Dieta

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – ZOOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA

TESE

A ESTRUTURA DA ICTIOFAUNA DEMERSAL NA PLATAFORMA


INTERNA RASA DO SUL DO PARANÁ, E DIETA DAS ESPÉCIES MAIS
ABUNDANTES

Iracema David Gomes

Tese apresentada como requisito parcial


à obtenção do grau de Doutor, pelo Curso
de Pós-Graduação em Ciências Biológicas,
área de Zoologia, Setor de Ciências
Biológicas da Universidade Federal do
Paraná.

Orientador: Dr. Paulo de Tarso da


Cunha Chaves

CURITIBA
2004
2
IRACEMA DAVID GOMES

A ESTRUTURA DA ICTIOFAUNA DEMERSAL NA PLATAFORMA


INTERNA RASA DO SUL DO PARANÁ, E DIETA DAS ESPÉCIES MAIS
ABUNDANTES

Tese apresentada como requisito parcial


à obtenção do grau de Doutor, pelo Curso
de Pós-Graduação em Ciências Biológicas,
área de Zoologia, Setor de Ciências
Biológicas da Universidade Federal do
paraná.

Orientador: Dr. Paulo de Tarso da


Cunha Chaves

CURITIBA
2004
3
4

Dedico este trabalho à minha mãe, Maria Julieta David.

ii
5
AGRADECIMENTOS

Aos estagiários do Laboratório de Ictiologia Estuarina que me ajudaram nas coletas e triagem
dos peixes: Maurício Robert, Luciano Costa, Kelly Aguiar, Evelyn Ferreira, Helen Audrey, Maria
Antonia Michels, Priscila Sirigate, Juliana, Simone Úmbria e Ana Lucia Vendel.
Aos Docentes, pelos conhecimentos transmitidos durante as disciplinas oferecidas pelo
Programa de Pós-Graduação em Zoologia: Cláudio Carvalho, Dilma Solange, Emygdio Monteiro,
Fernando Passos, Henry Louis Spach, James Roper, Jayme Loyola, Luiz Amilton, Marcelo Aranha,
Maria Angélica Haddad, Mario Barletta, Rosana Rocha, Paulo de Tarso, Marcelo Aranha, Mauricio
Hostim, Paulo Simões, Setuko Massunari e Walter Boeger.
Ao Coordenador do Curso, Emygdio Monteiro, Vice-Coordenador Marco Fábio Corrêa, e à
Secretaria Vera Maria, pelo apoio, atenção e esclarecimentos pertinentes ao Curso.
Ao Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (CEM), pela infra-estrutura,
me possibilitando efetivar uma parte do trabalho.
Ao Professor Pesquisador Dr. Marco Fábio Corrêa e Professora Dra. Lucila M. de Araújo
Maschio pelas valiosas sugestões durante a disciplina de Estatística.
À todos do Laboratório de Ictioplâncton do Centro de Estudos do Mar: Roberto Schwarz,
Guilherme McLaren, César Santos, Fabiana Felix, Mariana Sobolewski, José Francisco e Marcelo
Falcão, pela companhia e bons momentos de convivência, inclusive nos congressos.
Aos pesquisadores do CEM: Professor Dr. Paulo Lana, Dra. Cíntia Santos, MSc. Ricardo Krull,
e aos Doutorandos Nilva Brandini, André Garrafoni, Gustavo Sene e Marcelo Lamour pelo
companherismo e ajuda durante o exame de qualificação.
À todos os funcionários, colaboradores, estagiários, alunos e pesquisadores do CEM pela
parceria durante meu período de estadia, em especial à Mari da Biblioteca e Ruth da Secretaria.
Ao Professor e Pesquisador Dr. Henry Louis Spach, pelo auxílio, incentivo e reforço na
estrutura da tese.
6
iii

À minha “família científica de primeira geração" do Laboratório de Ecologia de Peixes (LEP)


da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que sempre me acompanhou em cada fase deste
trabalho.

Aos meus "irmãos científicos": Márcia Cristina Costa de Azevedo, André Luiz Machado
Pessanha, Antonio Gomes da Cruz-Filho e Alexandre Clístenes dos Santos, por estarem sempre
dispostos a me auxiliarem em todos os momentos da minha trajetória acadêmica.

Às minhas amigas e contemporâneas irmãs científicas: Rosana Rodrigues e Raquel do


Nascimento, pelo companheirismo, sinceridade e inusitadas situações no período de convivência.

Aos meus amigos Oceanógrafos, Ana Cristina Novelino Penna Franco, Denis Domingues e
Bruno Martini Moreira pela força, lealdade e cumplicidade, conquistados no final do Curso, que
mesmo o pouco tempo de convivência, foi suficiente para ser intenso e sincero.

Ao meu Diretor Josimar Costa (Colégio Estadual Maranhão) e minhas Diretoras (Colégio
Estadual Luiza Marinho) Márcia Ramos, Maria Claudia Chantre e Ermínia pela compreensão e
paciência durante o meu período de ausência extremamente necessário para elaboração da tese.

Ao Dr. Francisco Gerson Araújo, por ter me instruído na Monografia e Mestrado para que eu
prosseguisse firme nesta caminhada, objetivando o aprimoramento profissional.

À todos que participaram, de alguma forma, para a realização deste trabalho...

...E em especial, à minha Mãe Maria Julieta e ao meu Pai Jabes (in memorian), que sempre me
deram amor, carinho e estímulo para vencer os obstáculos da vida. Muito Obrigada.

iv
7
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ...................................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ ii
SUMÁRIO ............................................................................................................................ ... iv
RESUMO GERAL ................................................................................................................. . vi
Capítulo I. Ictiofauna Demersal Costeira da Plataforma Interna Rasa do Sul do Paraná
entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí Guaçu
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ .. viii
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... ...... ix
RESUMO ............................................................................................................................ ...... x
ABSTRACT ............................................................................................................................... xi
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14
1.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... ...... 16
1.2. Objetivos Específicos ............................................................................................ ...... 16
2. ÁREA DE ESTUDO .................................................................................................... ...... 16
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... ....... 18
3.1. Procedimentos de campo .................................................................................... ...... 18
3.2. Procedimentos laboratoriais ............................................................................ ....... 18
3.3. Métodos analíticos ................................................................................................ ..... 18
4. RESULTADOS ................................................................................................................ ...... 20
4.1. Composição ictiofaunística .................................................................................. ...... 20
4.2. Estrutura em tamanho ...................................................................................... ........ 30
4.3. Estrutura em peso ............................................................................................. ........ 35
4.4. Estrutura em sexo e estádios de maturação gonadal ......................................... ...... 37
4.5. Variação temporal ................................................................................................. ....... 41
5. DISCUSSÃO ................................................................................................................... ...... 45
5.1. Composição ictiofaunística ............................................................................................ 45
5.2. Estrutura em tamanho ................................................................................................... 51
5.3. Estádios de maturidade .................................................................................................. 51
5.4. Atividade reprodutiva de Paralonchurus brasiliensis e Stellifer rastrifer .................... 52
5.5. Variação temporal ............................................................................................................ 55
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................ ...... 57
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ ...... 58
Capítulo II. Dieta de Paralonchurus brasiliensis e Stellifer rastrifer na Plataforma Interna
Rasa do Sul do Paraná entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí Guaçu
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................... ...... xiii
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................... ...... xiv
RESUMO ............................................................................................................................ ...... xv
ABSTRACT ....................................................................................................................... ...... xvi
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ ....... 70
v
8
1.1. Objetivo Geral ....................................................................................................... ..... 71
1.2. Objetivos Específicos ........................................................................................... ....... 72
1.3. Caracterização das Espécies Estudadas .............................................................. ...... 72
2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 73
2.1. Procedimentos laboratoriais .............................................................................. .. 73
2.2. Análise dos dados ................................................................................................. .. 74
3. RESULTADOS ................................................................................................................ 76
3.1. Composição Geral ............................................................................................. .... 76
3.1.1. Paralonchurus brasiliensis .......................................................................... 76
3.1.2. Stellifer rastrifer ........................................................................................... 78
3.2. Variações por classes de tamanho ................................................................. ... 80
3.2.1. Paralonchurus brasiliensis .......................................................................... 80
3.2.2. Stellifer rastrifer .......................................................................................... 84
3.3. Variações temporais ...................................................................................... ... 88
3.3.1. Paralonchurus brasiliensis ........................................................................ 88
3.3.2. Stellifer rastrifer .......................................................................................... 92
3.4. Amplitude e Sobreposição de nicho trófico .................................................. 95
4. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 96
5 . CONCLUSÕES ....................................................................................................... 102
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 103
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .. .................................................................... . 104
9
vi

RESUMO GERAL

Considerando a plataforma interna rasa do sul do Paraná como uma região em que não há registros
sobre a fauna acompanhante em pescas camaroneiras, estudos sobre a composição dos peixes que
freqüentam o local na isóbata de 10 m, foram fundamentais para o conhecimento das espécies que
seriam descartadas. Entre os procedimentos de campo realizados, o tamanho da rede com 3 cm de
malhagem e a embarcação do tipo canoa, foram alguns dos fatores limitantes das amostragens por
restringirem a obtenção de informações sobre abundância, e também quanto à estrutura em peso,
comprimento e estádios de maturidade. Nos 60 arrastos de fundo realizados durante um ano, além
de peixes, os invertebrados que também fizeram parte da fauna acompanhante foram: camarão
branco, camarão rosa, siris (inclusive fêmeas ovadas), águas-vivas, estrelas-do-mar, sipúnculas,
lulas, gastrópodes e caranguejo-do-mar. O peso total somado dos peixes foi de 61,0 kg, de camarões
foi de 57,6 kg, e para outros invertebrados foi de 12,1 kg. Estes resultados demonstram que nos
arrastos realizados para pesca de camarão em um ciclo anual, metade do que é coletado costuma ser
descartado, não ocorrendo nenhum aproveitamento dos peixes que são em sua maioria jovens e
apresentam baixa importância econômica. Dos dados obtidos sobre a ictiofauna, foram identificadas
61 espécies e 21 famílias, totalizando 7.839 peixes distribuídos de forma homogênea no espaço
amostral. Os resultados sobre a estrutura da comunidade permitiram elaborar mais um capítulo
abordando a comparação do espectro alimentar de P. brasiliensis e S. rastrifer, as duas espécies
predominantes. Foram encontradas diferenças na composição da dieta, onde P. brasiliensis
apresentou Polychaeta como item principal, e Copepoda, Ophiuiridea, Ostracoda, Mysidacea e
Gastropoda como itens exclusivos; enquanto S. rastrifer apresentou Decapoda e Cumacea como
itens principais, e Bivalvia como item exclusivo. É importante ressaltar que estabelecer uma relação
entre a composição e estrutura das populações encontradas com a dieta das duas espécies
dominantes, pode ser um ponto de ligação entre os dois estudos abordados. O conhecimento de
eventuais variações temporais e espaciais de P. brasiliensis e S. rastrifer conforme seus conteúdos
estomacais, contribuem para complementar as informações sobre o ciclo de vida dos demais grupos
ictiofaunísticos, principalmente dos que foram mais freqüentes na região estudada.
10

Capítulo I
Ictiofauna Demersal Costeira da Plataforma Interna Rasa do Sul do
Paraná entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu
11
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa da área de estudo com as cinco áreas de coleta .........................................17

Figura 2 - Resultado da análise de variância analisando as diferenças entre as médias mensais do


comprimento total, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu
( Média; ±erro padrão). .................................................................................................. 33

Figura 3 - Resultado da análise de variância, analisando as diferenças entre as médias mensais do


comprimento total de P. brasiliensis, S. rastrifer, S. brasiliensis, P. harroweri e I. parvipinnis na
plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu ( Média; ±erro
padrão). ................................................................................................................................ 34

Figura 4 – Resultado da análise de variância, analisando as diferenças entre as médias mensais do


peso, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu Guaçu (
Média ; ±erro padrão).................................................................................................... 37

Figura 5 - Histograma da freqüência absoluta mensal e por área de coleta, na plataforma interna rasa
entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu (I = Indeterminado; M = Machos; F =
Fêmeas)... .............................................................................................................................. 38

Figura 6 - Histograma da freqüência absoluta por mês e estádios de maturação gonadal, na


plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu..................... 38

Figura 7 -Variação temporal na média do número de peixes, número de espécies, peso da captura, e
dos índices de riqueza de Margalef (D), diversidade de Shannon-Wiener e equitabilidade de
Pielou(J), na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu (
Média; ±erro padrão) .................................................................................................. 42

Figura 8 - Dendrograma e ordenação pelo método MDS baseados nos dados de densidade das
principais espécies, amostrados mensalmente na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e
a Foz do Rio Saí-Guaçu. Grupos de meses delineados no nível de 77 % de similaridade no
dendrograma estão circundados no gráfico de ordenação. O estresse da ordenação MDS = 0,13... 44
12
ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Abundância numérica em ordem decrescente das espécies presentes na plataforma


interna, entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. ............................................... 23
Tabela 2 - Biomassa em ordem decrescente das espécies presentes na plataforma interna, entre a
Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. ...................................................................... 25

Tabela 3 - Composição específica, ocorrência, distribuição e importância econômica. ME=Marinho-


Estuarino; M=Marinho; E=Estuarino; PA=Panamá; AR=Argentina; CO=Colômbia; SC=Santa
Catarina; BA=Baía; SP=São Paulo; EUA=Estados Unidos; SE=Sudeste; CR=Costa Rica; S=Sul;
GM=Golfo do México; RJ=Rio de Janeiro; CA=Caribe; UR=Uruguai; VE=Venezuela;
AN=América do Norte; PR=Paraná; GU= Guiana; A = Alta; M = Média; B = Baixa; * não citada =
sem informação......................................................................................... ............................. 27

Tabela 4 - Tabela 4 - Síntese das informações disponíveis em ordem alfabética de família, sobre os
peixes capturados entre a Baía de Guaratuba e a Barra do Saí. Onde D = demersal; P = pelágica; PR
= primavera; V = verão; O = Outono e I = inverno; * = sem informação............................... 29

Tabela 5 - Número de exemplares, média, desvio padrão, mínimo, máximo do comprimento total. n
= 7868 X ± S = 81, 82 mm ± 42,04 mm Min = 1,07 e Max = 728,0 mm na plataforma interna
entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu ........................................................... 31

Tabela 6 - Número de exemplares, média, desvio padrão, mínimo, máximo do peso. Tabela 6.
Número de exemplares, média, desvio padrão, mínimo, máximo do peso. n = 7648 x ± S = = 8,
17 g ± 17,89g Min = 0,03 g Max = 487,0 g na plataforma interna entre a Baía de Guaratuba e a
Foz do Rio Saí-Guaçu............................................................................................................. 35

Tabela 7 – Freqüência de ocorrência dos estádios de maturação das espécies presentes na


plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. ..................... 39

x
RESUMO
13

A ictiofauna demersal da plataforma interna rasa do litoral sul do Paraná foi estudada em
profundidades de 10 metros entre a Baía de Guaratuba e o estuário do Rio Saí-Guaçu, com o
objetivo de analisar sua estrutura temporal, além de identificar a importância do ambiente para esta
ictiofauna. As amostragens de arrasto de fundo foram realizadas de abril de 2001 a março de 2002,
com uso de embarcação do tipo canoa para pesca de camarão e rede de portas apresentando 8,5 m
de boca e duas portas de madeira com 70cm x 47cm e 22kg cada. O esforço foi de 50 minutos/mês
distribuídos em 5 pontos distantes 2 km uns dos outros e paralelos à costa na isóbata de 10 m.
Foram capturados 7.839 exemplares (61 kg) de 21 famílias, 61 espécies. A maior riqueza específica
ocorreu para família Sciaenidae que apresentou maior representatividade na área com 18 espécies.
A dominância numérica foi observada em Paralonchurus brasiliensis com 30,88%, seguida de
Stellifer rastrifer (12,9%) e S. brasiliensis (10,4%) e Pellona harroweri (9,80%). Entre as espécies
capturadas, a maioria está representada por espécies marinhas e marinho-estuarinas. Quanto à
utilização como fonte de recurso pesqueiro, 60% são de baixa importância econômica. O
comprimento total médio dos peixes foi de 81,82mm e 97% apresentaram peso menor que 50g,
indicando domínio de exemplares capturados de pequeno porte na área estudada, em função do
artefato de amostragem utilizado. Para análises de similaridade e dos componentes principais, foram
considerados os grupos ictiofaunísticos que contribuíram com o critério de no mínimo 1% da
captura total. As espécies principais encontradas foram: Isopisthus parvipinnis, Trichiurus lepturus,
Larimus breviceps, Stellifer brasiliensis, Cynoscion microlepidotus, Peprilus paru, Stellifer
rastrifer, Symphurus tesselatus, C. leiarchus, Pellona harroweri, Paralonchurus brasiliensis e
Urophycis brasiliensis. Predominaram na região indivíduos imaturos presentes na área o ano todo,
permitindo reconhecer o ambiente como área de crescimento, embora tenham existidos limitações
com relação à metodologia aplicada. A variação temporal foi significativa no número de peixes em
outubro e novembro, e para os valores médios de riqueza, diversidade e equitabilidade, observaram-
se valores menores, principalmente em setembro e outubro. Grandes valores de similaridades entre
os meses revelaram a formação dos grupos A (dezembro, janeiro, fevereiro e março), B (maio,
junho, julho, agosto) e C (outubro e novembro), sendo que os meses de abril e setembro não se
agruparam, em função da baixa freqüência ou ausência das espécies selecionadas. A área estudada
parece contribuir para a coexistência e também para manutenção das espécies, em função das
evidências encontradas, como por exemplo, a diferença dos hábitos alimentares de P. brasiliensis e
S. rastrifer nesse período, supondo que a disponibilidade dos recursos alimentares favorecem a
sobrevivência das espécies nesta região.
xi
ABSTRACT
14

The demersal ichtyofauna from a stretch of 10 m depth in the inner-shelf of the Southern Paraná
coast, between Guaratuba Bay and the Sai-Guaçú estuary was studied to assess composition and
structure, and eventual variation throughout the year. Sampling were conducted between April 2001
and March 2002, by using a small trawling boat. The fishing effort was standardized to 50 minutes /
month at each 5 sites, parallel to the coastline. Between site distance were approximately 2 km. A
total of 7,839 individuals (61 kg) comprised in 21 families and 61 species was caught. Sciaenidae
was the most diverse family, being represented by 18 species, with Paralonchurus brasiliensis
being the numerical dominant species amounting to 30.88% of the total catches, followed by
Stellifer rastrifer (12.9%), S. brasiliensis (10.4%) and Pellona harroweri (9.80%). Most of the
collected species feeds on benthic species. Thirty species have minor importance as economical
resources, but 27 medium-high importance in comercial fisheries. Average size of the sampled fish
ranged from 81.82 mm to 97% and weight lower than 50g, indicating that most fish showed small
size. Immature fish occurred all over the year, which suggest that the area is used as recruitment and
rearing grounds for these species. No significant partial difference in species abundance and
biomass were found between the examined sites. Seasonally, significant differences was found in
the number of fish, although no difference have been detected for number of species and biomass.
Furthermore, no seasonal difference was found in average values for Margalef richness, Shannon-
Wiener diversity and Pielou evenness although higher values were recorded in September-October.
For similarity analysis and principal components analysis were considered 1% of the total capture
and six months of the occurrence. The species were I. parvipinnis, T. lepturus, L. breviceps, S.
brasiliensis, C. .microlepidotus, P. paru, S. rastrifer, S. tesselatus, C. leiarchus, P. harroweri, P.
brasiliensis and U. brasiliensis. Partition of the available resources as coexistence strategy, it can
be explaining the survival and maintenace of the species in this period.

1 - INTRODUÇÃO
15
A plataforma continental é caracterizada por apresentar uma grande riqueza faunística,
principalmente na região interna, sob uma influência mais direta de águas de drenagem continental,
que contribuem para o enriquecimento deste sistema. Tais ambientes funcionam como área de
criação, alimentação e reprodução de diferentes tipos de peixes, que podem completar o ciclo de
vida neste ambiente (residentes), ou serem visitantes obrigatórios ou ocasionais. Assim, a
plataforma interna, tais como ambientes costeiros semi-fechados de baías e estuários, também
desempenha importante papel no ciclo de vida dos peixes (Day et al., 1989)
Os peixes, através do processo evolutivo, desenvolveram estratégias diferenciadas de
exploração dos recursos, fato que permite a coexistência equilibrada dentro de um único sistema.
Algumas espécies deslocam-se de um sistema para outro de acordo com crescimento e modo de
vida, enquanto outras, utilizam um menor espaço ao longo de todo o ciclo de vida, permanecendo
em uma área relativamente menor. Estudos sobre o ciclo de vida de tais espécies, principalmente
aquelas de valor econômico, são importantes para subsidiar políticas de exploração e conservação
destes recursos (Lowe-McConnell, 1999). Os peixes marinhos, em sua maioria, são capturados em
águas costeiras, e isto ocorre em função da maior produtividade biológics de estuários, lagunas e
ambientes costeiros rasos (Day et al., 1989).
Para Underwood (1998), comunidades de peixes são unidades ecológicas, que funcionam de
maneira ordenada, e que por este fato, suas estruturas podem ter atributos peculiares. O estudo da
ictiofauna demersal, segundo Soares et al. (1993), abrange a estrutura das espécies e trófica,
produção, crescimento, reprodução e alimentação, visando identificar a importância dos
ecossistemas costeiros para o conhecimenteo da dinâmica dos grupos ictiofaunísticos.
A estrutura das comunidades pode ser definida, em geral, como indicadora de alocação de
recursos entre as espécies da comunidade (Cody & Diamond, 1975). Esta alocação pode ser afetada
por diversos fatores, entre eles: variação das condições ambientais, densidade populacional,
poluição e pesca. Em geral, os estudos de ecologia de comunidades de peixes, têm se concentrado
em três tipos de alocação de recursos: padrões tróficos, padrões espaciais e padrões temporais que
estão inter-relacionados (Helfman, 1978).
Levantamentos sobre a estrutura da comunidade podem ser utilizados como análise dos efeitos
de variações no ambiente, e como auxílio no desenvolvimento de políticas de conservação. Os
peixes demersais que habitam águas temperadas e lagoas costeiras são relativamente os mais
estudados (De Ben et al., 1990; MarshalL & Elliot, 1998), pois poucos são os trabalhos sobre áreas
tropicais e subtropicais. Estudos sobre as comunidades de peixes nos trópicos, incluem a região
Indo-Pacífica (Adjeroud et al., 1998), Sudeste da África (Cyrus & Blaber, 1987), Austrália (Blaber
et al., 1989), México (Yañez-Arancibia et al., 1980; Yañez-Arancibia & Lara-Domingues, 1983;
16
Amezcua Linares et al. 1987); a Laguna de Joyuda, Porto Rico (Stoner, 1986), o Golfo de Nicoya,
Costa Rica (Rojas et al. 1994); e na Venezuela (Villarroel, 1994), Colombia (Garcia et al. 1998).
Entre os diversos estudos sobre a importância da ictiofauna nos ecossistemas brasileiros, são
citados os do Rio Grande do Sul, onde Vazzoler & Iwai (1971) e Benvengnu-Lé (1978), estudaram
a distribuição de peixes demersais na plataforma continental; Cunha (1981) e Chao et al (1982;
1985), analisaram a ictiofauna da Lagoa dos Patos; Castello (1985), apresentou uma revisão do
conhecimento sobre a ecologia dos peixes consumidores no estuário da Lagoa dos Patos. No Rio de
Janeiro, Fagundes & Gaelzer (1991) contribuíram com um levantamento da ictiofauna na região de
Cabo Frio, Andreata et al (1994) estudaram a composição da ictiofauna em Angra dos Reis, e
Araújo et al (1997, 1998, 2002); Azevedo (2002), estão estudando de forma crescente as interações
populacionais na Baía de Sepetiba. No norte e nordeste, Martins-Juras (1989) realizaram estudos
sobre a ictiofauna estuarinas. E em São Paulo, Paiva Filho et al. (1987), Ribeiro-Neto (1989),
estudaram as regiões de São Vicente, Santos e Peruibe; Nonato et al (1983), Soares et al (1993) e
Rossi-Wongtschowski & Paes (1993), Rocha & Rossi-Wongtschowski (1998), Muto et al (2000)
fizeram um levantamento da composição da ictiofauna na região de Ubatuba.
No litoral do Paraná, no inicio os estudos sobre a ictiofauna foram realizados apenas com
ênfase na produção pesqueira e biologia (Jakobi & Souza, 1968; Silva & Nakamura, 1975; Silva et
al.1977; Corrêa, 1986; Lunardon & Silva, 1990; Chaves & Corrêa, 1998; Corrêa, 2000; Robert,
2001). Recentemente, vários estudos sobre a estrutura da ictiofauna foram desenvolvidos. A
composição e variação espaço-temporal da ictiofauna demersal no litoral do Paraná, mais
especificamente na Baía de Guaratuba, foi estudada por Chaves & Corrêa (1998) e Chaves &
Bouchereau (1999). A estrutura e abundância dos peixes em ambientes rasos da Baía de Paranaguá
foram estudadas por Godefroid et al (1997), Godefroid (2002), Santos et al (2002), Spach et al
(2004). Abilhoa (1998), Pinheiro (1999) e Corrêa (2000) investigaram a dinâmica populacional dos
peixes demersais na Baía de Paranaguá, enquanto que Rickli (2001) e Godefroid et al (2004)
analisaram a composição e abundância da ictiofauna demersal no infralitoral raso de praias. Estes
autores estudaram a região interna da Baía de Guaratuba e a região interna e costeira da plataforma
da Baía de Paranaguá, porém não há trabalhos sobre a dinâmica da ictiofauna na plataforma sul, na
qual este trabalho foi executado.
Assim, são objetivos deste estudo:
17

1.1. Objetivo Geral

- Analisar a variação temporal da ictiofauna na isóbata de 10 m na plataforma interna do litoral sul


do Paraná, e identificar a importância desse ambiente para esta ictiofauna.

