Homeopatia Controle Carrapatos
Homeopatia Controle Carrapatos
Homeopatia Controle Carrapatos
HOMEOPATIA NO CONTROLE DE
CARRAPATOS Rhipicephalus microplus
EM BOVINOS MESTIÇOS LEITEIROS
HOMEOPATIA NO CONTROLE DE
CARRAPATOS Rhipicephalus microplus
EM BOVINOS MESTIÇOS LEITEIROS
_____________________________________________________________CDU: 619
II
“O fardo é proporcional às
forças, assim como a recompensa
será proporcional ao mérito”
Allan Kardec
III
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS pelas oportunidades a mim proporcionadas, por sempre colocar uma mão
amiga nos momentos mais difíceis, pelo conhecimento e pela VIDA.
À Betania Aparecida Alves, companheira, que durante a execução deste trabalho sempre foi
apoio, estímulo e compreensão.
Aos meus irmãos Gildo, Gilson e Gilca Silva de Morais pelo estímulo e o apoio.
À Cícera Mendes Silva e filhos, proprietários do Sítio Juca Moreira, onde foi realizado o
experimento.
Aos produtores Carlos Muniz Marques, Zigomar dos Santos Marques e familiares por
cederem em forma de parceria 26 animais do seu plantel, para a execução deste experimento.
Ao meu amigo, professor e orientador Edmundo Benedetti, pela acolhida, estímulo, apoio e
orientação, em uma área de pesquisa ainda considerada como pouco importante.
Ao professor Antonio Vicente Mundim pelo apoio para a realização dos hemogramas e
bioquímicos, orientação sobre as análises, assim como a permissão para utilização do
Laboratório de Análises Clínicas da FAMEV/UFU.
Aos professores Anna Monteiro Correia Lima, Evandro Abreu Fernandes, Isabel Cristina
Ferreira, Mara Regina Bueno Mattos Nascimento, Matias Juan Pablo Szabo, Ricarda Maria
dos Santos, pela transmissão de conhecimento, pelo convívio e estímulo.
A grande amiga professora da FACIP/UFU, Gabriela Lícia Santos Ferreira pela acolhida
quando as dúvidas sobre a viabilidade da pesquisa.
À Doutora Cecília José Veríssimo do Instituto de Zootecnia pelo estímulo nos eventos
científicos e na pesquisa.
MUITO OBRIGADO!!!
V
SUMÁRIO
Páginas
LISTA DE ABREVIATURA ................................................................. VII
LISTA DE FIGURAS ............................................................................ VIII
LISTA DE TABELAS ........................................................................... IX
RESUMO ............................................................................................... X
Palavras-Chave ....................................................................................... XI
ABSTRAT .............................................................................................. XII
Keywords ................................................................................................ XII
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 01
2 OBJETIVOS ........................................................................................ 02
2.1 Objetivo Geral .................................................................................. 02
2.2 Objetivos específicos ........................................................................ 02
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................... 02
3.1 Origem dos Bovinos ......................................................................... 02
3.2 Pecuária Leiteira no Brasil ............................................................... 03
3.3 Raça Girolanda ................................................................................. 05
3.4 Carrapato do Boi ............................................................................... 06
3.5 Formas Atuais de Combate ao Carrapato do Boi ............................. 08
3.5.1 Controle Alopático ........................................................................ 08
3.5.2 Controle Estratégico ...................................................................... 10
3.5.3 Controle Biológico ........................................................................ 10
3.5.4 Controle Imunológico .................................................................... 10
3.5.5 Homeopatia.................................................................................... 11
3.6 Escore de Condição Corporal ........................................................... 12
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................. 13
4.1 Local ................................................................................................. 13
4.2 Período do Experimento ................................................................... 13
4.3 Os Animais ....................................................................................... 13
4.4 Alimentação dos Animais................................................................. 13
4.5 Tratamento ........................................................................................ 14
4.5.1 Vacinas, Medicamentos e Cuidados com as Crias ........................ 16
VI
4.5.2 Controle de Ectoparasitos .............................................................. 16
4.5.3 Reprodução dos Bovinos ............................................................... 16
4.6 Avaliação da Presença de Carrapatos ............................................... 16
4.7 A colheita e Processamento das Amostras de Sangue ...................... 17
4.8 Escore de Condição Corporal (ECC) .............................................. 18
4.9 Leite Produzido ................................................................................ 18
4.10 Metodologia Estatística .................................................................. 19
4.10.1 Comentário sobre a Estatística .................................................... 20
4.11 Comitê de Ética em Pesquisa Utilizando Animais
(CEUA) .................................................................................................. 20
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 20
5.1 Contagem de Teleóginas Acima de 4 mm ........................................ 21
5.2 Teleóginas com Alterações Morfológicas ........................................ 23
5.3 Resultados dos Hemogramas ............................................................ 26
5.5 Escore de Condição Corporal ........................................................... 29
5.6 Leite Produzido pelos Bovinos em Lactação ................................... 29
6 CONCLUSÃO ..................................................................................... 30
7 REFERÊNCIAS .................................................................................. 30
APÊNDICE ............................................................................................ 36
Apêndice I - Esboço do Mapa das Pastagens ......................................... 37
ANEXO .................................................................................................. 38
Anexo 01 - Parecer do CEUA ................................................................ 39
VII
LISTA DE ABREVIATURAS
CEUA – Comitê de Ética em Pesquisa Utilizando Animais
CH - Centesimal Hanhnemanniana
ECC - Escore de Condição Corporal
EDTA-K- Etilenodiaminotetracético Sal Tripotássico
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FACIP – Faculdade de Ciências Integradas do Pontal
FAMEV – Faculdade de Medicina Veterinária
g/dL – Grama por decilitro
gr- Grama
HCT – Porcentagem de Hematócritos
HGB - Hemoglobinas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Kg - Quilo
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MCH – Hemoglobina Celular Média
MCHC – Concentração do Sangue
MCV – Volume Celular Médio
mm – Milímetros
PLT – Plaquetas
q.s.q – Veículo inerte
RBC – Hemácias
S - Sul
SNPA - Secretaria Nacional de Produção Agropecuária
sp – Espécie não definida.
