Aula - 05 Historia

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UNIDADE 5

INTERNET OU BIBLIOTECA?

5.1 OBJETIVO GERAL


Apresentar as diferentes funções e usos da internet na perspectiva das fontes de informação.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Esperamos que, ao final desta Unidade, você seja capaz de:
a) compreender como a internet está ampliando as possibilidades de aprendizagem;
b) conhecer os diversos tipos de informações disponibilizadas na internet;
c) saber como a internet está sendo utilizada por diferentes tipos de usuários;
d) conhecer critérios para avaliação de informações na internet.
5.3 INTRODUÇÃO

Figura 5 – Torre de Babel

Fonte: Wikipédia23

A internet é, indiscutivelmente, uma das maiores rea-


lizações da humanidade na era da informação. Mas
essa nova tecnologia não só economiza tempo − des-
perdiça-o também. Ela torna a vida mais simples, mas
também mais complicada; ela nos une, mas nos sepa-
ra. É um paradoxo! (ANDERSON).

É difícil definir a internet como fonte de informação. Em geral, a rede


ou a web, como a internet é também chamada, tem sido caracterizada
por meio de metáforas como labirinto, teia, Torre de Babel. Na perspec-
tiva das fontes de informação, a internet constitui um conjunto de dife-
rentes fontes que fornecem informações que vão desde um endereço ou
número de telefone (substituindo as antigas listas telefônicas) até uma
coleção de periódicos científicos (substituindo as coleções de revistas im-
pressas das bibliotecas).
A internet não só disponibiliza fontes e documentos tradicionais do
mundo do impresso como, associada aos recursos computacionais dis-
poníveis, potencializa o uso desses documentos, propiciando maneiras
mais eficientes de utilizá-los. A hipertextualidade, que permite que o lei-
tor estabeleça relações com textos de variados gêneros, ative diferentes
informações, consulte fontes diversas, é facilitada ao máximo no ambien-
te virtual. Também o uso de multimídias foi potencializado pela rede, que
facilita e estimula a utilização de imagens e vídeos para diferentes fins.

23
A Torre de Babel, de Bruegel, o Velho (1563). Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/
wiki/Torre_de_Babel#/media/File:Pieter_Bruegel_the_Elder_-_The_Tower_of_Babel_(Vienna)_-_
Google_Art_Project_-_edited.jpg>. Acesso em: 25 de outubro de 2018.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 69


Era este mesmo o sonho dos pioneiros da computação, como Douglas
Engelbart, que propôs no seu conhecido relatório Augmenting Human
Intellect: a conceptual framework, uma estrutura conceitual destinada
a compreender a capacidade do intelecto para a solução de problemas
complexos e identificar os instrumentos, conceitos e métodos que po-
deriam melhorar essa capacidade. Engelbart sugeriu que o computador
seria o instrumento de maior potencial para isso.
A internet ampliou as possibilidades de aprendizagem, tanto indivi-
dual como coletivamente. Permite ao indivíduo aprender de forma perso-
nalizada, dentro do seu ritmo e estilo de aprendizagem, ao mesmo tempo
em que disponibiliza recursos que aproximam pessoas que têm interesses
comuns ou que desejam aprender, por meio de discussões e debates ou
em cursos formais de educação a distância, possibilitando a formação
das chamadas comunidades virtuais de prática e/ou de aprendizagem.
Assim, reforça-se a ideia de que a escola não é mais o único espaço edu-
cativo e de que as pessoas, principalmente adultos, são sujeitos de sua
aprendizagem. Crianças e jovens, por sua vez, precisam cada vez mais de
orientação para aprender a “navegar” na rede.

