TCC - Gloria Leite de Almeida Mosqueira
TCC - Gloria Leite de Almeida Mosqueira
TCC - Gloria Leite de Almeida Mosqueira
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
Orientador
DEZEMBRO DE 2020
Glória Leite de Almeida Mosqueira
Orientador
DEZEMBRO 2020
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Catalogação informatizada pelo autor
http://www.unirio.br/bibliotecacentral/fichas-catalograficas
3
A EVOLUÇÃO DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL
Aprovado por:
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
DEZEMBRO DE 2020
4
Agradecimentos
Agradeço à minha família pelo apoio e incentivo durante todo o período do curso,
especialmente aos meus filhos: Pedro Augusto, Eduardo e Mateus que em vários
momentos contribuíram, para que eu pudesse superar os desafios que me foram
apresentados ao longo da jornada acadêmica. Agradeço a Deus pela benção de poder
concluir o curso nesta Universidade.
5
RESUMO
6
ABSTRACT
Global awareness regarding the preservation of the environment has boosted the research
and development of alternative energies production without any major impacts on the
environment within the concept of sustainability. Among them, Solar Photovoltaic
Energy stands out as the theme of this work that will address aspects of its evolution in
Brazil, highlighting the Brazilian generation potential and the contributions that the solar
energy can bring to sustainable development, democratization of energy, economic
growth and in the long run enable the country to achieve energy efficiency through the
implementation of public policies that encourage the growth of renewable sources and
more dynamic regulations that accompanies technological and innovative changes in the
energy sector.
7
Sumário
1 Introdução ..........................................................................................................................12
1.1 Objetivos ....................................................................................................................13
1.2 Organização ................................................................................................................13
2 Revisão de Literatura..........................................................................................................14
2.1 Energia Solar Fotovoltaica ..........................................................................................14
2.2 Panorama Mundial da Energia Fotovoltaica ...............................................................16
2.3 A Energia Solar Fotovoltaica no Brasil ........................................................................19
2.4 O Crescimento da Geração Distribuída .......................................................................22
2.5 Potencial Solar do Brasil .............................................................................................24
2.6 Energia Fotovoltaica como fator de desenvolvimento ...............................................26
2.7 Energia Solar como fator de inclusão e bem-estar social ...........................................28
2.8 A Energia Solar na composição da matriz energética do Brasil para o cumprimento das
Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) ..............................................................30
2.9 Regulação e Incentivos Governamentais ....................................................................31
2.10 Impacto Ambiental da Energia Solar ..........................................................................34
2.11 Descarte de Painéis Solares ........................................................................................35
2.12 Política Nacional dos Residuos Sólidos (PNRS) ...........................................................37
3 Metodologia .......................................................................................................................40
4 Resultados e Discussão.......................................................................................................41
5 Conclusão ...........................................................................................................................42
Referências Bibliográficas ..........................................................................................................43
8
Figuras
Figura 1: Histórico dos preços de células de silício (Em US$/W). Fonte: Bloomberg NEF
2014 ................................................................................................................................ 15
Figura 2: Capacidade Solar Fotovoltaica Global e adições anuais - 2008 a 2018. Fonte:
REN21 - 2019. ................................................................................................................ 17
Figura 6: Brasil: incidência solar média diária (Em kWh/m²). Fonte: CPTEC e Inpe, 2016.
........................................................................................................................................ 25
Figura 7: Total Diário da Irradiação Solar no Plano Inclinado - Média Anual. Fonte:
Pereira, 23/10/2019 - LABREN (adaptado). .................................................................. 26
Figura 8: Total de projetos de energia solar contratados em leilões alcança 4,4 GW. Fonte:
Greener, 2019. ................................................................................................................ 27
Figura 11: Diagrama de fluxo de processo das fases do ciclo de vida para painéis
fotovoltaicos e oportunidades resultantes para redução, reutilização ou reciclagem. Fonte:
IRENA (2016). ............................................................................................................... 36
Figura 12: Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos. Fonte:
PNRS. ............................................................................................................................. 38
9
Tabelas
10
Quadros
11
1 Introdução
Para atender à crescente demanda global de energia (aumento de 2,3% em 2018 - IEA,
2019) e combater as mudanças climáticas, a tendência mundial é investir em fontes
renováveis visando a eficiência energética. A principal fonte de energia elétrica gerada
no mundo é a decorrente da queima de combustíveis fósseis que libera o CO2, gás
poluente e grande responsável pelo efeito estufa. A demanda mundial pela utilização de
fontes renováveis de energia pouco ou não poluentes, se deve à escassez do petróleo
(matriz não renovável e finita) e às mudanças climáticas ocasionadas pelo uso dos
recursos fósseis em grande escala.
