Economia Ambiental Sustentável: Os Combustíveis Fósseis E As Alternativas Energéticas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

RODRIGO BARCELLOS PIVA

ECONOMIA AMBIENTAL SUSTENTÁVEL:


OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS E AS ALTERNATIVAS
ENERGÉTICAS

Porto Alegre
2010
1

RODRIGO BARCELLOS PIVA

ECONOMIA AMBIENTAL SUSTENTÁVEL:


OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS E AS ALTERNATIVAS
ENERGÉTICAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Econômicas pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFRGS.

Orientador: Prof. Eduardo Filippi

Porto Alegre
2010
2

RODRIGO BARCELLOS PIVA

ECONOMIA AMBIENTAL SUSTENTÁVEL:


OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS E AS ALTERNATIVAS
ENERGÉTICAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Ciências Econômicas pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul -
UFRGS.

Aprovado em: Porto Alegre, _____ de ___________ de 2010.

____________________________________
Prof. Eduardo Filippi - orientador
UFRGS

____________________________________
Prof. Carlos Mielitz
UFRGS

____________________________________
Prof. Leonardo Xavier da Silva
UFRGS
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor Eduardo Filippi pela colaboração e auxilio prestados à


realização deste trabalho, bem como o apoio e dedicação que foram fundamentais para que eu
atingisse o fim dessa etapa de suma importância em minha vida.

Aos meus pais Arlete, Jefferson e à minha irmã Letícia, que tiveram uma
participação terminante na minha vida, sempre acreditando e incentivando eu realizar minhas
convicções, sonhos e realizações pessoais.

Peço um obrigado a todos os meus repletos amigos, pela ajuda e por todos os
momentos que estivemos juntos.

Agradeço do coração a todas as pessoas que desejam tornar nosso mundo um lugar
melhor e mais alegre, em grandes e pequenas atitudes.

A todos, grande abraço!


4

RESUMO

O trabalho é realizado com o objetivo de identificar o comprometimento ambiental


ligados a cada uma das fontes de energias disponíveis e utilizadas no mercado mundial. O
meio ambiente é um recurso do qual a humanidade depende, mas este recurso está se tornando
cada vez mais escasso, em função da má utilização recursos naturais disponíveis. Então, o
desenvolvimento sustentável procura atender às necessidades da atual geração, sem
comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias demandas.
No período atual, as possibilidades de energias obtidas através de nascentes
renováveis são entendidas como alternativas da substituição dos adustíveis fósseis, que
emitem muitos gases antropogênicos. É apresentado o desenvolvimento de tecnologias
avançadas, desde a exploração e produção até a captação de energias renováveis.

Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Matriz Energética, Combustíveis Fóssies,


Energias Renováveis, Emissão de CO2.
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ABSTRACT

The work is carried out to identify the environmental commitment related to each of
the energy sources available and used in the world market. The environment is a resource on
which humanity depends, but this resource is becoming increasingly scarce due to misuse of
natural resources. So, sustainable development seeks to meet the needs of present generation
without compromising the ability of future generations to meet their own demands.
In the current period, the possibilities of energy obtained from renewable sources are
seen as alternatives fuels of replacing fossil fuels, which emit many anthropogenic gases. We
present the development of advanced technologies, from exploration and production to
capture renewable energy.

Keywords: Sustainable Development, Energy Mix, Fossil Fuels, Renewable Energy, CO2
Emissions.
6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Curva de Kunznets Ambiental (CKA).................................................................. 17


Figura 2 - Emissões de Dióxido de Carbono por Região....................................................... 22
Figura 3 - Emissões de Dióxido de Carbono no Brasil.......................................................... 24
Figura 4 - Oferta Mundial de Energia Primária (2007) ......................................................... 26
Figura 5 - Consumo Final Mundial de Energia (2007).......................................................... 26
Figura 6 - Divisão do Consumo de Energia por Região em 2009.......................................... 27
Figura 7 - Evolução da estrutura da oferta de energia (1970 - 2030) ..................................... 30
Figura 8 - Histórico da Produção Mundial de Energias Fósseis (1800-2008) ........................ 32
Figura 9 - Reservas Mundiais de Petróleo (2009) ................................................................. 35
Figura 10 - Histórico da Produção Brasileira de Petróleo Bruto (mil Barris diários) ............. 36
Figura 11 - Consumo de Petróleo por Região (Milhões de barris diários) ............................. 39
Figura 12 - Divisão da demanda de petróleo no Brasil (2006) ...............................................40
Figura 13 - Reservas de Carvão Mineral por região (milhões de toneladas) .......................... 43
Figura 14 - Produção de Carvão Mineral por região (Mtep).................................................. 44
Figura 15 - Consumo de Carvão Mineral por região (Mtep) ................................................. 45
Figura 16 - Consumo de Carvão Mineral no Brasil (Mtep) ................................................... 46
Figura 17 - Distribuição Geográfica das Bacias de Gás natural Sul-Americana (2007) ......... 50
Figura 18 - Matriz Energética Brasileira (2005) ................................................................... 52
Figura 19 - Consumo de Gás Natural (em bilhões de metros cúbicos) .................................. 53
Figura 20 - Investimentos em Energias Renováveis (Bilhões de Dólares)............................. 57
Figura 21 - Consumo de Energias Renováveis (Btu)............................................................. 57
Figura 22- Geração mundial de eletricidade por fonte de energia renovável (bilhões de
quilowatts-hora)................................................................................................................... 58
Figura 23 - Consumo de Energia Hidrelétrica por Região (Mtep) ......................................... 60
Figura 24 - Vantagens x desvantagens do uso de Hidrelétricas ............................................. 61
Figura 25 - Produção Global de Etanol (Mtep) ..................................................................... 64
Figura 26 - Capaciade Instalada de Energia Solar (Megawatts) ............................................ 66
Figura 27 - Velocidade média anual do vento a 50m de altura (MW) ................................... 69
Figura 28 - Capacidade Instalada Acumulada de Turbinas Eólicas no Brasil (MW).............. 70
Figura 29 - Usina Geotérmica (Hot Dry Rock) ..................................................................... 71
Figura 30 - Capacidade Instalada Acumulada de Potência Geotérmica (Megawatts)............. 72
7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Projeções Globais de Emissões de CO2 (1990/2030)........................................... 23


Tabela 2 - Participação (executado e projetado) de cada Energia Primária na matriz energética
mundial (Mtep) .................................................................................................................... 28
Tabela 3 - Histórico da Produção Mundial de Petróleo (em mil barris diários)..............................36
Tabela 4 - Produção de Carvão Mineral por região (Mtce) ................................................... 44
Tabela 5 - Demanda de Carvão Mineral por região (Mtce) ................................................... 47
Tabela 6 - Reservas Comprovadas de Gás Natural (em trilhões de metros cúbicos) .............. 49
Tabela 7 - Produção de Gás Natural (em bilhões de metros cúbicos) .................................... 51
Tabela 8 - Reservas de gás natural no mundo (2009)............................................................ 51
Tabela 9 - Produção de gás natural por países selecionados (2009)....................................... 52
Tabela 10 - Consumo de gás natural (2009) ......................................................................... 54
Tabela 11 - Capacidade Instalada Acumulada de Turbinas Eólicas (MW).. .......................... 68
8

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 09

2 MEIO AMBIENTE......................................................................................................... 11
2.1 REVISÃO HISTÓRICA ................................................................................................ 12
2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................... 13
2.3 A ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE ....................................................................... 16
2.4 LIMITES À EMISSÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)...................................... 20

3 MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL ........................................................................... 25

4 COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS........................................................................................... 31
4.1 O PETRÓLEO ............................................................................................................... 33
4.1.1 A Oferta de Petróleo.................................................................................................... 34
4.1.2 A Demanda de Petróleo............................................................................................... 38
4.2 O CARVÃO MINERAL ................................................................................................ 40
4.2.1 A Oferta de Carvão Mineral ........................................................................................ 42
4.2.2 A Demanda de Carvão Mineral ................................................................................... 45
4.3 O GÁS NATURAL........................................................................................................ 48
4.3.1 A Oferta de Gás Natural .............................................................................................. 49
4.3.2 A Demanda de Gás Natural ......................................................................................... 52

5 FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA ...................................................................... 55


5.1 ENERGIA HIDRELÉTRICA......................................................................................... 59
5.2 ENERGIA A PARTIR DA BIOMASSA........................................................................ 61
5.3 ENERGIA SOLAR ........................................................................................................ 65
5.4 ENERGIA EÓLICA....................................................................................................... 67
5.5 ENERGIA GEOTÉRMICA ........................................................................................... 71

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 74

REFERÊNCIAS................................................................................................................. 76
9

1 INTRODUÇÃO

O sistema econômico que vivemos a partir da Revolução Industrial do século


XXVIII passou a enxergar o mundo de uma maneira menos sustentável, a longo prazo, e ver o
meio ambiente como um depósito dos entulhos das companhias que utilizavam o carvão
mineral, combustível necessário para dar funcionamento aos equipamentos industriais, como
fonte de energia.
Com o tempo e o avanço das tecnologias de produção, especialistas averiguaram que
a utilização de combustíveis fósseis (carvão mineral; e depois, o petróleo) ia aumentar as
preocupações ambientais. Um movimento global para a geração de energias renováveis é,
portanto, posto sob forma de ajudar a satisfazer as necessidades energéticas que vem
aumentando.
A Geração de energia e a pobreza são as principais causas da degradação ambiental
no planeta Terra. Preservação do ambiente é uma obrigação e condicionante essencial para
qualquer modelo de desenvolvimento econômico. O mundo está na busca de fontes de
energias renováveis. As energias renováveis ajudam a conservar o planeta compartilhado por
todas as nações e devem estar disponíveis para utilização por todos os seres humanos, tanto os
que estão vivos hoje como as gerações vindouras.
O interesse surge da possibilidade de se alcançar uma eficiência energética com
possibilidade de se chegar a um desenvolvimento mundial energético sustentável. As maiores
discussões econômicas nos dias atuais têm como pauta o ineficiente padrão de produção
mundial, que consiste em utilizar métodos que agridam o nosso meio ambiente, que já emite
claros sinais de exaustão.
Uma das mais importantes fontes de emissões globais de dióxido de carbono é a
queima de combustíveis fósseis para geração de energia. Atualmente, já existe uma
concordância da possibilidade de uma mudança que leve nosso mundo para um acréscimo
econômico desenvolvido num caminho sustentável, em que se alcance uma eficácia
energética adequada para conseguir o imperativo das atuais e futuras gerações. Esta mudança
alternaria a maneira produtiva da produção atual e deixaria o mundo menos desigual, trazendo
acúmulos para toda a sociedade.
O objetivo do trabalho é analisar as maiores matrizes energéticas mundiais, e a do
Brasil em separado, suas projeções e o seu crescimento. Pretende-se conseguir analisar um
referencial teórico que sirva como base debater os assuntos abordados neste trabalho, assim
10

como apresentar as fontes de energias fósseis e renováveis que encontramos nos dias de hoje e
identificar os benefícios e problemas de cada uma delas, seja na questão econômica ou,
principalmente, na ambiental.
O atual trabalho está dividido em cinco capítulos. No próximo capítulo será
apresentado o conceito de meio ambiente, depois a área de desenvolvimento sustentável,
conectando com as emissões globais de dióxido de carbono vinculando às matrizes
energéticas. Conhecimento para uma visão agregada entre o meio ambiente e o constante
crescimento econômico.
No terceiro capítulo será apresentada a matriz energética mundial. Historicamente
dominada pelo carvão, petróleo e gás natural. Como as economias e populações em todo o
mundo continuam a crescer, um portfólio mais diversificado de fontes de energia serão
apresentados para apoiar e sustentar a atividade econômica. Embora o carvão, o petróleo e o
gás natural continuarão indispensáveis para acompanhar a demanda projetada de energia, será
analisado o desenvolvimento de fontes de energia economicamente viáveis para garantir um
futuro de energia confiável e seguro.
No quarto capítulo serão apontadas as fontes de energia de origem fóssil: o petróleo,
o carvão mineral e o gás natural. O petróleo, primeiro elemento, terá um apontamento
histórico, desde o início de sua utilização até uma análise mais profunda do seu mercado de
produção e consumo. Os elementos seguintes, carvão mineral e gás natural, serão analisados
mais tecnicamente com base em tabelas e figuras que ajudarão a conceituá-los e situá-los na
matriz energética mundial e brasileira.
No quinto capítulo serão consideradas as fontes de energia alternativas. Nesse
capítulo será indicada sua oferta e demanda no mercado mundial, assim como seus pontos
positivos para o desenvolvimento sustentável. Origem e o modo de operação. No sexto
capítulo se comentarão as conclusões e recomendações finais do trabalho.
11

2 MEIO AMBIENTE

O meio ambiente pode ser conceituado como uma interação entre os organismos
vivos (vegetais e animais) com o meio externo (água, terra, ar, etc.). Este meio externo é o
responsável por proporcionar condições para que os seres vivos alcancem o desenvolvimento
biológico, social e psíquico, formando um ecossistema propício para a evolução. Tal
integração tem como fundamento um referencial teórico, científico, doutrinário e filosófico,
assim como uma base ética e moral que dimensionam e orientam as atitudes dos agentes
econômicos, políticos e sociais nas tomadas de decisões.
O meio ambiente, portanto, é o conjunto de condições, leis, influências e interações
de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permitem, abrigam e
regem a vida em todas as suas formas. O homem, como qualquer animal, exige condições
ambientais (o ecos e o habitat), físicas e culturais equilibradas para um desenvolvimento
normal e integral.
O meio ambiente é um recurso do qual a humanidade depende, mas este recurso está
se tornando cada vez mais escasso em função do crescimento populacional, da riqueza
acumulada pelo crescimento econômico e das inovações tecnológicas. Existem diferentes
níveis de degradação do meio ambiente entre os países, porém a poluição e a degradação
ambiental são problemas mundiais, independente do sistema político e ideológico adotado
pelos países.
O diagnóstico de Desenvolvimento Sustentável acompanha o conflito entre a divisão
sobre o aumento econômico e o crime ambiental. A partir de 1960 é que se inicia a reflexão
em torno do tema, época em que são alcançados estudos, exposições e documentos com o
tamanho pleno do problema ambiental. A análise de eco desenvolvimento foi definido por
Sachs o precursor do que hoje se conhece como o Desenvolvimento Sustentável.
Sachs (1986) confirma que o meio ambiente nada mais é do que a estabilização entre
todos os recursos naturais que se encontram no mundo, assim como sua qualidade, e a
satisfação do nível de vida através do alcance de soluções renováveis.
12

2.1 REVISÃO HISTÓRICA

A partir da década de 70, com a eclosão dos dois choques de aumento do preço do
petróleo, a humanidade começou a tomar consciência de que era necessário compatibilizar o
crescimento econômico com a conservação de recursos naturais. O período iniciado nos anos
70 até a abertura da década de 80 caracterizou-se pela concretização de múltiplos eventos de
grande valor para a percepção global das dificuldades ambientais e suas consequências na
vida no planeta. Os maiores episódios que abalizaram esse momento, predominante na época,
foram: a Conferência da ONU em Estocolmo, em 1972, vista como marco inicial dos debates
ambientais; os estudos elaborados pelo Clube de Roma, entre 1968 e 1976 e o Relatório
elaborado pelo Conselho Ambiental Americano Quality Enviroment Council para o governo
de Jimmy Carter, em 1980, nomeado Global Report 2000.
A ECO-92, realizada na cidade do Rio de Janeiro, tinha como eixo central analisar
tendências de políticas e ações dos países e organizações internacionais para resguardar o
meio ambiente, além de averiguar como os discernimentos haviam sido adicionados nas
políticas e no planejamento econômico e social (desde a Conferência da Suécia). Nesta
conferência, mais de 150 países firmaram o balanceamento das emissões de gases
antecessores do efeito estufa (GEE), a fim de manter o equilíbrio climático mínimo e
promulgar o desenvolvimento sustentável de maneira efetiva. A primeira resolução decidida
ficou conhecida como a Carta da Terra, uma espécie de código de conduta para harmonizar as
ações de desenvolvimento com o meio ambiente. A segunda foi a Agenda 21, abrangendo 21
pontos a serem seguidos na busca por um desenvolvimento sustentável.
Em 1997 foi instituído o Protocolo de Kyoto, num encontro jurídico internacional
para prever medidas concretas de redução de emissões de GEE. Por meio do princípio de
responsabilidade comum, mas diferenciada, reconheceu-se que os países desenvolvidos
devem ter responsabilidades distintas em razão de sua maior contribuição histórica e atual no
agravamento do efeito estufa. Tal protocolo estabeleceu compromissos quantificados de
redução de emissões apenas aos países desenvolvidos e industrializados, reduzindo-os aos
níveis do ano de 1990.
Em setembro de 2002 realizou-se em Johanesburg, na África do Sul, a conferência da
ONU, a ECO-2002, com o objetivo de avaliar mudanças ocorridas nos dez anos passados
desde a reunião do Rio de Janeiro (ECO-92), quando se reconheceu internacionalmente que a
proteção ao meio ambiente e o manejo dos recursos naturais precisam ser integrados com
13

assuntos sócio-econômicos como pobreza e subdesenvolvimento.


