Dicas para o Trabalho Com Deficientes Intelectuais

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 11

DICAS PARA O TRABALHO COM

DEFICIENTES INTELECTUAIS
Trabalhar com deficientes intelectuais é diferente do trabalho realizado com
crianças sem deficiência ou mesmo com deficientes físicos, visuais ou
auditivos, È diferente porque o funcionamento cerebral é diferente. O cérebro
dos deficientes intelectuais é mais vagaroso, enquanto que o cérebro dos
outros é normal. E quanto mais grave, mais lento é o funcionamento
cerebral.

1- CRIANÇAS COM PROBLEMAS MOTORES SEVEROS

È diferente também porque a maioria das síndromes apresenta problemas


motores que variam do leve ao severo ou profundo, impedindo a muitas
crianças até mesmo de brincar. Na maioria das vezes, essas crianças
passam do nascimento á idade escolar sem qualquer estímulo. Passam os
dias, meses e anos deitadas e sem fazer nada. Não reclamam porque, muitas
vezes, não podem falar ou dizem poucas palavras de forma incompreensível.
Suas vidas são monótonas e insípidas.

Se chegam a escola, muitas possibilidades se abrem. O convívio com outras


crianças é sempre benéfico, mesmo que briguem. Mas, ficar deitado num
colchonete dentro da sala sem fazer nada, apenas olhando os outros se
movimentarem é, apenas, manter a mesma postura em um outro lugar. No
entanto, a escola pode oferecer uma nova oportunidade a essas crianças.
Mesmo que não possam ser alfabetizadas, podem aprender coisas da vida
diária.

Estas crianças possuem carência de tudo. Principalmente, a carência


sensorial. E é por aí que podemos começar a trabalhar com elas. A primeira
coisa que qualquer criança faz é segurar um chocalho, não é mesmo. Vamos
pensar:

Porque damos um chocalhos para um bebê? Para estimulá-lo a se


movimentar. Segundo Piaget, ao ouvir o som do chocálho ela se esforçará
para movimentá-lo e ouvir aquele som novamente. Arranje vários, com
formatos e cores diferentes e bem coloridos.
No início, pode parecer que não resulta em nada. Assim mesmo, insista.
Ofereça um tipo de cada vez, sempre balançando-o antes, de forma a
chamar atenção para o barulho que fazem. Como eles não pegam por conta
própria, é preciso colocar na mão deles. E, se cair, é preciso recolocar.

2- CRIANÇAS QUE CONSEGUEM SEGURAR OBJETOS

Ofereça objetos com vários formatos e diferentes tipos de texturas como:

 bichinhos de pelúcia, de feltro ou tecido que são macios e quentes


 bola comum porque é lisa,
 bolas com cravinhos,
 bolas moles e duras
 bolas grandes e pequenas (não as de gude)
 cubos de madeira,
 carrinhos (sonoros ou não)
 balões

C) PARA OS QUE POSSUEM MELHOR MOBILIDADE:

Pode-se verificar ou trabalhar alguns conceitos básicos e importantes para a


alfabetização, como as cores, o grande e o pequeno, grosso e fino etc. Pode-
se trabalhar esses conceitos com todos os elementos acima, bem como
utilizar caixas de fósforos vazias para parear os iguais ou...
colocar do maior para o menor (ou vice-versa) com tubos de papel higiênico
encapados.

Ou ainda, separar tampinhas de refrigerantes encapadas por cor. Na folha


devem estar colados os circulos de cada cor para que a criança tenha um
apoio visual.

Com estes exercícios vocês estarão trabalhando não só os conceitos


básicos para a alfabetização de forma concreta, como também estimulando a
sensibilidade tátil, a motricidade (movimentos), a psicomotricidade
(preensão e coordenação motora fina), a percepção visual, discriminação de
formas, cores, posição, ordenação e muito mais.

Sugestão Pedagógica: Deficiencia Mental


· Proporcionar um ambiente tranqüilo, em que as crianças estejam sempre
ocupadas;
· Dosar atividades em relação a duração e ao interesse que possam despertar;
· Estabelecer os limites de forma positiva;
· Manter a voz suave, não falar muito, nem muito alto, nem muito depressa;
· Evitar as comparações entre as crianças;
· Facilitar para que a criança aprenda pela sua própria ação. Deixar que ela
tente,experimente e observe;
· Pedir sempre ao aluno, após uma atividade, que descreva sua ação: verbal,
gráfica e corporal;
· Nunca subestimar o aluno, quanto as suas capacidades;
· Ter em mente que o aluno com deficiência mental aprende num ritmo mais
lento que as demais crianças devendo, portanto, ser respeitado o seu
desenvolvimento;
· Propor a criança à realização de jogos e brincadeiras, de acordo com a fase de
desenvolvimento em que se encontra, transformando a aprendizagem em algo
lúcido e agradável, permitindo a criança que demonstre criatividade e iniciativa;
· Procurar dividir cada atividade em etapas, ensinando-as uma a uma, até que a
criança seja capaz de realizar toda atividade sozinha.

