Trabalho Civil Ii

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Introdução

Os vícios redibitórios, como espécie de defeito do negócio jurídico encontra previsão


no Código Civil de 2002, sendo que nos proporemos a analisar suas características
dentro da lei supra mencionada, bem como as questões doutrinárias, discussões
pertinentes sobre a matéria.

Dos Vícios Redibitórios


Tratam-se de vícios redibitórios do contrato os que se apresentam de forma oculta,
diminuindo significativamente o valor da coisa objeto da pactuação ou o torne impróprio
para uso. Desde que presentes os requisitos preliminares de celebração contratual,
poderá o adquirente prejudicado requerer o que lhe direito por meio de ação redibitória.
Neste sentido, afirma Maria Helena Diniz, em sua obra “Direito Civil, Teoria dos Contratos”
que “os vícios redibitórios, portanto, são falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa
alienada, objeto do contrato comutativo, não comuns à congêneres, que a tornam
imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo
que o ato negocial não se realize se esses defeitos fossem conhecidos”.
Neste diapasão, expressa o artigo 441, do Código Civil de 2002 que:

“A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada


por vícios ou defeitos ocultos que a tornem impróprias ao uso a que é
destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único – é aplicável a disposição deste artigo às doações
onerosas.”. [2]

Tais erros se manifestam quando da tradição da coisa objeto do contrato oneroso,


ocorrem de forma oculta, imperceptíveis aos olhos do adquirente, caracterizando a forma
de erro objetivo. Nestes casos, tais vícios ocultos ensejam ação redibitória para a rejeição
da coisa e a devolução do preço pago – rescisão ou redibição – ou a ação estimatória
(actio quanti minoris) para a restituição de parte do preço, a título de abatimento. [3] Fica
evidenciado que a presença de vício oculto no contrato caracteriza prejuízo ao adquirente
que o adquire para determinada finalidade, empregando os fins da função social do
contrato.
Vale ressaltar que, ainda que o artigo supra citado empregue o termo “impróprias ao uso”,
há que se falar que a interpretação do dispositivo legal em tela não deve ser interpretada
de forma restritiva, já que a impropriedade do uso caracteriza-se como vício redibitório do
contrato. Ainda assim, no Código Civil de 1916, ficava o alienante isento da
responsabilidade por vícios redibitórios se a coisa fosse alienada em hasta pública,
tornando inadmissível a possibilidade de ação redibitória ou estimatória. Tal dispositivo
não encontra mais amparo no nosso atual arcabouço normativo, não restando tal
circunstância como excludente de direito.
Segundo as lições de Silvio Rodrigues, entende se que tal matéria tem princípio basilar na
relação de vulnerabilidade que apresenta o adquirente nas relações de consumo.
Evidente que o comprador não pode apreciar as minúcias do objeto adquirido, muitas
vezes não detém capacidade técnica para identificar todos os detalhes do objeto a ser
adquirido em um primeiro momento. Neste momento de celebração contratual, o
adquirente ainda não detém a posse da coisa, analisa-a de forma superficial e sumária.

Para exemplificar a ocorrência desse tipo de vício, o mestre supra citado, em sua
obra “Direito Civil – Dos Contratos e Das Declarações Unilaterais da Vontade” [4] , cita o
caso do automóvel que apresenta aquecimento excessivo ao subir ladeiras ou quando o
adquirente obtém um imóvel sujeito à constantes inundações, em virtude de chuvas. Nos
dois casos, o adquirente, a princípio, não tem a capacidade de imaginar eventuais vícios.
No primeiro caso, do automóvel, evidente que somente com a efetiva utilização do
automóvel que se verificará a presença de defeito mecânico que gere o defeito aqui
citado.
Outrossim, somente com a efetiva posse do bem imóvel que se poderá tomar ciência do
eventual problema de inundação por conta de chuvas. Neste cenário, recebe o adquirente
amparo legal para que não sofra prejuízo adquirindo algo que não poderá se utilizar em
sua melhor forma.

Na hipótese de ocorrência desse tipo de vício, estabelece nosso referido diploma legal,
em seu artigo 441 que:

“Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o


adquirente reclamar o abatimento no preço.”. [5]

Ou seja, quando o objeto do contrato apresentar determinado defeito que não seja
necessária a rescisão ou resolução do contrato celebrado, poderá o adquirente reclamar o
abatimento no preço para que possa realizar os reparos necessários para sua perfeita
utilização e desempenho, conforme já exposto. O presente amparo legal oferecido à parte
prejudicada em relação a rescisão contratual pode apresentar semelhança com o
inadimplemento contratual bem como erro substancial. Passaremos a diferenciá-los no
transcorrer da presente monografia.