Nota-se, cada vez mais, uma escassez dos recursos naturais devido ao crescimento
demográfico, às tecnologias predatórias e à acumulação de riquezas criadas pelo sistema
capitalista. O meio ambiente é visto como um meio escasso, e por essa razão cabe à economia
a intencionalidade de utilizar os recursos naturais de maneira a aumentar o bem-estar dos
cidadãos sem causar prejuízos. A preocupação das ciências econômicas está, basicamente, em
adaptar aos recursos naturais um emprego mais eficiente capaz de gerar máximas utilidades.
Dentre todas as regiões industrializadas, cada país é responsável por um nível de
destruição ambiental, tal deterioração é inteiramente desvinculada do sistema político-
ideológico adotado por cada um dos países. Para o pesquisador Sachs, os assuntos relativos às
soluções das questões internacionais ambientais não podem ser renegados somente ao
Ministério do Meio Ambiente, como se o assunto fosse separado da economia de tal país.
Segundo o autor, o assunto não pode ser tratado como se a miséria ambiental estivesse
separada dos problemas internacionais.

2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O termo desenvolvimento sustentável foi utilizado pela primeira vez em 1983, pela
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU, e foi
apresentado o conceito de desenvolvimento sustentável como nova configuração de
desenvolvimento. Segundo Mendes, “Desenvolvimento Sustentável é atender às necessidades
da atual geração, sem comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias
demandas”. Entre os princípios básicos visando sua aplicação se destacam: a integração da
natureza com desenvolvimento, a satisfação das necessidades humanas fundamentais, a
perseguição à equidade e justiça social, a busca da autodeterminação social, o respeito à
diversidade cultural e a manutenção da integridade ecológica.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi contemplado pela primeira vez com o
nome de eco desenvolvimento pelo Secretário-Geral da Conferência de Estocolmo, Maurice
Strong (1972). A teoria do eco desenvolvimento, com Strong, levou em conta as regiões
rurais da África, Ásia e América Latina que sofreram enormes e incomensuráveis extrações
de seus recursos naturais com a super utilização dos solos para pagamento de dívida externa,
ou seja, para o desenvolvimento industrial da Europa.
14

Posteriormente, foi ampliado para desenvolvimento sustentável, por Ignacy Sachs,


além das questões ambientais, as sociais, as de gestão participativa, a ética e a cultural. Com
Sachs, a visão se amplia e passa a expressar uma relação até então não explicitada
teoricamente de que a má distribuição dos frutos do crescimento econômico e os
desequilíbrios ambientais são provocados pelo ritmo de produção e incorporação das
matérias-primas existentes na natureza. Segundo ele, seis aspectos deveriam guiar o
desenvolvimento:
a) satisfação das necessidades básicas;
b) pensamento e solidariedade com as gerações futuras;
c) participação da população envolvida;
d) preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral;
e) elaboração de emprego garantido, segurança social e respeito cultural;
f) programas de educação.

Para Sachs, existem ocorrências diretas para os países menos desenvolvidos


encontrarem mais dificuldade para entrar na fase de sustentabilidade ambiental. Apesar disto
eles têm um potencial latente para construir estratégias nacionais includentes, sustentáveis e
sustentadas, capazes de quebrar o ciclo vicioso de subdesenvolvimento e pobreza. O
“desenvolvimento a partir de dentro” é a melhor, se não a única, oportunidade para o
desenvolvimento. Criando mercados internos mais dinâmicos melhorando a competitividade
sistêmica das economias nacionais. De acordo com Sachs (2004, p. 69):

Os relatórios da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e


Desenvolvimento) sobre os países menos desenvolvidos oferecem uma análise
precisa da situação. Sejam quais forem as suas diferenças em termos de tamanho,
população, densidade demográfica, patrimônio natural, localização geográfica,
geopolítica e história, todos eles são tolhidos por uma armadilha de pobreza
estrutural, em virtude do acentuado subdesenvolvimento de suas forças produtivas,
agravado por um ambiente internacional desfavorável e pela falta de um
compromisso autêntico dos países ricos no sentido de lhes dar assistência. Assim
estes pequenos países são os principais perdedores na globalização assimétrica.

O debate sobre desenvolvimento vem sendo travado há algumas décadas, mas


recentemente se intensificou, e muitas vezes de maneira estimulante, devido às drásticas
mudanças políticas que o mundo tem sofrido, dentre elas, o forte acirramento social e a
incessante degradação do meio ambiente. Neste contexto delicado, surge a proposta de um
desenvolvimento sustentável como alternativa desejável - e possível - para promover a
inclusão social, o bem-estar econômico e a preservação dos recursos naturais.
15

Na questão sustentável, existe um debate antigo: existem aqueles que acreditam que
o mundo é um sistema único que sofre consequências, porém há alguns que imaginam que o
modelo hegemônico pode ser acertado à sustentabilidade. A questão é simples: conservar as
condições que tolere a vida no planeta, ou cultivar o sistema, procurando a sustentabilidade. O
segundo busca a idéia de encontrar novas tecnologias alternativas, porém não impactantes e
sem questionar o padrão produtivo vigente. Diferente do primeiro que entende a Terra como
um sistema holístico. Vendo desta maneira, temos uma definição bem interessante para o
Desenvolvimento Sustentável, vinda de Ribeiro (1996, p. 99):

Desenvolvimento Sustentável poderia ser então, o resultado de uma mudança no


modo da espécie humana se relacionar com o ambiente, no qual a ética não seria
apenas entendida numa lógica instrumental, como desponta no pensamento eco-
capitalista, mas sim, embasada em preceitos que ponderassem as temporalidades
alteras à própria espécie humana, e, porque não, também as internas à nossa própria
espécie.

As idéias que separam as culturas não surgem de uma hora para outra, quanto mais
complexas elas aparecem, mais elas necessitam ser discutidas. Por isso se faz necessário um
Governo Universal articulando e mobilizando a participação das nações e dos cidadãos do
mundo para conciliar e ajudar nestas decisões.
Segundo a Comissão Mundial de Meio Ambiente foi criado o relatório Nosso Futuro
Comum. Com isso, seria necessário da sociedade criar maneiras e atitudes para encontrar,
neste relatório, o real caminho do desenvolvimento sustentável. A preocupação com o meio
ambiente deve se traduzir em cooperação entre países com padrões diferentes de
desenvolvimento econômico e social e abranja a consecução de objetivos comuns e
interconectados.
Por esta mesma Comissão Mundial de Meio Ambiente, da ONU, há uma visão
integral dos efeitos dos problemas sociais, econômicos e ecológicos da sociedade global.
Existe uma ligação entre economia, tecnologia, sociedade e política que mostra um novo
caráter ético do mundo atual, que delineia a culpabilidade entre as gerações da sociedade. A
sustentabilidade das civilizações humanas vai depender da capacidade de nos submetermos
aos preceitos de prudência ecológica e de fazer um bom uso da natureza. Por isso se concluiu
que, pela defesa do conceito de desenvolvimento sustentável como utopia do século XXI, se
postula a necessidade de buscar os novos paradigmas científicos.
Alguns princípios filosófico-científicos, que foram elaborados através de novas
teorias e paradigmas, e podem determinar a construção de uma abordagem sustentável, estão
16

listados abaixo:
a) Contingência: refere-se à capacidade humana da construção do não-necessário;
b) Complexidade: lista a associação do objeto ao próprio ambiente;
c) Sistêmica: código holístico com a capacidade de incluir aspectos sobre
autonomia e integração;
d) Recursividade: reorganização constante junto da arrumação ativa;
e) Conjunção: informação dos entes e das abordagens;
f) Interdisciplinaridade: uma correção pela quebra da Razão.

2.3 A ECONOMIA E O MEIO AMBIENTE

A entrada da Economia no problema ambiental surge a partir da necessidade de


controlar o mau uso dos bens ambientais, principalmente em relação aos problemas de
poluição que ocorreram nas grandes cidades dos países desenvolvidos na década de 70. O
incremento na atividade econômica vai, gradativamente, aumentando a geração de elementos
poluentes, crescimento econômico este que induz a mudanças estruturais na economia, fato
que eleva ainda mais as atividades “predatórias” da sociedade.
Na visão da economia ambiental, as medidas mais acertadas criariam maneiras para
que mecanismos de mercado pudessem ter um livre funcionamento. Para poder resolver este
problema Pigou propôs que era possível alcançar a solução de equilíbrio mediante a
imposição de um imposto (o famoso imposto pigouviano). Já a proposta de Coase, diz que é
possível uma solução ótima a partir da definição dos direitos de propriedade. Na visão de
Romeiro (2001, p, 11):

[...] a segunda solução implicaria privatização de recursos como a água, energia, ar,
etc. esbarrando no elevado custo decorrente dos processos de barganha que
envolveriam milhares de agentes. A primeira pressupõe ser possível calcular valores
a partir de uma curva marginal de degradação ambiental, sendo também de difícil
execução, uma vez que os impactos ambientais evoluem de modo imprevisível.

Assim os economistas ambientais tem inicialmente formulado propostas baseados


nas políticas de controle e, posteriormente, de desenvolvimento tecnológico. Quanto ao
problema do controle ambiental a idéia básica é o reconhecimento de que o mercado se tem
visto na impossibilidade de poder controlar os problemas ambientais porque não tem sido
17

possível a internalizarão dos custos ambientais. Então a solução do problema passa por
corrigir esta distorção.
Segundo Romeiro, comentado o conceito de desenvolvimento sustentado e
perspectiva econômica (2001, p.10):

O desenvolvimento deve ser compreendido como um conceito que exige definição


interdisciplinar porque, além de fenômeno meramente econômico, ele é fenômeno
social, político, cultural. Os objetivos e metas da própria economia como um todo
são atingidos na medida em que são alcançados objetivos sociais, políticos e
culturais, para cuja consecução economia serve de meio e condição indispensável.
Aumentar a produção sem que aumentem as decisões internas à economia ou
aumentar a produção sem que haja processo endógeno irreversível.

As utilidades individuais em função do crescimento econômico, observadas


empiricamente, estão relacionadas a uma menor escassez crescente dos serviços econômicos
devido à poluição, configurando a Curva de Kuznets Ambiental (CKA): à medida que a renda
per capita se eleva com o crescimento econômico, a degradação ambiental aumenta até certo
ponto. Contudo, após certo nível de renda (chamado de “turning point”), essa tendência se
reverteria de tal forma que a qualidade ambiental melhoraria com o crescimento econômico.
Ocorrendo um “descolamento” entre a atividade econômica e a pressão ambiental como pode
ser observado na Figura 1.

“Turning point”
Im p a c to a m b ie n ta l

Renda per Capita


Figura 1 – Curva de Kunznets Ambiental (CKA)
Fonte: Elaboração do Autor

A inversão da trajetória positivamente inclinada para uma negativamente inclinada


ocorre por alguns fatores:
a) uma elasticidade-renda positiva para a qualidade ambiental;
18

b) alterações na composição da produção e consumo;


c) maior conscientização das atividades econômicas sobre o meio ambiente;
d) sistemas políticos mais abertos.

Na fase pós-industrial, o setor de serviços responde por grande parte do Produto


Interno Bruto (PIB), o que acaba gerando um impacto positivo sobre o meio ambiente. E,
finalmente surge um efeito técnico, pois com a chegada do progresso tecnológico, acontece a
chegada de um crescimento menos poluidor pelo uso de tecnologias mais avançadas.
Um problema ambiental que tem recebido alta consideração é o da utilização dos
recursos naturais. Segundo Romeiro (2001), a princípio, os recursos naturais nem eram
considerados como fatores de produção e, portanto, não faziam parte da função de produção,
conforme evidenciado na função de produção que se segue:

Y = f (K, L)

Onde: Y = produto; K = capital; L = trabalho.

Com o tempo, os recursos naturais passaram a ser incluídos nas representações das
funções de produção, mantendo sua forma multiplicativa, significando substituição perfeita
entre capital, trabalho e recursos naturais, onde a disponibilidade desses recursos pode ser
superada pelo progresso técnico que os substitui pelo capital (ou trabalho), como ilustrado a
seguir.

Y = f (K, L, N)

Onde: Y = produto; K = capital; L = trabalho; N = capital natural.

A fundamental discussão sugerida pela Economia Ambiental se baseia na criação de


organismos que visem a alocação eficiente dos recursos naturais. Para que tal fluxo teórico
seja alcançado, a estrutura do mercado deve ser aproveitada com vistas à decisão de alocações
competentes dos recursos naturais. Mesmo não existindo mercados para tais ativos, busca-se,
através de métodos que têm como base a economia neoclássica, “construir” mercados
hipotéticos para tais recursos, possibilitando assim, a determinação da “alocação ótima” dos
mesmos. A valoração dos recursos ambientais seria um mecanismo eficaz para refletir no
19

mercado os níveis de escassez de parte dos recursos naturais, propiciando condições para que
a “livre” negociação nos mercados de commodities ambientais pudesse definir o nível ótimo
de exploração e alocação desses recursos.
Certos elementos peculiares aos recursos naturais os tornam fontes de falhas que
impedem sua alocação eficiente. Algumas dessas características são examinadas como se
segue:
a) Exclusividade: Acontece quando se pode afastar determinas pessoas do
benefício de algum bem. Não existe esta possibilidade nos bens públicos, que
são considerados não-exclusivos, o que impede a adoção de alternativas que
busquem a preservação dos mesmos e seu uso competente e em escala
sustentável.
b) Rivalidade: Bens rivais são os que o uso de uma unidade por algum cidadão
impede o uso da mesma unidade por outro (comida, carros, casas, etc.). Tal
característica define o processo de decisão, pois a utilização do recurso depende
disso. Se o uso presente dos recursos for uma barreira para usos seguintes,
devem-se definir quem poderá usufruir de tais recursos. As gerações futuras
também dependem das decisões atuais e podem ser prejudicadas pela escassez
dos recursos caso os mesmos sejam esgotados pela geração presente.
c) Congestionabilidade: Bens congestionáveis são aqueles que se comportam
como rivais no momento em que esgotam sua carga. Depois desse ponto passam
a se comportar como se fossem rivais.
d) Irreversibilidade: Os irreversíveis são aqueles recursos que possuem um
determinado limite de exploração. Contudo, quando sua utilização é superior ao
seu limite o retorno às condições anteriores é lento ou, muitas vezes, até
impossível.
e) A falta de direitos de propriedade bem definidos também gera falhas de
alocação e dificuldades de adoção de medidas que busquem tornar a utilização
dos recursos de forma eficiente.

Porém, para os economistas ambientais da corrente Neoclássica considera-se que os


recursos naturais não representam, a longo prazo, limite absoluto à expansão da economia.
Esta corrente considera que não há problemas de escassez absoluta, apenas uma escassez
relativa. Avaliando esta hipótese é admissível que certos tipos de recursos têm chance de se
esgotar temporariamente. Os fundamentos da Economia Ambiental, não consideram que os
20

recursos naturais são finitos, o que torna mais garantida a possibilidade da manutenção do
ritmo das atividades produtivas.
Nesse ponto de vista, que existem recursos renováveis e recursos não-renováveis, o
desenvolvimento tecnológico gera oportunidades de se trocar recursos não-renováveis pelos
renováveis. O sistema econômico é grande suficiente, tornando o meio ambiente apenas uma
restrição relativa, superável indefinidamente pelo progresso tecnológico e científico.
Porém, para certos autores, esta substituição é muito complicada de se fazer, já que
os recursos naturais possuem características próprias e que nem sempre podem ser
reproduzidas. Daí surge o anseio de que o emprego dos recursos renováveis pode acabar
pondo em risco o desenvolvimento econômico de uma sociedade. Deste outro lado estão os
ecocêntricos radicais, para os quais o meio ambiente apresenta limites absolutos ao
crescimento econômico, mantidas as taxas observadas da expansão da extração de recursos
naturais e de utilização da capacidade de assimilação da poluição pelo meio ambiente.
Assim, o desenvolvimento sustentável reconhece o poder do progresso técnico para
expandir os limites ambientais, mas não ignora tais limites e propõe que o crescimento
econômico, pode até ser uma condição necessária, mas não é o suficiente para a eliminação da
pobreza, desigualdades sociais e tornar o meio-ambiente apenas uma restrição relativa através
do progresso técnico. Pois, os efeitos contraditórios do progresso técnico e científico não
comprovam esta visão, e verifica-se de um lado o aumento da pressão do sistema econômico
sobre o meio ambiente e de outro a redução dos preços dos recursos naturais, motivada pelo
aumento da eficiência na prospecção e na utilização destes. Neste ponto, torna-se comum a
idéia de que é necessário intervir no processo de desenvolvimento econômico, para que seja
possível conciliar eficiência econômica, equilíbrio social e respeito ao meio ambiente.

