Ermelibda Trabalho HST
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Lichinga
2024
Instituto Superior de Gestão, Comercio e Finanças
Lichinga
2024
Índice
1 Introdução.................................................................................................................................4
2.1 Objectivos:...................................................................................................................................4
2.2 Geral:...........................................................................................................................................4
2.3. Específicos:...................................................................................................................................4
2.4 Metodologia.................................................................................................................................5
3 O Conceito do Acidente de Trabalho...............................................................................5
6 Referencias Bibliográficas.............................................................................................15
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1 Introdução
O presente trabalho, abordará acerca de, Regime jurídico dos acidentes e doenças
profissionais, para efeito de determinação de indemnizações e pensões, direito a assistência e
reparação em caso de acidentes e doenças profissionais e caracterização de acidente de
trabalho e outros aspectos de prevenção especial de riscos profissionais, cálculo percentual de
valores indemnizatórios em função do grau de incapacidade resultante do acidente
Todavia, falar de Regime jurídico ou o conjunto das normas legais que estabelecem os
aspectos relativos a caracterização e descaracterização de acidentes, direitos dos sinistrados e
responsabilidade dos empregadores pelas medidas de prevenção e eliminação de riscos
profissionais, vem consagrados em dois Diplomas legais, designadamente a Lei do Trabalho
n.23/2007, de 1 de Agosto (Capitulo VI) e o Decreto n.62/2013, de 4 de Dezembro, que
revogou o Diploma legislativo n.1076, de 19 de Outubro de 1957, que igualmente, além de
ser instrumento de execução dos direitos dos sinistrados, consagra medidas de prevenção de
acidentes e doenças associados aos locais de trabalho, embora a sua essência, visa estabelecer
a base legal a ter em conta na determinação de direitos de reparação, a assistência,
indemnização e pensões dos sinistrados
1.1 Objectivos:
1.2 Geral:
Dessa pesquisa é fazer saber as formas de articulação de várias instituições de gestão
das matérias dos acidentes e doenças profissionais
1.3 Específicos:
Identificar e interiorizar o conteúdo dos dois Diplomas legais aplicáveis a matéria dos
acidentes e doenças profissionais, sobretudo no concernente a caracterização e
descaracterização dos acidentes de trabalho
Apontar as causas, consequências e o impacto que a sinistralidade laboral para
presente socialmente, economicamente e para os trabalhadores e empresas.
Perceber a importância económica e social do Regime jurídico dos acidentes e
doenças profissionais
1.4 Metodologia
O presente trabalho com o tema patente na introdução teve linhas de condução através do
método de revisão bibliográfica que permitiu na leitura dos módulos que estão referenciados
na bibliografia final.
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O conceito legal de acidente de trabalho, está previsto no artigo 222, nº 1 LT, nos termos do
qual “Acidente de trabalho é o sinistro que se verifica, no local e durante o tempo de
trabalho, desde que produza, directa ou indirectamente, no trabalhador subordinado, lesão
corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte a morte ou redução na capacidade
de trabalho ou de ganho” Este conceito que nos é dado pelo legislador moçambicano nos
mostra a adopção por ele feita sobre a responsabilidade civil objectiva, apesar de não seguir
sempre as regras exactas da responsabilidade civil objectiva prevista no artigo 499º CC.
Deste conceito há que reter em primeiro elemento relacional entre espaço, tempo e local. O
segundo elemento é o causal – o acidente tem de se verificar por motivos de trabalho. É
preciso que haja nexo de causalidade entre o evento e a actividade. O terceiro elemento é o
facto específico – não qualquer – que directa ou indirectamente cause lesões corporais,
perturbação funcional ou doença de que resulte a morte ou redução na capacidade de trabalho
ou de ganho.
usualmente não são indicados de forma indirecta pela doutrina apenas os elementos
característicos, como sejam, que se trate de acidente que provoque lesão ou doença, que
ocorra na execução do trabalho por conta de outrem, que se verifique no local e tempo de
trabalho, em regra, ou se for fora do local do trabalho, seja na execução de serviço prestado
pelo trabalhador de forma espontânea, do qual possa resultar.
