Unidade VI

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SIBELE RESENDE PRUDENTE

Contratos Civis e Empresariais


2022-01

UNIDADE VI - CONTRATOS BILATERAIS

6.1- DISTRATO OU RESILIÇÃO BILATERAL

O distrato é um acordo de vontade onde os contratantes resolvem


desfazer o contrato. De acordo com o art. 472 quando o contrato tiver
forma especial o distrato deve obedecer a mesma forma; ex.: doação feita
por escritura pública o distrato pode ser por instrumento particular porque a
doação só exige forma escrita.

6.2- ARRAS ou SINAL

É uma quantia em dinheiro ou outra coisa móvel fungível, que um dos


contratantes entrega ao outro para garantir o negócio jurídico; é como se
fosse um sinal.
É importante diferenciar arras de cláusula penal. O pagamento das
arras é feito antes e já faz parte do preço; já a cláusula penal só será paga
depois e em caso de descumprimento obrigacional parcial, total ou mora.
As arras podem ser pagas em dinheiro ou outro bem móvel; já a cláusula
penal é paga somente em dinheiro.
As arras podem se apresentar de duas formas:

6.2.1- Confirmatórias: as arras em geral são confirmatórias e visam


confirmam que o contrato foi celebrado e não permitem o arrependimento
(os pactos devem ser cumpridos). Tem o objetivo de confirmar o contrato,
antecipar o pagamento e convencionar antecipadamente as perdas e danos
em caso de descumprimento obrigacional. As arras confirmatórias visam
impedir o arrependimento de qualquer das partes, dando maior segurança
às relações contratuais. Cabe indenização suplementar.

6.2.2- Penitenciais: nelas os contratantes estipulam expressamente o direito


de arrependimento e consequentemente a perda do sinal ou de sua
devolução mais o equivalente, como bem preceitua o art. 420. Quem deu
perde, quem recebeu devolve em dobro. Não cabe indenização
suplementar.

6.3- ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO

Para Orlando Gomes estipulação em favor de terceiro é " o contrato em


virtude do qual uma das partes se obriga a atribuir vantagem patrimonial
gratuita a pessoa estranha à formação do vínculo contratual".
Nesse contrato temos três pessoas envolvidas: o estipulante que é quem
convenciona o benefício; o promitente que é quem se compromete a
cumprir a obrigação; e o beneficiário que é quem está alheio ao contrato,
mas por ele será beneficiado; exs.: contrato que um filho assina com pessoa
jurídica garantindo prestação de serviço de tratamento domiciliar ao pai;
contrato de plano de saúde coletivo e o seguro de vida.
Vale dizer que o estipulante pode exigir o cumprimento por parte do
promitente, como pode também dar poderes para que o promitente assim o
faça. O estipulante pode ainda fazer novação e mudar a figura do
beneficiário, nesse caso, o último não tem como reclamar o cumprimento
do contrato.

6.4- VÍCIOS REDIBITÓRIOS

São defeitos ocultos de coisas recebidas em contratos comutativos, ou


de doação onerosa ou remuneratória. Os vícios devem existir ao tempo da
alienação, devem ser desconhecidos pelo adquirente e seu defeito deve ser
de tal importância que prejudique o uso do bem ou lhe diminua o valor.

6.4.1- Ações Edilícias

Diante de um vício redibitório o adquirente tem duas opções: ou ele não


aceita a coisa, mediante Ação Redibitória; ou aceita a coisa, mas exige
abatimento no preço por meio das Ações Estimatórias; essas duas ações são
chamadas de Edilícias. Contudo, quando ocorrer o perecimento da coisa em
razão do vício oculto, o adquirente não tem o direito de escolha e só pode
propor Ação Redibitória, art.444.
Não se deve confundir vício redibitório com erro quanto às qualidades
essenciais do objeto. O primeiro é um erro objetivo, enquanto o segundo é
subjetivo, ex: se você compra um relógio pensando em ser de ouro e depois
descobre que não é, mas ele funciona perfeitamente; estamos diante de um
erro quanto às qualidades essenciais. Nesse caso deve ser proposta ação
anulatória, art. 178, II. Mas, se você compra um relógio achando que ele é
de ouro e ele realmente é, mas não funciona perfeitamente em virtude de
um defeito interno; estamos diante de um vício redibitório, nesse caso deve
ser proposta uma ação edilícia, art. 445.

6.4.2- Prazos do Código Civil

Os prazos no Código Civil estão regulamentados nos art. 445 e 446.

6.4.3- Prazos de decadência e prescrição no Código do Consumidor

Quando estamos diante de um vício redibitório fruto de uma relação


entre particulares, o direito será resguardado pelo Código Civil, ex: quando
você compra um carro de um particular. Ao contrário, quando o vício se
originou de uma relação de consumo, o direito será resguardado pelo
Código de Defesa do Consumidor (CDC), ex: você comprou o carro de um
comerciante desse ramo. É importante observar essa distinção porque as
duas leis trazem diferenças técnicas significativas.
No CDC os prazos são decadenciais.
Quando o produto é não durável e o defeito é aparente o prazo é de 30
dias; ex: alimentos.
Já quando o produto é durável e o defeito é aparente o prazo é de 90
dias, contados a partir da entrega efetiva do produto ou do término da
execução dos serviços.
Se os defeitos forem ocultos os prazos são iguais, mas a contagem
começa quando se tornarem conhecidos; art. 26 parágrafo 3 º do CDC.