5.4 A VARIEDADE DE
INFORMAÇÕES NA
INTERNET
Como dito anteriormente, muitos tipos de fontes que já existiam no
mundo do impresso migraram para a internet conservando sua forma
original. Os periódicos científicos, por exemplo, aparecem na web com
a mesma “cara” que tinham quando eram produzidos no formato im-
presso, mantendo sua estrutura em volumes e fascículos. Outras fontes
ganharam em quantidade e facilidade de acesso quando passaram a ser
disponibilizadas na rede:
a) informações estatísticas: é o caso das informações estatísticas,
presentes, por exemplo, no site do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) e de outras organizações que disponibilizam da-
dos estatísticos de variados assuntos;
b) informações geográficas: o uso de informações geográficas tam-
bém foi potencializado quando essas migraram para o formato di-
gital. Recursos como o Google Maps e o Google Earth oferecem
possibilidades de acesso e de uso interativo de informações que
anteriormente se encontravam imobilizadas em mapas, atlas e glo-
bos;
c) jornais e revistas noticiosas: jornais e revistas noticiosas são fon-
tes que encontraram caminho natural na internet e hoje são ofere-
cidas nas opções on-line e impressa. Agilidade, maior presença de
imagens e a possibilidade de exibir vídeos são alguns dos diferen-
ciais que essas fontes ganharam na sua versão eletrônica;

70 Fontes de Informação I
d) informações utilitárias: informações utilitárias, que atendem a
variadas necessidades do dia a dia de usuários de bibliotecas, estão
disponíveis em grande quantidade na internet;
e) informação para negócios: outra área que se beneficiou grande-
mente com a disponibilização de informações na internet foi a cha-
mada informação para negócios. No artigo “Bases de dados de infor-
mação para negócios”, Beatriz Cendón a define como o conjunto de

“informações usadas por administradores para a to-


mada de decisão e inclui informações mercadológi-
cas, financeiras, estatísticas, jurídicas, sobre empresas
e produtos e outras informações fatuais e analíticas
sobre tendências nos cenários político-social, econô-
mico e financeiro nos quais operam organizações em-
presariais” (CENDÓN, 2000, p. ?)

f) bibliotecas digitais: por fim, a internet possibilitou a existência


das chamadas bibliotecas digitais, espaços virtuais onde as infor-
mações são organizadas, armazenadas e podem ser recuperadas
independentemente da localização do usuário.

5.5 A INTERNET E OS
NOVOS GÊNEROS
TEXTUAIS
Ao mesmo tempo em que acolheu fontes de informação do mundo
impresso, a internet propiciou o aparecimento de novas fontes, ou me-
lhor dizendo, de novos gêneros textuais, como e-mail, bate-papo virtual
(que ocorrem por meio dos chats), unidade virtual, lista de discussão, ví-
deoconferência interativa e outros. E o mais importante: ela revolucionou
a forma como a sociedade tradicionalmente divulgou informação e co-
nhecimento – com base na autoridade dos especialistas −, aumentando a
possibilidade de autoria coletiva, múltipla e democrática, que é exemplifi-
cada pela Wikipédia, conforme estudamos na unidade 4.
É bom esclarecer que alguns recursos típicos da internet, como o blog
e a homepage (também chamada de webpage, portal, sítio, página), não
são entendidos pelos linguistas como gêneros, mas como ambientes vir-
tuais que hospedam diferentes gêneros, ou seja, funcionam como um
serviço eletrônico.
A evolução da internet com o surgimento da web 2.0 propiciou a cria-
ção das redes sociais (Facebook, ResearchGate, LinkedIn, por exemplo)
e representou uma mudança significativa na comunicação virtual. Essas
tecnologias fundamentam-se na colaboração e no compartilhamento de
conteúdo entre usuários e, apesar de não terem sido elaboradas para fins
educacionais, há diversas experiências de uso bem-sucedido das redes
sociais na aprendizagem.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 71


Atenção
Na disciplina Informação em Mídias Digitais você vai estudar
outras fontes típicas do ambiente virtual.

