00 Contrarazoes Ao Rec. Especial. Proc. N.

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 8

EXMO. SR.

DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ

Apelação Cível nº 0000273-34.2002.8.18.0033


FRANCISCO DAS CHAGAS MENDES
BARBOSA (ARMAZÉM SÃO FRANCISCO), já qualificado, nos autos da
Apelação Cível em epígrafe, em que contende com o BANCO DO BRASIL S/A,
vem, por meio do seu advogado infra-assinado, tempestivamente, apresentar
CONTRA-RAZÕES AO RECURSO ESPECIAL interposto pela parte infensa,
requerendo, caso essa Conspícua Presidência exerça o juízo positivo de
admissibilidade, sejam as razões enunciadas no memorial acostado
encaminhadas para conhecimento do Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Pede deferimento.

Teresina, 12 de junho de 2024.

Jorge Henrique Furtado Baluz


OAB/PI 5.031 – B

Sebastião Rodrigues Barbosa Júnior


OAB/PI 5.032 – B
COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Recurso Especial na Apelação Cível nº 0000273-34.2002.8.18.0033


Origem: Tribunal de Justiça do Piauí
Recorrente: Banco do Brasil S.A.
Recorrido: Francisco das Chagas Mendes Barbosa (Armazém São Franscico)

CONTRA-RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL

Colenda Corte,

(I) RESUMO DA LIDE.

1. Trata-se, na origem, de Embargos a


Execução em que o Recorrido visa provimento jurisdicional que declare a
nulidade do título executivo que embasa o processo de execução, ou, em menor
expressão, a exclusão dos valores indevidamente incluídos pelo Embargado no
montante da dívida exequenda, notadamente (i) a indevida cobrança cumulada
de juros, ante a ausência de previsão legal, (ii) a indevida cobrança dos encargos
de anormalidade consistentes no pagamento de juros moratórios, multa
pecuniária equivalente a 10% dos valores impagos e comissão de permanência,
dentre outras irregularidades.

2. Advoga o Recorrido, em suma, a


ilegalidade/irregularidade do título executivo que embasa a respectiva execução,
razão pela qual pugnou pela extinção do feito executivo, ou ainda, a redução dos
valores constantes na referida cobrança, face à indevida inclusão por parte do
Recorrente.
3. Regularmente processada a lide, seguiu-se
sentença julgando parcialmente procedentes os Embargos a Execução,
notadamente para que fossem afastados do cálculo da dívida algumas das
rubricas requeridas. Inconformada, o Recorrente apelou da sentença para o
Colendo Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, o qual manteve a decisão, em
acórdão assim ementado:

“EMENTA:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. SENTENÇA
DEVIDAMENTE MOTIVADA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. CONTRATO
CELEBRADO COM INSTITUIÇÃO INTEGRANTE DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL, ANTES DE 31/3/2000. COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA. PRESENÇA DA COBRANÇA DE OUTROS ENCARGOS.
INADMISSIBILIDADE.
I - É possível a capitalização de juros remuneratórios com periodicidade
inferior à anual, em contratos celebrados com instituições integrantes do
Sistema Financeiro Nacional, a partir de 31/3/2000 (MP nº 1.963-17/2000,
reeditada como MP nº 2.170-36/2001), desde que expressamente pactuada
e condizente com a taxa média de mercado da época da pactuação
(Enunciado nº 539, da Súmula do STJ), sendo suficiente a simples previsão
no instrumento contratual de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da
mensal (Enunciado nº 541, da Súmula do STJ).
II - Instrumento contractual que baliza a presente execução firmado em
15/04/1999, apresentando-se ilegal a cobrança da capitalização mensal,
haja vista o impedimento de natureza temporal, nos termos da Súmula 121,
do STF.
III – Previsão contractual da incidência de comissão de permanência para o
caso de mora, todavia inadmissível a cobrança cumulativa de juros
remuneratórios com comissão de permanência.
IV - Recurso conhecido e improvido.”

4. Inconformado, o Banco do Brasil apresentou


Embargos de Declaração com efeitos infringentes, os quais foram conhecidos,
mas desprovidos.
5. Ainda irresignado, a instituição bancária
interpôs recurso especial com fulcro na alínea “a” do permissivo constitucional,
arguindo, em síntese, a legalidade das cláusulas do contrato firmado com a
Recorrida.