MATERIAIS QUE AUXILIAM O ENSINO DA MATEMÁTICA

São recursos materiais que poderão ser usados para auxiliar o ensino da
matemática para crianças com deficiencia mental independentemente da
utilização dos métodos a que se referem. Destacamos:

I. Material Cuisenaire

Este material, de Georges Cuisenaire (1953) consiste em dez peças


confeccionadas em cores diferentes:

• Branca = 1
• Vermelha = 2
• Verde clara = 3
• Carmim = 4
• Amarela = 5
• Verde escura = 6
• Preta = 7
• Marrom = 8
• Azul = 9
• Alaranjada = 10

A menor peça é um cubo com um centímetro de aresta e indica a unidade. A


partir deste cubo são construídas as demais peças.

A segunda peça é um paralelepípedo, cuja base, igual ao cubo e altura dupla


correspondente a dois cubos, indica a quantidade dois.

A terceira peça é, também, um paralelepípedo com a base, igual ao cubo e a


altura tripla, ou seja, correspondente a três cubos, indica a quantidade três.

E, assim, as outras peças continuam a aumentar até chegar à altura igual a dez
vezes a aresta do cubo.

Deve ser observado que, na construção do material por Cuisenaire, houver a


preocupação de fazer uma associação entre número e cor conforme
exemplificação a seguir:

- A peça menor, cubo, que corresponde à unidade, é branca;


- As peças 2, 4 e 8 são: vermelha, carmim e marrom (nuances do vermelho);
- As peças 3, 6 e 9 são: verde clara, verde escura azul (nuances do verde/azul);
- As peças 5 e 10 são amarela e alaranjada (nuances do amarelo);
- A peça 7 é preta.

Deve-se notar, ainda, a seguinte associação:

- As peças branca e preta são únicas, ou seja, não possuem nuances e


correspondem aos números primos 1 e 7;
- Os conjuntos: 2, 4 e 8; 3, 6 9; 5 e 10 evidenciam os dobros, triplos, as potências
2 e 3.

Com as dez peças o professor tem um recurso material excelente para o ensino
da matemática
II. Material Montessori

Maria Montessori (1926), após estudos realizados, elaborou um método para


ensinar deficientes mentais. Dentre o material Montessori, trataremos apenas de
alguns que estão mais diretamente vinculados ao ensino da matemática. Desta
forma, destacamos:

• Barras com segmentos coloridos vermelho/azul: Consiste de 10 barras que entre


si mantém uma relação de 1 a 10. A menor barra tem 10cm, equivale ao primeiro
segmento, é vermelha e representa a quantidade um. A segunda barra tem 20cm,
contém um primeiro segmento com 10cm na cor vermelha e um segundo
segmento com 10cm na cor azul e equivale à quantidade dois. A terceira barra de
30cm possui o primeiro segmento de 10cm na cor vermelha, o segundo de 10cm
na cor azul e o terceiro segmento de 10cm na cor vermelha e equivale à
quantidade três. E assim, sucessivamente, até a barra com um metro de
comprimento que representa a quantidade dez.

As barras confeccionadas por Montessori facilitam o cálculo porque, ao se colocar


a barra indicativa de quantidade “um’ ao lado da barra de quantidade “dois”,
obtém-se um comprimento igual à barra de quantidade “três”, ao mesmo tempo
que esta operação é realizada ocorre o processo de síntese, ou seja, o aluno
efetua uma adição.

• Algarismos em lixa: Servirão para o ensino dos dez numerais (sinais gráficos dos
números), além de proporcionar também a estimulação tátil. São constituídos de
dez cartões sobre os quais estão colocados os algarismos confeccionados em lixa
(0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9).

• Encaixes geométricos: É constituído de material plano com molduras


correspondentes para o encaixe das figuras geométricas: quadrado, retângulo,
círculo, triângulo, trapézio, etc.

