerados pela fragmentação, aliados a formas de pagamento por itens e procedimen-
tos, geraram o significativo crescimento do cuidado gerenciado (managedcare), que engloba dife-
rentes arranjos organizacionais, centrados no pagamento por capitação a distintos tipos de organi-
zações, que se responsabilizam pela provisão de todo o cuidado a um paciente, seja através de rede
própria de serviços, seja por diferentes tipos de contratos estabelecidos com provedores.

As organizações de cuidado gerenciado desenvolveram mecanismos de controle de acesso e de


utilização de recursos, entre os quais a instituição do generalista gate-keeper, que controla o acesso
aos especialistas e a adoção muito rígida de protocolos clínicos e controle da prática profissional. Ao
mesmo tempo, foram desenvolvidas estratégias específicas de coordenação do cuidado a pacientes
crônicos, como o gerenciamento de casos (case management) e o gerenciamento de doenças (disease
management), estas duas sendo estratégias de coordenação do cuidado.

Do ponto de vista da configuração do sistema, em um mercado altamente competitivo, iniciou-


-se um intenso processo de reestruturação caracterizado pela consolidação, com a substituição
dos hospitais filantrópicos que haviam sido responsáveis pela maior parte da provisão, por corpo-
rações lucrativas e, a partir das décadas de 1980 e 1990, pelo movimento de integração vertical,
desde entre provedores de serviços clínicos de diferentes níveis – em geral a articulação de servi-
ços ambulatoriais em torno de um hospital –, até a constituição de sistemas mais abrangentes, inte-
grando provisão clínica, serviços de laboratórios e imagem e de produção de equipamentos e insu-
mos (GREENBERG, 2002). Este processo deu origem a diferentes combinações de provedores, com
conformações estruturais muito diversas, que se tornaram conhecidas pela denominação genérica
de “sistemas integrados”. Apenas no período de 1993-1997, foram identificados 1.917 sistemas
integrados formados e 1.466 dissolvidos (GREENBERG, 2002).

A definição adotada por Shortel (1994) para os sistemas integrados – “uma rede de organiza-
ções que provê, ou faz arranjos para prover, um continuum coordenado de serviços de saúde a uma
população definida e que está disposta a prestar contas por seus resultados clínicos e econômi-
cos e pelo estado de saúde da população a que serve” – acabou por tornar-se amplamente adotada,
muitas vezes como sinônimo de redes regionalizadas.

No entanto, é importante notar que a definição não contempla a questão do território. Ou


seja, não se trata de redes regionalizadas. Na realidade, nem poderia, na medida em que os siste-
mas integrados americanos desenvolveram-se no âmbito dos planos privados e não da questão da
saúde pública, o que pressupõe a ação sobre os determinantes e implica na organização de serviços
e ações com base em territórios, sendo esta função precípua do Estado.

Assim, no caso americano, como resposta às pressões de mercado, observam-se processos de


integração vertical com arranjos organizacionais em níveis de atenção, generalistas “gate-keepers”
e mecanismos de referência, que lembram os modelos tradicionais de organização em redes dos
sistemas universais. No entanto, ainda que os arranjos organizacionais e os instrumentos institucio-
nais em busca da integração do cuidado sejam similares, os valores, premissas e objetivos que infor-
mam cada um dos sistemas, assim como a resultante forma de organização de serviços, implicam em
contextos muito distintos.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 73

Os sistemas nacionais de saúde operam redes com populações definidas geograficamente


porque saúde é entendida como bem público e o sistema é universal e equitativo. As redes são o
instrumento de garantia do direito, ampliando acesso e diminuindo desigualdades. Já os sistemas
integrados americanos são arranjos organizacionais estabelecidos no âmbito do mercado e não têm
por pressuposto a universalidade ou a equidade. Como consequência, não se coloca a questão do
território, da regionalização – intrinsecamente derivada dos princípios de universalidade e equidade
dos sistemas universais. Os sistemas integrados americanos são, por definição, destinados aos que
podem pagar, com planos diferenciados que pressupõem acesso desigual e naturalmente não incor-
poram as questões da saúde pública e da ação sobre os condicionantes sociais, próprias do Estado.

Atributos das Redes de Atenção


Na medida em que as reformas experimentadas pelos sistemas de saúde aproximaram-se de
sistemas tradicionais, o centro da discussão acerca da organização de serviços tornou-se o da coor-
denação/integração do cuidado, representando diferentes graus de articulação entre níveis de
atenção, provedores ou instituições, com variados tipos de arranjos organizacionais, dependendo
do tipo de sistema de saúde em questão (KUSCHNIR, 2010). No entanto, como apresentado ante-
riormente, ainda que os mesmos mecanismos e instrumentos de coordenação possam ser utiliza-
dos em sistemas distintos, a discussão da coordenação/integração está inserida em outros contex-
tos, que influenciam profundamente a própria possibilidade de transferência bem-sucedida destes
mecanismos e instrumentos de um para outro.

A partir de 2008, a Organização Panamericana da Saúde (OPAS) empreendeu consultas nacio-


nais e regionais para validação de sua proposta de organização de redes, que foi denominada, em
sua versão final, de “Redes Integradas de Serviços de Saúde Baseadas na Atenção Primária” (Opas,
2009), e que significou um marco conceitual para os países latino-americanos. O documento adota
uma versão modificada da definição de Shortell. Este autor definiu as Redes Integradas de Servi-
ços de Saúde como uma “rede de organizações que provê, ou faz arranjos para prover, serviços de
saúde equitativos e integrais a uma população definida e que está disposta a prestar contas por
seus resultados clínicos e econômicos e pelo estado de saúde da população a que serve” (SHOR-
TELL, 1994). Ao basear-se na atenção primária e introduzir o conceito de serviços de saúde equita-
tivos e integrais, o documento da OPAS alinha-se no campo das redes regionalizadas dos sistemas
públicos universais e fornece um marco conceitual para a organização de redes no caso brasileiro.
O documento define 13 atributos essenciais das redes integradas de atenção à saúde baseadas na
atenção primária:

1. População/território definidos sob sua responsabilidade e amplo conhecimento de suas


necessidades e preferências em saúde, as quais determinam a oferta de serviços de saúde;

2. Extensa rede de serviços de saúde que provê promoção, prevenção, diagnóstico, trata-
mento, gestão de enfermidades, reabilitação e cuidados paliativos e integra os progra-
mas focalizados em patologias, riscos e populações específicas e os serviços pessoais e de
saúde pública;

3. Um primeiro nível de atenção que cubra toda a população e atue como porta de entrada do
sistema, que integre e coordene o cuidado da saúde e que resolva a maioria das necessida-
des de saúde da população;

4. Prestação de serviços de especialidades nos locais mais apropriados, os quais acontecerão


preferencialmente em ambientes extra-hospitalares;
74 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

5. Existência de mecanismos de coordenação assistencial ao longo do continuum de serviços


de saúde;

6. Cuidado da saúde focado na pessoa, na família e na comunidade;

7. Um sistema de governança único para toda a rede;

8. Ampla participação social;

9. Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico;

10. Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e valorizados;

11. Sistema de informação integrado, que se vincula a todos os membros da rede;

12. Financiamento adequado e incentivos financeiros alinhados com as metas da rede;

13. Ação intersetorial ampla e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde.

Estes atributos remetem à proposta de Dawson das redes regionalizadas, que são constituí-
das por população e território definidos; extensa rede de estabelecimentos de saúde que presta
serviços integrais; primeiro nível de atenção com cobertura de toda a população, porta de entrada
do sistema, que integra e coordena a atenção e o sistema de governança única para toda a rede e
devem utilizar mecanismos de coordenação ao longo de todo o continuum dos serviços.

Uma outra contribuição central do documento da OPAS é a clara separação entre os atributos
da rede e os mecanismos e instrumentos de coordenação a serem utilizados para sua implemen-
tação. De acordo com a proposta, dada a diversidade de contextos, não seria possível prescrever
um modelo organizacional único para as redes e vários esquemas seriam possíveis. O objetivo da
política pública seria o de propor um desenho que satisfaça as necessidades organizacionais espe-
cíficas de cada sistema, ressaltando-se que, quaisquer que sejam os mecanismos e instrumentos
de coordenação utilizados, estes devem estar sempre respaldados por uma política de Estado que
impulsione as redes como estratégia fundamental e com referencial jurídico coerente.

Os atributos das redes definidos no documento da OPAS são também os adotados pelo Minis-
tério da Saúde do Brasil (MS), um dos países signatários do documento, e constam na Portaria 4.279,
publicada pelo MS em 31 de dezembro de 2010 (BRASIL, 2010d), em que são estabelecidas as dire-
trizes para a Organização de Redes de Atenção à Saúde no âmbito do SUS (MS, 2010). Na referia
Portaria, tem-se a respeito de rede de saúde:

“Rede de Atenção à Saúde é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferen-
tes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão,
buscam garantir a integralidade do cuidado.”

“O objetivo das RAS é promover a integração sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão de aten-
ção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do
Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica.”
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 75

“Caracteriza-se pela formação de relações horizontais entre os pontos de atenção com o centro de comu-
nicação na Atenção Primária à Saúde (APS), pela centralidade nas necessidades em saúde de uma popula-
ção, pela responsabilização na atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo comparti-
lhamento de objetivos e compromissos com os resultados sanitários e econômicos.”

“Fundamenta-se na compreensão da APS como primeiro nível de atenção, enfatizando a função resolutiva
dos cuidados primários sobre os problemas mais comuns de saúde e a partir do qual se realiza e coordena o
cuidado em todos os pontos de atenção.”

“Os pontos de atenção à saúde são entendidos como espaços onde se ofertam determinados serviços de
saúde, por meio de uma produção singular.”

“São exemplos de pontos de atenção à saúde: os domicílios, as unidades básicas de saúde, as unidades
ambulatoriais especializadas, os serviços de hemoterapia e hematologia, os centros de apoio psicossocial,
as residências terapêuticas, entre outros. Os hospitais podem abrigar distintos pontos de atenção à saúde: o
ambulatório de pronto atendimento, a unidade de cirurgia ambulatorial, o centro cirúrgico, a maternidade,
a unidade de terapia intensiva, a unidade de hospital/dia, entre outros.”

“Todos os pontos de atenção à saúde são igualmente importantes para que se cumpram os objetivos
das redes de atenção à saúde, se diferenciam, apenas, pelas distintas densidades tecnológicas que
os caracterizam.”

Posteriormente, o marco legal de destaque no Brasil é o Decreto 7.508, de junho de 2011


(BRASIL, 2011b), que regulamentou a Lei 8.080/90 e definiu conceitualmente a região de saúde,
instituindo inclusive as comissões intergestoras regionais como as instâncias de pactuação para
definição das regras da gestão compartilhada do SUS, a partir da organização de redes de atenção,
de modo a integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde.

PARA SABER MAIS!

Aprofunde seu conhecimento sobre redes assistindo aos seis primeiros episódios da
série britânica Doc Martin – 1a temporada e observe os elementos característicos de redes
de atenção à saúde em suas cenas. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=C0__-
87xRbQ.
76 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 2 | Dia 3 – O território e a territorialização

Usufruindo da definição de território apresentada pela Política Nacional de Saúde Integral das
Populações do Campo e da Floresta (BRASIL, 2019), como “espaço que possui tecido social, trama
complexa de relações com raízes históricas e culturais, configurações políticas e identidades, cujos
sujeitos sociais podem protagonizar um compromisso para o desenvolvimento local sustentável”
(BRASIL, 2019, art. 2º, inciso XXVII), damos início a esse texto sobre território e territorialização.

Esse conceito nos convida a olhar o território para além do espaço geográfico, por conside-
rar a influência da natureza nos processos de saúde e doença e sua determinação social para estas
populações, que subsistem do território. Milton Santos (1978) afirma que a utilização do território
pelo povo cria o espaço, e, neste sentido, o autor se refere ao território como um espaço geográfico
que deve ser considerado como algo que participa igualmente da condição do social e do físico, um
misto, um híbrido (SANTOS, 2006).

Segundo Monken e Barcellos (2007), apesar dos muitos conceitos ou representações que
possamos ter, o território está sempre relacionado a uma área delimitada onde a vida acontece,
submetida a certas inter-relações, regras ou normas. Os autores ainda complementam que a
adoção de um limite territorial para analisar e atuar, por exemplo, sobre as condições ambientais
e de saúde, é reconhecidamente artificial, pois nem o ambiente e nem os processos sociais ficam
restritos a esses limites.

Nesta conjuntura, a PNAB (BRASIL,2019) considera território como sendo:

[...] a unidade geográfica única, de construção descentralizada do SUS na execução das ações estra-
tégicas destinadas à vigilância, promoção, prevenção, proteção e recuperação da saúde. [...] O terri-
tório é destinado para “dinamizar a ação em saúde pública, o estudo social, econômico, epidemioló-
gico, assistencial, cultural e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada unidade geográfica
e subsidiando a atuação na Atenção Básica, de forma que atendam a necessidade da população
adscrita e ou as populações específicas (BRASIL, 2019, anexo I do anexo XXII).

A AB aponta, em suas diretrizes, que o território adscrito é de responsabilidade sanitária de


uma equipe, sendo atribuição comum a todos os membros dessa equipe “participar do processo de
territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias, indi-
víduos expostos a riscos e vulnerabilidades”, cadastrando as famílias e mantendo os dados atualiza-
dos, para que essas informações subsidiem a priorização de situações que serão acompanhadas no
planejamento local (BAHIA, 2013b; BRASIL, 2017; BRASIL, 2018).

O território também precisa ser compreendido como o espaço em que se coleta dados sobre
ambiente e saúde e estes podem transcender seus limites, ou seja, analisa-se uma área adscrita, mas
muitas questões ultrapassam o limite geográfico dessa área. Há diferenças também entre a popula-
ção urbana e rural de um mesmo território, onde as pessoas vivem e trabalham de maneiras diferen-
tes (MONKEN e BARCELLOS, 2007).

Neste contexto, a territorialização é considerada um meio operacional que auxilia a compreen-


são dos problemas e necessidades de saúde de determinado território. Essa estratégia, agregada
ao cadastramento e classificação das famílias por risco sociosanitário e sua vinculação a uma área
adscrita da equipe de AB, é parte de um processo que contribui para a estruturação da base territo-
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 77

rial da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Porém, mesmo sendo considerada a coordenadora da rede
que articula os diversos níveis de atenção, a AB não deve ser a única responsável pela territoriali-
zação, devendo esta ser adotada por todos os níveis do sistema (MONKEN e BARCELLOS, 2007;
MENDES, 2011; COSEMS-RJ, 2016).

A territorialização busca desvelar as necessidades de saúde dos grupos populacionais que


vivem em determinado território de um município, contribuindo para que se definam os serviços
ofertados pela RAS, norteando as ações de atenção, assistência e vigilância em saúde, conforme as
distintas realidades da área adscrita de responsabilidade sanitária da equipe (COSEMS-RJ, 2016;
BRASIL, 2018).

É relevante definir, na territorialização, as características de ocupação do lugar, como pavi-


mentação, saneamento, terrenos baldios, depósitos e aterros sanitários, assentamentos e ocupa-
ções, bem como condições ecológicas e geomorfológicas, como áreas de florestas e desmatadas,
a fauna, flora, relevo, hidrografia, clima, entre outras (BRASIL, 2017; BRASIL, 2018; MONKEN e
BARCELLOS, 2007).

É importante compreender que o processo de territorialização é vivo e dinâmico, sendo a sua


atualização necessária, de forma a permitir o planejamento de ações, inclusive as intersetoriais
(COSEMS-RJ, 2016; BUSS e PELLEGRINI FILHO, 2007; BRASIL, 2018; BRASIL, 2017).

É também condição para territorialização, além de se conhe-


cer o território, compreender a realidade considerando os DSS
(vistos no dia 1). Neste sentido, é importante obter dados a partir
dos sistemas de informações em saúde (SIS), como mortali-
dade, morbidade, índice de infestação, saneamento, entre outros,
e também considerar as questões sociais, históricas, demográfi-
cas, sanitárias, econômicas, culturais, étnico-raciais, ambientais,
que influenciam o modo de viver das pessoas.

A utilização de sistemas informatizados reduz o tempo para


localização das informações e identificação de problemas, além de promover a melhoria na atua-
ção dos profissionais da saúde, na medida em que retroalimenta as fontes notificadoras, que faz a
crítica dos seus dados (OLIVEIRA et al., 2016b).Nesse sentido, são utilizados por todas as esferas de
gestão para fundamentar e reorientar o planejamento de ações e mensurar os resultados das ações
implementadas num determinado território. Os SIS fornecem dados em três grandes áreas, a saber:
determinantes de saúde, sistema e serviços de saúde e situação de saúde. Todos esses indicadores
são essenciais ao processo de tomada de decisão no setor, de acordo com o nível de governabilidade
(BRASIL, 2014).

Embora exista o esforço de integração dos SIS, diversos ainda são utilizados pelos serviços e
pela gestão em saúde. Para Atenção Básica, são muito utilizados o SINAN, SISVAN, SINASC, SIM e
alguns já estão integrados ao e-SUS AB, que é atualmente o principal sistema informatizado para
alimentação das ações desenvolvidas pelas equipes de AB. No e-SUS, é possível obter como unidade
de análise tanto o município quanto cada equipe de saúde que faz parte dele. Com o e-SUS, é possí-
vel extrair, a respeito da área adscrita da equipe, o número de habitantes por faixa etária e sexo,
informações sociodemográficas (ocupação, raça/cor, orientação sexual e outros), algumas situações
de saúde (gestante, doenças crônicas, acamados, deficientes, entre outros), informações sobre a
população em situação de rua, além de informações de produtividade da equipe. Neste sentido, a
base local do sistema e-SUS AB é uma excelente fonte dados para a equipe elaborar a territorializa-
ção singularizada para a sua área.
78 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

A gestão municipal deve definir o território de responsabilidade de cada equipe, para que estas
conheçam o território onde devem atuar e programem as ações de acordo com o perfil de morbi-
dade e mortalidade e com as necessidades da comunidade (BRASIL, 2018).

A seguir, está proposto um roteiro para territorialização com o objetivo de facilitar sua constru-
ção e subsidiar a primeira tarefa práxica da etapa de Interação entre Equipe e Território.

Roteiro para territorialização


1. Etapa preparatória:

D Assistir o filme Territorialização na Atenção Básica - 2, disponível em https://www.youtube.


com/watch?v=Wm_alVZLCF8

D Verificar se já existe algum processo de territorialização realizado anteriormente pela


equipe. Caso já exista, revisar a caracterização do território delimitado da UBS conside-
rando os mesmos critérios.

D Realizar o levantamento de informações sobre o município: site IBGE, entre outros, e pesqui-
sar sobre os aspectos geográficos, populacionais, econômicos, sociais, históricos, culturais e
epidemiológicos.

D Verificar a base municipal do e-SUS, coletando informações sobre sua área adscrita: doen-
ças mais prevalentes na população; taxa de mortalidade geral do município; taxa de morta-
lidade por causas evitáveis; taxa de mortalidade infantil; perfil de internação; proporção
das internações por condições sensíveis à atenção básica; cobertura vacinal no município;
cobertura de serviços de AB, entre outros. Para este fim, utilize o Plano Municipal de Saúde,
o site do DATASUS, entre outras fontes.

Acessar e conhecer mais sobre o Sistema de Informação em Saúde (SISAB) e o e-SUS,


acessando: https://sisab.saude.gov.br/

Acessar e conhecer mais sobre o e-SUS - PEC municipal. Para isso, acesse a base municipal
do e-SUS em seu município.

✄ Conhecer seu município através do Cidades@. Disponível em: www.cidades.ibge.gov.


br

✄ Acessar o Caderno de Avaliação e Monitoramento da Atenção Básica – CAMAB - do


Estado da Bahia. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/atencao-a-saude/dab/camab/

✄ Explorar o Geoportal de Informações em Saúde do estado da Bahia. Uma sala de situa-


ção virtual com diversos indicadores de saúde: http://geolivre.saude.ba.gov.br/geo_bahia/
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 79

2. Etapa de reconhecimento do território

Caminhar pela área para levantar informações como: limites territoriais, barreiras geográ-
ficas, áreas rurais e urbanas e áreas de vulnerabilidade (invasão, assentamento, quilombo, etc.);
áreas com risco ambiental; densidade populacional; aspectos políticos, econômicos (modo de
produção, renda), culturais e sociais; equipamentos sociais e institucionais (igrejas, associações,
serviços de proteção social, escolas, etc.); malha viária e meios de transporte; equipamentos
sociais; pontos de atenção à saúde: UBS, centros de especialidades, consultórios/ambulatórios
privados, hospitais, laboratórios, residências terapêuticas, pronto-atendimento, hospitais muni-
cipais e de referência, entre outros. Incluir nesse levantamento os fluxos e processos de referên-
cia e contra-referência na RAS.

3. Etapa de caracterização da área de abrangência

D Sinalizar no mapa do território os limites definidos e as características do mesmo;

D Confirmar ou revisar o território da UBS e da equipe (áreas e microáreas, incluindo áreas


descobertas);

D Identificar as lideranças comunitárias: representantes ou lideranças da comunidade local


(informantes chaves), procurando envolvê-los no processo de territorialização.

4. Etapa de consolidação das informações coletadas

Consolidar as informações coletadas para que possam ser expostas na unidade de saúde, de
modo a facilitar o conhecimento e uso pela população e pela equipe de saúde. Por exemplo, a equipe
pode expor o mapa da área de abrangência, em um quadro com caracterização da população da área
e dados epidemiológicos mais relevantes (número de crianças, de idosos, gestantes, hipertensos,
internações, cobertura vacinal, etc.), uma lista de locais/instituições que disponibilizaram espaço
para realizar reuniões, e assim por diante.

A equipe pode utilizar diferentes materiais para fixar estas informações na unidade, tais como:
papel madeira, banner, etc.
80 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Quadro 9 - Roteiro para caracterização da área de abrangência

ROTEIRO PARA CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA

PERFIL TERRITORIAL E AMBIENTAL FONTE DE VERIFICAÇÃO

Território: localização urbana ou rural; bairros localizados na área de responsabilidade,


especificando se totalmente ou parcialmente incluídos; distância do centro da cidade; Prefeitura municipal, ACS e lideranças comunitárias
extensão territorial em km2; maior distância entre a UBS e o limite do território. da área.

Geografia e ambiente: descrição do relevo; existência de rios ou córregos, especificando (Re)conhecimento da área adscrita por meio de
se canalizados ou em leito natural; lagos e represas, naturais ou artificiais; existência caminhada, assim como informação dos ACS,
de fontes de água naturais, especificando a sua utilização pela população circunvizinha; lideranças comunitárias da área, Secretaria Municipal
barreiras geográficas. da Saúde.

Recursos existentes no território: pontos de atenção à saúde além da própria UBS, ou (Re)conhecimento da área adscrita por meio de
seja, centros de referência/especialidades, consultórios/ambulatórios privados, hospitais, caminhada, assim como informação dos ACS,
laboratórios, residências terapêuticas, pronto atendimento e outros. lideranças comunitárias da área, Secretaria Municipal
da Saúde e CNES.

(Re)conhecimento da área adscrita por meio de


Equipamentos e serviços sociais existentes: escolas, creches, cursos profissionalizantes, caminhada, assim como informação dos ACS,
associações, hortas comunitárias, etc. lideranças comunitárias da área, Secretarias
Municipais de Ação Social, Educação etc.

Áreas de lazer: campos de futebol, pistas para caminhada, parques etc. (Re)conhecimento da área adscrita por meio de
caminhada, assim como informação dos ACS,
lideranças comunitárias da área.

Áreas de risco: áreas de risco ambiental: lixão; áreas sujeitas a (Re)conhecimento da área adscrita por meio de
deslizamento, soterramento ou inundação; fontes de poluentes (tipo, caminhada, assim como informação dos ACS,
origem etc.) e outros riscos. lideranças comunitárias da área, Secretaria Municipal
da Saúde, Secretaria de Ação Social, Prefeitura
Municipal, órgão da Defesa Civil

Áreas de assentamentos e invasões.

Áreas de aglomeração urbana: favelas, cortiços etc.


(Re)conhecimento da área adscrita por meio de
caminhada, assim como informação dos ACS,
lideranças comunitárias da área, Secretaria Municipal
Áreas rurais: número de comunidades, ponto de apoio, distância da
da Saúde, Secretaria de Ação Social, Prefeitura
UBS.
Municipal.

Urbanização – acesso: Pavimentação das ruas e avenidas. Transporte público. Malha


viária, rodovias, ferrovias.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 81

Características dos domicílios: número de domicílios segundo o abastecimento de água:


rede pública, poço ou nascente, outros; número de domicílios segundo o tratamento da
água no domicílio: filtração, fervura, cloração, sem tratamento; número de domicílios Instalação PEC municipal e assim como informação
segundo o destino de fezes e urina: sistema de esgoto (rede geral), fossa ou céu aberto; dos ACS, lideranças comunitárias da área.
número de domicílios com energia elétrica; número de domicílios segundo o destino do
lixo: coletado, queimado ou acumulado a céu aberto.

PERFIL DEMOGRÁFICO FONTE DE VERIFICAÇÃO

População total; população segundo faixa etária e sexo; população usuária de plano Instalação PEC municipal,
de saúde; número total de usuários do SUS, raça/cor, orientação sexual, identidade de Relatório de Cadastro Individual.
gênero, deficiência.

PERFIL SOCIOECONÔMICO FONTE DE VERIFICAÇÃO

Número de chefes de família analfabetos; número de famílias com renda familiar per
capita inferior a R$ 89,00 (oitenta e nove reais)*; número de famílias sem acesso à pasta e Secretaria de Ação Social, Instalação PEC municipal,
à escova de dente, por área; número de famílias segundo o grau de risco. Relatório de Cadastro Individual.
Critério do Programa Bolsa Família, Ministério da Previdência e Assistência Social.
Informações sociodemográficas: Ocupação, Situação no mercado de trabalho.

PERFIL INSTITUCIONAL FONTE DE VERIFICAÇÃO

Histórico da UBS. Localização. Estrutura física. Acesso à UBS: topografia e transporte


urbano. Horário de atendimento. Recursos humanos: número de profissionais por Lideranças comunitárias da área, equipe de saúde.
categoria, carga horária semanal, tempo de atuação na UBS, etc. Relação com os
Conselhos Locais de Saúde, caso existam. Relação com as lideranças comunitárias.

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO FONTE DE VERIFICAÇÃO

Doenças mais prevalentes na população; principias causas de internação; número de Instalação PEC municipal, Relatório de Cadastro
óbitos e suas causas; cobertura vacinal; cobertura de pré-natal; número de pessoas com Individual, Sistema de Informações sobre
hipertensão e diabetes; número de gestantes, incluindo gestantes adolescentes; número Mortalidade – SIM, Sistema de Informação de Agravos
de pessoas acima de 60 anos; número de pessoas acamadas e em situação de restrição de Notificação - SINAN, Sistema de Informações sobre
ao domicílio; índice de infestação pelo Aedes Aegypti; entre outros que a equipe julgar Nascidos Vivos – SINASC e Sistema de Informação
importante frente ao perfil epidemiológico local. Hospitalar – SIH/SUS
Lideranças comunitárias da área, equipe de saúde.

REFERÊNCIA E CONTRA-REFERÊNCIA FONTE DE VERIFICAÇÃO

Quais os fluxos e processos de referência e contra-referência na RAS?


Existe central de regulação/marcação de consulta? Secretaria Municipal da Saúde.
Como é o encaminhamento dos usuários para os outros níveis de complexidade?

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO (Adaptado de BRASIL, 2018, MONKEN; BARCELLOS, 2007; OLIVEIRA; CHAGAS; GARCIA,
2019), 2019,DAB/SAIS/SESAB, 2020.
82 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

IMPORTANTE!

Regiões com população flutuante devem ser registradas para um melhor planejamento das
ações da equipe!

PARA SABER MAIS!

