Trabalho Civil Ii
Trabalho Civil Ii
Trabalho Civil Ii
Para exemplificar a ocorrência desse tipo de vício, o mestre supra citado, em sua
obra “Direito Civil – Dos Contratos e Das Declarações Unilaterais da Vontade” [4] , cita o
caso do automóvel que apresenta aquecimento excessivo ao subir ladeiras ou quando o
adquirente obtém um imóvel sujeito à constantes inundações, em virtude de chuvas. Nos
dois casos, o adquirente, a princípio, não tem a capacidade de imaginar eventuais vícios.
No primeiro caso, do automóvel, evidente que somente com a efetiva utilização do
automóvel que se verificará a presença de defeito mecânico que gere o defeito aqui
citado.
Outrossim, somente com a efetiva posse do bem imóvel que se poderá tomar ciência do
eventual problema de inundação por conta de chuvas. Neste cenário, recebe o adquirente
amparo legal para que não sofra prejuízo adquirindo algo que não poderá se utilizar em
sua melhor forma.
Na hipótese de ocorrência desse tipo de vício, estabelece nosso referido diploma legal,
em seu artigo 441 que:
Ou seja, quando o objeto do contrato apresentar determinado defeito que não seja
necessária a rescisão ou resolução do contrato celebrado, poderá o adquirente reclamar o
abatimento no preço para que possa realizar os reparos necessários para sua perfeita
utilização e desempenho, conforme já exposto. O presente amparo legal oferecido à parte
prejudicada em relação a rescisão contratual pode apresentar semelhança com o
inadimplemento contratual bem como erro substancial. Passaremos a diferenciá-los no
transcorrer da presente monografia.
Essa previsão existe porque o Código Civil visa sempre defender a pessoa de boa-fé,
punindo aquele que age de má-fé, contra os princípios jurídicos e sociais.
Verifica-se que no atual Código Civil de 2002, tal espécie de erro tem grande importância,
vez que é tratado de forma específica, não mais sendo tratado como elementos acidentais
de contratos de compra e venda, como era disciplinado no Código Civil de 1916. Isto
porque, tal elemento acidental, traz em seu bojo características subjetivas que são
tuteladas pelo Direito Civil. Os vícios redibitórios têm ligação direta com princípios que
permeiam a formação contratual entre as partes.
Os vícios redibitórios, como já exposto, tem presença marcante quando o contrato se vicia
por defeito oculto do objeto do contrato celebrado. Daí, falamos que para que caracterize
vícios redibitórios, o bem objeto do contrato deve prejudicar o uso da coisa ou lhe diminuir
sensivelmente o valor [9] . Ainda assim, deve o defeito ser apresentado de forma oculta,
provando-se que ambas as partes contratantes desconheciam o defeito que se
apresentou. Por fim, deve o defeito aparecer no momento do contrato (seja na sua
conclusão, seja na sua continuidade), contrato este de espécie comutativa.
Em relação ao prejuízo da coisa por vício pequeno, ou quase imperceptível, este é
ignorado pelo legislador, vez que muitas vezes os adquirentes esperam a mais do que
compram. Desta feita, se por defeitos ínfimos todos os alienantes fossem
responsabilizados, haveria uma desproporção no que tange aos direitos de igualdade, o
adquirente estaria sempre certo, enquanto que o alienante sempre haveria de ser onerado
em relação ao produto que vendeu.
Podermos fazer inferência da Evicção através da disposição normativa do Código Civil Brasileiro
de 2002. A norma concernente a Evicção é a do art. 447, do referido Código. Dispõe que nos
“contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subiste esta garantia ainda que a aquisição
se tenha realizado em hasta pública” (Art.447, CCB-2002). Lembremos que esta não é a única
disposição normativa sobre o assunto, se estendendo, portanto, até o art. 457 do Código Civil.