1.2. Objetivos Específicos

- Analisar a abundância dos grupos ictiofaunísticos;

- Identificar os padrões de variação espacial e temporal na composição e na estrutura em tamanho,


peso e estádio de maturidade.

2 – ÁREA DE ESTUDO

O litoral do Estado do Paraná ocupa uma extensão latitudinal relativamente pequena, sendo
inferior a 1 grau. Sua linha de costa apresenta forma irregular continente adentro, compondo dois
grandes sistemas estuarinos da região: o Complexo Baía de Paranaguá, no centro, e a Baía de
Guaratuba, 20 km ao sul, que duplicam a real interface entre a delimitação do Estado e as águas
marinhas. Trata-se de um segmento do litoral brasileiro em que a pesca baseada no Estado, é
essencialmente artesanal (Paiva, 1997), sendo praticada no interior dos estuários e plataforma
adjacente, mas pescarias industriais acontecem na nossa plataforma.
A área de estudo escolhida para fixação dos cinco pontos auxiliados por GPS para realização das
amostragens, localiza-se no litoral sul do Estado do Paraná entre a Baía de Guaratuba (25052’S;
48039’W) e Barra do Rio Saí-Guaçu (25029’S; 48036’W), com profundidade média de 10 metros e
15 quilômetros de extensão (Figura 1).
18

3
4

BG=Baía de Guaratuba ( 25º 52’S; 48º 39’W)


SG= Saí-Guaçu (25º 59’S; 48º 36’W)

Figura 1 - Mapa da área de estudo com as cinco áreas de coleta


19
3 - MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Procedimentos de campo

As amostras foram obtidas mensalmente de abril de 2001 a março de 2002, sempre pela manhã,
às 9h, no final de cada mês, em cinco arrastos com duração de 10’ cada, paralelos à costa, distantes
2 km um do outro, com uso de embarcação do tipo canoa para pesca artesanal e rede de fundo
camaroneira. A rede de porta utilizada nos arrastos de fundo apresentava 8,5m de boca, 6,5m de
comprimento no ensacador, 3cm de malhagem entre nós opostos em toda rede, e duas portas de
madeira com 70cm x 47cm, pesando 22kg cada.
Foram registradas temperatura e salinidade da água de superfície. Os arrastos foram
geoposicionados com um GPS, de modo a permitir a padronização da área amostral.
As coletas de peixes realizadas na região foram essenciais para o conhecimento da ictiofauna
que seria descartada, uma vez que é comum a prática da pesca de camarão na região. A obtenção de
informações sobre a importância econômica, segundo consulta aos pescadores, foi um fator
importante para descrição da composição dos peixes, a qual serviu de base para compreender quais
espécies ocorreram na região, inclusive as comerciais, embora com restrições na malhagem da rede.

3.2. Procedimentos laboratoriais

O material coletado foi conservado em gelo para identificação segundo Menezes & Figueiredo,
1980; Menezes & Figueiredo, 1985; Figueiredo & Menezes, 1978; 1980; 2000). Cada exemplar foi
medido, pesado, dissecado e sexado (quando possível). A determinação do grau de maturação
gonadal baseou-se na escala simples de Vazzoler (1996), onde: A = gônada imatura ou em repouso;
B = gônada em maturação; C = gônada madura; D = gônada total ou parcialmente esvaziada. Para
avaliação da atividade reprodutiva foram utilizados como indicadores: peso, volume, coloração, e
vascularização das gônadas.

3.3. Métodos analíticos

Para estudar a diversidade da comunidade, foram utilizados três índices de estrutura da


comunidade: a riqueza de espécies (D) de Margalef (1958), o índice de diversidade de Shannon-
Wiener (H´) e a Equitabilidade de Pielou (J), descritos por Pielou (1966). A riqueza de Margalef
(D) foi calculada como D = (S - 1) / Ln (N), onde S = número de espécies na amostra; N = número
de indivíduos na amostra. O índice de diversidade de Shannon-Wiener (H´) foi calculado como: H´
20
= - (pi * Ln (pi), onde pi = proporção da espécie i na amostra total, e s = número de espécies, e o i
variando de 1 a s. A equitabilidade (J) foi calculada como: J = H´ / H´max.
A avaliação dos padrões de variação temporal da abundância das espécies dominantes foi
realizada através da análise de componentes principais – ACP (Legendre & Legendre, 1983;
Ludwig & Reinolds, 1988; Johnson & Wichern, 1992).
Para testar diferenças significativas entre os valores médios mensais dos dados do comprimento
total, foi utilizada a Análise de Variância (ANOVA) ao nível de confiança de 95% (P<0,05),
acompanhada do teste de Student-Newman-Keuls (SNK), para determinação de quais médias foram
estatisticamente diferentes (P < 0,05). Os pressupostos de normalidade e homogeneidade de
variância foram checados pelos testes de Kolmogorov-Smirnov e Bartlett, respectivamente (SokaL
& Rohlf, 1995).
Para testar a existência de diferenças significativas entre os meses de coleta, nos valores médios
do número de peixes, número de espécies, peso de captura, peso médio dos peixes, e dos índices de
riqueza, diversidade e equitabilidade, foi utilizado o teste não paramétrico por postos Kruskal-
Wallis, ao nível de confiança de 95% (P < 0,05), acompanhada do teste não paramétrico U-Mann-
Whitney, que compara dois grupos testando qual foi estatisticamente diferente (P < 0,05). A opção
pela ANOVA não paramétrica, foi em função desses dados não terem apresentado homogeneidade
de variância, e distribuição normal, após várias transformações (Conover, 1990)
A composição em espécies, foi comparada utilizando-se a Análise Univariada de Similaridade
(ANOSIM), a análise de agrupamento (Cluster hierárquico), e a técnica de ordenação
multidimensional MDS (não métrica), sobre os dados dos grupos ictiofaunísticos que contribuíram
com o critério de no mínimo 1% da captura total, e que estiveram presentes no mínimo em seis
meses de coleta. Todos os dados foram transformados pela raiz quarta, para diminuir a influência de
grupos muito abundantes (Field et al., 1982). O coeficiente de Bray-Curtis, foi utilizado para medir
a similaridade entre distribuições de espécies, e a rotina de análise de similaridade de percentagens
(SIMPER), foi aplicada para identificar as espécies mais responsáveis pela dissimilaridade de Bray-
Curtis entre os principais grupos (Clarke, 1993). As análises foram realizadas pelos programas
estatísticos STATISTICA, versão 6.0 (Statsoft Corp, Estados Unidos) e PRIMER, versão 5.0
(Plymouth Marine Laboratory, Inglaterra).
21
4 – RESULTADOS

4.1- Composição ictiofaunística

Na região demersal, entre a Baía de Guaratuba e Barra do Saí, nos 60 arrastos de porta
realizados em 1 ano, foram capturados 7.839 exemplares pertencentes a 61 espécies, 46 gêneros e
21 famílias, em um total de 61 kg. A disposicão das famílias segue a ordem filogenética:
NARCINIDAE
Narcine brasiliensis (Olfers, 1831)
PRISTIGASTERIDAE (CLUPEIDAE)
Chirocentrodon bleekerianus (POEY, 1867)
Pellona harroweri (Fowler, 1917)
ENGRAULIDAE (ENGRAULIDIDAE)
Anchoa filifera (Fowler, 1915)
A. lyolepis (Evermann & March, 1900)
Anchoviella lepidentostole (Fowler, 1911)
Cetengraulis edentulus (Cuvier, 1829)
Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829)
OPHICHTHIDAE
Ophichthus gomesii (Castelnau, 1855)
ARIIDAE
Cathorops spixii (Agassiz, 1829)
Genidens genidens (Valenciennes, 1839)
Aspistor luniscutis (Valenciennes, 1840)
Genidens barbus (Lacepède, 1803)
UROPHYCIDAE
Urophycis brasiliensis (Kaup, 1858)
BATRACHOIDIDAE
Porichthys porosissimus (Valenciennes, 1837)
TRIGLIDAE
Prionotus nudigula (Ginsburg, 1950)
P. punctatus (Bloch, 1797)
GRAMMISTIDAE
Rypticus randalli (Courtenay, 1967)
CARANGIDAE
22
Caranx latus (Agassiz, 1831)
Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766)
Selene setapinnis (Mitchill, 1815)
S. vomer (Linnaeus,1758)
Trachinotus carolinus (Linnaeus,1766)
GERREIDAE
Diapterus rhombeus (Cuvier, 1829)
Eucinostomus argenteus (Baird & Girard, 1854)
E. melanopterus (Bleeker, 1863)
HAEMULIDAE
Anisotremus surinamensis (Bloch, 1791)
Conodon nobilis (Linnaeus,1758)
Pomadasys corvinaeformis (Steindachner, 1868)
SCIAENIDAE
Bairdiella ronchus (Cuvier, 1830)
Ctenosciaena gracilicirrhus (Metzelaar, 1919)
Cynoscion acoupa (Lacepède, 1802)
C. jamaicensis (Vaillant & Bocourt, 1883)
C. leiarchus (Cuvier, 1830)
C. microlepidotus (Cuvier, 1830)
C. virescens (Cuvier, 1830)
Isopisthus parvipinnis (Cuvier, 1830)
Larimus breviceps (Cuvier, 1830)
Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758)
M. littoralis (Holbrook, 1860)
Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823)
Nebris microps (Cuvier, 1830)
Ophioscion punctatissimus (Meek & Hildebrand, 1925)
Paralonchurus brasiliensis (Steindachner, 1875)
Stellifer brasiliensis (Schultz, 1945)
S. rastrifer (Jordan, 1889)
S. stellifer (Bloch, 1790)
EPHIPPIDIDAE
Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782)
SPHYRAENIDAE
23
Sphyraena guachancho (Cuvier, 1829)
TRICHIURIDAE
Trichiurus lepturus (Linnaeus, 1758)
STROMATEIDAE
Peprilus paru (Linnaeus, 1758)
PARALICHTHYIDAE
Citharichthys arenaceus (Evermann & Marsh, 1900)
C. spilopterus (Günter, 1862)
Etropus crossotus (Jordan & Gilbert, 1882)
CYNOGLOSSIDAE
Symphurus tesselatus(Quoy & Gaimard, 1824)
ACHIRIDAE (Soleidae para alguns autores)
Achirus declivis (Chabanaud, 1940)
A. lineatus (Linnaeus, 1758)
Trinectes paulistanus (Miranda-Ribeiro, 1915)
TETRAODONTIDAE
Lagocephalus laevigatus (Linnaeus, 1766)
Sphoeroides greeleyi (Gilbert, 1900)
S. testudineus (Linnaeus, 1758)
24
A maior diversidade específica ocorreu em Sciaenidae, representada na área por 18 espécies, as
quais contribuíram com 75% da captura total e predominaram em todos os meses de coleta (Tabela 1).
A dominância numérica foi exercida por 4 espécies, sendo que três espécies (P. brasiliensis, S. rastrifer
e S. brasiliensis), pertencem à família Sciaenidae e ocorreram o ano inteiro, e a quarta espécie P.
harroweri pertence à família Clupeidae. Estas espécies são responsáveis por 64,05% do número de
exemplares capturados na área. A maioria das espécies esteve presente na área em pequena quantidade e
poucos meses. (Tab.1). Para os dados de biomassa, também dominaram as três espécies pertencentes à
família Sciaenidae, seguidas por A. surinamensis da família Haemulidae (Tab. 2).

Tabela 1 - Abundância numérica em ordem decrescente das espécies presentes na plataforma interna,
entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Espécies J F M A M J J A S O N D TOT %
81 16 35 12 38 29 61 83 452 814 570 230 2421 30,88
PARALONCHURUS
BRASILIENSIS
Stellifer rastrifer 48 107 112 18 377 73 148 48 7 21 19 37 1015 12,95
S. brasiliensis 134 163 150 16 22 23 3 7 3 1 146 149 817 10,42
Pellona harroweri 0 40 12 11 11 85 48 34 14 173 339 1 768 9,80
Isosipisthus parvipinnis 55 176 80 11 17 41 141 21 5 29 5 17 598 7,63
Cynoscion microlepidotus 4 24 3 0 45 95 66 12 0 10 33 3 295 3,76
Urophycis brasiliensis 0 0 0 0 0 0 13 189 42 21 2 0 267 3,41
Trichiurus lepturus 3 61 0 3 1 9 1 2 0 4 55 5 144 1,84
Anisotremus surinamensis 0 1 0 132 0 1 0 0 3 0 7 0 144 1,84
Larimus breviceps 2 27 19 10 1 44 7 8 1 0 7 9 135 1,72
Symphurus tesselatus 14 9 26 7 14 1 9 13 6 6 14 15 134 1,71
Peprilus paru 1 0 0 1 7 5 7 3 2 24 77 6 133 1,70
Ophioscion punctatissimus 0 0 0 75 0 11 4 0 0 0 2 0 92 1,17
Cynoscion leiarchus 0 9 1 27 17 0 7 7 0 8 12 0 88 1,12
Cyn. jamaicensis 0 4 0 11 6 14 19 0 0 3 2 0 59 0,75
Micropogonias furnieri 1 2 2 4 0 1 0 0 4 0 35 7 56 0,71
Cathorops spixii 3 2 0 7 32 0 0 0 0 0 0 11 55 0,70
Menticirrhus americanus 9 6 1 9 0 5 4 4 1 0 11 3 53 0,68
Prionoctus punctatus 0 1 0 2 0 2 6 13 9 3 6 5 47 0,60
Lagocephalus laevigatus 14 0 0 0 0 3 0 0 15 7 2 5 46 0,59
Porichthys porosissimus 0 0 0 0 1 0 5 2 27 1 5 0 41 0,52
Selene vomer 2 11 1 3 2 17 3 0 0 0 2 0 41 0,52
Diapterus rhombeus 0 0 0 38 0 0 0 0 0 0 0 0 38 0,48
Chloroscombrus crysurus 0 3 0 3 0 24 0 0 0 0 8 0 38 0,48
Selene setapinnis 1 6 1 3 1 6 0 0 0 0 7 9 34 0,43
Anchoa lyolepis 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 29 0 31 0,40

continua
25
Tab. 1 - continuação
Espécies J F M A M J J A S O N D TOT %
Chirocentrodon bleekerianus 0 0 6 2 0 5 0 2 0 0 7 0 26 0,33
0 6 0 1 0 12 0 1 0 0 4 0 23 0,29
BAIRDIELLA RONCHUS
Achirus lineatus 2 0 1 7 4 3 4 7 0 0 0 0 21 0,27
Menticirrhus littoralis 6 8 2 0 0 0 1 0 0 0 1 3 21 0,27
Ctenosciaena gracilicirrhus 0 0 0 9 0 0 0 9 0 0 9 0 18 0,23
Cynoscion virescens 1 1 2 0 0 0 7 0 0 5 1 1 18 0,23
Achirus declivis 1 0 10 0 0 0 0 0 3 0 0 0 14 0,18
Etropus crossotus 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 13 0,17
Stellifer stellifer 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 4 3 8 0,10
Sphoeroides greeleyi 0 0 0 2 0 6 0 2 0 0 0 0 8 0,10
Citharichthys arenaceus 0 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 0 8 0,10
Ophichtus gomesii 2 0 0 0 0 1 1 0 1 0 2 0 7 0,09
Narcine brasiliensis 0 0 0 2 0 0 0 2 0 0 0 1 5 0,06
Genidens barbus 0 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0,06
Rypticus randalli 1 0 1 1 1 0 0 1 1 0 0 0 5 0,06
Cetengraulius edentulus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4 0,05
Stellifer sp. 0 0 0 0 0 3 1 0 0 0 0 0 4 0,05
Pomadasys corvinaeformis 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,04
Cynoscion acoupa 1 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 3 0,04
Conodon nobilis 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,04
Eucinostomus argenteus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,04
Citharichthys spilopterus 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 3 0,04
Nebris microps 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,03
Chaetodipterus faber 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0,03
Aspistor luniscutis 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 2 0,03
Sphoeroides testudineus 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 2 0,03
Lycengraulis grossidens 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 2 0,03
Anchoa filifera 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,03
Sphyraena guachancho 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,03
Genidens genidens 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01
Anchoviella lepidentostole 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,01
Eucinostomus melanopterus 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0,01
Trinectes paulistanus 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0,04
Prionotus nudigula 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01
Caranx latus 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0,01
Trachinotus carolinus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01
TOTAL 387 687 473 437 603 527 570 470 598 1132 1422 2174 7868 100,00
26
Tabela 2 - Biomassa em gramas na ordem decrescente das espécies presentes na plataforma interna,
entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Espécies JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOT FO%
Paralonchurus brasiliensis 1394,5 877,5 1013,6 457,5 1199,5 729,0 701,0 388,8 2952,3 5435,0 3380,5 1398,2 19927,4 32,52
Stellifer rastrifer 123,6 340,7 442,7 164,0 3415,3 693,5 512,5 219,8 16,0 158,3 147,8 522,6 6756,8 11,03
Stellifer brasiliensis 691,5 658,6 899,2 156,1 231,6 267,4 46,7 90,0 15,2 8,7 477,4 356,7 3899,0 6,36
Anisotremus surinamensis 0,0 9,3 0,0 2166,8 0,0 164,4 0,0 0,0 552,5 0,0 235,1 0,0 3128,2 5,10
Isopisthus parvipinnis 90,1 245,0 98,9 153,0 134,9 740,0 426,5 95,7 43,9 368,6 97,1 118,4 2612,0 4,26
Diapterus rhombeus 0,0 0,0 0,0 2301,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2301,3 3,76
Urophycis brasiliensis 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 51,7 491,7 1210,1 421,2 39,6 0,0 2214,4 3,61
Pellona harroweri 0,0 62,7 8,7 90,5 13,0 118,5 53,9 30,3 15,3 572,6 953,0 2,4 1920,9 3,13
Menticirrhus americanus 106,0 134,3 15,0 410,4 0,0 339,6 26,0 44,6 46,3 0,0 696,6 14,7 1833,4 2,99
Trichiurus lepturus 0,7 486,3 0,0 137,5 197,1 53,8 2,4 15,7 0,0 4,2 745,2 78,7 1721,6 2,81
Symphurus tesselatus 141,9 116,0 343,8 63,5 241,3 4,9 83,3 168,3 69,8 54,2 215,0 183,8 1685,8 2,75
Porichthys porosissimus 0,0 0,0 0,0 0,0 244,2 0,0 423,7 377,5 119,1 1,0 12,9 0,0 1178,4 1,92
Cynoscion microlepidotus 4,7 24,3 1,6 0,0 132,6 314,4 374,7 71,2 0,0 114,6 58,4 9,8 1106,2 1,80
Micropogonias furnieri 11,4 83,5 117,8 218,6 0,0 48,2 0,0 0,0 389,1 0,0 164,1 50,5 1083,0 1,77
Larimus breviceps 7,7 54,8 53,0 341,7 14,3 234,2 25,6 34,0 3,2 0,0 197,1 76,0 1041,5 1,70
Cathorops spixii 60,9 32,1 0,0 37,1 549,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 182,0 824,3 1,35
Chirocentrodon bleekerianus 0,0 0,0 3,6 766,0 0,0 6,9 0,0 1,9 0,0 0,0 38,3 0,0 816,8 1,33
Ophichthus gomesii 189,1 0,0 0,0 0,0 0,0 98,0 137,3 0,0 88,4 0,0 272,2 0,0 785,1 1,28
Ophioscion punctatissimus 0,0 0,0 0,0 579,8 0,0 114,9 12,5 0,0 0,0 0,0 1,3 0,0 708,5 1,16
Menticirrhus littoralis 47,6 47,6 76,6 0,0 212,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 24,8 242,5 651,5 1,06
Cynoscion leiarchus 0,0 5,8 1,9 338,2 68,2 0,0 39,0 51,9 0,0 26,1 23,6 0,0 554,6 0,91
Peprilus paru 0,8 0,0 0,0 20,0 42,0 10,1 30,1 3,6 15,0 153,1 252,1 39,5 553,6 0,90
Achirus declivis 53,2 0,0 96,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 235,2 0,0 0,0 0,0 385,0 0,63
Lagocephalus laevigatus 150,2 0,0 0,0 0,0 0,0 15,8 0,0 0,0 41,7 51,0 39,6 65,8 364,1 0,59
Genidens barbus 0,0 0,0 352,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 352,5 0,58
Cynoscion jamaicensis 0,0 5,4 0,0 104,3 21,5 71,8 96,8 0,0 0,0 17,9 9,6 0,0 327,4 0,53
Selene vomer 11,6 20,9 7,2 74,6 4,2 81,7 10,5 0,0 0,0 0,0 7,3 0,0 217,9 0,36
Narcine brasiliensis 94,2 0,0 45,3 0,0 0,0 0,0 0,0 61,0 0,0 0,0 0,0 0,0 200,5 0,33
Citharichthys arenaceus 0,0 0,0 0,0 83,0 0,0 42,9 0,0 0,0 42,2 0,0 0,0 0,0 168,0 0,27
Selene setapinnis 2,1 43,1 15,5 3,4 2,5 26,5 0,0 0,0 0,0 0,0 32,1 22,1 147,4 0,24
Prionotus punctatus 0,0 2,5 0,0 5,5 0,0 1,7 12,7 21,0 51,9 14,8 7,7 15,5 133,2 0,22
Anchoa lyolepis 0,0 4,8 0,0 0,0 0,0 2,9 0,0 0,0 0,0 0,0 127,8 0,0 135,5 0,22
Achirus lineatus 27,0 0,0 1,8 0,0 43,6 16,5 19,7 18,3 0,0 0,0 0,0 0,0 127,0 0,21
Etropus crossotus 0,0 1,8 0,0 108,3 1,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 111,8 0,18
Rypticus randalli 25,1 0,0 26,8 0,0 16,2 0,0 0,0 24,1 14,3 0,0 0,0 0,0 106,6 0,17
Trinectes paulistanus 0,0 0,0 0,0 0,0 90,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 90,5 0,15
Genidens genidens 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 91,0 91,0 0,15
Chloroscombrus chrysurus 0,0 6,2 0,0 22,1 0,0 40,4 0,0 0,0 0,0 0,0 15,7 0,0 84,3 0,14
Cynoscion virescens 3,5 0,3 1,1 0,0 0,0 0,0 46,5 0,0 0,0 30,2 4,4 1,1 87,0 0,14
continua
27
Tab. 2 - continuação
Espécies JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOT FO%
Cetengraulis edentulus 0,0 0,0 0,0 58,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 19,9 78,6 0,13
Citharichthys spilopterus 0,0 0,0 0,0 0,0 24,3 29,7 27,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 81,7 0,13
Bairdiella ronchus 0,0 46,3 0,0 0,0 0,0 11,5 0,0 2,1 0,0 0,0 14,9 0,0 74,8 0,12
Chaetodipterus faber 0,0 0,0 0,0 58,3 9,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 68,1 0,11
Eucinostomus melanopterus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 68,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 68,2 0,11
Nebris microps 0,0 0,0 52,02 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 52,02 0,11
Ctenosciaena gracilicirrus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8,9 0,0 0,0 41,0 0,0 49,9 0,08
Eucinostomus argenteus 0,0 0,0 0,0 48,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 48,0 0,08
Stellifer stellifer 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2,1 0,0 0,0 0,0 9,8 36,5 48,3 0,08
Caranx latus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 49,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 49,4 0,08
Pomadasys corvinaeformis 0,0 1,8 0,0 9,7 0,0 0,0 29,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 41,4 0,07
Sphoeroides testudineus 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,4 0,0 0,0 0,0 38,5 0,0 0,0 38,9 0,06
Stellifer sp 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 27,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,5 31,4 0,05
Aspistor luniscutis 0,0 0,0 0,0 0,0 29,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 29,5 0,05
Lycengraulis grossidens 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 10,4 12,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 22,7 0,04
Anchoviella lepidentostole 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 25,3 25,3 0,04
Conodon nobilis 0,0 4,0 9,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 13,2 0,02
Cynoscion acoupa 1,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,2 0,0 0,0 4,1 0,0 0,0 10,2 0,02
Sphoeroides greeleyi 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3,1 0,0 3,2 0,0 0,0 0,0 0,0 6,3 0,01
Anchoa filifera 0,0 0,0 0,0 9,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 9,0 0,01
Sphyraena guachancho 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,002
Prionotus nudigula 0,0 0,0 0,0 0,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,9 0,001
Trachinotus carolinus 0,0 0,0 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,5 0,001
61383 100,00
28
A ictiofauna da região está representada por espécies 26 marinhas, 24 marinho-estuarinas e 11
estuarinas. As espécies estuarinas apresentaram baixa freqüência, com exceção de duas espécies (C.
microlepidotus e S. tesselatus). A ictiofauna amostrada é composta principalmente das espécies de
origem tropical, com apenas 8 espécies limitadas à costa brasileira. Achirus lineatus, cuja
distribuição foi descrita para região de Santa Catarina e Argentina, foi capturada em pequeno
número na área amostrada. A espécie S. brasiliensis, cuja distribuição foi descrita para região
Nordeste e Sudeste foi amostrada em grande quantidade na área Sul do Estado do Paraná. Um outro
aspecto a ser mencionado é o caso de U. brasiliensis, cuja distribuição está limitada à região entre
Rio de Janeiro e Argentina, e que neste trabalho só esteve presente na área no período do inverno.
Quanto à importância econômica, predominaram as espécies com baixa importância econômica
(60%), com 19%, apresentando importância média e 21% das espécies são muito importantes para a
pesca local (Tab. 3).