2.4 LIMITES À EMISSÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)

A sustentabilidade visa o melhoramento na gestão ambiental e a eficiência


energética, entre outros. O vínculo entre sustentabilidade e a emissão de dióxido de carbono
fica ainda mais claro a partir da criação do Protocolo de Kyoto, em 1997. O Protocolo criou
metas de emissões para cada um dos países desenvolvidos que assinaram o acordo
estabelecendo limites relativos às suas emissões, visando diminuir as emissões com base nos
níveis de 1990. As metas vão desde uma redução de 8% para a União Européia (ou seus
21

estados membros individuais) até para um aumento de 10% para a Islândia. A meta para os
Estados Unidos é de 7 % abaixo dos níveis de 1990, porém o Estados Unidos da América
(EUA) não são signatários do protocolo, alegando que isto iria prejudicar a economia interna
do país.
O dióxido de carbono (CO2) é o mais importante dos poluentes responsáveis pelo
aquecimento global que está alterando o nosso clima. De acordo com especialistas, se
quisermos evitar níveis perigosos de aquecimento global, temos de cortar as emissões de CO2
em 80-90 por cento até 2050. Isso significa que necessitamos de mudança nas formas de
geração de energia, para as que não produzem CO2.
O dióxido de carbono (CO2), o principal gás do efeito estufa (GEE), é produzido
pela queima de combustíveis fósseis, que fornece a maior parte da energia para a atividade
econômica. A ausência de substitutos baratos de baixo carbono para a energia fóssil levou a
uma preocupação generalizada de que as tentativas de reduzir as emissões de gases de efeito
estufa iriam causar aumento drástico dos preços de energia e reduções na produção e no bem-
estar econômico.
Os limites de emissão de GEE negociados no âmbito do Protocolo de Kyoto têm sido
criticados porque essas metas são expressas como tampas fixas sobre a capacidade dos países
para produzir. O caráter absoluto de tais limites não conta para a possibilidade de que as
economias e as suas emissões poderiam crescer mais rapidamente do que era esperado na
época que os objetivos foram negociados, e, portanto, causam maiores perdas econômicas do
que o esperado para os signatários de protocolo.
Os padrões globais da utilização de energia estão subordinados a uma série de
pressupostos, nomeadamente para o crescimento econômico e a evolução política. O
Protocolo de Kyoto determina metas de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE)
e estimula o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Por isso também é importante
abordar as implicações da oferta de combustíveis fósseis e os caminhos de sua demanda em
termos de emissões de GEE, além de incentivar as alternativas energéticas renováveis que
proporcionam um consumo mais limpo.
Para colaborar na solução do problema, também foi criado o mercado de Créditos de
Carbono usado para reduzir as emissões de efeito estufa, dando um valor monetário ao custo
de poluir o ar. Emissões tornam-se um custo interno de fazer negócios e são visíveis no
balanço ao lado de matérias-primas e outros passivos ou ativos. O Mercado de Créditos de
Carbono é atingido através de projetos criados para a redução de emissões de gases do efeito
estufa. Tais projetos que podem gerar créditos de carbono e serem utilizados pelos países
22

desenvolvidos integrantes do Protocolo de Kyoto para alcançar suas metas de redução das
emissões de gases do efeito estufa. O mercado de créditos de carbono surge como uma
alternativa para controlar a poluição global.
Os combustíveis fósseis, à base de carbono, que representam 65% da produção de
eletricidade e 86% do consumo global de energia, movimentam a economia do mundo. Com
grandes reservas mundiais, economia favorável, uma extensa tecnologia e ampla base de
infra-estrutura, estes combustíveis são projetados para desempenhar um papel central na
produção de energia pelo menos nas próximas décadas. Em 2009, as emissões globais de CO2
ligadas à energia deverão diminuir pela primeira vez desde 1992. Mesmo com esse
decréscimo nas emissões de gases de efeito estufa, as políticas atuais são insuficientes para
evitar um rápido aumento na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, com
consequências muito graves para as alterações climáticas.
As emissões de dióxido de carbono da Figura 2 refletem, apenas, as através do
consumo de petróleo, gás natural e carvão, e são baseados no padrão global de fatores de
conversão média. Isto não considera qualquer carbono que é expelido por outras fontes de
emissões de carbono, ou para as emissões de outros gases com efeito de estufa.

35.000

30.000
Ásia
25.000
Africa

20.000 Oriente Médio

15.000 Europa e Eurasia

América do Sul e
10.000 Central
América do Norte

5.000

0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 2 - Emissões de Dióxido de Carbono por Região


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

Os continentes asiático, europeu e norte americano são responsáveis por 87,1% das
23

emissões de CO2 na atmosfera através do consumo de carvão, petróleo e gás natural. Tais
continentes são os maiores consumidores de petróleo e/ou carvão. O continente asiático emite
42,6% das do total de dióxido de carbono, devido ao altíssimo consumo de carvão,
principalmente através da China, que representa 24,2% da emissão mundial de CO2. Estes
dados ajudam a se pensar nas novas alternativas energéticas.
Conforme a Tabela 1, as projeções globais de emissões de CO2, ligadas à energia,
prevêem o seguimento do aumento rápido e contínuo, resultante do aumento da demanda
global de energia fóssil. Já tendo aumentado de 20,9 Gt (Gigatoneladas) em 1990 para 28,8 Gt
em 2007. As emissões de CO2 ligadas à energia são projetadas para atingir 34,5 Gt em 2020 e
40,2 Gt em 2030 - uma taxa média de crescimento de 1,5% ao ano.

Tabela 1 – Projeções Globais de Emissões de CO2 (1990/2030)

CAGR (%)
Emissão de CO2 (GT) 1990 2007 2015 2020 2025 2030 2007-2030

Carvão 8,308 12,220 14,677 15,796 17,228 18,641 1,9


Petróleo 8,823 10,888 11,311 11,910 12,707 13,618 1,0
Gás 3,810 5,718 6,317 6,820 7,966 7,966 1,5

Total de emissões de CO2 20,941 28,826 32,306 34,526 37,311 40,226 1,5
Fonte: AIE, 2009

O Brasil planeja reduzir suas emissões do dióxido de carbono, principal gás com
efeito de estufa (CO2) em cerca de 40 por cento até 2020, disse o governo. Em Brasília, a
ministra chefe da casa civil, Dilma Rousseff, e enfatizou que a meta ambiciosa foi voluntária.
O Brasil tem a intenção de emitir em torno de um bilhão de toneladas a menos de CO2 até
2020. Se a meta for cumprida, os níveis de emissões do Brasil em 2020 seriam equivalentes
aos de 1994. O plano tem metas importantes de redução associadas com o etanol e
biocombustíveis que em 15 anos vão significar uma redução de 508 milhões de toneladas de
CO2.
24

A Figura 3 aponta o histórico dos níveis de emissão de CO2 feitos pelo Brasil,
emissões apenas relativas aos combustíveis fósseis.

450,0
400,0
350,0
300,0
250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
-
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 3 – Emissões de Dióxido de Carbono no Brasil


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009
25

3 MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

O conjunto de nações envolvidas com a matriz energética, governantes de tais países


e integrantes que conhecem o assunto, conversam nos meios de comunicação atual sobre a
caminhada do petróleo, como fonte principal de potência, e fonte de caminho a ser
desenvolvida no decorrer do século XXI. No período atual, as possibilidades de combustíveis
assim como a viabilidade da ocorrência do uso de combustíveis obtidos através de nascentes
renováveis de matérias-primas são entendidas como alternativas da substituição dos adustíveis
fósseis.
Para um maior conhecimento nas possibilidades de produção e aplicação dos
derivados do petróleo e dos adustíveis como óleos vegetais, bagaço da cana-de-açúcar, entre
outros como o álcool etílico, é necessário que se faça uma análise de seus usos e dos impactos
reproduzidos na natureza causados pela queima de tais combustíveis.
Um espantoso problema dos combustíveis fósseis é o aumento constante das
contaminações ambientais e da saúde humana. São realmente notáveis estes efeitos e estão
relacionados a diversos fatores, que se propagam em alta velocidade numa sociedade cada vez
mais ligada. Entre as principais consequências ambientais, pode-se perceber a contaminação
do ar por gases e materiais particulados, resultado da queima de combustíveis, o que acaba
gerando efeitos na saúde do ser humano, como no caso de chuva ácida. Também se pode
apontar a mudança global no clima como outra gravíssima consequência da utilização de
combustíveis fósseis, e que pode trazer impactos catastróficos para a vida terrestre. Essa
alteração na temperatura do planeta é causada pela intensificação do efeito estufa, que se
origina na emissão de alguns gases de origem fóssil. Esses gases permitem a entrada da
energia solar, mas impede que parte do calor em que se transforma essa energia retorne para
o espaço, ocasionando o efeito análogo ao de uma estufa, de onde se origina sua
denominação.
Atualmente, os principais problemas relacionados ao meio ambiente não permitem a
possibilidade de resposta com o uso de adustíveis fósseis. Sejam tais problemas na geração
industrial, no setor de transportes ou na eletricidade que usamos. E a hipótese de produzirmos
energia mais limpa tem como objetivo minimizar tais impactos. No caso, muitas destas
possibilidades causam grandes melhorias e o conhecimento das propriedades e dos usos
tendem a aumentar a eficiência energética com energias mais leves.
Os combustíveis devem passar por revoluções contínuas no futuro próximo, à
26

medida que as modalidades fósseis possam aproximar-se do esgotamento ou, o que é mais
provável, suas conseqüências ambientais tornarem-se inaceitáveis para as sociedades
contemporâneas. Os ciclos de produtos e as fontes de energia, renováveis ou não, vão se
sucedendo, se substituindo, mas de fato se complementando, uma vez que as necessidades
humanas em energia são propriamente insaciáveis.
Globalmente, as energias renováveis irão continuar a crescer, mas não tão
rapidamente como esperado e, ainda, a partir de uma base baixa. A Energia nuclear é a que
cresce mais rapidamente, com uma média de 1,6% ao ano, enquanto a energia hidrelétrica
também está definida para se expandir. Porém se tratam de duas fontes energéticas que não
tem um beneficio ambiental grande. Realisticamente, porém, os combustíveis fósseis
continuarão a satisfazer a maioria das necessidades de energia do mundo, contribuindo com
mais de 80% para o potencial energético nos próximos vinte anos. O petróleo continuará a
desempenhar o papel principal no futuro próximo, embora a sua quota global venha a cair
(Tabela 2). O Gás natural deve crescer a taxas aceleradas, enquanto o carvão mantém a sua
importância na matriz energética. As tendências em partes sugerem, no entanto, que o carvão
pode até se tornar o combustível dominante até meados do século.
Nas Figuras 4 e 5, observamos a oferta mundial de energia primária distribuída por
fonte energética e o consumo final mundial de energia distribuído por setor da seguinte
maneira:

Hidráulica -
2% Outras - 0% Outras - 4%
Carvão Mineral
Nuclear - 7%
- 8%

Energias
Renováveis - Petróleo -
11% 34% Energias
Derivados do
Renováveis -
Petróleo -
14%
42%

Gás Natural -
21%
Gás Natural -
16%

Carvão
Eletrecidade -
Mineral -
16%
25%

Figura 4 – Oferta Mundial de Energia Primária (2007) Figura 5 – Consumo Final Mundial de Energia (2007)
Fonte: AIE, 2009

A Figura 6 demonstra alguns dados com relação à participação de cada uma das
fontes energéticas no consumo das regiões selecionadas. O consumo do petróleo é medido em
27

milhões de toneladas e os outros combustíveis em milhões de toneladas equivalentes de


petróleo (Mtep). A matriz energética mais variada e dividida se encontra na América do
Norte. Nos continentes da América Central e do América do Sul, encontramos a presença
marcante das hidrelétricas, representando 28% do consumo registrado em 2009. O carvão
representa 50% do consumo asiático e, no Oriente Médio o petróleo e o gás natural
respondem por 99% do consumo interno.

100%

80% Hidroelétricas
Nuclear
60%
Carvão
40% Gás Natural
Petróleo
20%

0%
América do América Europa e Oriente Médio África Ásia e
Norte Central e do Eurasia Oceania
Sul

Figura 6 – Divisão do Consumo de Energia por Região (2009)


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

O gás natural é a energia primária que mais vem aumentando sua participação na
matriz energética mundial, como pode ser verificado na Tabela 2. Sua projeção é de um
crescimento percentual levemente menor do que a Biomassa e outras energias renováveis,
porém sobre uma base muito maior, o que o leva a um aumento significativo de sua
importância no cenário energético. O Petróleo seguirá como a fonte de energia principal até
que sua produção atinja o pico de produção e encontre uma restrição da sua oferta. Os
recursos energéticos do mundo são suficientes para atender ao aumento projetado na demanda
de energia até 2030 e além
28

Tabela 2 – Participação (executado e projetado) de cada Energia Primária na matriz energética


mundial (Mtep)

2007 2010 2020 2030


Petróleo 4.045 36,4% 3.967 35,1% 4.457 33,1% 4.902 31,0%
Carvão 3.129 28,2% 3.225 28,5% 3.871 28,8% 4.438 28,1%
Gás 2.479 22,3% 2.551 22,6% 3.124 23,2% 3.808 24,1%
Nuclear 736 6,6% 759 6,7% 873 6,5% 1.065 6,7%
Hidro 268 2,4% 289 2,6% 366 2,7% 448 2,8%
Biomassa 394 3,5% 446 3,9% 618 4,6% 840 5,3%
Outras Renováveis 59 0,5% 73 0,6% 151 1,1% 303 1,9%
TOTAL 11.110 100% 11.310 100% 13.460 100% 15.804 100%

Fonte: WOO, 2009

Há poucas mudanças nas fontes geográficas de abastecimento incremental à energia


fóssil: mais de 95% do aumento da produção, vem de regiões de países não-membros da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde a maioria dos
recursos de baixo custo está localizada. Por isso, a expansão projetada de abastecimento
depende de um investimento adequado em infra-estrutura de produção e transporte. Mas as
disparidades geográficas em dotação de recursos e perspectivas da procura implicam um
aumento significativo no comércio inter-regional. O comércio internacional de energia deve
aumentar consideravelmente, para acomodar o crescente descompasso entre o local da
demanda e da produção.
Algumas regiões importadoras líquidas devem ver um aumento em suas necessidades
de importação, enquanto os exportadores atuais, principalmente, vão aumentar as suas
exportações. O comércio entre países dentro de um grupo não-membros da OCDE também é
esperado para crescer: China e Índia, em particular, tornam-se mais dependente das
importações dos três combustíveis fósseis. A produção se torna cada vez mais concentrada em
um pequeno número de países ricos em recursos. O comércio de gás natural cresce 60% e
comércio de carvão por dois terços, impulsionado principalmente pelo aumento da demanda
asiática, que supera a sua produção interna.
Existem alguns drivers fundamentais na segurança energética de um país:
a) Diversificação da capacidade de produção - um sistema energético
equilibrado, que inclui várias tecnologias de geração de energia, e com
capacidade adequada, permite que as vantagens de cada uma ser maximizada,
permite que os preços permaneçam razoavelmente estável, e garante um
fornecimento contínuo para o consumidor.
b) Preços - o fornecimento de energia a preços acessíveis para o consumidor
29

depende do custo de geração, transmissão e distribuição. A interrupção das redes


de abastecimento pode impactar os preços e criar dificuldades econômicas para
os países expostos a excessiva dependência de uma fonte de energia. aumentos
de preços sustentados e picos de curto prazo de petróleo, gás ou electricidade
pode provocar inflação e recessão.
c) Níveis de investimento necessários - são necessários investimentos importantes
para atender a previsão de crescimento da procura de energia. A disponibilidade
desse investimento - particularmente problemático em muitos países em
desenvolvimento - será um fator significativo nos próximos anos.
d) Facilidade de transporte - a energia deve ser prontamente disponível e,
portanto, a facilidade e a segurança com que os combustíveis e a eletricidade
podem ser transportados é um motor importante para a segurança energética.
e) Concentração dos fornecedores - a dependência dos combustíveis importados a
partir de um número limitado de fornecedores pode aumentar o risco de
influência de mercado adversas.Onde os fornecedores são provenientes de países
politicamente instáveis, pode haver também um aumento do risco de ruptura de
aprovisionamento.
f) Disponibilidade de conhecimentos de infra-estrutura - para obter uma mistura
diversificada de energia, os países devem ter acesso a diferentes fontes de
energia, necessitando de infra-estrutura e competências, quer no domínio das
tecnologias de geração, manuseio de combustíveis, o acesso aos sistemas de
distribuição, como interconexões gasodutos, portos ou energia elétrica e linhas
de transmissão.
g) Interconexão dos sistemas energéticos - a interconexão dos sistemas
energéticos, particularmente a eletricidade, também deve ser considerada em
termos de segurança. Um mercado de conexão limitada tem um maior risco de
ruptura de abastecimento, reduzindo as opções disponíveis para atender à
demanda.
h) Substituição de combustível - a diversificação na utilização de combustíveis
também pode ser importante para a segurança energética. Transformação do
combustível - como o carvão para o gás, o gás para líquidos e liquefação do
carvão - podem suprir a demanda, mesmo quando o abastecimento convencional
está afetado.
i) Ameaças Políticas - o sistema de abastecimento de energia pode ser vulneráveis
30

a perturbações causadas por interesses políticos e, até mesmo, ataques terroristas.

No Brasil existe uma forte tendência de diversificação na matriz energética. Como


podemos verificar na Figura 7, em 1970 o carvão e o petróleo compunham 78% da oferta
nacional de energia. Em 2000 a energia hidráulica e o petróleo subiram significativamente sua
participação na matriz, tomando, em parte, a participação do carvão. No cenário projetado, o
petróleo, a energia hidráulica, a cana-de-açúcar (etanol) e o gás natural representam 77% da
oferta, com uma forte redução da importância do carvão.