spp– Espécies não definidas
UFU – Universidade Federal de Uberlândia
x - Vezes
W - Norte
WBC - Leucócitos
µL– Microlitro
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Foto do úbere com infestação de carrapatos ....................... 06
Figura 02 - Esquema simplificado do ciclo de vida do
carrapato (Rhipicephalus microplus). ..................................................... 07
Figura 03 – Animais do grupo T1 se alimentando da
mistura ração e homeopático. ................................................................. 15
Figura 04 – Animais do grupo T2 se alimentando da
mistura ração e calcário .......................................................................... 16
Figura 05 – Comparação de teleóginas retiradas de animal
do grupo T1 com alteração morfológica e teleóginas
retiradas de animais do grupo T2 ........................................................... 24
Figura 06 – Comparação entre tamanho de teleóginas
retiradas do grupo T1 e T2 ..................................................................... 26
Gráfico 01 – Médias das plaquetas dos grupos
experimentais .......................................................................................... 27
IX
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
A bovinocultura chegou ao Brasil junto com os primeiros portugueses que utilizavam
os animais como: para o trabalho, alimentação (consumo do leite ou a carne), vestimenta,
artefatos para montaria e utensílios (couro e chifres).
A introdução desses animais em ambientes diferente daqueles em que evoluíram, os
deixaram susceptíveis a vários fatores adversos até então desconhecido. As importações de
animais sem os devidos cuidados sanitários trouxeram além dos bovinos vários parasitos,
dentre eles, o Carrapato do Boi (Rhipicephalus microplus), que aqui encontrou clima similar
ao das regiões asiáticas de onde se originou.
O combate ao carrapato tem levado produtores, pesquisadores, empresas produtoras de
acaricidas e instituições públicas, a buscarem uma solução que não produza efeitos danosos
nos animais, operadores e meio ambiente, como intoxicação, poluição de cursos de d‟água e
do solo.
Os pesquisadores têm sido quase que unânimes em afirmarem que em alguns anos o
Rhipicephalus microplus terá desenvolvido resistência a todas as moléculas de acaricidas
existentes. Os fabricantes de acaricidas estão desenvolvendo produtos com maiores
concentrações e associação de várias moléculas, aumentando os riscos de intoxicações
durante as aplicações, tanto nos animais, como nos aplicadores, além da contaminação
ambiental. Outro risco potencialmente aumentado com essas associações, é a presença de
resíduos na carne e leite que serão consumidos pela população. No caso do leite, a
contaminação é ainda mais danosa, pois e altamente consumido pelas as faixas etárias da
população com maior vulnerabilidade às intoxicações (crianças e idosos).
O controle do carrapato com fitoterápicos ou outros produtos naturais, tem sido
utilizado com sucesso relativo, porém, com poucos registros na literatura. A Homeopatia, que
significa cura pelos iguais, vem sendo usada deste a década de 70. Entre as diversas formas de
homeopatia, a mais empregada é a que utiliza bioterápicos isoladamente ou em associação a
outros produtos da farmacêutica homeopática.
A homeopatia não visa o extermínio do parasito, e sim, mantê-lo em níveis que não
provoquem danos ao hospedeiro. Nas propriedades que utilizam esse recurso tem-se
observado a presença dos ectoparasitos, no entanto, sem provocar danos aos animais
(MAGALHÃES NETO et al., 2004).
O sangue nos mamíferos é fundamental para a circulação no organismo, pois
transporta moléculas que nutrem as células, suas excretas, células do sistema de defesa e
02
2. OBJETIVO
2.1 Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia de bioterápico antiparasitário no
controle de carrapatos em bovinos fêmeas mestiças Bos taurus taurus x Bos taurus indicus.
2.2 Objetivos Específicos
Avaliar o número de teleóginas ingurgitadas de Rhipicephalus microplus em fêmeas
bovinas mestiças.
Verificar se há alterações morfológicas nos ectoparasitos aderidos à pele dos animais
dos grupos experimentais.
Confrontar a quantidade de células sanguíneas presentes no sangue e os níveis séricos
das enzimas colinesterase, fosfatase alcalina-ALP, aspartato aminotransferase-AST e gama
glutamiltransferase-GGT.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Origem dos Bovinos
Os bovinos primitivos sofreram o processo de especiação, dando origem a três
subespécies distintas, pelo isolamento geográfico (CERVINI, 2009). A subespécie Bos taurus
taurus, evoluiu em regiões da Europa com 4 estações climáticas anuais bem definidas,
inverno rigoroso, primavera de flores e vegetação abundante, verão quente e úmido, outono
03
existir animais suscetíveis, que permitem que uma maior quantidade de carrapatos chegarem à
fase adulta (VERÍSSIMO, 2013).