III. Blocos lógicos

São blocos que poderão ser grupados por atributos: forma, tamanho, espessura e
cor. Assim, o aluno poderá agrupar as peças pelas cores: amarelas, azuis e
vermelhas. Também poderá agrupa-las pelo tamanho: as maiores e as menores,
ou seja, as grandes e as pequenas. Ainda poderá agrupa-las pelas formas:
quadrados, triângulos, retângulos e círculos. E, finalmente, agrupa-las pela
espessura: grossas e finas. Utilizando o quadro de dupla entrada, o aluno poderá
classificar as peças atendendo uma solicitação. Por exemplo: círculo amarelo,
quadrado vermelho; retângulo grosso, quadrado fino, etc.

Os blocos também poderão ser agrupas por tamanho, pó exemplo, quadrados


pequenos, retângulos grandes, etc.

IV. Material dourado

É um material que auxilia o ensino da matemática, possibilitando ao aluno


adquirir, de forma concreta, os conceitos matemáticos.

Este material é constituído de: a) um cubo com 10cm de aresta representando


um milhar; b) 10 prismas com um centímetro de altura e 10cm de largura e 10cm
de comprimento representando as centenas; c) 100 prismas com um centímetro
de altura, um centímetro de largura e 10cm de comprimento representando as
dezenas; d) 500 cubos com um centímetro de aresta representando as unidades.

O material dourado possibilita o ensino: a) da idéia de número; b) do valor


posicional dos algarismos; c) das classes e ordens de um número; d) da
composição e decomposição de um número; e) de números pares e ímpares; f) da
adição, subtração, multiplicação e divisão; e g) números decimais e fracionários.

Apresentaremos a seguir alguns materiais confeccionados simplesmente para


funcionar como estímulos (estimulação visual, auditiva, tátil, cinestésica),
também servem como auxiliares para o ensino da matemática.

V. Quadro de dupla entrada: É utilizado para o treinamento dos conceitos


básicos.

VI. Dominó: É utilizado pra treinamento variado (conceitos básicos,


número/numeral) conforme sua confecção.

VII. Numerais de 1 a 9 confeccionados em madeira: São utilizados para o


treinamento da identificação e nomeação dos numerais.

VIII. Cartões para encaixar com ajustamento: Consiste de cartões dispostos como
se fossem quebra-cabeças de duas peças, sendo que numa das peças encontra-se
o numeral e noutra um objeto representando o número.

IX. Cartões com sinais e numerais inscritos: São utilizados para o ensino das
operações fundamentais.

Sistema de Instrução Personalizada (Personalized System of Instruction, PSI)

Esse sistema tem como características:

1. O aspecto de progredir no próprio ritmo, que permite ao aluno passar pelo


curso numa velocidade compatível com a sua habilidade e outras exigências do
momento.
2. O requisito da perfeição da unidade para avançar, que permite que um aluno
prossiga em um material novo apenas depois de demonstrar domínio do material
que precedeu.
3. O uso de palestra e demonstrações como veículos de motivação, ao invés de
fontes de informação fundamental.
4. A ênfase na palavra escrita na comunicação professor-aluno.
5. O uso de monitores que permitem testagens repetidas, avaliações imediatas,
tutela quase inevitável e um aumento acentuado no aspecto sócio-pessoal do
processo educacional (Keller, 1972).

Segundo Costa, temos que as características mais importantes que justificam a


utilização deste procedimento para o ensino de matemática para deficientes
mentais são:
1. Permite que o aluno possa progredir no seu próprio ritmo, ou seja, passar pelo
aprendizado em uma velocidade compatível com sua habilidade e de outras
exigências de seu momento;
2. Facilita as aproximações sucessivas, ou seja, a seqüência do ensino a ser
colocado de maneira simplificada, sempre obedecendo a uma graduação
progressiva de dificuldades;
3. Favorece o reforçamento/correção imediata do desempenho do aluno
facilitando, assim, a aquisição por parte deste.

Se o aluno não aprender, então não houve ensino, ou seja, o que foi ensinado não
estava de acordo com o repertório do aluno. Portanto, saber o repertório do
aluno é o ponto fundamental para elaborar um programa de ensino, deve-se
procurar avaliar se o aluno possui no repertório comportamentos necessários para
a aquisição da matemática.

O programa para ensinar iniciação à matemática para o aluno deficiente mental


compreende seis classes de comportamentos terminais:

1. Realizar agrupamentos: Realizar agrupamentos de objetos que possuem


características comuns (mesma cor, mesma forma, mesmo tamanho, mesma
espessura); representar o agrupamento (identificar objetos com um elemento,
separar sub-agrupamentos); realizar relações entre agrupamento (identificar
pertinência e inclusão entre agrupamentos, realizar comparação entre
agrupamentos); identificar tipos de agrupamento (nomear e classificar tipos de
agrupamentos) e realizar operações entre agrupamentos (reunião e intersecção).