Exemplos de vício redibitório:

Um consumidor adquire um smartfone novo que, após algumas semanas de uso,


apresenta problemas de tela devido a um defeito de fabricação não aparente na compra.
Isso compromete a funcionalidade do dispositivo e afeta a experiência do usuário. Ou
ainda, um comprador adquire um carro usado que aparentemente está em bom estado,
mas após um curto período de uso, o motor começa a apresentar falhas constantes
devido a um defeito oculto. Esse problema no motor compromete significativamente a
utilidade do veículo.

Quais as consequências do vício redibitório?


Identificado o vício redibitório, o comprador pode rejeitar a coisa, requerendo a devolução
do valor, ou requerer o abatimento proporcional do preço, como previsto nos Arts. 441 e
442 do Código Civil.
Esse direito sempre vai assistir ao comprador, independente do vendedor saber ou não da
existência do vício. No entanto, a ciência do vendedor é muito importante para saber
sobre as próximas consequências.
Se o vendedor não sabia sobre o vício redibitório, ele deverá devolver o valor recebido
(ou o abatimento proporcional) mais os custos do contrato. No entanto, se o vendedor
sabia do vício e ocultou do comprador, além de devolver o valor recebido, ele responderá
por perdas e danos.
É a previsão expressa do Art. 443 do Código Civil:
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que
recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor
recebido, mais as despesas do contrato.”

Essa previsão existe porque o Código Civil visa sempre defender a pessoa de boa-fé,
punindo aquele que age de má-fé, contra os princípios jurídicos e sociais.

Fundamentação Jurídica para os Vícios Redibitórios

Verifica-se que no atual Código Civil de 2002, tal espécie de erro tem grande importância,
vez que é tratado de forma específica, não mais sendo tratado como elementos acidentais
de contratos de compra e venda, como era disciplinado no Código Civil de 1916. Isto
porque, tal elemento acidental, traz em seu bojo características subjetivas que são
tuteladas pelo Direito Civil. Os vícios redibitórios têm ligação direta com princípios que
permeiam a formação contratual entre as partes.

O primeiro a que se possa citar é o princípio da boa-fé entre os contratantes. Trata-se de


princípio basilar, sem este o contrato se torna viciado desde a sua origem, antes mesmo
de sua celebração. Quando uma das partes celebra contrato de forma ardilosa,
percebendo vantagem ilícita sobre a inocência do outro, recebe encargo legal de ser
responsável pela coisa até que se dê a efetiva utilização do bem pelo adquirente. Neste
sentido é que se explica o tratamento especial dado ao vício redibitório.

A coisa adquirida deve corresponder a expectativa do comprador, deve atender às suas


necessidades e cabe ao vendedor, aquele que assegurou o seu bom funcionamento, o
ônus de garantir que tal bem desempenhe de forma efetiva suas funções técnicas.
Pode surgir, entretanto, a hipótese do comprador que adquire coisa usada. Neste caso, o
adquirente já imagina que o objeto pode vir permeado de vícios, já que não se trata de
coisa nova e sim de objeto usado. Aqui o adquirente tem a consciência de que o objeto
apresenta defeitos normais intrínsecos a sua utilização pelo vendedor, de modo que a lei
oferece amparo legal também ao adquirente, assegurando a este a devolução da coisa
com o acúmulo de perdas e danos, conforme o disposto no Código Civil de 2002:

“Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o


que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente
restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.”. [6]

Silvio Rodrigues, em sua obra já citada, em célebre síntese caracteriza a


responsabilidade do alienante pela coisa, ao dizer que a sistematização das regras sobre
vícios redibitórios se inspira na ideia de segurança que deve rodear as relações
contratuais e no dever de garantia que incumbe ao alienante, nos contratos comutativos.
[7] . Fica ilustrada aqui a real intenção do legislador ao tutelar tal matéria em capítulo
específico, já que verificamos que deve tal matéria ter tratamento especializado e não
somente ser vista como elemento acidental de determinado contrato (como era tratado
no Código Civil de 1916), já que vicia toda a formação contratual e, de certa forma,
acarreta ao adquirente, que atua de forma leiga na relação de consumo, prejuízos e
desilusões que devem ser reparados. O referido diploma legal assegura tal situação em
sua parte que trata dos atos ilícitos, expressando que:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.” [8]

Por fim, é de suma importância destacarmos a relevância em que o legislador descreve a


boa fé nos contratos, expressando de forma contundente os princípios que devem ser
resguardados durante a formação e execução dos contratos. Em seu artigo 422, o Código
Civil traz a seguinte disposição:

“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do


contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.”