3.4 Carrapato do boi
O Rhipicephalus microplus é um ectoparasita, geralmente monóxeno e bastante
seletivo quanto aos seus hospedeiros, preferindo os bovinos.
De acordo com Furlong (2005), o carrapato é um ácaro que foi encontrado pela
primeira vez em uma tumba do antigo Egito em 1.500 A.C. A maioria dos carrapatos que
parasitam os bovinos é da espécie Rhipicephalus microplus, pertencente ao Filo Arthropoda,
Subfilo Chelicerata, Classe Aracnida, Subclasse Acari, Ordem Parasitiforme, Subordem
Ixodides, Família Ixodidae e Gênero Rhipicephalus.
Existem registros fósseis desses ectoparasitas em bovinos desde a pré-história.
Acredita-se que artrópodes mamíferos e aves co-evoluiram desde quando esses animais vivam
em tocas e abrigos fugindo dos predadores, sendo o parasitismo, uma evolução do fato de que
alguns ácaros ancestrais se alimentavam de escamas de peles dos bovinos ancestrais. Esses,
por sua vez, lambiam suas feridas, desenvolvendo estruturas para a fixação definitiva dos
parasitos na pele (FRANZIN, 2009).
O ciclo de vida do carrapato é dependente de fatores ambientais e ecológicos, como
temperatura ambiente, umidade, incidência solar, abrigo, predadores entre outros. Esses
fatores influenciam de forma positiva ou negativa a ovoposição, viabilidade dos ovos, eclosão
e sobrevivência dos estágios juvenis do mesmo, influenciando inclusive na quantidade de dias
para que o ciclo se complete.
O carrapato possui um
ciclo de vida em duas fases
distintas, sendo uma fase de
vida parasitária e uma fase de
vida livre. A fase de vida
parasitária é dividida em:
larva infectante (também
conhecida como micuim),
ninfa e adulto. Nos adultos há FIGURA 01 –. Foto do úbere com infestação de carrapatos, em destaque
dimorfismo sexual, o macho é teleógina ingurgitada com aproximadamente 8mm. (MORAIS, P. G. M.,
menor que a fêmea e não se 2013, arquivo pessoal do autor).
alimenta de sangue ao
contrário da fêmea, que é hematófaga (Fig. 01). Após o acasalamento, a fêmea tem um
07
2010). Essa prática tem registros desde o final do século XIX, com a utilização do arsênico,
entretanto, já em 1937 surgem os primeiros relatos que o carrapato havia desenvolvido
mecanismo de resistência contra o ele (FURLONG, 2005).
Várias moléculas foram testadas, no combate ao carrapato algumas com sucesso.
Essas moléculas são denominadas acaricidas e podem ser subdividas em dois grupos: o
primeiro são os acaricidas de contato que são os que trazem danos ao ectoparasito pelo
contato, são usados nos banhos, imersão do hospedeiro ou pour-on (FURLONG et al., 2007).
Tem como princípio ativo moléculas pertencentes aos grupos químicos dos organofosforados.
São acaricidas mais antigos, com baixo poder residual, exigem aplicações com menor
intervalo de dias, com grande resistência desenvolvida pelo carrapato. Amidínicos é um grupo
de produtos que esta sendo usado há mais de 20 anos com poder residual maior que os
organofosforados. Piretróides sintéticos são produtos desenvolvidos por pesquisadores que
são muito tóxicos aos ácaros, com baixa toxidade aos bovinos e ao homem, além de baixo
poder residual, por isso, são produtos com os maiores níveis de resistência. Fenilpirazóis atua
no sistema nervoso do ácaro promovendo paralisia, no entanto, pode ser utilizado em vacas
lactantes e apresenta o maior tempo para abate dos animais destinados ao consumo humano.
Cymiazol é o mais antigo grupo químico, que foi relançado no mercado nacional e tem em
sua fórmula uma associação com piretróide sintético. Já o Naturalyte, grupo químico
desenvolvido mais recente, não apresenta restrição ao uso em animais lactantes (FURLONG
et al., 2007; BRITO et al., 2006). Segundo os mesmos autores, o segundo grupo de
carrapaticidas são os sistêmicos, que são aqueles que são inoculados nos hospedeiros, seja por
injeção, banho por aspersão, aplicados sobre a linha dorsal ou ainda ingeridos pelo
hospedeiro, metaboliza e o distribui pelo corpo via corrente sanguínea. Em sua composição
encontram-se as Lactonas Macrocíclicas que são oriundas da fermentação de um fungo e se
dividem em dois subgrupos, as avermectinas com seus cinco subgrupos (abamectina,
ivermectina, doramectina, eprinomectina e selamectina) e a moxidectina, que agem
bloqueando a transmissão dos impulsos nervosos nos carrapatos, e por isso morrem
paralisados com sistêmicos. Temos ainda as benzofenilureas que são inibidores do
crescimento do ácaro evitando assim que ele siga seu ciclo vital, evitando também que os
ovos eclodam. Os acaricidas sistêmicos não podem ser usados em animais lactantes, pois há
presença dos princípios ativos no leite.
O controle alopático ou “químico” tem demonstrado custo/benefício limitado em
decorrência do alto custo e da resistência que o ácaro adquire após as aplicações sucessivas
dos medicamentos (VARGAS et al., 2003; NOLAN, WILSON, 1989). O tratamento com
10
acaricidas tem empregado dosagens cada vez maiores, podendo levar até a intoxicação do
trabalhador, dos animais e/ou do meio ambiente, além de deixar resíduos tóxicos no leite e na
carne (SIGNORETTI et al., 2006). A troca de princípios ativos tem sido uma necessidade
constante devido à resistência que populações do Rhipicephalus microplus desenvolve aos
mesmos (LEAL et al., 2003).