"Nunca a importância de tal impulso foi mais clara do que neste momento importante.
Mesmo enquanto o mundo ainda está lidando com a pandemia da Covid-19, a humanidade recebe
lembretes quase diários do que nos espera se deixarmos de lidar com as crescentes perturbações
climáticas”.
O Brasil destaca-se no cenário mundial pelo seu potencial em energia limpa (72,3% da
capacidade instalada de geração elétrica é por fonte renovável), tendo a fonte hidráulica
como principal matriz energética (63,9%) (EPE, 2018). Contudo, com a crescente
demanda interna de energia e a crise hídrica, a partir de 2014, causada principalmente por
longo período de estiagem (dentre outras causas), tornou-se vital para o país o
12
desenvolvimento de alternativas que assegurem a eficiência energética brasileira, além de
se fazer cumprir o compromisso do Brasil, firmado no Acordo de Paris durante a
Conferência das Partes - COP 21, em 2015, para reduzir a emissão de Gases de Efeito
Estufa (GEE).
1.1 Objetivos
1.2 Organização
• Capítulo II: Este capítulo trata do conceito de energia solar fotovoltaica, seu
surgimento, e descreve o panorama, atual, mundial e brasileiro no contexto de
desenvolvimento e aplicabilidade da tecnologia fotovoltaica. Suas principais
vantagens, bem como os pontos críticos com relação à sua utilização em grande
escala principalmente devido à disseminação da geração distribuída, intensificada
nos últimos anos.
13
2 Revisão de Literatura
O efeito fotovoltaico foi descoberto por Alexandre Edmond Becquerel, físico francês, em
1839 e utilizava placas de platina e prata (VALLÊRA, 2006). A partir de então novas
pesquisas e tecnologias foram desenvolvidas, até que no ano de 1954 surgiu a chamada
“célula solar moderna” desenvolvida por Russell Shoemaker Ohl, Calvin Fuller e Gerald
Pearson (utilizando células de silício). Quatro anos mais tarde, os programas espaciais
fizeram uso da energia solar obtendo resultados positivos e a partir de então essa
tecnologia começou ser comercializada para uso em solo. Contudo, por apresentar um
custo alto frente ao custo da matriz fóssil, não foi observado um crescimento expressivo
da tecnologia solar, até que com advento da crise energética dos anos 70 (com
consequente aumento do preço do petróleo) (FERREIRA; M.J.G, 1993) e somando-se a
isso a necessidade de ações de enfrentamento às mudanças climáticas decorrentes da
emissão de GEE, a energia solar assume papel de destaque no cenário mundial, como
matriz energética com potencial capaz de suprir a demanda por energia através de fontes
limpas, conciliando os interesses econômicos com foco na economia de escala (quanto
maior o número de células produzidas, menor o custo unitário) (VALLÊRA, 2006) para
aumentar a competitividade e por outro lado minimizar a emissão de gases poluentes
objetivando a preservação do meio ambiente; em sintonia com os ideais globais de
desenvolvimento sustentável que se alicerçam em três pilares: desenvolvimento social,
14
desenvolvimento econômico e proteção ambiental, estabelecidos na Cúpula Mundial
sobre Desenvolvimento Sustentável – ONU (Joanesburgo, África do Sul - 2002).
Com relação aos equipamentos que compõem o Sistema Fotovoltaico, temos: painel
fotovoltaico, controlador de carga, inversor e banco de baterias (para Sistema isolado) e
mais o medidor bidirecional, para o Sistema ligado à rede.
A vida útil dos painéis solares tem uma média de 25 anos e possuem baixa manutenção
(PORTAL SOLAR 2017).
Na Figura 1, podemos observar a evolução do preço das células de silício, que em 1977
custavam $ 76/W, e sua queda gradativa ao longo dos anos, chegando a $ 0,36/W em
2014 (BLOOMBERG NEF, 2014), resultado do aperfeiçoamento tecnológico que
propiciou o aumento da eficiência da geração e queda dos custos (SEBRAE, 2017).