Tabela 3 - Composição específica, ocorrência, distribuição e importância econômica. ME=Marinho-


Estuarino; M=Marinho; E=Estuarino; PA=Panamá; AR=Argentina; CO=Colômbia; SC=Santa
Catarina; BA=Baía; SP=São Paulo; EUA=Estados Unidos; SE=Sudeste; CR=Costa Rica; S=Sul;
GM=Golfo do México; RJ=Rio de Janeiro; CA=Caribe; UR=Uruguai; VE=Venezuela;
AN=América do Norte; PR=Paraná; GU= Guiana; A = Alta; M = Média; B = Baixa; * não citada =
sem informação.

Espécies Ocorrência Distribuição Importância econômica


Paralonchurus brasiliensis M PA/AR B
Stellifer rastrifer ME CO/SC B
Stellifer brasiliensis ME BA/SP B
Pellona harroweri M PA/RS B
Isopisthus parvipinnis ME CR/S B
Cynoscion microlepidotus E VE/SE A
Urophycis brasiliensis M RJ/AR M
Trichiurus lepturus ME Água tropical M
Anisotremus surinamensis M EUA/SE A
Larimus breviceps ME CR/SC B
Symphurus tesselatus E CA/UR B
Peprilus paru M EUA/AR B
Ophioscion punctatissimus ME PA/SE B
Cynoscion leiarchus ME PA/S A
Cynoscion jamaicensis M PA/AR B
Micropogonias furnieri ME CR/AR M
Cathorops spixii E VE/SE M
Menticirrhus americanus ME EUA/AR M

continua
29
Tab. 3 – continuação
Espécies Ocorrência Distribuição Importância econômica
Prionotus punctatus M CA/AR B
Lagocephalus laevigatus ME EUA /AR A
Porichthys porosissimus M RJ/AR M
Selene vomer ME EUA/UR B
Diapterus rhombeus E GM/S M
Chloroscombrus chrysurus M EUA/AR B
Selene setapinnis ME EUA/AR B
Anchoa lyolepis M EUA/SP A
Chirocentrodon bleekerianus M PA/SP A
Bairdiella ronchus ME CA/S B
Achirus lineatus ME SC/AR B
Menticirrhus littoralis M EUA /S M
Ctenosciaena gracilicirrhus ME EUA/S B
Cynoscion virescens M PA/S A
Achirus declivis E AN/ SC B
Etropus crossotus E EUA/RS B
Stellifer stellifer ME VE/SP B
Sphoeroides greeleyi E HO/PR B
Citharichthys arenaceus E AN/PR B
Ophichthus gomesii M EUA /S B
Narcine brasiliensis ME EUA/AR B
Genidens barbus M SE/AR A
Rypticus randalli ME CA/SP B
Cetengraulis edentulus M PA/SC A
Stellifer sp. ME * B
Pomadasys corvinaeformis M CA/S B
Cynoscion acoupa ME PA/AR A
Conodon nobilis M EUA/S B
Eucinostomus argenteus ME EUA/SE B
Citharichthys spilopterus E EUA/RS B
Nebris microps ME CO/SE B
Chaetodipterus faber M EUA/S A
Aspistor luniscutis M GU/S A
Sphoeroides testudineus E EUA/SC B
Lycengraulis grossidens M VE/AR A
Anchoa filifera M VE/SP A
Sphyraena guachancho M USA/AR M
Genidens genidens ME GU/AR M

Continua
30
Tab. 3 – continuação
Espécies Ocorrência Distribuição Importância econômica
Anchoviella lepidentostole E GU/PR A
Eucinostomus melanopterus ME EUA/S B
Trinectes paulistanus ME SE/SC B
Prionotus nudigula M RJ/AR B
Caranx latus ME EUA/RJ A
Trachinotus carolinus ME USA/RS A
Legenda: Correa (1986); Figueiredo & Menezes (1978, 1980, 2000); Menezes e Figueiredo (1980, 1985)

Apesar de terem sido feitas coletas de arrasto de fundo, foram capturadas 16% das espécies
pelágicas. A tabela a seguir é baseada em informações na ictiofauna apresentada, e dão noções
sobre guildas funcionais (Tab. 4).

Tabela 4 - Síntese das informações disponíveis em ordem alfabética de família, sobre os peixes
capturados entre a Baía de Guaratuba e a Barra do Saí. Onde D = demersal; P = pelágica; PR =
primavera; V = verão; O = Outono e I = inverno; * = sem informação.
FAMÍLIA Gênero Nome Comum Hábito Hábito Alimentar Pico de Pico de
Espécie Reprodução Recrutas
A. lineatus Linguado D Carnívora PR/V O
ACHIRIDAE A. declives Linguado D Carnívora PR/V O
T. paulistanus Linguado D Carnívora PR/V O

ARllDAE G. genidens Bagre-ururu D Omnívora V O


C. spixii Bagre-amarelo D Omnívora PR/V O
G.barbus Bagre branco D Omnívora V
A. luniscutis Bagre D Omnívora V
BATRACHOIDIDAE P. porosissimus Piramangaba D Piscívora
CARANGIDAE C. chrysurus Palombeta P Planctofágica PR/V O
C. latus Xerelete Planctofágica
S. setapinnis Peixe-galo P Piscívora
S. vomer Galo verdadeiro P Piscívora

CLUPEIDAE P. harroweri Sardinha mole D Planctofágica V O


CYNOGLOSSIDAE S. tesselatus Língua de mulata D Carnívora PR/V
ENGRAULIDAE A. lyolepis Manjuba P Planctofágica
A. lepidentostole Manjuba Planctofágica
C. edentulus Sarinha xingó P Planctofágica PR/V
GADIDAE U. brasiliensis Abrótea D Piscívora
GRAMMISTIDAE R. randalli Peixe sabão D Piscívora PR/V
GERREIDAE D. rhombeus Caratingaitê D Omnívora PR/V
HAEMULIDAE A. surinamensis Sargo de beiço D Piscívora PR/V

NARCINIDAE N. brasiliensis Raia elétrica D Carnívora

OPHICHTHIDAE O gomesii Muçum D Piscívora

PARALICHTHYIDAE C. arenaceus Linguado D Carnívora PR/V O


E. crossotus Linguado D Carnívora PR/V O
PRYSTIGASTERIDAE C.bleekerianus Sardinha mole P Planctofágica PR/V
SCIAENIDAE B. ronchus Roncador D Carnívora PR/O V/O
C. gracilicirrhus Goretê D Carnívora V O
C. jamaicensis Calafate D Piscívora
C. leiarchus Pescada branca D Piscívora V O

continua
31
Tabela 4. cont.
C.microlepidotus Pescada de dente D Piscívora V O

C. virescens Pescada cambucú D Piscívora

I. parvipinnis Pescada malheira D Piscívora V O

L. breviceps Oveva D Carnívora

M. americanus Betara preta D Piscívora V O

M. furnieri Corvina D Piscívora Ano todo Ano todo

M. littoralis Betara branca D Carnívora PR V/I

O punctatissimus Canguá D Carnívora

P. brasiliensis Maria Luiza D Carnívora

S. brasiliensis Canguá D Carnívora Ano todo Ano todo


S. rastrifer Canguá D Carnívora Ano todo Ano todo
S. stellifer Cangoá D Carnívora Ano todo Ano todo
STROMATEIDAE P. paru Maria redonda D Carnívora
TETRAODONTIDAE L. laevigatus Baiacu arara D Carnívora PR/V
S. greeleyi Baiacu mirim D Carnívora PR/V O
TRICHIURIDAE T. lepturus Peixe espada P Piscívora Ano todo Ano todo
TRIGLIDAE P. punctatus Cabrinha D Piscívora

Legenda: Correa (1986); Figueiredo & Menezes (1978, 1980, 2000); Menezes e Figueiredo (1980, 1985)

4.2- Estrutura em tamanho

A maior freqüência de ocorrência foi de peixes de até 100 mm, com média de tamanho das
espécies capturadas de 81,82 mm (± 42,04), variando entre 30,12 mm (Sphoeroides greeleyi) e
494,28 mm (Ophichthus gomesii) (Tab. 5). Em média, o comprimento total dos indivíduos
capturados na área foi baixo, caracterizando uma ictiofauna de pequeno porte considerando o tipo
de amostragem realizada para pesca de camarão. O menor exemplar foi de S. tesselatus (1,07 mm) e
o maior foi de T. lepturus (728 mm). As médias de tamanho dos peixes capturados podem ser
observadas na figura 2.
32
Tabela 5 - Número de exemplares, média, desvio padrão, mínimo, máximo do comprimento total na
plataforma interna entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. n = 7868 ; X ± S =
81, 82 mm ± 42,04 mm; Min = 1,07; Max = 728,0 mm.
Espécies n X ± S Min (mm) Max (mm)
Paralonchurus brasiliensis 2421 89,54 ± 30,94 1,94 231,00
Stellifer rastrifer 1015 74,79 ± 22,71 2,13 189,00
Stellifer brasiliensis 817 68,94 ± 18,09 1,59 175,00
Pellona harroweri 768 53,32 ± 13,88 2,40 121,00
Isopisthus parvipinnis 598 61,90 ± 29,73 7,80 173,00
Cynoscion microlepidotus 295 66,81 ± 14,78 33,00 109,00
Urophycis brasiliensis 267 83,62 ± 30,01 1,77 227,00
Trichiurus lepturus 144 221,98 ± 119,31 2,83 728,00
Anisotremus surinamensis 144 103,67 ± 20,47 58,00 175,00
Larimus breviceps 135 70,5 ± 30,41 25,00 199,00
Symphurus tesselatus 134 113,64 ± 20,00 1,07 170,00
Peprilus paru 133 52,01 ± 16,25 21,00 100,00
Ophioscion punctatissimus 92 78,54 ± 18,27 40,00 136,00
Cynoscion leiarchus 88 73,45 ± 25,25 31,00 208,00
Cyn. jamaicensis 59 77,13 ± 19,41 28,00 153,00
Micropogonias furnieri 56 103,45 ± 46,39 57,00 224,00
Cathorops spixii 55 109,76 ± 27,07 82,00 203,00
Menticirrhus americanus 53 121,92 ± 53,19 51,00 264,00
Prionotus punctatus 47 56,81 ± 18,99 30,00 105,00
Lagocephalus laevigatus 46 67,71 ± 18,50 40,00 115,00
Porichthys porosissimus 41 88,46 ± 63,53 45,00 320,00
Selene vomer 41 64,68 ± 20,90 32,00 126,00
Diapterus rhombeus 38 153,50 ± 11,21 135,00 171,00
Chloroscombrus crysurus 38 54,40 ± 13,09 30,00 90,00
Selene setapinnis 34 63,94 ± 20,67 36,00 126,00
Anchoa lyolepis 31 88,77 ± 4,39 80,00 97,00
Chirocentrodon bleekerianus 26 74,79 ± 18,34 50,00 104,00
Bairdiella ronchus 23 58,87 ± 19,54 35,00 96,00
Achirus lineatus 21 60,86 ± 19,17 41,00 90,00
Menticirrhus littoralis 21 117,52 ± 64,28 52,00 282,00
Ctenosciaena gracilicirrhus 18 57,17 ± 23,35 30,00 107,00
Cynoscion virescens 18 74,00 ± 24,76 36,00 129,00
Achirus declivis 14 99,42 ± 33,24 65,00 160,00
Etropus crossotus 13 88,54 ± 16,70 57,00 116,00
Stellifer stellifer 8 60,90 ± 18,69 39,00 122,00
Sphoeroides greeleyi 8 30,12 ± 7,18 24,00 42,00
Citharichthys arenaceus 8 125,62 ± 29,10 81,00 155,00

continua
33
Tab. 5 – continuação
Espécies n X ± S Min (mm) Max (mm)
Ophichthus gomesii 7 494,28 ± 25,86 463,00 530,00
Narcine brasiliensis 5 128,20 ± 33,06 97,00 181,00
Genidens barbus 5 173,40 ± 46,29 114,00 235,00
Rypticus randalli 5 119,60 ± 10,99 108,00 133,00
Cetengraulius edentulus 4 118,00 ± 15,56 107,00 129,00
Stellifer sp. 4 67,17 ± 31,22 30,00 111,00
Pomadasys corvinaeformis 3 81,00 ± 34,28 50,00 130,00
Cynoscion acoupa 3 69,00 ± 13,00 54,00 77,00
Conodon nobilis 3 53,00 ± 2,83 51,00 55,00
Eucinostomus argenteus 3 108,00 ± 7,94 99,00 114,00
Citharichthys spilopterus 3 142,00 ± 2,83 140,00 144,00
Nebris microps 2 142,00 ± 9,90 135,00 149,00
Chaetodipterus faber 2 101,50 ± 19,09 88,00 115,00
Aspistor luniscutis 2 120,50 ± 4,95 117,00 124,00
Sphoeroides testudineus 2 71,00 ± 65,05 25,00 117,00
Lycengraulis grossidens 2 121,00 ± 2,83 119,00 123,00
Anchoa filifera 2 87,00 ± 4,24 84,00 90,00
Sphyraena guachancho 2 47,50 ± 0,71 47,00 48,00
Genidens genidens 1 222,00 222,00 222,00
Anchoviella lepidentostole 1 155,00 155,00 155,00
Eucinostomus melanopterus 1 69,00 69,00 69,00
Trinectes paulistanus 1 135,00 135,00 135,00
Prionotus nudigula 1 42,00 42,00 42,00
Caranx latus 1 174,00 174,00 174,00
Trachinotus carolinus 1 31,00 31,00 31,00
34

110

F = 25,89 p < 0,01


105

100
Comprimento total (mm)

95

90

85

80

75

70

65
Jan Mar Mai Jul Set Nov
Fev Abr Jun Ago Out Dez

Figura 2 – Resultado da análise de variância, analisando as diferenças entre as médias mensais do


comprimento total, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu
( Média; ±erro padrão).

Entre as cinco espécies mais abundantes selecionadas para análise estrutura de tamanho estão:
P. brasiliensis, S. rastrifer, S. brasiliensis, P. harroweri e I. parvipinnis Os exemplares de P.
brasiliensis foram em média maiores entre fevereiro e maio e entre as áreas de coleta 4 e 5.
Menores tamanhos médios foram capturados entre agosto e dezembro. Em S. rastrifer observaram-
se capturas de peixes maiores de abril a junho e tamanhos médios intermediários ocorreram nos
demais meses com as menores médias de comprimento total presentes em outubro. Em S.
brasiliensis as médias do comprimento total foram maiores nos meses de junho e julho. Os menores
exemplares dessa espécie ocorreram em novembro e dezembro. Em abril e novembro foram
maiores as médias do comprimento total de P. harroweri, com média significativamente menor no
mês de março. I. parvipinnis esteve presente com menor tamanho total médio nas amostras de
janeiro a março. As médias foram significativamente maiores nos meses de junho e novembro (Fig.
3).
35

Paralonchu rus b rasiliensis Stellifer rastrifer


180 100

A) F = 54,56 p < 0,01 F = 38,09 p < 0,01


A)
160 90

140 80

120 70

100 60

Comprim ento t ota l


Com prim ent o tot al

80 50

60 40
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Stellifer brasiliensis Pellona harroweri


120 100

F = 46,05 p < 0,01 A) A) F = 32,09 p < 0,01


110
90

100
80

90
70

80
60
70

50
60

40
50

30
40 Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Isopisthus parvipinnis
40

F = 74,92 p < 0,01 A)


20

00

80

60

40

20
Jan Fev Mar Abr Mai Ju n Jul Ago Set Ou t N ov Dez

Figura 3 - Resultado da análise de variância, analisando as diferenças entre as médias mensais do


comprimento total de P. brasiliensis, S. rastrifer, S. brasiliensis, P. harroweri e I. parvipinnis na
plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu ( Média; ±erro
padrão).
36
4.3 - Estrutura em peso

A maioria das espécies, cerca de 97 %, apresentou peso médio menor que 50 g. O peso médio
total das espécies agrupadas foi de 8,17 (± 17,89g) com a menor média em Sphyraena guachancho
(0,49g), e a maior em Netuma barba (70,49g). Os indivíduos de menor peso foram de Cynoscion
jamaicensis (0,20g), e os de maior peso foram de Porichthys porosissimus (416,24g), Menticirrhus
littoralis (212,13g), e Menticirrhus americanus (201,61g) (Tab.6).

Tabela 6 - Número de exemplares, média, desvio padrão, mínimo, máximo do peso na plataforma
interna entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. n = 7648; x ± S = 8, 17 g ± 17,89g;
Min = 0,03 g; Max = 487,0 g.
Espécies n X ± S Min (g) Max (g)
Paralonchurus brasiliensis 2421 8,66 ± 14,08 0,05 142,00
Stellifer rastrifer 1015 6,65 ± 9,05 0,17 119,93
Stellifer brasiliensis 817 4,72 ± 8,46 0,03 180,00
Pellona harroweri 768 2,40 ± 8,73 0,15 158,00
Isopisthus parvipinnis 598 4,55 ± 8,96 0,03 107,00
Cynoscion microlepidotus 295 3,26 ± 2,26 0,34 13,11
Urophycis brasiliensis 267 7,42 ± 15,86 0,48 144,00
Trichiurus lepturus 144 11,95 ± 23,63 0,12 197,08
Anisotremus surinamensis 144 17,44 ± 10,47 2,64 82,65
Larimus breviceps 135 7,65 ± 16,72 0,20 121,33
Symphurus tesselatus 134 11,85 ± 8,18 1,38 67,27
Peprilus paru 133 5,32 ± 12,54 0,19 139,00
Ophioscion punctatissimus 92 6,73 ± 6,66 0,59 42,48
Cynoscion leiarchus 88 6,11 ± 11,37 0,26 93,07
Cyn. jamaicensis 59 5,40 ± 5,92 0,20 42,39
Micropogonias furnieri 56 19,54 ± 29,51 1,79 116,06
Cathorops spixii 55 15,86 ± 17,32 4,24 93,90
Menticirrhus americanus 53 32,27 ± 45,02 1,23 201,62
Prionotus punctatus 47 2,77 ± 2,75 0,34 12,09
Lagocephalus laevigatus 46 7,59 ± 6,39 1,29 31,56
Porichthys porosissimus 41 30,07 ± 94,37 0,87 416,24
Selene vomer 41 5,31 ± 6,18 0,42 30,67
Diapterus rhombeus 38 60,56 ± 18,98 35,11 140,10
Chloroscombrus crysurus 38 1,98 ± 1,41 0,36 7,03
Selene setapinnis 34 4,33 ± 4,76 0,68 26,06
Anchoa lyolepis 31 4,37 ± 0,76 2,78 6,21
Chirocentrodon bleekerianus 26 2,80 ± 2,19 0,45 6,28

continua
37
Tab. 6 – continuação
Espécies n X ± S Min (g) Max (g)
Bairdiella ronchus 23 3,25 ± 3,35 0,76 12,59
Achirus lineatus 21 6,05 ± 5,27 1,22 19,26
Menticirrhus littoralis 21 31,02 ± 57,71 0,94 212,35
Ctenosciaena gracilicirrhus 18 3,21 ± 3,65 0,32 12,23
Cynoscion virescens 18 4,87 ± 3,57 0,33 14,08
Achirus declivis 14 30,78 ± 32,53 5,90 99,37
Etropus crossotus 13 8,60 ± 5,16 1,64 20,65
Stellifer stellifer 8 3,37 ± 4,36 0,70 22,24
Sphoeroides greeleyi 8 0,78 ± 0,51 0,38 1,72
Citharichthys arenaceus 8 21,00 ± 12,64 3,52 38,65
Ophichthus gomesii 7 32,08 ± 21,22 87,31 137,31
Narcine brasiliensis 5 37,15 ± 33,04 11,96 94,22
Genidens barbus 5 70,49 ± 38,55 30,10 122,89
Rypticus randalli 5 21,31 ± 5,63 14,34 26,75
Cetengraulius edentulus 4 15,72 ± 5,92 11,54 19,91
Stellifer sp. 4 5,23 ± 5,68 0,40 15,63
Pomadasys corvinaeformis 3 10,36 ± 13,13 1,83 29,93
Cynoscion acoupa 3 3,39 ± 1,34 1,84 4,22
Conodon nobilis 3 1,97 ± 0,73 1,46 2,49
Eucinostomus argenteus 3 16,02 ± 3,61 12,05 19,12
Citharichthys spilopterus 3 28,71 ± 1,46 27,68 29,74
Lycengraulis grossidens 2 11,35 ± 1,38 10,37 12,33
Anchoa filifera 2 4,50 ± 0,39 4,23 4,78
Sphyraena guachancho 2 0,49 ± 0,14 0,39 0,59
Genidens genidens 1 91,02 91,02 91,02
Anchoviella lepidentostole 1 25,27 25,27 25,27
Eucinostomus melanopterus 1 68,15 68,15 68,15
Trinectes paulistanus 1 58,37 58,37 58,37
Prionotus nudigula 1 0,87 0,87 0,87
Caranx latus 1 49,37 49,37 49,37
Trachinotus carolinus 1 0,54 0,54 0,54
38
A média de peso dos exemplares capturados foi maior em abril, e o pesos médios intermediários
ocorreram em janeiro, março, junho e outubro, sendo menores nos demais meses (Fig. 4).

24

22 F = 27,51 p < 0,01

20

18

16
Peso ( g )

14

12

10

2
Jan Mar Mai Jul Set Nov
Fev Abr Jun Ago Out Dez

Figura 4 – Resultado da análise de variância, analisando as diferenças entre as médias mensais do


peso, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu Guaçu (
Média ; ±erro padrão).