No Guia PNAB (2018), páginas 17 a 23, há um texto sobre a Escala de Coelho e Savassi:
como posso identificar riscos e vulnerabilidades no território? Mais uma oferta para os
trabalhadores.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 83
1ª Etapa - Interação Pedagógica

DIA 4
Trabalhador(a), estamos no quarto dia da 1ª etapa de Interação Pedagógica, muito importante
para a continuidade da preparação para a 2ª etapa do AP - Interação entre Equipe e Território, por
meio de exercícios do PPLS que subsidiam a equipe na realização das tarefas práxicas. A seguir,
apresentamos os objetivos e a proposta de cronograma para esse dia.

D Analisar a importância da utilização do planejamento como prática cotidiana das equipes;

D Exercitar a identificação e priorização de problemas;

D Demonstrar os momentos do PPLS até a programação operativa;

D Esclarecer sobre as atividades a serem realizadas na segunda etapa do AP.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 85

Quadro 10 - Programação do Dia 4.

1ª ETAPA – INTERAÇÃO PEDAGÓGICA | DIA 4

ATIVIDADE

08h às 08h30 Acolhida dos Trabalhadores

08h30 às 10h30 PPLS: definição de objetivos, análise de viabilidade e elaboração das ações

INTERVALO

10h45 às 12h Orientações para a 2ª etapa do AP: interação entre equipe e território

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020, FALLEIRO; PRIAMO, 2020.

Orientações para a apresentação das atividades práxicas na 3ª etapa -


Interação Pedagógica
Após o desenvolvimento das atividades de Interação entre Equipe e Território, é preciso que
a equipe se prepare para retornar à Interação Pedagógica. O diferencial dessa 3ª etapa para a
primeira é que agora os trabalhadores possuem subsídios e informações sobre a experiência viven-
ciada, o que enriquece o aprendizado.

O dia 5 iniciará com a apresentação das atividades práxicas. A apresentação deve contemplar:
(a) territorialização com apresentação do mapa da área de abrangência da equipe, (b) breve relato
do levantamento dos problemas junto à comunidade, (c) a lista de problemas e problemas prioriza-
dos, do estado de saúde e da unidade de saúde, (d) a árvore de um dos problemas trabalhados, (e)
matriz de árvore de objetivos e (f) a programação operativa.

A equipe deverá relatar o desenvolvimento das atividades, para que todos tenham conheci-
mento sobre como foram realizadas em território, buscando destacar pontos relevantes da expe-
riência, as dúvidas, os aspectos positivos e negativos.

É importante pensar antecipadamente na forma da apresentação que será realizada, para que
a mensagem seja comunicada de forma compreensível. O uso da criatividade é sempre bom, em
qualquer formato de apresentação: programa de computador, cartolina, roda de conversa, teatro,
cordel, etc.
86 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

O propósito da apresentação não é de avaliar se o desenvolvimento da equipe foi


correto, nem de realizar comparações entre os participantes, no sentido de sucesso ou
fracasso das experiências, e sim o estímulo ao aprendizado coletivo sem julgamento. O
objetivo é poder refletir sobre o trabalho na AB.

Registre suas reflexões no Diário de Campo do Trabalhador.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 87

Texto Base 1 | Dia 4 – Planejamento e Programação Local em Saúde


(PPLS)
A proposta de Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS) é uma metodologia inspi-
rada no enfoque estratégico de Carlos Matus12 e busca auxiliar as equipes de saúde no planeja-
mento das ações (COSTA, CASTRO JÚNIOR e REIS, 2015).

Segundo Teixeira e Vilasbôas (2001), idealizadoras da metodologia, o processo de planejamento e


programação tem o propósito de reorientação do conjunto das ações e serviços desenvolvidos na
área de abrangência da unidade, partindo do conhecimento acumulado através do cadastramento
das famílias e do processo de territorialização, para desenvolver a análise da situação de saúde da
população, e subsequentemente, a definição do que se deve fazer para o enfrentamento dos proble-
mas de saúde identificados e priorizados na área, com o estabelecimento dos responsáveis, prazos e
recursos envolvidos (VILASBÔAS e TEIXEIRA, 2001, p.113).

Em resumo, o PPLS compreende as seguintes ações: análise da situação de saúde, definição de


objetivos, análise de viabilidade, desenho de estratégias de ação, definição de indicadores e acom-
panhamento e avaliação da programação operativa (COSTA, CASTRO JÚNIOR e REIS, 2015; VILAS-
BÔAS e TEIXEIRA, 2001). Observe a figura a seguir:

Figura 5 - Os momentos do Planejamento e da Programação Local em Saúde (PPLS)

Fonte: Costa, Castro Júnior e Reis, 2015.

Ao reconhecermos que a análise da situação de saúde (1º momento) é o ponto de partida


para o planejamento, é importante garantir que a mesma contemple os diversos olhares sobre o
mesmo problema, considerando tanto o que se refere ao estado de saúde da população quanto o

12. Carlos Matus: economista chileno que desenvolveu uma reflexão abrangente sobre Política, Planejamento e
Governo. Suas obras foram bastante difundidas no Brasil, especialmente na área da saúde (TEIXEIRA, 2010).
88 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

que de refere à unidade de saúde. Além disso, a análise toma como referencial os modelos expli-
cativos do processo saúde-doença, em sua dimensão individual e coletiva, e o conceito ampliado
de saúde, que foram abordados no dia 1 do AP (VILASBÔAS e TEIXEIRA, 2001; TEIXEIRA, VILAS-
BÔAS e JESUS, 2010).

A figura abaixo representa a associação da atividade de reconhecimento do território, na qual


a equipe caminha pelas ruas da sua área de abrangência e identifica e registra o que observa, com as
informações de saúde coletadas (dos sistemas de informação oficiais e os produzidos pela própria
equipe, por exemplo). O resultado disso é substrato para a análise de situação de saúde, como um
diagnóstico situacional, que servirá de subsídio para a identificação dos problemas do território. É
importante que esta análise seja apresentada e discutida com a comunidade da área, podendo a
mesma acrescentar informações e/ou problemas que não foram contemplados pela equipe.

Figura 6 - Desenho representativo do diagnóstico situacional

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Elaborado a partir de: Costa, Pinho e Ferreira, 2015; Oliveira, Chagas e Garcia, 2019),
2019.

Levantamento de problemas
A análise de situação de saúde se configura como a atividade que inicia o primeiro momento
de atividades do PPLS. Após ela, segue-se a atividade identificação e formulação dos problemas,
entendendo problema como algo considerado fora dos padrões de normalidade para o ator social
que está analisando uma determinada situação. Cada problema deve ser descrito contemplando as
seguintes informações: O que é? Quem é atingido? Onde ocorre? Quando ocorre? (VILASBÔAS e
TEIXEIRA, 2001; VILASBÔAS, 2004). Esta descrição do problema é importante para que o mesmo
expresse a realidade em que está inserido e para facilitar a compreensão de todos. A seguir, um
modelo de matriz para ajudar na sistematização da lista de problemas.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 89

Quadro 11 - Matriz para sistematização da lista de problemas.

SISTEMATIZAÇÃO DA LISTA DE PROBLEMAS

ITEM PROBLEMA: O QUÊ? QUANDO? ONDE? QUEM?

10

11

12

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.

É importante destacar que existem dois tipos de problemas a serem reconhecidos: os proble-
mas do estado de saúde da população, que se referem aos riscos à saúde, às formas de adoecimento
e morte da população (Ex: Alta prevalência de complicações por Hipertensão na área da UBS X,
município Y, 2021); e, os problemas da unidade de saúde , que estão relacionados à organização e
funcionamento dos serviços de saúde (Ex: Dificuldade para realização do exame preventivo na UBS
X município Y, 2021) (VILASBÔAS, 2004).

Priorização e explicação dos problemas


A próxima fase é de priorização e explicação dos problemas, a partir de critérios pré-definidos,
para que o resultado represente um acordo possível entre os interessados em uma dada situação de
saúde (VILASBÔAS e TEIXEIRA, 2001).

Existem vários critérios que podem ser utilizados na priorização de problemas, mas é impor-
tante ressaltar que a mesma deve ser o resultado do acordo possível entre os interessados – equipe
de saúde e comunidade.
90 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

A análise de situação de saúde da área e a discussão com comunidade resulta em uma lista preli-
minar de problemas que podem ser trabalhados. Com o objetivo de realizar uma triagem inicial,
sugere-se que cada participante vote nos cinco problemas que considera mais importante; ao final,
os 5 problemas mais votados, do estado de saúde e da unidade de saúde, serão transcritos paras
matrizes 10 e 11, de acordo com sua classificação. Nessas matrizes, os critérios de priorização estão
apresentados em forma de pergunta e o grupo, preferencialmente por consenso, deve respondê-
-las, conforme as pontuações abaixo:

Para os problemas do estado de saúde da população:

0 1 2 3 4

Magnitude     
Disponibilidade de tecnologia     
Valorização     
0. insignificante; 1. baixa; 2. média; 3. alta; 4. muito alta

0 1 2 3 4

Custos     
0.muito alto ; 1. alto; 2. média; 3. baixo; 4. muito baixo

Para os problemas da unidade de saúde:

1 2 3 4 5

Relevância     
1. sem gravidade; 2. pouco graves; 3. graves; 4. muito graves; 5. gravíssimas.

1 2 3 4 5

Urgência     
1. sem pressa; 2. pode esperar um pouco; 3. mais cedo possível; 4. urgente; 5. imediato.

1 2 3 4 5

Factibilidade     
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 91

1. os recursos não existem; 2. os recursos existem, mas não estão disponíveis; 3. os recursos exis-
tem, não estão disponíveis, mas podem ser obtidos com dificuldade; 4. os recursos existem, não
estão disponíveis, mas podem ser obtidos; 5. os recursos existem e estão disponíveis.

Quadro 12 - Matriz de priorização de problemas referente ao estado de saúde da população

PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS REFERENTE AO ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO

HÁ CONHECIMEN- QUAL A QUANTI-


O PROBLEMA
TOS E RECURSOS DADE DE RECUR-
O PROBLEMA É CONSIDERA-
O QUE É O PARA QUE O PRO- SOS FINANCEIROS
ITEM É MUITO FRE- DO IMPOR-
PROBLEMA? BLEMA POSSA SER NECESSÁRIA PARA SOMA
QUENTE? TANTE?
ENFRENTADO? ENFRENTAR O PRO-
(MAGNITUDE) (VALORIZA-
(DISPONIBILIDADE BLEMA?
ÇÃO)
DE TECNOLOGIA) (CUSTOS)

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.

Quadro 13 - Matriz de priorização de problemas referente à unidade de saúde.

PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS REFERENTE À UNIDADE DE SAÚDE

QUAL O PRAZO
O PROBLEMA É OS RECURSOS EXISTENTES
O QUE É O PRO- PARA ENFRENTAR
ITEM IMPORTANTE? ESTÃO DISPONÍVEIS? SOMA
BLEMA? O PROBLEMA?
(RELEVÂNCIA) (FACTIBILIDADE)
(URGÊNCIA)

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.
92 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Ao final, é realizada a somatória dos pontos de cada um dos problemas, sendo a ordem de prio-
ridade definida pelo valor total obtido, em ordem decrescente, em cada uma das matrizes.

A priorização é seguida da fase explicativa dos problemas, em que se buscam identificar as


causas e consequências dos mesmos. Para isso, utiliza-se a árvore explicativa, em que representa-
mos o problema geral como o caule da árvore, as causas como as raízes e os galhos e folhas, como
as consequências, conforme descrito na parte 3 do Caso Guia. O quadro 14 apresenta a matriz que
pode ser utilizada para melhor organização:

Quadro 14 - Matriz para construção da árvore de problemas.

ÁRVORE DE PROBLEMAS

Consequências

Problema

Causas

Fonte: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010.

Definição de Objetivos
O segundo momento do PPLS é a definição de objetivos (ver figura 5), que, de forma bastante
direta, constituem a expressão positiva dos problemas, ou seja, o objetivo geral é a expressão posi-
tiva do problema. Do mesmo modo, os objetivos específicos são a expressão positivada das causas
do problema (TEIXEIRA e VILASBÔAS, 2001).

Para organizar melhor as informações, pode-se utilizar a matriz abaixo:

Quadro 15 - Matriz para construção da Árvore de Objetivos

ÁRVORE DE OBJETIVOS

Problema

Objetivo
geral

Objetivo
específico

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 93

Dentre os principais problemas observados na elaboração de projetos, está a cons-


trução de objetivos difusos, ou seja, pouco claros e sem foco, de difícil entendimento sobre
onde se quer chegar. Quando são bem formulados, os objetivos expressam claramente a
situação que se deseja alcançar (COSTA, PINHO e FERREIRA, 2015; p.41).

Definição de ações, análise de viabilidade e desenho de estratégias


de ação
A definição de ações, análise de viabilidade e desenho de estratégias de ação constituem o
terceiro momento do PPLS, com o propósito de que a equipe reconheça as suas potencialidades
e limitações em relação aos objetivos propostos e crie estratégias para superar as dificuldades
e aumentar as facilidades. É importante elaborar objetivos realistas, de acordo com sua capaci-
dade de resolução, pois, do contrário, poderá gerar frustração e desestimular a todos. A seguir,
encontra-se uma proposta de matriz que poderá contribuir com a definição de ações e análise de
sua viabilidade.

Quadro 16 - Matriz de definição de ações e análise de viabilidade.

DEFINIÇÃO DE AÇÕES E ANÁLISE DE VIABILIDADE

Problema

Objetivo
geral

Estratégia(s)

Objetivo Ações necessárias para superar

específico para atingir cada Facilidades Dificuldades a(s) dificuldades

objetivo específico e aumentar a(s)


faclidades

Fonte: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010.


94 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Programação Operativa
O quarto momento é a elaboração da programação operativa, em que se identificam as ações e
atividades necessárias, com responsáveis e prazos, para viabilizar o alcance do objetivo específico
(VILASBÔAS e TEIXEIRA, 2001).

Quadro 17 - Matriz de programação operativa.

PROGRAMAÇÃO OPERATIVA

Problema

Objetivo
geral

Objetivo
específico Ações/atividades Responsáveis Prazos

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO (Adaptado de TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010), 2019.

O PPLS ainda possui alguns passos no seu desenvolvimento, que serão discutidos na 3ª etapa do
AP, Interação Pedagógica. Assim, este texto terá seguimento no Texto Base 1 – Dia 5.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 95

PARA SABER MAIS!

✄ Conheça os enfoques metodológicos do planejamento em saúde, bem como a experiên-


cia da secretaria municipal de saúde de Salvador e do Estado da Bahia no livro em formato
digital: Planejamento em Saúde: Conceitos, métodos e experiências, organizado por Carmen
Teixeira, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6719/1/Teixei-
ra%2c%20Carmen.%20Livro%20Planejamento%20em%20saude.pdf
2
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 97

S E G U N D A E T A P A

INTERAÇÃO
ENTRE EQUIPE E
TERRITÓRIO
2ª etapa - Interação entre Equipe e Território
O objetivo da Interação entre Equipe e Território é associar os conhecimentos teóricos aborda-
dos na Interação Pedagógica com a prática do cotidiano do trabalho, identificando novos elementos
que serão trabalhados na próxima etapa de Interação Pedagógica.

A duração prevista é de 30 a 40 dias, mas pode variar conforme cada caso. O ideal é que tudo
seja pactuado em equipe e com a gestão local. Devem ser realizadas 4 reuniões de um turno cada.
Entretanto, a carga horária, bem como a quantidade de turnos, pode variar conforme o ritmo de
cada equipe. É importante realizar um planejamento das atividades, garantindo que não se demore
muito em uma única atividade e prejudique o desenvolvimento das demais.

Quadro 18 - Programação 2ª etapa - Interação entre Equipe e Território

2ª ETAPA – INTERAÇÃO ENTRE EQUIPE E TERRITÓRIO

TURNO / HORA ATIVIDADE PRÁXICA

2 turnos – 8 horas Territorialização

1 turno – 4 horas Levantamento e priorização de problemas

Definição de objetivos, ações e programação


1 turno – 4 horas
operativa

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO, 2019, DAB/SAIS/SESAB, 2020.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 99

Proposta
A proposta é que cada atividade da segunda etapa tenha como resultado um produto que
contribui com o trabalho da equipe na ESF.

Os profissionais participantes do AP devem retomar as discussões da etapa de Interação Peda-


gógica, em reunião, onde devem estar presentes o(a) gerente da UBS e o(a) coordenador(a) da AB.
Este momento servirá para pactuar as datas das atividades, explicar como será realizada cada tarefa
e reforçar a necessidade de informar à população sobre possíveis alterações no funcionamento da
UBS que podem ocorrer em função desta atividade, como mudanças na agenda dos profissionais.
Os conselheiros de saúde podem ser aliados nessa comunicação.

Primeira atividade práxica: territorialização

O produto da atividade será o mapa da área de abrangência com as microáreas e equipamentos


sociais estratégicos (escolas, igrejas, associações, pastorais, quadra de esportes e outros) e o rela-
tório consolidado com informações da área, contendo descrição em texto, tabelas e gráficos, assim
como as possíveis interpretações sobre o que foi encontrado.

Para realizar esta atividade, você precisará de um momento prévio à exploração da área junto
com sua equipe, que ocorre no passo 4. Este momento está previsto nos passos 1, 2 e 3, para os quais
sugere-se que seja reservada 1 (uma) hora.

Para os passos 4 e 5, sugere-se que sejam distribuídas cerca de 4 horas para caminhar pelo terri-
tório e desenhar o mapa.

Para os passos 6 e 7, sugere-se a utilização das 3 horas restantes.

PASSO 1

Assista ao filme Territorialização na Atenção Básica - 2. Disponível em https://www.


youtube.com/watch?v=Wm_alVZLCF8

PASSO 2

Verifique se já existe algum processo de territorialização realizado anteriormente pela equipe.


Caso já exista, revise a caracterização do território delimitado da UBS, acrescentando critérios,
se necessário.
100 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

PASSO 3

Verifique a base municipal do e-SUS, coletando informações sobre sua área adscrita: população
por faixa etária e sexo, doenças mais prevalentes na população, cobertura vacinal, óbito infan-
til, entre outros.

A Equipe deve ter em mãos os seguintes relatórios do e-SUS: cadastro individual, atendimento
individual, atividade coletiva, visita domiciliar e territorial, vacinação, procedimentos consoli-
dados e atendimento domiciliar.

Adicionalmente, realize o levantamento de algumas informações do município, tais como os


aspectos geográficos, econômicos, sociais, históricos, culturais; o perfil das internações e dos
óbitos; as doenças de notificação compulsória mais presentes. Para este fim, utilize o Plano
Municipal de Saúde, o Relatório Anual de Gestão, o site do DATASUS, os dados do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação – SINAN, entre outros.

Como roteiro, pode ser utilizado o quadro 9 do dia 3 da Interação Pedagógica, que apresenta as
informações que podem ser coletadas e a fonte que dispõe da mesma.

PASSO 4

Caminhe pela área para levantar informações como:

• Limites territoriais, barreiras geográficas, áreas rurais e urbanas e áreas de vulnerabilidade


(invasão, assentamento, quilombo, etc.);

• Áreas com risco ambiental;

• Ruas e bairros mais populosos;

• Aspectos políticos, econômicos (modo de produção, renda), culturais e sociais;

• Equipamentos sociais e institucionais (igrejas, associações, serviços de proteção social,


escolas, etc.);

• Malha viária e meios de transporte;

• Pontos de atenção à saúde: UBS, centros de especialidades, consultórios/ambulatórios


privados, hospitais, laboratórios, residências terapêuticas, unidades de pronto-atendi-
mento, hospitais municipais e de referência, entre outros.

Se já existir o mapa da área, a sugestão é levá-lo durante a caminhada para que seja atualizado.

PASSO 5

Realize uma reunião para compartilhar as informações encontradas, elaborar ou atualizar o


mapa da área. É importante ficarem sinalizados no mapa:
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 101

• Os limites de cada micro área (incluindo áreas descobertas), assim como as características
específicas (áreas de risco, como aterros sanitários, de risco para violência, como de tráfico,
áreas que concentram terrenos baldios, assentamento, entre outras), caso exista;

• As barreiras geográficas, a malha viária, pontos de atenção à saúde, principais equipamen-


tos sociais e institucionais, entre outros que a equipe considerar pertinente.

Nesta etapa também é fundamental identificar os representantes ou lideranças da comunidade


local (informantes chaves), procurando envolvê-los no processo de territorialização e escu-
tando que informações da área eles possuem que podem ser agregadas à análise que a equipe
vai elaborar do território.

Todos os profissionais devem conhecer e compartilhar entre si estas informações e também


trocar experiências sobre sua vivência no processo de territorialização.

PASSO 6

Reúna-se com sua equipe para discutir os dados coletados nos passos anteriores. O subsídio
para este momento são: os elementos identificados durante a atividade de caminhada pela
área, os dados coletados nos sistemas de informação em saúde, as informações oriundas dos
informantes – chave, entre outros que a equipe considerar relevante.

Consolide as informações coletadas em editor de texto, usando gráficos, tabelas, ilustra-


ções, figuras e outros métodos de apresentação das informações identificadas. Na medida do
possível, realize a interpretação do que foi encontrado, usando o seu conhecimento da área
para explicar e/ou fundamentar o que os dados dos sistemas de informação apresentam em
seus relatórios.

PASSO 7

Selecione algumas características da área para serem expostas na unidade de saúde, de modo
a facilitar o conhecimento e uso pela população e pela equipe de saúde. Por exemplo, a equipe
pode expor o mapa da área de abrangência, um quadro com caracterização da população da
área e dados epidemiológicos mais relevantes (número de crianças, de idosos, gestantes, hiper-
tensos, internações, número de óbitos e suas causas, cobertura vacinal, etc.), uma lista de locais/
instituições que disponibilizaram espaço para realizar reuniões, as associações existentes com
seus representantes e assim por diante.

A equipe pode utilizar diferentes materiais para fixar estas informações na unidade, tais como:
papel madeira, painel plotado (banner), etc.

Todos esses links também estão disponíveis no Manual do Trabalhador.


102 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Segunda atividade práxica: levantamento e priorização de problemas

O produto da atividade são as matrizes de: sistematização da lista de problemas, priorização


de problemas do estado de saúde da população e da unidade de saúde; e a matriz árvore de um dos
problemas priorizados.

Estas matrizes devem ser postadas no AVA.

Para realizar esta atividade, você precisará de um momento de preparo (passos 1, 2 e 3), ante-
rior à reunião para o levantamento, priorização de problemas e elaboração das árvores de proble-
mas. Para este preparo, sugere-se que seja utilizado o turno de reunião de equipe.

PASSO 1

Identifique um local para realizar uma reunião com a comunidade; caso não exista, realize na
própria Unidade.

PASSO 2

Convide as lideranças comunitárias (associações, lideranças e/ou pessoas representativas da


área) para participar da reunião.

O convite deve contemplar o local, a data, o horário e a pauta (apresentação da territorialização


e da análise da situação de saúde, identificação e priorização dos problemas de saúde da área).

PASSO 3

Junto à equipe, prepare o material a ser apresentado: sugere-se que sejam o mapa e alguns
dados da área de abrangência da equipe, para que a apresentação não seja muito extensa. A
equipe pode usar papéis, videoprojetor, encenação, cordel ou outros recursos que considere
adequado. Leve também tarjetas em branco para os participantes escreverem.

PASSO 4

Inicie a reunião com a comunidade:

• Apresente as informações coletadas durante a territorialização, garantindo a participação


dos presentes (equipe e comunidade);

• Estimule o grupo com as perguntas:


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 103

As informações refletem a realidade da área?

Que outros problemas a comunidade percebe que existem e que não


foram contemplados na apresentação da equipe?

PASSO 5

Realize junto ao grupo o preenchimento da matriz lista de problemas, listando todos os proble-
mas identificados na territorialização e também os apontados pela equipe e comunidade.

Escreva as informações da matriz do quadro 11 em um papel grande, como papel metro, para
facilitar a visualização de todos.

Durante a reunião, os problemas que forem sendo apontados devem ser escritos em tarjetas e
estas coladas na matriz.

Quadro 11 - Matriz para sistematização da lista de problemas.

SISTEMATIZAÇÃO DA LISTA DE PROBLEMAS

ITEM PROBLEMA: O QUÊ? QUANDO? ONDE? QUEM?

1 -

10

11

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.
104 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

É importante salientar que a listagem inicial de problemas não tem um número máximo a ser
considerado. Entretanto, para viabilizar a metodologia do PPLS, sugere-se que no máximo doze
problemas se mantenham elencados para o desenvolvimento da etapa de priorização. Neste
sentido, com o objetivo de realizar uma triagem inicial, após a listagem de vários problemas, solicite
que cada participante da oficina vote em doze problemas que considerar mais importantes, ideal-
mente sendo seis do estado de saúde e seis da unidade de saúde, quando possível.

PASSO 6

A partir da lista de problemas apontados como mais importantes, aplique a técnica de prioriza-
ção de problemas, conforme o Texto Base 2 – Dia 3.

Para o desenvolvimento da atividade, utilize separadamente as matrizes de priorização de


problemas: uma delas é referente aos problemas do estado de saúde da população e a outra aos
problemas da unidade de saúde. Se houver dúvida sobre um problema ser do estado de saúde
ou da unidade de saúde, você pode recorrer à definição dos mesmos, no Texto Base 1 - Dia 4.

Quadro 12 - Matriz de priorização de problemas referente ao estado de saúde da população.

PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS REFERENTE AO ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO

QUAL A
HÁ CONHECIMENTOS QUANTIDADE
E RECURSOS PARA DE RECURSOS
O PROBLEMA OPROBLEMAÉ
QUE O PROBLEMA FINANCEIROS
OQUEÉO É MUITO CONSIDERADO
ITEM POSSA SER NECESSÁRIA SOMA
PROBLEMA? FREQUENTE? IMPORTANTE?
ENFRENTADO? PARA
(MAGNITUDE) (VALORIZAÇÃO)
(DISPONIBILIDADE DE ENFRENTAR O
TECNOLOGIA) PROBLEMA?
(CUSTOS)

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 105

Quadro 13 - Matriz de priorização de problemas referente à unidade de saúde.

PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS REFERENTE À UNIDADE DE SAÚDE

QUAL O
O PROBLEMA É PRAZO PARA OS RECURSOS EXISTENTES
ITEM O QUE É O IMPORTANTE? ENFRENTAR ESTÃO DISPONÍVEIS? SOMA
PROBLEMA? (RELEVÂNCIA) O (FACTIBILIDADE)
PROBLEMA?
(URGÊNCIA)

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.

PASSO 7

Elabore apenas duas árvores de problema com a comunidade, conforme a matriz do quadro
13 e o Texto Base 1 - Dia 4, visto que o período de Interação entre Equipe e Território é curto e
prevê apenas quatro turnos de atividade.

Dentre os problemas que foram selecionados para passar pela etapa de priorização, apenas
o de maior pontuação do estado de saúde e o de maior pontuação da unidade de saúde serão
trabalhados pela equipe nas demais etapas do PPLS. Assim, você terá duas matrizes de árvore
de problema ao final: uma sobre o problema mais pontuado do estado de saúde e outra sobre o
problema mais pontuado da unidade de saúde.

As demais árvores podem ser elaboradas posteriormente pela equipe durante o turno de
reunião regular.
106 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Quadro 14 - Matriz para construção da árvore de problemas.

ÁRVORE DE PROBLEMA

Consequências

Problema

Causas

Fonte: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010.

Terceira atividade práxica: definição de objetivos, ações e programação


operativa
O produto da atividade são as matrizes de definição de objetivos e programação operativa, a
serem construídas a partir das árvores de problemas.

Estas matrizes devem ser postadas no AVA.

PASSO 1

A partir de cada problema (trabalhado nas árvores de problemas), elabore o objetivo geral e, a
partir das três principais causas, elabore os respectivos objetivos específicos. Dessa forma, você
terá construído, ao final, duas matrizes de árvore de objetivos, sendo uma para cada problema.