Figura 1: Histórico dos preços de células de silício (Em US$/W). Fonte: Bloomberg NEF 2014
15
Devido à intermitência da produção de energia (produzida somente durante o dia), o uso
de baterias se faz necessário para o armazenamento da geração solar, permitindo mais
autonomia ao sistema (SEBRAE 2017). Segundo o relatório da Bloomberg NEF 2018, as
baterias tiveram seu preço reduzido em cerca de 80% por megawatt/hora desde 2010.
Essa redução consolida o crescimento das energias renováveis em substituição às fontes
fósseis e nucleares, nas palavras do autor do relatório New Energy Outlook (NEO), 2018:
“A chegada do armazenamento barato de bateria significa que fica cada vez mais possível
aprimorar a entrega de eletricidade a partir da energia eólica e solar, para que essas tecnologias
possam ajudar a atender a demanda mesmo quando o vento não estiver soprando e o sol não estiver
brilhando. Como resultado, as energias renováveis tomarão uma parte cada vez maior do mercado
existente de carvão, gás e energia nuclear.”
16
Nos dados expressos no gráfico publicado no Relatório da Situação Global das
Renováveis 2019 (REN21) que apresenta a evolução da capacidade solar fotovoltaica
global entre os anos de 2008 e 2018, observa-se uma capacidade de geração adicionada
de 100 gigawatts em 2018 (Figura 2); configurando uma boa contribuição para a
diminuição global da emissão de CO2 relacionada à energia (em conjunto com outras
fontes renováveis) - nos países economicamente evoluídos - em 2019 (em torno de 33Gt)
(IEA, EMISSOES GLOBAIS DE CO2, 2019).
Figura 2: Capacidade Solar Fotovoltaica Global e adições anuais - 2008 a 2018. Fonte: REN21 - 2019.
17
Quadro 1: Descrição dos principais mecanismos utilizados para incentivar a geração fotovoltaica
Uma combinação desses incentivos, adotada por esses países, demonstrou que a
implementação dessas políticas foram um importante instrumento para a eficácia dos
resultados verificados atualmente na geração de energia (IPEA 2020).
A União Europeia já determinou que pelo menos 75% do material utilizado seja
recuperado. Porém muitos países não possuem uma legislação específica para a
reciclagem dos painéis solares ao final de sua vida útil (ABSOLAR, 2020). No estado de
Washington (EUA) apesar de haver regulação nesse sentido, a reciclagem não se mostra
atrativa do ponto de vista econômico, razão pela qual estão sendo armazenados
aguardando o barateamento do custo de reciclagem e novas técnicas de recuperação de
materiais (ABSOLAR, 2020).
Mas antes desse marco regulatório a tecnologia solar já estava a ser difundida através do
cooperativismo entre o Brasil e Organizações Governamentais e Não Governamentais
internacionais (principalmente com Alemanha e Estados Unidos) para projetos
comunitários e produtivos, no interior das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a
partir dos anos 80 (BRAGA, 2008), com predomínio na utilização do bombeamento de
19
água e eletrificação rural em locais (preferencialmente comunidades rurais de baixa
renda) sem acesso à rede convencional (CIGRÉ-BRASIL, 2011).
Porém somente a partir de 2012, como dito anteriormente, quando foi concedido ao
consumidor brasileiro a opção de poder gerar sua própria energia elétrica (a partir de
fontes renováveis ou cogeração qualificada) (ANEEL - Geração Distribuída -
publicado: 28/09/2015), é que a energia solar fotovoltaica, através da geração distribuída,
se destacou no cenário nacional. A Resolução Normativa 482/2012 da Aneel, estabeleceu
as regras dos sistemas de micro geração e mini geração distribuída e o sistema de
compensação de energia elétrica. Três anos depois, a REN 687/2015 desburocratizou o
processo de inserção da energia gerada na rede elétrica. Dessa forma diminuiu o prazo de
aprovação dos sistemas fotovoltaicos e ampliou-se o tempo para utilização dos créditos
decorrentes do excedente gerado, para 60 meses, podendo ser utilizados em local
diferente de onde foi gerado (autoconsumo remoto).
Dados do Balanço Energético Nacional - EPE 2019 (Figura 3), confirmam o acelerado
avanço da micro e minigeração solar distribuída em 2018. Aumento de 131% em relação
a 2017, com predomínio da fonte solar apresentando uma participação 63,5% sobre o total
das renováveis.