4.4 - Estrutura em sexo e estádios de maturação gonadal

Na maioria dos peixes, como não foi possível determinar o sexo, os indivíduos foram
denominados como de sexo indeterminado, sendo representados por jovens. O maior número de
observações foi para fêmeas em todos os meses de coleta, e as maiores diferenças na proporção
sexual ocorreram entre setembro e dezembro, especialmente em outubro (Fig. 5).
Predominaram na região, indivíduos imaturos e de sexo indeterminado com aproximadamente
92% de freqüência. O estádio A esteve presente em todos os meses de coleta, porém em maior
quantidade em outubro e novembro. Maiores freqüências de B e C foram observadas entre outubro
e dezembro (Fig. 6). Entre as espécies coletadas na área, 24 estiveram representadas somente por
indivíduos imaturos e 12 por imaturos e em maturação. Na área o estádio C só ocorreu em 25
espécies, enquanto que os estádios D e R foram observados em apenas 4 indivíduos de M.
americanus, 2 exemplares para cada estádio (Tab 7).
39

800
600
400
200
0
I M F I M F I M F I M F
Janeiro F evereiro Março Abril

800
600
400
200
0
I M F I M F I M F I M F
Maio Jun ho Julho Ag osto

800
600
400
200
0
I M F I M F I M F I M F
Setemb ro Ou tu bro N ovemb ro D ezemb ro
Sexo

Figura 5 - Histograma da freqüência absoluta mensal na plataforma interna rasa entre a Baía de
Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu (I = Indeterminado; M = Machos; F = Fêmeas).

Figura 6 - Histograma da freqüência absoluta por mês e estádios de maturação gonadal na


plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
40
Tabela 7 – Freqüência de ocorrência dos estádios de maturação das espécies presentes na
plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
Espécies (n) A (%) B (%) C (%) D (%) R (%)
Paralonchurus brasiliensis (2433) 88,12 10,60 1,27 0,00 0,00
Stellifer rastrifer (1016) 96,06 2,07 1,87 0,00 0,00
S. brasiliensis (803) 94,65 3,99 1,37 0,00 0,00
Pellona harroweri (485) 98,76 0,41 0,82 0,00 0,00
Isosipisthus parvipinnis (560) 93,57 5,00 1,43 0,00 0,00
Cynoscion microlepidotus (293) 99,66 0,34 0,00 0,00 0,00
Urophycis brasiliensis (266) 99,25 0,75 0,00 0,00 0,00
Trichiurus lepturus (141) 92,20 4,96 2,84 0,00 0,00
Anisotremus surinamensis (143) 92,31 2,80 4,90 0,00 0,00
Larimus breviceps (136) 93,38 3,68 2,94 0,00 0,00
Symphurus tesselatus (134) 96,27 3,73 0,00 0,00 0,00
Peprilus paru (134) 99,25 0,75 0,00 0,00 0,00
Ophioscion punctatissimus (90) 83,33 6,67 10,00 0,00 0,00
Cynoscion leiarchus (87) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cyn. Jamaicensis (58) 94,83 3,45 1,72 0,00 0,00
Micropogonias furnieri (53) 88,68 7,55 3,77 0,00 0,00
Cathorops spixii (54) 88,89 9,26 1,85 0,00 0,00
Menticirrhus americanus (55) 72,73 16,36 3,64 3,64 3,64
Prionoctus punctatus (46) 97,83 2,17 0,00 0,00 0,00
Lagocephalus laevigatus (48) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Porichthys porosissimus (41) 97,56 2,44 0,00 0,00 0,00
Selene vomer (41) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Diapterus rhombeus (38) 86,84 13,16 0,00 0,00 0,00
Chloroscombrus crysurus (37) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Selene setapinnis (33) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Anchoa lyolepis (30) 6,67 53,33 40,00 0,00 0,00
Chirocentrodon bleekerianus (26) 80,77 15,38 3,85 0,00 0,00
Bairdiella ronchus (22) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Achirus lineatus (19) 94,74 5,26 0,00 0,00 0,00
Menticirrhus littoralis (19) 73,68 21,05 5,26 0,00 0,00
Ctenosciaena gracilicirrhus (19) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cynoscion virescens (18) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Achirus declivis (13) 76,92 0,00 23,08 0,00 0,00
Etropus crossotus (13) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Stellifer stellifer (8) 37,50 25,00 37,50 0,00 0,00
continua
41
Tab. 7 – continuação
Espécies (n) A (%) B (%) C (%) D (%) R (%)
Sphoeroides greeleyi (8) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Citharichthys arenaceus (7) 71,43 14,29 28,57 0,00 0,00
Ophichtus gomesii (6) 50,00 0,00 50,00 0,00 0,00
Narcine brasiliensis (5) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Genidens barbus (5) 80,00 20,00 0,00 0,00 0,00
Rypticus randalli (4) 25,00 50,00 25,00 0,00 0,00
Cetengraulius edentulus (4) 75,00 0,00 25,00 0,00 0,00
Stellifer sp. (4) 25,00 75,00 0,00 0,00 0,00
Pomadasys corvinaeformis (3) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cynoscion acoupa (3) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Conodon nobilis (3) 66,67 33,33 0,00 0,00 0,00
Eucinostomus argenteus (3) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Citharichthys spilopterus (3) 0,00 33,33 66,67 0,00 0,00
Nebris microps (2) 50,00 50,00 0,00 0,00 0,00
Chaetodipterus faber (2) 50,00 50,00 0,00 0,00 0,00
Aspistor luniscutis (2) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Sphoeroides testudineus (2) 50,00 0,00 50,00 0,00 0,00
Lycengraulis grossidens (2) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Anchoa filifera (2) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Sphyraena guachancho (2) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Genidens genidens (1) 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00
Anchoviella lepidentostole (1) 0,00 0,00 100,00 0,00 0,00
Eucinostomus melanopterus (1) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Trinectes paulistanus (1) 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00
Prionotus nudigula (1) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Caranx latus (1) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Trachinotus carolinus (1) 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
42
4.5 - Variação Temporal

O número médio de peixes foi significativamente maior em outubro e novembro em relação


aos demais meses, com exceção de fevereiro. Entre os demais meses observaram-se médias maiores
em fevereiro, maio e setembro, em relação a janeiro (Fig. 7). Maiores capturas médias em peso
foram observadas em abril, maio, setembro, outubro e novembro em comparação a janeiro,
fevereiro, março, julho e agosto. Entre os demais meses, o peso da captura não diferiu
estatisticamente (Fig. 7).
O índice médio de riqueza de Margalef oscilou acentuadamente durante o ano de coleta,
enquanto os índices de diversidade de Shannon-Wiener e equitabilidade de Pielou apresentaram o
mesmo padrão de variação temporal. A diversidade média foi significativamente menor em
setembro e outubro, em comparação com os demais meses, excetuando-se março e abril (Fig. 7).
43

20 4,2

4,0 H= 38,35 p<0,01

3,8
18
3,6

3,4
16
Número de espécies

3,2

Riqueza ( D )
3,0
14
2,8

2,6
12 2,4

2,2
10 2,0

1,8

8 1,6

1,4
H= 33,66 p< 0,01
Média e S
6 1,2
Jan Mar Mai Jul Set Nov Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fev Abr Jun Ago Out Dez

300 2,8

H= 41,02 p< 0,01


H= 31,08 p<0,01 2,6

250 Média e S 2,4

2,2
Número de peixes

2,0
200
Diversidade ( H` )

1,8

1,6
150
1,4

1,2
100
1,0

0,8

50
0,6

0,4
Jan Mar Mai Jul Set Nov Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fev Abr Jun Ago Out Dez

3000 1,0

H= 37,60 p< 0,01


H= 34,60 p<0,01
0,9
2500
Média e S
0,8
2000
Equitabilidade ( J )

0,7
Peso ( g )

1500
0,6

1000
0,5

500 0,4

0,3
0

Jan Mar Mai Jul Set Nov 0,2


Fev Abr Jun Ago Out Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Figura 7 -Variação temporal na média do número de peixes, número de espécies, peso da captura, e
dos índices de riqueza de Margalef (D), diversidade de Shannon-Wiener e equitabilidade de Pielou
(J), na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu ( Média
; ±erro padrão).
44
Ao nível de similaridade de 77%, os meses de coleta se agrupam em três grupos principais: O
grupo A com os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, apresentou as maiores freqüências
de ocorrência das espécies P. brasiliensis e S. brasiliensis, enquanto que no grupo B, formado pelos
meses de maio, junho, julho, agosto, as capturas de S. rastrifer, P. harroweri, C. microlepidotus e
U. brasiliensis foram maiores, esta última exclusiva desse período e setembro (Fig. 8). Também
foram um pouco maiores as abundâncias de T. lepturus, P. paru e C. leiarchus entre maio e agosto.
As espécies I. parvipinnis, L. breviceps e S. tesselatus ocorreram em quantidades semelhantes nos
dois grupos. O grupo C diferiu dos grupos A e B principalmente pelo padrão de ocorrência de P.
brasiliensis, P. harroweri e P. paru, mais abundantes nos meses de outubro e novembro. Os meses
isolados de abril e setembro se caracterizaram pela baixa freqüência ou ausência das espécies mais
abundantes e constantes no resto do ano, exceção de P. brasiliensis, presentes em grande
quantidade em setembro.
No gráfico de MDS, o alto stress (0,13) indica que as similaridades não estão adequadamente
representadas pelas distâncias no plano. Essa dificuldade para representação das similaridades, não
permite evidenciar os grupos com a mesma precisão do Cluster (Fig.8).
45

Mar
A Fev
Jan
Dez
Ago
B Jul
Mai
Jun
Abr
C Nov
Out
Set
60 70 77% 80 90 100
Similaridade de Bray-Curtis ( % )

Figura 8 - Dendrograma e ordenação pelo método MDS baseados nos dados de densidade das
principais espécies, amostrados mensalmente na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e
a Foz do Rio Saí-Guaçu. Grupos de espécies delineados no nível de 78 % de similaridade no
dendrograma estão circundados no gráfico de ordenação. O estresse da ordenação MDS = 0,09.
46
5 – DISCUSSÃO

5.1. Composição Ictiofaunística

Na composição da estrutura da ictiofauna demersal na plataforma interna rasa do litoral sul do


Paraná, a Família Sciaenidae apresentou maior diversidade e maior biomassa, com
representatividade de 18 espécies. Vários autores registraram a ocorrência de Sciaenidae como uma
das famílias mais abundantes em seus estudos. Juvenis e subadultos de Sciaenidae de ambientes
marinho-estuarinos da Lagoa dos Patos (RS), foram os mais capturados das 56 famílias
identificadas por Chao et al (1982). Nessa mesma região, Chao et al. (1985) ao darem seqüência
nos estudos sobre a ictiofauna, registraram que Sciaenidae e Ariidae foram as famílias que
contribuíram com 90% em número de indivíduos e peso nos arrastos de fundo e de coluna d’água.
Segundo Ross (1983), o número de espécies capturadas em uma área depende do esforço amostral,
tipos de coleta, petrechos utilizados e eficiência de captura de rede incluindo o tamanho da malha e
suas dimensões.
Coelho et al. (1986), estudando a pesca artesanal dirigida ao camarão sete-barbas no litoral de
São Paulo, observaram que Sciaenidae contribuiu com 60% do total em número, com profundidades
em torno de 25 m. Soares et al (1992) relataram que espécies de peixes demersais dominantes da
plataforma interna de Ubatuba (SP), principalmente pertencentes à família Sciaenidae, utilizam a
região para crescimento e maturação. Rossi-Wongtschowski & Paes (1993) ao estudarem os peixes
demersais do litoral norte de São Paulo, em Ubatuba, com profundidades entre 10 e 100 m,
encontraram 111 espécies distribuídas em 54 famílias, e constataram que Sciaenidae é uma das
famílias mais abundantes com ampla distribuição por toda área de estudo em que ocorrem. Rocha &
Rossi-Wongtschowski (1998) também estudando sobre comunidades ictiofaunísticas de Ubatuba
em profundidades de 50 m, registraram 111 espécies e 43 famílias, destacando Sciaenidae como a
família que mais predominou no litoral de São Paulo. Muto et al (2000) fizeram levantamento da
ictiofauna no litoral de São Paulo e identificaram 93 espécies e 40 famílias, revelando um
predomínio de Sciaenidae na região em número de espécies, abundância e peso. Na Baía de
Sepetiba (RJ), Araújo et al (1998) avaliaram a estrutura da comunidade de peixes demersais, e
identificaram 97 espécies e 38 famílias, sendo que Sciaenidae esteve incluída entre as cinco famílias
mais abundantes (Ariidae, Sparidae, Gerreidae e Haemulidae), contribuindo com 67,9%. Azevedo
(2002) encontrou 93 espécies e 37 famílias destacando Sciaenidae como uma das mais abundantes
em número e biomassa também na Baía de Sepetiba (RJ), juntamente com Carangidae, Ariidae,
Gerreidae, Engraulidae e Haemulidae.
47
Em trabalhos sobre comunidades de peixes em ambientes costeiros rasos, foram encontradas
semelhanças nos grupos de peixes entre as regiões costeiras, com predomínio de algumas famílias
(Clupeidae, Engraulidae, Atherinidae, Carangidae, Mugilidae e Gerreidae), inclusive Sciaenidae.
Entre estes trabalhos estão os de Modde & Rosse (1981), que estudaram a sazonalidade de peixes
no Golfo do México; Gaspar (1987) estudou a estrutura da comunidade de peixes na Venezuela
para a costa brasileira; Monteiro-Neto et al. (1990) fez um levantamento da ictiofauna em Laguna
(SC); Graça-Lopes et al. (1993) investigaram a ictiofauna de Baía de Santos (SP); Vieira & Musick
(1994) estudando a composição da ictiofauna em arrastos de fundo nos estuários do oeste do
Atlântico, registraram 222 espécies e 77 famílias, relatando Sciaenidae como uma das mais
freqüentes assim como Engraulidae, Gerreidae, Ariidae, Sparidae, Clupeidae e Haemulidae,
contribuindo com mais de 75% das amostras; Giannini & Paiva-Filho (1995) ao fazeram uma
análise comparativa de peixes do litoral de São Paulo; e Teixeira & Almeida (1998) ao estudaram a
composição da ictiofauna em Maceió (AL), destacaram Sciaenidae como uma das mais abundantes
em seus respectivos estudos.
No litoral do Paraná, Chaves (1995) e Chaves & Vendel (1997), observaram para a região
interna da Baía de Guaratuba, um predomínio em diversidade e abundância das famílias Sciaenidae,
Gerreidae, Ariidae e Haemulidae. Abilhôa (1998), ao fazer um levantamento da composição
ictiofaunística no estuário da Baía de Paranaguá, registrou Sciaenidae como uma das mais
freqüentes, além de mais duas famílias (Paralichthyidae e Gerreidae). Nesta mesma área de estudo,
Pinheiro (1999) estudando a dinâmica de comunidades, também encontrou esta família como mais
abundante. Chaves & Bouchereau (1999), ao descreverem sobre a biodiversidade e dinâmica dos
peixes do manguezal da Baía de Guaratuba (PR), relataram que de 61 espécies representadas por 28
famílias, 10 espécies pertenceram a família Sciaenidae.
Chaves & Bouchereau (2000) ao investigarem a atividade reprodutiva de uma assembléia de
peixes no manguezal da Baía de Guaratuba, observaram Sciaenidae como uma das mais freqüentes
que utilizam o local para desova. Corrêa (2000) identificou 52 espécies e 19 famílias, ressaltando a
importância de Sciaenidae na Baía de Guaraqueçaba não somente como uma das principais
constituintes, mas como fonte de recurso na região. Vendel et al. (2002) ao investigarem a estrutura
e dinâmica de peixes da Gamboa de Baguaçu, Baía de Paranaguá, encontraram 47 espécies
representada por 21 famílias, enfatizando que entre as famílias mais capturadas, além de Sciaenidae
estão Engraulidae, Gerreidae, Gobiidae, Carangidae, Tetraodontidae, Clupeidae e Mugilidae.
Godefroid et al. (2004), ao analisarem a ictiofauna da plataforma interna rasa do centro-norte do
litoral do Paraná, no balneário de Atami, entrada da Baía de Paranaguá, encontraram que Sciaenidae
foi a família mais representativa apresentando 18 espécies, assim como encontrado no presente
trabalho. Os resultados obtidos para o litoral sul do Paraná, em relação á dominância numérica e
48
biomassa para Sciaenidae, não foram diferentes dos registrados para o restante da costa brasileira,
principalmente para outras regiões do litoral do Paraná. Esta família, conforme constatado por
Nelson (1976; 1994) e Vieira & Musick (1993), apresenta ampla distribuição geográfica, refletindo
ampla faixa de tolerância a variações dos padrões espaciais e temporais, além de diferentes
adaptações que estes organismos possam apresentar.
As espécies Paralonchurus brasiliensis, Stellifer rastrifer e S. brasiliensis registradas neste
estudo predominaram em abundância numérica e biomassa, porém, em quarto lugar no ranking,
Pellona harroweri se posicionou com relação à freqüência numérica, e Anisotremus surinamensis
com relação à biomassa. As espécies com dominância numérica (P. brasiliensis, S. rastrifer e S.
brasiliensis), apresentam ampla distribuição geográfica quando comparadas às demais, e
anteriormente foram registradas como associadas aos estuários e águas costeiras rasas com
profundidades inferiores a 10 m (Corrêa 1987; Haimovici et al. 1994).
O predomínio de P. brasiliensis na região estudada foi de 30,8% de freqüência em número,
apresentando mais que o dobro de S. rastrifer (12,9%), seguida de S. brasiliensis (10,4%). No
litoral norte de São Paulo, Nonato et al (1983) visando contribuir com o conhecimento da
ictiofauna, registraram P. brasiliensis como a mais freqüente e abundante, afirmando que esta
espécie tem ampla distribuição. Chao et al (1985) verificaram para Lagoa dos Patos, que
Micropogonias furnieri foi a espécie mais capturada, representando Sciaenidae com mais de 40%
de ocorrência em arrastos de fundo, seguida de Netuma barba (19,5%), Macrodon ancylodon
(7,6%), Cynoscion striatus (5,3%) e P. brasiliensis (4,6%). Em Ubatuba, Rossi-Wongtschowski &
Paes (1993) encontraram maior abundância de Cynoscion jamaiscencis (40%), Ctenosciena
gracilicirrhus (35,0%) e P. brasiliensis (25,0%). Coelho et al (1993) ao estudarem sobre P.
brasiliensis capturada nos arrastos de fundo para camarão-sete-barbas no litoral de São Paulo,
citaram que esta espécie ocorreu em maior proporção de número e biomassa, tanto no rejeitado
como na fauna acompanhante. Vieira & Musick (1994), ao estudarem a composição de peixes nos
estuários entre São Paulo e Rio Grande do Sul, enfatizaram que é comum indivíduos jovens e
subadultos de P. brasiliensis, M. furnieri, Isopisthus parvipinnis, S. rastrifer e S. brasiliensis
ocorrerem em abundância nas amostragens de arrasto de fundo. Pereira (1994) ao estudar os peixes
demersais na Lagoa dos Patos (RS), registrou M. furnieri, Netuma barba, N. planifrons, P.
brasiliensis, Menticirrhus americanus, Lycengraulis sp. e Urophycis brasiliensis como as mais
abundantes entre as 55 espécies capturadas na região. Rocha & Rossi-Wongtschowski (1998)
destacaram que das 111 espécies coletadas em Ubatuba, três espécies de Sciaenidae foram as mais
freqüentes, apresentando C. gracilicirrhus (18,6%), P. brasiliensis (16,1%) e C. jamaiscencis
(16,3%), enquanto as demais identificadas não apresentaram mais que 6% de ocorrência. Araújo et
al (1998) citaram que as três espécies mais freqüentes foram Genidens genidens, Cathorops spixii e
49
M. furnieri, entre as 97 espécies capturadas na Baía de Sepetiba. Muto et al (2000) estudando a
ictiofauna da região do litoral de São Paulo, encontraram que das 93 espécies de peixes capturadas
em profundidades variando de 8 m a 65 m, apenas três espécies foram dominantes nas capturas: C.
gracilicirrhus (23,6%), P. brasiliensis (23,3%) e C. jamaiscencis (14,0%).
Na lagoa estuarina da Colômbia, Rueda & Defeo (2003) encontraram para uma assembléia de
peixes, 39 espécies, sendo que as sete espécies dominantes foram Eugerres plumieri (88,5%),
Diapterus rhombeus (60,0%), Micropogonias furnieri (55,2%), Mugil incilis (70,0%), C. spixii
(50,4%), Elops saurus (35,0%) e Bairdiella ronchus (16,0%). Azevedo (2002) reportou que
algumas espécies da Baía de Sepetiba indicaram uma existência de padrões espaciais entre as zonas
interna, central e externa, encontrando que na zona interna as espécies mais abundantes foram M.
furnieri, Cetengraulis edentulus, Cytharichthys spilopterus e Trinectes paulistanus, enquanto na
zona externa foram Prionotus punctatus, Synodus foetens, Ctenosciaena gracilicirrhus, Diplectrum
radiale, Etropus crossotus, Haemulon steindachneri, Orthopristis ruber e Trichiurus lepturus;
porém a zona central foi detectada como área de transição.
Na região do litoral do Paraná, Chaves & Vendel (1997) enfatizaram que na Baía de
Guaratuba as espécies abundantes foram S. rastrifer, G. genidens e Citharichthys arenaceus. Corrêa
(2000) registrou 52 espécies na Baía de Guaraqueçaba e encontrou um predomínio de C. spixii, S.
rastrifer e G. genidens principalmente na parte mais externa. Abilhôa (1998) afirmou que a maior
freqüência de ocorrência observada foi para Synodus foetens, Prionotus punctatus, Diplectrum
radiale, Etropus crossotus e Menticirrhus americanus no estuário da Baía de Paranaguá. Para este
mesmo local, Pinheiro (1999) registrou uma maior ocorrência de 87 espécies marinhas e estuarinas,
sendo representadas por Harengula clupeola, Atherinella brasiliensis, Trachinotus carolinus,
Oligoplistes saurus, Trachinotus goodei, Pomadasys corvinaeformis e Eucinostomus argenteus.
Souza (2003) ao estudar sobre a família Sciaenidae na plataforma rasa do litoral sul do Paraná entre
8–17 m, identificou oito espécies Cynoscion leiarchus, I. parvipinnis, Larimus breviceps, M.
americanus, M. furnieri, Ophioscion punctatissimus, P. brasiliensis e S. brasiliensis também
encontradas neste estudo, destacando P. brasiliensis como a espécie mais abundante. Godefroid
(2004) observou pouca dominância numérica e em peso das 70 espécies capturadas na plataforma
interna rasa, na entrada da Baía de Paranaguá, sendo que as espécies que mais contribuíram em
porcentagem foram S. rastrifer (29,89%), L. breviceps (14,01%) e P. brasiliensis (8,70%). A
dominância numérica representada por poucas espécies, segundo Kennish (1990), é comum para
ictiofauna dos estuários. Isto ocorreu para a região estudada, embora sendo ambiente costeiro de
plataforma, porém apresenta influência de estuário da Foz do Rio Saí-Guaçu e da Baía de
Guaratuba.
50
A estrutura da ictiofauna da região estudada apresentou P. brasiliensis como a espécie mais
abundante. Para outras regiões, assim como para o litoral de São Paulo, foram encontradas
semelhanças na composição da ictiofauna e também uma predominância desta espécie. Para o
litoral do Paraná, esta espécie também foi dominante na plataforma interna rasa do centro norte do
litoral do Paraná, porém em comparação com outros levantamentos em áreas estuarinas S. rastrifer,
a segunda mais abundante neste trabalho, apresentou maior importância na Baía de Guaraqueçaba e
Baía de Guaratuba. A diferença de espécies observada entre as regiões costeiras do litoral do Paraná
pode estar relacionada à preferência dos peixes por diferentes ambientes em função do ciclo de
vida, à influência de fatores ambientais, além também de tipos de amostragens realizadas. Deve ser
considerado que tais trabalhos citados para a região do Paraná, apresentaram diferenças
significativas na variação espacial e em profundidades, o que não ocorreu no presente trabalho. Os
resultados obtidos neste estudo mostram que 18 espécies tropicais são pertencentes à família
Sciaenidae, constituindo a ictiofauna como uma comunidade tropical composta por Sciaenidae, a
mesma encontrada no infralitoral raso no balneário de Atami por Godefroid (2004).
Espécies que compõem a ictiofauna local também foram registradas em outros estudos na região
do litoral do Paraná, como na Baía de Paranaguá (Abilhôa, 1998; Pinheiro, 1999; Godefroid, 2004),
Baía de Guaraqueçaba (Corrêa, 2000), e em regiões estuarinas mais internas da Baía de Guaratuba
(Chaves & Bouchereau, 1999). A principal diferença observada para essas amostragens foi com
relação à contribuição das espécies, onde predominou P. brasiliensis para o litoral sul do Paraná,
embora essa espécie tenha sido representativa na região Sul. Com base em estudos anteriores para a
região Sul, P. brasiliensis foi abundante no estuário da Lagoa dos Patos (RS). Os trabalhos sobre
ictiofauna para o litoral de São Paulo destacaram esta espécie como uma das mais ocorrentes,
constatando que esta grande abundância é comum em baías, estuários e demais áreas costeiras do
sudeste brasileiro.
A ictiofauna da plataforma continental interna do litoral sul do Paraná esteve representada por
peixes que em sua maioria são de origem tropical e subtropical. As poucas espécies apresentadas de
regiões mais frias foram principalmente Urophycis brasiliensis, Porichthys porosissimus e
Citharichthys spilopterus. Corrêa (1987) citou que a ictiofauna do litoral do Paraná é de transição e
apresenta uma semelhança com áreas tropicais de regiões quentes, como por exemplo da região do
Caribe.
Poucas espécies foram dominantes nos arrastos de fundo na isóbata de 10 m na região estudada,
coincidindo com estudos sobre comunidades de peixes de outras regiões, no qual este padrão de
dominância foi observado para peixes de estuários tropicais e temperados (Chao et al. 1985;
Pereira, 1994). Embora as comparações sobre a ictiofauna tenham sido feitas para diferentes
ambientes na região do litoral do Paraná, as semelhanças encontradas foram apenas com relação à
51
presença das espécies, pois a contribuição percentual dos peixes se diferenciou entre as regiões
consideradas. Isto foi observado por Corrêa (2000) que identificou 52 espécies na Baía de
Guaraqueçaba e Godefroid (2004) que registrou 70 espécies para o infralitoral raso da Baía de
Paranaguá. Diferenças foram observadas em ambientes mais protegidos como na Baía de
Paranaguá; Abilhôa (1998) identificou 37 espécies, sem o registro de P. brasiliensis na área de
estudo, com apenas 18 espécies em comum ao presente trabalho, enquanto Pinheiro (1999)
encontrou 87 espécies, onde 33 espécies foram iguais a esta ictiofauna, com baixa
representatividade de P. brasiliensis, apresentando menos de 1%. Pinheiro (1999) e Godefroid
(2004) ao fazerem comparações com as ictiofaunas de ambientes de praias da região Sul,
observaram diferenças entre as ictiofaunas, atribuindo que estas áreas geográficas mesmo próximas
são consideradas como áreas de transição faunística. De modo geral, as espécies identificadas neste
trabalho coincidem com as comunidades de peixes estudadas anteriormente para região Sul,
coincidindo com o que foi reportado por Vieira & Musick (1994), onde afirmam que com poucas
exceções, a maioria de peixes encontradas nos estuários do Atlântico Oeste são amplamente
distribuídas ou cosmopolitas, aparecendo diferenciações a nível de gênero e espécie. Haedrich
(1983) e Bowen & Avise (1990) citaram que padrões filogeográficos de ocorrência de espécies de
peixes marinhas costeiras e estuarinas, podem estar em posição intermediária entre aqueles
marinhos pelágicos e de água doce. Esses autores atribuem isto ao local de desova, hábitos
alimentares, temperatura e tolerância à salinidade. As áreas de manguezais, por exemplo, são
conhecidas por abrigarem um grande número de espécies de peixes estuarinos, marinhos, dulcícolas
e anádromas para alimentação, reprodução e criação de larvas e juvenis, em função da elevada
disponibilidade de alimento resultante da produção primária, e conseqüentemente da produção
secundária (Day et al. 1989; Robertson & Blaber (1992); Kneib 1997). Analisando a ictiofauna do
presente estudo os peixes identificados (marinhos, marinho-estuarinos e estuarinos) também são
encontrados em ambientes de lagoas costeiras, estuários e baías, podendo ser residentes ou
migradores, sendo que os migradores podem ainda se subdividirem em migradores marinhos,
marinhos visitantes, catádromos, anádromos e migrantes de água doce (Moyle-Cech, 1988; Elliot &
Dewailly, 1995; Potter et al., 2001). As espécies estuarinas apresentaram menor ocorrência; e
embora presentes na região, não podem ser consideradas como migratórias, pois segundo Vieira &
Musick (1994), a alocação de espécies estuarinas não pode ser considerada como de comportamento
migratório.
52
5.2. Estrutura em tamanho

