Vitoria Roteiro Roteiro - Seminário Cristianismo
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● Origens
O Cristianismo é uma religião dissidente do Judaísmo que surgiu na periferia do
Império Romano por volta dos anos 30 da era comum, tendo como principal profeta a pessoa
de Jesus Cristo, por profeta entende-se essa figura de oposição à religião pregada pelos
sacerdotes, que prega mudança social e religiosa e a renovação dos costumes, e Cristo é esse
profeta que derruba a Lei de Moisés na cruz e abre as portas da Salvação será?. O
Cristianismo primitivo é a religião dos seguidores deste Messias, o filho de Yahweh (o deus
judaíco).
Algumas doutrinas do Cristianismo tem origem no Judaísmo, mas é outra religião e
não foi aceita pelos sacerdotes judaicos. O deus judaico é uno não tem filho. Quem inventou
a Trindade: Deus Pai, Filho e Espírito Santo foi o Cristianismo, baseado em outras religiões
antigas, como a Egipcia.Veja o texto de Vayne e Hoonaert
A partir da morte do Cristo,precisa demonstrar a historicidade de Jesus Cristo seus
seguidores passam a ser perseguidos tanto pelo Império Romano quanto pelos judeus e seus
homens da lei, a religião é criminalizada e punida com a pena capital caso não abjurassem a
fé, e o martírio e a certeza da salvação temperam os primeiros cristãos em fogo, a perseguição
os força a se unirem em pequenos grupos eclesiais tendo como representantes e difusores os
discípulos de Cristo.
Razões para a perseguição do Império Romano ao Cristianismo?
Dentro dos primeiros escritores da doutrina cristã esteve a figura de Paulo de Tarso (5
E.C - 67 E.C), que antes do Caminho de Damasco era um fariseu letrado nas leis romanas e
nas leis judaicas, que se converte ao ter uma visão de Jesus em uma viagem, Paulo fundou
inúmeras igrejas em províncias romanas.
Durante os primeiros três séculos de existência os cristãos foram perseguidos,
executados e torturados. A crença da vida eterna fez com que o seu batismo de sangue fosse
lembrado pelos irmãos que ficaram, e como foi dito, temperou os primeiros cristãos em uma
crença de salvação pelo martírio e a necessidade de se manterem próximos e fechados ao
mundo pagão. Quem era considerado pagão?
Mas porque a perseguição, tendo em vista que os romanos apresentavam uma
tolerância a outras religiões? Pelo fato de os cristãos se recusarem a cultuar o Imperador, de
participarem dos ritos da religião civil que existia em Roma, e por pregarem uma teocracia em
que o verdadeiro governante de tudo é Deus, que habita no Reino dos Céus. Essa perseguição
perdurou até o governo de Constantino (272 E.C - 337 E.C) em 312, quando diante de uma
batalha, sonhou com o Cristo mostrando-lhe um símbolo e dizendo “In Hoc Signo Vinces”
(Com este sinal vencerás), e de fato venceu, após esse ocorrido Constantino descriminaliza o
Cristianismo e no leito de morte se converte, com a descriminalização os cristãos entram em
um processo de expansão proselitista, segundo afirma Paul Veyne (2011) sem Constantino, o
cristianismo teria permanecido uma seita de vanguarda. É durante o governo de Teodósio I
(347-395) que o Cristianismo se torna a religião oficial do Império Romano.
Oitenta anos mais tarde, como se descobrirá depois, num outro campo de batalha e
ao longo de um outro rio, o paganismo será proibido e acabará vencido, sem que
tenha sido perseguido. Porque, ao longo de todo o século IV, a própria Igreja,
deixando de ser perseguida como o tinha sido ao longo de três séculos, terá o apoio
incondicional da maioria dos Césares, tornados cristãos; assim, no século VI o
Império estará quase todo povoado apenas de cristãos e, nos dias de hoje, há 1 bilhão
e meio de cristãos em nosso planeta (VEYNE, 2011, p.5).
Tem como livro sagrado a Bíblia, que engloba os livros do pentateuco judaico e os
livros dos profetas que formam o Antigo Testamento, e no Novo Testamento os livros que
relatam as ações do Cristo e de seus apóstolos após a sua morte e ressurreição. Com a
Reforma, alguns dos textos bíblicos são retirados da Bíblia Protestante,cânone da Reforma e
outros seguem sendo oficiais apenas no Catolicismo, e outros são apócrifos de ambas, sendo
adotados por outras vertentes cristãs como a Igreja Católica Ortodoxa e os Gnósticos.
Alguns livros da Bíblia usada na Idade Média foram considerados históricos, não sagrados.
Veja A Bíblia como literatura de Magalhães e Karen Armstrong.
Principais doutrinas:
- Monoteísmo- crença em um deus único
-Crença na vinda de um Messias salvador
-Crença na salvação eterna e numa vida futura no Paraíso ou no Inferno para os não salvos.