3.5.2 Controle Estratégico
Controle estratégico é aquele que utiliza o controle químico ou alopático em condições
que procuram interromper o ciclo de vida do parasito, fazendo com que o número de
carrapatos no ambiente diminua e consequentemente o número de Rhipicephalus microplus
parasitando os animais.
A EMBRAPA Gado de Leite através da Instrução Técnica para o Produtor de Leite de
número 38, preconiza o combate nos animais de 21 em 21 dias, nos período do ano com
menor quantidade de parasitos no corpo do animal mantendo os hospedeiros no mesmo pasto
(FURLONG, PRATA, 2004).
3.5.3 Controle Biológico
Esse tipo de controle é amplo, passa pela seleção de raças de bovinos mais resistentes
ao ectoparasito, seleção de pastagens que dificultem a ovoposição e a eclosão dos ovos, bem
como a busca de predadores e parasitos do ácaro, como: bactérias, fungos, protozoários, entre
outros organismos (LEAL et al.,2003; FURLONG et al., 2007).
Leal et al.(2003) citam que a outra forma de controle biológico é a utilização de
compostos que utilizam substâncias produzidas por organismos vivos que se misturam e
formam um acaricida, como exemplo, um composto oriundo do fungo Sacharopolyspora
spinosa.
3.5.4 Controle Imunológico
Vários grupos estudam a possibilidade de desenvolver uma vacina contra o carrapato.
Comercialmente existem duas vacinas com a utilização da proteína Bm86, uma de origem
australiana chamada de Tick-Gard e outra de origem cubana a Gavac. No entanto, ambas não
conferem proteção satisfatória no Brasil. Existem vários estudos sobre outras proteínas que
conferem imunoproteção, mas ainda estão em fase de estudos (FREITAS et al., 2005).
Essa forma de combate tem demonstrado eficiência relativa, pois com o
desenvolvimento da resistência contra drogas antiparasitárias, principalmente acaricidas, a
indústria tem investido constantemente na pesquisa de novos defensivos químicos. Uma saída
para os problemas de resistência advinda do uso constante de medicamentos tradicionais, são
11
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local
O gado era apascentado em um imóvel localizado no município de Ituiutaba-MG, às
coordenadas 18°46'32.6"S 49°30'33.5"W.
No sítio Juca Moreira eram registradas diariamente a quantidade de chuvas por meio
de pluviômetro afixado em um poste de cerca.
4.2 Período do experimento
Este experimento foi realizado no período de janeiro de 2013 a fevereiro de 2014,
sendo quatro meses de randomização e sete meses de tratamento.
No período de fevereiro/2013 a junho de 2013, eram realizadas observações e
anotadas diariamente a quantidade de teleóginas acima de 4mmpara a distribuição de forma
randômica dos animais nos grupos de tratamento.
Entre os meses de junho de 2013 a fevereiro de 2014, os parasitos eram observados,
anotando-se diariamente a quantidade encontrada. Posteriormente era realizada a estatística
com a soma mensal das teleóginas encontradas diariamente.
4.3 Animais
Utilizou-se de trinta e seis fêmeas bovinas da raça Girolando, variando de ¼ a ¾ de
proporção de holandês, com idade entre 18 e 65 meses em três grupos: grupo 1 com 12
fêmeas que foi denominado, tratamento 1 (T1), grupo 2 com 12 animais, tratamento 2 (T2) e
grupo 3 com 12 fêmeas,tratamento 3 (T3).
A divisão dos animais nos grupos experimentais ocorreu após quatro meses (fevereiro
a maio/2013) de observação da susceptibilidade dos animais ao carrapato para a separação
randômica nos grupos experimentais, de forma que o animal mais susceptível foi para o grupo
T1; o segundo mais, foi para o grupo T2 e o terceiro, para o grupo T3. O animal mais
resistente foi para o grupo T1, o segundo mais resistente para o grupo T2 e o terceiro mais
susceptível para o grupo T3 e assim sucessivamente até o final. A média de teleóginas nos
animais dos três grupos ficava entre 6,3(T2), 6,43 (T3) a 6,6 (T1) teleóginas por animal.
4.4 Alimentação dos animais
Os animais eram alimentados com capim do gênero Brachiaria spp, em piquetes
rotacionados no período de janeiro/2013 a junho/2013 e janeiro/2013 a fevereiro/2014. Dois
pastos do sítio eram divididos em 16 piquetes com 43x72 m. Entre os piquetes no sentido
longitudinal, foi construído um corredor de 4m de largura, que foi utilizado para o trânsito e
entrada dos piquetes. Os animais dos grupos T1 e T2 ficavam no mesmo pasto. Pastavam por
14
dois dias ou quando o capim atingisse 20 cm de altura, eram mudados para outro piquete e
assim, sucessivamente, pastavam outros piquetes e ao final de 32 dias eles voltavam para o
piquete inicial. Os animais dos grupos T3, durante o período do experimento, ficavam em
outro pasto separado por cerca de arame (apêndice 01). No período da seca, de julho/2013 a
dezembro/2013, o trato dos animais era fornecido no cocho outro tipo de volumoso. Recebiam
cana picada (agosto e setembro), silagem de cana (outubro) e uma mistura de polpa cítrica,
resíduo do processamento de sementes de milho e capim braquiária (novembro e dezembro),
prensado em forma de briquetes. Os briquetes eram reidratados na seguinte proporção 50 kg
de briquetes e 300 litros de água; após a hidratação eram adicionados 20 kg de poupa cítrica e
50 kg de resíduo de milho. Durante todo o experimento recebiam suplemento mineral com
100g de fósforo, produzido pela cooperativa de produtores de leite da região.