5.6 ESTUDOS DE USO DA


INTERNET
Desde a década de 1990, no período de sua consolidação e quando
já demonstrava claramente o seu potencial como recurso de integração
de fontes de informação, a internet tem sido estudada de diferentes ân-
gulos. Para a Biblioteconomia, são de especial interesse os estudos de
uso, por apresentarem evidências de como determinadas categorias de
usuários estão utilizando a rede.
Por exemplo, o uso por estudantes tem sido relatado em estudos que
mostram resultados interessantes como, por exemplo, a pouca influên-
cia de bibliotecários e professores. Um desses estudos mostrou que os
alunos acessavam a internet muito mais em casa ou na casa de amigos
do que na escola. Quando usavam na escola não pediam ajuda (nem
a bibliotecários nem a professores). Entretanto, essa demonstração de
independência era enganosa, pois, embora se considerassem capazes e
preparados para usar a internet, os alunos a usavam de maneira simplista.
Por exemplo, na maior parte das vezes localizavam informações por meio
do buscador Google, sem se preocupar em usar recursos avançados ou
em estabelecer estratégias mais sofisticadas de busca.
Sabe-se também que lhes faltam conhecimentos e habilidades para ava-
liar a confiabilidade e a completeza das informações que encontram; que
têm pouca habilidade para processar os resultados obtidos; que adquirem
habilidades para usar a web por conta própria ou aprendendo com amigos.
Esses resultados de estudos de uso da internet por estudantes são recorren-
tes e vêm sendo observados mesmo em pesquisas recentes.
Embora haja uma tendência entre os mediadores em respeitar a inde-
pendência dos estudantes, as evidências acima relatadas reforçam a neces-
sidade de orientação. Os bibliotecários devem estar atentos e ter clareza
de que a internet hoje faz parte da vida de usuários de todas as idades e
que, se bem utilizada, pode motivá-los para aprender. Assim, não há como
impedir a utilização, ou exigir apenas a consulta a livros. Na sua função
educativa, o bibliotecário tem a responsabilidade de ensinar seus usuários
a realizar buscas mais eficientes e a usar a rede de forma mais crítica. Além
disso, precisa trabalhar em colaboração com os mediadores, a fim de aju-
dar os estudantes a elaborar trabalhos que integrem as informações encon-
tradas e não apenas reproduzam o que copiaram dos sites.

72 Fontes de Informação I
Há também estudos que contemplam outras categorias de usuários,
além dos estudantes, exemplificados por Acesso a informações de saúde
na internet: uma questão de saúde pública?, de Moretti et al (2012). Esse
estudo buscou entender melhor o perfil do usuário da internet e suas ten-
dências de busca por informações sobre saúde, utilizando uma amostra
de 1.828 sujeitos. A conclusão foi de que a internet era a fonte mais usa-
da para obter informações sobre saúde; mais do que os próprios médicos
e especialistas. O estudo mostrou também que as mulheres são maioria
nas buscas digitais por informações sobre saúde. A maioria dos usuários
pesquisados compartilhava as informações que descobriam. Usavam prin-
cipalmente os buscadores simples (Google, Yahoo, etc.), considerando-os
muito úteis para a busca. Esses resultados constituem evidências úteis
para direcionar serviços de bibliotecas públicas, que ajudem os cidadãos a
desenvolver habilidades mais refinadas no uso da internet, por exemplo.
O uso de recursos específicos da internet também está sendo investiga-
do, como é o caso do estudo Uso do blog na escola: recurso didático ou
objeto de divulgação? (ALMEIDA et al., 2012), que descobriu que os blogs,
embora apresentassem inúmeras possibilidades como recurso didático,
funcionavam apenas como um objeto de divulgação, e não como um am-
biente de interação, servindo só para disseminação das atividades escolares
e inserção do nome da escola no ambiente virtual. Pareciam ter um caráter
de atividade escolar, de espaço de trabalho, com poucas manifestações dos
professores. Assim, concluiu-se que o propósito comunicativo dos blogs es-
tava descaracterizado. Esse resultado mostra que a criação de um blog ou
outro recurso interativo por si só não garante seu uso adequado e criativo.
É preciso inicialmente analisar a demanda e preparar e motivar os usuários
para usá-lo de fato como instrumento de aprendizagem.
O uso da internet também está sendo estudado em relação ao tipo de
dispositivo que o usuário utiliza para acessá-la. O uso do telefone celular,
por exemplo, tem sido objeto de estudo, considerando-se que na escola
tem havido tendência a se proibir esse equipamento. Sabe-se, entretanto,
que os estudantes costumam transgredir, utilizando seus celulares no tem-
po livre ou em decorrência do tédio nas unidades. Sabe-se também que
o uso do celular se dá mais com a finalidade de acesso às redes sociais,
de distração, mas também para pesquisar conteúdos relacionados às dis-
ciplinas escolares. A pesquisa O uso do celular por estudantes na escola:
motivos e desdobramentos (NAGUMO; TELES, 2016) analisou percepções
de alunos sobre o uso do celular e mostrou que a utilização didática por
eles decorre de alguma dúvida ou atividade de unidade; o acesso fácil ao
celular e a rapidez da resposta naturalmente leva ao uso nessa circunstân-
cia. Mas, em geral, os alunos consideram que seus professores estão mais
familiarizados com o notebook como ferramenta didática do que com ce-
lulares. Neste cenário, parece que a escola irá, mais cedo ou mais tarde, ter
que compreender as questões sociais e culturais relativas à cibercultura dos
jovens e encarar o fenômeno como uma oportunidade de aprendizagem.
Essas e centenas de outras pesquisas podem trazer evidências que
ajudarão o bibliotecário em diferentes aspectos de seu trabalho, e que
reforçarão seu papel no atendimento das necessidades de informação
dos usuários. O bibliotecário precisa mostrar sua capacidade de transitar
no ambiente virtual da mesma maneira como o fazia no ambiente do
impresso, ajudando seus usuários no uso de um recurso que é hoje in-
substituível na busca e no uso de informações.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 73