6.5 - EVICÇÃO

É a perda da coisa por meio de decisão judicial que determina que a


propriedade da coisa pertence a outra pessoa, fundado em motivo jurídico
anterior. A evicção é uma responsabilidade decorrente da lei
independentemente de estar prevista no contrato, portanto é uma garantia
contratual, é uma obrigação de fazer do transmitente; ela é a regra geral,
podendo ser afastada somente se houver cláusula expressa.
Na evicção temos 3 figuras: o evicto, que é o adquirente do bem e
sofrerá a evicção; o alienante, que é quem vende a coisa e por isso deverá
suportar as consequências da decisão judicial e o evictor, que é o terceiro
que entra com ação judicial reivindicando e ganhando total ou parcialmente
o bem, objeto prestacional do contrato em questão.
Na evicção fica assegurada a restituição integral do preço, mais a
indenização dos frutos que tiver sido obrigado a devolver, despesas
contratuais e custas judiciais; com prazo de 3 anos, art. 206, parágrafo 3º,
V.
É importante salientar que o alienante pode estar de boa fé ou má fé, e
responderá pela evicção. Contudo, a análise da culpa será importante para
mensurar o valor da indenização.

- Aquisição em hasta pública (art. 447):subsiste o direito à garantia.

- Reforço, diminuição ou exclusão da garantia (art. 448):de comum acordo


entre as partes, por cláusula expressa.

- Cláusula de exclusão: mesmo havendo terá o adquirente direito a receber


o preço se não soube do risco ou, dele informado, não o assumiu (art. 449).

-Extensão da garantia (art. 450): indenização dos frutos que o adquirente


tiver que restituir; despesas dos contratos e prejuízos que resultarem
diretamente da evicção; custas e honorários advocatícios.

- Subsistência da garantia:ainda que a coisa esteja deteriorada (exceto se


houve dolo do adquirente (art. 451).

- OBS: adquirente que obteve vantagens das deteriorações: serão deduzidas


dos valores a que tem direito a receber (art.452).

- Benfeitorias úteis e necessárias feitas pelo adquirente:serão indenizadas


pelo alienante (art. 453)

- Benfeitorias abonadas ao evicto, feitas pelo alienante:deverão ser


compensadas quando da restituição da coisa (art. 454)

- Evicção parcial (art. 455): restituição do desfalque sofrido

- Evicção parcial considerável (é a perda que, atentando-se para a


finalidade da coisa, faça presumir que o contrato não teria se aperfeiçoado
se o adquirente conhecesse a verdadeira situação):gera opção ao adquirente
de desfazer o contrato e retomar todo o preço.

6.5.1- EVICÇÃO E DENUNCIAÇÃO DA LIDE

É o chamamento ao processo que o adquirente faz contra o alienante,


somente pode acontecer depois que o terceiro entra com ação contra o
adquirente. Ela é regulamentada pelo Código de Processo Civil.
A denunciação da lide é feita no mesmo processo da ação principal,
podem acontecer denunciações sucessivas, se o bem já tiver passado por
vários adquirentes.

- EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

16- Analise a cláusula rebus sic stantibus frente ao princípio pacta sunt
servanda.

17- Quais são os pressupostos de aplicação da teoria da imprevisão?

18-Dentro dos contratos bilaterais, analise a exceção do contrato não


cumprido.

19- O que é resilição bilateral?

20- Cite e explique as espécies de arras.

21- Qual a diferença entre vício redibitório e erro quanto à qualidade


essencial do objeto?.

22- Conceitue evicção.

23-(OAB) Marque a resposta correta:


a-)Pode haver resolução por onerosidade excessiva nos contratos de
execução imediata.
b-)Nos contratos sinalagmáticos existe uma simultânea reciprocidade entre
credor e devedor, ambos com direitos e obrigações.
c-)Os contratos reais são aqueles que se tornam válidos somente com o
acordo de vontade das partes, não exigindo nenhuma solenidade específica.
d-)Os contratos atípicos são os que recebem da ordem jurídica um
denominação legal própria, estando previstos e regulados no Código Civil.

24- (OAB -2009) Assinale a opção correta a respeito dos vícios redibitórios
e da evicção.
a) as partes podem inserir no contrato que exclua a responsabilidade do
alienante pela evicção.
b) o adquirente, ante o vício redibitório da coisa, somente poderá reclamar
o abatimento da coisa.
c) não há responsabilidade por evicção caso a aquisição do bem tenha sido
efetivada por meio de hasta pública.
d) se o alienante não conhecia, à época da alienação, o vício ou defeito da
coisa, haverá exclusão da sua responsabilidade por vício redibitório.

25- (ENADE) Há mais de dez anos Luzia pagava com regularidade o


financiamento da sua casa própria. Infelizmente, no último mês ela foi
diagnosticada com uma doença grave e passou a ter que arcar com um
tratamento de alto custo. Prevendo, que diante da nova situação, não
conseguiria por muito tempo manter seu financiamento em dia, resolveu
procurar um advogado para se informar sobre seus direitos. Se você fosse
esse profissional, qual seria sua orientação?

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