4.5 Tratamento
Os animais do grupo T1 recebiam diariamente 10g de homeopático, mistura
comercializada com o nome comercial de EctodermR, contendo Boophilus microplus (CH30),
Haematobia irritans (CH30), Daphne mezereum (CH6), Rhus toxicodendron (CH6), e
carbonato de cálcio q.s.p., adicionados a 500g de ração concentrada à base de milho, farelo de
soja, suplemento mineral, sorgo e farelo de algodão. O homeopático era acondicionado em
recipiente de plástico opaco.
Os cochos para a mistura de ração e homeopático, assim como aqueles para a mistura
de ração e placebo, eram feitos de bombonas plásticas de 20L cortadas ao meio, no sentido
longitudinal, obtendo-se dois cochos, que foram afixados em uma vigota de madeira com 4m
de comprimento,15cm de largura e 20cm de altura.Eram afixadas quatro metades de tambores
em cada vigota, com 1m de distância entre ponto central de cada cocho. As vigotas eram
afixadas em estacas de madeira de 1,00m;50cm enterrado no solo e 50cm exposta, ficando a
borda superior do cocho a 80cm do chão.
15
sempre até as 9 horas da manhã nos três grupos experimentais, observando-se o corpo do
animal, principalmente partes como orelhas, barbelas, pescoço, palheta, lombo, costelas,
barriga, entre pernas e fossa retal. Por ser uma observação que se realizava nos pastos
evitando-se a contenção diária dos animais, não eram contadas as teleóginas que se
encontravam na parte abaxial do úbere (entre os tetos) e na parte interna da virilha, entre a
parte interna da coxa e o corpo do animal. As quantidades encontradas eram anotadas e depois
armazenadas em uma planilha Excell; no final dos 30 dias realizava a soma mensal por animal
e por grupo, cada grupo experimental tinha uma planilha com os animais identificados.
Utilizava um gabarito em lâmina de zinco contendo orifício de 4 mm.
A quantidade de teleóginas ingurgitadas determinou a classificação das infestações de
acordo com a possibilidade de danos ao hospedeiro. As infestações eram divididas em leve,
quando observavam-se até 20 teleóginas acima de 4mm; moderada, de 20 a 30 teleóginas,
severa, de 30 a 50 e hiperinfestação, acima de 50 teleóginas ingurgitadas. Quando encontrava
acima de 30 teleóginas em até três animais de cada grupo, esses eram submetidos a controle
de ectoparasitos com alopatia, com produtos encontrados no comercio local. Se fosse
encontrado em dois grupos mais de três animais com mais de 30 parasitos, todos os animais
eram submetidos a controle com banhos de acaricidas. Mensalmente registrava-se a soma e a
média de carrapatos, sempre no dia 19, por ser próximo à colheita de sangue para exames. A
contagem era realizada em cada animal, observando-se a morfologia externa dos parasitos. No
ano de 2012, os animais existentes no imóvel não recebiam tratamento homeopático, além de
se permitir várias infestações nos mesmos, para que o ciclo do ectoparasito se realizasse com
o mínimo de interferência humana.
4.7 A colheita e Processamento das Amostras de Sangue
Mensalmente eram realizados hemograma e exame bioquímico séricos dos animais
dos três grupos experimentais.
As colheitas do sangue eram feitas após a ordenha matinal, com punção da veia
jugular,com os animais contidos no tronco da fazenda e de pé. No período de junho de 2013 a
fevereiro de 2014, eram efetuadas sete colheitas de cada animal, com intervalo de
aproximadamente 30 dias, sendo que a primeira ocorria um dia antes do início da
administração do bioterápico. A cada colheita, duas amostras eram extraídas: a primeira, com
4ml de sangue em tubo contendo anticoagulante, ácido etilenodiaminotetracético sal
tripotássico (EDTA-K3) a 10%, para realização dos hemogramas e a segunda, com 4ml de
sangue em tubo sem anticoagulante, contendo gel separador e ativador da coagulação para
obtenção de soro e processamento do material para análises bioquímicas séricas (WEISS e
18
WARDROP, 2010; KANEKO, 2008 e FERREIRA NETO et al., 1982). No momento das
colheitas eram confeccionadas lâminas histológicas com extensões sanguíneas para o
processamento de contagens diferenciais de leucócitos. Após as colheitas, os frascos eram
acondicionados em recipiente com gelo e transportados, no mesmo dia, para o Laboratório
Clínico Veterinário do Hospital Veterinário da UFU (Uberlândia).