Sugere-se que seja construído um objetivo específico para cada uma das três causas considera-
das mais relevantes.

É importante lembrar que os objetivos devem ser escritos com o verbo na forma nominal infini-
tivo (exemplos: ampliar, construir).
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 107

Quadro 15 - Matriz para árvore de objetivos

ÁRVORE DE OBJETIVOS

Problema

Objetivo
geral

Objetivo
específico

Fonte: FALLEIRO e PRIAMO (Adaptado de: TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010, VILASBÔAS; TEIXEIRA, 2001), 2019.

PASSO 2

Considere uma das matrizes de árvore de objetivos e, para cada objetivo específico, defina as
ações e atividades que são necessárias para alcançá-lo, assim como os responsáveis e os prazos
das ações/atividades. Com isso, você estará realizando o preenchimento da matriz de progra-
mação operativa (Quadro 17).

Para cada objetivo específico sugerem-se, no máximo, três ações/atividades.

Repita o processo considerando a outra matriz de definição de objetivos (outro objetivo geral),
realizando o preenchimento da segunda matriz de programação operativa.

Ao final, você terá duas matrizes de programação operativa, sendo uma para cada objetivo geral.

Observe que não está sendo pedido que a matriz de análise de viabilidade, componente do PPLS,
seja elaborada nem postada no AVA. Entretanto, durante a construção da programação opera-
tiva, é preciso estar atento para que não sejam propostas ações ou atividades para as quais a
equipe tem pouca autonomia de realização, ou seja, ações fora da governabilidade da equipe,
que dependam de decisões de outros e, assim dificultem a execução do plano. Se a equipe consi-
derar necessária a elaboração da análise de viabilidade, a matriz pode ser construída conforme
descrito do Texto Base 1 - 4.

Quadro 17 - Matriz de programação operativa.


108 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

PROGRAMAÇÃO OPERATIVA

Problema

Objetivo
geral

Objetivo Ações/atividades Responsáveis Prazos


específico

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO (Adaptado de TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010), 2019.

Pode acontecer de sua equipe utilizar outro método ou outras ferramentas para realizar
o planejamento. Se preferirem assim, será ótima a experimentação, pois o importante é que
consigam planejar com foco nas necessidades de saúde das pessoas e do território. Contudo,
lembre-se de registrar todos os passos desse outro método para poder relatá-los aos colegas
na próxima etapa do AP.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 109

Relação de produtos/atividades práxicas para postagem noAmbiente Virtual


de Aprendizagem (AVA)

AVA – 1 Mapa da área de abrangência e 1 Relatório com informações da área de abran-


gência

AVA – 1 Matriz com a lista de problemas, 2 matrizes de problemas priorizados (estado de


saúde e unidade de saúde) e 2 Matrizes árvore de problema (estado de saúde e unidade de saúde).

AVA – 2 Matrizes de árvore de objetivos e 2 Matrizes da programação operativa.


3
110 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 111

T E R C E I R A E T A P A

INTERAÇÃO
PEDAGÓGICA
3ª etapa - Interação Pedagógica

DIA 5
Olá, Trabalhador(a). Reservamos um tempo maior para a troca de experiências, que será espe-
cial no dia de hoje, durante as apresentações das tarefas práxicas. A partir delas também daremos
continuidade ao PPLS, com a definição dos indicadores para o acompanhamento e avaliação da
programação operativa. A seguir, apresentamos os objetivos e a proposta de cronograma para esse
primeiro dia da 3ª etapa do Acolhimento Pedagógico.

Compartilhar as experiências das atividades práxicas;

Aprofundar a reflexão a partir das experiências em território;

Compreender o que são indicadores e como são elaborados;

Exercitar os momentos finais do PPLS (definição de indicadores e monitoramento).


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 113

Quadro 19 - Programação do Dia 5.

3ª ETAPA – INTERAÇÃO PEDAGÓGICA | DIA 5

ATIVIDADE

08h às 08h30 Acolhida dos Trabalhadores.

08h30 às 10h Apresentação das atividades práxicas desenvolvidas na segunda etapa do AP.

INTERVALO

10h15 às 12h Continuação da atividade.

ALMOÇO

13h30 às 15h30 PPLS: definição de indicadores.

INTERVALO

15h45 às 17h30 PPLS: acompanhamento e avaliação da programação operativa.

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020,FALLEIRO; PRIAMO, 2020.

“O que é monitoramento?” - do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo -


CEGOV. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Gr_FJNpuUPs

“O que é avaliação?” - do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo - CEGOV.


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WVxsRTEz-Bg

“O que são Indicadores?” - do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo -


CEGOV. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2Ns1Bnmhrn4

“Ferramentas de monitoramento dos indicadores de saúde” - da Diretoria da Aten-


ção Básica da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=gw6kNyfva68
114 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

O quadro abaixo deve ser utilizado na atividade de PPLS - Definição de Indicadores:

Quadro 20 - Indicadores para monitoramento da programação operativa.

INDICADORES PARA MONITORAMENTO DA PROGRAMAÇÃO OPERATIVA

OBJETIVO ESPECÍFICO AÇÕES/ATIVIDADES INDICADOR

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO, 2019.

Registre suas reflexões no Diário de Campo do Trabalhador.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 115

Texto Base 1 | Dia 5 – PPLS (continuação): definição de indicadores

O processo de planejamento e programação requer acompanhamento contínuo das ações,


observando-se as mudanças de contexto que podem ocorrer durante a execução do plano. Para
isso, é necessário definir indicadores de monitoramento e avaliação, a fim de medir o grau de
cumprimento das atividades necessárias para se alcançarem os objetivos definidos (VILASBÔAS e
TEIXEIRA,2001; COSTA, PINHO e FERREIRA,2015).

Mas, afinal, o que é um indicador?

Segundo Vilasbôas e Teixeira (2001), um indicador é uma medida utilizada para verificar
determinada situação e pode ser expresso por número inteiro ou proporção. Durante o planeja-
mento, há indicadores que são estabelecidos para monitorar o andamento dos trabalhos, acom-
panhar o que se se faz nas ações, e assim medem a realização de um processo (como consultas a
uma população-alvo, atividades educativas) ou entrega de um produto (elaboração de um rela-
tório, publicação do regimento do Conselho de Saúde, construção de uma UBS). Tais indicadores
traduzem o esforço empreendido pela equipe de saúde para realizar as ações e podem ser classi-
ficados como indicadores de processo ou, ainda, indicadores de produto (BRASIL, 2010c). Todos
estes são úteis para verificar se as ações estabelecidas estão alcançando o que se pretendia com
os objetivos específicos. São os que a equipe de saúde mais vai utilizar, pois dizem respeito ao dia
a dia empreendido pela equipe.

Como posso construir indicadores para usar no PPLS?

Considere-se o problema “elevado número de casos de gestantes com sífilis”: na árvore de


problemas, foram identificadas e selecionadas como principais causas deste problema: a existên-
cia de gestantes que não fazem pré-natal, as dificuldades relacionadas ao tratamento da(s) parce-
ria(s) sexual (is) das gestantes e a baixa compreensão das gestantes e da(s) parceria(s) a respeito da
doença. Esta última causa transformou-se em um dos objetivos específicos do plano: realizar ativi-
dades educativas sobre o tema sífilis. Uma ação considerada necessária é a realização de ativida-
des como sala de espera sobre infecções sexualmente transmissíveis e sobre planejamento familiar
(Quadro 21). Neste caso, o número de salas de espera realizadas com esses temas pode ser o indicador
de processo ou esforço que a equipe vai utilizar para medir esta ação (Quadro 22). De forma seme-
lhante, podem ser desenvolvidos indicadores para as outras ações/atividades, propostas para os
demais objetivos específicos.

Veja o quadro a seguir:


116 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Quadro 21 - Exemplo de programação operativa.

PROGRAMAÇÃO OPERATIVA

PROBLEMA: ELEVADO NÚMERO DE CASOS DE GESTANTES COM SÍFILIS, LOCAL X, ANO Y

Objetivo geral: Reduzir o número de casos de gestantes com sífilis, Local X, ano Y

Objetivo específico Ações/atividades Responsáveis Prazos

Captação precoce das gestantes


ACS Jan a jun/2022
(até 12 semanas de gestação)
Realizar
acompanhamento Realização de testes rápidos
Técnico de
pré-natal das para sífilis no 1º e 3º trimestres de Jan a jun/2022
enfermagem
gestantes da área gestação

Tratamento da gestante Enfermeiro Jan a jun/2022

Realização de contato com a(s)


parceria(s) sexual(ais) da gestante
Realizar busca ativa para orientação sobre os riscos ACS Jan a jun/2022
da(s) parceria(s) da doença e a importância do
sexual(ais) das tratamento
gestantes com
Aplicação do teste rápido na(s) Técnico de
resultados positivo Jan a jun/2022
parceria(s) sexual(ais) enfermagem
no teste rápido
Instituição do tratamento para os
Enfermeiro Jan a jun/2022
casos positivos

Realização de sala de espera


Dentista e ASB Jan a jun/2022
semanalmente sobre IST

Realização de sala de espera


Realizar atividades ACS e técnico de
semanalmente sobre planejamento Jan a jun/2022
educativas sobre o enfermagem
familiar
tema
Enfermeiro,
Orientações sobre sífilis nas
dentista e Jan a jun/2022
consultas
médico

Fonte: DAB/SAIS/SESAB (Adaptado de TEIXEIRA; VILASBÔAS; JESUS, 2010), 2020.

Mas, durante o planejamento, há ainda indicadores que são estabelecidos para expressar,
direta ou indiretamente, os benefícios no público-alvo decorrentes das ações empreendidas: estes
são chamados indicadores de resultado (BRASIL, 2010c). Eles possuem uma amplitude maior de
interpretação em relação aos indicadores de esforço e, por isso, também mostram melhor um cená-
rio epidemiológico. São úteis para verificar se um conjunto de ações empreendidas (esforços) tem
sido importantes no sentido de alcançar o que se pretendia com o objetivo geral.

Novamente, vamos considerar o problema “elevado número de casos de gestantes com sífilis,
local X, ano Y”. Para este problema, o objetivo geral é reduzir o número de casos de sífilis em gestan-
tes e então o indicador: número de casos de sífilis em gestantes, evidencia o quanto se alcançou o
objetivo geral de reduzir o número de casos da doença na referida população.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 117

Em algumas situações, a equipe consegue utilizar um indicador de resultado contemplando


somente a área adscrita, a depender da desagregação que o sistema fonte dos dados oferece. Por
exemplo, o Número de casos de leptospirose, o Número de casos de hanseníase e o Número de casos de
tuberculose, estão disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN para a
área adscrita de uma UBS. Outras vezes, só é possível um resultado para o município, podendo ser
considerado um indicador de resultado de todas as equipes de saúde juntas (e todas as áreas adscri-
tas). São exemplos de indicadores de resultado a maioria dos indicadores disponíveis no CAMAB
– Caderno de Avaliação e Monitoramento da Atenção Básica, como a Taxa de internação por AVC, a
Proporção de internações por condições sensíveis à Atenção Básica e o Número de óbitos maternos.

Conforme descrito por Vilasbôas e Teixeira (2001), após definir qual indicador será utilizado,
devem ser definidas a fonte de informação para a coleta do mesmo, a periodicidade das coletas e as
formas de divulgação dos resultados, que pode ser a apresentação na reunião do Conselho Muni-
cipal de Saúde ou uma sala de situação na UBS, por exemplo. Observe o quadro 22, que contém o
desenvolvimento de indicadores para o problema elevado número de casos de gestantes com sífilis.

A divulgação e transparência dos resultados aproxima a comunidade da


equipe e estimula a participação e o controle social.
118 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Quadro 22 - Exemplo de indicadores para monitoramento da programação operativa.

PERIODI-
OBJETIVO FONTE DE FORMAS DE
AÇÃO INDICADOR CIDADE DA
ESPECÍFICO VERIFICAÇÃO DIVULGAÇÃO
COLETA

e-SUS –
relatório de
Número de atividade Sala de
Salas de coletiva no situação da
Realização espera item atividade, UBS
de sala de educação em
espera. Número de saúde Mensal Relatório
semanalmente participantes anual da
sobre IST (gestantes) e-SUS – Equipe
que relatório de
participaram atividade Redes sociais
coletiva no
item público-
alvo

e-SUS –
relatório de
Sala de
Número de atividade
Realização situação da
Salas de coletiva no
Realizar de sala de UBS
espera item atividade.
atividades espera.
Número de
educativas semanalmente Mensal Relatório
participantes e-SUS –
sobre o tema sobre anual da
(gestantes) relatório de
planejamento Equipe
que atividade
familiar
participaram coletiva no
Redes sociais
item público-
alvo

E-SUS –
relatório de
atendimento Sala de
individual situação da
no item UBS
Orientações Número de problemas
sobre sífilis nas consultas de e condições Mensal Relatório
consultas pré-natal avaliadas anual da
(pré-natal) e/ Equipe
ou problemas
e condições Redes sociais
avaliadas
-outros CID 10

Fonte: DAB/SAIS/SESAB (Adaptado de TEIXEIRA; VILASBÔAS, 2001), 2020.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 119

Ao preencher as planilhas da programação operativa, devem ser indicados responsáveis pelo


desenvolvimento de cada ação. Da mesma forma, deve-se indicar um ou mais responsáveis pelo
monitoramento do plano na sua totalidade, observando se estão sendo desenvolvidas e cumpridas
as ações previstas e se os registros estão sendo realizados, a fim de gerar o conteúdo necessário
para a etapa de avaliação do plano. Importa também ressaltar a necessidade de definição cuidadosa
de prazo, se este deve ser específico para determinado mês, ou se é melhor definir um trimestre ou
semestre, de modo que se possa garantir a execução das ações/atividades.

Um planejamento não acaba em sua formulação inicial. Ele deve ser visitado periodicamente
(monitoramento), avaliado e ajustado quando necessário. Assim, no PPLS, o monitoramento do
plano se chama acompanhamento e avaliação da programação operativa.

O monitoramento (de um plano) pode ser definido como o acompanhamento dos objetivos
quantitativos e qualitativos pré-definidos. Deve ser realizado de forma contínua, possibilitando
aferir as metas, comparar o alcançado com o desejado, permitindo também que se façam adapta-
ções às mudanças que podem acontecer durante o desenvolvimento do planejamento (CONASS,
2016; BLANKE et al., 2013).

Durante o monitoramento das ações, algumas questões devem ser respondidas: estamos
agindo dentro do prazo? Os recursos humanos, financeiros, materiais e equipamentos estão dispo-
níveis? É preciso adaptar o planejamento? Como estamos gerindo o estresse e as dificuldades em
relação ao plano? Como minimizamos os riscos? Será que estamos realmente realizando o plano
original ou estivemos tão ocupados que cegamente se mudou para uma direção completamente
nova? (BLANKE et al., 2013).

As respostas a esses questionamentos permitem a identificação da necessidade da revisão do


PPLS sempre que necessário, conferindo uma dinâmica diferenciada ao processo de planejamento
estabelecido, o que facilita sua institucionalização (BAHIA, 2009).

ATENÇÃO!

A situação retratada abaixo pode comprometer todo o planejamento.

Esta é uma história de quatro pessoas:


TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.

Havia um trabalho importante a ser feito e

TODO MUNDO tinha certeza de que ALGUÉM o faria.

QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.

ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.

TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM


imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.

Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUAL-
QUER UM poderia ter feito.”

✄ Fonte: http://www.contandohistorias.com.br/historias/2004302.php#.XgImlkdKjIV
120 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

PARA SABER MAIS!

✄ Conheça os enfoques metodológicos do planejamento em saúde, bem como a


experiência da secretaria municipal da saúde de Salvador e do Estado da Bahia no
livro em formato digital: Planejamento em Saúde: Conceitos, métodos e experiências,
organizado por Carmen Teixeira, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/
ri/bitstream/ri/6719/1/Teixeira%2c%20Carmen.%20Livro%20Planejamento%20
em%20saude.pdf

✄ Assista a webpalestra do Telessaúde Bahia sobre monitoramento e avaliação,


que apresenta as Ferramentas de monitoramento dos indicadores de saúde da Dire-
toria da Atenção Básica da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Disponível em:
https://youtu.be/gw6kNyfva68
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 121
3ª etapa - Interação Pedagógica

DIA 6
Trabalhador(a), a partir de agora, abordaremos assuntos estruturantes para o desenvolvimento
das atividades das equipes de AB: o processo de trabalho em saúde, a construção da agenda da
equipe e o conhecimento de diversas tecnologias que contribuem com o cotidiano do trabalho com
o usuário e a família. Assim, após a conclusão do AP, os trabalhadores retornarão ao território com
mais ferramentas para aprimorar a sua atuação. Acompanhe a seguir os objetivos e a proposta de
cronograma para esse dia.

D Conhecer e refletir sobre as atribuições dos trabalhadores da equipe;

D Discutir sobre o trabalho em equipe, integrando as equipes multiprofissionais, quando


houver;

D Refletir sobre as possibilidades de organização de agenda integrada da equipe;

D Discutir sobre estratégias, métodos, dispositivos e ferramentas que contribuem com o


cuidado ao usuário e à família.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 123

Quadro 23 - Programação do Dia 6.

3ª ETAPA – INTERAÇÃO PEDAGÓGICA | DIA 6

ATIVIDADE

08h às 08h30 Acolhida dos Trabalhadores

08h30 às 10h A importância do trabalho em equipe na Estratégia Saúde da Família (ESF) e Atenção Básica (AB)

INTERVALO

10h15 às 12h Continuação da atividade

ALMOÇO

Agenda das equipes de Saúde da Família


13h30 às 15h30
Tecnologias que contribuem com o cuidado em saúde

INTERVALO

15h45 às 17h30 Continuação da atividade

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020, FALLEIRO; PRIAMO, 2020.


124 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

O quadro abaixo deve ser utilizado na atividade sobre trabalho em equipe:

Quadro 24 - Matriz para sistematização da reflexão do grupo sobre trabalho em equipe

LIMITAÇÕES POTENCIALIDADES

HABILIDADES NECESSÁRIAS À EQUIPE DESENVOLVER

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO, 2020, DAB/SAIS/SESAB, 2020.

Quadro 25 - Matriz para demonstração de agenda

MÉDICO SEG TER QUA QUI SEX

Matutino

Vespertino

ENFERMEIRO SEG TER QUA QUI SEX

Matutino

Vespertino

DENTISTA SEG TER QUA QUI SEX

Matutino

Vespertino

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.

Registre suas reflexões no Diário de Campo do Trabalhador.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 125

Texto Base 1 | Dia 6 – A importância do trabalho em equipe na Estratégia


Saúde da Família e Atenção Básica

“Trabalhar com pessoas nunca é fácil, muita gente acredita que [é] trabalho braçal. É não. Mas difícil e sofre-
dor [o trabalho braçal] porém tem suas rotinas na qual já se sabe sua tarefa e o organismo se adapta, já
no nosso caso, cada dia é único, não fazemos ideia do que esperar, podemos tentar se organizar e se ante-
vir em algumas tarefas porém o fator pessoas, o fator gente, sempre irá nos surpreender, seja para o bem
ou para tentar nos colocar para baixo, todavia quero dizer que estou feliz e orgulhoso de trabalhar com as
pessoas que hoje trabalho, bom fim de semana e bom feriado.” (mensagem de um trabalhador de uma
UBS, enviada por whatsapp para sua equipe. Ano 2019)

A implantação do PACS e do PSF, na década de 90, expressou o resultado de um movimento


internacional para a qualificação da assistência à saúde. Considerando que, para atender às neces-
sidades da população, deve-se estar mais próximo das pessoas e compreender o espaço em que
vivem e todo seu contexto social, o PSF foi adotado como estratégia para uma mudança de modelo
de atenção no SUS, a partir da AB.

O trabalho em saúde constitui uma construção permanente em relação a um bem simbólico, o


processo saúde doença, que é produzido social e historicamente. E, portanto, o resultado deste traba-
lho está relacionado às condições de vida e de existência de determinado grupo social (FORTUNA,
1999). Destaca-se, ainda, o aspecto inter-relacional do trabalho em saúde, cujo produto resulta da
relação trabalhador-usuário, ou, em equipe, trabalhador-trabalhador (FORTUNA et al, 2005).

Considerando as características acima citadas acerca do trabalho em saúde, compreende-se que


a implantação do PSF, de forma isolada, não garante a mudança modelo de atenção, sendo necessá-
ria uma mudança na prática do cuidado em saúde, ou seja, a reorganização do processo de trabalho
na AB é o pressuposto para uma mudança assistencial. Neste sentido, o trabalho em equipe multipro-
fissional, além de promover mudanças na organização do processo de trabalho, possibilita intervir
sobre os diferentes fatores que interferem no processo saúde-doença (ARAÚJO e ROCHA, 2007).

A ação interdisciplinar pressupõe a possibilidade da prática de um profissional se reconstruir na prática


do outro, ambos sendo transformados para a intervenção na realidade em que estão inseridos. Assim, a
abordagem integral dos indivíduos/famílias é facilitada pela soma de olhares dos distintos profissionais que
compõem as equipes interdisciplinares (ARAÚJO e ROCHA,2007, p.456).

Desde a implantação do PACS e do PSF, a equipe de SF e AB vem se ampliando, com uma


maior diversidade de categorias profissionais que atuam neste nível de atenção. Inicialmente,
as equipes contavam com médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e ACS (equipe mínima).
Posteriormente, foram incluídos na ESF, o Agente de Combate às Endemias (ACE) e os profissio-
nais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em saúde da família, e
auxiliar ou técnico em saúde bucal; além do NASF-AB com a possibilidade de atuação de outras
categorias profissionais. Esta diversidade amplia o escopo das ações e a capacidade resolutiva
da equipe, dada a complexidade dos problemas de saúde, como já vimos ao abordar o tema dos
DSS (FORTUNA, 1999; BRASIL, 2017).
126 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Observe, ainda, que numa equipe de UBS existem múltiplas divisões dentro de um mesmo
espaço e dentro de uma mesma equipe. Estas divisões são orientadas por diferentes motivações e
podem expressar as relações de vínculo e de conflito entre os profissionais. As Equipes Flor 1 e Flor
2, por exemplo, possuem uma composição multiprofissional, que as caracteriza como uma equipe,
com um objetivo comum de atender às necessidades da população adscrita, mas existem também
subdivisões, como a equipe de ACS com a enfermeira supervisora; a equipe de odontologia; a equipe
dos profissionais que não são da saúde, como a recepcionista, vigilante, auxiliar de limpeza; pode se
conformar também uma equipe por categoria profissional, etc. Estes diferentes agrupamentos vão
acontecendo, de forma consciente ou inconsciente, a depender das necessidades de cada sujeito
dentro deste grupo maior, que são as equipes Flor 1 e 2. Assim, Fortuna (1999) descreve a imagem
de uma teia, de diversos fios, em direções antagônicas e convergentes, destacando ainda o inter-
câmbio entre a satisfação de usuários e trabalhadores.

O trabalho em equipe multiprofissional, portanto, é construído por meio de interação entre


pessoas com especificidades próprias, e as múltiplas intervenções técnicas e de profissionais de
diferentes áreas (PEDUZZI, 2001; FORTUNA, 1999). Considerando-se o trabalho em equipe na AB,
estamos nos referindo a relações que são de trabalho, interpessoais, intersubjetivas, de competi-
ção, de cooperação, de poder, entre tantas outras.

Podemos observar, portanto, que o desenvolvimento de um trabalho em equipe extrapola as


habilidades técnicas das categorias profissionais e se expande para uma interação entre trabalha-
dores que pode gerar um outro produto, que não seja apenas a soma de intervenções técnicas sobre
um indivíduo. Como exemplo, podemos citar o caso guia, em que há um número alto de gestantes
com sífilis, o que impõe à equipe a necessidade de se reunir e elaborar um plano de ação. Neste caso,
o médico e o enfermeiro podem ampliar os atendimentos de Pré-Natal, a fim de atender um número
maior de gestantes; mas também podem realizar, juntos, atividades educativas sobre o tema. Esta
segunda atividade expande a atuação dos dois profissionais para além da habilidade técnica relacio-
nada à categoria profissional, e permite inclusive que eles realizem outras atividades, como fazer
programa de rádio, realizar busca ativa junto com os ACS etc.

Para Araújo e Rocha (2007), a importância do diálogo na busca do consenso constitui elemento
imprescindível para o bom desenvolvimento do trabalho em equipe. Isso aponta à possibilidade do
desenvolvimento de uma prática comunicativa. O trabalho em equipe “provoca” a escuta do outro,
o que pressupõe o estabelecimento de um canal de comunicação (ARAÚJO e ROCHA, 2007).

Segundo Barros (2015), são atributos do trabalho em equipe: agir de forma colaborativa na qual
busca participar da construção de um projeto comum para a atuação da equipe; estar disponível
para participar de encontros regulares para a discussão da organização do processo de trabalho
da equipe; estabelecer comunicação direta com os colegas compreendendo o conflito como uma
dimensão inerente ao trabalho em equipe e como potência para gerar crescimento e construir a
inovação; reconhecer a interdependência de ações entre os integrantes da equipe.

De acordo com o item 4- Atribuições dos Profissionais da Atenção Básica, no Anexo 1 do Anexo
XXII da Portaria de Consolidação nº 2/2017, onde consta a Política Nacional de Atenção Básica
(disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_2017.html,
acesso em janeiro/2021), as atribuições comuns a todos os membros das Equipes que atuam na
Atenção Básica são:

I. Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe,


identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades;

II. Cadastrar e manter atualizado o cadastramento e outros dados de saúde das famílias e
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 127

dos indivíduos no sistema de informação da Atenção Básica vigente, utilizando as infor-


mações sistematicamente para a análise da situação de saúde, considerando as carac-
terísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território,
priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local;

III. Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito


da Unidade Básica de Saúde, e quando necessário, no domicílio e demais espaços comu-
nitários (escolas, associações, entre outros), com atenção especial às populações que
apresentem necessidades específicas (em situação de rua, em medida socioeducativa,
privada de liberdade, ribeirinha, fluvial, etc.).