Assim como no instituto do vício redibitório a evicção é um instituto jurídico que dá ao adquirente
(evicto) uma garantia à coisa. Para entendermos a evicção devemos tão somente visualiza-la como
uma figura jurídica que nos remete a ideia de “perda”” (GAGLIANO; PAMPLONA, p.199, 2006),
só assim podemos prosseguir com a parte técnica e jurídica deste instituto. Porém, antes, é
importante verificarmos a parte histórica da evicção. Segundo os doutrinadores Gagliano e
Pamplona, a evicção advém da época Romana,
Através do trecho acima, podemos claramente perceber três sujeitos que participam da evicção:
Alienante, adquirente ou evicto, terceiro ou evictor. No Direito brasileiro o adquirente tendo a coisa
perdida (totalmente ou parcialmente), em virtude de sentença judicial ou de ato administrativo, para
o terceiro ou evictor que comprovou ser o legítimo proprietário da coisa, “poderá voltarse contra o
alienante, para haver deste a justa compensação pelo prejuízo sofrido” (GAGLIANO; PAMPLONA,
p.200, 2006)
Nota-se que as definições doutrinárias de evicção são pacificas, assim como ocorre nas definições
de vícios redibitórios. No caso da evicção também ocorrem, atribuições de diferentes definições,
porém seguindo o sentido legal.
Um elemento que não pode ser deixado de visualizar além da perda do bem pelo adquirente ou
evicto, é que este só “terá o direito de regresso contra o transmitente, desde que o contrato entre eles
tenha sido oneroso” (FIUZA, p. 431, 2004). A forma de contrato é expressa no art. 447, do Código
Civil.
Portanto o transmitente ou alienante, que faça por título oneroso tem o dever e obrigação de
“garantir a legitimidade, higidez e tranquilidade do direito que transfere” (VENOSA, p. 546, 2006),
Em outras palavras, o adquirente deve estar seguro de que não haverá nenhuma turbação ou perigo
de perda da coisa por terceiro.
Neste sentido Maria Helena Diniz destaca que o alienante tem não só o dever “de entregar ao
adquirente o bem alienado, mas também o de garantir-lhe o uso e gozo, defendendo-o de pretensões
de terceiro quanto ao seu domínio” (DINIZ, p.126, 2002)
A responsabilidade por evicção poderá ser manuseada por instrumento contratual, onde poderá ser:
excluída, diminuída, ou reforçada. A possibilidade de convenção das partes era tratada no antigo
Código Civil no art.1.107, caput, atualmente disposta na norma do artigo 448. do Código Civil de
2002, onde estabelece que podem “as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção” (Art.448, CCB-2002). Portanto, a responsabilidade pela evicção “só
poderá ser afastada se houver cláusula contratual expressa, determinando sua exclusão” (DINIZ,
p.127, 2002).
Contudo, mesmo havendo clausula de exoneração de responsabilidade da evicção, se esta se der “o
evicto terá o direito a recobrar o preço, se não sabia dos riscos da evicção, ou se sabia, não os
assumiu” (FIUZA, p.432, 2004) Assim é a disposição do art. 449 do Código Civil.
A evicção é uma garantia que possui intima relação com o principio da boa-fé objetiva, “por isso
mesmo, a título de exemplo é que não poderá falar de evicção, se o arrematante sabia que a coisa
era alheia ou litigiosa” (GAGLIANO; PAMPLONA, p.201, 2006), mesmo que tenha direito ao
preço que pagara pela coisa.
Para melhor compreendermos a relação do princípio da boa-fé objetiva com o instituto da evicção é
forçoso destacarmos dois exemplos esposados por Fiúza: 1º) adquirente de má fé 2º) adquirente que
age em conformidade com o princípio da boa-fé objetiva. Vejamos primeiramente o exemplo de
adquirente (evicto) de má fé:
Se compro carro, sabendo que era furtado, ou sabendo que versava sobre ele
disputa judicial (...), logicamente não poderia demandar pela evicção, mas
farei jus a recobrar o preço que pagara” (FIUZA, p. 431, 2004)
Agora vejamos o exemplo de adquirente (evicto) que age com boa objetiva
A compra de carro furtado de boa-fé terá que restituí-lo ao antigo dono, mas
poderá exigir de quem lhe vendeu, ou seja, do alienante o preço pago mais os
prejuízos sofridos com a perda e com o processo (custas judiciais honorários
de advogado etc.) (FIUZA, p. 431, 2004).
Na primeira hipótese nem sequer podemos falar de evicção, podendo o adquirente somente ter o
direito do preço pago pelo bem. Na segunda hipótese, vimos que aquele que age de boa fé, apesar
de ter de restituir o bem, pois o direito deste não lhe pertence, tem a prerrogativa de exigir do
alienante ou transmitente, o preço pago e inclusive os prejuízos. O leque de direitos do evicto é
maior.