Diferenças na contribuição para estrutura de tamanho e peso foram encontradas em áreas


costeiras do litoral de São Paulo por Rocha & Rossi-Wongtschowski (1998) e Muto et al. (2000).
Em ambientes mais protegidos, esta diferença foi observada por Araújo et al. (1998) e Azevedo
(2002) na Baía de Sepetiba e na Baía de Guaratuba por Chaves & Bouchereau (1999). Azevedo
(2002) encontrou que algumas espécies apresentaram maiores abundâncias em uma zona e maior
biomassa em outra, afirmando que pode haver uma segregação por tamanho, indicando a presença
de indivíduos de diferentes tamanhos em diferentes zonas. Godefroid (2004) encontrou diferenças
entre número e peso, atribuindo este padrão aos diferentes estágios encontrados nos peixes
capturados, pois alguns utilizam a região para recrutamento e outros durante todo o ciclo de vida.
Na presente área não foi observado este padrão, obviamente pelo fato da maioria dos peixes ser
capturada na plataforma interna rasa, na isóbata de 10 m.
Uma característica comum em populações de peixes de áreas costeiras rasas é a abundância de
peixes juvenis presentes nas capturas. Segundo Clark et al. (1994), este fato reflete a importância
dos ambientes de águas rasas na criação e desenvolvimento dos peixes. O tamanho dos peixes
coletados na região estudada, pode estar relacionado à seletividade da rede, o que não permite
capturar indivíduos maiores A estrutura de tamanho analisada nesse estudo demonstra a
significância da plataforma interna para crescimento, pois o predomínio de peixes jovens durante o
ano caracteriza a região estudada, como um ambiente que dispõe de condições propícias para o
desenvolvimento destes peixes, devido principalmente à oferta de uma variedade de recursos
alimentares existentes, permitindo uma associação de peixes de diferentes hábitos.

5.3. Estádios de maturidade

A maior incidência de jovens imaturos ocorreu em outubro e novembro, período que coincidiu
com maiores flutuações sazonais relacionadas ao número de peixes. Corrêa (2000) também
encontrou abundantes populações compostas por indivíduos jovens e influência da variação
temporal na estrutura de tamanho, conforme encontrado neste estudo. Vários autores constataram
em seus estudos que a abundância de peixes jovens esteve relacionada à variação temporal
refletindo a utilização do ambiente estuarino como área de alimentação e crescimento (Reis, 1986;
Chaves, 1994; Abilhôa, 1998; Wooton, 1998; Pinheiro, 1999; Godefroid 2004). As espécies
dominantes P. brasiliensis, S. rastrifer e S. brasiliensis apresentaram diferenças nas estruturas de
tamanho relacionadas a variações temporais. Godefroid (2004) citou que P. brasiliensis, S. rastrifer,
S. brasiliensis, I. parvipinnis, S. stellifer, M. littoralis, T. paulistanus e M. americanus parecem
53
utilizar o infralitoral raso de Atami, Baía de Paranaguá, para desova e recrutamento, devido à
elevada ocorrência destas espécies juvenis, principalmente entre o final da primavera até a metade
do outono. Foi reportado para a região da Baía de Paranaguá, que é comum peixes entrarem em
atividade reprodutiva na primavera e verão com fase de recrutamento estendendo-se do verão ao
outono. Apenas os resultados para S. brasiliensis coincidiu com o período observado neste trabalho
(Chaves & Vendel, 1997; Godefroid et al., 1997; Chaves & Otto, 1999).
De acordo com a metodologia aplicada, os diferentes estádios de maturação gonadal não foram
muito freqüentes para a ictiofauna demersal local, pois como era de se esperar, a maioria dos
indivíduos apresentou fase imatura principalmente nos meses de outubro e novembro. Dos estádios
gonadais encontrados, as fases em maturação e maduro foram freqüentes em outubro e dezembro,
conforme apetrecho utilizado. Godefroid (2004) também encontrou peixes juvenis e imaturos
presentes o ano todo na área de estudo, apresentando um pico de ocorrência em outubro e
novembro. Estas informações levam a supor que na região de coleta, na isóbata de 10 m, pode ser
considerada como área de crescimento das espécies encontradas. É importante ressaltar que esta
afirmação é baseada nos resultados obtidos considerando as limitações nas amostragens e o período
de 1 ano de coleta. Os meses mais quentes têm sido registrados como os mais propícios para o
período reprodutivo das espécies do litoral do Paraná (Chaves & Vendel, 1997; Chaves & Otto,
1999; Chaves & Bouchereau, 1999; Corrêa, 2001; Godefroid, 2004).

5.4. Atividade reprodutiva de P. brasiliensis e S. rastrifer

Chaves & Bouchereau (2000) constataram que fêmeas maduras de P. brasiliensis não realizam
desovas no interior da Baía de Guaratuba, levantando a hipótese de que utilizariam a região para
armazenamento de energia a qual seria alocada para o desenvolvimento das gônadas. Godefroid
(2004) registrou que indivíduos de P. brasiliensis parecem utilizar o infralitoral raso para desova e
crescimento.De acordo com o observado para gônadas de P. brasiliensis, talvez ocorra atividade
reprodutiva no ano todo. É importante lembrar que existiram restrições quanto aos métodos de
amostragens, o que pode ter impedido a captura de indivíduos adultos reprodutores.
Foi reportado por Chaves & Vendel (1997) que S. rastrifer completa seu ciclo reprodutivo no
interior da Baía de Guaratuba, com desovas na primavera. Estes autores afirmaram ainda que a
distribuição mensal de tamanho médio não apresentou grandes variações sazonais indicando que o
recrutamento persiste por um longo período. Esses comprimentos médios uniformes ao longo do
ano foram diferentes dos encontrados neste trabalho, em que esta espécie apresentou exemplares de
diferentes tamanhos médios entre os meses do ano. Esta comparação foi feita considerando as
semelhanças nos métodos de amostragens que foram o período da manhã e em arrastos de fundo
54
com poucas profundidades. Chaves & Bouchereau (2000) também confirmaram que fêmeas de S.
rastrifer desovam na mesma região. Pinheiro (1999) constatou que S. rastrifer utiliza a região da
Ilha do Mel, Baía de Paranaguá como criadouro e para desenvolvimento de formas juvenis. Corrêa
(2000) encontrou que esta espécie apresentou diferentes graus de desenvolvimento gonadal na Baía
de Guaraqueçaba, afirmando que ocorreu intensa atividade reprodutiva, além de ter constatado o
recrutamento na região. De modo geral, os trabalhos envolvendo S. rastrifer têm sido realizados em
baías e estuários, sugerindo que estas áreas podem ser exclusivas para reprodução, crescimento e
criação desses indivíduos. Vários autores consideram estes peixes como estuarinos dependentes
para reprodução, recrutamento e/ou alimentação (Corrêa, 1987; Chaves, 1994; Chaves & Vendel,
1997; Abilhôa, 1998; Pinheiro, 1999; Chaves & Bouchereau, 2000; Corrêa, 2000). Para ambientes
costeiros de plataforma, Godefroid (2004) supôs que indivíduos de S. rastrifer podem utilizar a
plataforma rasa para completar o ciclo de vida. Foi observado para S. rastrifer, assim como ocorreu
para P. brasiliensis, que estes peixes também podem utilizar a região para atividade reprodutiva
durante todo o ciclo de vida.

5.5. Variação temporal

A variação temporal foi significativa apenas para o número de peixes em outubro e novembro,
porém, para o número de espécies e biomassa, nenhuma dinâmica sazonal foi observada. Segundo
Kennish (1990), as comunidades ictiofaunísticas, mesmo sendo representadas por poucas espécies
dominantes, se submetem a mudanças temporais na composição e diversidade em função da
mobilidade dos peixes e suas migrações sazonais associadas aos ciclos reprodutivos e alimentares.
Vários estudos associaram a influência sazonal nos padrões de reprodução e aumento do
recrutamento (Abilhôa, 1998; Pinheiro, 1999; Corrêa, 2000). O recrutamento, com a conseqüente
entrada de juvenis aumentando o número e o peso, e a entrada de maduros também aumentando o
peso nas capturas, ocorreram em outubro e novembro, período que coincidiu com a maior
significância temporal em relação ao número de espécies. Abilhôa (1998) encontrou um padrão
temporal da composição e estrutura da ictiofauna da Ilha do Mel, Paranaguá com o inverno e
primavera distintos do verão e outono em relação ao número de peixes e espécies. Corrêa (2000)
também registrou para Baía de Guaraqueçaba um maior número de espécies no inverno e na
primavera. Godefroid et al. (2004) não observaram nenhum padrão sazonal de ocorrência numérica
definido, o que diferencia do que foi encontrado para este estudo. O autor justifica que este
resultado ocorreu porque a abundância dos peixes dependeu de quatro espécies que apresentaram
dominância numérica durante o ano, porém com picos de abundância distribuídos de forma
aleatória no ambiente de praia em Atami, próxima à Baía de Paranaguá. Vendel et al (2002)
55
registraram variação temporal de número de peixes, espécies e biomassa, atribuindo este padrão de
heterogeneidade à dinâmica de variação da espécie mais abundante Anchoa parva. Apesar de ser
relevado o predomínio de A. parva, estes autores constataram que a maioria das espécies da região
da Gamboa de Baguaçu, Baía de Paranaguá, desovam entre a primavera e verão, com recrutamento
estendendo-se até outono, coincidindo com período encontrado na mesma região por Godefroid
(1997), Abilhôa (1998) e Pinheiro (1999). Comparando os resultados desses estudos, no presente
trabalho, o recrutamento parece ocorrer o ano todo, evidenciando a plataforma interna como
“berçário” das espécies que utilizam a região amostrada.
Em ambientes costeiros, os maiores valores na abundância e no número de espécies de peixes,
nos arrastos de fundo, foram obtidos no verão, e os menores valores no inverno (Chao et al. 1985).
A utilização das medidas de diversidade é importante porque apontam tendências temporais na
estrutura da ictiofauna (Pielou, 1966). Embora não exista tendência sazonal nos valores médios de
riqueza de Margalef (D), diversidade de Shannon-Wiener (H’) e equitabilidade de Pielou (J)
observou-se valores menores para os três índices, principalmente em setembro e outubro. Este
resultado foi semelhante ao encontrado por Godefroid (2004) que não encontrou nenhum padrão
sazonal para os índices de riqueza, diversidade e equitabilidade. Corrêa (2000) registrou diferenças
entre os índices, onde os menores valores de diversidade ocorreram entre o outono e inverno, e de
equitabilidade no outono. Spach et al. (2004) ao estudarem a estrutura da comunidade de um rio de
maré de mangue da Baía de Paranaguá, detectaram padrões similares de diversidade e
equitabilidade no período amostral de 12 meses, enquanto o índice de riqueza apresentou padrão
diferente, indicando que a diversidade e equitabilidade das espécies, ambas componentes da
diversidade, seguiram diferentes tendências ao longo do tempo. Considerando o litoral do Paraná, as
diferenças no padrão sazonal encontradas entre os índices de populações, podem indicar a diferente
utilização temporal desses ambientes pelos peixes.
Através da análise de Cluster de meses e o seu MDS, não foram observadas diferenças
significativas em relação ao padrão de ocorrência das espécies dominantes. A partir da interpretação
dos dendrogramas, a análise de classificação indicou uma co-ocorrência das espécies agrupadas de
acordo com a freqüência de mais de 1% de ocorrência. O agrupamento foi observado nas espécies
mais abundantes durante o ano (Symphurus tesselatus, L. breviceps, I. parvipinnis, S. rastrifer, S
brasiliensis, P. harroweri, P. brasiliensis, Peprilus paru e T. lepturus), enquanto que as espécies de
baixa freqüência na região não se agruparam (C. microlepidotus, C. leiarchus e U. brasiliensis).
Diferentes espécies podem ter desenvolvido preferência de habitat independentemente; a
competição ou a predação podem ter direcionado seleção de habitat no passado, ou estar mantendo
segregação de habitat no presente. Muitos estudos sugerem que a partição de recursos entre peixes,
é o resultado de interações competitivas (Jackson et al. 2001). Talvez isso possa explicar porque
56
espécies de diferentes hábitos se agruparam, como no caso das espécies marinhas P. brasiliensis
(demersal) e P. harroweri (pelágica), que constituíram o grupo B e de P. paru (marinha) e T.
lepturus (marinho-estuarina), que formaram o grupo C. Do grupo A formado pelas espécies
Symphurus tesselatus, L. breviceps, I. parvipinnis, S. rastrifer, S brasiliensis, apenas L. breviceps é
marinha, enquanto as outras são marinho-estuarinas. Com exceção de S. tesselatus, as espécies do
grupo A pertencem à família Sciaenidae, sendo duas do gênero Stellifer, o que pode indicar que
suas proximidades morfológicas e ecológicas reflitam no modo de explorar os recursos alimentares,
e de apresentar uma tendência de agregação de juvenis na região. Entre as espécies que não se
agruparam estão U. brasiliensis e C. leiarchus. Apesar das restrições quanto às formas de capturas,
indivíduos de U. brasiliensis de pequeno porte foram capturados somente no inverno, evidenciando
que se deslocaram da região mais ao sul à procura ambientes propícios para desenvolvimento de
recrutas.
Uma maior similaridade ictiofaunística foi identificada entre o infralitoral do Atami e as áreas
costeiras de São Paulo e Rio de Janeiro, embora as metodologias aplicadas tenham sido diferentes
nas regiões sudeste e sul (Nonato et al., 1983; Araújo et al., 1998; Rocha & Rossi-
Wongtschowski, 1998; Muto et al., 2000; Godefroid, 2004). Foram encontradas maiores
similaridades ictiofaunísticas para a região da plataforma interna, com maior contribuição de P.
brasiliensis, única espécie presente nos meses isolados de abril e setembro, onde foram registradas
baixa freqüência e ausência das demais espécies. A similaridade do grupo A foi formada pela
espécie marinha P. brasiliensis, e pelas marinho-estuarinas S. rastrifer, I. parvipinnis e S.
brasiliensis, todas representantes da família Sciaenidae, as quais contribuíram para a
homogeneidade, estando presentes na região o ano todo. Este resultado leva a supor que estas
populações devem desenvolver estratégias que permitam a coexistência para utilização dos recursos
no ambiente. Isto foi constatado quando foram estudados os hábitos alimentares de P. brasiliensis e
S. rastrifer e reconhecido que seus espectros alimentares são diferentes sugerindo que a partilha dos
recursos alimentares disponíveis podem ocorrer com as outras espécies estreitamente relacionadas.
A análise de similaridade do grupo A também pode ser interpretada para o grupo B em que a
similaridade também foi observada por três espécies de Sciaenidae de hábitos distintos, em que o
grupo foi composto por P. brasiliensis (marinha), S. rastrifer (marinho-estuarino) e C.
microlepidotus (estuarino). O grupo C foi formado pelas espécies marinhas P. brasiliensis e P.
harroweri que apresentam diferentes características morfológicas e hábitos alimentares, o que supõe
que o ambiente estudado seja capaz de manter a sustentabilidade dos grupos de peixes, inclusive os
juvenis. Em relação às dissimilaridades, ocorridas entre abril e setembro, S. rastrifer, P.
brasiliensis, P. harroweri e S. brasiliensis foram as espécies que contribuíram com relação ao
padrão temporal de ocorrência. Estas espécies que também contribuíram para as similaridades
57
demonstram que são de transição, assim como C. microlepidotus, U. brasiliensis, I. parvipinnis e S.
brasiliensis. As espécies U. brasiliensis, que tem distribuição limitada à região sudeste-sul da
América do Sul, e S. brasiliensis, com distribuição da Bahia até São Paulo, foram identificadas por
Godefroid (2004) como dissimilares na região de Atami, Baía de Paranaguá, sugerindo que o litoral
do Paraná parece não oferecer condições adequadas para a reprodução e criação dessas espécies e
de outras de regiões mais frias, constatando que a ictiofauna da região tropical de águas quente é
mais similar do que a ictiofauna de regiões subtropicais e temperadas.
Foi observado um padrão de separação temporal na ocorrência das espécies principais. Deve
ser considerado que a segregação sazonal da ictiofauna da região observada, é um resultado de
capturas obtidas através da seletividade amostral em função da metodologia aplicada. Mesmo sem a
análise das variáveis ambientais por falta de dados consistentes para os fatores abióticos, é
importante ressaltar que parâmetros ambientais são importantes na estruturação das comunidades de
peixes (Taylor et al., 1996). As variações sazonais são fatores condicionantes na ocorrência e
abundância das espécies. A composição do peixes variou significativamente durante as estações do
ano. Para a região do litoral do Paraná esta tendência também foi observada (Abilhôa, 1998;
Pinheiro, 1999; Corrêa, 2000; Santos, 2002; Godefroid, 2004; Spach, 2004). Esta dinâmica sazonal
encontrada, segundo MacFarland (1963), pode estar associada à produtividade local, período de
recrutamento, movimentos para reprodução e migrações. Conforme citado anteriormente, os meses
de verão e primavera correspondem ao período reprodutivo, época de maior incidência de P.
brasiliensis, S. brasiliensis, P. harroweri e P. paru. A separação temporal encontrada na região
durante o período amostral, indica que existem espécies periódicas sazonais, como U. brasiliensis,
que pode ser considerada como espécie periódica de inverno. A provável disponibilidade de
recursos alimentares torna o ambiente favorável para espécies residentes ou para as espécies que
procuram a região da plataforma interna para completar o ciclo de vida. A região estudada parece
oferecer recursos suficientes que permitam a sobrevivência e coexistência das espécies, em função
das possíveis adaptações no ambiente para completarem o ciclo de vida.
58
6 - CONCLUSÕES

1 – A dominância numérica foi representada pelas espécies P. brasiliensis, S. rastrifer, S.


brasiliensis, P. harroweri e I. parvipinnis na região estudada.

2 – A ictiofauna local foi composta em sua maioria por espécies migradoras, residentes e
esporádicas sazonais, de origem tropical e subtropical, com maior contribuição das espécies
marinhas e marinho-estuarinas, e menor ocorrência de espécies estuarinas.

3 – A influência da variação temporal com relação à estrutura de tamanho das espécies dominantes
ocorreu em outubro e novembro.