IV. Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de saúde da população local,
bem como aquelas previstas nas prioridades, protocolos, diretrizes clínicas e terapêu-
ticas, assim como, na oferta nacional de ações e serviços essenciais e ampliados da AB;

V. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscando a integralidade por meio da


realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, prevenção de doen-
ças e agravos e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das
ações programáticas, coletivas e de vigilância em saúde, e incorporando diversas racio-
nalidades em saúde, inclusive Práticas Integrativas e Complementares;

VI. Participar do acolhimento dos usuários, proporcionando atendimento humanizado, reali-


zando classificação de risco, identificando as necessidades de intervenções de cuidado,
responsabilizando-se pela continuidade da atenção e viabilizando o estabelecimento do
vínculo;

VII. Responsabilizar-se pelo acompanhamento da população adscrita ao longo do tempo no


que se refere às múltiplas situações de doenças e agravos, e às necessidades de cuidados
preventivos, permitindo a longitudinalidade do cuidado;

VIII. Praticar cuidado individual, familiar e dirigido a pessoas, famílias e grupos sociais, visando
propor intervenções que possam influenciar os processos saúde-doença individual, das
coletividades e da própria comunidade;

IX. Responsabilizar-se pela população adscrita mantendo a coordenação do cuidado mesmo


quando necessita de atenção em outros pontos de atenção do sistema de saúde;

X. Utilizar o Sistema de Informação da Atenção Básica vigente para registro das ações de
saúde na AB, visando subsidiar a gestão, planejamento, investigação clínica e epidemio-
lógica, e à avaliação dos serviços de saúde;

XI. Contribuir para o processo de regulação do acesso a partir da Atenção Básica, partici-
pando da definição de fluxos assistenciais na RAS, bem como da elaboração e implemen-
tação de protocolos e diretrizes clínicas e terapêuticas para a ordenação desses fluxos;

XII. Realizar a gestão das filas de espera, evitando a prática do encaminhamento desne-
cessário, com base nos processos de regulação locais (referência e contrarreferência),
ampliando-a para um processo de compartilhamento de casos e acompanhamento longi-
tudinal de responsabilidade das equipes que atuam na Atenção Básica;

XIII. Prever nos fluxos da RAS entre os pontos de atenção de diferentes configurações tecno-
lógicas a integração por meio de serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, para
garantir a integralidade do cuidado;
128 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

XIV. Instituir ações para segurança do paciente e propor medidas para reduzir os riscos e
diminuir os eventos adversos;

XV. Alimentar e garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de informação
da Atenção Básica, conforme normativa vigente;

XVI. Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória, bem como
outras doenças, agravos, surtos, acidentes, violências, situações sanitárias e ambientais
de importância local, considerando essas ocorrências para o planejamento de ações de
prevenção, proteção e recuperação em saúde no território;

XVII. Realizar busca ativa de internações e atendimentos de urgência/emergência por causas


sensíveis à Atenção Básica, a fim de estabelecer estratégias que ampliem a resolutivi-
dade e a longitudinalidade pelas equipes que atuam na AB;

XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio às famílias e pessoas em resi-


dências, Instituições de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre outros tipos de moradia
existentes em seu território, de acordo com o planejamento da equipe, necessidades e
prioridades estabelecidas;

XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de saúde controlados/compensa-


dos com algum grau de dependência para as atividades da vida diária e que não podem se
deslocar até a Unidade Básica de Saúde;

XX. Realizar trabalhos interdisciplinares e em equipe, integrando áreas técnicas, profissio-


nais de diferentes formações e até mesmo outros níveis de atenção, buscando incor-
porar práticas de vigilância, clínica ampliada e matriciamento ao processo de trabalho
cotidiano para essa integração (realização de consulta compartilhada - reservada aos
profissionais de nível superior, construção de Projeto Terapêutico Singular, trabalho com
grupos, entre outras estratégias, em consonância com as necessidades e demandas da
população);

XXI. Participar de reuniões de equipes a fim de acompanhar e discutir em conjunto o planeja-


mento e avaliação sistemática das ações da equipe, a partir da utilização dos dados dispo-
níveis, visando a readequação constante do processo de trabalho;

XXII. Articular e participar das atividades de educação permanente e educação continuada;

XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme planejamento da


equipe e utilizando abordagens adequadas às necessidades deste público;

XXIV. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento


da UBS;

XXV. A Promover a mobilização e a participação da comunidade, estimulando conselhos/cole-


giados, constituídos de gestores locais, profissionais de saúde e usuários, viabilizando o
controle social na gestão da Unidade Básica de Saúde;

XXVI. Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações interse-
toriais;
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 129

XXVII. Acompanhar e registrar no Sistema de Informação da Atenção Básica e no mapa de


acompanhamento do Programa Bolsa Família (PBF), e/ou outros programas sociais equi-
valentes, as condicionalidades de saúde das famílias beneficiárias; e

XXVIII. Realizar outras ações e atividades, de acordo com as prioridades locais, definidas pelo
gestor local.

Você pode conhecer também as atribuições específicas dos profissionais das equipes que
atuam na Atenção Básica na Política Nacional de Atenção Básica – Operacionalização da Porta-
ria de Consolidação nº 2/2017, Anexo XXII, Anexo 1, disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_2017.html (acesso em janeiro/2021).

PARA SABER MAIS!

✄ O site da Rede Humaniza apresenta relatos de experiências de atividades desenvolvi-


das na AB no país inteiro. Ficou curioso? Quer conhecer outras equipes e saber mais sobre
o trabalho em equipe e outras experiências da AB? Acesse: http://redehumanizasus.net/

Para aprofundar as reflexões sobre o trabalho em equipe, sugerimos a seguinte leitura


complementar de relatos de experiências de profissionais da saúde sobre sua atuação na AB:

Livro: Vivências de Educação Popular na Atenção Primária à saúde: a realidade e a utopia.


Edufscar, 2010.

1. Onde está a dentista? Ananyr Porto Farjado

2. Aconselhamento Dietético: experimentando a integralidade na prática do atendimento


nutricional clínico. Ingrid D’Avila Freire Pereira

3. O processo de cuidado na APS a partir de uma solicitação de visita domiciliar. Rodrigo


Carpio leite de Castro;

Livro: Estórias da rua que foi Balsa. Trilhas e intuições na Educação Popular em Saúde.
Guayaboedições,2016.

1. Eu não nasci enfermeiro (me construí). Ernande Valentim do Prado.

2. Diário de uma semana. Maria Amélia Mano.

3. Vai vendo: estratégia de saúde do cada um no seu quadrado. Ernande Valentim do Prado.

✄ Os textos também estão disponíveis, na íntegra, no blog http://balsa10.blogspot.com/


130 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 2 | Dia 6 – Agenda das equipes da Atenção Básica

A agenda dos profissionais é recurso-chave para ampliar o acesso aos usuários, otimizar o
tempo, priorizar e programar a assistência com base na análise das necessidades de saúde da popu-
lação. Essa organização contribui para uma ação integrada da equipe, multiprofissional e interdisci-
plinar, assim como para a garantia de continuidade do cuidado (programático ou não), reforçando o
vínculo, a responsabilização e a segurança dos usuários (BRASIL, 2017).

Para que isso aconteça, é fundamental uma metodologia consistente de planejamento e gestão
das agendas que contemple essas diferentes situações: oferta programada para grupos específicos,
oferta de atendimentos agudos e oferta de retorno/reavaliação de usuários que não fazem parte de
ações programáticas (BRASIL, 2017).

Segundo Pinto e Coelho (2008), a composição de uma proposta de agenda de trabalho da equipe
deve considerar as seguintes questões: as características da população adscrita; a capacidade da
equipe de realização de ações de saúde; as ações de saúde propostas pela equipe ou pelo serviço de
saúde para serem implementadas junto à população adscrita; as características individuais, como o
tipo de formação e a capacidade de trabalho de cada membro da equipe, entre outras.

De acordo com as experiências vivenciadas pela Diretoria de Atenção Básica da Bahia junto às
equipes de Saúde da Família,são identificados a seguir alguns exemplos de agenda:

Quadro 26 - Exemplo 1: Agenda orientada por ficha.

MÉDICO SEG TER QUA QUI SEX

Manhã 18 fichas 18 fichas 18 fichas 18 fichas 18 fichas

Tarde 18 fichas 18 fichas 18 fichas 18 fichas 18 fichas

ENFERMEIRO SEG TER QUA QUI SEX

Manhã Pré-natal Criança Pré-natal Criança Exame preventivo

Tarde Reunião com ACS Visitas Visitas Grupo Reunião com ACS

DENTISTA SEG TER QUA QUI SEX

Manhã 10 fichas 10 fichas 10 fichas 10 fichas 10 fichas


agendadas agendadas agendadas agendadas agendadas
02 senhas de 02 senhas de 02 senhas de 02 senhas de 02 senhas de
urgência urgência urgência urgência urgência

Tarde 12 fichas 12 fichas 12 fichas 12 fichas 12 fichas


agendadas agendadas agendadas agendadas agendadas

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 131

Quadro 27 - Exemplo 2: Agenda orientada por programa.

MÉDICO SEG TER QUA QUI SEX

Manhã 08 senhas 08 senhas 18 senhas 08 senhas 08 senhas


10 Programa 10 Programa 10 Programa 10 Programa
HAS/DIA Criança Criança mulher

Tarde 08 senhas 08 senhas 08 senhas Visita Domiciliar Reunião de


12 Programa 10 Programa 10 Programa equipe

ENFERMEIRO SEG TER QUA QUI SEX

Manhã Grupo e Pré- Grupo e Criança Grupo e Pré- Grupo e Criança Grupo e Exame
Natal Natal preventivo

Tarde Educação Visitas Visitas Grupo Reunião de


Permanente Equipe

CIRURGIÃO -
SEG TER QUA QUI SEX
DENTISTA

Manhã 08 Crianças + 02 Micro área 2 Micro área 3 Hipertensos, Micro área 6


urgências diabéticos,
gestantes

Tarde Micro área 1 Educação em Micro área 4 08 Crianças


Saúde Micro área 5 +
02 urgências
Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.

Os exemplos 1 e 2 de organização de agenda, apesar de coexistirem com os demais modelos que serão
apresentados, não são recomendados, pois não ocorrem de acordo com as necessidades dos usuários. O acesso
por meio de distribuição de senhas promove a formação de filas antes do início do expediente da equipe, inclu-
sive durante a madrugada (o que é muito comum);privilegia aqueles que conseguem chegar cedo na fila ou
que moram mais perto, em detrimento de outros; pode gerar tempo ocioso de trabalho dos profissionais às
tardes/ao final do dia e nem sempre garante os atendimentos de casos urgentes. Já o acesso à unidade apenas
por programas de saúde, ainda que pensado para garantir o atendimento aos grupos considerados prioritá-
rios (mulheres, gestantes, crianças, hipertensos e diabéticos), não o torna equânime, pois contempla somente
algumas pessoas, excluindo a atenção aos demais usuários que não se enquadrem nesses perfis. Além disso,
pode não garantir o atendimento às urgências na atenção básica e à demanda espontânea.

As agendas 3, 4 e 5 são agendas que indicam o acolhimento à demanda espontânea, ainda que sejam
organizadas de maneiras distintas. O acolhimento é uma prática presente em todas as relações de cuidado,
podendo acontecer de diversas maneiras. O fundamental no acolhimento à demanda espontânea, mais espe-
cificamente na Atenção Básica, é a inclusão do usuário a partir da escuta dos seus problemas, independente
se o mesmo está ou não incluído em determinados grupos populacionais. Neste sentido, o acolhimento amplia
o acesso da população, uma vez que contempla tanto a agenda programada quanto a demanda espontânea, de
acordo com a necessidade do usuário e dinâmica da Equipe (BRASIL, 2014d).
132 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Quadro 28 - Exemplo 3: Agenda com momento para acolhimento à demanda espontânea.

MÉDICO E
SEG TER QUA QUI SEX
ENFERMEIRO

Organização da UBS e Atividade de Sala de Espera (ACS, Técnico de enf., Auxiliar de


Saúde Bucal).
8h - 8h30

Acolhimento e atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento (Enfer-


meiro).
9h30
8h30

Consultas de Pacientes do Acolhimento.


Manhã

10h30
9h30

Agendado Normal (sem Risco Adicional).


10h30
11h30

Agenda Rápida (c/ Risco e/ou Situação que exige atenção rápida).
12h30
11h30

Cuidado Longitudinal e Continuado.


13h30
15h

Consultas de Pacientes do Acolhimento.

Retornos em Reunião Retornos em


15h30

Atividade Equipe/ Atividade Cuidado


Tarde

15h

Consultas de Coletiva Educação Coletiva Longitudinal


Pacientes do Permanente e Continua-
Acolhimento Atividade do
Visita Domi- Coletiva Atividade Coleti-
15h30
17h

ciliar (grupos) va (grupos)

CIRURGIÃO -
SEG TER QUA QUI SEX
DENTISTA

10 Consultas 10 Consultas 10 Consultas 10 Consultas 10 Consultas


Manhã

de demanda de demanda de demanda Agendadas de demanda


espontânea espontânea espontânea espontânea

Levanta- 10 Consultas Reunião Grupo


Tarde

mento Agendadas Equipe/ 10 Consultas


epidemioló- Visita Domi- Educação Agendadas
gico ciliar Permanente Visita Domiciliar

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 133

Quadro 29 - Exemplo 4: Agenda com acolhimento à demanda espontânea em dois períodos e com a participação de
médico, enfermeiro e dentista.

MÉDICO E
SEG TER QUA QUI SEX
ENFERMEIRO

Organização da UBS e Atividade de Sala de Espera (ACS, Técnico de enf., Auxiliar de Saúde Bucal).
8h-9h
Manhã

Atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento para consulta no dia (Enfermeiro, Dentis-
ta e Médico).
9h-
12h

Consultas agendadas.
12h -
13h

Rodízio de profissionais para manter acolhimento na UBS.

Atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento para consulta no dia


13h –
14h

(Enfermeiro, Dentista e Médico).


Tarde

Reunião Equipe/
Educação Perma-
14h – 15:30

Visita domiciliar Consultas nente


Consultas agendadas Atividade Co- agendadas e Avaliação. Consultas
letiva agendadas

Atividade Coletiva

CIRURGIÃO -
SEG TER QUA QUI SEX
DENTISTA
8h-
9h

Acolhimento e atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento

06 Con-
Manhã

06 Con- sultas de
9h-12h

06 Consultas de demanda 06 Consultas sultas de 06 Consultas demanda


espontânea Agendadas demanda Agendadas espontâ-
espontâ- nea
nea
12h -

Rodízio de profissionais para manter acolhimento na UBS


13h
13h –
14h

Acolhimento e atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento


Tarde

Reunião
14h – 17h

Equipe/ 06
06 Consultas Agendada 06 Consultas Educação Grupo Consultas
Agendadas Perma- Agendas
nente

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.


134 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Quadro 30 - Exemplo 5: Agenda organizada por bloco de horas.

MÉDICO E
SEG TER QUA QUI SEX
ENFERMEIRO

Organização da UBS e Atividade de Sala de Espera (ACS, Técnico de enf., Auxiliar de Saúde
Bucal).
8h-9h

Acolhimento
Atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento para consulta no dia
(Enfermeiro, Dentista e Médico).

3 Consultas 3 Consultas 3 Consultas 3 Consul- 3 Consultas agenda-


agendadas agendadas agendadas tas agen- das (med)
9h-10h

(med) (med) (med) dadas 3 consultas agenda-


1 consultas 2 preventivos 2 consultas (med) das (enf)
pré-natal (enf) agendadas (enf) 3 consultas
(enf) agenda-
das (enf)
Manhã

3 Consultas 3 Consultas 3 Consultas 3 Consul- 3 Consultas agenda-


agendadas agendadas agendadas tas agen- das (med)
10h-11h

(med) (med) (med) dadas 3 consultas agenda-


1 consultas 2 preventivos 2 consultas (med) das (enf)
pré-natal (enf) agendadas (enf) 3 consultas
(enf) agenda-
das (enf)

3 Consultas 3 Consultas 3 Consultas 3 Consul- 3 Consultas agenda-


agendadas agendadas agendadas tas agen- das (med)
11h-12h

(med) (med) (med) dadas 3 consultas agenda-


1 consultas 2 preventivos 2 consultas (med) das (enf)
pré-natal (enf) agendadas (enf) 3 consultas
(enf) agenda-
das (enf)
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 135

MÉDICO E
SEG TER QUA QUI SEX
ENFERMEIRO

Acolhimento
(Rodízio de profissionais para manter acolhimento na UBS)
12h - 13h

Atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento para consulta no dia


(Enfermeiro, Dentista e Médico).

3 Consultas 3 Consultas 3 Consultas agen- 3 Consultas


agendadas agendadas dadas (med) agendadas
(med) (med) 3 consultas agen- (med)
3 consultas 3 consultas dadas (enf) 3 consultas
14h-15h

agendadas agendadas agendadas


(enf) (enf) (enf)
Tarde

Reunião Equipe/
Educação Perma- 3 Consultas
3 Consultas 3 Consultas 3 Consultas agen- nente agendadas
agendadas agendadas dadas (med) e Avaliação / Ativi- (med)
15h-16h

(med) (med) 3 consultas agen- dade coletiva com e/ 3 consultas


3 consultas 3 consultas dadas (enf) ou sem procedimen- agendadas
agendadas agendadas to (uma vez ao mês). (enf)
(enf) (enf)

3 Consultas 3 Consultas 3 Consultas agen- 3 Consultas

agendadas agendadas dadas (med) agendadas

(med) (med) 3 consultas agen- (med)


16h-17h

3 consultas 3 consultas dadas (enf) 3 consultas

agendadas agendadas agenda-

(enf) (enf) das (enf)


agendadas
(med)
136 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

CIRURGIÃO -
SEG TER QUA QUI SEX
DENTISTA

8h-9h
Acolhimento e atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento

02 Consultas 02 Consultas 02 Consultas de demanda 02 Consultas 02 Consultas


de demanda Agendadas espontânea Agendadas de demanda
espontânea espontânea
Manhã

02 Consultas 02 Consultas 02 Consultas de demanda 02 Consultas 02 Consultas


9h-12h

de demanda Agendadas espontânea Agendadas de demanda


espontânea espontânea

02 Consultas 02 Consultas 02 Consultas de demanda 02 Consultas 02 Consultas


de demanda Agendadas espontânea Agendadas de demanda
espontânea espontânea
12h - 13h

Rodízio de profissionais para manter acolhimento na UBS


14h
13h

Acolhimento e atendimento das demandas encaminhadas pelo acolhimento

02 Consultas
14h – 15h

02 Consultas Agendadas 02 Consultas


Agendadas Agendadas
Tarde

Atividade coletiva
02 Consultas 02 Consultas Reunião Equipe/ Educa- (com e/ou sem 02 Consultas
Agendadas Agendadas ção Permanente procedimento) Agendadas
15h-16h

02 Consultas Agendadas
02 Consultas Agendadas

02 Consultas 02 Consultas 02 Consultas


16h-17h

Agendadas Agendadas Agendadas

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 137

A agenda com blocos de horas compreende agendar, por exemplo, 3 usuários para o médico
no bloco de 9 às 10h, mais 3 no bloco de 10 às 11h, e assim por diante, de acordo com a capaci-
dade do profissional. Essa forma de organizar reduz a quantidade de pessoas que precisam chegar
na unidade de saúde ao início da manhã ou da tarde, evita acumular pessoas esperando na recep-
ção, proporciona ao profissional chamar o usuário seguinte caso o usuário do horário anterior falte
ou atrase-se, além de possibilitar que os atendimentos e procedimentos que vão ser realizados
sejam otimizados para cada usuário. Assim, se um usuário do bloco de 9 às 10h vai ser atendido
pelo médico e precisa também receber uma dose de vacina, o agendamento permite essa previsão
dentro daquele mesmo bloco.

Apesar dos vários exemplos apresentados anteriormente, a agenda não deve ser padroni-
zada para todas as equipes e precisa ser revisada periodicamente, de acordo com as necessida-
des da população assistida e com a capacidade de operacionalização da agenda pela equipe, o que
está relacionado com o estado de desenvolvimento da equipe de saúde na realização do trabalho
comum. Assim, a equipe deve buscar fazer sua agenda de forma que contemple melhor as diretrizes
de organização abaixo:

D Realização de acolhimento à demanda espontânea, utilizando-o como dispositivo de orga-


nização do serviço; ou seja, os usuários acolhidos devem ter o atendimento priorizado de
acordo com a condição clínica e/ou social apresentada;

D Garantia de atendimento às urgências sem comprometimento dos demais atendimentos


(agendados ou espontâneos);

D Equilíbrio da carga horária da equipe entre atendimentos individuais e atividades coletivas


para os usuários. Isto significa que deve haver momentos de consultas, mas precisam ser
previstas atividades de educação em saúde (salas de espera, mobilização social, grupos e
outros) e a realização de procedimentos coletivos;

D Garantia de momento para a equipe reunir-se, tendo a participação de todos os membros.


Nas reuniões a equipe promove o alinhamento do processo de trabalho, discute casos
importantes dos usuários, revisa o perfil epidemiológico da área, realiza educação perma-
nente e outros aspectos.

Em relação às equipes de NASF-AB, segundo Brasil (2014b), são elementos constituintes da


agenda:

D Reuniões de matriciamento com as equipes de referência, que são as equipes de Atenção


Básica com as quais o NASF atua. A periodicidade das reuniões é variável, conforme a moda-
lidade de NASF-AB e o contexto (recomendação de que seja, no mínimo, mensal, desde que
haja também possibilidade de contato à distância);

D Atendimentos individuais (específicos e compartilhados);

D Atendimentos domiciliares (específicos e compartilhados);

D Grupos e atividades coletivas (específicas e compartilhadas);

D Espaço na agenda destinado à elaboração de materiais de apoio, rotinas, protocolos e outras


ações de educação permanente. Recomenda-se reservar na agenda sob demanda, quando
acordado com as equipes vinculadas;
138 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

D Reunião entre os profissionais do NASF-AB e, se possível, também com os profissionais de


outros NASF e de outros pontos de atenção do município.

D Exemplos de disposição dos elementos estruturantes da agenda (BRASIL, 2014b):

D NAFS-AB com 5 a 9 equipes de Atenção Básica vinculadas (profissionais com carga horária
de 40 horas por semana)

• Reunião em equipe NASF-AB: 2 a 4 horas por semana

• Reunião de matriciamento: uma reunião por mês por equipe de Atenção Básica vincu-
lada, com duração mínima de 2 horas

• Turnos para ações compartilhadas (individuais ou coletivas): pelo menos dois a três
turnos por semana

• Turnos para ações específicas do profissional do NASF-AB (individuais ou coletivas):


conforme disponibilidade de agenda

D NAFS-AB com 3 a 4 equipes de Atenção Básica vinculadas (profissionais com carga horária
de 40 horas por semana)

• Reunião em equipe NASF-AB: 2 a 4 horas por semana

• Reunião de matriciamento: uma reunião quinzenal por equipe de Atenção Básica


vinculada, com duração de aproximadamente 2 horas

• Turnos para ações compartilhadas (individuais ou coletivas): pelo menos dois a três
turnos por semana

• Turnos para ações específicas do profissional do NASF-AB (individuais ou coletivas):


conforme disponibilidade de agenda

D NAFS-AB com 1 a 2 equipes de Atenção Básica vinculadas (profissionais com carga horária
de 20 horas por semana)

• Reunião em equipe NASF-AB: 2 horas por semana

• Reunião de matriciamento: 1-2 reuniões semanais por equipe de Atenção Básica vincu-
lada, com duração de aproximadamente 2 horas

• Turnos para ações compartilhadas (individuais ou coletivas): um a dois turnos por


semana

• Turnos para ações específicas do profissional do NASF-AB (individuais ou coletivas):


conforme disponibilidade de agenda
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 139

“Reunião é um espaço de diálogo e é preciso que haja um clima em que todos tenham
direito à voz e à opinião (BRASIL, 2009)”.

✄ Conheça mais na página 55 do material da PNH, disponível em: http://bvsms.saude.


gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_compartilhada.pdf

PARA SABER MAIS!

Assista o vídeo do Dr. Pablo Araújo Alves, sobre a situação da Saúde no Brasil, formas
de organização da agenda, acolhimento à demanda espontânea, e gestão da demanda progra-
mada. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=804rnAspcQU

✄ Consulte o Caderno da Atenção Básica nº 28, volume I, sobre o acolhimento à demanda


espontânea. Acesse e saiba mais em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhi-
mento_demanda_espontanea_cab28v1.pdf
140 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Texto Base 3 | Dia 6 – Tecnologias para o cuidado em saúde

Destacamos a seguir algumas das Tecnologias para o cuidado em saúde de grande relevância
para o trabalho na Atenção Básica:

1. RODA DE CONVERSA: trata-se de uma forma de desenvolver atividades de educação em


saúde. Tem origem no círculo de cultura, utilizado por Paulo Freire para alfabetização de
adultos. Consiste em organizar as pessoas dispostas em círculo, a fim de que todos se olhem
e se vejam. Não existe um palestrante, um professor. Na perspectiva de que todos ensinam
e todos aprendem, há um “animador”, que coordena a roda, promovendo o diálogo e debate
sobre um tema. O mesmo deve ter conhecimento sobre o assunto a ser explorado, a fim de
evitar que o grupo perca o foco, garantindo a fluidez do debate. É importante, também, a
presença de um relator e de alguém que faça as inscrições e controle o tempo de fala, a fim
de garantir a participação e expressão de todos. O ideal é que tenha de 15 a 20 participan-
tes (VOCÊ...,2019).

PARA PENSAR E REFLETIR:

Se o profissional de saúde reunir as pessoas em círculo para fazer uma palestra, ele está
fazendo uma roda de conversa?

PARA SABER MAIS!

Série SUS - Você sabe como fazer uma roda de conversa? https://youtu.be/cy8rxq8xNj8
(7’30’’)

✄ Conheça a experiência sobre adesão ao exame papanicolau, disponível em: http://


redehumanizasus.net/cha-do-bem-estar-papanicolau-conhecimento-e-adesao-ao-exame-
-e-a-estrategia-do-psf-caic-ii/

2. CLÍNICA AMPLIADA: é uma forma de abordagem à situação das pessoas que buscam o
serviço de saúde. Pressupõe uma visão ampliada sobre o processo saúde-doença, tendo
como eixo central o usuário, ou seja, não se deve priorizar uma ou outra abordagem disci-
plinar sobre determinada situação, mas sim integrá-las, buscando o que mais se adequar
àquela situação. Possui como eixos: a concepção ampliada do processo saúde-doença; a
construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas; a ampliação do objeto de traba-
lho e a transformação dos meios ou instrumentos de trabalho. Reconhece a dimensão inter-
-relacional como base do trabalho na AB (BRASIL, 2009).
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 141

PARA PENSAR E REFLETIR

A que se propõe a clínica ampliada? Conheça o relato de uma turma do Mestrado Profissio-
nal de Ensino da Saúde, da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, disponível em: http://
redehumanizasus.net/clinica-ampliada/

PARA SABER MAIS!

✄ A publicação da PNH sobre Clínica ampliada e compartilhada, traz seu conceito na


página 11. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_
compartilhada.pdf

3. FLUXOGRAMA DESCRITOR (ANALISADOR): é uma representação gráfica de todas as


etapas do processo de trabalho que contribui para a realização de uma análise do mesmo, a
partir daquilo que acontece cotidianamente com o usuário no serviço. É uma forma de olhar
o que acontece na operacionalização do trabalho no cotidiano. Nesta análise, são identifica-
das as relações entre os trabalhadores e usuários, os nós críticos do processo de trabalho,
as relações de interesse e de poder, processos decisórios centralizados, etc. O intuito é que,
ao se retratarem todos os processos, se construa um fluxo para que o trabalho flua de forma
mais organizada e eficiente. Três premissas são importantes para a elaboração de um fluxo-
grama descritor: 1) reconhecer que o fluxograma é uma ferramenta e, por consequência,
um meio de produzir análise e autoanálise do processo de trabalho; 2) deve ser elaborado
centrado no usuário; 3) deve ser feito com a própria equipe inserida no processo de traba-
lho (BRASIL, 2005; FRANCO, 2017).

PARA SABER MAIS!

✄ Você pode acessar na pág. 77 do Livro amarelo “Curso de Formação de Facilitadores


de EPS”, disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/curso_facilitadores_
unidade_trabalho.pdf

✄ Conheça o relato do Rogério Café Pessoa no site da Rede Humaniza. Ele comenta sobre a
realização de uma oficina na USF João Sampaio. Disponível em: http://redehumanizasus.net/
oficina-para-construir-o-fluxograma-analisador-do-processo-de-trabalho/

Assista também ao vídeo do professor Túlio Franco (7’22”) https://www.youtube.com/


watch?v=SGnEbjU4X-s
142 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

4. USUÁRIO-GUIA: é o relato da produção do cuidado com um usuário que acompanhamos


no serviço de saúde [...]. Um encontro entre o trabalhador de saúde e o usuário, incluindo
todos os outros encontros que atravessam esta relação: com outros profissionais, com a
família, com outros serviços de saúde, com o bairro, etc. Encontro de encontros…[...] (EPS
em MOVIMENTO, 2014).

É uma das possibilidades para colocar em análise o cuidado realizado a partir da elaboração de
narrativas (EPS em MOVIMENTO, 2014).

PARA SABER MAIS!

✄ Utilizando o link http://eps.otics.org/material/entrada-experimentacoes/usuario-guia


para acessar as pistas de como elaborar uma narrativa partindo do usuário-guia.