O art. 222, nº 2 al. d) LT refere-se da “execução de serviços, ainda que não profissionais,
fora do local e tempo de trabalho, prestados espontaneamente pelo trabalhador ao
empregador de que possa resultar proveito económico daquele”.
O local de trabalho, deve ser entendido como qualquer lugar em que o trabalhador se
encontra a prestar actividade do empregador. O conceito de local de trabalho, deve ser
encarado de forma ampla, daí que o legislador para efeitos de acidente de trabalho, vem
consagrar no art. 222, nº 2 LT, a extensão de conceito de acidente de trabalho, englobando
assim situações em que o trabalhador utilizando meio de transporte do empregador na ida ou
volta do serviço, fica envolvido num acidente que lhe provoque lesão corporal, perturbação
funcional ou doença que vem resultar na morte, ou redução na capacidade de trabalho ou de
ganho. É preciso verificar, que o percurso a ser seguido pelo trabalhador, deve ser um
percurso normal
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O art. 223 LT, no fundo nos auxilia a dar conceito de acidente de trabalho, no sentido
negativo, pelo que todo acidente ou infortúnio que aconteça no local de trabalho, estando ou
sendo enquadrável neste artigo, não deixa de ser acidente, mas não é um acidente
indemnizável. Dito de outro modo, não é acidente de trabalho, mas sim acidente no trabalho,
deste modo, o empregador não é obrigado a indemnizar ao trabalhador que se encontra em
uma das situações descritas no art. 223 LT.
Portanto, estabelece que o acidente que “for intencionalmente provocado pelo próprio
sinistrado” não é indemnizável. Intencionalmente, aqui deve ser entendido como aquele
acidente que o trabalhador voluntariamente ou dolosamente provoca. Pode pois, acontecer
que um determinado trabalhador pretenda obter uma indemnização e daí coloca a sua mão
numa máquina com clara intenção de obter uma indemnização. Provando-se o dolo na
actuação do trabalhador, o acidente por ele sofrido não é indemnizável. A al. b), nº 1 do al.
223 LT, refere-se da lesão que ocorre de “...negligência indesculpável do sinistrado, por acto
ou omissão de ordens expressas...”, também não é indemnizável.
A al. d), nº 1 art. 223 LT, descaracteriza-se o acidente que advém da “ privação do uso da
razão do sinistrado, permanente ou ocasional, excepto se a privação derivar da própria
prestação do trabalho, ou se o empregador, conhecendo o estado do sinistrado consentir na
prestação”. São os casos em que o trabalhador consome álcool e vai prestar a actividade, ou
ingere estupefacientes. Nestas situações, se ocorrer acidente, o empregador não será obrigado
a indemnizar pelo acidente, isso só será possível se o empregador tiver conhecimento de que
o trabalhador encontra-se embriagado ou ingeriu estupefacientes, mas mesmo assim, aceita
que o trabalhador preste a actividade. Se daí advir um infortúnio, o empregador será obrigado
a indemnizar ao trabalhador.
O empregador nos termos deste artigo será obrigado também a indemnizar, se o trabalhador
ficar intoxicado por estar a manusear produtos ou se a privação que o artigo se refere, for
independente da vontade do trabalhador sinistrado; nestas situações, o trabalhador, que sofrer
o infortúnio, deve ser indemnizado. Na verdade, existem determinadas áreas de laboração,
que tendo em conta a natureza dos produtos que o trabalhador tem contacto, podem conduzir
a uma privação involuntária do uso da razão. A al. e), nº 1 do art. 223 LT, não considera
acidente de trabalho por caso de força maior, o legislador prevê aqui duas situações: Uma,
sendo a causa da força maior, o acidente não é indemnizável, se estiver relacionado á forças
inevitáveis da natureza que não dependem da vontade humana e que não constituem o risco
normal da profissão ou o trabalhador não presta actividade em condições de perigo,
manifesto sob direcção do empregador. Trata-se de situações que são independentes do
empregador. Enquadram-se aqui os casos dos tremores de terra, das inundações, do raio, etc.
Porém, mesmo sendo caso de força maior, o acidente pode de forma excepcional ser
indemnizável, se actividade que o trabalhador presta é um risco normal da profissão.