Os hemogramas eram processados no dia da colheita, no Laboratório de Análise
Clinicas do Hospital Veterinário da UFU, segundo procedimento padrão do mesmo, em
contador automático de células ABC Vet. A contagem diferencial dos leucócitos ocorria após
coloração das lâminas com May Grünwald-Giemsa, segundo Ferreira Neto et al.(1982). Em
cada lâmina 100 leucócitos eram contados e identificados quanto ao tipo celular, ao
microscópio óptico com objetiva de 100x. Os tipos celulares, citados abaixo, tinham suas
porcentagens estabelecidas. O hemograma quantificava o número de hemácias (RBC) e
hemoglobinas (HGB), bem como o volume celular médio (CVM), a hemoglobina celular
média (HCM), a concentração do sangue (CHGM), a porcentagem de hematócritos (HCT), o
número de plaquetas (PLT) e de leucócitos (WBC). Os seguintes tipos leucocitários eram
quantificados: neutrófilos (mielócitos, metamielócitos, bastonetes e segmentados),
eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. As amostras sanguíneas, depositadas em tubos
com gel separador, eram centrifugadas a 7.200g em centrífuga Baby I. Nas amostras de soro
obtidas determinava-se a concentração de colinesterase (método cinético-DGKC), fosfatase
alcalina-ALP (método cinético optimizado), aspartato aminotransferase-AST (método
cinético UV-IFCC) e gama glutamiltransferase-GGT (método Szasz modificado) em
analisador automático multicanal ChemoWell (Awareness Techonology, Inc.), utilizando-se
kits comerciais da Labtest Diagnóstica (WEISS, WARDROP, 2010).
4.8 Escore de Condição Corporal (ECC)
Os bovinos eram observados diariamente utilizando-se o método de avaliação Escore
de Condição Corporal (ECC) (FREITAS JÚNIOR et al., 2008), com a anotação do escore no
dia anterior a colheita de sangue.
4.9 Leite Produzido
A avaliação da qualidade do leite, quanto à presença de sólidos, gordura e resíduos de
antibióticos era realizada por laboratório credenciado pelo laticínio, que comprava o leite
produzido na fazenda, conforme Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), nº 62/2011.
Durante este experimento, os animais que pariam eram ordenhados manualmente, em
duas ordenhas diárias. O leite era analisado conforme normas de captação e colheita de leite
19
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o experimento foram encontradas teleóginas em todos os grupos de animais.
Nos animais que receberam o homeopático, foram encontradas aderidas à pele,
teleóginas com sinais de senescência ou rompidas, fatos não verificado nos outros grupos.
Os exames do sangue e do plasma demonstraram que mesmo havendo diferença em
alguns dos seus componentes, essa diferença foi mais significativa entre os grupos de animais.
No grupo T1, entre o início do tratamento e o final, houve uma diferença significativa
no número de plaquetas e de eosinófilos, com aumento desses dois importantes componentes
do sangue contra os carrapatos. Essa diferença não foi significativa nos outros dois grupos
experimentais, mas mesmo com o aumento não fugiu dos níveis considerados normais para a
espécie no Brasil.
O estado nutricional dos animais favorece ou dificulta infestações do R. microplus.
Não foi encontrada diferença estatística no ECC dos animais dos grupos experimentais.
21
O leite dos animais em produção foi vendido a uma cooperativa de produtores de leite
no município de Ituiutaba obedecendo a Normativa nº 062/2011 do MAPA, obedecendo aos
parâmetros de qualidade, inclusive, obtendo sempre bonificação pela qualidade.
5.1 Contagem de Teleóginas acima de 4 mm
Foi observada a presença dos ectoparasitos nos três grupos, confirmando que a
homeopatia não extermina o parasito, no entanto, o mantém em quantidade que não interfere
na saúde do hospedeiro. O extermínio do carrapato, que é vetor de algumas doenças, tornaria
os bovinos sem células de defesa de memória contra essas doenças. Quando esses bovinos
entram em contato com o carrapato sofrem as doenças de forma mais agudas. Já as pequenas
infestações provocam o sistema de defesa do hospedeiro a desenvolverem a sua memória
imunológica e assim o torna mais resistente a essas doenças (ROSENBAUM, 2005).
Os animais se encontravam em pastagens próximas, no entanto o grupo T3 foi mantido
separado dos demais grupos por cercas de arame. Algumas das cercas eram eletrificadas,
sempre em pastagens adjacentes à aquelas que estavam os animais dos grupos T1 e T2. Por
serem em maior número, em alguns meses houve a troca de pasto dos animais, os grupos T1 e
T2 foram para os pastos 3 e 4 e o grupo T3 foi para os pastos 1 e 2 (Tab. 01).
TABELA 01- Distribuição dos animais nas pastagens durante o experimento, no período
de randomização e após a separação nos grupos experimentais.
Pasto 01 Pasto 2 Pasto 3 Pasto 4
Fevereiro/2013 T1, T2 e T3
Março/2013 T1, T2 e T3
Abril/2013 T1, T2 e T3
Maio/2013 T1, T2 e T3
Até 20/06/2013 T1, T2 e T3
Após 20/06/2013 T1 e T2 T3
Julho/2013 T1 e T2 T3
Agosto/2013 T1 e T2 T3
Setembro/2013 T3 T1 e T2
Outubro/2103 T1 e T2 T3
Novembro/2013 T3 T1 e T2
Dezembro/2013 T3 T1 e T2
Janeiro/2014 T1 e T2 T3
Fevereiro/2014 T1 E T2 T3
22
Observou-se que no primeiro e segundo mês de aplicação do homeopático, não foram
encontradas diferenças na soma mensal do número de teleóginas encontradas nos animais. A
partir do terceiro mês, o grupo T1 apresentou uma menor quantidade de teleóginas em relação
aos outros dois grupos. Em todos os outros meses foram constatadas diferenças entre os
grupos T1 e T3, já entre os grupos T1 e T2, não houve diferença em novembro e
dezembro/2013 e diferença entre esses grupos e o grupo T3 (Tab. 02).