Conheça uma narrativa de caso guia, que contribuiu para um momento de educação perma-
nente com uma equipe de saúde do território da atuação da apoiadora do projeto “Sífilis
Não”13, Vania Priamo. Disponível no kit facilitador.

5. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS): é um instrumento que contribui para organiza-


ção do conjunto de propostas de condutas terapêuticas, para um sujeito individual ou cole-
tivo, elaborado entre equipe e usuário. É uma variação de caso clínico, tendo sido bastante
desenvolvido em espaços de atenção à saúde mental (BRASIL, 2010; BRASIL, 2014b).

PARA SABER MAIS!

✄ Quer conhecer mais sobre os quatro momentos em que se desenvolve o PTS? Leia a
pág.74 do Caderno de Atenção Básica nº 39: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
nucleo_apoio_saude_familia_cab39.pdf

✄ Na publicação da PNH, página 39, há mais informações sobre PTS. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_compartilhada.pdf

✄ Conheça o relato do contato inicial da equipe com o PTS, feito por Franklin, em: http://
redehumanizasus.net/projeto-terapeutico-singular-aproximacoes-iniciais-estranhamen-
tos-e-possibilidades-de-trabalho-na-usf-da-comunidade-do-pontal-da-barra-maceio-al/

✄ e uma experiência na USF Santarém, em Natal/RN: http://redehumanizasus.net/


78186-um-olhar-multiplas-conclusoes-relato-de-experiencia-na-usf-santarem/

6. GENOGRAMA E ECOMAPA: o genograma busca organizar os dados referentes à família e

13. Projeto “Sífilis Não” é uma parceria OPAS, OMS, Ministério da Saúde e Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, para apoio a 100 municípios prioritários para organização de ações de enfrentamento da sífilis. Projeto vigente
entre 2017 e 2020. Para saber mais, acesse: www.sifilisnão.com.br.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 143

seus processos relacionais, já o ecomapa mapeia as redes, apoios sociais e ligações da família
com a comunidade. Ambos os instrumentos costumam ser utilizados em associação, tanto
para fins diagnósticos, quanto em planejamento de ações em saúde. Através da produção
de um retrato gráfico, representam-se as relações dentro do sistema multigeracional fami-
liar e as interações da família com pessoas, instituições ou grupos sociais em determinado
momento (BRASIL, 2014b).

PARA SABER MAIS!

✄ Leia a partir da pág. 75 do Caderno de Atenção Básica nº 39, sobre os instrumentos geno-
grama e ecomapa: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/nucleo_apoio_saude_familia_
cab39.pdf

✄ Conheça o relato de experiência e veja que há diversas possibilidades para uso dessas
ferramentas: https://www.cmfc.org.br/sul/article/view/30

✄ Artigo sobre a experiência dos discentes de medicina para compreensão da dinâmica


familiar, disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/
view/23522

7. ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA: é utilizado como um dispositivo para


implantação de novas práticas em saúde, com base na problematização e reorganização
dos processos de trabalho, e pode facilitar a continuidade e redefinição dos projetos tera-
pêuticos dos usuários que procuram a UBS sem agendamento prévio. Possui como princí-
pios: atender a todas as pessoas que procuram os serviços de saúde, garantindo a acessibi-
lidade universal; reorganizar o processo de trabalho, a fim de que o eixo central passe a ser
a equipe e não o médico e qualificar a relação trabalhador-usuário. A equipe deve definir
quem vai receber o usuário que chega; como avaliar o risco e a vulnerabilidade desse usuá-
rio; o que fazer de imediato; quando encaminhar/agendar uma consulta médica; como orga-
nizar a agenda dos profissionais; que outras ofertas de cuidado (além da consulta) podem
ser necessárias, etc. (BRASIL, 2014a; FRANCO, BUENO e MERHY, 1999).

PARA SABER MAIS!

✄ Consulte o Caderno da Atenção Básica nº 28, volume I, sobre o acolhimento à demanda


espontânea. Acesse e saiba mais em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/acolhi-
mento_demanda_espontanea_cab28v1.pdf
144 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

8. INTERCONSULTA: é uma ação em saúde originária do campo da saúde mental. Caracte-


riza-se por ser uma atividade interprofissional e interdisciplinar, que tem como objetivo a
assistência e a ação pedagógica entre serviços de saúde, equipes-profissionais e usuários.
É utilizada para atender a qualquer demanda para a qual se faça necessário compartilhar o
cuidado (FARIAS e FAJARDO, 2015).

PARA SABER MAIS!

✄ Conheça orelato de experiência sobre interconsulta, foi extraído do artigo Intercon-


sulta de Pré-Natal na Atenção Primária à Saúde: compartilhando experiências (SOARES, et
al,2015). Você pode acessar o texto, na íntegra, em http://uece.br/eventos/seminariosaude-
coletiva/anais/trabalhos_completos/263-40344-28062016-093109.doc.

9. MÉTODO DA RODA: UM MÉTODO PARA ANÁLISE E COGESTÃO DE COLETIVOS.

Roda, roda, roda…

Roda que evoca cantigas infantis, samba, candomblé…

Roda: pessoas de mãos dadas, festa coletiva.

O método da Roda carrega consigo esses sentidos e pretende levá-los pra o interior das
instituições.

O trabalho liberto [...] (CAMPOS, 2000).

Esta proposta é um método que busca fortalecer sujeitos e construir uma democracia institu-
cional. Objetiva analisar e gerir pessoas trabalhando em conjunto, com foco em pensar o significado
e o modo como se organiza o trabalho em duas vertentes: produzir bens e serviços necessários ao
público; constituir sujeitos e coletivos. É um método que “tenta reinventar e ampliar as possibili-
dades históricas de mudança” (CAMPOS, 2000, p.17) na lógica da autonomia do sujeito, conforme
a concepção de Paulo Freire. Propõe se estabelecer a partir de quatro funções: gerencial, política,
pedagógica e terapêutica.

PARA SABER MAIS!

✄ O livro em formato digital Um método para análise e cogestão de coletivos (CAMPOS,


2013) é referência para o método da roda. Disponível em: https://www.gastaowagner.com.
br/index.php?preview=1&option=com_dropfiles&format=&task=frontfile.download&cati-
d=23&id=74&Itemid=1000000000000

✄ Conheça uma experiência que retrata os desafios entre a teoria e a realidade do método
da roda: http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v40n108/0103-1104-sdeb-40-108-00034.pdf
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 145

10. SALA DE SITUAÇÃO:

segundo a OPAS,

É um espaço físico e virtual onde a informação em saúde é analisada sistematicamente por uma
equipe técnica, para caracterizar a situação de saúde de uma população. [...] é apresentada e divul-
gada em diversos formatos como tabelas, gráficos, mapas, documentos técnicos ou relatórios estra-
tégicos (OPAS, 201-?).

Neste contexto, a sala de situação, em uma unidade de saúde, pode contribuir para um plane-
jamento e acompanhamento da situação de saúde local, mantendo ainda a informação visível para
a comunidade.

PARA SABER MAIS!

✄ Você pode conhecer um pouco mais sobre a sala de situação da OPAS: https://www.
paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=324:sala-de-situacao-de-
-saude&Itemid=685

✄ Conheça também a sala de situação da Vigilância Epidemiológica da SESAB: http://www.


saude.ba.gov.br/suvisa/vigilancia-epidemiologica/sala-de-situacao/

✄ Conheça a experiência de uma sala de situação para planejamento das ações em


saúde. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view-
File/9898/10159

11. EDUCAÇÃO EM SAÚDE:

Educação em saúde é uma prática social, cujo processo contribui para a formação da consciência
crítica das pessoas a respeito de seus problemas de saúde, a partir da sua realidade, e estimula a
busca de soluções e organização para a ação individual e coletiva (BRASIL, 2007, p.19).

As atividades de educação em saúde podem ser desenvolvidas de diversas formas, conforme a


criatividade dos profissionais, o objetivo e o público a que se destina. Entre elas, temos as ativida-
des de grupos, que podem também ter formato de oficinas, e as “salas de espera”, em que se utiliza
o espaço da sala de espera da UBS para abordar os temas pertinentes junto aos usuários do SUS.

PARA SABER MAIS!

✄ Conheça o relato de experiência no artigo Oficinas educativas para um grupo de gestan-


tes acerca do período gravídico. Disponível em:https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/
article/view/937/566
146 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

✄ Conheça esse relato de experiência: http://redehumanizasus.net/papo-saude-na-sua-


-ubs-alfenas/

✄ A sala de espera pode ser mais do que uma sala de espera: http://redehumanizasus.net/
cantinho-da-leitura-ressignificando-o-espaco-de-espera-do-ambulatorio-do-hilp

12. MATRICIAMENTO OU APOIO MATRICIAL:

O apoio matricial em saúde objetiva assegurar retaguarda especializada a equipes e profissionais


encarregados da atenção a problemas de saúde. [...] pretende oferecer tanto retaguarda assisten-
cial quanto suporte técnico-pedagógico às equipes de referência. Depende da construção compar-
tilhada de diretrizes clínicas e sanitárias entre os componentes de uma equipe de referência e os
especialistas que oferecem apoio matricial (CAMPOS e DOMITTI, 2007, p.399).

Assim, compreende-se como um modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, num
processo de construção compartilhada e colaborativa, elaboram uma proposta de intervenção
pedagógico-terapêutica (BRASIL, 2011).

PARA SABER MAIS!

✄ “O matriciamento não consiste em um saber superior a outro”, disse Paulo de Tarso


Júnior (2017). Quer saber mais o que ele contou? Leia o relato de sua experiência em: http://
redehumanizasus.net/o-matriciamento-como-forma-de-integracao-das-redes-de-atencao-
-a-saude/

✄ Conheça a experiência Matriciamento na Vila, tem até um vídeo. Disponível em: http://
redehumanizasus.net/93417-na-vila-e-assim/

✄ São tantas experiências que tem até um cordel. Disponível em: http://redehumanizasus.
net/cordel-apoio-matricial/

13. VISITA DOMICILIAR: a visita domiciliar (VD) na AB deve ser realizada pela equipe, na pers-
pectiva da promoção, proteção e recuperação da saúde do indivíduo, da família e da cole-
tividade. É uma ação que deve ser liderada pelo ACS, a fim de legitimar sua atuação na ESF.
Por constitui-se numa ação realizada em âmbito domiciliar, leva os profissionais a conhe-
cerem a realidade do indivíduo e sua família, fortalecendo o vínculo entre esses sujeitos. A
equipe pode classificar as famílias por critérios de risco e assim priorizar as visitas domici-
liares para quem mais necessita delas (CAMARGOS, 20-?). Entre as ações de visita domici-
liar, podemos citar cadastramento, busca ativa, ações de vigilância e de educação em saúde,
lembrando que durante uma visita domiciliar também se pode fazer uma consulta ou aten-
dimento e ainda alguns procedimentos.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 147

PARA SABER MAIS!

✄ Conheça uma experiência que retrata a visão do usuário sobre a visita domiciliar. Dispo-
nível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/registro/Visita_domiciliar_
sob_o_olhar_de_usuarios_do_programa_saude_da_familia/291

14. ATENDIMENTO DOMICILIAR: constitui uma ação de cuidado às pessoas impossibilita-


das ou com dificuldade de se locomoverem até a UBS e que possuem algum problema de
saúde que necessite acompanhamento temporário ou permanente. O atendimento domici-
liar na AB possui como fundamentos: abordagem integral à família; consentimento da famí-
lia, participação do usuário e existência do cuidador; trabalho em equipe e interdisciplinari-
dade; estímulo a redes de solidariedade.

15. TELESSAÚDE: consiste na oferta de serviços de atenção à saúde nas situações em que a
distância é um fator crítico, utilizando tecnologias de informação para a troca de informa-
ções imprescindíveis para o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças, para pesqui-
sas e avaliação e para a educação continuada dos profissionais de saúde, com o objetivo
maior de promover a melhoria da saúde (WHO, 2010). Entre os serviços que fazem parte do
telessaúde estão a teleconsultoria, a tele-educação, o telediagnóstico, a telerregulação e a
teleconsulta/telemonitoramento.

• Teleconsultoria: consulta registrada e realizada entre trabalhadores, profissionais e gesto-


res da área de saúde, por meio de instrumentos de telecomunicação, com o fim de esclare-
cer dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saúde e questões relativas ao processo
de trabalho […] (BRASIL, 2011c).

• Tele-educação: utiliza tecnologias de informação e comunicação para atividades educacio-


nais à distância como meio de apoiar a qualificação de trabalhadores, considerando tanto
a complexidade quanto as singularidades do trabalho em saúde. Webaulas, webpalestras e
podcast são exemplos de ofertas da tele-educação (BAHIA, 2019).

• Telediagnóstico: utiliza as tecnologias da informação e comunicação para realizar servi-


ços de apoio ao diagnóstico através de distâncias geográfica e temporal (BRASIL, 2011c).
O exame complementar é coletado, preferencialmente, no âmbito da Atenção Primária
à Saúde (APS), e tem seu laudo realizado em centros de referência, sem a necessidade da
presença do médico especialista no momento da execução do exame (BAHIA, 2019).

• Telerregulação: é a integração das teleconsultorias com as centrais de regulação e de


marcação de consultas especializadas, como uma forma de qualificação do acesso para que
a consulta aconteça em tempo oportuno e o número de encaminhamentos desnecessários
seja reduzido (BRASIL, 2015b).

• Teleconsulta/telemonitoramento - atendimento pré-clínico, de suporte assistencial, de


consulta e monitoramento por meio de tecnologia da informação e comunicação. As consul-
tas à distância devem seguir protocolos já estabelecidos, devem ser realizadas por meio de
escuta qualificada e precisam também ser registradas no Prontuário Eletrônico do Cida-
dão (PEC) ou nas Fichas de Coleta de Dados Simplificadas (CDS), da mesma forma que as
consultas presenciais (BAHIA, 2020).
148 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

IMPORTANTE!

A Bahia possui um serviço exclusivo de telessaúde. O vídeo a seguir orienta o cadastro e


utilização da plataforma Telessaúde BA. Acesse e conheça as oportunidades dessa ferra-
menta!

✄ https://www.youtube.com/channel/UC7ZvaumIwltw0ZTn1LF3qfg?view_as=subscri-
ber

✄ Para ter acesso a todas as webpalestras realizadas pelo Telessaúde Bahia, basta se
inscrever e seguir o canal no youtube. É fácil e gratuito: https://www.youtube.com/user/
CanalTelessaudeBA

PARA SABER MAIS!

✄ Conheça a experiência de profissionais da estratégia de saúde da família na Bahia que


utilizaram o serviço de telessaúde. Disponível em http://cetes.medicina.ufmg.br/revista/
index.php/rlat/article/view/237

✄ Caso você, como facilitador(a), não tenha familiaridade com a proposta da roda de
conversa, ou deseje aprimorar-se, sugerimos um vídeo curto da Série SUS - Você sabe como
fazer uma roda de conversa? https://youtu.be/cy8rxq8xNj8(7’30’’)

✄ O site da Rede Humaniza apresenta relatos de experiências de atividades desenvolvi-


das na AB no país inteiro. Ficou curioso? Quer conhecer outras equipes e saber mais sobre o
trabalho em equipe e outras experiências da AB? Acesse:http://redehumanizasus.net/
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 149
3ª etapa - Interação Pedagógica

DIA 7
Querido(a) trabalhador(a), chegamos ao último dia do AP e temos algumas missões importantes: conversar sobre
Educação Popular em Saúde; discutir sobre outras estratégias de interação com a comunidade e o território, abordando
a Educação em Saúde; e compreender a educação permanente enquanto dispositivo para a equipe dar seguimento ao
processo de qualificação profissional iniciado no AP. A seguir, apresentamos os objetivos e a proposta de cronograma para
esse dia.

D Refletir sobre Educação Popular em Saúde;

D Aprofundar a compreensão sobre estratégias de Educação em Saúde;

D Exercitar o planejamento de oferta educativa para a comunidade;

D Refletir sobre a EP como dispositivo para a equipe desenvolver seu processo de qualifica-
ção profissional;

D Exercitar a elaboração de um plano de EP;

D Sendo este o último dia de interação presencial, é muito importante também um fecha-
mento deste ciclo realizando a avaliação do AP.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 151

Quadro 31 - Programação do Dia 7.

3ª ETAPA – INTERAÇÃO PEDAGÓGICA | DIA 7

ATIVIDADE

08h às 08h30 Acolhida dos Trabalhadores

08h30 às 11h Conversando sobre Educação Popular em saúde, Educação em Saúde e Educação Permanente (EP)

INTERVALO

11h15 às 11h45 Avaliação do AP

11h45 às 12h Encerramento do AP

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020, FALLEIRO; PRIAMO, 2020.

Figura 7 - Pinakarri

Fonte: (BLANKEet al, 2013)


152 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

O “Pinakarri” pode ser solicitado por qualquer membro do grupo, a qualquer momento
em que sentir a energia das pessoas baixando; ou que o grupo esteja muito disperso, com
excesso de conversas paralelas; ou naquele momento em que as pessoas estão com dificul-
dade de chegar a um consenso, com rigidez nas opiniões ou com dificuldade de abrir mão de
suas convicções ou ideias individuais em benefício do grupo (BLANKE et al, 2013).

O quadro abaixo deve ser usado na atividade sobre educação em saúde:

Quadro 32 - Matriz para planejamento de ação educativa.

(PALESTRA, FEIRA DE SAÚDE,

QUANDO SERÁ REALIZADA


MATERIAIS NECESSÁRIOS

ONDE SERÁ REALIZADA


OBJETIVO A ALCANÇAR

PEÇA TEATRAL, ETC.)


TIPO DE ATIVIDADE
PÚBLICO- ALVO

RESPONSÁVEIS
TEMA

Fonte: DAB/SAIS/SESAB, 2020.

EPS em Movimento | Depoimento Merhy - Disponível em: https://youtu.be/1SU-


6kbRw254 (13’01”)

O quadro a seguir deve ser preenchido durante a atividade sobre educação permanente:
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 153

Quadro 33 - Matriz para o plano de educação permanente da equipe.

PLANO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DA EQUIPE

TEMA NECESSIDADE PROPOSTA de EP FACILITADOR

Fonte: FALLEIRO; PRIAMO, 2020, SESAB, 2020.

Anote suas reflexões no Diário de Campo do Trabalhador.

Após o aprendizado de hoje, você receberá uma ficha para avaliação do Acolhimento Pedagó-
gico. A avaliação é muito importante, por isso, pedimos que responda com tranquilidade. Contamos
com você para fazer momentos, como esse, cada vez melhores!

Foi ótimo estar contigo nessa jornada!

CIRANDA:

MINHA CIRANDA
(Lia de Itamaracá)

Essa ciranda não é minha só


Ela é de todos nós
A melodia principal quem
Guia é a primeira voz

Pra se dançar ciranda


Juntamos mão com mão
Formando uma roda
Cantando uma canção
154 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

O cordel a seguir também é uma possibilidade de finalização, em especial se seu


grupo contou com trabalhadores da equipe multiprofissional.

O NASF
(Alberis Luís, estagiário de Psicologia UNIFAVIP/ Caruaru-PE)

Essa história que eu vou contar Esse núcleo de apoio é enxerido


É pra gente jamais esquecer Num é que tem profissional demais
Em 2008 uma portaria foi lançada De Médico, Nutricionista, Psicólogo
Pra o danado do Nasf nascer. Fonaudiólogo e Assistente Social.

Pra ampliar a resolubilidade A Saúde da Família agora mudou


A abrangência e a qualidade com apoio matricial no decisório
Os núcleos vão ganhando forças construção de PTS, atendimento comparti-
Nos cantos de toda cidade. lhado
dando suporte no território.
Com a equipe multiprofissional
A integração vai acontecer A clínica ampliada agora é diferencial
Com a ESF sendo apoiada O Nasf vai seguindo no que pensa
Pra atenção básica fortalecer. Como núcleo de apoio e abrangência
O sujeito é o foco e não a doença.
Pra mode o núcleo ampliar
É preciso do apoio total Pense numa história cheia de novidade
Compartilhando os saberes É desse Nasf de toda cidade
Na lógica matricial. Pra mode ter mais facilidade
Busca ajuda pela intersetorialidade.
Essa história ainda tem o que contar
E foi em 2011/2012 que o ministério fez Vou finalizando essa história
A portaria teve que acrescentar E deixo um recado pro senhor e pra senhora
Agora é Nasf 1, Nasf 2 e Nasf 3. Pra saúde do povo melhorar
O Nasf tá em todo lugar.

✄ Fonte: http://redehumanizasus.net/96002-cordel-do-nasf-nucleo-de-apoio-a-saude-
-da-familia/

Foi ótimo estar contigo nessa jornada!


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 155

Texto Base 1 | Dia 7 – Educação Popular em Saúde

A Educação Popular em Saúde é um tema que merece ser conhecido por todos os profissionais
que atuam diretamente com AB, nas comunidades e nas regiões com maior vulnerabilidade, por
entendermos que, nestes lugares, há uma maior necessidade de luta pela dignidade e pela igualdade
de direitos, que são questões relevantes para a qualidade de vida das pessoas. Não temos a preten-
são de esgotar este assunto aqui, neste Manual, mas consideramos este um elemento essencial para
a integração das equipes com o território pelo qual são responsáveis.

Segundo Vasconcelos (2014), para atuar junto às chamadas classes subalternas, não é suficiente
buscar apenas as soluções para os problemas de saúde de forma dialogada. É preciso compreender
que, naquele local, existem outros valores, diferentes daqueles em que está inserida a maior parte
dos trabalhadores da saúde. Muitas vezes, isso significa destituir-se do seu saber pré-existente para
então compreender o lugar do outro e, nesta interação, construir um diálogo efetivo (FALLEIRO,
2010).

Já abordamos, no início do AP, o tema dos DSS e também falamos sobre a importân-
cia da produção de cuidado na perspectiva da clínica ampliada, com foco no bem-estar, e
não exclusivamente na doença ou num indivíduo de forma isolada do seu contexto social.
Ajude os trabalhadores a lembrar sugerindo que relembrem o conceito ampliado de saúde.

No Brasil, a Educação Popular em Saúde (EPS) vem se consolidando, na perspectiva de inte-


gração entre saúde e educação, como uma prática social que visa à autonomia das pessoas, estimu-
lando uma visão amorosa e ao mesmo tempo crítica sobre a realidade e sobre o processo de adoe-
cimento e o cuidado em saúde. A EPS foi institucionalizada como Política Nacional de Educação
Popular em Saúde no ano de 2013 (BRASIL, 2013b).

Ações de EPS poderão vir a contribuir com a promoção da saúde e a qualificação da educação em
saúde tradicionalmente realizada, fortalecendo vínculos emancipatórios para que o cidadão tenha
cada vez mais autonomia de decisão em como se cuidar e mais amplamente no seu jeito de andar a
vida. Vale destacar que, na perspectiva de fortalecer a mudança do modelo de atenção centrado na
doença, é muito significativa a aproximação dos serviços de APS às práticas populares de cuidado,
pois estas carregam uma visão de mundo e de saúde que se aproxima dos princípios que cotidiana-
mente temos nos esforçado para implementar, como a integralidade, a humanização e o acolhimento
(BONETTI, CHAGAS e SIQUEIRA, 2014. p.16).

Segundo Pulga (2014,p.126), os fundamentos dos processos educativos na perspectiva da EPS


são:

D Diálogo:

“É preciso recuperar a educação como diálogo, síntese do processo educativo e dimensão funda-
156 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

mental de reconhecimento de sujeitos, que são agentes de uma história, trajetória, cultura e valo-
res” (PULGA, 2014, p.126).

D Humanização:

“É preciso reconhecer a dimensão pedagógica das relações humanas como parte constitutiva do
trabalho em saúde. [...] A educação problematiza a própria vida humana e busca a construção de
sentidos para qualificá-la e fortalecê-la em todas as suas dimensões [...]” (PULGA, 2014, p.126).

D Sujeito total, ser humano integral:

Educar é trabalhar com a totalidade das dimensões do sujeito [...]. O ser humano precisa ter autono-
mia e maturidade para tomar decisões, enquanto sujeitos conscientes e éticos, cuja expressão se dá
pela vivência cotidiana de valores, atitudes, ações e posturas condizentes com a ética [...] (PULGA,
2014, p.126).

D Matrizes Pedagógicas:

Para criar eixos geradores da construção do sujeito é preciso


trabalhar a partir de matrizes pedagógicas, como o corpo. A
educação e a saúde se encontram em algum lugar, este lugar é
o corpo. Outras matrizes são bastante familiares, como a pala-
vra, que é capaz de mudar valores, consciência e hábitos. Ou
como o trabalho, cujas condições materiais devem ser huma-
nizadoras. Há também as condições de convívio, de interação,
onde, a partir do relacionamento e da troca de experiências, as
pessoas se educam (PULGA, 2014, p.126).

PARA SABER MAIS

✄ II Caderno de Educação Popular em saúde. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/


bvs/publicacoes/2_caderno_educacao_popular_saude.pdf
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 157

Texto Base 2 | Dia 7 – Educação em Saúde

Um dos dispositivos para o desenvolvimento de ações de educação em saúde é o Programa


Saúde na Escola (PSE), que visa à integração e articulação permanente da educação e da saúde,
numa perspectiva do conceito ampliado de saúde.

A Escola é a área institucional privilegiada deste encontro da educação e da saúde: espaço


para a convivência social e para o estabelecimento de relações favoráveis à promoção da saúde
pelo viés de uma Educação Integral.

Para o alcance dos objetivos e sucesso do PSE é de fundamental importância compreender a


Educação Integral como um conceito que compreende a proteção, a atenção e o pleno desenvol-
vimento da comunidade escolar. Na esfera da saúde, as práticas das equipes de Saúde da Famí-
lia incluem prevenção, promoção, recuperação e manutenção da saúde dos indivíduos e coletivos
humanos (BRASIL, 2020).

PARA SABER MAIS

✄ conheça a experiência que avaliou as ações desenvolvidas pelas equipes da Estratégia


Saúde da Família (ESF) e seu impacto na melhoria da qualidade de vida dos adolescentes em
Sobral (CE), com olhar sobre os componentes do PSE. Disponível em: https://sanare.emnu-
vens.com.br/sanare/article/view/929

As rádios comunitárias também podem ser aliadas da equipe de saúde na divulgação de infor-
mações sobre a UBS, como horário de funcionamento, agendas e horário das atividades, campanhas
e também para o repasse de informações sobre cuidados em saúde. Trata-se de radiodifusão sonora,
com cobertura restrita. Podem explorar esse serviço somente associações e fundações comunitá-
rias sem fins lucrativos, com sede na localidade da prestação do serviço. As estações de rádio comu-
nitárias devem ter uma programação pluralista, sem qualquer tipo de censura, e devem ser abertas
à expressão de todos os habitantes da região atendida. (AGERT: https://www.agert.org.br/index.
php/2-noticias/12042-o-que-e-uma-radio-comunitaria).

PARA PENSAR E REFLETIR

Já pensou que pode ter uma rádio comunitária na localidade da UBS, que é ouvida por diver-
sas pessoas, e que pode servir como um elo entre a equipe e a comunidade?
158 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

PARA SABER MAIS

✄ Conheça a experiência com a webrádio, que produziu um diálogo com jovens sobre
métodos contraceptivos, no sertão do Ceará. Disponível em: https://sanare.emnuvens.com.
br/sanare/article/view/1219

Uma outra ferramenta para a promoção do cuidado e da saúde no território é o Projeto


de Saúde no Território (PST), uma estratégia das equipes de SF e NASF-AB. Fundamenta-se
em 3 pilares: a) promoção da saúde; b) participação social; c) intersetorialidade. Investindo,
assim, na qualidade de vida e na autonomia de sujeitos e comunidades (NASCIMENTO et
al, 2018; BRASIL, 2010b).