5.6.1 Atividade
Identifique um estudo de uso da internet (por qualquer catego-
ria de usuário) e verifique:
a) Qual foi o objetivo do estudo?
b) Qual foi a população estudada?
c) Qual foi a metodologia utilizada?
d) Que resultados foram obtidos?
e) Qual a conclusão a que o autor chegou?
Apresente suas descobertas em um texto de duas páginas, dei-
xando claro cada um dos aspectos identificados. Conclua, dando
sua opinião sobre como estudos desse tipo podem embasar as prá-
ticas do bibliotecário.

Resposta comentada
Para identificar artigos adequados, utilize fontes tais como o
Scielo e o Google Acadêmico, já que você precisa localizar estudos
acadêmicos de pesquisa, e não textos opinativos. Listados abaixo
estão alguns exemplos de textos adequados ao seu trabalho. Você
pode usar um deles, mas o ideal é que você identifique um estudo
que lhe interesse especialmente.
MORETTI, Felipe Azevedo; OLIVEIRA, Vanessa Elias de; SILVA,
Edina Mariko Koga da. Acesso a informações de saúde na inter-
net: uma questão de saúde pública? ©2012 Elsevier Editora Ltda.
Este é um artigo Open Access sob a licença de CC BY-NC-ND.
Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/
S0104423012702671>. Acesso em: 25 ago. 2017.
SANTOS, Gilberto Lacerda. A internet na escola fundamental: son-
dagem de modos de uso por professores. Educação e Pesquisa, São
Paulo, v. 29, n. 2, p. 303-312, jul./dez. 2003. Disponível em: <https://
www.revistas.usp.br/ep/article/view/27914>. Acesso em: 25 ago. 2017.
SPIZZIRRI, Rosane Cristina Pereira et al. Adolescência conectada:
mapeando o uso da internet em jovens internautas. Psicologia
Argumento, Curitiba, v. 30, n. 69, p. 327-335, abr./jun. 2012.
Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/
pa?dd1=5979&dd99=view&dd98=pb>. Acesso em: 25 ago. 2017.

Multimídia
Para entender melhor por que a escola precisa integrar a tecno-
logia nas suas práticas pedagógicas, assista à palestra de Roxane
Rojo,Voando com crianças: multiletramentos no Ciclo de Alfabe-

74 Fontes de Informação I
tização: propostas para um web-currículo, transmitida em agos-
to de 2016, durante o Ceale Debate: <https://www.youtube.com/
watch?v=idGsS0qws-c>.24

5.7 AVALIAÇÃO DE
INFORMAÇÕES DA
INTERNET
A capacidade de escolher e de criticar informações da internet é consi-
derada essencial, dada a característica aberta da rede. Outros fatores, tais
como, a quantidade de informação disponível e a tendência de se usar a
rede de maneira independente, isto é, sem buscar apoio de mediadores,
reforçam a importância de se desenvolver desde cedo a capacidade de
julgamento e de discernimento sobre a confiabilidade das informações
da internet.