Requisitos Caracterizadores do Vício Redibitório

Os vícios redibitórios, como já exposto, tem presença marcante quando o contrato se vicia
por defeito oculto do objeto do contrato celebrado. Daí, falamos que para que caracterize
vícios redibitórios, o bem objeto do contrato deve prejudicar o uso da coisa ou lhe diminuir
sensivelmente o valor [9] . Ainda assim, deve o defeito ser apresentado de forma oculta,
provando-se que ambas as partes contratantes desconheciam o defeito que se
apresentou. Por fim, deve o defeito aparecer no momento do contrato (seja na sua
conclusão, seja na sua continuidade), contrato este de espécie comutativa.
Em relação ao prejuízo da coisa por vício pequeno, ou quase imperceptível, este é
ignorado pelo legislador, vez que muitas vezes os adquirentes esperam a mais do que
compram. Desta feita, se por defeitos ínfimos todos os alienantes fossem
responsabilizados, haveria uma desproporção no que tange aos direitos de igualdade, o
adquirente estaria sempre certo, enquanto que o alienante sempre haveria de ser onerado
em relação ao produto que vendeu.

O defeito deve apresentar-se de forma oculta, considerando-se que o adquirente no


momento da compra ou quando adquiriu determinado bem, diligenciou da melhor forma e
não constatou quaisquer defeitos, sendo que este se apresentou em momento posterior à
tradição da coisa. Se, por descuido ou inobservância o adquirente não realizou tal análise
de forma criteriosa, este será responsabilizado por culpa, não sendo mais o caso de
cabimento do referido vício.

A responsabilidade, em tese, até a tradição do bem é efetivamente do alienante. Contudo,


após a tradição, a responsabilidade é transferida imediatamente ao adquirente, por ser a
partir deste momento proprietário da coisa. Contudo, como já visto, há defeitos ocultos
que somente se apresentam após a utilização do bem. Neste caso, a responsabilidade do
alienante subsiste, assegurando-se assim o direito do adquirente de redibir o contrato
outrora pactuado.

Neste sentido, expressa o artigo 444, do Código Civil:

“Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa


pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente
ao tempo da tradição.”. [10]

CONCEITO E PECULIARIDADES DE EVICÇÃO

Podermos fazer inferência da Evicção através da disposição normativa do Código Civil Brasileiro
de 2002. A norma concernente a Evicção é a do art. 447, do referido Código. Dispõe que nos
“contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subiste esta garantia ainda que a aquisição
se tenha realizado em hasta pública” (Art.447, CCB-2002). Lembremos que esta não é a única
disposição normativa sobre o assunto, se estendendo, portanto, até o art. 457 do Código Civil.

Assim como no instituto do vício redibitório a evicção é um instituto jurídico que dá ao adquirente
(evicto) uma garantia à coisa. Para entendermos a evicção devemos tão somente visualiza-la como
uma figura jurídica que nos remete a ideia de “perda”” (GAGLIANO; PAMPLONA, p.199, 2006),
só assim podemos prosseguir com a parte técnica e jurídica deste instituto. Porém, antes, é
importante verificarmos a parte histórica da evicção. Segundo os doutrinadores Gagliano e
Pamplona, a evicção advém da época Romana,

das formalidades da mancipatio, ou de negócios menos formal denominado


estimulativo. Se o adquirente, pela mancipatio, viesse a ser demandado por
terceiro antes de ocorrer a usucapião, poderia chamar o vendedor, a fim de
que ele se apresentasse em juízo para assisti-lo e defendê-lo na lide. Se o
vendedor se recusasse a comparecer, ou, se mesmo comparecendo, o
adquirente se visse privado da coisa, teria este último e denominada actio
acuctoritatis, para obter o dobro do preço que havia pago no negócio”
(GAGLIANO; PAMPLONA, p. 199, 2006).