4 – A atividade reprodutiva dos peixes capturados ocorre entre outubro e dezembro, período de
maior ocorrência de peixes em maturação e maduros.
59

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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66

Capítulo II

Dieta de Paralonchurus brasiliensis e Stellifer rastrifer na plataforma


interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí Guaçu
67
xiii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Número de estômagos examinados por classe de comprimento total de P. brasiliensis, na


plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a barra do Rio Saí-Guaçu......................... 73

Figura 2 - Número de estômagos examinados por classe de comprimento total de S. rastrifer, na


plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu........................... 74

Figura 3 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %) %), e suas respectivas freqüências de
ocorrência (%FO), número (%N) e peso (%P) dos itens alimentares de P. brasiliensis na plataforma
interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu............................................ 77

Figura 4 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %) %), e suas respectivas freqüências de
ocorrência (%FO), número (%N) e peso (%P) dos itens alimentares de S. rastrifer na plataforma
interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. ............................................ 79

Figura 5 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de P. brasiliensis, com as seis classes de
tamanho na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.......... 83

Figura 6 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de S. rastrifer, com as quatro classes de
tamanho na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu........... 87

Figura 7 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de P. brasiliensis nas quatro estações do
ano, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu................... 91

Figura 8 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de S. rastrifer nas quatro estações do ano,
na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.......................... 94
68
xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Freqüências de ocorrência (%FO), número (%FN), peso (%FP) e Índice de Importância
Relativa (%IIR) dos itens alimentares de P. brasiliensis da plataforma interna rasa entre a Baía de
Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu............................................................................. 76

Tabela 2 - Freqüências de ocorrência (%FO), número (%FN), peso (%FP) e Índice de Importância
Relativa (%IIR) dos itens alimentares de S. rastrifer da plataforma interna rasa entre a Baía de
Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. ............................................................................... 78

Tabela 3 - Índice de Importância Relativa (%IIR), dos itens alimentares por classes de tamanho de
P. brasiliensis na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu... 81

Tabela 4 - Índice de Importância Relativa (%IIR), dos itens alimentares por classes de tamanho de
S. rastrifer, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu....... 85

Tabela 5 - Índice de Importância Relativa (%IIR), dos itens alimentares de P. brasiliensis, durante
as estações do ano, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
........................................................................................................................................................ 89

Tabela 6 - Freqüências de ocorrência (%FO), número (%N), peso (%P) e Índice de Importância
Relativa (%IIR), dos itens alimentares de S. rastrifer durante as estações do ano, na plataforma
interna entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu........................................................ 92

Tabela 7 - Índice simplificado de Morisita de P. brasiliensis (pij) e S. rastrifer (pkj,), com valores
de Cik calculados por classe de comprimento total de exemplares na plataforma interna rasa entre a
Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. ........................................................................... 95

Tabela 8 - Índice simplificado de Morisita de P. brasiliensis (pij) e S. rastrifer (pkj) com valores de
Cik calculados por estação do ano na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do
Rio Saí-Guaçu............................................................................................................................. 95
69

xv

RESUMO

As espécies dominantes na plataforma interna rasa do litoral sul do Paraná, Paralonchurus


brasiliensis e Stellifer rastrifer, foram estudadas quanto aos seus hábitos alimentares. Os
exemplares foram obtidos em coletas mensais entre abril de 2001 e março de 2002, utilizando
embarcação e rede camaroneiras, com um esforço de 50 minutos/mês ao longo de um transecto
paralelo à costa (profundidade de 10 m), em cinco pontos distantes 2 km uns dos outros. Os peixes
foram conservados em gelo, e em laboratório foram identificados, medidos, pesados e dissecados.
Para esse estudo, foram analisados 240 estômagos de P. brasiliensis, com comprimento total,
variando de 25 mm a 231 mm CT, e 203 estômagos de S. rastrifer, com variação de 25 mm a 165
mm de comprimento total. Os dados de conteúdo estomacal foram tratados utilizando as freqüências
de ocorrência, número e peso dos itens, para aplicação do Índice de Importância Relativa (IIR).
Foram aplicados também os Índices Estandardizados de Lewis, para calcular a amplitude de nicho,
e o Índice Morisita para avaliar a sobreposição de nicho. Na composição geral da dieta de P.
brasiliensis, foram encontrados 15 itens alimentares. Polychaeta apresentou maior IIR (%), com
77,74%, seguido por Decapoda (6,33%), Cumacea (4,95%), Amphipoda (4,40%), Diatomácea
(2,45%), fragmento vegetal (1,70%) e crustáceos não identificados (1,42%). Os demais itens como:
Copepoda, Brachyura, Ophiuridea, Nematoda, Ostracoda, Peixes, Mysidacea e Gastropoda,
apresentaram valores menores que 1% de IIR. Na composição geral da dieta de Stellifer rastrifer,
foram encontrados 11 itens alimentares na dieta, apresentando Cumacea com 43,09% de IIR,
seguido por Decapoda (36,77%), Amphipoda (8,48%), Crustáceos não identificáveis (7,28%) e
Peixes (3,57%). Os demais itens do conteúdo estomacal como: Diatomácea, Polychaeta, Nematoda,
Fragmento vegetal, Bivalvia e Brachyura, apresentaram valores menores que 1% de IIR. Não foram
encontradas variações dos itens predominantes por crescimento, mês e área para as duas espécies.
Os resultados obtidos indicam que ambas espécies são especialistas, não ocorrendo sobreposição de
nicho, o que possibilita uma partição favorável de recursos disponíveis no ambiente em que vivem.
70

xvi

ABSTRACT

Feeding habitats of the dominant species in shallow waters of the inner shelf Southern coast of
Paraná State (Paralonchurus brasiliensis and Stellifer rastrifer) were studied. Fishes were collected
monthly from April 2001 to March 2002 at 5 sites, separated each other by approximately 2 km, by
bottom trawler (6 m long) and fishing effort were standardized as 50 minutes/ months in a transect
parallel to coastline (15 m depth). Fish were preserved in ice, identified, measured at total length,
weighted and dissect to gut contents examination. A total of 240 was examined for P. brasiliensis,
ranging from 25 mm to 231 mm Total Length (TL), and 203 S. rastrifer, ranging from 25 mm to
165 mm TL. Contents were studied by frequency of occurrence, number and weight, to assess the
Importance Relative Index (IRI). The Standardized Lewis Index was used to determine niche width
and Morisita Index to niche sobreposition. Overall P. brasiliensis fed on 15 items with Polychaeta
being the most important item (IIR% = 77.74%) followed by Decapoda (IRI = 6.33%), Cumacea
(IRI=4.95%), Amphipoda (IRI=4.40%), Diatoms (IRI=2.45%), vegetal fragment (IRI=1.70%) and
non-identified crustaceans (IRI=1.42%). Other minor items were Copepoda, Brachyura, Ophiuridea,
Nematoda, Ostracoda, Fishes, Mysidacea and Gastropod, which showed IRI < 1%. Stellifer rastrifer
fed on 11 items, with Cumacea being the most important (IRI=43.09%), followed by Decapoda
(IRI=36.77%), Amphipoda (IRI=8.48%), non-identified Crustacean (IRI=7.28%) and Fishes
(IRI=3.57%); other minor items were Diatoms, Polychaeta, Nematoda, Vegetal fragment, Bivalve
and Brachyura, which showed IRI < 1%. No significant difference in IRI indices were found among
size month and site for both species. Overall it was found that both species are specialist and do not
present niche sobreposition, which allowed coexistence in the area by feeding partition or the
available resources.
71

1 – INTRODUÇÃO

Estudos sobre alimentação em peixes são de fundamental importância para o conhecimento


autoecológico das espécies, e eventuais interações intra e interespecíficas, para o delineamento da
estrutura trófica de toda comunidade (Nikolski, 1963).
A qualidade e abundância do recurso, influenciam a fecundidade, longevidade, velocidade de
desenvolvimento e mortalidade. Assim, a diversificação alimentar dá origem a adaptações
morfológicas, fisiológicas e ecológicas, permitindo apresentarem diferentes estratégias alimentares.
O hábito alimentar, geralmente, se define no estágio adulto, e o plâncton constitui o alimento
básico e indispensável a todas as formas jovens, desde o início do desenvolvimento larval (quando
as reservas nutritivas ainda não foram completamente absorvidas do saco vitelino), até o período
final da fase de alevino (Zavala-Camin, 1996).
O conhecimento da ecologia trófica implica compreender as relações alimentares existentes
entre os organismos, seus recursos alimentares e o ambiente físico, possibilitando conhecer a função
das espécies no ecossistema. De acordo com Root (1967 apud Hajisamae 2003), um grupo de
espécies que explora a mesma categoria de recursos de maneira similar, tem sido definido como
“guilda”. Este conceito é freqüentemente utilizado para estudos de comunidades de peixes,
possibilitando dividir a comunidade em grupos funcionais.
Estudos sobre ecologia trófica contribuíram para o conhecimento de um conjunto de fatores
que influenciam na alimentação. Entre os principais fatores estão: forma de obtenção de alimento,
tipos de itens alimentares, nicho explorado, organização espacial e temporal das populações, em
função do hábito alimentar para delineamento de uma estrutura trófica, tamanho e movimento dos
indivíduos. Estudos sobre ecologia trófica se tornaram crescentes nos últimos anos. No litoral de
Ubatuba, SP, Soares et al (1993) avaliaram a dinâmica dos grupos tróficos de peixes dominantes;
Vega-Cendejas et al. (1994), analisaram a existência de inter-relações tróficas de peixes na
península de Yucatan; McCormic (1998), relacionou mecanismos de alimentação, com tamanho e
sexo de Cheilodactylus spectabilis, na região costeira da Nova Zelândia; Zahorcsak et al. (2000)
estudaram a guilda de peixes bentônicos no sudeste brasileiro; Hajisamae et al. (2003),
identificaram guildas tróficas de uma comunidade, em habitat impactado no estuário de Singapura;
e Milagre (2004) estudou a ecologia trófica de cinco espécies de diferentes famílias na Baía de
Sepetiba, RJ.

Mudanças sazonais influem os hábitos alimentares, o que pode ser causado por um padrão no
ciclo de vida dos organismos que são utilizados como alimento, ou pela atividade alimentar dos
72
próprios peixes (Lucena et al. 2000). Neste estudo, os hábitos alimentares de P. brasiliensis e S.
rastrifer foram avaliados para variações sazonais, variações espaciais e classes de tamanho.
O tipo de habitat também é um fator importante que influencia a estratégia alimentar de uma
espécie, por determinar oportunidades de apreensão do alimento durante o forrageio. Os peixes
podem ser capazes de escolher entre um habitat abundante em recursos, porém com presas que
exigem mais esforço para serem capturadas; e um habitat com poucas presas, mas que ofereça
melhores oportunidades de recursos (Crowder & Cooper, 1982). No presente trabalho, a região
estudada, denota ser um meio propício para espécies que utilizam a área durante o ciclo de vida,
indicando ser um ambiente com disponibilidade de recurso suficiente para manutenção das espécies
residentes, visitantes obrigatórios ou ocasionais.
Segundo Odum (1988), nicho ecológico é a maneira pela qual uma população se especializa em
uma comunidade, para adquirir recursos necessários à sua sobrevivência, incluindo os tipos de
recursos alimentares, o tempo de atividade e a interação com outras espécies. A alimentação e a
análise da dieta é importante para a dimensão e a especificação do nicho alimentar.
Os Sciaenidae são bem representados na região costeira. Vários estudos contribuíram para o
conhecimento da biologia, e compreensão da ecologia desta família no Brasil (Vazzoler, 1975;
Giannini & Paiva-Filho, 1990; Soares, 1992; Coelho et al., 1993; Capitoli et al., 1994; Robert &
Chaves, 2001; Costa & Araújo, 2003). Chao (1978), elaborou propostas de organização de
Sciaenidae, definindo agrupamentos genéricos com base em caracteres morfológicos. As
características utilizadas por este autor, foram principalmente: a forma do corpo; tamanho e posição
de boca e dentes; número e disposição de poros e barbilhões mentonianos; e número e disposição de
poros e pregas rostrais. Tais características, segundo Zavala-Camin (1996), são mais indicativas de
adaptações alimentares e do habitat que ocupam, do que de relações filogenéticas, além de serem
relacionadas com as habilidades de obtenção do alimento.
Os estudos dos hábitos alimentares são essenciais, porque podem explicar os mecanismos de
coexistência entre os grupos que apresentam uma estreita relação ecológica, através da separação
trófica ou do compartilhamento de recursos (Milagre, 2004). Neste trabalho, procurou-se investigar
a possível existência de partição de recursos entre P. brasiliensis e S. rastrifer, e como essas
espécies, que representaram maior abundancia em número e biomassa durante a coleta de amostras
para este trabalho, utilizam os recursos na plataforma interna do litoral sul do Paraná.

1.1 - Objetivo Geral

- Conhecer os hábitos alimentares das duas espécies dominantes da Família Sciaenidae, e


possíveis interações interespecíficas para compreender a função dessas espécies no ecossistema.
73
1.2 - Objetivos Específicos

- Descrever o espectro alimentar de cada espécie;


- Conhecer a variação sazonal no espectro alimentar;
- Relacionar a variação do espectro alimentar com o tamanho dos exemplares;
- Comparar as duas espécies em diferentes aspectos da dieta;

1.3 - Caracterização das Espécies Estudadas

Paralonchurus brasiliensis (Steindachner, 1875)

Os peixes dessa espécie, conhecidos como “maria luiza”, são encontrados em águas rasas, sobre
fundo de arenosos ou lodosos da plataforma continental, e apresentam ampla distribuição
geográfica, ocorrendo desde o Panamá até a Argentina. Esta espécie atinge cerca de 300 mm de
comprimento. Neste trabalho foram encontrados jovens e adultos com tamanhos de até 231 mm de
comprimento. Indivíduos apresentam boca pequena, aproximadamente horizontal e mandíbula com
um tufo de barbilhões curtos na parte anterior. Alimentam-se de organismos marinhos bentônicos,
principalmente de vermes poliquetas. Representa um dos Sciaenidae mais abundantes, além de ser
espécie importante da fauna acompanhante (Menezes & Figueiredo, 1980).

Stellifer rastrifer (Jordan, 1889)

Esta espécie, também conhecida como “cangulo” ou “canguá”, distribui-se desde a Colômbia, até
o sudeste brasileiro, sendo encontrada sobre fundos de areia e em regiões estuarinas. Alcança até
200 mm de comprimento, e no presente trabalho também foi encontrado até este tamanho. Entre os
itens alimentares encontrados, estão principalmente diversos crustáceos. Assim como P.
brasiliensis, apresenta-se uma das mais abundantes na pesca artesanal, sendo importante na fauna
acompanhante (Menezes & Figueiredo, 1980).
74
2 - MATERIAL E METODOS

2.1- Procedimentos laboratoriais

Os estômagos dos Sciaenidae foram conservados em formol a 10%. Para as análises da


variação temporal e espacial no espectro alimentar, foram selecionados estômagos de peixes de
diferentes classes de tamanhos. Na espécie P. brasiliensis foram analisados os conteúdos
estomacais de 240 estômagos de indivíduos com comprimento total variando de 25 mm a 231 mm
(Figura 1). Em S. rastrifer foram analisados 203 estômagos de exemplares com tamanhos entre de
25 e 165 mm (Figura 2).

Paralonchurus brasiliensis
Núm ero de indivíduos

60

40

20

0
25-60 60-95 95-130 130-165 165-200 200-231
Cla s s e s de c om prim e nto (m m )

Figura 1- Número de estômagos examinados por classe de comprimento total de P. brasiliensis, na


plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a barra do Rio Saí-Guaçu.
75

Stellifer rastr ifer

1 00

Nú m ero d e in divíd u os
80
60
40
20
0
2 5 -60 6 0-9 5 9 5-1 3 0 13 0 -16 5

Class e s de com prim e nto (m m )

Figura 2 - Número de estômagos examinados por classe de comprimento total de S. rastrifer, na


plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Os estômagos e seus respectivos conteúdos foram pesados em balança com 0,001g de


precisão. Os itens alimentares foram identificados até o menor nível taxonômico, e quantificados
sob microscópio estereoscópio.

2.2 - Analise dos dados

Foram definidas quatro categorias para o grau de repleção estomacal: cheio (totalmente cheio),
parcialmente cheio (muito conteúdo), médio (com metade do conteúdo) e vazio (sem conteúdo).
Estas categorias foram identificadas visualmente.
Para análise da dieta, foi utilizada a freqüência de ocorrência (%FO), que define a presença ou
ausência de itens encontrados nos estômagos, uma medida qualitativa da dieta alimentar (Zavalla-
Camin, 1996). Também foi calculada a freqüência numérica (%FN), que representa o número de
vezes que uma determinada categoria alimentar está presente nos estômagos analisados, uma
estimativa da seletividade ou da disponibilidade das presas (Zavalla-Camin, 1996). A freqüência de
peso (%FP), que representa o peso de determinada categoria alimentar em relação ao peso total dos
itens encontrados, uma informação sobre a quantidade de alimento e o grau de participação de cada
item alimentar (Zavalla-Camin, 1996), também foi utilizada.
Para o cálculo do Índice de Importância Relativa (IIR) utilizou-se a fórmula proposta por
Pinkas (1971), que envolve os três métodos de freqüência citados acima, onde IIR = (%FN +%FP)
x %FO. O IIR, transformado em porcentagem (%IIR), é calculado considerando o valor de IIR para
cada item alimentar, dividido pelo somatório dos valores de IIR.
76
Para compreender a proporção dos itens alimentares encontrados em P. brasiliensis e S.
rastrifer, foram feitas tabelas de composição geral, classes de tamanho e estações do ano com a
distribuição dos valores de freqüência de ocorrência (%FO), freqüência numérica (%FN),
freqüência de peso (%FP) e Índice de Importância Relativa (%IIR). Para cada espécie foi feita uma
lista taxonômica dos itens encontrados, porém, para ordenação dos itens alimentares, foram
considerados em ordem decrescente os valores do Índice de Importância Relativa (%IIR),
calculados com base na composição geral da dieta. Para cada espécie, a relação dos itens
alimentares foi padronizada, sendo seguida para todas as tabelas de índices alimentares.
A plotagem dos gráficos do Índice de Importância Relativa (%IIR) dos itens alimentares, para
composição geral, classes de tamanho, estações do ano e áreas de coleta, também seguiu o padrão
de distribuição dos itens alimentares em ordem decrescente, considerando os valores maiores que
1% de IIR. Foi usado o Programa Origin 5.0 para elaboração dos gráficos, com a finalidade de
visualizar os mesmos resultados descritos nas tabelas de índices alimentares.
Diz-se que as espécies de nicho amplo são generalistas e as de nicho estreito, são especialistas.
Para o conhecimento da amplitude de nicho de P. brasiliensis e S. rastrifer, utilizou-se o índice
estandarizado de Levins (Krebs, 1989), expresso pela fórmula:
Bi = (1/n-1) [(1/Σ pij2) –1], onde:
Bi = Índice Estandarizado de Levins do predador i
pij = proporção da dieta do predador i, que consome a categoria alimentar j
n = número de categorias alimentares
O intervalo deste índice é de 0 a 1, sendo que os valores próximos de 0 denotam uma tendência
especialista.
O cálculo utilizado para determinar a sobreposição do nicho trófico entre P. brasiliensis e S.
rastrifer, foi feito através do Índice de Morisita (Krebs, 1989; Labropolou & Eleftheriou, 1997),
sendo expresso por:
Cik = (2 Σ pij pkj) / (Σ pij2 + Σ pkj2), onde:
Cik = Índice Simplificado de Morisita para predadores i e k
pij pkj = proporções de predadores i e k, que consomem a categoria alimentar j
em seus estômagos.
O Índice de Morisita foi calculado considerando: composição geral das espécies, classes de
tamanho, estações do ano e áreas de coleta. Para classes de tamanho, foram utilizadas as quatro
primeiras classes semelhantes entre as espécies. O índice varia de 0 a 1 , sendo que os maiores
valores de sobreposição tendem a 1. Quando excede 0,6 a sobreposição é considerada
biologicamente significativa.
77
3 - RESULTADOS

3.1 - Composição Geral

3.1.1 - Paralonchurus brasiliensis

O grau de repleção dos estômagos de P. brasiliensis variou entre cheio, parcialmente cheio e
médio, com apenas 2 estômagos vazios. Entre os 15 itens alimentares encontrados, Polychaeta foi o
item que apresentou maior valor do Índice de Importância Relativa (%IIR), correspondendo a
77,74%, seguido de Decapoda (6,33%), Cumacea (4,95%), Amphipoda (4,40%), Diatomacea
(2,45%), fragmento vegetal (1,70%) e crustáceos não-identificados (1,42%). Os demais itens como:
Copepoda, Decapoda Brachyura, Ophiuroidea, Ostracoda, Peixes, Mysidacea e Gastropoda,
apresentaram IIR menores que 1% (Tabela 1).

Tabela 1- Freqüências de ocorrência (%FO), número (%FN), peso (%FP) e Índice de Importância
Relativa (%IIR) dos itens alimentares de P. brasiliensis da plataforma interna rasa entre a Baía de
Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Itens alimentares %FO %FN %FP %IIR


Polychaeta 92,11 14,48 69,17 77,74
Decapoda 27,39 6,82 15,90 6,33
Cumacea 25,73 18,25 0,78 4,95
Amphipoda 1,99 19,03 0,77 4,40
Diatomacea 12,03 19,93 0,16 2,45
fragmento vegetal 29,88 4,74 0,89 1,70
crustáceos não-identificados 24,07 3,96 1,88 1,42
Copepoda 4,98 9,48 0,07 0,48
Brachyura 4,15 0,65 6,84 0,31
Ophiuroidea 3,73 0,58 3,13 0,14
Ostracoda 2,07 0,91 0,03 0,02
Peixes 1,24 0,19 0,64 0,01
Mysidacea 0,83 0,13 0,01 <0,01
Gastropoda 0,41 0,06 0,01 <0,01
78
Na composição geral de indivíduos de P. brasiliensis analisados, os itens alimentares que
apresentaram valores maiores que 1% de IIR foram: Polychaeta, Decapoda, Cumacea, Amphipoda,
Diatomacea, fragmento vegetal e crustáceos não-identificados. Somente em Polychaeta e Decapoda,
a contribuição percentual em peso superou a numérica (Figura 3).

100 IIR(%) n = 240


80

60
%N

Decapoda Diatomacea
40 Polychaeta Cumacea 2,4 Fragmento vegetal
6,3
77,7 4,9
20 1,7

0 %FO
20 Amphipoda Crustáceos não
4,4 identificáveis
identificados
40
1,4
%P

60

80

100

Figura 3 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %) dos itens alimentares de P. brasiliensis na
plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
79
3.1.2 - Stellifer rastrifer

Os estômagos de 203 exemplares de S. rastrifer, apresentaram na sua maioria grau de repleção


parcialmente cheio e médio e não foram encontrados estômagos vazios. Entre os 11 itens
alimentares encontrados, Cumacea e Amphipoda foram os itens com os maiores valores do Índice
de Importância Relativa (%IIR), 43,09% em Cumacea e 36,77% em Decapoda. Valores do IIR
maiores que 1 ocorreram em Amphipoda (8,48%), crustáceos não-identificados (7,28%) e Peixes
(3,57%). Os demais itens como: Diatomacea, Polychaeta, fragmento vegetal, Bivalvia e Decapoda
Brachyura apresentaram valores de IIR menores que 1% (Tab. 2).

Tabela 2 - Freqüências de ocorrência (%FO), número (%FN), peso (%FP) e Índice de Importância
Relativa (%IIR) dos itens alimentares de S. rastrifer da plataforma interna rasa entre a Baía de
Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Itens alimentares %FO %FN %FP %IIR

Cumacea 45,81 66,93 8,82 43,09


Decapoda 56,20 3,77 46,33 36,77
Amphipoda 31,53 19,83 1,84 8,48
crustáceos não identificados 50,74 1,51 10,04 7,28
Peixes 10,34 0,37 27,42 3,57
Diatomacea 6,40 6,03 0,32 0,51
Polychaeta 3,94 0,12 4,21 0,21
fragmento vegetal 2,96 0,09 0,45 0,02
Bivalvia 0,49 1,10 0,02 0,01
Brachyura 0,49 0,01 0,15 <0,01
80

No conteúdo estomacal de S. rastrifer analisados, os itens alimentares que apresentaram valores


de IIR maiores que 1% foram: Cumacea, Decapoda, Amphipoda, crustáceos não-identificados e
Peixes. Enquanto que em Cumacea e Amphipoda a contribuição percentual em número superou a
freqüência em peso, nos demais itens ocorreu o inverso (Fig. 4).