Figura 7 – Evolução da estrutura da oferta de energia (1970 - 2030)


Fonte: EPE
31

4 ENERGIAS FÓSSEIS

A energia fóssil é produzida a partir de petróleo, gás natural e carvão. Esses resíduos
- hidrocarbonetos - são o resultado da decomposição de organismos vivos durante eras
geológicas e os efeitos da temperatura, pressão e certas bactérias. Ao contrário das fontes de
energia renováveis, as fontes de energia fósseis desaparecerão quando as reservas planetárias
estiverem esgotadas.
A indústria de energia utiliza dois termos quando se fala sobre quanto da energia
fóssil está disponível - recursos e reservas. Recursos incluem todos os depósitos que ainda
estão no chão à espera de ser aproveitado. Reservas são apenas os depósitos que os geólogos
sabem, ou acreditam firmemente, que podem ser extraídas tomando os preços do recurso e as
tecnologias de perfuração. Em outras palavras, quando os geólogos estimam o montante das
reservas conhecidas, eles não incluem os depósitos que podem ser descobertos no futuro ou
depósitos que não são econômicos para a produção devido aos preços de hoje.
As reservas provadas de gás natural e carvão excedem largamente os montantes
acumulados de ambos os combustíveis. As reservas de carvão são particularmente grandes,
em especial nos continentes asiáticos. Reservas adicionais nos próximos anos podem sustentar
o crescimento da demanda contínua por muitos anos. As perspectivas para o petróleo são
menos otimistas, embora não imediatamente alarmantes, porém é possível que as reservas de
petróleo caiam para a metade até o ano de 2030.
Pela Figura 8, podemos constatar que o gás natural ocupa a terceira posição com
relação à oferta de energia primária mundial, ficando do petróleo e do carvão, ambos também
combustíveis fósseis.
O histórico da produção mundial de energias demonstra que a energia fóssil tem
crescido consecutivamente sua participação no mercado de energia, como podemos verificar
na figura abaixo. O Petróleo assumiu o lugar do carvão, na liderança, a partir da década de 60
e se conservará no domínio enquanto houver reservas produtivas a serem exploradas. O gás
natural vem aumentando bastante sua fatia de participação no mercado. Existe a questão de
que o mercado de gás natural é fortemente dominado pelos principais países exportadores
desta energia. No epicentro dos exportadores está hoje a Rússia (com 32% desse mercado) e
na geografia das reservas está o Oriente Médio (com 36% do total mundial estimado). Ou
seja, a história geopolítica do petróleo poderá repetir-se.
32

Figura 8 – Histórico da Produção Mundial de Energias Fósseis (1800-2008)


Fonte: AIE, 2009

O crescimento do comércio de energia fóssil tem implicações importantes para a


segurança energética. Há uma série de preocupações e medos, tais como (mas não limitado a):
j) dependência de fontes estrangeiras de energia;
k) geopolítica (tais como o apoio as ditaduras, terrorismo crescente, "estabilidade"
das nações que fornecem energia);
l) necessidades energéticas dos países mais pobres, e as demandas crescentes dos
países em desenvolvimento como a China e a Índia;
m) a eficiência econômica versus o debate do crescimento da população;
n) as questões ambientais, nomeadamente as alterações climáticas;
o) energias renováveis e outras fontes de energias alternativa.

As projeções indicam que os combustíveis fósseis continuarão a ser a fonte de


energia dominante no futuro previsível, mas a atual situação geopolítica e ambiental exige
uma nova abordagem ao consumo de energia. Para se obter a manutenção de uma economia
próspera global e um ambiente saudável, é fundamental a busca por uma carteira diversificada
de soluções de energia, mas talvez o mais importante, a curto prazo, é o desenvolvimento de
tecnologias avançadas, para o ciclo do combustível fóssil, desde a exploração e produção até a
captação e o armazenamento das emissões de CO2.
33

Uma parcela das alterações climáticas na terra, como o aumento da temperatura


média, é atribuída ao aumento da concentração de gases na atmosfera e, os combustíveis
fósseis são os maiores responsáveis desta ocorrência. Isso decorrente da emissão de gases
poluidores A queima de petróleo, gás natural e carvão para a geração de energia elétrica
suscita uma forte emissão de gases poluidores. O derretimento de geleiras (mais
especificamente na Antártida) e, consequentemente, o aumento do nível do mar e o
alagamento de áreas costeiras e insulares, atingindo grandes contingentes de pessoas e
animais silvestres e alterando a biodiversidade dessas regiões são conseqüências possíveis do
aquecimento global.

4.1 O PETRÓLEO

Após um longo período, aproximadamente 10 mil anos, de predominância das


atividades agrícolas, complementadas por manufaturas elementares, criou-se aquilo que a
histografia especializada chama de civilização industrial e, atualmente, em fase de
substituição pela sociedade pós-industrial (mas ainda vinculada às características sócio-
econômicas da indústria). Durante a ocorrência de cada um desses métodos de atividades
econômicos e sociais houve uma forma de energia predominante e um produto símbolo que
caracterizaram e animaram o sistema produtivo como um todo.
Pode-se garantir que o Petróleo foi o movedor da segunda revolução industrial, mas
não parece estar anexado a um paradigma industrial ou a padrão tecnológico específico.
Empregado de forma recorrente por diversos povos, como combustível primário, sua trajetória
não está ligada a um ciclo de produto exclusivo, já que sua transformação química, a partir de
meados do século XIX, permitiu o desenvolvimento de uma imensa gama de subprodutos. Na
verdade, sua utilização – em forma final ou como insumo produtivo – recobre épocas
sucessivas da moderna sociedade industrial, desde o querosene de iluminação do século
passado até a atual “civilização do plástico”. Ele cobriu várias revoluções industriais ao
mesmo tempo e permanecerá provavelmente, durante muito tempo, como uma das bases
materiais mais vigorosas da moderna organização social da produção.
A alta gama de subprodutos do petróleo que existem no mundo atual, mostra o alto e
multifacetado impacto tecnológico que o petróleo gera sobre a sociedade industrial. Isso é
provavelmente devido à constante evolução da indústria petrolífera, que percorreu desde a
34

fase energética de utilização até as últimas transformações tecnológicas. O petróleo


impregnou em todos os poros da moderna civilização industrial.

4.1.1 A Oferta de Petróleo

Por quanto tempo mais a produção de petróleo vai crescer? Entre 1950 e 2000, a
produção mundial de petróleo aumentou sete vezes. Esse crescimento exponencial está
chegando ao fim. O declínio da produção existente ilustra as taxas de depleção dos campos
mundiais mais antigos. Olhando para o futuro, a Agência Internacional de Energia (AIE)
sugere trazer as reservas conhecidas na produção, aumentar a recuperação de campos mais
antigos e explorar o petróleo "não convencional”. As reservas de petróleo não convencional
(nomeadamente areias betuminosas do Canadá) são grandes e, no pressuposto de que as
restrições ambientais e de logística podem ser superadas, se espera que desempenhem um
papel crescente no atendimento da demanda global de petróleo.
A oferta mundial de petróleo depende de centenas de variáveis: preço, relações
externas, a precisão das informações relatadas, mensurabilidade/coleta dos dados, tecnologia,
demanda, e a lista continua. Há tanta incerteza em torno destas variáveis e muitas opiniões
divergentes sobre como interpretar as informações que todo mundo parece ser capaz de
suportar uma estimativa diferente com um argumento válido.
O aumento dos preços gera maior incentivo para extrair petróleo a partir de fontes
mais caras. As reservas de petróleo baratas, e facilmente acessíveis estão acabando, no
entanto, a tecnologia e a economia mundial devem se preparar para essa mudança. A
volatilidade dos preços do petróleo nos últimos anos tem sido extrema. Os preços do petróleo
precisam estar em um nível que seja favorável à expansão da indústria. É essencial que eles
não ameacem a sustentabilidade dos investimentos previstos na indústria. Deve-se lembrar
que aqui tem sido muito recente conversa de cortes, atrasos e cancelamentos de projetos. E
isso não é apenas um problema da indústria do petróleo. Tem um impacto em todas as fontes
de energia. É essencial para encontrar e manter um preço estável e realista. Basta recordar o
passado, para ver quão baixo os preços do petróleo podem prejudicar o futuro da indústria.
Sobre as reservas mundiais de petróleo, como indicado na Figura 9, a distribuição
geográfica é bastante irregular, dispersa. Isso acontece justamente pelas condições geológicas
específicas das regiões detentoras. Em 2009, cerca de 50% das reservas provadas estão no
35

Oriente Médio, mas que reponde por aproximadamente 5% do consumo mundial.


Inversamente, a América do Norte possui metade das reservas provadas, mas é responsável
por 26,4% da demanda mundial de petróleo.

Ásia e
Oceania; América do
3,2% Norte; 5,5%
África; 9,6% América
Central e do
Sul; 14,9%

Europa e
Eurasia;
10,3%

Oriente
Médio;
56,6%

Figura 9 – Reservas Mundiais de Petróleo (2009)


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

Nos últimos vinte anos, as previsões da AIE e outras agências de energia têm
demonstrado o mesmo padrão, o crescimento rápido da produção no Oriente Médio
acompanhado pelo declínio lento no resto do mundo. O que aconteceu é que a produção de
petróleo do Oriente Médio cresceu rapidamente até atingir seu nível atual em 1973. Desde
1993, a produção de petróleo do Oriente Médio tem oscilado entre 30% e 32% da oferta
mundial, uma faixa estreita em relação à flutuação dos preços do petróleo no mesmo
período. A produção mundial de petróleo cresceu em 13 milhões de barris por dia desde 1973
e todo o crescimento veio de fora do Oriente Médio.
A produção mundial de petróleo registrou uma queda no ano de 2009, como pode ser
visto na Tabela 3. Produção esta que inclui o petróleo bruto, óleo de xisto, areias de óleo e
LGN (o conteúdo líquido de gás natural, onde este é recuperado em separado) e exclui os
combustíveis líquidos a partir de outras fontes, como biomassa e derivados do carvão.
36

Em 2009, a produção da OPEP decresceu 2,5 milhões de barris de petróleo por dia
(b/d). A produção da Arábia Saudita caiu em 1,1 milhões de b/d, a maior queda de volume do
mundo. Mas, a produção fora da OPEP aumentou 450 mil b/d, liderados por um aumento de
460 mil b/d nos Estados Unidos, o maior crescimento no mundo e mais forte crescimento
interno da produção de petróleo do país desde 1970.

Tabela 3 – Histórico da Produção Mundial de Petróleo (mil barris diários)


2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
América do Norte 14.069 14.193 14.137 13.696 13.732 13.638 13.169 13.388
América do Sul e Central 6.619 6.314 6.680 6.899 6.866 6.636 6.678 6.760
Europa e Eurasia 16.289 16.973 17.579 17.541 17.595 17.810 17.572 17.702
Oriente Médio 21.729 23.299 24.797 25.258 25.497 25.156 26.182 24.357
África 7.990 8.386 9.324 9.921 9.925 10.238 10.219 9.705
Ásia e Oceania 7.836 7.750 7.853 7.946 7.942 7.968 8.175 8.036
Total World 74.533 76.916 80.371 81.261 81.557 81.446 81.995 79.948

Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

De acordo com a AIE, o Brasil tinha 12,6 bilhões de barris de petróleo em reservas
provadas de petróleo no ano de 2009, a segunda maior na América do Sul depois da
Venezuela. Os Campos offshore de Santos, localizada na costa sudeste do país, contêm a
grande maioria das reservas provadas do Brasil. Em 2008, o Brasil produziu 2,4 milhões de
barris de petróleo por dia. A produção de petróleo no Brasil aumentou de forma constante nos
últimos anos, como podemos verificar pela Figura 10. A British Petroleum (BP) prevê a que
produção brasileira de petróleo chegue a 2,61 milhões b/d em 2009 e 2,81 milhões b/d em
2010. O consumo de petróleo no Brasil foi, em média, 2,52 milhões de barris b/d em
2008. Como resultado deste aumento na produção de petróleo e pouco crescimento no
consumo interno, a BP espera que o Brasil se torne um exportador líquido de petróleo em
2009.

1.809 1.833 1.899


1.716
1.499 1.555 1.542
1.337

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 10 – Histórico da Produção Brasileira de Petróleo Bruto (mil Barris diários)


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009
37

A mais de 280 quilômetros da costa do Brasil, presos sob poucos quilômetros de


água, rocha e sal, estão bilhões de barris de petróleo leve e bruto. Este campo foi descrito
como a maior descoberta de petróleo no Hemisfério Ocidental em uma geração e que tem
potencial para ser uma das mais importantes áreas de crescimento de longo prazo para os
recursos mundiais de petróleo e produção deste recurso. Então surge a questão: esses achados
poderiam catapultar o Brasil em um novo papel como um grande produtor de petróleo global
e exportador?
O que é evidente é que os números e a avaliação de sal do Brasil pré-sal apontam
para uma resposta positiva a esta questão. Até agora, tem havido uma série de novas
descobertas na bacia de Santos. Há também as descobertas do pré-sal localizadas em campos
existentes ao norte da Bacia de Campos. O campo de Tupi na bacia de Santos, por exemplo,
tem reservas estimadas entre cinco e oito bilhões de barris de petróleo bruto de média
gravidade e teor de enxofre baixo.
Há certamente muito a incentivar os exploradores, liderados pela Petrobras do Brasil,
mas também é claro subsistem muitos desafios técnicos, operacionais, fiscais e de recursos.
Como acontece com qualquer nova descoberta a esta escala, a questão inicial é de
entendimento da natureza e complexidade dos reservatórios. Há certamente muito a incentivar
os criadores, liderados pela Petrobras, mas também é claro subsistem muitos desafios nas
áreas técnica, operacionais, fiscais e de recursos. Atualmente, a maioria das descobertas está
em fase de avaliação, e vai exigir um número de anos antes de que os planos de
desenvolvimento possam ser implementados.
Petrobras acredita precisar de um número significativo de plataformas em águas
profundas para explorar, avaliar e desenvolver as suas superfícies e, enquanto alguns destes
podem ser alugados, mas muitos deverão ser construídos. Tomado como um todo, a dimensão
e a complexidade destas descobertas do pré-sal vão exigir grandes investimentos e tecnologia
de produção de ponta. Segundo a Petrobras, o valor de equilíbrio necessário para os projetos
pré-sal é de cerca de R$ 50 bilhões.
Em seu plano de negócios mais recente, para o período 2009-2013, a Petrobras
anunciou que planeja investir mais de 111 bilhões de dólares sobre a exploração do pré-sal ao
longo dos próximos dez anos ou mais. Em maio de 2009 a Petrobras começou a exploração de
petróleo do campo de Tupi, entretanto, o desenvolvimento total do campo é improvável que
comece antes de 2015.
Para a indústria do petróleo como um todo, se pensa em como expandir as reserva
38

com as barreiras físicas e tecnológicas cada vez mais distantes. É uma tendência que se tem
com a indústria desde o seu início, e que deverá continuar. Fica claro que a indústria global de
petróleo vai continuar a assistir com interesse o desenvolvimento dos recursos do pré-sal
brasileiro, uma vez que estas descobertas importantes estão em um movimento de apreciação,
para o desenvolvimento e para a produção.

4.1.2 A Demanda de Petróleo

Refletindo a demanda crescente dos consumidores por produtos de petróleo, a


demanda mundial de petróleo bruto, nos últimos dez anos, tem crescido a uma taxa composta
anual ligeiramente superior a 2% nos últimos anos, apesar do leve decréscimo em 2009. O
crescimento da procura é mais elevado no mundo em desenvolvimento, particularmente na
China e na Índia (cada um com uma população superior a um bilhão) e, em menor medida, na
África (0,8 bilhões) e América do Sul (0,35 bilhões). O elevado crescimento da demanda
existe, principalmente, devido à demanda crescente de transporte por automóveis e caminhões
movidos com motores de combustão interna. Por razões econômicas e/ou políticas, esse
componente de elevado crescimento da procura não existe na maioria dos países em
desenvolvimento desde uma década atrás.
Devido à recessão econômica financeira mundial, iniciada em 2008, estes últimos
dois anos (2009 e 2008) o consumo de petróleo tem enfrentado um período de estagnação, e
ligeira queda de procura. Mas, em 2010, a demanda global de petróleo deverá se recuperar
devendo recuperar o crescimento. Por enquanto, os recentes cortes nos investimentos, em
função da crise, terão um grande impacto sobre a oferta de petróleo nos próximos três a cinco
anos, até o surgimento de novos projetos. Além disso, a Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEP) deverá empurrar a falta da procura para cima dos preços, no curto prazo,
assegurando que as quotas de produção aumentem mais rapidamente do que a demanda. A
Figura 11 demonstra o consumo do petróleo por região.
39

26,0
3,1
2009 7,1
19,4
5,7
22,8
25,7
3,0
2008 6,9 Ásia e Oceania
20,2
5,7 África
23,8
25,5 Oriente Médio
2,9
6,5 Europa e Eurasia
2007 20,2 América Central e do Sul
5,5
25,0 América do Norte
24,7
2,8
2006 6,2
20,5
5,2
24,9
24,3
2,8
2005 6,0
20,3
5,0
25,0

Figura 11 – Consumo de Petróleo por Região (Milhões de barris diários)


Fonte: WOO, 2009

Os preços, grandes influentes da demanda por petróleo, tendem a permanecer muito


voláteis. No longo prazo, o mercado assume que o aumento dos custos marginais de
fornecimento, juntamente com o crescimento da demanda em países não-membros da OCDE,
continua a exercer uma pressão ascendente sobre os preços. Em contrapartida, a menor
procura de petróleo significa que há menos necessidade de produção de petróleo em campos
mais caros. Como sempre, existem riscos agudos a essas premissas de ambos os lados: o
tempo e o ritmo da recuperação econômica e, portanto, a recuperação da demanda de petróleo
continua altamente incerta, assim como os níveis de investimento na produção de petróleo e a
capacidade de refinação.
O petróleo continua, e permanecerá por um bom tempo, como a maior fonte de
energia do mundo, dada a sua importância no transporte e nos sectores industriais de
utilização final. A demanda de petróleo é projetada pela AIE para crescer de 1,3% por ano em
média durante os próximos anos, de 85,6 milhões de barris por dia (mb/d) em 2007 (e 85,2
mb/d em 2008) para 88,4 mb/d em 2015 e 105,2 mb/d em 2030.
O setor dos transportes é o principal motor da demanda de petróleo em todas as
regiões. Em termos globais, o consumo de Petróleo continua no mesmo nível no setor da
construção, aumenta modestamente no sector industrial, e diclinia no setor de energia elétrica
como geradores de eletricidade, uma reação ao aumento dos preços mundiais do petróleo,
passando para os combustíveis alternativos, sempre que possível. O transporte rodoviário
40

responde por mais de 40% do consumo mundial de petróleo em 2006, e esta percentagem
tende a aumentar. Este setor será a principal fonte de crescimento da demanda de petróleo
num futuro, ficando responsável por mais de 60% do aumento total para 2030. Embora os
Biocombustíveis tomem uma parte crescente do mercado de combustíveis para transportes
rodoviários, os combustíveis derivados do petróleo continuam a dominar a demanda deste
setor. O transporte não-rodoviário também é importante para a demanda de petróleo, e este foi
dividido entre aviação e outros usos (principalmente fluvial e ferroviário). A Figura 12
disponibiliza a divisão da demanda de petróleo no Brasil, dividido por setores. No entanto,
outros setores também são importantes para avaliar a utilização do petróleo no futuro. O setor
mais próximo é a indústria, que inclui o setor petroquímico.