Atenção
Na unidade 4, em que estudamos as enciclopédias, vimos que
a questão da credibilidade das informações da Wikipédia – e da
internet em geral – deve ser vista numa perspectiva relacional e
parcial, isto é, depende da situação específica em que a informação
está sendo usada. Portanto, as pessoas precisam de tempo e opor-
tunidade para exercitar habilidades de avaliar as fontes, em tarefas
concretas que lhes possibilitem usá-las com mais confiança.

Pesquisas sobre o uso da rede, acima descritas, mostram que essas são
habilidades pouco desenvolvidas pelos usuários e também que elas são
aprendidas aleatoriamente, e é consenso entre educadores que a escola,
e especificamente a biblioteca, é o espaço onde essas habilidades devem
ser ensinadas de forma sistemática.
Nesse sentido, a competência de saber escolher e analisar criticamente
as informações − que comprovadamente falta aos estudantes de diferen-
tes níveis de ensino − precisa ser desenvolvida durante a escolarização, e
os bibliotecários devem assumir sua parte nesta responsabilidade.

24
YOUTUBE. CEALE debate – Roxane Rojo - FaE/UFMG. Palestra: Voando com crianças:
multiletramentos no Ciclo da Alfabetização: propostas para um web-currículo, ago. 2016.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=idGsS0qws-c>. Acesso em: 27 dez. 2016.

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A pesquisa Uma abordagem multifacetada sobre a avaliação de
informações por estudantes (A multi-faceted approach to school pu-
pils’ evaluation of information) revelou três categorias de critérios de
avaliação.
A primeira envolve fatores ligados à qualidade da informação.
Nesse caso, a informação pode ser considerada de má qualidade quan-
do o texto é mal redigido, mal estruturado e contém erros de ortogra-
fia e de gramática; quando contém erros factuais e perpetua mitos; é
tendencioso, faltando equilíbrio na cobertura ou revelando tendência
exagerada a defender determinada perspectiva ou ideia; é desatualiza-
do e falha em incluir eventos mais recentes, novas tendências ou linhas
de pensamento atuais.
A segunda perspectiva envolve o que o pesquisador chama de fatores
de adequação, que estão relacionados às necessidades e características do
usuário. Nesse sentido, a informação tem que ser relevante no que diz res-
peito ao tema que o usuário precisa; o foco (geral/específico) tem que ser
adequado às suas necessidades; e a complexidade conceitual e a legibilidade
do material têm que ser apropriadas ao nível de compreensão do leitor.
Os fatores de autoridade englobam aspectos ligados à credibilidade
da informação: a posição do autor ou da organização responsável; as
motivações dos autores; o tipo de fonte; as referências que incluem; as
citações que recebem; as recomendações feitas por terceiros.
Observa-se que esses critérios já eram amplamente usados para qual-
quer tipo de fonte, não apenas as da internet, mas, como já dito acima, a
natureza aberta da rede, onde qualquer pessoa pode disponibilizar con-
teúdos, exacerba a questão da avaliação.
Existem critérios para avaliar sites de temas específicos, como por
exemplo, os critérios definidos no projeto Ensinando Geografia na Web,
que abarcam cinco aspectos: autoria, aspectos técnicos, atualização,
apresentação e conteúdo. Os critérios, listados abaixo, podem ser adap-
tados para outras áreas, além da geografia.

Legenda:
A (autoria), AT (aspectos técnicos), A1 (atualização),
A2 (apresentação), C (conteúdo).

