Negro - Cruz e Sousa
Negro - Cruz e Sousa
Negro - Cruz e Sousa
1861 – Filho de escravos alforriados, recebe o nome de João da Cruz e é criado como filho
adotivo do Marechal Guilherme Xavier de Sousa e sua esposa Clarinda Fagundes de Sousa.
1871 – Com dez anos, matricula-se no colégio Ateneu Provincial Catarinense, onde estuda
francês, latim, matemática e ciências naturais.
1877 – dedica-se ao magistério e começa a publicar seus versos em jornais da província.
Abolicionista, sofre perseguições por ser negro.
1885 – Estreia na literatura com o livro de poemas em prosa: "Tropos e Fantasias", em parceria
com Virgílio Várzea. Assume a direção do jornal “O Moleque”
1890 – Muda-se para o Rio de Janeiro
1893 – Casa-se com Gavita Rosa Gonçalves. Nesse mesmo ano, com a ajuda do editor, Cruz e
Sousa consegue publicar os livros: "Missal" (poemas em prosa) e "Broquéis" (poesias).
1898 - Cruz e Sousa faleceu na cidade de Sítio, em Minas Gerais.
DANTE NEGRO - CISNE NEGRO
SIMBOLISMO
Poemas
Textos em prosa poética
Textos jornalísticos
Correspondências
Escravocratas
A onda negra dos escravocratas tem de ceder lugar à onda branca, à onda de luz que
vem descendo, descendo, como catadura do sol, dos altos cumes da ideia,
preparando a pátria para a organização futura mais real e menos vergonhosa.
Porque é preciso saber-se, em antes de se ter uma razão errada das coisas, que o
Abolicionismo não discute pessoas, não discute indivíduos nem interesses: discute
princípios, discute coletividade, discute fins gerais.
A GERMANO WENDHAUSEN
Desterro, 02 de abril de 1888
Caríssimo e nobre amigo Germano Wendhausen
Venho, mais uma vez, valer-me da sua proteção, da generosidade dos seus
sentimentos, pedindo-lhe que me faça a gentileza de me ouvir. Ilustre amigo, não sei
se sabe ou não da situação difícil da minha vida nem o estado de fatalidade em que
me acho; no entretanto, acreditando-me um indivíduo sério e leal, dará a atenção
devida às minhas palavras.
Acontece que, por largo espaço de tempo, me tenho visto embaraçado, muito
afogado de lutas, achando sempre contrariedade em tudo que proponho fazer para
melhorar de estado para trabalhar, ter um futuro mais garantido e seguro, nunca
encontrando o auxílio de ninguém.
(...) venho valer-me do seu prestígio e da sua generosidade jamais desmentidos,
pedindo-lhe encarecidamente para influir com o seu amigo e correligionário Virgílio
Villela sobre uma passagem, ou no caso de ser isso absolutamente impossível, (...)
fazer-me o supremo obséquio de me emprestar 50$000 réis para eu poder
transportar-me, pois, fica na honestidade do meu caráter e do meu brio satisfazer-
lhe essa importância desde que o trabalho me garanta mais poderes para isso.
A VIRGÍLIO VÁRZEA
Corte, 08 de janeiro de 1889
Adorado Virgílio
Estou em maré de enjoo físico e mentalmente fatigado. Fatigado de
tudo: de ver e ouvir tanto burro, de escutar tanta sandice e
bestialidade e de esperar sem fim por acessos na vida, que nunca
chegam. Estou fatalmente condenado à vida de miséria e sordidez,
passando-a numa indolência persa, bastante prejudicial à atividade
do meu espírito e ao próprio organismo que fica depois amarrado
para o trabalho.