Geração
Energia - 4%
Outros Setores
-13%

Outras Transporte
transformações rodoviário -
-14% 49%

Outras
indústrias -
20%

Figura 12 – Divisão da demanda de petróleo no Brasil (2006)


Fonte: Anuário Estatístico ANP, 2007

4.2 O CARVÃO MINERAL

O carvão tem um papel importante a desempenhar na procura de um abastecimento


energético seguro. Ele é abundante e está presente em quase todos os países do mundo, com
41

comerciais de mineração ocorrendo em mais de 50 países. O carvão é o mais abundante e


econômico dos combustíveis fósseis. Mantido o nível da produção atual, o carvão estará
disponível para, pelo menos, os próximos 130 anos – bem mais que os 42 anos previstos para
o petróleo e 60 anos para o gás natural.
Os recursos de carvão permitem o desenvolvimento econômico barato e pode ser
transformado em guarda contra a dependência de importação e choques de preços de outras
fontes energéticas. O carvão é também prontamente disponível a partir de uma ampla
variedade de fontes em um mercado bem abastecido em todo o mundo. Ao contrário das
energias gasosas, líquidas ou intermitentes de fontes renováveis, o carvão pode ser
armazenado na estação de energia para atender a demanda prontamente.
Os preços do carvão têm sido historicamente mais baixos e mais estáveis do que
preços do petróleo e gás natural e é provável que se mantenha o combustível mais acessível
para a geração de energia em muitos países desenvolvidos e em vias de industrialização
durante várias décadas. Embora fontes renováveis, como biomassa, solar e eólica, venham a
ocupar maior parcela na matriz energética mundial, o carvão deverá continuar sendo, por
muitas décadas, o principal insumo para a geração de energia elétrica, especialmente nos
países em desenvolvimento.
O carvão também pode ser usado como uma alternativa ao petróleo. O
desenvolvimento de uma indústria de carvão para líquidos pode servir para proteger contra
riscos de segurança relacionados com a energia petrolífera. Usando as reservas de carvão
doméstica, ou acessar o mercado internacional de carvão, relativamente estável, pode permitir
aos países minimizar sua exposição à volatilidade do preço do petróleo.
Um estuda da BP mostra que os interesses de curto prazo da economia estão
impulsionando a utilização de carvão para gerar energia barata e, com isso, criaram um
paraíso inexistente, que vai levar a profundos problemas a longo prazo. São os custos da
utilização do carvão superior ao custo de uma limpeza? Nos últimos quatro anos o uso do
carvão, ao redor do mundo cresceu 13% (BP) - um dos principais fatores por trás do aumento
das emissões de CO2 de 3% neste período (AIE). Este aumento no uso de carvão é
impulsionado pela demanda crescente na China, Índia e Rússia, bem como uma nova corrida
para o carvão em países como os Estados Unidos resultantes do aumento dos preços do gás
natural e energias renováveis.
Como a queima do carvão pode afetar o meio ambiente? O carvão é um combustível
químico complexo. O enxofre, que há no carvão, combina com o oxigênio para formar
42

dióxido de enxofre, que pode ser uma importante fonte de poluição do ar, se emitidos em
quantidades suficientes.
Hoje, muitos dos efeitos da queima de carvão foram reduzidos significativamente ou
eliminados. Três métodos básicos são usados para reduzir a quantidade de poluentes
resultantes da combustão do carvão. O primeiro, um método de pré-combustão para a
remoção de contaminantes a partir do carvão, é a limpeza do carvão. O segundo, um método
de pós-combustão, utiliza os sistemas de dessulfurização de gases de combustão, comumente
chamado de purificadores. O método final para reduzir ou eliminar a poluição proveniente da
combustão do carvão é o uso de precipitadores eletrostáticos que são utilizados para remover
cinzas.
As duas principais preocupações ambientais ao lidar com o uso de carvão mineral são:
aumento dos níveis de dióxido de carbono atmosférico e a chuva ácida. Ainda há muito a ser
aprendido sobre a relação entre os combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) e do
ambiente. Mas a combustão contribuiu para o aumento dos níveis atmosféricos de dióxido de
carbono. Aumento dos níveis atmosféricos de dióxido de carbono pode resultar em climas
mais quentes, devido ao efeito estufa.
O carvão é uma fonte de energia extremamente suja, e impõe custos elevadíssimos
para a saúde das pessoas, o ambiente e a economia. Relatórios sobre os impactos das
alterações climáticas na China prevêem um declínio de 37% no trigo, arroz e milho durante a
segunda metade do século. Chuvas podem diminuir em até 30% em três das sete maiores
bacias hidrográficas da China. A subida do nível do mar de 1m vai submergir uma área do
tamanho de Portugal ao longo costa leste da China - o lar de mais da metade da população do
país e 60 por cento de sua produção econômica.

4.2.1 A Oferta de Carvão Mineral

De acordo com as previsões da WOO, ainda há carvão suficiente para os próximos


130 anos, se continuarmos o nível atual de sua exploração. Isso significa que no nosso futuro
próximo, não haverá problemas com o abastecimento de carvão, mas poderia ter problemas
por causa de aspectos econômicos e ecológicos do uso dessa energia.
Os maiores progressos na produção e consumo de carvão, no final do século 20,
aconteceram na China. Em 1997 a China produziu 1,268 milhões de toneladas de carvão. Em
43

1999, pequeno decréscimo ocorrido, abaixo dos 1000 milhões de toneladas, mas ainda assim a
China ainda lidera a produção de carvão e de consumo. O EUA aumentou a sua produção em
975 milhões de toneladas, mas a quantidade de exportação de carvão está constantemente
ficando menor. O EUA liquidam o déficit de produção própria, com contrato bilateral com o
Canadá e também importa carvão da Colômbia por causa de seu transporte barato para os
portos.
A Figura 13 mostra reservas provadas de carvão mineral, no final de 2009, em
milhões de toneladas. A Europa e a Eurásia tiveram a maior quantidade de reservas de carvão
com 272 bilhões de toneladas. A região Ásia-Pacífico tem 259 bilhões de toneladas, seguido
pela América do Norte, com 246 bilhões de toneladas. A África tem 32 bilhões de toneladas, a
América do Sul e América Central tem 15.000 milhões de toneladas, e o Oriente Médio
pussui 1.400 milhões de toneladas.

259.253
246.097
América do Norte
América do Sul e Central
Europa e Eurasia
Oriente Médio e África

15.006 Ásia e Oceania

33.399
272.246

Figura 13 – Reservas de Carvão Mineral por região (milhões de toneladas)


Fonte: World Coal Institute, 2009

Pela primeira vez desde 2002, o carvão não foi o combustível que mais cresceu no
mundo durante o ano (2009). E o consumo mundial de carvão foi essencialmente plano em
2009, o ano mais fraco desde 1999.
A Tabela 4 mostra a produção de carvão em todas as regiões durante o período 1980-
44

2007 e a projeção, realizada pela WOO, até 2030. A produção de carvão da América do Norte
foi 835 megatoneladas de carvão equivalente (Mtce) em 2000 e um crescimento fraco até
2007 para 868 Mtce. Na América do Sul a produção subiu de 48 Mtce em 2000 para 77 Mtce
em 2007. A produção da Europa de 609 Mtce em 1980 para 270 Mtce em 2007. A África e
Oriente Médio aumentaram sua produção e a produção da Ásia registrou o maior aumento,
568 Mtce em 1980 para 2.484 em 2009, um crescimento anual de 24% ao ano.

Tabela 4 – Produção de Carvão Mineral por região (Mtce)


1980 2000 2007 2015 2030
América do Norte 672 835 868 862 918
Europa 609 306 270 215 189
Pacífico 103 244 318 340 438
Leste Europeu 519 306 361 375 477
Ásia 568 1.250 2.484 3.324 4.546
Oriente Médio 1 1 2 2 3
África 100 187 205 241 279
América Latina 9 48 77 109 130
Mundo 2.581 3.177 4.585 5.468 6.980
Fonte: WOO, 2009

A produção brasileira de carvão mineral se mantém em níveis muito baixos se


balancearmos contra o consumo do mercado interno. A indústria carbonífera vem se
recuperando, em 2008 o Brasil atingiu o seu recorde de produção interna de carvão. Como
podemos verificar na Figura 14, a crise mundial teve um efeito na produção nacional em 2009
por conta da baixa demanda e da atividade industrial em geral.

2,5
2,4
2,2 2,3
2,0
1,9 1,9
1,8

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 14 – Produção de Carvão Mineral por região (Mtce)


Fonte: WOO, 2009
45

4.2.1 A Demanda de Carvão Mineral

O carvão é amplamente utilizado em todo o mundo para a geração de eletricidade e -


em menor grau, mas crescente - para a produção de produtos químicos e fertilizantes. Dados
compilados e distribuídos pelo AIE revelam que o consumo de carvão em todo o mundo foi
estimado em 3,27 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo em 2009.
Após desfrutar de um longo período com forte demanda e preços bastante elevados, a
indústria do carvão teve que se ajustar a uma queda dramática na demanda durante o segundo
semestre de 2008 - uma conseqüência da crise financeira. O aumento, sem precedentes, dos
preços entre 2004 e 2008, impulsionou o investimento em mineração de carvão e infra-
estrutura de transportes. Mas agora, com o enfraquecimento da demanda e dos preços, os
produtores de carvão encaram receitas mais baixas e, no caso dos exportadores, ainda
agravadas por um dólar enfraquecido.
O consumo mundial de carvão se elevou bastante no período (1999-2009), analisado
na Figura 15. Em 1999 2.248 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (Mtep)
consumidos e, em 2009, subiu 46%, um CAGR de 4% ao ano. O principal aumento no
consumo foi na região asiática. A China mais que dobrou seu consumo neste período,
passando de 853 Mtep para 1.537 Mtep, um aumento de 134%. As outras regiões mantiveram
seu consumo constante, havendo leves decréscimos na América do Norte, Europa e Eurásia.
Com quatro quintos do total da procura de carvão, vindo da OCDE, provenientes do setor da
energia, as atuais políticas voltadas para desenvolver e investir em tecnologias de geração de
energia menos reduzir o consumo de carvão da OCDE.

2.500 1999
2009 2.152
2.000

1.500
1.046
1.000
581 531 504 456
500
20 22 7 9 90 107
0
América do América Europa & Oriente África Ásia e
Norte Central e Eurasia Médio Oceania
do Sul

Figura 15 – Consumo de Carvão Mineral por região (Mtep)


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009
46

O consumo de carvão no Brasil, apresentado no Figura 16, cresceu bastante até 2007,
principalmente relacionado ao avanço da siderurgia no país. O aquecimento do setor
siderúrgico, para suprir o crescimento da produção nacional de aço. A Empresa de Pesquisa
Energética (EPE) destacou que, apesar do maior uso de carvão, a produção de CO2 brasileira
ainda é relativamente baixa. Como reflexo da crise financeira internacional houve uma menor
atividade industrial em 2009 – que resultou no menor consumo de carvão mineral pelas
siderúrgicas, e isso explica o decréscimo de 13% do consumo nacional de carvão. A maior
parte do carvão consumido internamente é importada da China.

13,5
13,4

12,8
12,7
12,5

11,8 11,7

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 16 – Consumo de Carvão Mineral no Brasil (Mtep)


Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, 2009

Em 2009 o Carvão participou de 25% da demanda mundial de energia primária, ou


seja, o segundo combustível mais importante, depois do petróleo. A demanda foi estimulada,
principalmente, pelo setor de energia de países não membros da OCDE. A fatia da OCDE no
uso de carvão diminuiu significativamente, de 54% em 1980 para 36% em 2007 e está
projetado para diminuir para 23% até 2030, visto que a diminuição do consumo nos países da
OCDE na Europa ultrapassa o crescimento modesto na América do Norte.
Segundo a AIE, a maior parte do aumento projetado na demanda mundial de carvão
ocorre em países não membros da OCDE, principalmente na Ásia, que responde por 97% da
demanda incremental até 2030. China e Índia, que em 1980 consumiram um quinto da fatia
mundial de carvão, agora respondem por quase metade da demanda global e sua participação
deve aumentar para cerca de dois terços, impulsionada por forte expansão econômica e
urbanização, bem como pela disponibilidade de recursos de carvão. A demanda de carvão da
47

China quase dobra, enquanto a demanda da Índia mais do que dobra.


Com relação às energias fósseis, a demanda de carvão mineral é a que mais cresce e,
segundo as projeções do AIE, deverá atingir 6.980 milhões de toneladas de carvão equivalente
(Mtce) em 2030, a uma taxa de crescimento média anual de 1,9% - a partir de um nível de
4.549 Mtce em 2007, conforme exposto na Tabela 5. O uso do carvão, para geração de
eletricidade no Brasil é projetado um aumento de 2,1% ao ano no próximo quarto de século.

Tabela 5 – Demanda de Carvão Mineral por região (Mtce)


1980 2000 2007 2015 2030
América do Norte 571 832 848 843 888
Europa 663 467 482 420 378
Pacífico 145 264 325 325 310
Leste Europeu 517 292 301 306 373
Ásia 572 1.250 2.396 3.351 4.748
Oriente Médio 2 12 14 16 32
África 74 129 151 158 182
América Latina 16 29 32 49 70
Mundo 2.560 3.275 4.549 5.468 6.981
Fonte: WOO, 2009

4.3 O GÁS NATURAL

Gás natural é uma mistura de diferentes tipos de gases. O principal ingrediente é o


metano, um composto natural que se forma quando a matéria das plantas e dos animais
deteriora. Por si só, o metano é inodoro, incolor, e insípido. Como medida de segurança, as
empresas de gás natural adicionar um odorante químico chamado mercaptana (que cheira a
ovo podre), de modo vazamento de gás pode ser detectado.
O gás natural pode ser difícil de encontrar, uma vez que geralmente é preso em
rochas porosas no subsolo profundo. Os geólogos usam muitos métodos para encontrar
depósitos de gás natural. Eles podem olhar para as rochas da superfície para encontrar pistas
sobre as formações subterrâneas, podem fazer pequenas explosões ou queda de pesos pesados
na superfície da Terra e gravar o som das ondas que retornam das camadas de rochas
sedimentares no subsolo. Eles também podem também medir a força gravitacional de massas
rochosas nas profundezas da terra. Apenas cerca de 50% dos poços explorados produzem gás,
os outros vêm secos.
48

Depois de o gás natural sair do chão, ele vai para uma usina de processamento onde
ele é limpo de impurezas e separados em seus diversos componentes. Aproximadamente 90%
do gás natural é composta de metano, mas também contém outros gases como o gás propano e
butano.
Desde 1985, os preços do gás natural foram definidos pelo mercado. O governo
federal define o preço do transporte do gás que atravessa as fronteiras estaduais. As comissões
de utilidade pública do Estado regulam as empresas de gás natural simplesmente porque elas
influenciam no consumo regular de eletricidade. Quanto custa a aquecer a sua casa com o gás
natural? Comparado com outras fontes de energia, o gás natural é uma escolha econômica,
embora o preço está aumentando com a forte demanda. É cerca de três vezes mais barato que
a eletricidade quando você usa o calor da resistência e mais baratas do que as bombas de calor
elétrico.
O crescente uso do gás natural no Brasil desencadeou uma discussão do seu papel
como uma fonte de mercúrio (Hg) e gases tóxicos. No Brasil, as emissões de Hg para a
atmosfera, provenientes da combustão de combustíveis fósseis para geração de energia,
contribuiram com 6,2% do total de emissões antropogénicas. Os resultados preliminares sobre
a concentração de Hg no gás natural sugerem que uma grande fração é presa durante o refino
e transporte, o que pode criar fontes de Hg entre a extração e o consumo.
No que diz respeito aos impactos ambientais, podemos afirmar uma vantagem do gás
natural em relação aos outros combustíveis fósseis, já que ele emite menos gases poluentes
que são culpados pelo efeito estufa. Outros impactos estão relacionados à incorreta atividade
de produção do gás natural, como usinas sem estrutura mínima necessária e condições falhas
de dispersão dos poluentes, como chaminés baixas, por exemplo.
Outros aspectos positivos também podem ser apontados na produção do gás natural,
tais como geração de empregos, royalties para os municípios que acolhem as usina. Todos os
combustíveis fósseis - carvão, petróleo e gás natural - liberam gases poluentes na atmosfera
quando são queimados. A boa notícia é que o gás natural é o combustível fóssil mais “amigo”
do ambiente. Quando queima, o gás natural produz menos enxofre, carbono e nitrogênio que a
queima dos outros combustíveis fósseis.
49

4.3.1 A Oferta de Gás Natural

As reservas mundiais provadas de gás natural estão estimadas em 187 trilhões de


metros cúbicos. Quase três quartos estão localizados no Oriente Médio, e nas economias em
transição da antiga URSS e Europa Oriental. Rússia, Irã e Qatar, em conjunto, representam
cerca de 56% das reservas de gás, enquanto as reservas restantes são mais uniformemente
distribuídos numa base regional, incluindo o norte da África.
A Tabela 6 mostra as reservas provadas de gás natural no final de 2009, em trilhões
de metros cúbicos. O Oriente Médio tem as maiores reservas provadas de gás com 76 trilhões
de metros cúbicos. É seguido pela Europa e Eurásia, com 63.trilhões de metros cúbicos, Ásia-
Pacífico (16,24), África (14,76), América do Norte (9,16) e, finalmente, América do Sul e
América Central, com 8 trilhões de metros cúbicos.