No antigo Código Civil as disposições normativas que tratavam do direito do evicto era visualizado
no o art. 1.109, caput, inciso I, II, III. O código Civil vigente versa sobre o direito do evicto no art.
450, quando não houver disposição em contrário, vejamos:
Art 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição
integral do preço ou das quantias que pagou:
I – à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir
II – à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente
resultarem da evicção
III – às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. (art. 450.
CCB-2002)
Sabemos que benfeitoria são acréscimos realizados pelo homem na coisa com o intuito de
“conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la” (GAGLIANO; PAMPLONA, p.212, 2006). Será
considerado, portanto, as benfeitorias no art. 453 e art.454 do Código Civil. O art. 453 demonstra
expressamente a responsabilidade do alienante, pelo valor não abonado por terceiro responsável
original pelo pagamento. Cabe, portanto ao adquirente receber o valor, tanto do terceiro como do
alienante, porém será somente nas benfeitorias úteis e necessárias conforme dispõe o texto legal do
referido artigo. Já o art. 454 do Código Civil não expressa qual a benfeitoria.
Por fim, relata o Código civil sobre o direito processual no art. 456, onde haverá denunciação da
lide pelo exercício do direito resultante da evicção. As instruções são dadas ao adquirente que
deverá observá-las. Ao tratar desse assunto no Código Civil teria o legislador extrapolado seus
limites? Não, apenas empresta maior atenção ao instituto da evicção nas relações processuais, o
mesmo reconhece suas limitações (Código Civil tratar de direito material) deixou a lei do processo,
indicar o tempo e a forma de agir, senão vejamos.
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resultam, o
adquirente notificará do litígio o alienante de imediato, ou qualquer dos
anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo (art. 456,
CCB-2002).
EVICÇÃO
CONCEITO
A evicção se opera quando o adquirente de um bem vem a perder a sua posse e propriedade, por
ato judicial ou administrativo, em virtude do reconhecimento do direito anterior de outrem sobre a
coisa adquirida.
Evicção → Perda.
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda
que a aquisição se tenha realizado em HASTA PÚBLICA.
OBS: Na hasta pública não existe previsão quanto aos vícios redibitórios. Ou seja, não responde.
Com base no art. 447, caso o adquirente da coisa em hasta pública venha a perdê-la, deverá, em
primeiro plano, demandar o devedor executado, de cujo patrimônio saiu o bem, pela evicção.
Não sendo possível (sendo o devedor insolvente), demandará o credor que se beneficiou com a
arrematação, por ter recebido indevidamente o preço pago (Didier).
REQUISITOS
DIREITOS DO EVICTO
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço
ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente
resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em
que se EVENCEU, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou
litigiosa. Trata-se de uma regra que homenageia o princípio da boa-fé. Sobre a cláusula
convencional de exclusão de garantia, aparentemente colidente com o princípio da função social
(em seu aspecto inter partes), assim prevê o art. 449:
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem
direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção,
ou, dele informado, não o assumiu.
Assim, a cláusula que exclua a responsabilidade do alienante pela evicção dá ao evicto, pelo
menos, o direito de receber de volta o que pagou (não fará jus aos demais direitos do art. 450),
ressalvada a hipótese de, expressamente assumir o risco pela evicção, caso no qual, não terá
direito a nada.
Exemplo de risco assumido: Comprar apartamento com cláusula que diz: “o alienante não se
responsabiliza pela evicção”, e o adquirente ao celebrar o contrato está assumindo o risco pela
eventual evicção.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Teoria das Obrigações Contratuais
e Extracontratuais. 3º vol. 17º Edição. São Paulo: Saraiva, 2002.
FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 8º edição revista atualizada e ampliada. Belo
Horizonte: Del Rey, 2004.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil, Contratos.
Tomo I. Volume IV. São Paulo: Saraiva, 2006.
RODRIGUES. Silvio, Direito Civil – Teoria dos Contratos e das Declarações Unilaterais
da Vontade. Editora Saraiva. Ano 1972. P. 103 a 111.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria
https://www.aurum.com.br/blog/vicio-redibitorio/#:~:text=Enquanto%20o%20v%C3%ADcio
%20redibit%C3%B3rio%20trata,evic%C3%A7%C3%A3o%20este%20efeito
%20%C3%A9%20ausente.