6. Neste soar, consoante demonstrado em


sequência, o recurso especial não reúne os pressupostos processuais para ser
conhecido e, muito menos, provido.

(II) A AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DAS MATÉRIAS TIDAS POR


VIOLADAS.

7. Dissecando-se o acórdão recorrido, verifica-


se claramente que a questão controvertida não foi deslindada com amparo nos
elementos normativos que fundamentam o recurso em testilha, de modo que a
Corte de origem não emitiu juízo de valor a respeito das normas tidas por
violadas. Outrossim, não houve o devido prequestionamento da matéria tida por
violada, de forma que o Recorrente não se desincumbiu do ônus necessário ao
conhecimento do recurso.

8. Assim, à mingua de prequestionamento, uma


vez que a matéria impugnada não foi objeto de deliberação no Tribunal a quo,
afigura-se inviável o especial, por força do entendimento sufragado na Súmula
nº 211 desse STJ, e Súmulas 282 e 356 do STF:

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ARTS. 128 E 460 DO CPC.


PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA 211/STJ.
1. Se o acórdão é omisso quanto à tese de defesa, deve o recorrente interpor o
recurso especial por violação do art. 535 do CPC, e não por ofensa aos arts.
128 e 460 do CPC, que tratam de questões diversas.
2. A ausência de prequestionamento é óbice intransponível ao
conhecimento do recurso especial, nos termos da Súmula 211/STJ.
3. Agravo regimental não provido.”
(AgRg no REsp 993793/SP; Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125); Órgão
Julgador T2 - SEGUNDA TURMA; Data do Julgamento 06/05/2008; Data da
Publicação/Fonte DJ 16.05.2008 p. 1)

9. Desta forma, não deve ser conhecido o


recurso especial interposto pelo Banco do Brasil, pela ausência de
prequestionamento da matéria tida por violada.

(III) DA INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07/STJ.

10. O Recorrente ao pugnar pela análise


contratual, notadamente ao questionar as cláusulas constantes no contrato
objeto da lide, bem como o conjunto fático-probatório produzido no processo,
impreterivelmente esbarra na restrição estabelecida pela Súmula 07 do STJ.

11. Identifica-se, assim, que o Recorrente almeja


revolver o conjunto probatório da lide, hipótese, consoante cediço,
insindicável pela estreita via do recurso especial, em face do entendimento
albergado no Enunciado nº 07 das Súmulas do STJ, inviabilizando a
possibilidade de conhecimento do recurso.

12. A Súmula 07 do Superior Tribunal de Justiça


(STJ) estabelece uma importante restrição à possibilidade de reexame de provas
em sede de recurso especial. O enunciado dispõe que "a pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial". Em outras palavras, a Súmula
07 do STJ impede que o Tribunal reavalie o conjunto fático-probatório produzido
no processo, limitando a sua atuação à análise de questões de direito.
13. A restrição imposta pela referida Súmula
está fundamentada no princípio da soberania dos fatos, segundo o qual cabe
aos tribunais de origem, que tiveram contato direto com as provas e as partes, a
análise e valoração do conjunto probatório. Dessa forma, o STJ não pode
reexaminar as provas para chegar a uma conclusão diversa daquela adotada
pelo tribunal de segunda instância, salvo em situações excepcionais.
14. Revisar o entendimento das instâncias
inferiores implica evidente reexame de fatos e provas, hipótese, insista-se,
obstada pelo teor da Súmula 07/STJ:

“TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. BASE DE CÁLCULO DA COFINS. DESCONTOS
INCONDICIONAIS. AUSÊNCIA DE DESTAQUE NAS NOTAS FISCAIS.
NECESSIDADE DE ANÁLISE DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
...
2. As instâncias ordinárias, soberanas na análise das provas, afirmaram que
os descontos incondicionais, na espécie, não foram destacados das notas
fiscais. Para afastar referido entendimento, de modo a albergar as
peculiaridades do caso e verificar se nas notas fiscais constam destaques
dos descontos incondicionais, é necessário o revolvimento do acervo fático-
probatório dos autos, o que se mostra inviável no apelo excepcional por
óbice da Súmula 7/STJ: ‘A pretensão de simples reexame de prova não
enseja recurso especial’.
3. A dissonância pretoriana não pode ser analisada quando o acórdão
recorrido estiver assentado em matéria eminentemente probatória, como na
espécie. A incidência da Súmula 7/STJ impossibilita o exame da identidade
fática entre o aresto recorrido e os paradigmas.
4. Agravo interno a que se nega provimento.”
(AgInt no REsp 1.711.603/SP, rel. Min. Og Fernandes, 2a Turma, Dje
30/08/2018)