A partir do terceiro mês do experimento, apresentaram diferenças significativas entre o
total de teleóginas encontradas nos animais. O grupo T1 apresentou sempre menor quantidade
que os outros dois. Já o grupo T2, com quantidade intermediária de teleóginas acima de 4
mm.
TABELA 02 – Quantidade mensal de teleóginas acima de 4 mm aderidas à pele dos
animais, no período de junho/2013 a fevereiro/2014.
Período Grupo T1 Grupo T2 Grupo T3
20/06 a 19/07/2013 2025 a 2581 a 2056 a
20/07 a 19/08/2013 852 a 1879 a 3154 a
20/08 a 19/09/2013 762 a 2037 a 3130 b
20/09 a 19/10/2013 689 a 1365 a 1439 b
20/10 a 19/11/2013 219 a 977 b 1529b
20/11 a 19/12/2013 224 a 931 a 2358b
20/12/13 a 19/01/14 349 a 921 a 2151 b
20/01 a 19/02/2014 841 a 2488 b 3345c
Total 5961 a 13179 b 19162 c
Pelo teste de Kruskal-Wallis existem diferenças estatísticas. p<0,05. Letras iguais
representam que não houve diferença, letras diferentes representam se houve diferenças
estatísticas entre a quantidade mensal de teleóginas encontradas nos animais dos grupos
experimentais.
Baseado na afirmação de Furlong (2005),de que para cada teleógina acima de 4mm
encontradas no corpo do animal existem 99 carrapatos no ambiente em seus diversos estágios
evolutivos. A menor quantidade de R. microplus encontrada no grupo T2, quando se compara
com o grupo T3, é justificado, pois o grupo T2 ficou em ambiente com menor quantidade de
carrapatos na fase não parasitária. Os parasitos que parasitaram os animais do grupo T1 não
completaram o ciclo biológico, fazendo assim um controle estratégico dos ectoparasito.
Gazim, et al (2010), relata que teleóginas com ingurgitamento total oriundas de
animais que receberam homeopáticos são de menor peso, produzem menor quantidade de
23
ovos viáveis e consequentemente menor quantidade de fases jovens do ectoparasito,
resultando uma menor reinfestação nos animais que estão na área, levando a menor
infestação nas pastagens e indiretamente, induz à menor infestação nos animais do grupo T2
que estavam no mesmo pasto que T1.
O grupo T1 foi diretamente beneficiado pela ingestão do homeopático, já o grupo T2
apresentou uma quantidade intermediária de teleóginas por estar nas mesmas pastagens do
primeiro grupo, já o grupo T3 não foi influenciado nem diretamente e nem indiretamente.
As condições climáticas e ambientais: umidade, temperatura e luz solar, influenciam
nas infestações (MEDEIROS, et al; 2008), pois no período do experimento coincidiu com
pouca umidade e uma situação anormal para a região, devido a falta de chuvas em
dezembro/2013 e, principalmente em janeiro/2014, que choveu apenas 34 mm no mês (Tab.
03).
5.2 Teleóginas com Alterações Morfológicas
A partir do terceiro mês do experimento, com a utilização do bioterápico ocorreram
infestações de fases jovens que não ingurgitaram, mas três infestações de fases jovens do
parasito nos animais do grupo T1, que não chegaram a ingurgitar. Essas infestações ocorreram
nos meses de setembro/2013, novembro/2013 e dezembro/2013. Apesar de haver uma relação
entre o ectoparasito completar o seu ciclo e condições climáticas, não interferiu no fato
observado, pois houve o surgimento dessas fases jovens mesmo em meses em que o aumento
de umidade não foi significativo (Tab. 03).
Durante o período experimental, não houve nenhuma aplicação de acaricidas
alopáticos, por não haver infestação que justificasse tal procedimento. Foram realizadas três
aplicações de Cipermetrina pour-on na dosagem de 20 ml, por animal, para combater a mosca
do chifre (Haematobia irritans), que estavam em grande quantidade nos animais. Não foi
detectada a presença de bernes (Dermatobia hominis), apenas um caso de miíase (bicheira),
em um animal que feriu a pata dianteira durante o transporte para o imóvel onde se realizou o
experimento (Tab. 03).
24
No quarto mês do experimento, foi localizada aderida à pele dos animais, teleóginas
com sinais de senescência característicos da fase pós-ovoposição da teleógina, características
descritas por Medeiros, et al (2008), na fase de pós-ovoposição como: cor mais amarelada,
estrias profundas e amarelas na sua região de abdômen e pouca mobilidade se forem retiradas
do hospedeiro.Foram encontradas teleóginas rompidas aderidas à pele de animais do grupo
tratado T1, o que não foi encontrado nos outros dois grupos experimentais (T2 e T3) (Tab.
04). Alterações morfológicas foram encontradas por Morais et. al, (2011) em outra fazenda no
município de Ituiutaba, Signoretti, et al (2013) relata que “animais tratados com
medicamentos homeopáticos apresentaram baixo número de teleóginas e partenóginas, e estas
tinham tamanho reduzido e coloração anormal, sem brilho e com estrias amareladas no
dorso”.