%IIR
100 n = 203
Cumacea
80 43,1

60
FN (%)

Amphipoda
40 Peixes
8,4
Decapoda 3,5
20 36,7

0 FO(%)
20
Crustáceos não
40 identificáveis
FP (%)

7,2
60

80

100

Figura 4 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P) dos itens alimentares de S. rastrifer, na plataforma interna rasa
entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
81
3.2 - Variações por classes de tamanho

3.2.1 - Paralonchurus brasiliensis

Nas seis classes de comprimento total, CT1 (25 - 60 mm), CT2 (60 - 95 mm), CT3 (95 - 130
mm), CT4 (130 – 165 mm), CT5 (165 - 200 mm) e CT6 (200 - 231 mm), Polychaeta foi o item
predominante, atingindo valores maiores que 70,00% de IIR (Tabela 3). Quanto ao segundo item
mais abundante, as três classes primeiras classes apresentaram itens diferentes: CT1 (Amphipoda),
CT2 (Decapoda) e CT3 (Cumacea). Entre os demais itens alimentares observados foram
encontrados: Peixes nas classes de tamanho CT1 e CT3; Mysidacea nas classes CT2 e CT3; e
Ophiuroidea somente na classe CT3. Gastropoda não foi encontrado em nenhuma das três classes
de tamanho. Os outros itens alimentares, que correspondem à maioria, foram observados nas três
classes, embora com menor freqüência. Decapoda foi o segundo item mais freqüente nas classes
CT4, CT5 e CT6. Também foram identificados nos conteúdos estomacais Cumacea, Diatomacea,
fragmento vegetal e Ophiuroidea. Apenas nos estômagos da classe CT4 foram encontrados
Copepoda, Peixes e Gastropoda. Exclusivos dos conteúdos alimentares de CT4 e CT5 foram os
itens Amphipoda, crustáceos não-identificados e Brachyura. Em nenhum estômago de peixes dessas
classes ocorreram Ostracoda e Mysidacea (Tab. 3).
82

Tabela 3 - Índice de Importância Relativa (%IIR), dos itens alimentares por classes de tamanho de
P. brasiliensis na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Classes de tamanho
Itens alimentares
CT1 CT2 CT3 CT4 CT5 CT6
25-60 mm 60-95 mm 95-130 mm 130-165 mm 165-200 mm 200-231 mm
(n=28) (n=67) (n=57) (n=41) (n=41) (n=6)
%IIR %IIR %IIR %IIR %IIR %IIR

Polychaeta 74,36 76,7 69,39 73,56 88,58 73,93

Decapoda 0,77 6,35 6,67 15,43 4,82 16,29

Cumacea 5,67 2,14 10,32 7,46 1,14 0,70

Amphipoda 12,38 5,35 5,49 0,25 0,59 -

Diatomacea 3,41 4,11 3,17 0,01 0,23 4,10

fragmentos vegetais 1,63 1,53 2,08 1,57 2,44 2,79

crustáceos ñ ident. 1,61 1,74 2,43 1,00 0,80 -

Copepoda 0,05 1,93 0,30 0,12 - -

Brachyura 0,01 <0,01 0,07 0,02 0,73 -

Ophiuroidea - - <0,01 0,42 0,51 1,50

Ostracoda 0,02 0,09 0,01 - - -

Peixes 0,07 - 0,01 0,07 - -

Misydacea - <0,01 <0,01 - - -

Gastropoda - - - 0,01 - -
83
Os 28 estômagos da classe de tamanho CT1 (25–60 mm) mostraram a dominância no conteúdo
estomacal do item Polychaeta (73,6%), com uma maior proporção do peso em relação ao número,
enquanto que Amphipoda foi o segundo item mais freqüente (12,7%), esse apresentando uma maior
proporção do número em relação ao peso. Valores do ÍIR maiores que 1% ocorreram também nos
itens Cumacea, Diatomacea, fragmento vegetal e crustáceos não-identificados (CNI), com a
contribuição em número superando em peso nos três primeiros itens, ocorrendo o inverso nos dois
últimos (Fig. 5).
Na classe de tamanho CT2 (60-95 mm) o item Polychaeta também foi o mais importante,
apresentando um IIR de 76,60 %, porém o segundo item mais freqüente foi Decapoda, com 6,34%
de IIR em 67 estômagos analisados. Esses dois itens, tiveram uma maior contribuição em peso em
comparação ao número (Fig. 5). Com IIR menores porém significativos, estiveram presentes no
conteúdo estomacal de indivíduos dessa faixa de tamanho Cumacea, Amphipoda, Diatomacea,
fragmento vegetal, CNI, e Copepoda, com todos excetuando-se os crustáceos não-identificados,
apresentando uma maior contribuição percentual em número (Fig. 5).
Em 57 estômagos de peixes da classe de tamanho CT3 (95-130 mm), o maior Índice de
Importância Relativa foi de Polychaeta (69,30%), com a contribuição em peso maior do que em
número, aparecendo como o segundo item mais freqüente Cumacea (IIR = 10,34%), nesse caso com
uma maior contribuição em número. Também importantes foram os itens alimentares Decapoda,
Amphipoda, Diatomacea, fragmento vegetal, e CNI, todos presentes no conteúdo com IIR maiores
que 1%, com maior contribuição percentual em peso somente em Decapoda (Fig. 5).
Examinando 41 estômagos de P. brasiliensis da classe CT4 (130-165 mm), verificou-se o
predomínio de Polychaeta (IIR = 73,56%) e de Decapoda (IIR = 15,43%) na dieta desses peixes
(Fig. 5). A proporção de peso foi maior que de número para ambos os itens, sendo mais acentuada a
diferença na contribuição percentual em Polycheta (Fig. 5). Cumacea, fragmento vegetal e
crustáceos não-identificados foram os outros itens com IIR maiores que um, com todos
apresentando uma maior contribuição percentual em número de individos (Fig. 5).
Em P. brasiliensis com comprimentos entre 165-200 mm (CT5), predominou Polychaeta (IIR =
88,6 %) seguido por Decapoda e Cumacea, os outros únicos itens com IIR maiores que 1%.
Somente em Polychaeta a contribuição em peso superou a numérica (Fig. 5).
Nos maiores exemplares de P. brasiliensis CT6 (200-231 mm) predominou Polychaeta (IIR =
73,8%) seguido de Decapoda (16,8% de IIR) (Fig. 5). A maior proporção em peso ocorreu em
ambos os itens. No conteúdo de P. brasiliensis dessa classe de tamanho, também ocorreram com
um IIR maior que 1% os itens Diatomacea, fragmento vegetal e Ophiuroidea, com o primeiro item
contribuindo proporcionalmente mais em número, enquanto que os outros dois praticamente com a
mesma porcentagem em número e peso (Fig. 5).
84

100 n=28
IIR(%) 100
80 %IIR n=41
80
Amphipoda Cumacea
60 7,5
12,7 60
%N

Polychaeta Polychaeta Fragmento

%N
40 Fragmento 40 Decapoda vegetal
73,6 vegetal 73,5
20 15,4 1,5
1,8 20
0 %FO 0 %FO
20 Crustáceos
Cumacea Diatomacea Crustáceos 20
nãoidentificáveis nãoidentificáveis
%P

40 3,6 Não

%P
5,8 1,6 40 1,0
60
60
80
CT1=25- 60mm 80
CT4=130- 165mm
100
100
100
%IIR n=67 100
IIR (%) n = 41
80
80
60 Diatomacea
Copépoda 60 Polychaeta
4,2 Fragmento Copépoda
%N

Cop 88,6
%N

40 Polychaeta Cumacea vegetal 1,9 40 Decapoda


2,1 4,8
76,6 1,5 20
20

%FO 0 %FO
0
20 Cumacea
20 Amphipoda
%P

Crustáceos
CNI 1,1
40
5,4 Crustáceos
%P

40 Decapoda nãoidentificáveis
6,3 1,7 60

60 80

80 CT2=60- 95mm 100 CT5 = 165 - 200 mm

100

100 n = 57
%IIR 100
IIR (%) n=6
80 80

60 Diatomacea 60
Polychaeta Decapoda Diatomacea
%N

%N

Cumacea 3,2 Fragmento 4,1


40 Polychaeta 40 73,8 16,3 Fragmento
10,3 vegetal
vegetal
69,3 2,1
20 20 2,8

0 %FO 0 % FO
20 20
Amphipoda Crustáceos
CNI não Ophiuridea
Crustáceos não-
%P

Decapoda 5,5 identificáveis 40 1,5


40 2,4
6,6
%P

60
60
80 CT6 = 200 - 231 mm
80 CT3 = 95 - 130 mm
100
100

Figura 5 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de
ocorrência (%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de P. brasiliensis, com as seis
classes de tamanho na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
85
3.2.2 - Stellifer rastrifer

Nas quatro classes de comprimentos totais: CT1 (25 - 60 mm), CT2 (60 - 95 mm), CT3 (95 -
130 mm) e CT4 (130 – 165 mm), Cumacea e Decapoda foram os itens predominantes, atingindo
valores maiores que 40% de IIR. Em peixes da classe de tamanho CT1, Cumacea e Decapoda foram
os principais itens encontrados, com valores próximos de IIR, correspondendo a 46,39% (Cumacea)
e 40,28 % (Decapoda). Em CT2 Decapoda prevaleceu com 62,76% seguido por Cumacea com
27,87% de IIR. Na classe de tamanho CT3 Decapoda também foi o item com maior valor de IIR
(68,98%), vindo a seguir os crustáceos não-identificados (IIR = 19,42%). Em CT4 Cumacea foi o
item principal com 48,19% de IIR, seguido também por crustáceos não-identificados (IIR =
36,42%) (Tab. 4).

Cumacea, Decapoda, Amphipoda e crustáceos não-identificados foram os itens encontrados em


estômagos de peixes de todas as classes de tamanho. Peixes e Polychaeta ocorreram no conteúdo
estomacal de peixes das classes CT1, CT2 e CT3. O item Diatomacea foi observado em estômagos
de peixes das classes CT1 e CT2, enquanto que fragmento vegetal apareceu no conteúdo estomacal
de indivíduos das classes CT2 e CT3. As presas Bivalvia e Brachyura só ocorreram no estômago de
exemplares das classes CT1 e CT3, respectivamente (Tab. 4).
86
Tabela 4 - Índice de Importância Relativa (%IIR), dos itens alimentares por classes de tamanho de
S. rastrifer, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Classes de tamanho
Itens
alimentares CT1 = 25-60 mm CT2 = 60-95 mm CT3=95-130 mm CT4=130-165 mm
( n=86) ( n=79) ( n=27) ( n=7)
%IIR %IIR %IIR %IIR

Cumacea 46,39 27,87 6,84 48,19

Decapoda 40,28 62,76 68,98 8,88

Amphipoda 8,51 7,03 0,31 6,51

*crus. ñ id. 3,75 1,22 19,42 36,42

Peixes 0,39 0,52 3,98 -

Diatomacea <0,01 0,47 - -

Polychaeta 0,26 0,04 0,11 -

*fag. veg. - 0,03 0,05 -

Bivalvia 0,02 - - -

Brachyura - - 0,09 -

*frag. veg. = fragmento vegetal


*crus. ñ. id. = crustáceos não-identificados
87
Em 86 estômagos dos exemplares de S. rastrifer da classe CT1 (25-60) predominaram Cumacea
(IIR = 46,4%) e Decapoda (IIR = 40,2%), a primeira com uma maior contribuição percentual em
número, e a segunda em peso. Com menor importância relativa estiveram presentes na dieta
Amphipoda (IIR = 8,5%), e crustáceos não-identificados (3,7%), com percentagem em número
maior que em peso em Amphipoda, observando-se o inverso no outro item alimentar (Fig. 6).
No conteúdo estomacal de S. rastrifer com comprimento total entre 60 e 95 mm (CT2), o item
com a maior importância relativa foi Decapoda (IIR = 62,8%), seguido do item Cumacea com um
IIR de 27,9%. Enquanto no primeiro a contribuição percentual em peso superou a em número, no
segundo item ocorreu o inverso. Importância Relativa maior que 1%, também foi observada em
Amphipoda (IIR = 7,0%), e crustáceos não-identificados (IIR=1,2%), com maior proporção em
número em Amphipoda e proporções semelhantes em número e peso nos crustáceos não-
identificados (Fig. 6).
Na classe de tamanho CT3 (95-130 mm), o conteúdo estomacal de 27 estômagos de S. rastrifer
apresentou predomínio de Decapoda (IIR = 69,0%), com a proporção em peso um pouco maior do
que em número. Os crustáceos não-identificados foram o segundo item mais freqüente, com um IIR
de 19,4% e contribuições percentuais em número e peso similares. Também foram significativas as
participações de Cumacea (IIR = 6,8%) e Peixes (IIR = 4,0%) na dieta desta classe de tamanho. Em
termos percentuais, a contribuição em número foi maior em Cumacea e em peso nos Peixes (Fig. 6).
A classe de tamanho CT4 (130-165 mm) apresentou 48,1 % de IIR para o item Cumacea e
36,4% de IIR para crustáceos não-identificados em 7 estômagos observados. A proporção em
número foi maior que em peso para o item Cumacea, ocorrendo o inverso nos crustáceos não-
identificados. Os itens Decapoda (IIR = 8,9%) e Amphipoda (IIR = 6,5%) apresentaram mais que
1% de IIR e em ambos a contribuição percentual em número foi maior (Fig. 6).
88

100 IIR(%)
n=86 IIR(%) n=27
Cumacea 100
80
46,4
80 Cumacea
60 6,8
Decapoda Crustác
%N

60

%N
40 Amphipoda Crustáce 69,0 Crueos
stáceosnão
8,5 Cru
CNI
stáceo snão 40 idCNI
enãtificáveis
os não- 19,4 Peixes
20 Decapoda iden tificáveis
40,2 id tifi 20 4,0
3,7
0 %FO 0 %FO
20 20

%P
40 40
%P

60
60
80 CT3=95-130mm
80
CT1=25- 60mm 100
100
IIR (%)
IIR (%) n = 79 n= 7
100 100
Decapoda
Cumacea
80 80 8,9
27,9
60 60
Amphipoda Crustáceosnão
%N

Amphipoda
%N

CNI
40 40 identificáveis
Decapoda 7,0
6,5 identific
36,4
20 62,8 20

0 % FO 0 %FO
20 Crustáceos
CNI não
20
crustáceo %FO
identificáveis
identifica 40
%P

40 1,2
%P

60 60
Cumacea
80 80
48,1
100 100
CT4= 130 - 165mm
CT2 = 60 - 95 mm

Figura 6 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de S. rastrifer, com as quatro classes de
tamanho na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
89
3.3 - Variações temporais

3.3.1 - Paralonchurus brasiliensis

Polychaeta foi predominante nas quatro estações do ano sempre com valores maiores que 51%
de IIR, e maiores no outono (IIR = 89,7%) e verão (IIR = 87,2%). O segundo item mais freqüente
nos conteúdos de P. brasiliensis no outono (IIR = 5,60%) e verão (IIR = 12,30%) foi Decapoda
(Tab. 5). No inverno, Diatomacea e Amphipoda foram os itens secundários que mais ocorreram nos
conteúdos estomacais, com valores de IIR de 14,53 % para Diatomacea e 14,43% para Amphipoda.
Na primavera, Cumacea foi o segundo item mais importante apresentando 20,88% de IIR.
Estiveram presentes o ano todo na dieta alimentar de P. brasiliensis: Polychaeta, Decapoda,
Amphipoda, crustáceos não-identificados e Ophiuroidea (Tab. 5).
Fragmento vegetal, Copepoda e Peixes ocorreram em conteúdos de indivíduos capturados no
outono, inverno e primavera. Brachyura ocorreu nos estômagos da espécie no outono, inverno e
verão; enquanto que Cumacea e Diatomacea foram itens encontrados em conteúdos de exemplares
no inverno e na primavera. Os itens Misydacea e Gastropoda foram observados em P. brasiliensis
somente na primavera, por outro lado, Ostracoda só esteve presente no conteúdo estomacal da
espécie no inverno (Tab. 5).
90
Tabela 5 - Índice de Importância Relativa (%IIR), dos itens alimentares de P. brasiliensis, durante
as estações do ano, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

ESTAÇÕES DO ANO

Itens Outono Inverno Primavera Verão


alimentares n = 28 n = 82 n = 69 n = 69
%FO %FN %FP %IIR %FO %FN %FP %IIR %FO %FN %FP %IIR %FO %FN %FP %IIR

83,33 47,62 76,43 89,70 93,55 6,15 49,15 51,00 97,10 16,50 75,46 67,20 91,93 54,80 69,27 87,20
POLYCHAET
A

Decapoda 25,00 15,48 10,13 5,60 33,87 3,71 21,58 8,44 24,64 6,07 10,77 3,12 25,81 32,69 29,45 12,30

Cumacea - - - - 40,32 8,48 2,88 4,52 53,62 48,79 2,93 20,88 - - - -

Amphipoda 6,25 4,76 0,07 0,26 46,77 26,83 4,38 14,43 27,54 8,25 0,84 1,89 3,22 1,92 0,03 <0,01

Diatomacea - - - - 45,16 31,49 1,14 14,53 1,45 2,43 0,04 0,03 - - - -

*frag. veg. 22,92 13,09 0,63 2,70 51,61 3,93 0,31 1,89 42,03 7,28 4,48 3,72 - - - -

*crust.ñ.id. 8,33 4,76 4,24 0,65 38,70 2,54 2,52 1,93 36,23 6,80 4,09 2,97 8,06 4,81 0,09 0,30

Copepoda 2,08 3,57 0,03 0,07 12,90 14,42 0,31 1,87 4,35 1,70 0,13 0,06 - - - -

Brachyura 8,33 5,95 3,68 0,70 6,45 0,42 1,30 0,11 - - - - 3,22 1,92 0,73 0,10

Ophiuroidea 4,17 2,38 2,13 0,16 6,45 0,42 17,36 1,13 1,45 0,42 0,53 0,01 3,22 1,92 0,39 0,10

Ostracoda - - - - 8,06 1,48 0,20 0,13 - - - - - - - -

Peixes 4,17 2,38 2,64 0,18 1,22 0,10 2,65 0,04 1,45 0,42 0,44 0,01 - - - -

Misydacea - - - - - - - - 2,90 0,49 0,08 0,01 - - - -

Gastropoda - - - - - - - - 1,45 0,24 0,04 <0,01 - - - -

* frag. veg. = fragmento vegetal


* crust. ñ. id. = crustáceos não-identificados
91
No período de outono, em 28 conteúdos estomacais de P. brasiliensis, a proporção de peso foi
maior que número para o item Polychaeta com valores elevados de IIR (89,7%). Decapoda e
fragmento vegetal foram os outros itens com mais de 1% de IIR, nos quais a proporção em número
foi maior que em peso (Fig. 7).
Examinando-se o conteúdo de 82 estômagos de P. brasiliensis capturados no inverno,
verificou-se o domínio de Polychaeta (IIR = 51 %) seguido por Diatomacea (IIR = 14,5%) e
Amphipoda (IIR = 14,4%), com uma contribuição percentual em peso maior em poliquetos e em
número nas algas e anfípodos (Fig. 7). Com Índice de Importância Relativa maior que 1%, também
estiveram presentes na dieta da espécie no inverno: Decapoda, Cumacea, fragmento vegetal,
crustáceos não-identificados, Copepoda e Ophiuroidea. A contribuição percentual em peso e
número foi praticamente igual em fragmento vegetal e nos crustáceos não-identificados. Enquanto
Decapoda e Ophiuroidea tiveram uma maior contribuição percentual em peso; em Cumacea e
Copepoda, a proporção foi maior em número (Fig. 7).
Em 69 conteúdos estomacais de P. brasiliensis na primavera, observou-se o predomínio de
Polychaeta (67,22%) com a proporção em peso maior do que em número. Cumacea e crustáceos
não-identificados foram os itens secundários mais freqüentes com valores iguais de IIR (20,8%),
ambas com maior contribuição percentual em número (Fig. 7). Estiveram presentes na dieta
alimentar da espécie com mais de 1% de IIR na primavera: Decapoda, Amphipoda e fragmento
vegetal, as duas últimas com a contribuição percentual em número superando a em peso (Fig. 7).
No período do verão, em 69 conteúdos estomacais analisados, Polychaeta foi o item alimentar
que predominou com 87,2 % de IIR, com a proporção em peso maior do que em número. Além dos
poliquetas, Decapoda foi o único item que apresentou o valor de IIR maior que 1%, ocorrendo nesse
caso uma contribuição percentual em número em comparação a em peso (Fig. 7).
92

OUTONO
100 PRIMAVERA
IIR(%) n=28 100
%IIR n= 69
80 Polychaeta 80
89,7 Cumacea
60 60 CNI
20,8 crustáce
%N

N (%)
Decapoda Fragmento vegetal Crustáceos não
40 fragmento 40 Polychaeta Amphipoda os não-
identificáveis
5,6 Fragmentovegetal
1,8
2,7 67,2 20,8
20 20

0 %FO 0 FO(%)

20 20 fragm
Fragmento
Decapoda vegetal
40 3,1
40 3,7

P (%)
%P

60
60
80
80
100
100

INVERNO
100
IIR (%) n = 82 VERÃO
100
80 IIR(%) n = 69
80 Polychaeta
60 Amphipoda 87,2
N (%)

60
14,4 fragme
Fragmento Copépoda Decapoda
%N

40 vegetal 12,3
Cumacea 1,8 40
Polychaeta 4,5
20
1,7 20
51,0
0 %FO
0 FO(%)
20
20 Crustáceos não
Diatomaceacrustáceos
CNI 40
14,5 identificáveis
identifica Ophiuridea
não
%P

40 Decapoda 1,9 60
P (%)

8,4 1,1
60 80

80 100

100

Figura 7 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de P. brasiliensis nas quatro estações do
ano, na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
93
3.3.2 - Stellifer rastrifer

Os itens encontrados nos conteúdos estomacais nas quatro estações do ano foram: Cumacea,
Decapoda, Amphipoda, crustáceos não-identificados e Peixes. O item Decapoda predominou no
outono (IIR = 82,70%), inverno (IIR = 52,50%) e verão (IIR = 47,45%). Na primavera Cumacea foi
o item principal, com um IIR = 48,23% (Tab. 6).
Em segundo lugar em termos de importância relativa vieram no outono os crustáceos não-
identificados (IIR = 12,5%), Cumacea (IIR = 37,40) no inverno, na primavera Amphipoda (IIR =
19,99%) e novamente Cumacea (IIR = 39,44) no verão (Tab. 6). Diatomacea e Polychaeta só não
estiveram presentes no estômago de S. rastrifer do verão, enquanto que os fragmentos vegetais só
estiveram presentes nos conteúdos estomacais do outono e primavera. O item Bivalvia só ocorreu
na primavera, e Brachyura só não apareceu na dieta da espécie no inverno (Tab. 6).