O PST busca estabelecer redes de cogestão e corresponsabilidade, instaurando um


processo de cooperação e parceria entre os diversos atores sociais do território. Auxi-
lia, ainda, o fortalecimento da integralidade do cuidado, à medida que trabalha com ações
vinculadas à clínica, à vigilância em saúde e à promoção da saúde, partindo da identifica-
ção de uma situação-problema e de seus agravantes à saúde da população no território
(NASCIMENTO et al, 2018; BRASIL, 2010b).

PARA SABER MAIS

✄ Conheça a experiência que utilizou a proposta de Projeto Saúde no Território como


estratégia para promoção da cultura de paz em uma unidade de saúde em Sobral/CE. Dispo-
nível em: https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/1268.

As atividades em grupo também são uma ferramenta importante de educação em saúde.

[...]as práticas grupais de educação em saúde na Atenção Básica são excelentes espaços e oportu-
nidades de promoção à saúde. O vínculo, o acolhimento, a escuta, o apoio, o suporte e o espaço de
reflexão que existem nesses grupos promovem saúde, fortalecendo os sujeitos e prevenindo o adoe-
cimento. Mas podemos ousar ir além. Existem hoje, na Estratégia Saúde da Família, diversos exem-
plos de grupos que começam a ser feitos nessa lógica de empoderamento e de participação, mas
não apenas dentro de uma perspectiva de educação em saúde. São grupos de suporte e de apoio,
promovendo novos hábitos, atividades, modificando estilos de vida e relações interpessoais. Além
disso, esses grupos representam intervenções especialmente eficazes em termos de promoção e de
prevenção (BRASIL, 2014, p.68).

A integração de ações da equipe multiprofissional com as equipes de Saúde da Família


também contribui para a integralidade do cuidado, aumenta o escopo das ações da equipe de saúde
e provoca uma abordagem ampliada sobre o processo saúde-doença.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 159

PARA SABER MAIS!

✄ O texto “O processo de trabalho em diferentes modalidades de Apoio do NASF no Muni-


cípio do Oeste Baiano”, de Alan J.J. Costa, contribui para a reflexão do processo de trabalho
integrado com o NASF-AB. http://historico.redeunida.org.br/editora/biblioteca-digital/cole-
cao-micropolitica-do-trabalho-e-o-cuidado-em-saude/experiencias-de-apoio-institucional-
-no-sus-pdf

EPS em Movimento - Laura Camargo Macruz Feuerwerker. Disponível em: https://


youtu.be/x791Rw9_B8k (10’31”)

✄ Há também materiais que podem ser explorados na plataforma do Curso de Educação


Permanente em Saúde em Movimento. Acesse: http://eps.otics.org/
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CASO GUIA

PARTE 1 - O município de Sertão Bonito


Sertão Bonito é um município de pequeno porte, localizado no interior da Bahia, distante 350
km de Salvador. Foi emancipado há 87 anos, no dia 8 de dezembro, data em que se comemora o dia
de Nossa Senhora Imaculada Conceição, padroeira da Bahia.

O local já era conhecido por esse nome antes da emancipação, por se tratar de um lugar de onde
era possível ver uma grande extensão de terras. Além disso, a facilidade de acesso para os comer-
ciantes tornou o lugar “bonito” também para os negócios. Seus munícipes são conhecidos por boni-
to-sertanense ou sertaozinhenses.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

A cidade possui extensão territorial de 9.090,75 Km² e, na área urbana, está dividida em quatro
bairros: Sertão Antigo, Sertão Novo, Comércio e Mandacaru. O município possui ainda duas locali-
dades rurais: distritos de Xique-Xique e Olhos D’água.

O clima é semiárido, chove em poucas épocas do ano.


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População Total 17.946 habitantes

População Zona Rural 6281 habitantes (35%)

População Zona Urbana 11.665 habitantes (65%)

Produto Interno Bruto (PIB) per capita R$ 4.173,22

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 0,592 (baixo)

Programa Bolsa Família 4.128 habitantes (23%)

Pirâmide etária do município:

A população é constituída por 8.932 mulheres(49,8%) e 9.014 homens (50,2%). A distribui-


ção por faixa etária demonstra que 12,97% são crianças entre 0 e 9 anos; 17,15% são adolescentes
entre 10 e 19 anos; 55,15% são adultos entre 20 e 59 anos; e 14,73% são idosos acima de 60 anos,
sendo que quatro idosos estão com idade de 100 anos ou mais.

A maior parte da população (75%) se autodeclara negra ou parda (13.460 pessoas).

A principal atividade da economia local é a feira municipal, que acontece semanalmente, às


quintas-feiras, no centro da cidade, no Bairro Comércio. Neste dia, o município recebe pessoas de
toda a região para vender e comprar produtos como alimentos, vestuário, panelas, vassouras, cerâ-
micas, artesanatos e produtos locais, como hortifrutigranjeiros. Os moradores da zona rural contam
com o ônibus da prefeitura para levá-los até o local da feira.
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Esta feira representa também um evento sociocultural, em que moradores e visitantes se


encontram para fazer negócios, visitar os amigos, fazer compras, jogar dominó, comer salgados e
beber cerveja e cachaça. Alguns restaurantes oferecem música e, esporadicamente, artistas locais
se apresentam nesta feira a partir das 11 horas. Há também uma feira de artesanato permanente,
no centro cultural da cidade, no bairro Sertão Antigo, que contribui para incentivar a economia local.

Na sede do município (zona urbana), predominam as casas de adobe ou tijolo. A maioria das
casas possui água encanada, porém, devido à seca, carros pipa abastecem a cidade a cada 15 dias.
Apenas 31% dos domicílios possuem esgotamento sanitário adequado; para os demais, o destino
das fezes e urina se dá a céu aberto ou por fossa. Há coleta de lixo duas vezes por semana. Entre-
tanto, não há aterro sanitário adequado e o resíduo é depositado em um terreno na saída da cidade.
Em 65% das casas há energia elétrica. Apenas 15% das vias públicas são asfaltadas.

Na zona rural, a maioria das casas é de taipa revestida. O Riacho do Angico, que faz divisa entre
a sede e a estrada que dá acesso ao distrito de Olhos D’Água, secou há 10 anos. Quando chove, a
pouquíssima água do riacho é barrenta e imprópria para o consumo. Em torno de 1/3 das proprieda-
des possuem cisternas, as demais dependem dos carros pipa que levam água uma vez ao mês para os
dois distritos. As fezes e urina são destinadas a fossas ou mesmo a céu aberto. A coleta de lixo acon-
tece apenas a cada 15 dias em cada localidade, e os moradores frequentemente queimam e enter-
ram os resíduos. A maior parte da população desta área não possui energia elétrica em suas casas.
Apenas algumas propriedades de famílias mais ricas possuem acesso à rede elétrica e uma minoria
possui geradores. Todas as vias de acesso são de estrada de chão e não há iluminação pública.

Equipamentos sociais

Há uma praça, em frente à igreja matriz da cidade, onde as pessoas se encontram logo após a
missa; um Ginásio Municipal, onde acontecem alguns eventos da prefeitura e os jogos escolares; um
campo de futebol, que recebe torneios locais e regionais; e uma rádio comunitária, que funciona nos
dias de feira e realiza a transmissão das partidas de futebol da comunidade.

Dados da Educação

O município possui 14 quatorze estabelecimentos de ensino, sendo nove escolas (sete na sede
e duas na zona rural) e cinco creches municipais. A taxa de escolarização de 6 a 14 anos é de 94%.

Dados da saúde

Possui um Hospital de Pequeno Porte (HPP) com 15 leitos, sendo um leito de Parto, Pós-parto
e Puerpério (PPP); e uma Unidade de Suporte Básico (USB) do SAMU, com central de regulação no
município sede da Região de Saúde.

O munícipio desenvolve a atenção básica por meio de três equipes de Saúde da Família14, que

14. Considerando as diversas mudanças na Política da Atenção Básica e consequentemente nos mé-
todos de cálculo de cobertura de Saúde da Família, sugere-se que seja realizado o cálculo de cobertura de
acordo com o método que esteja vigorando no momento da oficina.
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cobrem cerca de 57,67%, e uma equipe de Atenção Básica na sede (atuando na UBS Centro). As
equipes de Saúde da Família (eSF) estão assim distribuídas: duas na sede (ambas atuando na UBS
Mandacaru) e uma na zona rural (atuando na UBS de Olhos D’Água). A equipe de Atenção Básica
possui uma enfermeira atuando 40 horas semanais e três médicos atuando 20 horas cada. Existem
duas equipes de Saúde Bucal, uma atuando 40 horas semanais na equipe da UBS Olhos D’Água, e
outra na UBS Mandacaru, sendo 20h de atuação em cada eSF desta unidade.

No âmbito da atenção básica, há ainda uma Academia da Saúde e um Núcleo Ampliado de Saúde
da Família e Atenção Básica - NASF-AB (composto por dois fisioterapeutas, um nutricionista, um
assistente social, um psicólogo e um professor de educação física), que dá suporte a todas as unida-
des do município.

Unidade Básica de Saúde Flor de Mandacaru

Localizada no bairro Mandacaru, esta unidade foi fundada há 13 anos. Possui uma estrutura
física boa, incluindo consultório odontológico, recepção e sala de vacina, mas foi construída para
acomodar apenas uma equipe de saúde e hoje comporta duas: Flor 1 e Flor 2. Não há espaço para
todos os profissionais, faltam consultórios e a recepção está pequena para tanta gente. Nos dias que
contam com atendimento da equipe NASF-AB, o revezamento de consultórios é ainda mais compli-
cado, o que ocasiona, para alguns profissionais, um turno de folga.

A equipe Flor 1 foi a primeira equipe na modalidade Saúde da Família a ser implantada no muni-
cípio de Sertão Bonito. Possui uma população adscrita de 5.000 pessoas, residentes na zona urbana.
Frente às condições de vulnerabilidade identificadas no Bairro Mandacaru, como uma área de inva-
são com 280 pessoas na fronteira com o bairro Comércio e a necessidade de ampliar o atendimento
para uma parcela da população da localidade de Xique-Xique, a gestão municipal decidiu implantar
mais uma equipe de Saúde da Família, a Flor 2.

A equipe Flor 2 funciona há 8 anos nesta unidade e aguarda a realização da promessa de amplia-
ção da estrutura física da UBS Flor de Mandacaru. Possui uma população de 4.150 pessoas na sua
área de abrangência, sendo ⅕ na zona rural, onde foi adaptada uma casa para funcionar como UBS
satélite. A extensão territorial da área adscrita da equipe Flor 2 é maior, em relação à equipe Flor 1.
Contudo, esta última é mais populosa. A equipe de Saúde Bucal divide seu tempo de atendimento
entre os dois territórios adscritos.

Tanto a equipe Flor 1 quanto a Flor 2 possuem dificuldades para concluir seu processo de
territorialização. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) das duas equipes estão redistri-
buindo as áreas e atualizando os cadastros, conforme as orientações da nova política de finan-
ciamento da AB, o que tem gerado alguns atritos com a população, por conta da mudança de ACS
para algumas famílias.

No dia da feira, os moradores da zona rural que necessitam de atendimento aproveitam o trans-
lado do ônibus da prefeitura. Assim, a UBS Flor de Mandacaru e a UBS Centro, localizada no bairro
Comércio, ficam bastante cheias neste dia, sendo necessário distribuir senhas de atendimento por
ordem de chegada.

Aqui foi evidenciado o método de cálculo para estimativa da população coberta pelas equipes da Estratégia
Saúde da Família, conforme Nota Técnica Explicativa do Ministério da Saúde, disponível no site e-gestor (ht-
tps://egestorab.saude.gov.br/paginas/acessoPublico/relatorios/nota_tecnica/nota_tecnica_relatorio_de_co-
bertura_AB.pdf): (nº eSF x 3.450/população) x 100.
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As duas equipes não possuem frequência de encontros para reunião. Geralmente, se reúnem
quando a coordenadora da AB envia ofício para a unidade, para falar sobre algum indicador de
saúde que está “frágil” e solicitar empenho para melhoria; ou, ainda, sobre alguma campanha a ser
realizada, como o outubro Rosa.

Composição da equipe - UBS Flor de Mandacaru

1 gerente da unidade (40 horas): Léa - enfermeira sanitarista

1 vigia (40 horas): Adroaldo - distribui as senhas de atendimento;

1 auxiliar administrativo na recepção da unidade (40 horas): Aretuza

1 auxiliar de limpeza (40 horas): D. Fatinha

1 cirurgiã-dentista (40 horas - 20 horas por equipe): Dra. Nildinha

1 auxiliar de saúde bucal - ASB (40 horas - 20 horas por equipe): Gideon

Equipe Flor 1

1 médica pediatra (40 horas): Dra. Ilana - atende três dias na semana

1 enfermeira (40 horas): Priscilla

2 técnicos de enfermagem (20 horas cada): Doralice e José Carlos (Zeca)

6 ACS (40 horas): Alencar, Miriam, Eliane, Maria das Graças (Gracinha), Santiago e Marta
(licença médica)

Equipe Flor 2

1 médico generalista (40 horas): Dr. Deoclécio - atende três dias na semana

1 enfermeiro (40 horas): Jailton

2 técnicas de enfermagem (20 horas cada): Rita de Cássia e Terezinha

6 ACS (40 horas): Lindainês, Louanne, Mirtes, Roberto, Marciano e Conceição (localidade de
Xique-Xique)

Atividades realizadas pelas equipes:

• Visitas Domiciliares: solicitadas pelos ACS, com priorização de consultas puerperais e para
idosos acamados;
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• Grupos realizados na UBS: pessoas com hipertensão e diabetes (para renovar receita);
idosos; gestantes (com apoio de uma ONG que distribui fraldas, lata de leite e roupas para
os bebês); grupo para mulheres que querem perder peso, organizado por profissionais do
NASF-AB (nutricionista, fisioterapeutas, psicóloga, professor de educação física);

• Atendimentos NASF-AB: agenda de cada profissional na unidade às terças e quartas-feiras.


Pode ser encaminhado por outro profissional ou agendado pelo ACS;

• Reunião da equipe de ACS: uma vez ao mês para fechamento da produção;

• Atendimento zona rural: às quartas-feiras, pela equipe Flor 2, na UBS satélite. Entretanto,
o carro que transporta os profissionais é também utilizado para transportar pacientes para
atendimento em outros municípios, e a população da zona rural frequentemente precisa se
deslocar até a UBS Centro, ou tentar atendimento por meio das fichas de demanda espon-
tânea na UBS Flor de Mandacaru;

• Agendamento de consultas médicas: a agenda abre no primeiro dia útil do mês, sendo o
próprio usuário responsável por ir à unidade para marcar.

• Atendimento médico na UBS: tanto a médica da equipe Flor 1 quanto o da equipe Flor 2
atuam três dias por semana, sendo que um turno é reservado para as visitas domiciliares e
um turno para o pré-natal médico de cada equipe.

• Atendimento à demanda espontânea: são realizados 10 atendimentos pela manhã e 10


atendimentos pela tarde, independentemente se são casos de urgência ou não.

• Sala de espera: conta com apoio de alguns ACS e ocorre como ação de reforço das campa-
nhas municipais, como o outubro Rosa;

• Coleta de Preventivo e Planejamento Familiar: realizados em um turno por semana, pelo


enfermeiro de cada equipe.

• Tratamento odontológico: a agenda também é aberta no primeiro dia útil do mês e a marca-
ção é para quatro dias da semana, sempre com um turno por dia para pessoas adscritas de
cada equipe (manhã - Flor 1; tarde - Flor 2). Um dia por semana é reservado para atendi-
mento de gestantes das duas áreas, encaminhadas pela enfermeira. Uma vez por mês não
ocorre atendimento em consultório para ser realizada atividade de escovação coletiva nas
duas escolas municipais do bairro.

• Atividades do Programa Saúde na Escola (PSE): a equipe prioriza o cumprimento das ações
previstas no planejamento anual do PSE e não consegue adaptar as ações conforme as
demandas que surgem ao longo do ano. As professoras sempre solicitam ações educati-
vas sobre sexualidade, porque há muitos casos de adolescentes com vida sexual ativa e de
gestantes nesta faixa etária. A enfermeira da equipe também identifica a necessidade de
abordar o tema sexualidade com os alunos, porém, há uma dificuldade de integrar a agenda
das escolas com a agenda do NASF-AB, o que impossibilita a realização de mais atividades
além do programado.
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Mais informações de saúde do município (2018):

D Número de nascidos vivos: 232

D Proporção de nascidos vivos de mães com 7 ou mais consultas de pré-natal: 67,73%.

D Mortalidade infantil: 14,3 óbitos por mil nascidos vivos.

D Proporção de óbitos infantis e fetais investigados: 0%.

D Número de casos novos de Sífilis Congênita (SC) em menores de 1 ano de idade: 3

D Número de casos novos de AIDS em menores de 5 anos: 0

D Proporção de vacinas selecionadas do Calendário Nacional de Vacinação para crianças


menores de dois anos de idade com cobertura vacinal preconizada: 78,57%

D Proporção de internações por condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde: 35,86%.

D Proporção de internações por hipertensão arterial sistêmica: 80% das internações por
doenças cardiovasculares.

D Prevalência de diabetes: 1.552 pessoas com diabetes.

D Número de casos notificados de Sífilis em Gestante: 8

D Casos notificados de Intoxicação Exógena por Agrotóxico: 1

D Casos confirmados de Intoxicação Exógena por Agrotóxico: 0


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PARTE 2 - Uma reunião na UBS Flor de Mandacaru


Sexta-feira à tarde. “Um sol escaldante”. Léa, a gerente da UBS Flor de Mandacaru, convocou as
equipes para uma reunião, cuja pauta é a investigação de notificação de sífilis congênita e a situação
da sífilis no município de Sertão Bonito. Ela aguarda que todos se acomodem e inicia:

LÉA (gerente ): Boa tarde a todos e todas! Na terça-feira, pela manhã, eu participei
de uma reunião na SMS com a enfermeira do Hospital, Gilda, e a nova coordenadora da Atenção
Básica do município, Marina, que está presente em nossa reunião hoje (Marina, cumprimenta o
grupo). Esta reunião teve como pauta a situação da sífilis no nosso município e a necessidade de
investigação de três casos de sífilis congênita notificados no ano de 2018.

Todos fazem cara de espanto, mas sabem que só no ano de 2018 identificaram oito gestantes
com sífilis, entre elas, duas adolescentes. Realizaram o tratamento de sete gestantes, porém apenas
quatro parcerias sexuais, destas gestantes, foram tratadas. De toda forma, três casos de sífilis
congênita notificados é um número alto frente à população do município. A Organização Mundial da
Saúde (OMS), recomenda um número menor que 0,5 por mil nascidos vivos, e Sertão Bonito regis-
trou 3,87 por mil nascidos vivos.

Léa continua:

LÉA (gerente ): Infelizmente, os três casos que a Câmara Técnica Estadual de Trans-
missão Vertical determinou a investigação pelo município estão na área de abrangência das equi-
pes Flor 1 e Flor 2, sendo dois desses casos notificados aqui no nosso Hospital Municipal e o outro
caso em uma maternidade em Salvador. Como vocês sabem, a Sífilis Congênita é um agravo de
notificação compulsória desde o ano de 1986, e todos os casos devem ser investigados pelas equi-
pes, conforme recomendação do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde da Bahia.
Ainda não temos uma Câmara Técnica Municipal e, por isso, temos que responder sobre estes
casos em até 15 dias para a Câmara Estadual, preenchendo a ficha de investigação. Assim, ao me
reunir com Marina, para responder, percebemos que faltam dados para finalizar as investigações,
como idade da mãe, raça/cor, escolaridade, unidade de saúde em que realizou o pré-natal, entre
outros que vocês poderão observar nas fichas. Então, decidi chamar essa reunião, pois preciso do
empenho de vocês para preenchê-las e também aproveitar o momento para atualizar algumas
questões referentes a notificação. Já vou entregar o material para vocês.

Após distribuir o material, Léa comenta:

LÉA (gerente ): Ainda falando sobre a sífilis: na reunião foi comentado sobre o
aumento de detecção dos casos de sífilis congênita, em gestante e adquirida em nosso município,
desde 2017. Tem o lado bom, de termos melhorado a notificação desse agravo no SINAN, o
Sistema de Informação de Agravos de Notificação, mas, por outro lado, mostra a necessidade de
reorganizar melhor nossos serviços para proceder com o controle desse agravo. Sendo assim,
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temos algumas tarefas para executar: a primeira, é realizar teste rápido em todos usuários que
chegam na unidade de saúde; a segunda, é realizar a aplicação de penicilina na UBS, conforme
protocolo estabelecido; a terceira, é realizar atividade nas escolas, sobre prevenção de infecções
sexualmente transmissíveis (IST) e uso de preservativo; a quarta, realizar ...

Uma voz no canto da sala interrompe a fala da gerente:

DORALICE (técnica de enfermagem ): Espera ai!!Eu mesma não vou aplicar penicilina
aqui na unidade, pois não tem carrinho de parada e não vou comprometer minha atuação profis-
sional. Além disso, essa meninada, que está aí, não quer nada com a hora do Brasil, alguns vem
pegar camisinha aqui no posto, mas é pra ficar se amostrando, na hora de encapar e usar, ninguém
quer usar, não! E isso, é adolescente, velho, mulher, todo mundo. Ninguém quer “chupar bala” com
papel. Eu lavo as minhas mãos.

Todos na sala começam a falar ao mesmo tempo, cada um trazendo questões do cotidiano que
“impediam” a realização das tarefas apresentadas pela gerente.

ALENCAR (ACS ): Concordo com Dora. Não vou ficar dando murro em ponta de faca,
já que o problema é mais em baixo. Toda vez que vejo os adolescentes da minha área me arrepio,
pois só fazem ficar lá na “boca”. Deus é mais! (fica falando baixinho e faz o sinal da cruz três vezes).

RITA DE CÁSSIA: (técnica de enfermagem ): E cadê os Testes Rápidos que faltam


a toda hora? Tenho que ficar segurando pra garantir o teste para as gestantes, pois o Dr. Deoclécio
me falou que precisa realizar no primeiro e no terceiro trimestre da gestação. Já está faltando pra
essas mulheres, imagina se formos fazer em todo mundo que chega aqui! E quero ver tempo pra
conseguir fazer, só tem eu e Zeca que fomos treinados, além do médico, mas ele diz que não tem
tempo. Não é doutor? (Se dirigindo ao mesmo).

Dr. DEOCLÉCIO (médico ): Se eu for fazer o Teste Rápido, não dou conta da
agenda de atendimentos! E, na quinta-feira, essa unidade parece que vai explodir de tanta gente!
Lembrando que meu horário de saída é às 16 horas, pois todos sabem que Ilana e eu moramos em
outro município. Sem contar que tenho que ir uma vez por semana no posto satélite lá em Xique-
-Xique. Não tenho tempo pra mais nada.

Léa tenta retomar o “controle” da reunião, mas está muito difícil, pois são muitos problemas
surgindo, e resolve falar:

LÉA (gerente ): Gente, não está fácil pra ninguém, eu mesma fico encarregada das
notificações e sei dos casos de gestantes notificados em 2018. Além disso, tenho inúmeras outras
atribuições e em dias de campanha de vacina, ainda coloco a mão na massa. O acúmulo é muito
grande para todos, mas, reclamar não vai ajudar. Teremos que trabalhar em equipe!

E passa o olhar para Marina, como um pedido de apoio.

Marina é sertãozinhense e recém retornou ao município. Concluiu a Residência em Saúde da


Família e esteve como apoiadora institucional em outro município, quando o Programa Nacional
de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) estava sendo desenvolvido.
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Após a reunião com os gerentes das equipes e com a diretora do Hospital Ana Nery, viu que
poderia contribuir mais do que simplesmente “cobrar” a produção das equipes. Então, teve uma
ideia: “Por que não começar com a Unidade Flor de Mandacaru?”. Assim, convidou-se para participar
desse momento.

MARINA (coordenadora AB): Pessoal, eu assumi a coordenação há pouco tempo, tive


uma experiência bem bacana em outro município e penso que chegamos num ponto importante
aqui nesta reunião, pois todos reconhecem os problemas. É evidente que estamos precisando de
ajustes para andar juntos. A primeira coisa que precisamos fazer é investigar esses três casos e
organizar algumas ofertas da equipe. Se todos concordarem, posso ajudar.

LINDAINÊS (ACS ): Olha, D. Marina, fico muito feliz com sua boa vontade, é a
primeira vez que vejo uma coordenadora de Atenção Básica vir pra uma reunião na unidade. Aqui
não temos reunião de equipe com muita frequência, não. Me lembro de algumas que tivemos
quando estava participando do curso técnico, mas, depois disso, as reuniões acontecem “lá de vez
em quando”, e são sempre pra “distribuir” tarefas e cobrar coisas. Por isso que estamos aqui um
pouco estressados. Mas, se tiver alguma forma de ajudar, pode contar comigo.

Apesar de receberem com receio a proposta de ajuda de Marina, todos queriam saber quais
os outros dois casos de sífilis congênita, pois um já era bastante conhecido da equipe Flor 2. Neste
caso, não houve acompanhamento adequado da gestante que tinha um marido “complicado” e a
impedia de sair de casa.

A gerente trata logo de relatar os casos que devem ser investigados:

LÉA (gerente ) - Os casos são: RN de Alcione Conceição Barreto, da equipe Flor 1;


RN de Jaciara de Souza e RN de Isis Laura da Silva Oliveira, ambos da equipe Flor 2. Aqui estão as
fichas de notificação registradas no SINAN e as de investigação para preenchimento.

Há um silêncio na sala. As fichas passando de mão em mão. Após alguns cochichos, o enfermeiro
da equipe Flor 2 pede para falar:

JAILTON (enfermeiro ): Da gestante Isis, eu cuidei pessoalmente, e fiz todo o


esquema de tratamento dela. Não era pra essa criança nascer com sífilis. Tem algo errado. Anotei
tudo no prontuário. Ela fez tudo direitinho, não perdeu nenhuma dose. E, na minha equipe, sou
somente eu quem aplica a penicilina, nenhum dos técnicos querem fazer, apesar de eu já tê-los
encorajado inúmeras vezes.

Marina faz, então, uma sugestão:

MARINA (coordenadora AB): Pessoal, vamos fazer o seguinte: já que temos aqui em
mãos a notificação da RN de Isis, que tal pegarmos o prontuário familiar e analisarmos a situação
dessa gestante? Assim, podemos identificar o que ocorreu e já ir preenchendo os dados que faltam
na investigação. E depois cada equipe pode ir fazendo com os outros dois casos, o que acham?

A maioria faz uma afirmação com a cabeça e Léa pede, então, que Aretuza (auxiliar administra-
tivo) busque o prontuário familiar. Enquanto isso, a ACS Louanne, referência da área dessa notifica-
ção, faz alguns comentários:
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LOUANNE (ACS ): Dr. Jailton está certo. Todo mês eu realizava a visita pra essa
gestante e a lembrava da consulta do pré-natal. E quando era o dia de tomar a penicilina, que
foram três doses, eu ia junto, porque ela tinha medo e me pedia. Todo mundo reclama que essa
injeção dói muito e são duas furadas, uma de cada lado. Por isso eu acho que o marido dela não
quis tomar. Homem é mais medroso.