Através do trecho acima, podemos claramente perceber três sujeitos que participam da evicção:
Alienante, adquirente ou evicto, terceiro ou evictor. No Direito brasileiro o adquirente tendo a coisa
perdida (totalmente ou parcialmente), em virtude de sentença judicial ou de ato administrativo, para
o terceiro ou evictor que comprovou ser o legítimo proprietário da coisa, “poderá voltarse contra o
alienante, para haver deste a justa compensação pelo prejuízo sofrido” (GAGLIANO; PAMPLONA,
p.200, 2006)

A perda pelo adquirente só se dá porque uma sentença judicial ou um ato administrativo


“reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado evictor” (GAGLIANO, PAMPLONO, p.199,
2006).
Podemos perceber até aqui é que a finalidade no Direito Romano não diverge da finalidade
encontrada no Direito brasileiro atual: Fazer com que o alienante compense os prejuízos sofridos
pelo adquirente de boa-fé. O modo de ressarci o prejuízo que difere.
Quanto à definição de evicção, no mesmo sentido esposado por Gagliano e Pamplona, Venosa
define da seguinte maneira:

a perda em juízo da coisa adquirida (...) em razão de uma decisão judicial.


Tratando-se de uma garantia, o alienante é responsável pelos prejuízos em
razão de ter transferido um (...) direito viciado ou alheio” (VENOSA, p. 546,
2006).

Nota-se que as definições doutrinárias de evicção são pacificas, assim como ocorre nas definições
de vícios redibitórios. No caso da evicção também ocorrem, atribuições de diferentes definições,
porém seguindo o sentido legal.

Um elemento que não pode ser deixado de visualizar além da perda do bem pelo adquirente ou
evicto, é que este só “terá o direito de regresso contra o transmitente, desde que o contrato entre eles
tenha sido oneroso” (FIUZA, p. 431, 2004). A forma de contrato é expressa no art. 447, do Código
Civil.

Portanto o transmitente ou alienante, que faça por título oneroso tem o dever e obrigação de
“garantir a legitimidade, higidez e tranquilidade do direito que transfere” (VENOSA, p. 546, 2006),
Em outras palavras, o adquirente deve estar seguro de que não haverá nenhuma turbação ou perigo
de perda da coisa por terceiro.

Neste sentido Maria Helena Diniz destaca que o alienante tem não só o dever “de entregar ao
adquirente o bem alienado, mas também o de garantir-lhe o uso e gozo, defendendo-o de pretensões
de terceiro quanto ao seu domínio” (DINIZ, p.126, 2002)

A responsabilidade por evicção poderá ser manuseada por instrumento contratual, onde poderá ser:
excluída, diminuída, ou reforçada. A possibilidade de convenção das partes era tratada no antigo
Código Civil no art.1.107, caput, atualmente disposta na norma do artigo 448. do Código Civil de
2002, onde estabelece que podem “as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção” (Art.448, CCB-2002). Portanto, a responsabilidade pela evicção “só
poderá ser afastada se houver cláusula contratual expressa, determinando sua exclusão” (DINIZ,
p.127, 2002).
Contudo, mesmo havendo clausula de exoneração de responsabilidade da evicção, se esta se der “o
evicto terá o direito a recobrar o preço, se não sabia dos riscos da evicção, ou se sabia, não os
assumiu” (FIUZA, p.432, 2004) Assim é a disposição do art. 449 do Código Civil.

A evicção é uma garantia que possui intima relação com o principio da boa-fé objetiva, “por isso
mesmo, a título de exemplo é que não poderá falar de evicção, se o arrematante sabia que a coisa
era alheia ou litigiosa” (GAGLIANO; PAMPLONA, p.201, 2006), mesmo que tenha direito ao
preço que pagara pela coisa.

Para melhor compreendermos a relação do princípio da boa-fé objetiva com o instituto da evicção é
forçoso destacarmos dois exemplos esposados por Fiúza: 1º) adquirente de má fé 2º) adquirente que
age em conformidade com o princípio da boa-fé objetiva. Vejamos primeiramente o exemplo de
adquirente (evicto) de má fé:

Se compro carro, sabendo que era furtado, ou sabendo que versava sobre ele
disputa judicial (...), logicamente não poderia demandar pela evicção, mas
farei jus a recobrar o preço que pagara” (FIUZA, p. 431, 2004)

Agora vejamos o exemplo de adquirente (evicto) que age com boa objetiva

A compra de carro furtado de boa-fé terá que restituí-lo ao antigo dono, mas
poderá exigir de quem lhe vendeu, ou seja, do alienante o preço pago mais os
prejuízos sofridos com a perda e com o processo (custas judiciais honorários
de advogado etc.) (FIUZA, p. 431, 2004).