Tabela 6 – Reservas Comprovadas de Gás Natural (trilhões de metros cúbicos)

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


América do Norte 7,38 7,38 7,47 7,83 8,00 8,88 9,18 9,16
América Central e do Sul 6,97 6,82 6,95 6,84 7,24 7,36 7,32 8,06
Europa e Eurasia 56,74 57,78 57,37 57,26 57,06 56,99 62,26 63,09
Oriente Médio 71,76 72,36 72,35 72,80 72,75 74,18 75,82 76,18
África 13,76 13,86 14,20 14,07 14,38 14,62 14,71 14,76
Ásia Pacífico 13,00 13,09 13,62 13,48 13,75 14,65 16,00 16,24
Mundo 169,62 171,28 171,97 172,28 173,18 176,68 185,28 187,49
Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

A distribuição das reservas da América Latina está indicada na Figura 17. Tal
volume de reservas ainda é pouco se compararmos ao volume mundial (187 trilhões de m³),
apresentando apenas com pouco menos de 4% do total, mas o percentual tem capacidade de
aumentar com a colaboração do processo exploratório atual.
Na abertura de 2007, as plantas que havia de gás natural no continente sul-americano
e central já estavam em mais de sete trilhões de m³, com 63% delas localizadas na Venezuela.
Deve ser ressaltado que nesse volume não estão incluídas as recentes descobertas brasileiras
dos campos de Tupi (petróleo a gás natural) e Júpiter (gás natural) e, nem mesmo, as
descobertas que duplicaram as reservas dos campos de Camisea, no Peru (283 bilhões de
metros cúbicos adicionais). No final de 2009, as reservas mundiais de gás natural chegaram a
187 trilhões de m³, o suficiente para abastecer a demanda mundial original pelos próximos 60
anos, de acordo com um estudo feito pela BP, os países do Oriente Médio contem mais de
50

40% desse volume.

Figura 17 - Distribuição Geográfica das Bacias de Gás natural Sul-americana (2007)


Fonte: MME / SPG, 2007

A Tabela 7 mostra os países possuidores das maiores reservas de gás natural no


mundo.
51

Tabela 7 - Reservas de gás natural no mundo (2009)

Países Trilhões m³ %
Russia 44,38 23,67
Iran 29,61 15,79
Qatar 25,37 13,53
Turquemenistão 8,10 4,32
Arábia Saudita 7,92 4,22
Estados Unidos 6,93 3,70
Emirados Árabes Unidos 6,43 3,43
Venezuela 5,67 3,02
Nigéria 5,25 2,80
Brasil 0,36 0,19
Outros 47,48 25,32
Total 187,49 100,00
Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

Percebe-se que nas regiões do Oriente Médio e Rússia encontram-se as maiores


reservas de gás natural no mundo. No entanto, em termos de produção, os Estados Unidos
ocupam a primeira posição, com a Rússia logo atrás, conforme nos mostra a Tabela 8.

Tabela 8 - Produção de gás natural por países selecionados (2009)

Países Trilhões m³ %
Estados Unidos 593,38 20,10
Rússia 527,51 17,61
Canadá 161,39 5,39
Iran 131,20 4,38
Noruega 103,47 3,45
Qatar 89,30 2,98
China 85,17 2,84
Algeria 81,43 2,72
Arábia Saudita 77,45 2,59
Brasil 0,36 2,40
Outros 1.136,30 38,04
Total 2.986,96 102,50
Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

O gás natural, depois da década de 80, foi o combustível fóssil que registrou o maior
crescimento de produção na América latina, devendo manter-se nesse arranjo pelos próximos
anos. A produção de gás natural tem aumentado no Oriente Médio e na Ásia desde a década
de 1980. Globalmente, a partir de 2002 até 2009, a produção deste bem mostrou uma taxa de
crescimento anual de 1%. Como se pode verificar na Tabela 9, em 2009, 14% do gás natural
foi produzido no Oriente Médio, enquanto a Europa e Eurásia produziram 32% e a América
do Norte 27%. O gás natural representa atualmente 24% do consumo global de energia
moderna contribuindo com cerca de 5,5 Gt de CO2 anualmente para a atmosfera.
52

Tabela 9 – Produção de Gás Natural (bilhões de metros cúbicos)

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


América do Norte 763 767 753 744 764 784 802 813
América Central e do Sul 107 119 132 139 151 155 157 152
Europa e Eurasia 968 1.002 1.032 1.038 1.052 1.053 1.086 973
Oriente Médio 247 263 285 320 339 357 383 407
África 135 145 155 176 193 205 214 204
Ásia e Oceania 301 322 337 364 382 400 418 438
Mundo 2.520 2.617 2.694 2.780 2.880 2.955 3.061 2.987
Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

No mercado nacional, tal aumento tem ainda maior relevância. A produção de gás
natural obteve um crescimento de 5% ao ano nos últimos dez anos (1999-2009), ou seja, 6,7
bilhões de m³ para 10,7 bilhões de m³). Mas assim sendo o gás natural atalha
exclusivamente o quarto arranjo na matriz energética nacional, como mostra a Figura 18.

Petróleo e derivados
3%
Gás Natural
14%
Carvão Mineral

Urânio 3% 39%

Hidraulica e Eletrecidade

15%
Lenha e Carvão Mineral

Derivados da cana de Açucar


1%
Outras fontes prim. 6% 9%
Renováveis

Figura 18 - Matriz Energética Brasileira 2005


Fonte: EPE, 2005

4.3.2 A Demanda de Gás Natural

A demanda de gás natural cresceu rapidamente a partir dos anos 80, pelo fato de ser
relativamente superior a outras tecnologias de combustíveis fósseis em termos de custos de
investimento, eficiência energética, flexibilidade operacional, rapidez implantação e
benefícios ambientais, especialmente quando os custos do combustível estavam relativamente
53

baixos.
A aplicação do gás natural pode acontecer em todos os setores da economia:
indústria, comércio e serviços. Sua versatilidade possibilita que ele seja utilizado tanto na
geração de eletricidade, quanto nos motores dos veículos de transporte, na obtenção de calor e
na produção de chamas. Além disse este recurso também pode sofrer modificações para
funcionar como um substituto aos derivados do petróleo, degradando menos o meio ambiente
e com a mesma eficiência energética.
A indústria é o maior consumidor de gás natural, utilizando-o principalmente como
fonte de calor para a fabricação de mercadorias. A indústria também utiliza gás natural como
um ingrediente na fabricação de adubos, filmes fotográficos, colas, tintas, plásticos,
detergentes para a roupa, e repelentes de insetos. Borracha sintética e fibras sintéticas como o
nylon, também não poderiam ser feita sem os produtos químicos derivados do gás natural.
O gás natural é usado, principalmente, para produzir eletricidade - é o segundo maior
produtor de eletricidade depois do carvão. Acredita-se que a indústria de energia de gás
natural irá desempenhar um papel mais importante na produção de eletricidade com o
aumento da procura de eletricidade no futuro. As plantas de gás natural produzem menos CO2
por unidade de produção de energia do que o carvão ou o petróleo, porque as tecnologias da
relação carbono-hidrogênio mais elevados de metano e a eficiência térmica relativamente
alta.
O gráfico abaixo mostra o consumo deste recurso nos últimos 10 anos, um
crescimento de 33% no total. A África registra o maior crescimento percentual, quase
duplicando seu consumo e a Ásia o maior crescimento absoluto, 230 bilhões de m³.

3.500

3.000
Ásia Pacífico
2.500
África
2.000
Oriente Médio
1.500
Europa & Eurasia
1.000
América Central e do
500 Sul
América do Norte
0
1998 2004 2005 2006 2007 2008

Figura 19 – Consumo de Gás Natural (bilhões de metros cúbicos)


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009
54

Com relação ao consumo, percebe-se, através da Tabela 10, que os Estados Unidos
apenas não absorvem toda a produção interna, como também precisam importar gás natural
dos outros países produtores. Já a Rússia possui um comportamento inverso, com a
quantidade produzida maior do que a consumida pode exportar parte da produção.

Tabela 10 - Consumo de gás natural (2009)

Países Trilhões m³ %
Estados Unidos 646,59 21,99
Rússia 389,68 13,25
Iran 131,70 4,48
Canadá 94,72 3,22
China 88,70 3,02
Japão 87,44 2,97
Reino Unido 86,55 2,94
Alemãnha 78,00 2,65
Arábia Saudita 77,45 2,63
Brasil 20,32 0,69
Outros 1.239,22 42,15
Total 2.940,36 100,00
Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

O mercado internacional trouxe ao Brasil o gás natural dividido em três submercados


cardeais interconectados entre si. O negócio do Norte sedimentado com a entrega de 6
milhões de metros cúbicos por dia, a partir da conclusão do gasoduto Coari-Manaus, para a
substituição de óleo diesel nas térmicas de Manaus. A área do nordeste brasileiro é abastecida
com gás natural produzido no Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe e Bahia, com uma
disponibilidade atual alta. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste formam um único mercado
com três fontes distintas de gás natural. A grande produção nacional esta acoplada à produtora
nacional de gás natural integrada à Bacia de Campos (em torno de 22 milhões de metros
cúbicos por dia). A outra fonte é o gás natural boliviano, que soma 30 milhões de metros
cúbicos por dia. A outra opção seria o contrato de abastecimento de 3 milhões de metros
cúbicos por dia através de Uruguaiana.
Embora o setor industrial seja uma fonte importante de crescimento do consumo
esperado de gás natural no Brasil, não está claro se a demanda alcançará o previsto (30
milhões de m³). A maior parte deste gás será usado como matéria-prima na indústria
petroquímica, fertilizantes e siderúrgicas, e como uma fonte de calor em outras indústrias. O
Ministério de Minas e Energia (MME) tem procurado incentivar o desenvolvimento da
cogeração industrial, aumentando o limite anterior de consumo de gás natural. Como um
incentivo adicional, o BNDES oferece linhas especiais de crédito para projetos de cogeração.
55

5 FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

As energias renováveis incluem energia derivada de processos naturais que não


envolvem o consumo de recursos não renováveis como os combustíveis fósseis e urânio.
Atualmente, poucos países com razoável nível de industrialização, como Brasil, possuem uma
matriz energética com uma quota importante de fontes de energia renováveis. A energia
hidrelétrica, energia eólica e das ondas, energia solar e geotérmica e as energias renováveis e
resíduos de combustíveis renováveis (gás de aterro sanitário, incineração de resíduos,
biomassa sólida e biocombustíveis líquidos) são os componentes de energia renovável.
Uma década atrás, a energia renovável era considerada um sucedâneo indesejável dos
combustíveis fósseis, mas o recente estabelecimento da International Renewable Energy
Agency (Irena), fundada em janeiro de 2009, sinaliza que em todo o mundo os governos estão
levando as fontes renováveis a sério. Em vista das crescentes preocupações sobre as
mudanças climáticas e a volatilidade dos preços do petróleo e de outros combustíveis fósseis,
as opções de energia renovável estão finalmente criando uma perspectiva viável.
Como nova plataforma mundial para desenvolvimento de renováveis a Irena dará
consultoria sobre políticas e ajudando a incrementar uma capacidade geradora e a transferir
tecnologias. Isso contribuirá para possibilitar aos países mais pobres acesso, a custos
razoáveis, a energia limpa, além de um passo fundamental no sentido de tirar milhões de
pessoas da pobreza.
A Irena desenvolve políticas e dissemina as tecnologias, em parte porque os países
instrumentais para seu nascimento - Dinamarca, Alemanha e Espanha - têm impecáveis
credenciais em políticas ambientais. A Dinamarca é pioneira na área de energia elétrica eólica
comercial e produz metade das turbinas eólicas no mundo. O país poderá em breve criar o
cenário para o mundo pós-Kyoto.
A Alemanha lidera no setor de tecnologia limpa, focada em eletricidade obtida de
energia solar. Até 2020, os alemães planejam extrair 47% de sua eletricidade de fontes
renováveis. A Espanha foi um dos primeiros países a adotar um plano energético nacional
visando incentivar o uso de fontes renováveis de energia e reduzir emissões de gases que
provocam o efeito estufa.
Além disso, o grande número de países membros da nova agência - no total, são 136
nações - está profundamente interessado em beneficiar-se das oportunidades que a energia
renovável criará para crescimento, como emprego e ajuda para cumprir as Metas de
56

Desenvolvimento do Milênio da ONU. Esses países têm consciência do potencial da energia


renovável, e especialmente - em áreas rurais - das novas soluções não interligadas a redes
estabelecidas de eletricidade.
A Irena ficará sediada em Abu Dhabi o que equivale a uma mensagem inequívoca de
que o fomento à energia renovável não é "antipetróleo". Os combustíveis fósseis continuarão
presentes por algum tempo, e nós deveríamos investigar continuamente maneiras mais limpas
de usá-los.
Ao mesmo tempo, é preciso encarar a realidade: os combustíveis fósseis não durarão
eternamente, e alguns suprimentos poderão escassear em breve. Portanto, é preciso planejar
para o inevitável e desenvolver as políticas, tecnologias e infraestruturas institucionais
relevantes tão logo quanto possível.
Uma lição que se aprendeu tanto com o debate sobre mudanças climáticas em na
cúpula de Copenhague, como na crise econômica é que apenas trabalhando em conjunto se
pode promover mudanças efetivas. Em certo sentido, essa mudança já começou. A Irena é
prova inconteste de que nosso mundo tem a vontade de distanciar-se de seu passado sujo de
carbono e de assegurar os combustíveis necessários para viabilizar um futuro limpo e
próspero que possa ser desfrutado tanto pelos países desenvolvidos como em
desenvolvimento.
Com base nas tendências de investimento em curso no setor de energias renováveis
mais recentes do FMI, as previsões do PIB global e assumindo os preços dos combustíveis
fósseis permanecem próximos aos níveis atuais, a AIE projetou o investimento mundial em
tecnologias de energias renováveis de geração de energia em 2009 caindo para menos de 70
bilhões de dólares. Isso representa uma queda de 18% em 2008, tendo as despesas de volta
aos níveis de 2007 (Figura 20). Os pacotes de estímulo podem fazer uma importante
diferença, sem eles o investimento não estariam nos níveis atuais. Esta queda no investimento
em energias renováveis representa um grande retrocesso na luta contra a mudança climática.
57

Geotermica

Peq. Centrais Hidrelétricas

Biomassa

Solar

Eólica

Figura 20 – Investimentos em Energias Renováveis (Bilhões de Dólares)


Fonte: AIE, 2009

O consumo de energia eólica vem crescendo constantemente. Do ano de 2005 para


2006, conforme indicado na Figura 21, houve um aumento de 45% no consumo deste bem na
indústria energética. A energia a partir da Biomassa representa uma grande parcela das
energias renováveis e, assim como a hidroeletricidade, precisa ser levado em consideração o
seu impacto ambiental, como a destruição da fauna e da flora.