Além dessas alterações a não aplicação de acaricidas durante o período da pesquisa
também confirma observações dos mesmos autores que relatam que animais tratados com
homeopatia necessitam de menor quantidade de banhos.
Tabela 04 – Soma mensal de teleóginas com alterações morfológicas, encontradas
aderidas à pele dos animais durante o período do experimento.
Período GRUPO T 1 GRUPO T2 GRUPO T3
20/06 a 19/07/2013 0a 0a 0a
20/07 a 19/08/2013 0a 0a 0a
20/08 a 19/09/2013 0a 0a 0a
20/09 a 19/10/2013 34 a 0b 0b
20/10 a 19/11/2013 86 a 0b 0b
20/11 a 19/12/2013 89 a 0b 0b
20/12/13 a 19/01/14 84 a 0b 0b
20/01 a 19/02/2014 61 a 0b 0b
Total 354 a 0b 0b
Letras iguais representam que não existem diferenças entre os grupos experimentais,
letras diferentes representam diferenças entre os grupos.
A presença de teleóginas com alterações morfológicas ou rompidas, ou ainda a
presença de fases jovens dos parasitos que não se desenvolvem, sugerem que os mesmos
receberam alimentação deficiente ou tóxica através do sangue do hospedeiro ocasionando
essas alterações.
Nos animais do grupo T1, a partir de 20/09/2013, foram encontradas teleóginas com
tamanho menor que nos outros dois grupos (Fig. 06). O peso das teleóginas interfere na
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MÉDIA DE PLAQUETAS
800
P 700
L
600
A
500
Q
400 T1
U
E 300
T2
T 200
T3
A 100
S 0
1 2 3 4 5 6 7
MESES
considerados aceitáveis para a espécie, raça e região também é desejável, por tanto os níveis
sanguíneos não devem ultrapassar o limite máximo de normalidade.
5.5 Escore de Condição Corporal
Os animais não apresentaram diferenças quanto ao Escore de Condição Corporal
durante o experimento, mantendo os três grupos com o mesmo ECC, exceção feita a dois
animais que sofreram intoxicação alimentar e as novilhas que pariram e alteraram o escore
logo após o parto, mas ao final do experimento estavam novamente com o mesmo escore do
inicio.
5.6 Leite Produzido pelos Bovinos em Lactação
O leite produzido na fazenda durante o experimento obedeceu ao previsto pela I. N.
(Instrução Normativa) 62 do MAPA (BRASIL, 2011) e o padrão de qualidade da empresa
coletora, sendo por isso mesmo renumerado com bonificações pela qualidade que verifica nas
seguintes informações: baixa CBT (Contagem Bacteriana Total), baixa CCS (Contagem de
Células Somática), gordura e proteína sempre entre 3 e 4%, além de não serem encontrados
resíduos de antibióticos ou outro produto tóxico no leite e água.
TABELA 06 – Animais que deram cria e soma da produção média de leite durante o
período do experimento.
MESES T1 PROD. T2 PROD. T3 PROD. PROD.
LEITE LEITE LEITE TOTAL
JUNHO/2013 O3 45 02 21,3 0 0 66,3
JULHO/2013 04 51 01 15 0 0 66
AGOSTO/2013 03 47 01 14 0 0 61
SETEMBRO/2013 03 40 02 24 0 0 64
OUTUBRO/2013 04 45 03 30 0 0 75
NOVEMBRO/2013 04 36 05 40 01 5 81
DEZEMBRO/2013 04 39 06 36 01 7 82
JANEIRO/2014 04 32 06 37 01 8 77
FEVEREIRO/2014 04 29 06 38 01 6 73
Durante o experimento seis animais pluríparas e seis primípiaras deram cria e produziram
leite. A ração concentrada foi fornecido além das 500 gr como veículo do homeopático ou
placebo mais três quilos para cada 10 kg de leite, vacas com produção acima de 10 kg
receberam mais um quilo de ração para cada três quilos de leite produzidos.
30
CONCLUSÃO
A menor quantidade de teleóginas acima de 4 mm, menores ao se ingurgitarem e
teleóginas com sinais de senescência, nos animais do grupo tratado sugere que o homeopático
foi eficiente.
REFERÊNCIAS
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Maria – Ciência Rural. 2008.
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Mamirauá; Brasília: CNPq, 2007, 364 p.
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Carrapatos aos Carrapaticidas. Juiz de Fora - MG. Embrapa Gado de Leite. 2ª ed. 2 p.
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Field Samples in the Cattle Tick (Boophilus microplus).AustVet J 1.989.
ROMANACH, A., K. Homeopatia em 1000 Conceitos. São Paulo–SP. ELCID. 607 p. 1.984.
SIGNORETTI, R. D.; VERÍSSIMO, C. J.; DIB, V.; SOUZA, F. H. M.; GARCIA, T. S.;
OLIVEIRA, E. M. Desempenho e Aspectos Sanitários de Bezerras Leiteiras que
Receberam Dieta com ou sem Medicamentos Homeopáticos. São Paulo. Arq. Inst. Biol.
v.80. p. 387-392, 2013.
APÊNDICE
1 – Apêndice 01 – Esboço do mapa da fazenda com descrição das pastagens.
37
Apêndice - 01
LEGENDA
Imóvel vizinho
Imóvel vizinho Pasto 01
Quintal
Curral
______________________________________________________________________
38
ANEXO
Anexo 01 – Parecer 152/2012 do Comitê de Ética em Pesquisa com Animais (CEUA/UFU),
sobre protocolo 097/12.
39