Aula - 05 Historia
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INTERNET OU BIBLIOTECA?
Fonte: Wikipédia23
23
A Torre de Babel, de Bruegel, o Velho (1563). Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/
wiki/Torre_de_Babel#/media/File:Pieter_Bruegel_the_Elder_-_The_Tower_of_Babel_(Vienna)_-_
Google_Art_Project_-_edited.jpg>. Acesso em: 25 de outubro de 2018.
5.4 A VARIEDADE DE
INFORMAÇÕES NA
INTERNET
Como dito anteriormente, muitos tipos de fontes que já existiam no
mundo do impresso migraram para a internet conservando sua forma
original. Os periódicos científicos, por exemplo, aparecem na web com
a mesma “cara” que tinham quando eram produzidos no formato im-
presso, mantendo sua estrutura em volumes e fascículos. Outras fontes
ganharam em quantidade e facilidade de acesso quando passaram a ser
disponibilizadas na rede:
a) informações estatísticas: é o caso das informações estatísticas,
presentes, por exemplo, no site do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) e de outras organizações que disponibilizam da-
dos estatísticos de variados assuntos;
b) informações geográficas: o uso de informações geográficas tam-
bém foi potencializado quando essas migraram para o formato di-
gital. Recursos como o Google Maps e o Google Earth oferecem
possibilidades de acesso e de uso interativo de informações que
anteriormente se encontravam imobilizadas em mapas, atlas e glo-
bos;
c) jornais e revistas noticiosas: jornais e revistas noticiosas são fon-
tes que encontraram caminho natural na internet e hoje são ofere-
cidas nas opções on-line e impressa. Agilidade, maior presença de
imagens e a possibilidade de exibir vídeos são alguns dos diferen-
ciais que essas fontes ganharam na sua versão eletrônica;
70 Fontes de Informação I
d) informações utilitárias: informações utilitárias, que atendem a
variadas necessidades do dia a dia de usuários de bibliotecas, estão
disponíveis em grande quantidade na internet;
e) informação para negócios: outra área que se beneficiou grande-
mente com a disponibilização de informações na internet foi a cha-
mada informação para negócios. No artigo “Bases de dados de infor-
mação para negócios”, Beatriz Cendón a define como o conjunto de
5.5 A INTERNET E OS
NOVOS GÊNEROS
TEXTUAIS
Ao mesmo tempo em que acolheu fontes de informação do mundo
impresso, a internet propiciou o aparecimento de novas fontes, ou me-
lhor dizendo, de novos gêneros textuais, como e-mail, bate-papo virtual
(que ocorrem por meio dos chats), unidade virtual, lista de discussão, ví-
deoconferência interativa e outros. E o mais importante: ela revolucionou
a forma como a sociedade tradicionalmente divulgou informação e co-
nhecimento – com base na autoridade dos especialistas −, aumentando a
possibilidade de autoria coletiva, múltipla e democrática, que é exemplifi-
cada pela Wikipédia, conforme estudamos na unidade 4.
É bom esclarecer que alguns recursos típicos da internet, como o blog
e a homepage (também chamada de webpage, portal, sítio, página), não
são entendidos pelos linguistas como gêneros, mas como ambientes vir-
tuais que hospedam diferentes gêneros, ou seja, funcionam como um
serviço eletrônico.
A evolução da internet com o surgimento da web 2.0 propiciou a cria-
ção das redes sociais (Facebook, ResearchGate, LinkedIn, por exemplo)
e representou uma mudança significativa na comunicação virtual. Essas
tecnologias fundamentam-se na colaboração e no compartilhamento de
conteúdo entre usuários e, apesar de não terem sido elaboradas para fins
educacionais, há diversas experiências de uso bem-sucedido das redes
sociais na aprendizagem.