Na primeira hipótese nem sequer podemos falar de evicção, podendo o adquirente somente ter o
direito do preço pago pelo bem. Na segunda hipótese, vimos que aquele que age de boa fé, apesar
de ter de restituir o bem, pois o direito deste não lhe pertence, tem a prerrogativa de exigir do
alienante ou transmitente, o preço pago e inclusive os prejuízos. O leque de direitos do evicto é
maior.
No antigo Código Civil as disposições normativas que tratavam do direito do evicto era visualizado
no o art. 1.109, caput, inciso I, II, III. O código Civil vigente versa sobre o direito do evicto no art.
450, quando não houver disposição em contrário, vejamos:

Art 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição
integral do preço ou das quantias que pagou:
I – à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir
II – à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente
resultarem da evicção
III – às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. (art. 450.
CCB-2002)

Sabemos que benfeitoria são acréscimos realizados pelo homem na coisa com o intuito de
“conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la” (GAGLIANO; PAMPLONA, p.212, 2006). Será
considerado, portanto, as benfeitorias no art. 453 e art.454 do Código Civil. O art. 453 demonstra
expressamente a responsabilidade do alienante, pelo valor não abonado por terceiro responsável
original pelo pagamento. Cabe, portanto ao adquirente receber o valor, tanto do terceiro como do
alienante, porém será somente nas benfeitorias úteis e necessárias conforme dispõe o texto legal do
referido artigo. Já o art. 454 do Código Civil não expressa qual a benfeitoria.
Por fim, relata o Código civil sobre o direito processual no art. 456, onde haverá denunciação da
lide pelo exercício do direito resultante da evicção. As instruções são dadas ao adquirente que
deverá observá-las. Ao tratar desse assunto no Código Civil teria o legislador extrapolado seus
limites? Não, apenas empresta maior atenção ao instituto da evicção nas relações processuais, o
mesmo reconhece suas limitações (Código Civil tratar de direito material) deixou a lei do processo,
indicar o tempo e a forma de agir, senão vejamos.

Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resultam, o
adquirente notificará do litígio o alienante de imediato, ou qualquer dos
anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo (art. 456,
CCB-2002).

EVICÇÃO

CONCEITO

A evicção se opera quando o adquirente de um bem vem a perder a sua posse e propriedade, por
ato judicial ou administrativo, em virtude do reconhecimento do direito anterior de outrem sobre a
coisa adquirida.

Evicção → Perda.

Coisa evicta → Coisa perdida.

A evicção protege o adquirente e responsabiliza o alienante. Três são os personagens da evicção:

1) Alienante: Aquele que responde pela evicção


2) Adquirente (evicto): Pessoa protegida pelas regras da evicção, que vem a perder a coisa para o
terceiro.
3) Terceiro (evictor): É aquele que prova direito anterior sobre a coisa.

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em HASTA PÚBLICA.

OBS: Na hasta pública não existe previsão quanto aos vícios redibitórios. Ou seja, não responde.

Quem responde pela evicção no caso da aquisição em hasta pública?

Com base no art. 447, caso o adquirente da coisa em hasta pública venha a perdê-la, deverá, em
primeiro plano, demandar o devedor executado, de cujo patrimônio saiu o bem, pela evicção.

Não sendo possível (sendo o devedor insolvente), demandará o credor que se beneficiou com a
arrematação, por ter recebido indevidamente o preço pago (Didier).

REQUISITOS

• Aquisição onerosa de um bem (contrato ou hasta pública);


• Perda da posse ou propriedade;
• Em virtude de sentença judicial ou ato administrativo.

DIREITOS DO EVICTO

O que o evicto pede ao alienante na ação?

Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço
ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente
resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em
que se EVENCEU, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

EVICÇÃO E AUTONOMIA PRIVADA


Conforme previsão do art. 448, a cláusula de garantia pela evicção pode ser modificada pelas
partes, in verbis:
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade
pela evicção.