Figura 3: BEN 2019 | Micro e Minigeração Distribuídas. Fonte: Balanço Energético Nacional – EPE 2019.
20
2.3.1 Tipos de Geração Distribuída
Na geração centralizada a energia, gerada por usinas solares de grande porte, pode ser
negociada com as distribuidoras, através de leilões públicos (DAVID, 2018).
21
• eventual incidência de tributos;
22
Contudo, apesar do acelerado crescimento, na Tabela 1 notamos que, a matriz solar
representa apenas 1,1% do total da geração elétrica no Brasil, mesmo com um
crescimento de 92,1% entre 2018 e 2019. (EPE, 2020). Apesar da baixa
representatividade, esses resultados certificam que o Brasil está, ainda que timidamente
(no que diz respeito ao setor fotovoltaico), alinhado com o atual cenário mundial de
desenvolvimento sustentável (favorecendo a economia de baixo carbono) e buscando
alcançar a eficiência energética diversificando sua matriz (NASCIMENTO, 2017).
A ABSOLAR (2020), estima que até 2024 teremos mais de 880 mil sistemas de energia
solar instalados no país. Atualmente esse número está em torno de 364.000 conexões no
período de 2008 a 2020, sendo que mais de 50% desse total (187.127 conexões) foram
realizadas em 2020, conforme dados da Figura 5 extraídos da planilha de dados SISGD
da ANEEL (acesso em 02/01/2021).
23
Figura 5: Geração Distribuída Fotovoltaica (Quantidade de sistemas conectados entre 2008 e 2020). Fonte:
ANEEL - Planilha de dados: SISGD
Para NASCIMENTO, 2017, “A baixa utilização da energia solar no Brasil chama mais
atenção quando verificamos as condições favoráveis ao desenvolvimento da fonte no
país”.
24
Figura 6: Brasil: incidência solar média diária (Em kWh/m²). Fonte: CPTEC e Inpe, 2016.
25
Figura 7: Total Diário da Irradiação Solar no Plano Inclinado - Média Anual. Fonte: Pereira, 23/10/2019 -
LABREN (adaptado).
De acordo com Tolmasquim (2016), a energia solar, além de ser uma fonte limpa que
possibilita mitigar as mudanças climáticas, já que não emite gases poluentes, apresenta
outras variantes positivas tanto para a administração pública (gera receita através da
arrecadação de tributos), como para a população (geração de emprego), decorrentes de
toda a movimentação comercial e de serviços adjacentes que se instalam durante a
construção dos empreendimentos e depois deles prontos.
26
O Ministério de Minas e Energia em relatório do Programa de Geração Distribuída
(ProGD) conclui que: “A inserção em massa de GD pode trazer benefícios que vão além
do setor elétrico, como a geração de empregos e desenvolvimento econômico, em
momento que o país passa por dificuldades tanto na área econômica quanto no nível de
emprego”.
Nesse sentido, o setor de energia fotovoltaica tem apresentado resultados positivos tanto
nas contratações de energia em leilões quanto em investimentos para expansão dos
empreendimentos para geração centralizada, como demonstra a Greener (empresa de
pesquisa e consultoria especializada no setor), em seu levantamento de dados (2019). A
empresa estima que para os empreendimentos fotovoltaicos de grande porte já
contratados, os investimentos deverão alcançar R$ 9,5 bilhões até 2025 e destaca que o
total de projetos de energia solar contratados em leilões alcançou 4,4 GW até 2019, o que
representa um bom resultado considerando que a fonte solar é recente no mercado
brasileiro (Figura 8).
Figura 8: Total de projetos de energia solar contratados em leilões alcança 4,4 GW. Fonte: Greener, 2019.
Estudos indicam que a fonte solar fotovoltaica tem grande potencial na geração de
emprego por MW instalado (em média 30 empregos por MW instalado) – Figura 9.
Figura 9: Geração de empregos por MW instalado para diversas fontes e tecnologias. Fonte: Simas, M. S. IEE -
USP, 2012.