3500 Crescimento 2005-2006 (%)

45,10%
3000

2500

2000

1500

1000
6,90% 6,50%
5,20% 1,80%
500

0
Biomassa Geotérmica Hidroeletrecidade Energia Solar Energia Eolica

Figura 21 – Consumo de Energias Renováveis (Btu)


Fonte: AIE, 2009

Apesar das elevadas taxas de crescimento, as energias renováveis ainda representam


apenas uma pequena fração do consumo atual de energia global. A BP estima que as energias
58

geotérmica, eólica e solar representam aproximadamente 1,7% da produção de eletricidade a


nível mundial. As energias renováveis, no entanto, começam a desempenhar um papel
significativo no crescimento de eletricidade, contribuindo para 14% do crescimento na
geração de energia global ao longo dos últimos três anos.
Essas fontes já estão desempenhando um papel importante em alguns países. Por
exemplo, a geração de energia eólica tem uma participação significativa na produção total de
eletricidade na Dinamarca (20%), Espanha (12%) e Alemanha (6%), as fontes geotérmicas
representam mais de um quinto da eletricidade total produzida na Islândia, El Salvador e no
Quênia.
A indústria mundial de energia renovável continuou a crescer rapidamente em 2009,
apesar do abrandamento econômico. Tradicionalmente, a Europa e o Japão foram os líderes
no desenvolvimento de renováveis, a partir de incentivos generosos do governo, mas agora o
EUA e a China se juntaram com investimentos significativos em capacidade eólica em
2009. A indústria da energia renovável está, rapidamente, ganhando importância em termos
de contributo para a atividade econômica e o emprego.
Os dados sobre as energias renováveis não estão incluídos na maioria das publicação
devido a problemas com a completude, atualidade e qualidade das informações. No entanto,
os dados sobre a capacidade instalada para a energia geotérmica, eólica e de geração de
energia solar e os dados sobre a produção mundial de etanol são publicadas com maior
facilidade.
A Figura 22 mostra a geração de energia elétrica por fonte de energia renovável
(excluindo energia eólica e hídrica) em 2007 e, segundo a AIE, a projeção e evolução da
geração mundial de eletricidade até 2035. Podemos observar o constante avanço da energia de
biomassa, acaba representando 73% da geração entre estas energias renováveis.

1000 Biomassa, resíduos e


Ondas
800
Solar
600
Geotérmica
400

200

0
2007 2015 2020 2025 2030 2035

Figura 22 – Geração mundial de eletricidade por fonte de energia renovável (bilhões de quilowatts-hora)
Fonte: AIE, 2009
59

Em 2008, perto de US$ 155 bilhões foram investidos em empresas e projetos de


energia renovável em todo o mundo, não incluindo grandes obras hidrelétricas, segundo
recente relatório do Programa Ambiental da ONU. Em escala mundial, o setor de energia
renovável criou 2,3 milhões de empregos nos últimos anos. Somente na Alemanha, o
crescimento do setor gerou 250 mil novos empregos verdes em menos de dez anos.
Grandes empresas estão investindo bilhões de dólares para investigar as oportunidades
que as fontes renováveis podem proporcionar. Existem sérios planos contemplando a
conversão de calor e luz solares no deserto do Saara em importante fonte energética européia,
suprindo energia a meio bilhão de pessoas. Algumas estimativas sugerem que o projeto
poderá custar até US$ 60 bilhões para começar a levar eletricidade do Saara à Europa daqui a
dez anos. Com apoio estatal, os progressos poderiam ser muito mais rápidos. Os custos são
enormes, mas a atual crise econômica e financeira ensinou a não temer números de dez
dígitos.
Um fator de importância ao avaliar as alternativas energéticas ao petróleo é o fato de
que as fontes de energia alternativas possuem custos de produção mais elevados e requerem
uma quantidade de energia maior para serem produzidas do que a simples extração de
petróleo. Mas os custos de energias renováveis vão acabar caindo, paralelamente às inovações
tecnológicas e à produção em massa. Desse modo, a energia gerada por esses combustíveis
tem de ser maior do que a consumida na sua produção (taxa de conversão), ou eles não serão
de fato um substituto para o petróleo como fonte de energia.

5.1 ENERGIA HIDRÉLETRICA

Com uma barragem num rio, se pode fornecer uma fonte barata e constante de
energia hidrelétrica para grandes comunidades. Os esquemas de energia hidrelétrica existem
em muitos países. Muitas vezes em regiões montanhosos onde os rios descem ladeiras
íngremes. Em terras planas rios fluem mais devagar, então grandes barragens artificiais têm
que ser construídas para criar reservatórios. O reservatório fornece uma cabeça "de água que
pode ser canalizada através de uma turbina. A maioria das pessoas vive em terras planas,
então estes sistemas que exigem grandes barragens e inundar uma grande quantidade de terra
acaba inundando uma boa parte de terra.
60

A produção mundial da indústria de energia hidrelétrica cresceu 1,5% em 2009, que


mesmo assim foi suficiente para torná-lo o combustível de mais rápido crescimento do mundo
em 2009. Com uma quota atual de 16%, a energia hidrelétrica continua a ser o terceiro maior
contribuinte para a geração de eletricidade a nível mundial. Embora o potencial sustentável
nos países desenvolvidos já foi amplamente explorado, os países em desenvolvimento, onde
os recursos consideráveis permanecem inexplorados, são esperados para continuar a
desenvolver a energia hidrelétrica, embora as preocupações ambientais e o impacto do
reassentamento da população, que poderá limitar o aproveitamento pleno dos recursos
disponíveis.
Segundo estudos econômicos da BP, entre 2007 e 2015 a demanda global de energia
hidrelétrica irá crescer a uma taxa média anual de 3% ao ano. O crescimento mais rápido vai
ser testemunhado na China, com uma taxa média de crescimento de aproximadamente 5% ao
ano. A demanda por energia hidrelétrica será a maior da América Latina em 2015, superando
o atual líder, a América do Norte. A água é atualmente a principal fonte de energia renovável
utilizada por empresas de energia elétrica para gerar energia.

800

700

600 Ásia

500 África

Oriente Médio
400
Europa e Eurasia
300
América Central e do Sul
200
América do Norte

100

0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 23 – Consumo por Região (Mtep)


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

As usinas Hidrelétricas de não poluem a água ou o ar. No entanto, as indústrias


hidrelétricas podem ter grandes impactos ambientais, alterando o ambiente e afetando a
utilização de terrenos, casas, e dos habitats naturais na área da represa.
61

A maioria das usinas hidrelétricas tem uma barragem e um reservatório. Estas


estruturas podem impedir a migração de peixes e afetar suas populações. A exploração de
uma usina hidrelétrica pode também alterar a temperatura e fluxo da água do rio. Essas
alterações podem prejudicar as plantas e os animais nativos no rio e na terra. Os reservatórios
podem cobrir a casa das pessoas, importantes áreas naturais, terrenos agrícolas e sítios
arqueológicos. Assim, a construção de represas pode exigir a deslocalização das pessoas. O
metano, um gás com efeito de estufa forte, pode se formar em alguns reservatórios e ser
emitido para a atmosfera.

Combustível não é queimado para que haja o


Elevados custos de investimento
mínimo de poluição
A água para executar a usina é fornecida
Hidrologia dependente (precipitação)
gratuitamente pela natureza
Hidrelétrica desempenha um papel importante na
Em alguns casos, inundação de terrenos e o
redução das emissões de gases com efeito de
deslocamento das populações locais
estufa

Operações com baixos e custos de manutenção


x Em alguns casos, perda ou alteração do habitat
dos peixes
A tecnologia é confiável e comprovada ao longo
Bloqueio ou restrição na passagem de peixes
do tempo
É renovável - chuva renova a água no
Em alguns casos, mudanças n o fluxo e na
reservatório, de modo que o combustível é quase
qualidade da água do reservatório
sempre há
Figura 24 – Vantagens x desvantagens do uso de Hidrelétricas
Fonte: Elaboração do autor

5.2 ENERGIA A PARTIR DA BIOMASSA

A biomassa continua a ser a principal fonte mundial de alimentos, forragens e fibras


de estoque, bem como um recurso renovável de hidrocarbonetos para uso como fonte de
calor, eletricidade, combustíveis líquidos e produtos químicos. A biomassa lenhosa e a palha
podem ser usadas como materiais, que podem ser reciclados para a energia no final da sua
vida. Fontes de biomassa incluem florestas, resíduos agrícolas e de gado, plantações florestais
de curta rotação, culturas energéticas herbáceas, componentes orgânica dos resíduos sólidos
urbanos (RSU), resíduos orgânicos, entre outros. Estes são utilizados como matérias-primas
para a produção de vetores de energia sob a forma de combustíveis sólidos, combustíveis
líquidos (metanol, etanol, butanol e biodiesel), combustíveis gasosos (gás de síntese, biogás,
hidrogénio), eletricidade e calor.
62

A utilização da biomassa está crescendo em todo o mundo, incluindo o industrial, a


agricultura / setores residenciais e comercial, mas sobretudo como um contributo para a
produção de eletricidade e para a produção de biocombustíveis. Segundo a AIE, a utilização
da biomassa global expande entre 2007 e 2030 a uma taxa média anual de 3,4% ao ano, com
crescimento nos países da OCDE maior do que nos países em desenvolvimento.
Globalmente, a biomassa fornece atualmente cerca de 50 exajoules (EJ) de
bioenergia na forma de biomassa como combustível e resíduos, biocombustíveis líquidos,
resíduos sólidos urbanos, biomassa sólida/carvão e combustíveis gasosos. Este valor é
estimado em compor mais de 10% da energia primária global, mas com mais de dois terços
consumidos nos países em desenvolvimento como a biomassa tradicional para uso doméstico
(AIE).Cerca de 8,6 EJ/ano de biomassa moderna é usada para aquecimento e geração de
energia.
Uma vasta gama de tecnologias de conversão está em desenvolvimento contínuo para
a produção de bioenergia para os transportadores de pequena e grande escala. Lixos e resíduos
orgânicos são frequentemente rentáveis matérias-primas para as empresas de conversão de
bioenergia, resultando em nichos de mercado para o manejo florestal, processamento de
alimentos e outras indústrias. O uso industrial da biomassa nos países da OCDE foi de 5,6 EJ
em 2002 (IEA), principalmente sob a forma de licor negro em fábricas de celulose; biogás
para o processamento de alimentos; e serragem e casca de arroz, etc. no processo de
aquecimento de caldeiras.
Com relação aos biocombustíveis, que representa o componente de crescimento mais
rápido na utilização de biomassa entre 2007 e 2030, tornou-se cada vez mais claro que os
biocombustíveis têm suas limitações. A expansão em larga escala da primeira geração dos
biocombustíveis - aqueles que são produzidos a partir de grãos, açúcar, sementes e outras
culturas alimentares - são agora amplamente visto como tendo sido um fator que contribui
para o aumento dos preços dos alimentos. Além disso, é evidente que mesmo os benefícios
ambientais dos biocombustíveis têm vindo recentemente com pareceres negativos. Devido à
grande escala do mono-cultivo, foi reconhecido que eles impactaram negativamente os
recursos hídricos, tanto em termos de disponibilidade física e de acesso à água, bem como a
biodiversidade, em termos de erosão e lixiviação de nutrientes,
Os biocombustíveis de segunda geração, que não dependem de culturas alimentares,
são vistos como a possibilidade de resolver a maior parte das preocupações em torno da
sustentabilidade dos biocombustíveis. No entanto, estes estão ainda na fase de P&D e não se
espera tornar-se comercialmente disponíveis e contribuir significativamente para o
63

fornecimento de biocombustíveis até 2020.


Desde o quarto trimestre de 2008, a crise financeira global e aperto de crédito que se
seguiu, também freia a expansão dos biocombustíveis, a médio prazo. Longo prazo, no
entanto, as iniciativas políticas do EUA e da união Européia, em particular, irão conduzir a
expansão dos biocombustíveis, com ênfase em biocombustíveis de segunda geração.
Globalmente, segundo a BP, o fornecimento de biocombustíveis chegará
equivalentes 158 milhões de toneladas de petróleo (Mtep) em 2030, expandindo a partir de
2007 a uma taxa média anual de 6,7% ao ano. Embora a oferta nos países em
desenvolvimento continue a ser menor do que nos países desenvolvidos até 2030, vai crescer
no ritmo vigoroso de 7,6% ao ano entre 2007 e 2030.
Em todo o mundo o Brasil é o maior produtor de produção de etanol de cana. A
importância desta atividade econômica cresceu após a criação do Proálcool - em 1975, com a
finalidade de produção de anidro etanol para ser misturado com gasolina. É claro que a
produção de etanol no Brasil teve um novo impulso com a chegada dos veículos flex-fuel no
mercado.
Há certo otimismo quanto à ampliação do mercado de etanol, assim como alguns
países estão interessados em começar a usar (ou efetivamente estão usando) uma mistura
etanol-gasolina.O interesse é motivado por um conjunto de fatores:
a) aumento dos preços do petróleo;
b) conveniência de reduzir a dependência do petróleo;
c) necessidade de reduzir as emissões para o ar nas grandes cidades;
d) necessidade de realizar metas definidas pelo Protocolo de Kyoto.

A crise financeira teve um impacto na expansão da produção de etanol no


Brasil. Embora o efeito total ainda seja desconhecido, uma vez que a indústria do etanol
brasileiro é dominado por empresas privadas familiares, que não estão vinculados a regras de
divulgação pública, há sinais de que o investimento estrangeiro, sim, caiu. Além disso, um
número de encomendas de novos equipamentos tem sido canceladas ou adiadas. Em 2009, a
oferta vai crescer apenas 0,17 mb/d, em comparação com o fenomenal crescimento de 0,32
mb/d registrados um ano antes.
O EUA e o Brasil continuam dominando a produção global de etanol, com quotas de
mercado de 53% e 34%, respectivamente. Entretanto, as taxas de crescimento dos países em
2009 divergiram. No EUA a produção aumentou cerca de 17%, enquanto o Brasil
experimentou um declínio de 4%. A produção cresceu para 20 Mtep no EUA e caiu para 13
64

Mtep no Brasil. Produção para outros lugares aumentou quase 10% para 5 Mtep em 2009,
liderada por aumentos na Europa.
A Figura 25 mostra a produção global de etanol em Mtep. Brasil, EUA e outros
países são descritos. O EUA mostrou o maior aumento na produção do etanol a partir de 3,32
Mtep em 2001 para 20,33 em 2009. A produção de etanol no Brasil aumentou de 5,7 Mtep em
2001 para 13,35 Mtep em 2009. Outros países cresceram de 0,3 à 5 Mtep ao longo do
período.

45.000 Resto do Mundo


38.418
40.000 Brazil 35.627
35.000 EUA
Série4 26.997
30.000

25.000 21.048
20.000 16.944
13.509 14.871
15.000 11.007
9.417
10.000

5.000

-
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 25 – Produção Global de Etanol (Mtep)


Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

Com relação aos riscos ambientais, a utilização de biomassa para fins energéticos
não causa aumento líquido das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera. Como as
árvores e as plantas crescem, a cultura da “matéria-prima” remove o carbono da atmosfera
através da fotossíntese. Se a quantidade de crescimento de biomassa gera novas biomassas
utilizadas para produzir energia, a bioenergia é o dióxido de carbono "neutro". Ou seja, a
utilização da biomassa para a energia não aumenta as emissões de dióxido de carbono, não
contribuem para o risco das mudanças climáticas globais. Além disso, utilizando a biomassa
para produzir energia é muitas vezes uma forma de se desfazer dos resíduos que poderiam
criar riscos ambientais.
65

5.3 ENERGIA SOLAR

A energia solar aproveita a energia do sol para produzir eletricidade limpa. Ele tem
um potencial imenso se produzido e entregue a custos competitivos. Hoje o seu valor para o
consumidor depende de fatores como a geografia e as políticas locais, incluindo as condições
sob as quais os países podem vender a energia excedente para a rede pública. Custos de
energia solar estão caindo rapidamente e muitas empresas e famílias estão percebendo como
uma maneira de cortar custos de energia, reduzir a exposição às variações nos preços de
utilidade e ajudar a proteger o meio ambiente.
A energia solar é o protótipo de uma fonte de energia ecológica. Ele consome
nenhum de nossos preciosos recursos energéticos, não faz qualquer contribuição para o ar,
água ou poluição sonora, não representa um perigo para a saúde, e não gera resíduos nocivos
ao meio ambiente. Além disso, a energia solar não pode ser embargada ou controlada por
qualquer nação. E isso não vai acabar até que o sol se apaga.
Com a tecnologia da energia solar tornando-se cada vez mais acessível e disponível,
seu potencial como uma importante fonte de energia de baixo carbono cresce. Em 2004 um
relatório da BP estimou que, até 2020, os sistemas fotovoltaicos poderiam fornecer 276 mil
Gigawatt (GW) de energia equivalente a 1% da demanda global projetada pela AIE. O estudo
aponta que o mercado dos sistemas fotovoltaicos cresça a uma taxa de crescimento anual
composta de 30% até 2020, bem abaixo do crescimento médio da indústria entre 2002-2007,
de 45%. Tal oferta de energia solar evitaria a emissão de 664 milhões de toneladas de CO2
anualmente. Além disso, o relatório apontou uma taxa de crescimento de 15% a partir de 2020
até 2040, ou seja, a produção de energia solar pode ser mais de 9.000 MW/h, 26% da
demanda energética global projetada.
O mercado solar térmico global teve uma taxa de crescimento de cerca de 15% em
2007, graças a um crescimento sustentado de 22% no maior mercado do mundo, a Alemanha.
A China apresenta um crescimento forte, impulsionado por sua grande população e um
crescimento dinâmico de seu setor de aquecimento solar. Austrália e Nova Zelândia formam
um grande mercado regional. A capacidade mundial de geração de energia do poder solar
cresceu 47% em 2009, mais lento do que o crescimento recorde de 70% alcançado em 2008,
mas ainda rápido o suficiente para deixar a capacidade solar global, no final de 2009, o dobro
do que era no final de 2007 (Figura 26)
66