72 Fontes de Informação I
Há também estudos que contemplam outras categorias de usuários,
além dos estudantes, exemplificados por Acesso a informações de saúde
na internet: uma questão de saúde pública?, de Moretti et al (2012). Esse
estudo buscou entender melhor o perfil do usuário da internet e suas ten-
dências de busca por informações sobre saúde, utilizando uma amostra
de 1.828 sujeitos. A conclusão foi de que a internet era a fonte mais usa-
da para obter informações sobre saúde; mais do que os próprios médicos
e especialistas. O estudo mostrou também que as mulheres são maioria
nas buscas digitais por informações sobre saúde. A maioria dos usuários
pesquisados compartilhava as informações que descobriam. Usavam prin-
cipalmente os buscadores simples (Google, Yahoo, etc.), considerando-os
muito úteis para a busca. Esses resultados constituem evidências úteis
para direcionar serviços de bibliotecas públicas, que ajudem os cidadãos a
desenvolver habilidades mais refinadas no uso da internet, por exemplo.
O uso de recursos específicos da internet também está sendo investiga-
do, como é o caso do estudo Uso do blog na escola: recurso didático ou
objeto de divulgação? (ALMEIDA et al., 2012), que descobriu que os blogs,
embora apresentassem inúmeras possibilidades como recurso didático,
funcionavam apenas como um objeto de divulgação, e não como um am-
biente de interação, servindo só para disseminação das atividades escolares
e inserção do nome da escola no ambiente virtual. Pareciam ter um caráter
de atividade escolar, de espaço de trabalho, com poucas manifestações dos
professores. Assim, concluiu-se que o propósito comunicativo dos blogs es-
tava descaracterizado. Esse resultado mostra que a criação de um blog ou
outro recurso interativo por si só não garante seu uso adequado e criativo.
É preciso inicialmente analisar a demanda e preparar e motivar os usuários
para usá-lo de fato como instrumento de aprendizagem.
O uso da internet também está sendo estudado em relação ao tipo de
dispositivo que o usuário utiliza para acessá-la. O uso do telefone celular,
por exemplo, tem sido objeto de estudo, considerando-se que na escola
tem havido tendência a se proibir esse equipamento. Sabe-se, entretanto,
que os estudantes costumam transgredir, utilizando seus celulares no tem-
po livre ou em decorrência do tédio nas unidades. Sabe-se também que
o uso do celular se dá mais com a finalidade de acesso às redes sociais,
de distração, mas também para pesquisar conteúdos relacionados às dis-
ciplinas escolares. A pesquisa O uso do celular por estudantes na escola:
motivos e desdobramentos (NAGUMO; TELES, 2016) analisou percepções
de alunos sobre o uso do celular e mostrou que a utilização didática por
eles decorre de alguma dúvida ou atividade de unidade; o acesso fácil ao
celular e a rapidez da resposta naturalmente leva ao uso nessa circunstân-
cia. Mas, em geral, os alunos consideram que seus professores estão mais
familiarizados com o notebook como ferramenta didática do que com ce-
lulares. Neste cenário, parece que a escola irá, mais cedo ou mais tarde, ter
que compreender as questões sociais e culturais relativas à cibercultura dos
jovens e encarar o fenômeno como uma oportunidade de aprendizagem.
Essas e centenas de outras pesquisas podem trazer evidências que
ajudarão o bibliotecário em diferentes aspectos de seu trabalho, e que
reforçarão seu papel no atendimento das necessidades de informação
dos usuários. O bibliotecário precisa mostrar sua capacidade de transitar
no ambiente virtual da mesma maneira como o fazia no ambiente do
impresso, ajudando seus usuários no uso de um recurso que é hoje in-
substituível na busca e no uso de informações.
Resposta comentada
Para identificar artigos adequados, utilize fontes tais como o
Scielo e o Google Acadêmico, já que você precisa localizar estudos
acadêmicos de pesquisa, e não textos opinativos. Listados abaixo
estão alguns exemplos de textos adequados ao seu trabalho. Você
pode usar um deles, mas o ideal é que você identifique um estudo
que lhe interesse especialmente.
MORETTI, Felipe Azevedo; OLIVEIRA, Vanessa Elias de; SILVA,
Edina Mariko Koga da. Acesso a informações de saúde na inter-
net: uma questão de saúde pública? ©2012 Elsevier Editora Ltda.
Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S0104423012702671>. Acesso em: 25 ago. 2017.
SANTOS, Gilberto Lacerda. A internet na escola fundamental: son-
dagem de modos de uso por professores. Educação e Pesquisa, São
Paulo, v. 29, n. 2, p. 303-312, jul./dez. 2003. Disponível em: <https://
www.revistas.usp.br/ep/article/view/27914>. Acesso em: 25 ago. 2017.
SPIZZIRRI, Rosane Cristina Pereira et al. Adolescência conectada:
mapeando o uso da internet em jovens internautas. Psicologia
Argumento, Curitiba, v. 30, n. 69, p. 327-335, abr./jun. 2012.
Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/
pa?dd1=5979&dd99=view&dd98=pb>. Acesso em: 25 ago. 2017.
Multimídia
Para entender melhor por que a escola precisa integrar a tecno-
logia nas suas práticas pedagógicas, assista à palestra de Roxane
Rojo,Voando com crianças: multiletramentos no Ciclo de Alfabe-
74 Fontes de Informação I
tização: propostas para um web-currículo, transmitida em agos-
to de 2016, durante o Ceale Debate: <https://www.youtube.com/
watch?v=idGsS0qws-c>.24
5.7 AVALIAÇÃO DE
INFORMAÇÕES DA
INTERNET
A capacidade de escolher e de criticar informações da internet é consi-
derada essencial, dada a característica aberta da rede. Outros fatores, tais
como, a quantidade de informação disponível e a tendência de se usar a
rede de maneira independente, isto é, sem buscar apoio de mediadores,
reforçam a importância de se desenvolver desde cedo a capacidade de
julgamento e de discernimento sobre a confiabilidade das informações
da internet.
Atenção
Na unidade 4, em que estudamos as enciclopédias, vimos que
a questão da credibilidade das informações da Wikipédia – e da
internet em geral – deve ser vista numa perspectiva relacional e
parcial, isto é, depende da situação específica em que a informação
está sendo usada. Portanto, as pessoas precisam de tempo e opor-
tunidade para exercitar habilidades de avaliar as fontes, em tarefas
concretas que lhes possibilitem usá-las com mais confiança.
Pesquisas sobre o uso da rede, acima descritas, mostram que essas são
habilidades pouco desenvolvidas pelos usuários e também que elas são
aprendidas aleatoriamente, e é consenso entre educadores que a escola,
e especificamente a biblioteca, é o espaço onde essas habilidades devem
ser ensinadas de forma sistemática.
Nesse sentido, a competência de saber escolher e analisar criticamente
as informações − que comprovadamente falta aos estudantes de diferen-
tes níveis de ensino − precisa ser desenvolvida durante a escolarização, e
os bibliotecários devem assumir sua parte nesta responsabilidade.
24
YOUTUBE. CEALE debate – Roxane Rojo - FaE/UFMG. Palestra: Voando com crianças:
multiletramentos no Ciclo da Alfabetização: propostas para um web-currículo, ago. 2016.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=idGsS0qws-c>. Acesso em: 27 dez. 2016.
Legenda:
A (autoria), AT (aspectos técnicos), A1 (atualização),
A2 (apresentação), C (conteúdo).
76 Fontes de Informação I
O site testa os conhecimentos adquiridos pelo usuário? (C)
O site tem validação das respostas dos usuários? (C)
O site faz distinção entre a geografia física e a geografia política na sua
proposta educacional?(C)
As informações que o site dissemina têm embasamento teórico? (C)
O site utiliza algum vocabulário específico da área de geografia? (C)
O site problematiza questões com o intuito de desenvolver o senso crítico
dos usuários? (C)
Os conceitos e conteúdos existentes no site são desenvolvidos a partir de
algum contexto? (C)
A cartografia é simples? (C)
São explicitadas as convenções cartográficas utilizadas nos mapas? (C)
As escalas são indicadas adequadamente? (C)
O site cria situações que podem ser aplicadas ao cotidiano do aluno? (C)
(Fonte: VIANNA, M. M. A internet na biblioteca escolar. In: CAMPELLO, B. et al. Biblioteca escolar:
temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 37-41.)