De acordo com Dantas (2020) a região do semiárido brasileiro (969.589,4 km² e 1262
municípios - SUDENE, 2017) possui as condições propícias à implementação de projetos
de usinas solares utilizando a tecnologia fotovoltaica, pela grande incidência solar
verificada na região e como forma de aproveitamento econômico das áreas desertificadas
pela seca e cuja baixa fertilidade do solo não favorece a prática agrícola. Com uma
população estimada em 26 milhões (IBGE, 2011), muitos dos municípios localizados
nessa região apresentam os piores indicadores sociais e econômicos do país e ainda
segundo Dantas (2020) com dados do Programa Bolsa Família (MDS, 2018), a população
de baixa renda, beneficiada com o programa, alcança cerca de 1,5 milhão de famílias
nessa região. O IBGE (2018) aponta uma taxa de 15,9% de desemprego na região
nordeste, conquanto que, na região sul do país foi verificado um percentual de 8,4% de
desemprego no mesmo período. Nesse contexto socioeconômico a implementação de
políticas públicas de fomento à energia solar pode atrair negócios para a região e abrir
frentes de trabalho tanto na zona rural (que concentra 35% da população - IBGE, 2011)
28
quanto na zona urbana (65% da população – IBGE, 2011), o que permitiria o aumento da
renda da população local e contribuiria para diminuição da desigualdade regional do país
com a democratização da energia e modicidade tarifária; e integração das localidades que
não tem acesso à energia elétrica.
A instalação desses sistemas nas comunidades isoladas (geralmente de baixa renda) pode
trazer muitos benefícios como: sistemas de bombeamento de água limpa, acesso à
informação, refrigeração de alimentos e medicamentos, iluminação; desse modo elevando
a qualidade de vida, e promovendo inclusão, com acesso à comunicação e integração
nacional (WWFBRASIL, 2020).
“O retorno dos moradores não poderia ser melhor. Somente com uma unidade do freezer,
os mais de 70 moradores não compram mais gelo, reduziram o salgamento de peixes e
passaram a trabalhar numa cadeia que antes não podiam: a do açaí. Agora, na própria
comunidade, colhem, despolpam e refrigeram a polpa da fruta. Conseguiram melhores
preços e aumentaram os laços com outras comunidades, ao oferecer gelo e espaço para
beneficiamento e resfriamento de produtos”.
1
A máquina de gelo solar (MGS) do Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos (LSF/IEE/USP) foi
desenvolvida entre 2007 e 2009 pelo pesquisador Carlos Driemeier, sob orientação do prof. Roberto Zilles,
e contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
29
desenvolvidos pelo IPEA (Desenvolvimento Brasileiro; Sustentabilidade Ambiental;
Livro 7 - 2010), que expressa:
30
Figura 10. Fonte: Ministério do Meio Ambiente - 2016.
A inserção da matriz solar configura uma importante estratégia energética para o Brasil,
no sentido de evitar o acionamento das termelétricas, que são grandes emissoras de GEE
(ABSOLAR, 2020).
A crescente preocupação global do uso da energia e seus efeitos no meio ambiente com
a emissão de GEE, impulsiona a ação do Estado na implementação de políticas públicas
e regulação direcionadas ao desenvolvimento economicamente sustentável.
Um dos desafios da regulação do setor elétrico nacional, está relacionado à adaptação dos
processos regulatórios aos atuais cenários de desenvolvimento sustentável e
transformação tecnológica (DAVID, 2018). Nos modelos internacionais, o
desenvolvimento da geração distribuída teve relação direta com as ações regulatórias de
incentivo implementadas pelos governos (IPEA, 2020). Nesse sentido, as seguintes
normas foram determinantes para a criação e desenvolvimento da geração distribuída no
Brasil:
31
Estabelecida pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), foi o ato regulatório
que impulsionou o crescimento da geração distribuída, principalmente da energia solar
fotovoltaica.
32
mesmo titular, nos termos do Sistema de Compensação de Energia Elétrica, estabelecido
pela Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012”.
Financiamento para Pessoa Física - até 240 meses com taxas de juros de mercado.
• Leilões públicos:
33
fotovoltaicos. Foi uma importante estratégia para criação de demanda e fomentação da
cadeia produtiva.
• A biota;
Apesar do baixo impacto ambiental nas etapas da cadeia produtiva solar fotovoltaica,
(WWF BRASIL – Estudo, 2015), dois aspectos são destacados como pontos críticos a
serem avaliados (TOLMASQUIM, 2016). O primeiro se refere à geração fotovoltaica
centralizada, com relação ao uso e ocupação do solo, que pelo uso de grandes áreas pode
ocorrer intensificação de erosão, desmatamento e interferência na fauna e flora local.