Imaginemos o pescador que vai ao alto mar e prestando a sua actividade inicia mau tempo, o
barco pela fúria do mar vem virar e o pescador morre. O empregador pode ou não alegar a
força maior? Trata-se evidentemente de um caso de força maior, porém é um acidente
indemnizável, no sentido de que o empregador está obrigado a indemnizar ao trabalhador,
pois o mar em si é um lugar perigoso, pelo que a actividade de pesca constitui um risco
normal da profissão. Em todo o caso, apesar de se excluir o dever de indemnizar o
enquadramento de um acidente no art.228 LT e art. 18 DL 1706, faz nascer o dever de
assistência
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3 Danos Típicos
O conceito que nos é dado no art. 222, nº 1 LT e art. 1 do Decreto n 62/2013, nos mostra que
o acidente de trabalho é caracterizado pelo legislador tendo em conta o dano que é
provocado, de tal forma que a delimitação do conceito de acidente de trabalho, é o dano
típico causado pelo acidente, havendo responsabilidade civil emergente de acidente de
trabalho, quando o dano provocado estiver previsto na tabela Nacional de Incapacidades. Há
outros elementos que caracterizam o acidente de trabalho, o que faz distinguir das doenças
profissionais, designadamente, a subitaneidade do acidente de trabalho, uma vez que o
acidente de trabalho é repentino, imprevisto, trata-se de um acontecimento inesperado e
advém de causas externas.
A al. b) do nº 2 do art. 222 LT, estabelece que, considera acidente de trabalho o que ocorrer
“antes ou depois da prestação do trabalho, desde que directamente relacionado com a
preparação ou termo dessa prestação”. Há situações em que o trabalhador antes do início da
sua actividade é lhe dada por exemplo, a situação real da actividade. Se por exemplo a
actividade é prestada em turnos, ou seja há um momento anterior da prestação da actividade
em que o trabalhador que vai iniciar a actividade, é informado sobre o que foi feito e o que é
preciso fazer. Evidentemente se nesse momento ocorrer algum acidente, considera-se
acidente de trabalho.
A al. c) do nº 2, do art. 222 LT, refere-se aquelas situações em que o trabalhador se encontra
em qualquer lugar a prestar a actividade ou por ocasião da prestação da actividade, desde que
o trabalhador esteja sob autoridade ou direcção do empregador. Imaginemos que A é
trabalhador de B, A é um operário de máquinas, depois da prestação de actividade ocorre um
incêndio e daí acontece um sinistro, que possa resultar na morte ou redução, na capacidade de
trabalho ou de ganho. Será acidente de trabalho, trata-se de actos valorizadores dessa
prestação, o proveito económico nos mostra que para que seja acidente de trabalho constitui
limite a actividade ser proveitosa.
O art. 222, nº 3 LT, refere-se daquelas situações em que a lesão resultante do acidente de
trabalho, ou doenças profissionais, não é conhecida de forma imediata, de tal forma que a
ligação entre a lesão e o acidente, deve ser demonstrada pelo trabalhador.
Portanto, deve haver um nexo causal entre a lesão e o acidente. Essa demonstração pode ser
feita pela vítima, ou ainda, pelos beneficiários, como o cônjuge, os filhos entre outros. Se no
entanto a lesão for conhecida imediatamente, presume-se que é consequência do acidente.
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O conceito de acidente de trabalho que nos é dado no art. 222, nº 1 LT, não se cinge apenas
do mesmo ocorrer, no local de trabalho englobando tantos outros que se verificam fora dele
desde que o trabalhador esteja sob direcção e autoridade do empregador. Inclui assim
acidentes que acontecem quando o trabalhador vai ao serviço ou volta, são os designados
acidentes de percurso, acidentes de trajecto ou itinere.
O trajecto, ou o percurso que o trabalhador vai percorrer, deve ser considerado o percurso
normal. São várias as situações que podem ocorrer os acidentes de percurso, pois o
trabalhador pode em várias situações se deslocar. A extensão do conceito de trabalho previsto
no art. 222, nº 2 LT, prende-se com acções do trabalhador que possam tornar possível a
prestação da actividade como é caso do acidente de percurso ou itinere previsto na al. a), as
acções que possam valorizar as prestações da actividade que é o caso da al. c) e d) e acções
tendentes ao exercício de determinados direitos de trabalho, como é o caso da al. b).