15. Assim, claramente demandando a pretensão


recursal revolvimento de fatos e provas, inviável o processamento do recurso
especial por óbice do quanto assentado na Súmula nº 07 do STJ.

(IV) DA INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 283/STF


16. Analisando-se o Recurso Especial
combatido, não se identifica impugnação específica aos fundamentos adotados
no acórdão recorrido, o que atrai o óbice assentado na Súmula 283 do STF:
“AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.
PLANO DE SAÚDE COLETIVO. CONTRATO. VALORES DESPENDIDOS
PELA EMPREGADORA. COMPROVAÇÃO. IMPUGNAÇÃO. AUSÊNCIA.
SÚMULA Nº 283/STF. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA Nº
284/STF. ANÁLISE DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. SÚMULA Nº 5/STJ.
QUESTÃO DECIDIDA COM BASE NAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DA
CAUSA. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do
Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e
3/STJ).
2. Não pode ser conhecido o recurso especial que não infirma
especificamente os fundamentos do acórdão recorrido, haja vista o
disposto na Súmula nº 283/STF.
3. É inadmissível o inconformismo por deficiência na sua fundamentação
quando o recurso especial deixa de indicar de modo preciso como teria
ocorrido a violação legal, o que atrai a aplicação, por analogia, da Súmula
nº 284/STF.
4. A reforma do julgado demandaria a análise de cláusulas contratuais,
procedimento vedado na estreita via do recurso especial, a teor da Súmula
nº 5/STJ.
5. A verificação da procedência dos argumentos expendidos no recurso
especial exigiria, por parte desta Corte, o reexame de matéria fática, o que
é vedado pela Súmula nº 7/STJ.
6. Agravo interno não provido.”
(AgInt no REsp n. 1.661.148/SP, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, julgado em 24/8/2020, DJe de 31/8/2020.)

17. A Súmula 283 do STF tem como objetivo


evitar que os recursos excepcionais sejam admitidos quando não atacam todos
os fundamentos autônomos que sustentam a decisão recorrida. Isso significa
que, se a decisão impugnada pelo recurso estiver baseada em múltiplos
fundamentos independentes e suficientes para mantê-la, o recurso deve
contestar todos esses fundamentos. Caso contrário, o recurso será considerado
inadmissível.
18. A trava processual em testilha desempenha
um papel fundamental na filtragem dos recursos extraordinários, garantindo que
apenas aqueles que realmente têm o potencial de modificar a decisão recorrida
sejam admitidos.

19. Desta forma, o Recurso Especial deveria


combater cada argumento/fundamento constante na decisão recorrida, o que
claramente não ocorreu, deixando margem para a aplicação da Súmula 283 do
STF.

(V) CONCLUSÃO.

Posto isto, demonstrado que o Recurso Especial


em testilha não reúne os pressuposto para prosseguir, uma vez que não houve
o prequestionamento das matérias tidas por violada, nem a impugnação
específica dos fundamentos da decisão recorrida, bem como que a análise do
presente recurso implica em reexame de fatos e prova (súmula 07/STJ), depreca
para que (i) seja negado conhecimento ao Recurso Especial impugnado; ou, em
menor extensão, face aos próprios argumentos de mérito vertidos ao longo da
lide, (ii) seja negado provimento ao recurso, mantendo essa Egrégia Corte
Superior, por conseguinte, incólume o acórdão recorrido.

Pede deferimento.

Teresina, 12 de junho de 2024.

Jorge Henrique Furtado Baluz


OAB/PI 5.031 – B

Sebastião Rodrigues Barbosa Júnior


OAB/PI 5.032 – B

Você também pode gostar