2. Realizar relações de quantificação: Comparar agrupamentos (identificar o que


tem mais elementos, o que tem menos elementos e os que têm a mesma
quantidade, identificar o agrupamento que tem um elemento a menos e o que
tem um elemento a mais).

3. Registrar quantidades: Identificar quantidades (separar e organizar


quantidades); nomear quantidades (tanto organizadas como separadas); grafar
quantidades (grafar numerais).

4. Realizar relações entre quantidades: Realizar operações (juntar quantidades,


tirar quantidades, colocar quantidades para formar uma quantidade dada,
comparar agrupamentos de sorte que fiquem com a mesma quantidade; repetir
grupos coma mesma quantidade, repetir quantidades para que o grupo fique
coma mesma quantidade, distribuir grupos com a mesma quantidade).
5. Realizar medidas: Identificar instrumentos de medida de tempo (construir
ampulheta, manusear relógio digital e analógico); realizar a medida do tempo
(identificar horas, minutos e segundos); identificar medidas arbitrárias de
grandeza (realizar medidas utilizando o palmo, o passo, o pé, a polegada);
identificar medidas padrão de grandeza (metro); identificar medidas arbitrárias
de massa (utilizando a xícara, o copo, o punhado); identificar a medida padrão de
massa (grama); identificar medidas arbitrárias de capacidade (utilizando o
recipiente plástico, o copo, a garrafa); identificar a medida padrão de
capacidade (litro).

6. Realizar classificações geométricas: Identificar formas geométricas


encontradas na natureza (formas semelhantes, formas diferentes); identificar
formas geométricas nos objetos construídos pelos homens (comparar formas
semelhantes e diferentes, comparar semelhanças entre figuras planas);
identificar figuras planas (comparar diferenças entre figuras planas); classificar
os sólidos geométricos (identificar os sólidos de acordo com a superfície plana e
com a superfície curva); classificar as figuras planas (identificar quadrados,
triângulos etc).

- fornecer aos alunos blocos lógicos, para que identifiquem os tamanhos;


- formar conjuntos que identifiquem mais curto/ mais comprido;
- identificar folhas de árvores ora mais largas, ora mais estreitas;
- pedir às crianças identificarem os troncos mais grossos, menos grossos;
- colocar em ordem crescente objetos finos para grossos;
- formar fila e perguntar às crianças quem está na frente e quem está atrás;
- identificar objetos nas posições embaixo, em cima, dentro, fora, frente...
- propor atividades que os alunos identifiquem a esquerda e direita de seu corpo;
- pedir para os meninos caminharem para uma direção e as meninas para outra;
- promover corridas para ver quem corre mais depressa;
- fornecer jogos de seqüência lógica;
- pintar em folhas mimeografadas o que ocorre no dia da criança em seqüência
determinada por cores;
- colar lã sobre as linhas traçadas;
- pintar o interior das linhas fechadas;
- mostrar aos alunos o que é um conjunto utilizando material concreto;
- pedir que recortem figuras de “animais” e colem, formando conjuntos de
“animais”;
- pedir que formem dois conjuntos com blocos lógicos; ex.: triângulo grosso,
triângulo fino;
- pedir que as crianças identifiquem a cor do céu, sol, sangue...
- montar dominós de cores para as crianças jogarem;
- separar peças de blocos lógicos pela cor;
- formar conjuntos e pedir às crianças para identificarem o conjunto que tem
mais ou menos elementos;
- pedir para as crianças desenharem conjuntos com muitos frutas, poucas frutas;
- formar conjuntos com vários elementos pedindo que as crianças liguem um para
um;
- formar conjuntos, contar quantos elementos há dentro do conjunto e colocar o
numeral correspondente;
- fornecer atividades para fixar os números;
- realizar jogos de dominó;
- trabalhar com símbolos de igual e diferente, para conjuntos, elementos e
numerais;
- trabalhar com pares (meia, sapato, caderno, lápis) das crianças, explicando o
que é formar par;
- pedir que as crianças formem dois montinhos de botões. Ex.: um com “3”, outro
com “2”, perguntar quantos elementos há em um todo e qual a operação
realizada. Escrever na lousa 2+3=5 2+3=5
- Idem ao anterior, porém retirar os botões “2”, pede para verificar quantos
botões sobraram, explicar a operação realizada: 5-2=3 5-2=3
- pedir que as crianças tragam uma fruta, cortá-la ao meio, explicando que cada
parte é a metade da fruta;
- recortar gravuras de pessoas mais gordas e pessoas mais leves.

Você também pode gostar