Como medidas para diminuir ou evitar tais impactos, estudos e planejamento prévio
devem ser elaborados a fim de escolher a localidade com a menor risco de impacto, para
implantação dos projetos, assim como a utilização de mecanismos de recuperação em
torno da área afetada, como o replantio da vegetação nativa e o resgate da fauna. O
segundo ponto é o descarte dos sistemas fotovoltaicos, pelo importante fato de conter
metais pesados na estrutura dos módulos, que podem causar danos ambientais pela
contaminação terrestre e das águas subterrâneas, afetando a saúde humana. Sob esse
aspecto, a Política Nacional de Resíduos Sólidos dá as diretrizes para a destinação do lixo
eletrônico, devendo ser priorizados a reutilização e reciclagem.
34
2.11 Descarte de Painéis Solares
35
Figura 11: Diagrama de fluxo de processo das fases do ciclo de vida para painéis fotovoltaicos e oportunidades
resultantes para redução, reutilização ou reciclagem. Fonte: IRENA (2016).
A estratégia de reuso dos módulos solares (segunda melhor estratégia – IRENA, 2016),
vem sendo estimulada na União Europeia através do financiamento de projetos de
reaproveitamento dos paineis solares, como por exemplo, em estaçoes de carregamento
de bicicletas elétricas (ÉPOCA NEGÓCIOS, 24/10/2020).
Os módulos que não tem possibilidade de serem reparados para serem reutilizados,
seguem para reciclagem. Na reciclagem, os módulos são desmontados, os materiais são
separados e uma parte é incinerada e tratada quimicamente para retirada de metais.Os
materiais mais obtidos através do processo são: alumínio, plástico, vidro, silício, cobre,
telúrio e prata (Araújo, 2020).
36
A Diretiva Europeia para Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE),
recepcionou os módulos fotovoltaicos como REEE em 2012 e determinou a prática da
logística reversa envolvendo importadores, fabricantes, fornecedores e revendedores nos
países europeus.
37
Figura 12: Responsabilidade Compartilhada pelo Ciclo de Vida dos Produtos. Fonte: PNRS.
38
Em fevereiro de 2020, o Decreto 10242/2020 estabeleceu as regras para implementação
do sistema de logística reversa previsto na PNRS.
III - Transporte dos produtos eletroeletrônicos descartados dos pontos de recebimento até
os pontos de consolidação, se necessário; e
39
3 Metodologia
Este trabalho foi fundamentado em pesquisa bibliográfica, realizada por meio de livros,
periódicos científicos e artigos disponibilizados nos endereços eletrônicos de instituições
públicas e organizações nacionais e internacionais, empresas privadas e associações
ligadas ao setor de energia. Todo o material referenciado na vasta literatura pesquisada,
sobre Energia Solar Fotovoltaica, foi analisado, comparado e compilado neste estudo. O
processo utilizado foi a leitura, interpretação e seleção dos textos pertinentes ao objetivo
do trabalho que tem como foco a evolução da matriz solar no contexto de sustentabilidade,
e seus potenciais efeitos ambientais, sociais e econômicos no Brasil.
40
4 Resultados e Discussão
De acordo com o estudo apresentado, os benefícios que a matriz solar proporciona como
fonte energética não poluidora, democrática, inclusiva, inovadora e a baixo custo,
refletem uma perspectiva de longo prazo para que o país alcance, de forma amplificada,
todos os aspectos que essa tecnologia tem potencial de realizar, especialmente no Brasil,
favorecido com o potencial de irradiação solar constatado; pois ainda estamos iniciando
o processo de utilização dessa matriz energética. Contudo, os resultados alcançados até o
momento são um indício de que quando há políticas públicas de estímulo ao
desenvolvimento de novas tecnologias que alcançam as necessidades da sociedade, esta
corresponde positivamente.
41
5 Conclusão
Os benefícios que a matriz solar pode trazer do ponto de vista econômico, social e
ambiental estão alinhados com o conceito de sustentabilidade e contribuem para a
independência energética nacional, fator este, que é fundamental para o desenvolvimento
e competitividade de um país.
A tecnologia Solar Fotovoltaica é uma temática que implica relações sociais, econômicas
e ambientais, com necessidade de inovações regulatórias que viabilizem o
desenvolvimento e mantenham o equilíbrio entre essas relações, administrando o conflito
de interesses entre os stakeholders envolvidos nesse mercado.
42
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