Superior Tribunal de Justiça: O Exmo. Sr. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.216.562 - SP (2010/0184640-3)

AGRAVANTE : JOSÉ MOACIR FORNAROLI


ADVOGADO : WAGNER ALCÂNTARA DUARTE BARROS
AGRAVADO : AUTO POSTO E RESTAURANTE CASTELO LTDA
ADVOGADO : FLÁVIA ALMEIDA GIL E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO:


Trata-se de agravo regimental interposto por JOSÉ MOACIR
FORNAROLI em face de decisão pela qual neguei seguimento ao recurso
especial por incidência do Enunciado n. 7/STJ e por adequação do acórdão
recorrido ao entendimento desta Corte Superior (fls. 325/329).
A agravante, irresignada, infirma os fundamentos da decisão agravada
(fls. 333/344).
É o relatório.

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.216.562 - SP (2010/0184640-3)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


(Relator):
Eminentes colegas, o agravo regimental não merece prosperar.
Efetivamente, em conformidade com a jurisprudência do STJ, a inversão
do ônus da prova deve ser determinada pelo juiz da causa, à luz dos elementos
do caso concreto, que determinam a efetiva necessidade da medida.
A propósito:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO


BANCÁRIO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
INCIDÊNCIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. HIPOSSUFICIÊNCIA.
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.
1. "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras" (Súmula 297/STJ).
2. "Em se tratando de produção de provas, a inversão, em caso de
relação de consumo, não é automática, cabendo ao magistrado a
apreciação dos aspectos de verossimilhança da alegação do consumidor
ou de sua hipossuficiência, conforme estabelece o art. 6, VIII, do
referido diploma legal. Configurados tais requisitos, rever tal
apreciação é inviável em face da Súmula 07" (AgRg no Ag 1263401/RS,
Rel. Min. VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em
15/04/2010, DJe 23/04/2010).
3. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 728.303/SP, de minha Relatoria, TERCEIRA
TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 28/10/2010)

DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. APRECIAÇÃO


DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INVIABILIDADE. COBRANÇA DO
VALOR INTEGRAL DE MENSALIDADE DE ENSINO, MESMO
QUANDO O CONSUMIDOR CURSA POUCAS DISCIPLINAS.
IMPOSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO EM DOBRO DO VALOR PAGO.
NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA MÁ-FÉ. INVERSÃO DO
ÔNUS DA PROVA. APRECIAÇÃO PELO JUIZ ACERCA DA
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NECESSIDADE.
1. A jurisprudência do STJ não admite cobrança de mensalidade de
serviço educacional pelo sistema de valor fixo, independentemente do
número de disciplinas cursadas. Notadamente no caso em julgamento,
em que o aluno cursou novamente apenas as disciplinas em que
reprovou, bem como houve cobrança integral da mensalidade, mesmo
quando era dispensado de matérias cumpridas em faculdade anterior.
2. Com efeito, a previsão contratual e/ou regimental que imponha o
pagamento integral da mensalidade, independentemente do número de
disciplinas que o aluno cursar, mostra-se abusiva, por ferir o equilíbrio
e a boa-fé objetiva.
3. Não é cabível a devolução em dobro do valor cobrado
indevidamente, pois a jurisprudência desta Corte entende ser
imprescindível a demonstração da má-fé por parte de quem realizou a
cobrança, o que não foi constatado pelas instâncias ordinárias.
4. A inversão do ônus da prova, prevista no artigo 6º, VIII, do CDC
exige apreciação acerca da sua necessidade pelo juiz que, de forma
prudente e fundamentada, deve avaliar, no caso concreto, a
necessidade da redistribuição da carga probatória.
5. Recurso especial parcialmente provido para reconhecer o direito do
consumidor ao abatimento proporcional das mensalidades pagas.
(REsp 927.457/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 13/12/2011, DJe 01/02/2012)

PROCESSUAL CIVIL. CONSUMIDOR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


ACÓRDÃO QUE DETERMINA A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. ACÓRDÃO EM SINTONIA COM
ENTENDIMENTO DO STJ.
1. Apesar da relação jurídica existente entre o contratante e a
instituição financeira ser disciplinada pelo Código de Defesa do
Consumidor, a análise da necessidade, ou não, da inversão do ônus da
prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC, é tarefa afeita às instâncias
ordinárias, responsáveis pela análise quanto às condições de
verossimilhança da alegação e de hipossuficiência, segundo as regras
ordinárias da experiência e dependente do exame fático-probatório dos
autos. Rever a conclusão do Tribunal de origem demandaria o reexame
de provas, conduta vedada ante o óbice da Súmula 7/STJ.
2. Agravo regimental não provido, com aplicação de multa.
(AgRg no Ag 1406869/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 20/10/2011, DJe 26/10/2011)

Assim, a alteração das conclusões firmadas pelo Tribunal de origem

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importaria o revolvimento do conteúdo fático dos autos, o que é vedado a esta
Corte, por óbice da Súmula 7/STJ.
Vale ressaltar, ademais, que é entendimento pacífico nesta Corte que o
boletim de ocorrência policial, isoladamente apresentado, desacompanhado de
outros elementos probatórios, não é suficiente para embasar as alegações da
parte.
Nesse sentido, confira-se:

AGRAVO INTERNO - RECURSO ESPECIAL – FURTO DE VEÍCULO


– SEGURADORA – AÇÃO REGRESSIVA – BOLETIM DE
OCORRÊNCIA – PROVA INSUFICIENTE – PRECEDENTES.
Tratando-se de furto de veículo em estacionamento da ré e de ação
regressiva da seguradora, não basta apenas, como prova, o boletim de
ocorrência. A presunção 'juris tantum', como prova, de que gozam os
documentos públicos, há de ser considerada em relação às condições
em que constituído o seu teor. Precedentes da Corte.
Agravo interno improvido.
(AgRg no REsp 281.580/RJ, Rel. Ministro CASTRO FILHO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 09/08/2007, DJ 10/09/2007)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. BOLETIM DE


OCORRÊNCIA POLICIAL. AUSÊNCIA DE PRESUNÇÃO IURIS
TANTUM. APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ. EXTRAVIO DE
CHEQUE. PREJUÍZO NÃO COMPROVADO. AUSÊNCIA DE DANO
MORAL. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.
1. O registro de boletim de ocorrência policial não constitui prova dos
fatos nele relatados, mas somente declaração unilateral.
2. Considerar válidas as declarações do boletim de ocorrência policial,
demandaria reanálise da matéria fática carreada nos autos.
Incidência da Súmula 7/STJ.
3. O extravio de cheque, por si só, não gera dano moral a ser
indenizado. O dano somente surge quando o extravio é acompanhado
de algum prejuízo financeiro ou de ordem moral, como a inscrição em
cadastro negativo de crédito, o protesto de um cheque extraviado ou o
recebimento de cartas de cobrança.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 623.711/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2009, DJe
08/02/2010)

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Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É o voto.

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