De igual modo, podem estar associadas a carga horária feita ao trabalhador pelo empregador,
o cansaço, a falta ou mau uso dos equipamentos de protecção individual entre outras
resumindo-se assim em dois grupos principais designadamente:
Consequências Humanas
Acidente de trabalho apresenta factores altamente negativos quer de ponto de vista humano
por conseguinte prejudica a integridade física do trabalhador, tornando-o incapaz ou inválido
para realizar trabalho socialmente útil e resultando na desestruturação do ambiente familiar.
Consequências Económicas
Foi necessário muito tempo para que se reconhecesse até que ponto as condições de
trabalho e a produtividade se encontram ligadas. Numa primeira fase, houve a percepção
da incidência económica dos acidentes de trabalho onde só eram considerados
inicialmente os custos directos (assistência médica e indemnizações) e só mais tarde se
consideraram as doenças profissionais.
Estas perdas podem ser muito elevadas, podendo mesmo representar quatro vezes os custos
directos do acidente de trabalho. A diminuição de produtividade e o aumento do número de
peças defeituosas e dos desperdícios de materiais imputáveis à fadiga provocada por horários
de trabalho excessivos e por más condições de trabalho, nomeadamente a deficiências de
iluminação e à ventilação, demonstraram que o corpo humano, apesar da sua imensa
capacidade de adaptação, tem um rendimento muito maior quando o trabalho decorre em
condições óptimas. Com efeito, existem muitos casos em que é possível aumentar a
produtividade simplesmente com a melhoria das condições de trabalho.
De uma forma geral, a Gestão das Empresas não explora suficientemente a melhoria das
condições de higiene e a segurança do trabalho nem mesmo a ergonomia dos postos de
trabalho como forma de aumentar a Produtividade e a Qualidade. A relação entre o trabalho
executado pelo operador e as condições de trabalho do local de trabalho, passou a ser melhor
estudada desde que as restrições impostas pela tecnologia industrial moderna constituem a
fonte das formas de insatisfação que se manifestam sobretudo entre os trabalhadores afectos
às tarefas mais elementares, desprovidas de qualquer interesse e com carácter repetitivo e
monótono.
Desta forma pode-se afirmar que na maior parte dos casos a Produtividade é afectada, pela
conjugação de dois aspectos importantes: Um meio ambiente de trabalho que exponha os
trabalhadores a riscos profissionais graves (causa directa de acidentes de trabalho e de
doenças profissionais) a insatisfação dos trabalhadores face a condições de trabalho que não
estejam em harmonia com as suas características físicas e psicológicas, Em geral as
consequências revelam-se numa baixa quantitativa e qualitativa da produção, numa rotação
excessiva do pessoal e a num elevado absentismo. Claro que as consequências de uma tal
situação variarão segundo os meios socio-económicos.
É normal estabelecer-se que os custos indirectos custam 4 vezes mais que os custos directos
e querendo evitar a curto prazo um desperdício de recursos humanos e monetários e a longo
prazo, garantir a competitividade da Empresa, deverá prestar-se maior atenção às condições
de trabalho e ao grau de satisfação dos seus colaboradores, reconhecendo-se que, uma
Empresa desempenha não só uma função técnica e económica mas também um importante
papel social.
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4 Conclusão
Chegando a este ponto compreendeu-se que, o regime jurídico em especial, dos acidentes e
doenças profissionais consagrado por dois Diplomas legais designadamente, a Lei do
Trabalho n.23/2007, de 1 de Agosto e o Decreto n.62/2013, de 4 de Dezembro, os quais
estabelecem pressupostos básicos relativos a caracterização e descaracterização de acidentes
de trabalho e doenças profissionais, conceitos de acidentes e doenças profissionais, causas e
consequências dos acidentes de trabalho.
5 Referencias Bibliográficas
Lei n 5/2002, de 20 de Fevereiro (protecção dos trabalhadores sobre HIV/SID
MACIE, Albano; Lições de Direito Administrativo Moçambicano; Volume II; 2013; Maputo.