25.000
Outros Continentes
Europa
20.000
América do Norte

15.000

10.000

5.000

0
96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

06

07

08

09
19

19

19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20
Figura 26 – Capaciade Instalada de Energia Solar (Megawatts)
Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2009

No final de 2009, a capacidade solar térmica em operação no mundo igualou 22,9


GW, dos quais 9,6 GW estavam na Alemanha. No que diz respeito a uma capacidade
instalada acumulada, a Alemanha ocupa o primeiro lugar 9,6 GW, seguida por Espanha (3,4
GW). Com aproximadamente 4,2 GW cada, o Japão e a Turquia ficam em terceiro lugar,
seguido pela Itália (1,2 GW), Coréia (0,5 MW), Israel e Brasil.
Por ser um país localizado, na sua maior parte, na região intertropical, o Brasil possui
grande potencial de energia solar durante todo o ano. A energia solar pode trazer benefícios
ambientais para o país, além de o desenvolvimento de áreas remotas e rurais, onde o custo de
eletrificação pela rede convencional é alto demais em relação ao retorno financeiro. As redes
de eletricidades não conseguirem chegar a muitas das regiões rurais do Brasil e os agricultores
estão restritos a culturas durante a estação chuvosa de seis meses. Uma empresa local, Village
Ambiental, viu a conexão entre a demanda potencial para irrigação e tecnologia adequada
para o abastecimento de água - bombas de alimentação solar.
Citando o exemplo de empreendimento da Village Ambiental. O primeiro produtor a
instalar um sistema solar de irrigação, havendo o reembolso do empréstimo no prazo de dois
anos. O custo de investimento saiu oito mil reais, o que pode ser comparado ao custo anual de
insumos agrícolas, 4,2 mil reais e à renda da produção vendida, 18 mil reais. Mesmo a olho
nu, a instalação de um sistema de irrigação solar, evidentemente, oferece um bom retorno
sobre o investimento e faz sentido para os negócios. No Mato Grosso os agricultores estão
realmente investindo os lucros agrícolas em outros sistemas solares para fornecer energia
67

elétrica às suas casas e ã sua produção.Talvez, na sequência da iniciativa e dos sucessos, as


instituições financeiras conservadoras no Brasil vão se dar conta dos potenciais benefícios
para todos os interessados que podem ser obtidos a partir de pequenos projetos de energias
renováveis para a agricultura.
O mercado brasileiro de coletores solares térmicos ainda é muito fraco, com 2
milhões de m² instalados e 240 mil m² vendidos no ano de 2000. Isso restrito as regiões sul,
sudeste e centro oeste que representando 10% do consumo residencial de energia térmica.
Esta energia limpa, além dos todos estes benefícios, pode diminuir a dependência interna ao
mercado de petróleo e reduzir as emissões de gases poluentes na atmosfera.

5.4 ENERGIA EÓLICA

A Energia eólica, utilizada desde a antiguidade com aplicações envolvendo diversas


maneiras de energia mecânica. Nos últimos anos recebeu uma grande parcela de
desenvolvimento em sua evolução devido ao fato de que se trata de um sistema de produção
de energia, onde se juntou a sustentabilidade do meio ambiente com o uso de um recurso
natural renovável. Isso o transforma em sistema elétrico de geração de energia, com mais
possibilidades de desenvolvimento.
O apoio do governo continua a ser o fator mais importante por trás do rápido
crescimento da produção eólica. O crescimento futuro também depende de avanços
tecnológicos no segmento de energia eólica offshore. Em 2009, apenas 689 MW da nova
capacidade eólica instalada era de offshore (1,8% da capacidade total acrescentado), mas este
foi o dobro da capacidade instalada no mar em 2008 e há uma série de grandes projetos
offshore de desenvolvimento para a construção nos próximos anos.
A análise da Tabela 11 mostra que a energia eólica desempenhou um crescimento de
capacidade geradora acelerada em 2009, 31%, com o aumento da capacidade de 38 GW
atingindo 160 GW no final de 2009. Este foi o sexto ano consecutivo de aceleração do
crescimento, uma conquista notável em um ano de recessão econômica global. A taxa de
crescimento da capacidade ao longo dos últimos 10 anos é de 28% ao ano. A geração de
energia eólica em 2009 é estimada em mais de 260 Terawatts-hora (1,3% da produção total de
eletricidade).
Em 2009, a China mais que dobrou a capacidade instalada para 25,9 GW de energia
68

eólica, ultrapassando a Alemanha para tomar o segundo lugar, atrás do EUA em termos de
capacidade instalada acumulada. A China ultrapassou o EUA em termos de nova capacidade
adicionada (13,7 MW versus 9,9 MW). O EUA e a China representam mais de 60% do total
de adições de capacidade eólica no mundo.
Liderada pela Alemanha e Espanha, a Europa continua a ser o maior mercado
regional de produção de energia eólica em termos de capacidade total instalada (77 GW, ou
48% do total mundial). A região de maior crescimento nos últimos cinco anos tem sido a
Ásia-Pacífico, liderada por China e Índia. A região da Ásia-Pacífico de capacidade eólica
instalada duplicou desde 2005, atingindo 26% até o final de 2009.

Tabela 11 – Capacidade Instalada Acumulada de Turbinas Eólicas (MW)

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009


América do Norte 4.462 4.947 6.715 7.197 9.867 13.180 18.810 27.940 38.933
América Central e do Sul 131 140 190 194 195 397 581 977 1.418
Europa & Eurasia 17.833 23.854 29.325 34.749 41.068 48.651 56.851 65.998 76.581
Oriente Médio 18 33 72 101 101 101 101 101 101
África 137 148 211 234 278 386 469 696 1.014
Ásia e Oceania 2.349 2.916 3.790 5.438 7.889 11.591 17.193 26.446 42.037
Total 24.927 32.037 40.301 47.912 59.398 74.306 94.005 122.158 160.084
Fonte: AIE, 2009

O Vento está se tornando um importante contribuinte para a produção européia de


eletricidade. Na Dinamarca a energia eólica fornece 20% da geração de energia. A energia
eólica em Espanha tem uma penetração de 12,4%, maior do que a geração hidrelétrica em
9,3%. Na Alemanha, a penetração da energia eólica está em 6,3%, quase o dobro da parte da
hidrelétrica. Vento tem uma quota muito menor no EUA - contribui 1,7% da geração de
energia. Mas, nos últimos dois anos a energia eólica tem proporcionado um maior
crescimento na energia gerada de que qualquer outro combustível no EUA.
O potencial eólico brasileiro tem demonstrado ser extremamente satisfatório. A
maioria dos estudos aponta valores em torno de 60 GW. Os recursos apresentados na legenda
da Figura 27 referem-se à velocidade média do vento e energia eólica média a uma altura de
50m acima da superfície para cinco condições topográficas diferentes: mata, campo aberto,
zona costeira, morro e montanha. A Figura demonstra que áreas costeiras, como o parque
eólico de Osório, podem apresentar velocidades médias mais altas que matas e campos
abertos.
69

Figura 27 – Velocidade média anual do vento a 50m de altura (MW)


Fonte: ANEEL, 2008

O Brasil ainda apresenta uma participação muito pequena da energia eólica na


geração de energia elétrica. Entretanto, os estímulos governamentais que existem para o setor
elétrico brasileiro podem aumentar o empenho de investidores. Destaque para o Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas (PROINFA). Outro incentivo importante é a
complementaridade entre a geração hidrelétrica e a geração eólica, visto que no nordeste o
70

maior potencial eólico ocorre durante o período de menor disponibilidade hídrica.


A capacidade instalada de turbinas eólicas no Brasil, como pode ser percebido na
Figura 28, demonstrou um crescimento impressionante a partir de 2005. Sua capacidade
instalada em 2005 gerava 31 GW de energia, e, em 2009, 935 GW, um crescimento de
aproximadamente 3.000%.

935

687

392

231

19 22 22 24 24 31 31 31
98

99

00

01

02

03

04

05

06

07

08

09
19

19

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20
Figura 28 – Capacidade Instalada Acumulada de Turbinas Eólicas no Brasil (MW)
Fonte: AIE, 2009

A energia eólica é uma forma limpa e renovável de energia, que durante a operação
não produz dióxido de carbono. Enquanto algumas emissões desses gases vão ter lugar
durante a concepção, fabricação, transporte e montagem de turbinas eólicas, a energia gerada
a partir de um parque eólico dentro de alguns meses para compensar totalmente por essas
emissões. Quando os parques eólicos são desmontados (normalmente após 20-25 anos de
funcionamento) não deixa legado de poluição para a geração futura.
Dada a dimensão dos cortes de CO2 necessárias, a energia eólica - como a tecnologia
de energia renovável mais barata, mais desenvolvida e mais rápida para construir - é a
tecnologia das energias renováveis mais bem vista para proporcionar reduções das emissões
de carbono em larga escala e de forma rápida.
71

5.5 ENERGIA GEOTÉRMICA

A energia geotérmica é o calor da Terra. É limpo e sustentável. Os recursos da


energia geotérmica surgem do solo, superficial às águas quentes e rochas quentes encontradas
a poucos quilômetros abaixo da superfície da Terra, e ainda mais para baixo a temperaturas
extremamente altas de rocha fundida chamada magma.
A geração de energia geotérmica está bem estabelecida e é uma forma comercial
relativamente madura de energia renovável. Uma de suas características mais importantes é
um fator de carga elevada, o que significa que cada MW de capacidade produz
significativamente mais energia elétrica do que um MW de capacidade eólica ou solar.
Na Figura 29 é demonstrado um modelo de usina geotérmica chamado Hot Dry Rock
(HDR). HDR é um sistema de mineração de calor. A água é distribuída em torno de um
circuito fechado para extrair energia térmica a partir de um reservatório geotérmico de
engenharia e entregá-lo a uma usina de energia na superfície. Uma bomba de injeção de alta
pressão fornece a força motriz.

Figura 29 – Usina Geotérmica (Hot Dry Rock)


Fonte: ANEEL
72

A energia geotérmica permaneceu com um lento crescimento dentre as energia


renováveis em 2009. A capacidade geotérmica cresceu 3,8%, de 397 MW para atingir 10,7
MW, em 2009. O crescimento foi acima da taxa de crescimento desde 2000 (3,1% ao ano). A
capacidade instalada de energia geotérmica foi agora ultrapassada pela capacidade de energia
solar, mas a energia geotérmica tem um fator de carga muito maior que a solar (sua fonte é
contínuo e não intermitente), ou seja, ainda assim a energia geotérmica produz
significativamente mais energia que a solar.
O aumento da capacidade em 2009 estava concentrado no EUA e Indonésia, que
juntos contribuíram com 79% das adições de capacidade global. O EUA tem a maior
capacidade geotérmica, agora um pouco mais de 3 GW (28,8% do total mundial), seguido por
Filipinas (1,9 GW), Indonésia (1,2 GW) e México (1,0 GW).

3.500

3.000
EUA
2.500
Filipinas

2.000 Indonesia
Mexico
1.500 Italia
Nova Zelândia
1.000 Islândia
Japão
500

0
1990 1995 2000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 30 – Capacidade Instalada Acumulada de Potência Geotérmica (Megawatts)


Fonte: International Geothermal Association

Vamos discutir as vantagens da energia geotérmica relacionadas às plantas de energia


geotérmica. A primeira vantagem da utilização de energia geotérmica é que, ao contrário de a
maioria das estações de energia, um sistema geotérmico não vai criar nenhuma poluição. Pode
de vez em quando liberar alguns gases de fundo da terra, que pode ser um pouco prejudicial,
mas estes podem ser facilmente contidos.
O custo do terreno para construção de uma central geotérmica é geralmente menos
caro do que se estivesse que construir uma usina de petróleo, gás, carvão ou nuclear. A
principal razão para isso é espaço de terra, como usinas geotérmicas ocupam pouco espaço,
portanto, você não precisa comprar uma área maior de terra. Outro fator que vem a este é
73

porque a energia geotérmica é muito limpa, você pode receber cortes de impostos, projetos
ambientais, ou quotas para cumprir com os projetos de emissão de carbono países (se tiver).
Nenhum combustível é usado para gerar a energia, o que, em contrapartida, entende-se
a despesas de funcionamento para as plantas são muito baixos, não há custos para a aquisição,
transporte, ou limpeza de combustíveis para gerar a energia.
O aspecto financeiro global dessas plantas é excelente, você só precisa fornecer
energia para as bombas de água, que pode ser gerada pela usina em si.
Portanto, se as centrais geotérmicas são capazes de proporcionar uma excelente fonte
de energia limpa, barata, renovável e simples, porque não é toda usina do mundo usando a
energia geotérmica? Bem, a ir com as vantagens são algumas desvantagens muito decisivas da
energia geotérmica. Aqui estão algumas desvantagens de usar o poder da energia geotérmica
para fornecer calor para a sua casa ou na água através da utilização de uma bomba de fonte de
calor do solo.
a) O custo inicial do projeto e instalação pode ser caro, mas esse investimento é
susceptível de pagar ao longo dos anos de operação.
b) A área necessária para estabelecer o sistema de tubulação pode ser muito grande
e isso pode não ser adequado para pequenos desenvolvimentos.

Porém, estas são apenas algumas das desvantagens do uso da energia geotérmica,
pode-se perceber que as vantagens superam largamente os pontos negativos.
74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preocupação com os impactos ambientais da produção e do consumo da energia


aponta a urgência da estruturação e regulação de políticas voltadas ao desenvolvimento
econômico com uma postura sustentável, exigindo uma ação governamental, levando em
consideração, principalmente, as emissões de gases antropogênicos e seus efeitos sobre o
clima.
A energia pode ser considerada um recurso natural estratégico do país, e não é à toa
que a segurança energética aparece com um dos assuntos mais importantes na condução das
estratégias dos países. O desenvolvimento econômico de um país passa por dispor de uma
oferta de energia em quantidade suficiente para abastecer o mercado interno e, no mínimo, de
boa qualidade.
O Brasil, mesmo possuindo uma vantagem em relação aos outros países quando se
fala em recursos naturais, devido à fartura e baixos custos, o país apresenta diversas carências
estruturais que dificultam o seu desenvolvimento energético. O país não dispõe de uma infra-
estrutura energética suficiente e visualiza a posse dos recursos naturais concentrada na mão de
poucos. Dessa maneira, a postura internacional do Brasil será um elemento decisivo para
reverter essa situação.
O papel do Estado assume um papel fundamental na escolhas dos caminhos do setor
energético. O diagnóstico do mercado e o entendimento da situação econômica e energética,
internacional e doméstica, vão nortear as decisões que assegurem uma disponibilidade
apropriada de energia.
Ainda há muito a ser feito. Apenas 20% dos recursos de energia primária do mundo
vem de fontes renováveis de energia. O predomínio da energia fóssil põe a humanidade em
perigo. Nos países da OCDE, a situação é ainda pior, as energias renováveis representam
apenas 6,2% de sua matriz energética. A matriz do Brasil reflete tem demonstrado,
recentemente, um sentimento de responsabilidade com a preservação ambiental.
O trabalho demonstra que a matriz energética do Brasil difere da de outros países,
principalmente no que diz respeito às ações de carvão, energia hidráulica e biomassa. O Brasil
se destaca entre a maioria dos países do mundo para uso intenso de energia hidrelétrica. No
entanto, a principal diferença entre o Brasil e o resto do mundo está na importância da
biomassa. Esta fonte representa três vezes a média mundial e seis vezes o consumo de
biomassa pelos países da OCDE, em percentagem do total. O programa de etanol a partir da
75

cana-de-açúcar possui mais de 30 anos de idade.


É importante notar que, porque o Brasil é um país em desenvolvimento, ele sofre de
uma escassez de fundos públicos e subvenções para investimentos em programas destinados a
promover e desenvolver o uso de novas tecnologias.
A energia eólica e a energia solar estão crescendo muito rapidamente em todo o
mundo, e pode-se esperar que continue a fazê-lo. Outros mercados, como a energia
geotérmica e de biomassa para energia e calor, mostram algum crescimento e oferecem uma
promessa de mais no futuro. A utilização de combustíveis biodiesel para os transportes pode
expandir.
Nos países em desenvolvimento, os "usos produtivos" das energias renováveis para a
água potável, irrigação, usos agrícolas, a pequena indústria, educação e cuidados de saúde é
muito lenta, mas mostram uma grande potencial para subir. Pequenas hidrelétricas na China e
alguns outros países continuam a se expandir. Muitas empresas, desde grandes multinacionais
a pequenas empresas, estão começando a reconhecer todas estas oportunidades.
Ao mesmo tempo, as políticas públicas em prol das energias renováveis são cruciais
e continuam a justificar por muitas barreiras e distorções de mercado. As metas definidas de
energias renováveis por vários países são consideradas por muitos a melhor mensagem
política que os governos podem enviar aos mercados, e também pode levar ao concreto das
políticas públicas e programas para ajudar a atingir as metas.
76

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. 2008. Disponível em:


<www.aneel.gov.br>. Acesso em: 15 abr. 2009.

ALVEAL, C. A evolução da indústria de petróleo: a grande transformação. Rio de Janeiro:


COPPEAD-IE/UFRJ, 2003a. Monografia (Especialista em Economia e Gestão em Energia),
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