A autoria do site é claramente identificada? (A)


O responsável tem experiência na área de geografia? (A)
O site contém informações atualizadas? (A1)
Possui FAQ ou outro instrumento para tirar as dúvidas mais frequentes?
(AT)
O site apresenta várias formas de navegação (folheio, pesquisa ou filtros)?
(AT)
A publicidade atrapalha a leitura do site? (A2)
As ilustrações do site têm autoria? (A2)
As cores utilizadas no mapa têm boa definição? (A2)
Os símbolos e as palavras utilizadas nos mapas têm seu significado expli-
cado em uma legenda?(A2)

76 Fontes de Informação I
O site testa os conhecimentos adquiridos pelo usuário? (C)
O site tem validação das respostas dos usuários? (C)
O site faz distinção entre a geografia física e a geografia política na sua
proposta educacional?(C)
As informações que o site dissemina têm embasamento teórico? (C)
O site utiliza algum vocabulário específico da área de geografia? (C)
O site problematiza questões com o intuito de desenvolver o senso crítico
dos usuários? (C)
Os conceitos e conteúdos existentes no site são desenvolvidos a partir de
algum contexto? (C)
A cartografia é simples? (C)
São explicitadas as convenções cartográficas utilizadas nos mapas? (C)
As escalas são indicadas adequadamente? (C)
O site cria situações que podem ser aplicadas ao cotidiano do aluno? (C)
(Fonte: VIANNA, M. M. A internet na biblioteca escolar. In: CAMPELLO, B. et al. Biblioteca escolar:
temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 37-41.)

Explicativo
Algumas universidades orientam os estudantes na avaliação de
informações por meio de seus sites, apresentando critérios que le-
vam eles a se familiarizar com conceitos como credibilidade e qua-
lidade das informações. Um exemplo desse serviço pode ser visto
nos sites de bibliotecas da Universidade da Califórnia, que apresen-
tam listas de critérios bem detalhados. Veja a seguir:
University of California Merced Library
Avaliação crítica de fontes de informação: avaliação de websites
Autoridade
– Quem é o autor?
– O que ele já escreveu, além disso?
– Em que comunidades e contextos o autor tem experiência?
– Ele representa um ponto de vista específico?
– Ele representa/defende determinada orientação em relação
a gênero, sexo, raça, política, e outros aspectos sociais e/ou
culturais?
– Ele privilegia determinadas fontes?
– Ele ocupa cargo formal em uma instituição?
Objetivo
– Qual o motivo da criação da fonte?
– Ela tem um valor econômico para o autor ou editor?
– É um recurso educacional? Persuasivo?
– Que questões (de pesquisa) ela tenta responder?

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– Ela se esforça para ser objetiva?
– Ela preenche quaisquer outras necessidades pessoais, profis-
sionais ou sociais?
– Qual é o público-alvo?
– É para estudiosos?
– É para uma audiência geral?
Publicação e formato
– Onde foi publicado?
– Foi publicado em um periódico ou outra fonte acadêmica
(tese, dissertação)?
– Quem foi o editor? É uma editora universitária?
– Foi formalmente revisado por pares?
– A publicação tem uma posição editorial específica?
– É de tendência conservadora ou progressista?
– A publicação é patrocinada por outras empresas ou organi-
zações? Os patrocinadores têm posições intolerantes?
– Houve algum obstáculo aparente à divulgação?
– É auto-publicado (publicado pelo próprio autor)?
– Houve editores externos ou revisores?
– Onde, geograficamente, foi originalmente publicado, e em
que idioma?
– Em que meio?
– Foi publicado on-line ou em versão impressa, ou em ambas?
– É uma postagem de um blog? Um vídeo do YouTube? Um
episódio de TV? Um artigo de uma revista impressa?
– O que a publicação informa sobre seu público-alvo?
– O que a publicação informa sobre o objetivo?
Relevância
– Em que sentido a fonte é relevante para sua pesquisa?
– Ela analisa as fontes primárias que você está pesquisando?
– Abrange os autores ou indivíduos que você está pesquisan-
do, mas incluindo textos diferentes?
– Você pode aplicar as estruturas de análise dos autores à sua
própria pesquisa?
– Qual é o escopo da cobertura?
– É uma visão geral ou uma análise aprofundada?
– O escopo corresponde às suas próprias necessidades de in-
formação?
– O período de tempo e a região geográfica são relevantes
para sua pesquisa?
Data da publicação
– Quando a fonte foi publicada pela primeira vez?
– Qual versão ou edição da fonte você está consultando?
– Existem diferenças nas edições, como novas introduções ou
notas de rodapé?