Jailton pega o prontuário e faz questão de começar a leitura, complementando com as informa-
ções que conhece sobre essa usuária:

JAILTON (enfermeiro ): Prontuário familiar da paciente Isis Laura da Silva


Oliveira, 23 anos, negra, casada, estagiária na escola municipal do bairro. Gravidez desejada.
Risco Habitual. A primeira consulta do pré-natal foi realizada no dia 03 de maio de 2018, quando
apresentou um exame BetaHCG positivo; data da última menstruação (DUM) foi 01 de março de
2018; idade gestacional (IG) de 9 semanas; PA 120/80 mmHg. A única queixa era um leve enjôo
matinal. Realizado exame físico geral. Prescrita suplementação de ferro e ácido fólico. Realizado
teste rápido (TR) para HIV, resultado: não reagente; TR para Hepatites Virais, não reagente; TR
para sífilis, reagente. Relatou nunca ter realizado teste para sífilis. Solicitada a realização de hemo-
grama completo e VDRL. Realizada a primeira dose de penicilina 2.400.000 UI. Solicitada a
presença do cônjuge para realização da testagem. Preenchido e entregue o cartão da gestante. No
dia 10 de maio, ela compareceu à unidade para aplicação da segunda dose de penicilina e apre-
sentou o resultado do exame de sangue que fez no serviço particular: hemograma normal e
VDRL 1/128. No dia 17 de maio, compareceu à unidade para aplicação da terceira dose de peni-
cilina e comentou que o marido se recusava a vir à unidade. Orientada a usar preservativo para
não se reinfectar com sífilis. Em junho, no dia 14, foi a segunda consulta de Pré-Natal, IG de 15
semanas. Anotado pela Dra. Ilana: paciente BEG, LOC, sem queixas, PA 120/70 mmHg. Solicitou
exames e encaminhou para marcar a realização do Ultrassonografia (US). A terceira consulta de
pré-natal aconteceu dia 19 de julho, IG de 20 semanas. Não trouxe resultado dos exames, pois
não estava acontecendo coleta laboratorial no município. Avaliação geral realizada e gestante
sem queixas. Encaminhada ao dentista da unidade. Quarta consulta de pré-natal realizada no dia
23 de agosto, IG de 25 semanas: trouxe resultado do US que mostra IG condizente e sem altera-
ções no bebê, sexo feminino. Não apresentou exames de laboratório. A quinta consulta aconteceu
no dia 20 de setembro, com IG de 29 semanas: sem queixas, gravidez evoluindo normalmente.
Solicitados novos exames. A sexta consulta aconteceu no dia 18 de outubro, IG de 33 semanas.
Foi encaminhada para visita de vinculação da gestante ao HPP. No dia 22 de novembro, aconte-
ceu a sétima consulta, com IG de 38 semanas, PA 130/90 mmHg. Passadas as orientações gerais.
Realizada coleta laboratorial. Aguardando resultado do exame VDRL. Dia 06 de dezembro, junto
com a ACS Louanne, realizei uma visita domiciliar: gestante com IG de 40 semanas, com dificul-
dade de locomoção pelos pés inchados e referindo sentir a barriga endurecendo. PA 130/90
mmHg. Realizadas orientações gerais e comunicado que se o parto não ocorrer até dia 13 de
dezembro, será encaminhada para realização de “cesariana” no município de referência. Essa foi a
última anotação que há no prontuário. Mas anotei tudo, como podem ver.

LÉA intervém:

LÉA (gerente ): Então, na reunião que participamos, soubemos que a Isis Laura deu
entrada no Hospital Ana Nery no dia 08 de dezembro, pela manhã, em trabalho de parto. Reali-
zou TR, que acusou reagente para sífilis. No resultado do VDRL a titulação estava em 1/128, o que
indica que ela estava com infecção por sífilis. Os registros no cartão da gestante, segundo a enfer-
meira obstetra Gilda, informam a realização de tratamento para sífilis ainda no primeiro trimes-
tre, mas faltaram informações sobre o seguimento a partir do resultado de VDRL. Tivemos alguns
problemas no município quanto à realização desse exame, mas foi corrigido. Infelizmente, o bebê
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precisou ser transferido para o hospital do município de referência e ficou na UTI neonatal, reali-
zando tratamento por dez dias com penicilina cristalina, sendo notificado o caso como sífilis
congênita.

LOUANNE (ACS ): Por isso, quando passei na casa dela a mãe comentou que ela
não estava. Mas também não me falou mais nada, parecia nervosa. Eu não quis mais atrapalhar.

Dr. DEOCLÉCIO (médico ): Mas o hospital deveria ter informado que ela já teve o
bebê. Já estamos em janeiro e nada de termos informação.

LÉA (gerente ): Então a consulta puerperal não foi realizada? Já passamos do prazo.
Ninguém acompanhou?

JAILTON (enfermeiro ): Foi por isso que pedi pra Louanne ir lá. Como ela não
estava em casa, e como era período de final de ano, não consegui organizar agenda de visita ainda.

Todos começam a falar ao mesmo tempo e ninguém se escuta. Marina tenta acalmar os ânimos
e comenta:

MARINA (coordenadora AB): Por favor, vamos manter a calma e avaliar a situação com
cuidado. É evidente a falha na comunicação, mas também há distanciamento das ações entre
Atenção Básica e Vigilância em Saúde, que deveriam estar mais integradas para garantir o melhor
acompanhamento. Mesmo que essa criança não tivesse nascido com sífilis, necessitaria de segui-
mento, pois foi exposta à sífilis na gestação. E, mesmo assim, não conseguimos nos organizar para
acompanhar. Há falhas no registro do cartão da gestante. Sobre o cartão da criança, não temos
ainda nenhuma informação do preenchimento. O prontuário familiar não está dando conta de
todas as informações. Esse caso é uma responsabilidade de toda equipe e também do município.
Vocês compreendem?

Há um silêncio. Alguns abaixam a cabeça. Outros se olham. Uns chacoalham as pernas. Marina
continua:

MARINA (coordenadora AB): Precisamos esclarecer quais são estas falhas para corrigir-
mos a conduta e evitarmos que esta situação se repita. Vamos dar um intervalo de 10 minutos, e, ao
retornar, sugiro que cada equipe analise os casos e identifique quais são os equívocos que ocorreram
e as ações que podem ser realizadas para evitar situações como essa. Vamos ser propositivos!

Cada equipe retorna do intervalo, se dedica a leitura dos prontuários e estuda a situação de
cada caso. Pensam algumas ações possíveis para serem realizadas e, após cada equipe apresentar
sua produção, Marina parabeniza o empenho de todos:

MARINA (coordenadora AB): Pessoal, muito bacana vocês terem se disponibilizado a


olhar para esses casos em busca de identificar as falhas. Esse processo não é fácil, pois coloca em
análise o fazer individual e coletivo. Muitas vezes, temos dificuldade de olhar nossos erros, mas
isso é essencial para uma análise onde se buscam soluções. Há problemas que não estão em nossas
mãos resolver, mas uma boa parte deles está e é necessário um olhar coletivo. Além disso, não
172 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

posso deixar de comentar com vocês o quanto é importante que cada profissional conheça seu
território: os determinantes e condicionantes da saúde, áreas de risco e vulnerabilidade, perfil da
população atendida, áreas descobertas, entre outras situações que servem de alerta para as equi-
pes. Ainda, reconhecer que o prontuário familiar é um importante registro para acompanhamento
dos casos; que a correta utilização da caderneta de saúde da gestante e da criança contribui para
evitarmos tratamentos desnecessários, e garante que a informação necessária circule nos locais
da rede de saúde onde esses usuários serão atendidos.

Assim, partindo das propostas que vocês apresentaram hoje, sugiro que planejem uma sequência de
reuniões de equipe para sanar as carências em relação ao (re)conhecimento e vínculo com o território e
planejamento das ações. Estarei à disposição para participar das reuniões quando for possível e acompa-
nharei o trabalho de vocês mantendo o contato semanal com Léa. Bom trabalho a todos e todas!
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 173

PARTE 3 - Apoio às equipes para definição e priorização dos pro-


blemas
Na semana seguinte, Léa entra em contato com Marina, solicitando apoio no desenvolvimento
do trabalho com as equipes. Após a última reunião, os profissionais apresentaram algumas necessi-
dades e estão se reunindo para conhecer o território, aproveitando também que há uma (re)terri-
torialização em curso, frente às novas demandas da política de financiamento da Atenção Básica.
Assim, os profissionais afirmaram que ainda tem dúvidas em relação aos casos de sífilis: “Ninguém
está sabendo muito por onde começar”.

Em uma ligação telefônica:

LÉA (gerente ): Oi Marina, tudo bem? Estou precisando de seu apoio para o desen-
volvimento de ações de planejamento com as equipes. Todos ficaram bastante mobilizados após a
última reunião e vejo que podemos aproveitar esse momento. O que você acha? Tem disponibili-
dade em nos ajudar?

MARINA (coordenadora AB): Certamente, Léa. Penso ser, este, o momento ideal. Vamos
combinar uma reunião incluindo os demais gerentes de UBS, para nos organizarmos. Poderia ser
amanhã à tarde aqui na secretaria. Para ajudar, vou encaminhar, por e-mail, um material sobre
Planejamento e Programação Local em Saúde (PPLS), que me ajudou muito na época da Residência.

LÉA (gerente ): Combinado. Até amanhã.

MARINA (coordenadora AB): Até.

Na tarde seguinte, a reunião acontece. Marina começa dando as boas-vindas e esclarecendo o


ponto de pauta. Como nem todos os gerentes das UBS chegaram, ela passa logo a palavra para Léa.

LÉA (gerente ): Na UBS Flor de Mandacaru, as duas equipes iniciaram o processo de


territorialização a partir de uma outra realizada há tempos atrás. Agendaram uma primeira
reunião integrada, elaboraram um roteiro e já estão desenvolvendo o reconhecimento do territó-
rio. Alguns profissionais participaram na primeira vez e estão colaborando com os “novatos”. Nem
todos estão empenhados, mas a maioria vem se dedicando, principalmente os ACS. O difícil,
segundo eles, está sendo conciliar com a agenda de atendimentos e visitas domiciliares. Bem,
neste processo, e pensando no próximo passo que a equipe precisa dar, eu estive lendo aquele
material que você me enviou sobre PPLS, e preciso tirar dúvidas para melhor orientá-los. Já parti-
cipei de algumas capacitações, mas alguns passos ainda não consigo compreender muito bem,
principalmente sobre a análise de situação de saúde, que será realizada agora.

MARINA (coordenadora AB): Você está sendo bem estratégica em aproveitar este
momento de empolgação da equipe. Vamos lá, quais são as suas dúvidas? Você tem clareza de
como a equipe pode utilizar a análise de situação de saúde?
174 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

LÉA (gerente ): Então, eu sei que a análise de situação de saúde faz parte do PPLS,
mas ainda não abordamos este tema de forma direta, pois estamos focados no levantamento de
dados da territorialização. É bastante coisa. E estou com dificuldade de entender por onde come-
çar. Qual seria o primeiro passo?

MARINA (coordenadora AB): Vamos lá. Após finalizada a territorialização, é preciso


organizar as informações para encontrar as respostas que precisamos. Na prática, você destacou
para a equipe a importância das informações de saúde que eles mesmo produzem, como os relató-
rios do e-SUS e os livros de registro dos profissionais? Além de utilizar os sites do DATASUS ou
dados disponibilizados no CAMAB?

LÉA (gerente ): Sim, eu citei na reunião. Alguns já conheciam, mas geralmente não
utilizam nenhuma dessas informações para organizar a agenda. Acaba tudo sendo a partir da
demanda que chega. Queremos começar a fazer isso a partir de agora.

MARINA (coordenadora AB): Certo. A coleta das informações é importante, para que os
dados sejam fidedignos. Assim, é essencial que a equipe observe algumas questões no seu territó-
rio, como as doenças e causas de morte mais prevalentes por grupo populacional, por exemplo.
Desta forma, pode começar a desenhar o perfil da população e identificar quais os problemas que
precisam de maior atenção. Podem também levantar a quantidade de gestantes por faixa etária,
já que esse foi um ponto identificado pela equipe. A ideia de dividir por faixa etária pode ajudar no
planejamento das ações. É importante também que a equipe identifique outras informações que
sejam preocupantes no bairro, como esgoto a céu aberto, lixo acumulado, etc. Para não se restrin-
gir apenas a problemas biológicos.

LÉA (gerente ): Entendi. Todas estas informações estão presentes no roteiro que
eles elaboraram e que ficou muito bom. Mas minha dúvida continua sendo: como vamos utilizar
estas informações para priorizar os problemas? Porque problema é o que não falta, né? Dá até um
desânimo! [Suspira, colocando as mãos no rosto].

MARINA (coordenadora AB): Vou te mostrar como funciona. O primeiro passo, após a
territorialização, é a consolidação da análise de situação de saúde, utilizando os dados coletados
nas atividades anteriores. Esse material auxilia a equipe a identificar os problemas do território.
Por exemplo, a equipe identificou nos sistemas de informação registros de muitos casos de gestan-
tes com sífilis e de crianças com sífilis congênita. Assim, o elevado número de gestantes com sífilis
é um problema para essa equipe. Do ponto de vista do PPLS, o problema deve ser encarado como
uma realidade insatisfatória, mas superável.

LÉA (gerente ): Aff...e precisamos ter todo esse cuidado pra definir o que é um
problema? Pensei que fosse mais simples…

MARINA (coordenadora AB): Parece, mas é importante compreender que, se a


equipe não caracterizar corretamente o problema que será abordado, corre-se o risco de atra-
palhar as etapas subsequentes e não avançar a um plano de ação factível. Mas, veja só, não é
um bicho de sete cabeças. Você pode responder às seguintes perguntas que ajudam na descri-
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 175

ção do problema: o quê? quando? onde? e quem? Por exemplo: no ano de 2018 (quando) foram
notificados muitos casos de sífilis (o quê) em gestantes (quem) no território de atuação da
equipe Flor 2 (onde).

LÉA (gerente ): Veja se entendi: dando continuidade ao exemplo de problema que


acabamos de descrever, precisamos, agora, estudá-lo, para conseguir planejar ações que serão
necessárias para resolvê-lo e/ou amenizá-lo. É isso? Conhecendo as causas, fica mais fácil pensar
ações. É preciso aprofundar para não ficarmos sempre realizando ações na superficialidade,
“apagando incêndio”, como acontece o tempo todo na unidade.

MARINA (coordenadora AB): Isso! Então, como você faria agora?

LÉA (gerente ): [pensativa] Deixe-me ver: primeiro, temos o território definido com
diagnóstico; em seguida, levantamos todos os problemas; depois, buscamos a explicação de suas
causas… pois é, qual passo vem agora? Que dúvida!

MARINA (coordenadora AB): Calma. Ao realizar a territorialização da equipe, já será


possível iniciar um diagnóstico da comunidade e identificar quais os problemas. Está certo. Agora...
Você já sabe qual problema vai escolher?

LÉA (gerente ): Bem, em relação a situação que estamos enfrentando [pensativa]


seria o número elevado de gestantes com sífilis?

MARINA (coordenadora AB): Sim, você pode partir de uma situação-problema, como
essa. Porém, pode também priorizar algum a partir de problemas identificados na territorializa-
ção. A equipe pode identificar vários problemas, como lixo acumulado nas ruas; tráfico de drogas;
grande número de homicídios de jovens abaixo de 21 anos; número elevado de pessoas com hiper-
tensão; número elevado de pessoas acamadas; grande quantidade de pessoas com intoxicação
por agrotóxicos; não funcionamento da sala de vacina todos os dias… e a lista segue. O ideal é
fazer esse levantamento junto com a comunidade. Para planejar as ações, é preciso priorizar, pois
não podemos resolver todos de uma vez só, concorda?

LÉA (gerente ): Concordo, e muito.

MARINA (coordenadora AB): Então, vou te mostrar aqui uma forma de priorizar os
problemas, lembrando que priorizar alguns não significa descartar os demais problemas, mas
decidir os que serão enfrentados em um primeiro momento. Existem várias formas de realizar a
priorização e os critérios podem ser criados pela própria equipe, conforme a sua realidade. Vamos
fazer uma adaptação, a partir da sugestão deste material de sobre planejamento que tenho aqui,
de TEIXEIRA e VILASBÔAS15, para que a equipe se familiarize com esta forma de trabalhar.

15. TEIXEIRA C.F.; VILASBÔAS, A.L.; JESUS, W.L.A. Proposta metodológica para o planejamento no Sis-
tema Único de Saúde. in: TEIXEIRA, C.F. (org.). Planejamento em saúde: conceitos métodos e experiências.
Salvador: EDUFBA, 2010. Pág. 51-75.
176 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

LÉA (gerente ): Ótimo, Marina, neste primeiro momento precisamos quebrar a


resistência dos profissionais em relação ao planejamento. Alguns consideram um processo chato,
muito burocrático, a gente acaba seguindo o que já faz sem planejar direito.

MARINA (coordenadora AB): Então, uma das formas de priorizar é fazer um processo de
escolha que implica na ordenação dos problemas listados mediante a aplicação de critérios para
atribuição de valor e, ao final, o problema que receber a nota mais alta será o primeiro a ser prio-
rizado, e assim sucessivamente; ou, identificar qual critério terá maior peso na priorização, por
consenso com o grupo. A priorização é um procedimento necessário, mediante o caráter sistêmico
e complexo dos problemas de saúde e a escassez de recursos para enfrentá-los. Segundo Teixeira e
Vilasbôas (2001), para priorizar pode-se responder às seguintes perguntas, de acordo com o tipo
de problema:

Problemas do estado de saúde da população

O problema é frequente?

O problema é considerado importante?

Existem conhecimento e recursos disponíveis para que a equipe da unidade possa


enfrentá-los?

Problemas da unidade de saúde

O problema é considerado importante?

É necessária uma ação imediata?

Os recursos existem e estão disponíveis?

MARINA (coordenadora AB): Você pode fazer da seguinte forma: pegar a lista com todos
problemas elaborada a partir da territorialização e priorizá-los respondendo às perguntas acima,
considerando se o problema é referente ao estado de saúde da população ou se é um problema da
unidade de saúde. No texto você encontra os critérios e pontos possíveis.

LÉA (gerente ): Entendi. A priorização vem antes de explicar a causa dos problemas,
se fosse o contrário, teríamos que aprofundar muitos problemas, inclusive aqueles que não vamos
trabalhar agora e não terminaríamos nunca! Parece bem óbvio agora! Vou passar isso para as
equipes. Ah! Mas fiquei curiosa com outra coisa… já estou pensando na próxima etapa e li que a
parte explicativa dos problemas pode ser desenvolvida através de um método chamado “árvore
explicativa de problemas”. Você conhece? Parece ser bacana, já que trabalha de forma mais lúdica,
assim, ajudaria a sensibilizar os profissionais para o planejamento.

MARINA (coordenadora AB): Então, esta é uma metodologia de fácil aplicação e pode
ajudar nessa etapa. Após a equipe listar e priorizar os problemas identificados, é preciso conhecer
bem suas causas e consequências, para que o planejamento das ações seja exitoso.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 177

LÉA (gerente ): Legal, e como trabalhamos com ela? Estou empolgada.

MARINA (coordenadora AB): Eu também gosto de trabalhar com a árvore de problemas.


Veja como funciona:

Fonte: COSTA, PINHO e FERREIRA, 2015.

Então, de forma representativa, o problema central é o caule; as causas são as raízes; e, as consequên-
cias, os galhos e folhas. Para trabalhar com a árvore de problemas, utilize um papel metro com o desenho
da árvore. Cada participante deve escrever, em tarjetas, três causas que explicam o problema principal, e
então, devem colar as tarjetas na árvore. O facilitador retira as causas repetidas. A partir disso, cada parti-
cipante identifica, verbalmente, qual a causa que considera principal e o grupo deverá escolher as causas
mais importantes. E na sequência, o grupo deve proceder da mesma forma para escolher as consequências
mais importantes.

LÉA (gerente ): Então, se o problema escolhido for o alto número de gestantes com
sífilis, este é o problema central, certo?

Nas raízes, descreveremos as causas deste problema:

causa: não utilização de métodos preventivos;

causa: dificuldade na busca e tratamento das parcerias sexuais;

Nos galhos e folhas, temos as consequências:

consequência: crianças nascendo com sífilis congênita;

consequência: crianças com neurosífilis;

consequência: óbito fetal infantil;

consequência: reinfecção por sífilis.


178 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Não parece muito complicado, mas é preciso estar bem atenta ao que é causa e ao que é consequên-
cia, para não confundir. Agora, quero ver na prática. Marina, deixa eu ver se entendi: ainda estamos no
primeiro momento do PPLS, que consiste na identificação, formulação, priorização e explicação de proble-
mas. Correto?

MARINA (coordenadora AB): Sim. Está correto!

LÉA (gerente ): E o que virá depois? Li que o segundo momento do PPLS é a defini-
ção de objetivos. Penso que, quando chegarmos a esse ponto, teremos avançado bem, não é
mesmo?

MARINA (coordenadora AB): Sim, com certeza, e de forma qualificada, estratégica.


Certamente as ações que serão desenvolvidas atingirão a raiz dos problemas que vocês enfrentam
hoje, compreende?

LÉA (gerente ): Compreendi e colocarei em prática o uso da árvore explicativa de


problemas, e depois seguiremos para o momento 2 do PPLS. Estou bastante feliz com esse
momento, de mobilizar a equipe. Meu trabalho estava tão rotineiro e cotidiano que precisava dar
uma levantada mesmo. Muito obrigada, Marina.

A reunião é encerrada, mas já com novo momento de encontro marcado para a próxima semana,
quando darão continuidade à organização de apoio às equipes para a definição dos objetivos.

PARTE 4 - Apoio às equipes para definição dos objetivos


Na semana seguinte, Léa e Marina não conseguem se encontrar. Por telefone, Léa explica rapi-
damente como está sendo desenvolvido o trabalho das equipes. Comenta que a priorização dos
problemas foi o momento mais difícil, pois ficaram evidentes algumas dificuldades relacionadas ao
trabalho em equipe. Além disso, os profissionais do NASF-AB não conseguiram participar, mas para
a próxima reunião, o professor de educação física sinalizou uma possibilidade de estar presente.
Há questões que precisam ser resolvidas para que se encontre um ambiente colaborativo entre os
profissionais, há muita fragmentação de agendas. Léa entende estas dificuldades, e sabe que mais
cedo ou mais tarde, precisará abordar este assunto com Marina. Entretanto, opta por dar continui-
dade ao processo de planejamento, visto que, apesar dos problemas, todos estão se dedicando.

Em conversa ao telefone, desabafa:

LÉA (gerente ): Marina, o planejamento pelo PPLS leva tempo e exige dedicação! Já
estamos no terceiro encontro e ainda tem tanto pra fazer! Após realizada a territorialização, utili-
zamos um encontro para compartilhar as informações e diagnóstico da comunidade. O encontro
seguinte foi para priorização dos problemas. Este encontro foi demorado e um pouco pesado.
Acabei deixando um intervalo maior entre as reuniões para diminuir a tensão na equipe. A ideia de
trabalho em equipe ainda está mal entendida. Entendo que cada um tem a boa intenção de resol-
ver da melhor forma os problemas da sua área de referência, porém, tem dificuldade de compreen-
der que é preciso colaborar e, por vezes, ceder para que todos possam atuar sem sobrecarga. Por
um momento pensei que tudo iria por água abaixo. Mas dei um tempo, respirei… e conto com você
pra me ajudar.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 179

MARINA (coordenadora AB): É assim mesmo! É um processo complexo para uma


primeira vez, mas depois que estamos familiarizados, tudo fica mais fluido. E todos estamos apren-
dendo com isso.

LÉA (gerente ): Com certeza! Você estará presente na nossa próxima reunião? A
proposta é realizarmos a definição dos objetivos. Alguns profissionais estão sentindo falta de
algum tipo de instrumento para utilizar e pensei em disponibilizar algum material.

MARINA (coordenadora AB): Sim, estarei presente. Pode ser interessante mesmo. Veja a
tabela que vou enviar para você por email, para ajudar na definição dos objetivos.

Uma semana depois, acontece mais uma reunião de equipe na UBS Flor de Mandacaru. O
professor de educação física da equipe NASF-AB, Alisson, está presente. Lea aguarda que todos se
acomodem:

LEA (gerente ): Boa tarde! Quero agradecer a presença de todos e todas, e também
agradecer a presença do NASF-AB. É muito importante essa integração para ampliarmos possibi-
lidades de ações.

ALISSON (NASF-AB): Boa tarde pessoal. Hoje consegui participar pois estava em uma
agenda aqui perto, na Academia da Saúde. Preciso estar mais atento aos idosos que vem utili-
zando os equipamentos. Nas sextas-feiras, a equipe do NASF-AB está em atendimento na UBS
Centro, e as agendas andam lotadas. Mas, na medida do possível, podemos nos organizar para
estar presente. Se puderem alterar o dia da reunião para os momentos que temos agendas aqui na
unidade, poderia facilitar. Mas é uma sugestão.

LEA (gerente ): Certo Alisson, ao final da reunião podemos avaliar sua sugestão.
Que bom que você conseguiu vir hoje. Estamos na etapa de priorização de problema e, após a
reunião, posso te colocar a par de tudo que já realizamos. E, dando início, passo a palavra para
Marina.

MARINA (coordenadora AB): Boa tarde pessoal! Quero parabenizar a todos e todas pelo
trabalho que vem sendo realizado. Lea tem me mantido atualizada sobre as reuniões e a produção
de vocês, e vejo que estão indo muito bem. Soube também que a última reunião foi cansativa. Atri-
buo a isso o fato de estarem realizando algo novo, que não estão acostumados, e sabemos que leva
um tempo pra gente se familiarizar com esta rotina de planejamento. O importante é não desani-
mar. Vocês produziram bastante nestes últimos encontros, e agora mantém a frequência das
reuniões semanais. Esse é o primeiro ganho com esse processo de planejamento, não acham?
Mesmo que nem todos estejam presentes, ou não deem a devida importância, valorizar este
espaço para se encontrarem e criarem uma sintonia entre vocês é essencial para o trabalho em
equipe. Mas, agora, retomando o planejamento:

MARINA (coordenadora AB): Hoje estou aqui para ajudar na definição dos objetivos,
uma etapa bastante importante e que antecede a definição de ações que vocês conversaram
180 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

após a árvore de problemas. De forma bastante direta, o objetivo geral é a expressão positiva
do problema principal. Continuando com o exemplo da sífilis, para o problema alto número
de gestantes com sífilis, o objetivo geral deve ser escrito como reduzir o número de gestantes
com sífilis.

PROBLEMA: ALTO NÚMERO DE GESTANTES COM SÍFILIS

Objetivo geral: reduzir o número de gestantes com sífilis

Já os objetivos específicos, por sua vez, são a expressão positiva das causas dos problemas. Para a
causa dificuldade na busca e tratamento das parcerias sexuais das gestantes, o objetivo específico pode
ser escrito, por exemplo: intensificar a busca e o tratamento das parcerias sexuais das gestantes.

CAUSA: DIFICULDADE NA BUSCA E TRATAMENTO DAS PARCERIAS SEXUAIS DAS


GESTANTES

Objetivo específico: intensificar a busca e o tratamento das parcerias sexuais das gestantes

E, para cada objetivo específico, devemos definir as ações necessárias para alcançá-los. Por exemplo,
para intensificar a busca e o tratamento das parcerias sexuais, podemos escrever as ações: qualificação
das estratégias de busca das parcerias, realização da testagem e tratamento acompanhado das parce-
rias (que é fazer teste rápido no domicílio da parceria sexual e tratamento imediato para os casos positi-
vos). Além dessas ações, várias outras podem ser planejadas. A necessidade e capacidade da equipe é que
vão definir quantas e quais.

OBJETIVO ESPECÍFICO: INTENSIFICAR A BUSCA, IDENTIFICAÇÃO E TRATAMENTO DAS


PARCERIAS SEXUAIS DAS GESTANTES

Ações:
Qualificação das estratégias de busca das parcerias sexuais
Realização da testagem (teste rápido) no domicílio e na consulta em que a parceria da gestante estiver
presente
Realização do tratamento acompanhado das parcerias sexuais

Em um outro exemplo: para a causa não adesão ao tratamento da sífilis pelas parcerias sexuais das
gestantes, o objetivo específico pode ser escrito como estimular a adesão das parcerias sexuais das gestan-
tes ao tratamento da sífilis e, para o alcance deste objetivo, as ações poderiam ser a realização de ativi-
dades educativas e de prevenção da sífilis. Observem que há ações que podem contribuir para o alcance
de mais de um objetivo específico.