Tabela 6 - Freqüências de ocorrência (%FO), número (%N), peso (%P) e Índice de Importância
Relativa (%IIR), dos itens alimentares de S. rastrifer durante as estações do ano, na plataforma
interna entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
ESTAÇÕES DO ANO
Itens Outono Inverno Primavera Verão
alimentares n = 53 n = 44 n = 49 n = 61
%FO %FN %FP %IIR %FO %FN %FP %IIR %FO %FN %FP %IIR %FO %FN %FP %IIR

Cumacea 5,77 22,56 O,24 1,90 55,81 74,11 3,05 37,40 64,58 52,94 12,85 48,23 58,33 75,85 5,49 39,44

Decapoda 42,36 40,24 92,18 82,70 65,22 1,60 91,20 52,50 47,92 2,57 21,66 13,18 68,33 8,82 74,73 47,45

Amphipoda 9,61 10,36 0,12 1,50 62,80 13,63 1,20 8,10 45,83 36,94 1,48 19,99 16,67 9,70 1,57 1,56

*cr.ñ.ident. 48,07 15,24 2,40 12,50 18,60 0,21 0,45 0,10 56,25 1,36 10,52 7,58 71,67 4,74 13,97 11,15

Peixes 7,69 2,44 3,07 0,62 4,65 0,11 2,93 0,10 18,75 0,55 48,21 10,38 10,00 0,66 3,92 0,38

Diatomacea 3,85 3,66 0,04 0,21 18,60 10,12 0,30 1,70 6,25 1,26 0,17 0,10 - - - -

Polychaeta 5,77 1,83 1,47 5,77 4,65 0,05 4,65 <0,01 6,25 0,15 4,55 0,33 - - - -

*frag. veg. 5,77 1,83 0,31 0,18 - - - - 6,25 0,15 0,17 0,02 - - - -

Bivalvia - - - - - - - - 2,08 3,77 0,06 0,09 - - - -

Brachyura 1,92 0,61 0,12 0,02 - - - - 64,58 52,94 12,85 48,23 58,33 75,85 5,49 39,44

*frag. veg. = fragmento vegetal


*cr.ñ.ident. = crustáceos não-identificados
94
No período de outono, em 53 conteúdos estomacais observados a proporção de peso foi maior
que a em número para o item Decapoda, com valores elevados de IIR (82,6%). Crustáceos não-
identificados, Cumacea e Amphipoda foram os outros itens com mais de 1% de IIR, todos com uma
maior contribuição percentual em número (Fig. 8).
Em 44 conteúdos estomacais de S. rastrifer examinados no inverno predominou o item
Decapoda (IIR = 52,5%), cuja contribuição percentual foi maior em peso. O segundo com a maior
participação na dieta da espécie no inverno foi Cumacea (37,3%), este com uma contribuição
percentual maior em número. Amphipoda e Diatomacea também apresentaram IIR >1% e
igualmente com maior proporção em número em comparação ao peso (Fig. 8).
Os conteúdos estomacais de 49 exemplares de S. rastrifer capturados na primavera, revelaram o
predomínio na dieta de Cumacea (IIR = 48,2%) seguido por Amphipoda (IIR = 20,0%), ambos com
maior contribuição percentual em número. Também foram importantes na dieta da espécie na
primavera, Decapoda (IIR = 13,2%), crustáceos não-identificados (IIR = 7,6%) e peixes (IIR =
10,4%), todos com a proporção em peso maior que a em número (Fig. 8).
No verão, em 61 conteúdos estomacais de S. rastrifer analisados, Decapoda foi o item que
predominou com 47,4 % de IIR, com proporção de peso maior que número. Cumacea foi o segundo
item mais importante, com 39,4% de IIR e proporção de número maior que peso. Também tiveram
importância relativa na alimentação da espécie nessa estação, Amphipoda (IIR = 1,6%) e crustáceos
não-identificados (IIR = 11,1%) (Fig. 8).
95

OUTONO PRIMAVERA
100 IIR(%) n= 53
100 IIR(%) n= 49
80
Cumacea 80
Cumacea
Decapoda
60 1,9 48,2
82,6 60 Amphipoda
%N

crustáceos crustáce

%N
40 Crustáceos nãoidentificáveis 20,0 CNI Peixes
12,5 40 Decapoda Crustáceos
os não-
Crustáceos não
20
20
13,2 não- Peixes
identificáveis
7,6 10,4
0 %FO 0
%FO
20 20
Amphipoda
40 1,5
40

%P
%P

60 60

80 80

100 100

IIR(%) INVERNO IIR(%) VERÃO


n = 44 100 n=61
100 Cumacea
Cumacea 39,4
80 37,3 80

60 60
%N
%N

40 40
Amphipoda Diatomacea Amphipoda
Decapoda
Decapoda 8,1 1,7 20 1,6
20 47,4
52,5
0 %FO 0
%FO
20 20
Crustáceos não não-
crustáceos
40 Crustáceos
identificáveis não-
40 identificados
%P

11,1
%P

60 60
80
80
100
100

Figura 8 - Índice de Importância Relativa – IIR (>1 %), e suas respectivas freqüências de ocorrência
(%FO), número (%N) e peso (%P), dos itens alimentares de S. rastrifer nas quatro estações do ano,
na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.
96
3.4 - Amplitude e Sobreposição de nicho trófico

O Índice Estandardizado de Levins calculado para amplitude de nicho, apresentou valores


próximos de 0 para ambas espécies (P. brasiliensis = 0,08; S. rastrifer = 0,33). Estes resultados
indicam uma amplitude de nicho restrita, denotando uma tendência especialista. O Índice
simplificado de Morisita, com variação de 0 – 1, aplicado para determinar a sobreposição de nicho
na composição geral da dieta de P. brasiliensis e S. rastrifer, apresentou valor abaixo de 1 (Cik =
0,107846). Os resultados de Cik para classes de tamanho, estações do ano e áreas de coleta, também
apresentaram valores abaixo de 1, sugerindo que talvez não tenha ocorrido sobreposição de nicho
(Tabs. 7 e 8).

Tabela 7 - Índice simplificado de Morisita de P. brasiliensis (pij) e S. rastrifer (pkj,), com valores
de Cik calculados por classe de comprimento total de exemplares na plataforma interna rasa entre a
Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu.

Classes de tamanho Cik


CT1 = 25-60 mm 0,0910
CT2 = 60-95 mm 0,0937
CT3 = 95-130 mm 0,1151
CT4 = 130-165 mm 0,1128

Tabela 8 - Índice simplificado de Morisita de P. brasiliensis (pij) e S. rastrifer (pkj) com valores de
Cik calculados por estação do ano na plataforma interna rasa entre a Baía de Guaratuba e a Foz do
Rio Saí-Guaçu.

Cik
Estações do ano
Outono 0,0654
Inverno 0,2055
Primavera 0,2807
Verão 0,1001
97
4 - DISCUSSÃO

Os hábitos alimentares de Paralonchurus brasiliensis são basicamente constituídos por


organismos marinhos bentônicos, principalmente por anelídeos. Esta espécie apresentou na
plataforma interna do sul do Paraná uma dieta composta predominantemente de poliquetas. Alguns
estudos sobre alimentação de peixes na costa brasileira enfatizaram a importância de poliquetas na
composição geral da dieta dos indivíduos. Menezes & Figueiredo (1980) citaram poliqueta como
item principal na dieta de P. brasiliensis. Amaral & Migotto (1980), ao estudarem sobre a
alimentação de peixes na região costeira de Ubatuba, registraram a elevada ocorrência de poliquetas
em estômagos de P. brasiliensis. Soares (1992), ao analisar a atividade alimentar de P. brasiliensis
no litoral de Ubatuba, também encontrou maior freqüência de ocorrência de poliquetas em
conteúdos estomacais desta espécie. Amaral et al. (1994), ao estudarem sobre a contribuição de
poliquetas na dieta de 77 espécies de peixes da costa brasileira, encontraram que estes anelídeos
apresentaram grande incidência em Sciaenidae, com representatividade de 18 espécies. O item
Poliqueta foi o principal recurso alimentar encontrado na espécie no presente trabalho,
independentemente da classe de tamanho, época do ano e local de captura.
A morfologia da boca, dentes, guelras e estruturas do canal alimentar, podem estar relacionados
à plasticidade nos hábitos alimentares, sendo indicadores do tipo de habitat que as espécies ocupam,
e às adaptações alimentares (Zavala-Camin, 1996). Em P. brasiliensis, a boca pequena e
aproximadamente horizontal, é típica para ingerir organismos bentônicos, principalmente vermes;
enquanto que em S. rastrifer, a boca é oblíqua e terminal, provavelmente apropriada para captura e
manuseio de organismos mais rígidos (Menezes & Figueiredo, 1980). A atividade alimentar de
forma contínua está relacionada ao comportamento alimentar, ou seja, ao modo de captura. As
espécies que utilizam principalmente a detecção química não expressam grandes variações no ciclo
diário (Hyatt, 1979). No caso de P. brasiliensis, por ser uma espécie demersal obrigatória e não
realizar migrações verticais, provavelmente deve utilizar os barbilhões para detecção química e tátil
das presas (Vazzoler, 1975). Isto pode explicar o predomínio de poliquetas como item preferencial
de P. brasiliensis. De acordo com Costello (1990), presas com elevadas porcentagens de freqüência
de ocorrência em conteúdos estomacais, podem ser consideradas como dominantes no ambiente. A
abundância de poliquetas na maioria dos estômagos de P. brasilensis evidencia a disponibilidade
destes organismos na região estudada.
Cumacea e Decapoda foram os principais itens alimentares na composição geral da dieta de
Stellifer rastrifer, na plataforma interna do Sul do Paraná. Esta espécie apresenta dieta composta
principalmente por crustáceos (Menezes & Figueiredo, 1980). Chaves & Vendel (1998) ao
estudarem sobre os hábitos alimentares de S. rastrifer no manguezal da Baía de Guaratuba, Paraná,
98
observaram Decapoda como principal item na composição geral da dieta de 235 exemplares
analisados. Nesse estudo, foram observadas diferenças na porcentagem de ocorrência de Cumacea e
Decapoda em estômagos de exemplares de S. rastrifer de diferentes tamanhos. Chaves & Vendel
(1998) não registraram em S. rastrifer diferenças de itens alimentares em função do tamanho do
peixe. Camargo & Isaac (2004), analisando a composição alimentar de três espécies de Sciaenidae,
no estuário de Caeté, Pará, encontraram diferenças na dieta ao longo da ontogenia, e observaram
para S. rastrifer uma maior freqüência de ocorrência de Copepoda em peixes jovens com tamanho
variando de 10 a 30 mm de comprimento total; uma maior ocorrência de Decapoda em conteúdos
de indivíduos com 60 mm; e maior ocorrência do item Peixes em indivíduos com tamanhos entre 61
a 160 mm. Estes autores verificaram ainda que existem diferenças na qualidade da composição da
dieta entre indivíduos de diferentes tamanhos, e sugeriram que a elevada proporção dos itens
Decapoda e Peixes nos conteúdos estomacais pode ser explicada pelos elevados valores energéticos
encontrados nestas presas. Os resultados obtidos neste trabalho para S. rastrifer diferiram dos
encontrados por Camargo & Isaac (2004) com relação à mudança de itens de acordo com o
crescimento.
Com relação à análise sazonal, a influência das variações temporais na disponibilidade de
recursos é responsável pela plasticidade da dieta dos peixes tropicais (Knöppel, 1970 apud Camargo
& Isaac, 2004; Wakabara et al 1993; Grosman, 1995; Zavala-Camin, 1996). Chaves & Vendel
(1998) verificaram maior proporção de Poliqueta na primavera em conteúdos estomacais de S.
rastrifer. No presente trabalho, Decapoda foi o item mais freqüente em conteúdos de indivíduos que
ocorreram nos períodos do outono, inverno e verão; por outro lado Cumacea foi o item mais
abundante em exemplares que ocorreram na primavera. O elevado consumo de Decapoda indica
que este item foi bem explorado pelos indivíduos na área de coleta, sugerindo abundância deste
recurso, embora Chaves & Vendel (1998) ressaltem que carapaças, por serem rígidos, tendem a
permanecer mais tempo nos estômagos do que os itens mais digeríveis. Estes autores, apesar desta
afirmação, admitem que os poliquetas e decápodes apresentaram grande representatividade na dieta
de S. rastrifer dentro da Baía de Guaratuba.
Em geral o espectro alimentar da ictiofauna tropical e subtropical tende a ser amplo em função
da elevada variabilidade de biomassa bentônica disponível como recurso alimentar. Jones (1982)
afirma que um espectro alimentar amplo é mais evidente em peixes demersais e bentônicos,
observando-se nestes um quadro trófico bastante complexo. Soares et al. (1993) ao estudarem
grupos tróficos de peixes demersais em Ubatuba, confirmaram que várias espécies encontradas na
região apresentaram largo espectro alimentar e inversão de importância entre as presas. Informações
sobre hábitos tróficos possibilitam conhecer a dinâmica funcional do ambiente. Embora o estudo da
Biologia Alimentar neste trabalho tenha sido feito somente com as duas espécies mais abundantes, a
99
plataforma interna do Sul do Paraná demonstra ser uma região provida de uma variedade de
recursos alimentares suficientes para as diferentes fases de vida destas espécies. Chaves & Umbria
(2003) ao observarem mudanças na composição da dieta de peixes que transitam entre os ambientes
marinho e estuarino, ressaltaram que é comum presas utilizarem estes dois ambientes em diferentes
situações, como por exemplo, Crustacea que apresenta larvas planctônicas marinhas, na fase adulta
habita fundos de estuários, uma indicação que a composição taxonômica não é suficiente para
caracterizar atributos ecológicos da dieta.
Em relação à utilização de recursos alimentares, as espécies analisadas nesse trabalho
apresentaram tendências diferenciadas de predação e preferência alimentar, embora ambas espécies
tenham explorado os mesmos recursos com diferenças na freqüência de ocorrência nos conteúdos
estomacais. A baixa freqüência dos itens alimentares pode estar associado ao tipo de habitat
ocupado por estes organismos. Os habitats de fundo arenoso, por exemplo, geralmente são
ocupados por Amphipoda, que costumam permanecer enterrados na areia, principalmente na zona
de arrebentação, e para ser predado é necessário que durante o forrageamento a espécie desenterre
os organismos, inclusive Amphipoda (Zahorcsak et al., 2000). O mesmo parece ser verdade com
relação aos Brachyura, os quais permaneceriam a maior parte do tempo enterrados em fundos
arenosos predominantes na área amostral.
Os itens secundários de P. brasiliensis apresentaram valores próximos de IIR (Decapoda =
6,33% e Cumacea = 4,95%). Estes itens foram os principais na dieta de S. rastrifer, podendo indicar
que uma redução na disponibilidade de poliquetas na área ocasionaria mudanças no nicho trófico de
P. brasiliensis, comprometendo a partição de recursos alimentares entre as duas espécies. Os itens
exclusivos nos conteúdos estomacais de P. brasiliensis foram: Copepoda, Ophiuroidea, Ostracoda,
Mysidacea e Gastropoda. Soares (1992) cita que copépodas representam um dos itens mais
amplamente distribuídos em baías e estuários. Foram encontrados baixos valores de IIR para estes
organismos, mas não significa que não sejam abundantes também na plataforma, pois
possivelmente existam outros peixes predadores de Copepoda, que consomem este item como
preferencial em suas dietas. Os Ophiuroidea costumam ser incluídos na dieta de P. brasiliensis.
Soares (1992) encontrou estes equinodermos como itens constantes na alimentação da espécie,
porém neste trabalho foram pouco freqüentes, apresentando menos que 1% de Índice de
Importância Relativa (IIR). Este fato leva a supor que a área estudada parece oferecer maior
diversidade de itens alimentares ou que os equinodermos são menos abundantes na área. Tal como
neste trabalho, Soares (1992) também encontrou baixa freqüência de Mysidacea no conteúdo
estomacal de P. brasiliensis, não sendo observado nenhuma ocorrência de Gastropoda na dieta da
espécie no litoral norte de São Paulo. O único item exclusivo de S. rastrifer foi Bivalvia. Os
moluscos, embora presentes na região, foram pouco consumidos pelas espécies.
100
Existe uma série de eventos que proporcionam condições ambientais de maior riqueza e melhor
uso dos recursos disponíveis. O movimento das correntes marinhas possibilita maior teor de
nutrientes ocasionando uma maior produção primária de fitoplâncton. A biomassa dos invertebrados
bentônicos e dos peixes é maior nos meses mais quentes, e a grande maioria dos peixes do sul e
sudeste do Brasil se reproduz entre a primavera e verão, assim como os invertebrados bentônicos
(Swenson & Smith, 1976).
A descrição da composição da dieta pode indicar uma relativa importância dos itens
consumidos no ambiente, em função da ocorrência dos itens alimentares no litoral do Paraná.
Estudos sobre abundância de invertebrados bentônicos ao longo do ciclo diário evidenciaram que,
em geral, camarões e braquiúros podem apresentar tendência marcante de disponibilidade no
período noturno, fato que pode estar relacionado com o período de maior atividade das espécies
(Jones 1982 apud Soares & Apelbaum, 1994). Para P. brasiliensis, a proporção de camarões foi de
apenas 6,33%, mas apesar do valor baixo, foi o segundo item mais abundante, enquanto para S.
rastrifer, foi um dos itens principais com 36,77%.
Os alimentos são usados como fonte de energia. A taxa de consumo alimentar é determinada
pela utilização do alimento e condição do peixe. Esta taxa é afetada principalmente por fatores
como o tamanho do corpo e condições fisiológicas do peixe. Os peixes jovens apresentam elevadas
taxas metabólicas quando comparados aos adultos. O fato de muitos peixes serem flexíveis na
escolha dos itens alimentares, significa que são capazes de responder a mudanças na utilização ou
disponibilidade do potencial da presa. A qualidade e a quantidade do consumo alimentar determina
a energia utilizada pelo peixe (Zavala-Camimn, 1996). Apesar de neste estudo não terem sido
calculados os valores energéticos da taxa de consumo de presas para P. brasiliensis e S. rastrifer, as
informações do tipo de item, e de freqüências de número e peso, possibilitam estimar o grau de
importância dos itens em nível de energia. Camargo & Isaac (2004) afirmam que uma freqüência
relativamente alta de peixes e camarões em estômagos de predadores poderia ser explicada por
valores energéticos relativamente altos destas presas. Estes mesmos autores admitem que
freqüentemente são encontradas dificuldades para estimar o consumo diário e contribuição
energética de cada item alimentar para cada predador. Existem dificuldades também na
identificação de presas, especialmente de espécies de larvas de peixes ou juvenis, por estarem
limitados por seu avançado estado de digestão.
É comum que a composição da dieta dos predadores apresente variações ao longo da
ontogenia, em função das mudanças morfológicas que acompanham o crescimento, além de
mudanças qualitativas e quantitativas dos hábitos alimentares das populações. Zavala-Camin (1996)
afirma que variações ontogenéticas são a principal causa de mudanças nos hábitos alimentares em
peixes. P. brasiliensis não apresentou variações na dieta conforme o crescimento, isto confirma a
101
preferência da espécies por poliquetas. As variações na dieta ocorreram apenas para itens
secundários das três primeiras classes de tamanho, demonstrando que para um ambiente desprovido
de poliquetas, esta espécie talvez não necessitaria de um processo de adaptação para consumir
crustáceos. Considerando Cumacea e Decapoda como itens principais, S. rastrifer não variou a sua
dieta em relação às classes de tamanho, ocorrendo apenas uma inversão de itens entre as classes,
embora Decapoda tenha sido encontrado em indivíduos com classes de tamanho CT2 e CT3. A
composição da dieta encontrada por Camargo & Isaac (2004) para S.rastrifer apresentou diferenças
ao longo do desenvolvimento ontogenético. Enquanto os jovens se alimentaram exclusivamente de
zooplâncton como copépodas, os adultos se alimentaram de peixes jovens, inclusive Stellifer
rastrifer.
Ao estudarem sobre dieta de Micropogonias furnieri no estuário da Lagoa dos Patos (RS),
Figueiredo & Vieira (1998) relataram que uma variedade de pequenos crustáceos quando estão
disponíveis e abundantes, são consumidos por jovens e subadultos, intensificando a predação
quando ingerem itens que são menos comuns na dieta, como os moluscos, por exemplo. Isto pode
ser confirmado neste estudo, onde menores indivíduos apresentaram maior diversidade nos
conteúdos estomacais. Os itens com estruturas mais rígidas, conseqüentemente estiveram ausentes
em peixes jovens, como: Gastropoda, Mysidacea e Ophiuridae em P. brasiliensis, e Bivalvia,
fragmentos vegetais e Brachyura em S. rastrifer. Ambas espécies apresentaram uma pequena
variação nos índices tróficos sugerindo que os peixes apresentam algumas diferenças na
necessidade nutricional.
Existem alguns conflitos em relação à interpretação da ecologia trófica, devido à flexibilidade
dos peixes quanto a mudanças ontogenéticas, sazonais e diárias na dieta. Edgar & Shaw (1995)
citaram que peixes de uma mesma população podem apresentar diferentes dietas, apesar de
conviverem no mesmo tempo e local. Algumas dessas diferenças podem refletir variações
individuais das características fisiológicas e morfológicas.
Mudanças sazonais na composição da dieta e na utilização do recurso, podem ser causadas por
mudanças nos habitats utilizados para forrageamento (Wooton, 1990). Variações nos padrões de
alimentação durante o ciclo de vida dos organismos, e mudanças causadas por atividades
alimentares dos próprios peixes também podem estar relacionadas a essas variações sazonais. Não
foi constatado que a alimentação de P. brasiliensis e S. rastrifer foi influenciada pelas estações do
ano, podendo indicar que estas espécies estão interagindo em um mesmo ambiente que não
apresenta variações acentuadas no padrão de ocorrência dos itens alimentares. Diferenças nos itens
alimentares em função da época do ano foram observadas apenas nos itens secundários,
provavelmente como resultado do nível sazonal de disponibilidade de itens, como no caso de
Decapoda em que para ambas espécies este item apresentou maior freqüência relativa no outono e
102
verão; e Cumacea o qual foi o segundo item mais importante na primavera. Embora P. brasiliensis
tenha uma dieta mais ampla do que S. rastrifer durante o verão, ambas as espécies têm ampla dieta
durante o ano todo.
A aplicação do índice simplificado de Morisita apresentou valores abaixo de 1 indicando que
talvez exista uma estratégia de partição de recursos alimentares entre P. brasiliensis como S.
rastrifer, em função dos resultados encontrados para composição geral da dieta, classes de tamanho
e período do ano. Para Wooton (1990), vários fatores podem estar determinando a presença ou
ausência de sobreposição alimentar entre as espécies como: grau de disponibilidade alimentar,
variações ontogenéticas e condições morfológicas associadas ao trato digestório. Quando há alta
sobreposição espacial entre as espécies, ocorre uma tendência à repartição alimentar, o que não
ocorreu com as duas espécies deste estudo. A ausência de sobreposição alimentar encontrada neste
trabalho demonstra que não houve repartição de recursos alimentares.
De acordo com Odum (1988) o nicho não é fixo, variando com o tempo de acordo com
modificações ambientais através da seleção natural. O nicho de algumas espécies é estreito,
centralizando-se em uma ou poucas espécies de presas, e de outras espécies é amplo, no qual
consomem diversos tipos de presas. Mudanças na dieta ao longo do tempo e do espaço refletem
possíveis variações de abundância das presas, evidenciando um comportamento alimentar
generalista-oportunista, ao invés de um comportamento seletivo (Stone & Jessop, 1994; Figueiredo
& Vieira, 1998). Não foi o que ocorreu em P. brasiliensis e S. rastrifer, os valores calculados para
as duas espécies foram próximos a 0, indicando tendência especialista.
Existem espécies que coexistem utilizando recursos comuns em uma comunidade, devido à
alta sobreposição do nicho, o que determina a diversidade de espécies e a estrutura da comunidade.
A sobreposição de nicho entre duas ou mais espécies no mesmo habitat, que tem as mesmas
necessidades de recursos limitados, entram inevitavelmente em competição. A separação trófica é
responsável pela maioria da explicação dos mecanismos de coexistência entre espécies
proximamente relacionadas, assim como separação espacial e separação temporal Ross (1986). A
diversidade dos itens alimentares encontrados em peixes examinados na plataforma do litoral sul do
Paraná pode ser pela influência dos sistemas da Baía de Guaratuba e a Foz do Rio Saí-Guaçu. Esses
ambientes segundo Krebs (1989), permitem uma grande disponibilidade de alimentos para os
peixes, refletindo em amplos nichos tróficos. Isto parece ocorrer na região estudada, apesar de não
existirem mais informações sobre as interações tróficas entre as demais espécies da plataforma
interna do sul do Paraná. Seriam necessários estudos subseqüentes, incluindo estudos de mais
espécies, para compreensão dos mecanismos de separação dos recursos alimentares neste ambiente.
103
5 - CONCLUSÕES

1 – As espécies mais representativas da plataforma interna do litoral sul do Paraná, P. brasiliensis e


S. rastrifer, apresentaram diferenças na preferência alimentar, embora tenham explorado
praticamente os mesmos itens alimentares, porém em quantidades diferentes.

2 – A dieta de P. brasiliensis e S. rastrifer não variou em função do crescimento, variações


espaciais e temporais.

3 – A área demonstra apresentar recursos alimentares disponíveis para as espécies, principalmente


itens como: Polychaeta, Decapoda, Cumacea e Amphipoda.

4 - A divisão dos recursos disponíveis, parece ser uma estratégia de coexistência desenvolvida pelas
espécies, embora sejam necessários mais estudos para a compreensão da cadeia trófica da
ictiofauna local.
104

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos sobre a análise da ictiofauna e hábitos alimentares de P. brasiliensis e S. rastrifer na


plataforma interna rasa na isóbata de 10 m não tinham sido desenvolvidos até o presente trabalho,
como citado anteriormente.
Neste trabalho verificou-se uma abundância dos recursos alimentares, e em toda área amostral,
foi constatado que ambas espécies consumiram Decapoda, Cumacea, Amphipoda e crustáceos não
identificados, podendo indicar estes organismos estiveram disponíveis para as demais espécies
carnívoras, principalmente as carcinófagas. Em relação à variação temporal, estes itens também
foram encontrados durante o todo o período de coleta, nas quatro estações do ano.
Seriam necessários novos programas de amostragens na região visando contribuir com um
banco de dados referentes a sucessivos ciclos anuais para compreender a estrutura e composição dos
peixes, verificar a permanência das espécies dominantes, e estudar a ecologia trófica dessas
espécies mais freqüentes para o conhecimento de possíveis mecanismos de separação espacial e
temporal entre os grupos e neste ambiente, .
105
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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