78 Fontes de Informação I
– Se a publicação estiver on-line, quando foi atualizada pela
última vez?
– O que mudou na sua área de estudo desde a data de publi-
cação?
– Existem revisões, respostas ou réplicas publicadas?
Documentação
– As fontes consultadas são citadas?
– Se não, você tem outros meios para verificar a confiabilidade
das informações?
– Os autores citados têm alguma relação com os citantes?
– Os autores citados fazem parte de um determinado movi-
mento acadêmico ou escola de pensamento?
– Eles representam apropriadamente o contexto das fontes
citadas?
– Ignoram quaisquer elementos importantes das fontes cita-
das?
– Eles estão escolhendo trechos específicos para apoiar seus
próprios argumentos?
– Eles citam adequadamente ideias que não são as suas pró-
prias?
Fontes: UCMERCED LIBRARY. Critical Evaluation of Resources: Evaluating Websites. Disponí-
vel em: <http://libguides.ucmerced.edu/c.php?g=322283&p=2280750>.Acessoem: 05 jul. 2017.
UCMERCED LIBRARY. Critical Evaluation of Resources: Determining Credibility. Disponível
em: <http://libguides.ucmerced.edu/c.php?g=322283&p=2279952>.Acesso em: 05 jul. 2017.

5.8 CONCLUSÃO
A Biblioteconomia e a Ciência da Informação são áreas extremamente
afetadas pela tecnologia e especialmente pela internet. Tem sido difícil
para os bibliotecários abrirem mão da biblioteca como espaço físico, que
ainda é apreciado e valorizado pela sociedade, como pode ser compro-
vado pelas suntuosas edificações de inúmeras bibliotecas na atualidade.
Mas o fato é que não há como ignorar a força da tecnologia da infor-
mação nas práticas biblioteconômicas. É preciso agora passar a visualizar
a biblioteca não mais como um espaço físico, mas como um espaço de
conexão de ideias, de amplas possibilidades de aprendizagem, onde os
usuários vão buscar ajuda para atender às suas inúmeras e complexas
necessidades de informações. As fontes de informação estarão princi-
palmente em formatos digitais, podendo ser acessadas por meio de di-
ferentes dispositivos, compondo um ambiente informacional paradoxal.
E que não pode ser ignorado pela escola, pois como afirma a professora
Roxane Rojo: “[...] as novas tecnologias têm que entrar na escola porque
elas fazem parte da vida”.

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RESUMO
A internet constitui um conjunto de diferentes fontes que fornecem
informações de todos os tipos. Ela reproduz fontes tradicionais, como os
periódicos, e possibilita o aparecimento de novas fontes ou novos gê-
neros textuais como e-mail, bate-papo virtual, unidade virtual, lista de
discussão, video conferência interativa e outros. A internet transformou
a forma como a sociedade tradicionalmente produziu informação e co-
nhecimento, aumentando a possibilidade de autoria coletiva, múltipla e
democrática.
Estudos sobre o uso da internet por diferentes categorias de usuários
podem ajudar o bibliotecário a buscar a melhor maneira de orientá-los.
Embora propicie uma independência para o uso, a complexidade da rede
exige o domínio de habilidades que vão desde a localização de informa-
ções até a capacidade de discernir o que é relevante e confiável.

INFORMAÇÕES SOBRE A
PRÓXIMA UNIDADE
Na próxima unidade iniciaremos o estudo da literatura e de conceitos
que poderão ajudar o bibliotecário a trabalhar gêneros literários que tra-
dicionalmente fazem parte da coleção de muitas bibliotecas. Nas duas
unidades seguintes vamos conhecer uma ampla gama de gêneros tex-
tuais que hoje devem estar presentes na biblioteca.

80 Fontes de Informação I

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