Além dessa possibilidade de exclusão convencional da garantia, existe a possibilidade de


exclusão legal, conforme previsão do art. 457, in verbis:

Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou
litigiosa. Trata-se de uma regra que homenageia o princípio da boa-fé. Sobre a cláusula
convencional de exclusão de garantia, aparentemente colidente com o princípio da função social
(em seu aspecto inter partes), assim prevê o art. 449:
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem
direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção,
ou, dele informado, não o assumiu.
Assim, a cláusula que exclua a responsabilidade do alienante pela evicção dá ao evicto, pelo
menos, o direito de receber de volta o que pagou (não fará jus aos demais direitos do art. 450),
ressalvada a hipótese de, expressamente assumir o risco pela evicção, caso no qual, não terá
direito a nada.

Exemplo de risco assumido: Comprar apartamento com cláusula que diz: “o alienante não se
responsabiliza pela evicção”, e o adquirente ao celebrar o contrato está assumindo o risco pela
eventual evicção.

CONCLUSÃO

Concluímos com a presente pesquisa que os institutos do vício redibitório e da


evicção atende os interesses e a segurança do adquirente nas relações contratuais.
Ambos se apresentam como forma de garantia.
Desse modo, percebe – se que os dois institutos não é tarefa fácil, mesmo que
seja pacífico entre os doutrinadores. A tarefa facilitou um pouco, porque o entendimento
de vício redibitório e de evicção decorre do próprio texto do Código Civil, cada qual com a
disposição de seu artigo correspondente. Concluímos que só pode ser compreendido o
instituto do vício redibitório se partimos do princípio que há um vício ou defeito oculto na
coisa (já no momento da tradição) que diminua significativamente o seu valor ou que lhe
torna imprópria para o uso. Exclui-se assim, a possibilidade do adquirente pleitear em
juízo por qualquer outro vício. O objeto de contrato deverá ser comutativo (oneroso)
podendo também de doação onerosa. Preenchendo os requisitos exigíveis por lei, poderá
o adquirente requerer do alienante em juízo o que lhe é de direito por ação redibitória,
dissolvendo assim contrato. Ou então, poderá o adquirente por ação estimatória, requerer
do alienante somente a devolução do preço pago, e, se houver requerer o pagamento de
perdas e danos.
Dessa forma, vimos o quanto é importante à observância do prazo para o
adquirente alegar vício redibitório, não fazendo poderá incorrer em decadência, ou seja,
perda de direito. Concluímos que o prazo se dá em razão da coisa ou de contrato que
venha cláusula de garantia. Concluímos que para existir evicção devemos encontrar a
presença de três sujeitos: adquirente, terceiro e o alienante. Ocorrerá evicção quando o
adquirente perde a coisa total ou parcial, por sentença judicial ou ato administrativo, para
terceiro (legítimo proprietário da coisa). O alienante que fez por título oneroso, será
responsabilizado pela evicção.
Portanto, apesar de poder ser a evicção diminuída, reforçada, e até mesmo
excluída por contrato, a cláusula de exclusão de responsabilidade do alienante não o
abstém do preço da coisa se o adquirente não sabia dos riscos da evicção ou ao menos
não assumiu. Porém se o adquirente sabia que a coisa era alheia não há que se falar em
evicção. Vimos que o legislador ao tratar de evicção, considera nas disposições dos art.
453 e art. 454 do Código Civil as benfeitorias. Considera também o legislador a relação
processual, quanto à denunciação da lide pelo exercício do direito resultante da evicção
dispondo o art. 456 do Código Civil. 5.0

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Teoria das Obrigações Contratuais
e Extracontratuais. 3º vol. 17º Edição. São Paulo: Saraiva, 2002.

FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 8º edição revista atualizada e ampliada. Belo
Horizonte: Del Rey, 2004.

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, Contratos.
Tomo I. Volume IV. São Paulo: Saraiva, 2006.

RODRIGUES. Silvio, Direito Civil – Teoria dos Contratos e das Declarações Unilaterais
da Vontade. Editora Saraiva. Ano 1972. P. 103 a 111.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria

https://www.aurum.com.br/blog/vicio-redibitorio/#:~:text=Enquanto%20o%20v%C3%ADcio
%20redibit%C3%B3rio%20trata,evic%C3%A7%C3%A3o%20este%20efeito
%20%C3%A9%20ausente.

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