Explicativo
Algumas universidades orientam os estudantes na avaliação de
informações por meio de seus sites, apresentando critérios que le-
vam eles a se familiarizar com conceitos como credibilidade e qua-
lidade das informações. Um exemplo desse serviço pode ser visto
nos sites de bibliotecas da Universidade da Califórnia, que apresen-
tam listas de critérios bem detalhados. Veja a seguir:
University of California Merced Library
Avaliação crítica de fontes de informação: avaliação de websites
Autoridade
– Quem é o autor?
– O que ele já escreveu, além disso?
– Em que comunidades e contextos o autor tem experiência?
– Ele representa um ponto de vista específico?
– Ele representa/defende determinada orientação em relação
a gênero, sexo, raça, política, e outros aspectos sociais e/ou
culturais?
– Ele privilegia determinadas fontes?
– Ele ocupa cargo formal em uma instituição?
Objetivo
– Qual o motivo da criação da fonte?
– Ela tem um valor econômico para o autor ou editor?
– É um recurso educacional? Persuasivo?
– Que questões (de pesquisa) ela tenta responder?
78 Fontes de Informação I
– Se a publicação estiver on-line, quando foi atualizada pela
última vez?
– O que mudou na sua área de estudo desde a data de publi-
cação?
– Existem revisões, respostas ou réplicas publicadas?
Documentação
– As fontes consultadas são citadas?
– Se não, você tem outros meios para verificar a confiabilidade
das informações?
– Os autores citados têm alguma relação com os citantes?
– Os autores citados fazem parte de um determinado movi-
mento acadêmico ou escola de pensamento?
– Eles representam apropriadamente o contexto das fontes
citadas?
– Ignoram quaisquer elementos importantes das fontes cita-
das?
– Eles estão escolhendo trechos específicos para apoiar seus
próprios argumentos?
– Eles citam adequadamente ideias que não são as suas pró-
prias?
Fontes: UCMERCED LIBRARY. Critical Evaluation of Resources: Evaluating Websites. Disponí-
vel em: <http://libguides.ucmerced.edu/c.php?g=322283&p=2280750>.Acessoem: 05 jul. 2017.
UCMERCED LIBRARY. Critical Evaluation of Resources: Determining Credibility. Disponível
em: <http://libguides.ucmerced.edu/c.php?g=322283&p=2279952>.Acesso em: 05 jul. 2017.
5.8 CONCLUSÃO
A Biblioteconomia e a Ciência da Informação são áreas extremamente
afetadas pela tecnologia e especialmente pela internet. Tem sido difícil
para os bibliotecários abrirem mão da biblioteca como espaço físico, que
ainda é apreciado e valorizado pela sociedade, como pode ser compro-
vado pelas suntuosas edificações de inúmeras bibliotecas na atualidade.
Mas o fato é que não há como ignorar a força da tecnologia da infor-
mação nas práticas biblioteconômicas. É preciso agora passar a visualizar
a biblioteca não mais como um espaço físico, mas como um espaço de
conexão de ideias, de amplas possibilidades de aprendizagem, onde os
usuários vão buscar ajuda para atender às suas inúmeras e complexas
necessidades de informações. As fontes de informação estarão princi-
palmente em formatos digitais, podendo ser acessadas por meio de di-
ferentes dispositivos, compondo um ambiente informacional paradoxal.
E que não pode ser ignorado pela escola, pois como afirma a professora
Roxane Rojo: “[...] as novas tecnologias têm que entrar na escola porque
elas fazem parte da vida”.
INFORMAÇÕES SOBRE A
PRÓXIMA UNIDADE
Na próxima unidade iniciaremos o estudo da literatura e de conceitos
que poderão ajudar o bibliotecário a trabalhar gêneros literários que tra-
dicionalmente fazem parte da coleção de muitas bibliotecas. Nas duas
unidades seguintes vamos conhecer uma ampla gama de gêneros tex-
tuais que hoje devem estar presentes na biblioteca.
80 Fontes de Informação I