OBJETIVO ESPECÍFICO: ESTIMULAR A ADESÃO DAS PARCERIAS DAS GESTANTES AO


TRATAMENTO DA SÍFILIS

Ações:
Realização de atividades educativas e de prevenção da sífilis
Realização da testagem (teste rápido) no domicílio e na consulta em que a parceria da gestante estiver
presente
Realização do tratamento acompanhado das parcerias sexuais
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 181

Quando vocês forem realizar a programação operativa em torno do problema priorizado, que está ao
final do PPLS, as ações descritas poderão ser decompostas em atividades menores dentro da ação. Por
exemplo, na ação realização de atividades educativas e de prevenção da sífilis, vocês podem pensar nas
atividades de sala de espera para sensibilizar a presença das parcerias sexuais no pré-natal, atividades de
saúde do homem um sábado por mês e outras atividades educativas e preventivas a serem realizadas em
pontos estratégicos do território.

NILDINHA (dentista ): Então, iremos seguir assim para cada um dos problemas prio-
rizados?

MARINA (coordenadora AB): Sim. Mas, não precisam fazer tudo de uma vez só. Vocês
podem elaborar os objetivos para o primeiro problema, por exemplo, e seguir para a próxima
etapa, para deixar o planejamento referente a este problema bem organizado. Somente depois
elaborariam os demais. Pode ser que algumas ações se complementem e vocês possam integrar os
planos. Afinal, o planejamento não é algo rígido e precisa ser periodicamente visitado. Podemos
seguir?

Todos concordam, acenando a cabeça, alguns com semblante desconfiado, mas seguem adiante.

MARINA (coordenadora AB): O próximo passo é importante para avaliar quais são as
potencialidades e limitações da equipe perante o problema escolhido. Chama-se análisede viabi-
lidade. Nesta etapa, vocês responderão à seguinte pergunta: qual a potencialidade da equipe
para atuar neste problema? No exemplo que estamos utilizando, percebam que as ações escolhi-
das são bem passíveis de serem realizadas pela equipe.

LÉA (gerente ): A partir daqui estou mais familiarizada com o processo. Vamos
planejar as ações, ou seja, como fazer melhor a busca das parcerias, definindo quem, quando,
onde, frequência… correto?

MARINA (coordenadora AB): Isso mesmo. Porém, para o dia de hoje, sugiro que estejam
focados na elaboração dos objetivos, e planejem as ações em outra reunião. Para que o processo
seja mais tranquilo e que todos possam esclarecer as dúvidas.

JAILTON (enfermeiro ): Estamos nos esquecendo de algo importante. Lembro


que participei de uma roda com os apoiadores da DAB16, na época em que eu era coordenador da
AB, e eles falaram sobre avaliação e monitoramento. Eu lembro bem da fala de uma das técnicas
de avaliação e monitoramento. Ela disse que avaliação e monitoramento se faz o tempo todo, e
que é imprescindível para que um planejamento dê certo. E ela dizia que não era preciso ter uma
técnica específica, pois todos já fazemos isto no dia a dia, até quando cuidamos da nossa casa. Eu
nunca me esqueci disso e busco sempre registrar os preventivos que realizo, os TR também. Tenho
todas as informações registradas e faço o acompanhamento de todos da minha área. Mas, assim,
neste exercício que estamos fazendo, me parece mais complexo.

16. DAB - Diretoria de Atenção Básica - SESAB


182 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

MARINA (coordenadora AB): Por isso sugeri que vocês dividam as atividades para cada
reunião, para que o processo não seja tão cansativo. Demora um pouco mais, porém vocês ganham
em qualidade da discussão. E o tema da avaliação e monitoramento é muito importante, sendo
um dos momentos do PPLS que vamos trabalhar mais adiante.

LÉA (gerente ): Pronto. Agora, mãos à obra! Vamos elaborar os objetivos, come-
çando pelo problema prioridade 1.

NILDINHA (dentista ): Veja só, estou aqui angustiada e preciso falar: eu atendo pacien-
tes das duas equipes, pois aqui é só uma equipe de saúde bucal. Um território pela manhã e outro
pela tarde. Tem dias que entro no consultório e só saio quando o sol está descendo. Não tenho
muito tempo pra fazer atividades fora do consultório. Já basta ir uma vez por mês nas duas esco-
las do bairro pra fazer escovação supervisionada. Além disso, nunca tomei curso para realizar TR.
Não estou me vendo nesse PPLS.

Léa fica um pouco preocupada e pensativa: “Será que vou conseguir trabalhar com a equipe desta
forma? São tantos problemas...”

Respira fundo e responde:

LÉA (gerente ): Nildinha, vamos seguir com as atividades, e, enquanto isso, pensare-
mos juntos na melhor forma de incluir as ações de odontologia no nosso planejamento, a partir do
que você relatou. Talvez tenhamos que inserir, nas nossas ações, o treinamento dos profissionais
para realização dos TR. O que acham? Quando chegarmos na elaboração das ações, ficará mais
fácil perceber a inserção da equipe de saúde bucal. Vamos aproveitar esse exercício de planejar.
Quero compartilhar com vocês uma frase que li e me mobilizou bastante: “Planeja quem executa”.

Marina sorri, com a sensação de que a equipe está bem encaminhada. Pede licença pra se ausentar,
pois precisa ir para outra reunião. Lea agradece a presença de Marina e dá continuidade, apresentando
as matrizes de análise de viabilidade e de programação operativa, para preenchimento. Sem esquecer
que, ao final, precisará avaliar com o grupo a possibilidade de alteração da agenda de reuniões.

MATRIZ DE ANÁLISE DE VIABILIDADE

Problema

Objetivo
geral

Objetivo Ações necessárias Estratégia(s)


Facilidades Dificuldades para superar
específico para atingir cada a(s) dificuldades
objetivo específico e aumentar a(s)
faclidades
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 183

PROGRAMAÇÃO OPERATIVA

Problema:

Objetivo geral:

Objetivo específico Ações/atividades Responsáveis Prazos

PARTE 5 - O trabalho em equipe


Passadas duas semanas, as equipes da UBS Flor de Mandacaru estão novamente reunidas para
dar encaminhamento às ações propostas no PPLS. Alguns trabalhadores agradecem por terem uma
gerente de unidade que, com apoio da enfermeira Priscilla, está contribuindo e incentivando essa
pauta. Alguém acompanhando e monitorando a execução dessa atividade ajuda a todos manterem
o foco.

Agora, as equipes já possuem um turno fixo de reuniões semanais acontecendo nas terças feiras,
no período da tarde, e, assim, a equipe NASF-AB consegue estar presente. Entretanto, alguns traba-
lhadores das equipes nem sempre participam. Várias questões foram apontadas pela equipe na dinâ-
mica da “árvore de problemas”, e o alto número de gestantes com sífilis foi identificado como um dos
problemas prioritários, pois o ano mal começou e três novos casos surgiram. Porém, ao planejar as
ações, algumas dificuldades para desenvolvimento do trabalho em equipe ficaram mais evidentes.

A reunião tem como pauta o fechamento das ações e elaboração dos indicadores, mas todos
estão muito dispersos e falando ao mesmo tempo:
PRISCILLA (enfermeira ): Gente, eu já tentei falar com Beatrice, a psicóloga, para
realizarmos juntas a sala de espera do pré-natal, para sensibilizar as parcerias das gestantes a
virem na consulta, mas os dias previstos não coincidem, o atendimento é na sexta e ela só pode na
terça. Essa ação precisará ser revista, penso eu.

DORALICE (técnica de enfermagem ): Vi que colocaram como proposta de ação


que os técnicos de enfermagem e os ACS contribuam com a sala de espera, mas, eu mesma preciso
conhecer mais sobre sífilis para poder falar. Até agora só sei que precisa usar camisinha e que pode
pegar novamente depois de tratar. E já falei também que não aplico penicilina enquanto não
houver suporte de carrinho de parada. O Teste Rápido eu faço, com supervisão da enfermeira. O
Dr. Deoclécio pode fazer também, mas ele nem veio na reunião hoje pra gente ver essa situação.

GRACINHA (ACS ): Estou acompanhando as gestantes da minha área e da área da


ACS Marta, que está de licença médica. Mas em nenhuma dessas estou conseguindo agendar a
visita de puerpério há mais de mês. Uma dessas “paridas” fez o tratamento da sífilis. Tem também
uma adolescente que está com bebê recém-nascido, não realizou o pré-natal porque escondeu a
gravidez. Estou em pânico com cada criança que nasce, porque vejo o sofrimento do bebê da
Alcione, que está com atraso e descobriram que está surda. É de partir o coração!

Dra. ILANA (médica ): Pois é, estou acompanhando essa criança e a dificuldade na


solicitação do exame VDRL para seguimento, continua. Já encaminhei para o infectologista, mas
ainda não foi marcado. Ainda bem que conseguimos que um dos fisioterapeutas do NASF-AB,
Luiz, iniciasse o acompanhamento.

LÉA (gerente ): Pois é. Mas, voltando para o PPLS, vocês identificaram algumas
questões, não é mesmo?! A dificuldade está sendo quanto aos responsáveis e prazos? E quanto aos
indicadores, estão tendo dificuldades? Alguém quer falar mais sobre isso?

JAILTON (enfermeiro ): Eu quero! Vejam só, quanto à ação de implantação do


acolhimento na unidade, que vai contribuir para organizarmos diversas demandas, estou receoso.
Vejo todos concordando, mas ainda não vi ninguém se disponibilizando em mudar sua programa-
ção ou sua agenda, realizar treinamento, etc. Venho pensando muito nisso e fiz uma autoanálise.
Observei as falhas com relação ao caso da Isis Laura; tenho uma necessidade de estar mais atento
ao trabalho dos ACS; preciso acompanhar melhor os resultados dos exames de seguimento; sinto
necessidade de melhorar a comunicação com a equipe; e tantas outras coisas que anotei. Mas,
quero dizer que, sozinho, eu não vou conseguir nada. Quero muito que possamos rever nossa
agenda de atendimento. Como podemos torná-la mais integrada?

LÉA (gerente ): Você tocou em um ponto fundamental, Jailton, a agenda da equipe.


Tem outros pontos que quero comentar, como isso que Doralice sinaliza sobre a penicilina, mas
quero saber se mais alguém quer falar.

GIDEON (ASB ): Aqui! Nesses últimos tempos, a Dra. Nildinha e eu estamos conver-
sando muito e chegamos à conclusão que vou compartilhar com vocês, já justificando que a
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 185

mesma não está presente pois seu netinho nasceu esta manhã.

Todos felizes com a novidade, Gideon continua:

GIDEON (ASB ): A cada dia, percebemos que muitas pessoas que chegam ao consultó-
rio não têm qualquer informação sobre uma escovação adequada. Quando chegam, já é perdendo
dentes. Além disso, a escovação supervisionada, que realizamos nas duas escolas, tem nos ajudado
a perceber que as crianças são mais do que dentes. Outro dia, um menino veio me perguntar sobre
umas manchas que ele tem no braço e no peito, e disse que a mãe não tem tempo de trazê-lo à
unidade. Conversei com o ACS Roberto, que acompanha a área da invasão do Riacho, e ele vai
passar lá essa semana. Me senti tão útil e foi tão fácil, que pensei: como podemos produzir melhor
o momento de ida na escola? Como podemos nos organizar pra sair mais do consultório? Temos o
PSE, mas tudo já vem programado para executarmos. Isso desanima.

LÉA (gerente ): Muito bacana as suas observações, Gideon. Quero aproveitar


também e reforçar que todos nós precisamos estar mais atentos ao território. A situação dessa
criança do Riacho do Angico preocupa, todos que estão lá vivem uma situação de extrema vulne-
rabilidade. Temos somente um ACS na área, mas temos uma equipe com responsabilidade sanitá-
ria, não é mesmo? E com esse mote, quero poder conversar com vocês sobre trabalho em equipe e
agenda integrada dos profissionais. Podemos?

Todos consentem.

LÉA (gerente ): Para iniciar, compartilho com vocês o relato que ouvi de um traba-
lhador de uma UBS, ano passado. Ele me fez refletir muito. Diz o seguinte:

“Trabalhar com pessoas nunca é fácil, muito gente acredita que [é] trabalho braçal. É não. Mais difícil e
sofredor [o trabalho braçal], porém tem suas rotinas na qual já se sabe sua tarefa e o organismo se adapta,
já no nosso caso, cada dia é único, não fazemos ideia do que esperar, podemos tentar se organizar e se ante-
vir em algumas tarefas porém o fator pessoas, o fator gente, sempre irá nos surpreender, seja para o bem
ou para tentar nos colocar para baixo, todavia quero dizer que estou feliz e orgulhoso de trabalhar com as
pessoas que hoje trabalho, bom fim de semana e bom feriado. (mensagem de um trabalhador de uma UBS,
enviada por whatsapp para sua equipe. Ano 2019).”

Após a leitura, há um silêncio que aos poucos começa a ser quebrado. Um comenta sobre o
quanto é difícil o trabalho com pessoas, pois todos possuem suas prioridades. Outro comenta que o
fato de alguns terem privilégios em relação a outros, como folgas, carga horária diferenciada, etc.,
contribui para causar mal-estar e distanciar as relações. Uma outra pessoa também comenta que,
para trabalhar com gente, é preciso ter empatia. Assim, surgem diversos comentários, até que Léa
pergunta:

LÉA (gerente ): Quem aqui, de fato, trabalha em equipe? Cada um conhece sua atri-
buição e a do outro? E a atribuição do trabalho em equipe?
186 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Após longo silêncio, ela sugere:

LÉA (gerente ): Tenho aqui três experiências bem interessantes, que busquei no site
da Rede Humaniza. Gostaria que se dividissem em grupos para ler, levantando suas impressões.
Depois vamos organizar um grande painel, com frases que nos motivem nessas mudanças. Vamos
lá!

Após a leitura, Léa também relembrou a cada um as atribuições individuais e coletivas do traba-
lho na AB. Comentou, ainda, sobre a Nota Técnica nº 3/2017, do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN), afirmando que a penicilina pode ser feita na AB e que não há necessidade de “carrinho de
parada”, visto que a ocorrência de reação anafilática à penicilina tem uma incidência muito baixa,
sendo menor que a incidência de reação por ingestão de camarão, por exemplo. Assim, sua aplica-
ção nesse nível de atenção é muito segura e respaldada pela legislação.

Outros apontamentos surgiram, mas, em consenso, concluíram que a agenda precisa estar
mais integrada para que o trabalho em equipe possa fluir melhor e de acordo com o que está plane-
jado. Concluíram também que o PPLS chegou em um momento importante para contribuir com as
mudanças que alguns estavam dispostos a fazer. Alguns ainda estão ansiosos, outros esperançosos,
uns poucos ainda descrentes, mas todos já compreendem que não conseguirão mais escapar de um
pensamento: “se todos estão dispostos, também estou!”.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 187

PARTE 6 - Trabalho em equipe e educação permanente


Após alguns dias, as equipes vêm planejando conjuntamente algumas ações do PPLS, além de
reavaliarem questões que estavam “travando” uma agenda mais integrada. Algumas questões foram
encaminhadas para a gestão e Marina se prontificou a resolvê-las pessoalmente, como o problema
sobre o VDRL de acompanhamento (o laboratório contratualizado precisa garantir esse resultado
num prazo mais curto para o seguimento adequado) e a carga horária reduzida de alguns profissio-
nais, como a dos médicos, que atuam três vezes na semana. Há mudanças significativas à partir da
nova portaria de financiamento da APS (Portaria nº 2.979/2019), e precisa ser estudada a melhor
estratégia para garantir esse profissional nas equipes.

Marina e Léa preconizaram a importância do manejo da sífilis na AB, por ser de responsabili-
dade de todos os profissionais. Estão organizando o treinamento para realização do TR para médi-
cos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e cirurgião-dentista, pois a ampliação de profissionais
que realizam o TR dará maior garantia de captação das pessoas que necessitam de tratamento.
Perceberam que é muito simples organizar o curso, pois está disponível via plataforma do Telelab,
então, é só organizar quem já tem a prática para ir treinando quem já concluiu a parte teórica.

As equipes realizaram um trabalho bem interessante, principalmente depois da troca de expe-


riências sobre atividades que podem ser realizadas em equipe, como a interconsulta e o Projeto
Terapêutico Singular (PTS). E já estão pensando mais no território e suas necessidades, até conver-
sando sobre uma proposta de Projeto Saúde no Território (PST), com a área de invasão no Riacho
do Angico. Esse também foi um problema prioritário identificado a partir da árvore de problemas:
pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social na área de invasão.

“Há muito o que fazer para que essa população alcance uma melhor qualidade de vida, [pensou alto
Léa]”. E continuou reflexiva: “como a equipe pode estar se preparando melhor e não perdendo o
olhar analítico e contínuo para seu território? É… creio que é chegada a hora de aprofundarmos o
tema da Educação Permanente (EP) com as equipes. Será que percebem que já estão nesse movi-
mento? Precisamos que seja mais.”

LÉA (gerente ): Oi Marina, tudo bem? Estava querendo conversar contigo sobre o
andamento do trabalho com as equipes. Tem muita coisa boa acontecendo. O PPLS deu um gás
danado na equipe, e eu estou me sentindo bastante motivada também. Sempre há algumas ques-
tões cotidianas que surgem, mas o bom é ver a própria equipe em busca de solucionar esses entra-
ves. Vejo um amadurecimento do grupo, em geral. E sem contar que o que não está na governabi-
lidade da equipe, eles vêm encaminhando de forma mais organizada. O trabalho está bem mais
fluido.

MARINA (coordenadora AB): Que bom, Léa. Esse movimento é muito bacana e um dos
resultados esperados. Certamente, cada equipe reagirá de uma forma, mas já é um bom caminho
ter uma unidade com duas equipes e diversos problemas em território, dialogando e buscando
encontrar juntas a solução.
188 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

LÉA (gerente ): Verdade. Espero que consigamos manter esse ritmo. E é por isso que
estou te ligando, pensei em proporcionar uma discussão sobre EP, você topa? Pensei numa roda de
conversa, que acha?

MARINA (coordenadora AB): Topo. Podemos ver se o telessaúde Bahia tem algum mate-
rial para nos ajudar. Precisamos explorar mais esta ferramenta, que ajuda bastante. Vamos solici-
tar treinamento para nossas equipes de Sertão Bonito. Vou fazer contato hoje com a SESAB.

LÉA (gerente ): Obrigada Marina. Sua participação pode ser na próxima reunião de
equipe? Agora as reuniões acontecem nas terças feiras à tarde, a partir de 13:30. Se precisar de
data-show, me avisa.

MARINA (coordenadora AB): Combinado, estarei aí.

Na terça-feira, na reunião de equipe:

LÉA (gerente ): Boa tarde pessoal, vou passar aqui algumas questões pra vocês e, em
seguida, teremos nosso momento com Marina, sobre Educação Permanente. Primeiro, informo
que recebemos um material a ser fixado em cada mesa de consultório, que orienta a conduta para
tratamento dos casos de sífilis. Preciso que cada equipe organize a fixação desses adesivos.
Segundo, que a equipe NASF-AB estará conosco no planejamento das ações do PST do Riacho do
Angico. Consegui reservar o salão da igreja para fazermos nosso primeiro momento, contando
também com a presença das lideranças. Lembrando que será na sexta-feira pela manhã, a partir
de 8h. Conto com a presença todos, em especial a equipe Flor 2. Organizem suas agendas. Alguma
dúvida? Não? Bem, se precisarem de algo, é só me procurar. Passo agora para Marina, que vai
conduzir a atividade conosco.

MARINA (coordenadora AB): Boa tarde a todos e todas! Então, a proposta é que nossa
roda de conversa de hoje seja sobre Educação Permanente, que alguns autores também gostam de
utilizar Educação Permanente em Saúde. Alguém aqui conhece ou já ouviu falar?

CONCEIÇÃO (ACS ): Quando fiz o curso técnico de ACS, abordaram esse tema.
Disseram que a EP surge da necessidade do que vivenciamos no dia a dia, que pode ser minha, da
equipe ou do território. Confesso que no começo achei um pouco estranho, não conseguia enten-
der muito bem. Mas a facilitadora usou uma frase que me ajudou muito: “A EP surge da prática do
trabalho, da necessidade de aprimorar o que fazemos todos os dias e do nosso olhar sobre o que
pode ser mais bem realizado”. Depois disso, comecei devagarinho a perceber a diferença, princi-
palmente agora que estamos realizando nosso PPLS.

PRISCILLA (enfermeira ): Quando fiz minha pós em Saúde da Família, este tema foi
colocado como central para o trabalho das equipes, sugerindo reuniões em que pudessem ser
trabalhados os assuntos pertinentes ao território, seja para compreender alguma situação de
saúde, como a abordagem a algum caso de criança com microcefalia, por exemplo, ou para contri-
buir para a equipe organizar seu processo de trabalho. Mas sempre fico em dúvida sobre como
perceber a necessidade de determinados temas.
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 189

MARINA (coordenadora AB): Muito bom pessoal. Mas tenho uma pergunta pra ajudar a
aquecer mais: por que estamos aqui hoje?

ZECA (técnico de enfermagem ): Para aprender?

DORALICE (técnica de enfermagem ): Só sei que para perder tempo não é.

MARINA (coordenadora AB): E não é mesmo. É para compreendermos como a Educação


Permanente pode fazer parte do nosso cotidiano no trabalho. Assim, estamos aqui por uma neces-
sidade de compreender esta como um dispositivo, um método, que contribua para nossa “forma-
ção” no dia a dia. Por isso, vou perguntar: como vocês foram “aprendendo” a realizar as etapas do
PPLS?

JAILTON (enfermeiro ): Aprendemos fazendo, e quando houve dúvidas, procurá-


vamos quem sabia ou algum material que nos desse subsídio para realizar a atividade. Fomos
lendo os textos conjuntamente, vendo as planilhas que você e Léa nos mandavam, e foi saindo.
Hoje já está mais fácil. Gostei muito da dinâmica da árvore de problemas, sempre quando vejo
uma situação em território, já fico imaginando as causas. Sinto que esse exercício tomou muito
minha energia, mas me deu um novo fôlego para melhorar meu trabalho.

NILDINHA (dentista ): Estou feliz com o planejamento. Finalmente, estou me vendo ali,
e já pensei vários temas para estudar a partir do que nos foi solicitado para hoje. E falando nisso,
hoje vamos fechar o plano de EP?

MARINA (coordenadora AB): Uma das propostas é essa, Nildinha. Tenho dois vídeos
curtinhos pra apresentar para vocês. Depois, a proposta é elaborarmos nosso plano de ação de EP.
Tranquilo até aqui?

A história das equipes da UBS Flor de Mandacaru não encerra aqui. Muitas outras vão aconte-
cer pelo território. O importante é buscarmos meios de sempre fazer melhor o que já fazemos coti-
dianamente.

Desejamos, a cada um e em equipe, bom trabalho!


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204 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 205

ANEXOS
206

MATRIZ PARA SISTEMATIZAÇÃO DA LISTA DE PROBLEMAS

ITEM PROBLEMA: O QUÊ? QUANDO? ONDE? QUEM?

1
Matrizes modelo

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DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

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MATRIZ PARA PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS REFERENTE AO ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO

HÁ CONHECIMENTOS E QUAL A QUANTIDADE


RECURSOS PARA QUE O DE RECURSOS FINAN-
O PROBLEMA É MUITO O PROBLEMA É CONSID-
PROBLEMA POSSA SER CEIROS NECESSÁRIA
ITEM O QUE É O PROBLEMA? FREQUENTE? ERADO IMPORTANTE? SOMA
ENFRENTADO? PARA ENFRENTAR O
(MAGNITUDE) (VALORIZAÇÃO) PROBLEMA?
(DISPONIBILIDADE DE
TECNOLOGIA) (CUSTOS)

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AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR

6
207
208

MATRIZ PARA PRIORIZAÇÃO DE PROBLEMAS REFERENTE À UNIDADE DE SAÚDE

QUAL O PRAZO OS RECURSOS


O PROBLEMA É
PARA ENFRENTAR O EXISTENTES ESTÃO
ITEM O QUE É O PROBLEMA? IMPORTANTE? SOMA
PROBLEMA? DISPONÍVEIS?
(RELEVÂNCIA)
(URGÊNCIA) (FACTIBILIDADE)

6
DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR 209

MATRIZ PARA ÁRVORE DE PROBLEMA

CONSEQUÊNCIAS

PROBLEMA

CAUSAS
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MATRIZ PARA ÁRVORE DE OBJETIVOS

PROBLEMA

OBJETIVO GERAL

OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
MATRIZ PARA PROGRAMAÇÃO OPERATIVA

PROBLEMA:

OBJETIVO GERAL:

OBJETIVO
AÇÕES/ATIVIDADES RESPONSÁVEIS PRAZOS
ESPECÍFICO
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR
211
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LIMITAÇÕES POTENCIALIDADES

HABILIDADES NECESSÁRIAS À EQUIPE DESENVOLVER


DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
MATRIZ DE ELEMENTOS DO MONITORAMENTO

FONTE OU
INDICADOR PERIODICIDADE DA COLETA FORMAS DE DIVULGAÇÃO
FORMA DE VERIFICAÇÃO
AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR
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214

MATRIZ PARA SISTEMATIZAÇÃO DA REFLEXÃO SOBRE O TRABALHO EM EQUIPE – HABILIDADES NECESSÁRIAS À EQUIPE DESENVOLVER
DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
MATRIZ PARA DEMONSTRAÇÃO DE AGENDA

MÉDICO SEG TER QUA QUI SEX

MATUTINO

VESPERTINO

ENFERMEIRO SEG TER QUA QUI SEX


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR

MATUTINO

VESPERTINO

DENTISTA SEG TER QUA QUI SEX

MATUTINO

VESPERTINO
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216

MATRIZ PARA PLANEJAMENTO DE AÇÃO EDUCATIVA

TIPO DE
ATIVIDADE
OBJETIVO A (PALESTRA, MATERIAIS ONDE SERÁ QUANDO SERÁ
TEMA PÚBLICO ALVO RESPONSÁVEIS
ALCANÇAR FEIRA DE SAÚDE, NECESSÁRIOS REALIZADA REALIZADA
PEÇA TEATRAL,
ETC.)
DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A
MATRIZ PARA PLANO DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DA EQUIPE

TEMA NECESSIDADE PROPOSTA DE EP FACILITADOR


AC O L H I M E N TO P EDAGÓGIC O - MA NUA L D O T RABALH ADOR
217
218 DIR ETOR IA DA ATEN ÇÃO BÁS ICA DA BAHI A

Diário de campo do trabalhador


Querido(a) trabalhador(a),

Este é o seu Diário de Campo do Trabalhador. A proposta é que seja utilizado para o registro
das atividades, não o passo a passo da realização, mas sim as reflexões, sensações e observações
individuais, a fim de sistematizar a vivência no AP.

As páginas a seguir possibilitam que tenha o instrumento em mãos. Quem desejar, pode utilizar
a anotação em outro espaço, mas sempre escrevendo conforme o desejo surgir.

Não há um número limitado de anotações por dia, nem mesmo um horário pré-definido para
escrever em seu diário. Na contabilização da carga horária do AP, foram previstos trinta minutos
para cada turno, para fins de certificação, mas quem fará essa gestão do tempo de dedicação ao
instrumento é você mesmo, podendo utilizar mais tempo em alguns momentos e menos em outros.

Vale ainda mencionar que seu diário poderá conter fotos, imagens, músicas, poesia, textos de
outros autores e qualquer material que te mobilize mas, em especial, que tenha sua escrita. Permi-
ta-se criar esse sentido, pois há muitas possibilidades de ver e dizer os acontecimentos e as afecções
9
, ou seja, há uma possibilidade de produção de visibilidades e dizibilidades para os acontecimen-
tos, que se estabelecem na produção da vida pessoal, vida no trabalho, seus afetos e suas práticas
(DELEUZE e GUATTARI, 1995).

9. Afecção: ato de afectar, de fazer crer, deixar transparecer, exteriorizar etc. (PORTO EDITORA, 2020).
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