- Luta entre o bem e o mal
-Religião sacerdotal- papel politico dos clérigos, especialmente do Papa da Igreja Católica
● O Cristianismo primitivo
O Cristianismo primitivo refere-se ao período inicial do Cristianismo, que vai do ano
30 d.C. até aproximadamente 300 d.C. e é também conhecida como Era Apostólica. Durante
este tempo, o Cristianismo experimentou um rápido crescimento e desenvolvimento, apesar
da perseguição por parte das autoridades romanas. Muitos cristãos foram torturados e mortos,
mas não abandonaram a sua crença justamente pela esperança de salvação pregada por Jesus
para quem honrasse o nome de Deus. Jesus foi crucificado, ressurgiu e a sua mensagem
continuou por meio de seus discípulos e seguidores. Os cristãos continuaram a ser
perseguidos até o ano de 313, quando o imperador Constantino resolveu permitir a
manifestação dessa crença, já que ela estava servindo como um conforto para os cidadãos em
meio à crise que o império atravessava.
Segundo Friedrich Engels “a história do Cristianismo primitivo apresenta notáveis
pontos de contato com o movimento operário moderno”, em que o Cristianismo era
originalmente um movimento dos oprimidos, e que inicialmente parecia ser a religião dos
escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens sem direitos, dos povos subjugados ou
dispersos pelo Império Romano. De acordo com Engels ambos, o Cristianismo assim como o
socialismo operário, pregam uma libertação iminente da servidão e da miséria, o Cristianismo
transporta essa libertação para o além, para uma vida após a morte, já o socialismo a coloca
neste mundo, em uma transformação da sociedade.
O Cristianismo espraiou-se, com rapidez, pela ação de apóstolos e missionários anônimos
junto às comunidades judaicas da palestina, aos judeus da diáspora e às comunidades
gentílicas das principais cidades do império, com o apelo de uma mensagem de salvação
indistinta para judeus e gentílicos, homens e mulheres, livres e escravos. Com isso, para a
difusão da nova fé, os missionários valeram-se das infra-estruturas imperial e sinagogal, bem
como do aproveitamento de muitas racionalidades, categorias de pensamento, metáforas,
conceitos, formas e estilos literários gregos.
A exclusividade das exigências rituais a um Deus único afastaram os cristãos da participação
da vida pública imperial, em que observado o culto ao imperador e às deidades tradicionais.
Assim, aliado ao enfraquecimento dos laços sociais pretéritos, derivados do pertencimento a
uma nova comunidade familiar doméstica solidária, rendeu aos cristãos vasta desconfiança e
antipatias públicas, que muitas vezes resultaram em denúncias anônimas e não anônimas às
autoridades romanas.
A diversidade do Cristianismo do primeiro século refletia-se na existência de várias
congregações domésticas fracionadas, sem ortodoxia padronizada na fé, hierarquia
eclesiástica ou instituições centralizadas. A circunstância de reunirem-se em casas
particulares, tornou necessário o relacionamento com o estabelecimento do arranjo
institucional da casa antiga, com o que múltiplas situações organizacionais se
desembaraçavam com a mediação dos senhores das casas em que se reuniam as diversas
comunidades. Além disso, o modelo patriarcal da casa, por outro lado, também forneceu a
base da futura forma organizacional que se consolidará na cristandade, conhecida como
episcopado monárquico, com um único epíscopo ou bispo responsável pela unicidade
doutrinal e pela ordem nas comunidades domésticas de uma mesma base territorial.
● A Reforma Protestante
Segundo da Silva foi o movimento
Resultante de fatores religiosos, econômicos e políticos em 1517, o monge Martinho
Lutero liderou um movimento de ruptura na religião Cristã, o qual preconizava a
volta aos princípios bíblicos, a salvação pela graça de Cristo, o sacerdócio universal
dos cristãos e contestava a autoridade papal (SILVA, 2020, p.202).
De acordo com a mesma, “a Reforma Protestante foi uma cisão na cristandade em dois
blocos: a Igreja Católica liderada pelo Papa e o Protestantismo, subdividido em diversos
grupos” (SILVA, 2017, p. 25).
➔ Quem foi Lutero?
Martin Luther (1483-1546) nasceu no dia 10 de novembro de 1483, na cidade de
Eisleben, que na época fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico. Seus pais
chamavam-se Hans Luther e Margarethe Luther . Pertencia a uma família pequeno-burguesa
que havia prosperado com o trabalho em minas de cobre. Começou sua vida religiosa em
1505, a história de sua decisão remonta ao dia 2 de julho de 1505, quando fazia uma viagem
de Mansfeld para Erfurt, e durante o percurso, uma tempestade o alcançou e um raio atingiu
um carvalho que abrigava Lutero da chuva. Temendo pela sua vida, Lutero fez uma promessa
à Santa Ana que se transformaria em monge caso escapasse com vida. Após ter escapado,
algumas semanas depois desse acontecimento ingressou no convento dos Eremitas
Agostinianos de Erfurt.
Durante o seu período no monastério, segundo contam suas biografias, Lutero
experienciou uma série de questionamentos sobre a sua fé, sobre as contradições e hipocrisias
da Igreja de sua época, entre elas o regime de indulgências, certos dogmas, a ideia de salvação
e confissão mediante pagamento, motivado pela ideia da mendicância que surgiram durante o
medievo, e por uma doutrina rígida da ordem agostiniana. Em detrimento de todas essas
insatisfações, em 1517, no dia de Todos os Santos, Lutero pregou as suas Noventa e cinco
teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg.
É importante ressaltar que Lutero jamais pensou em um cisma dentro da Igreja
Católica, ele era um reformista, não um revolucionário.
➔ As teses e as “solas”
O célebre gesto de Lutero, pregando as Noventa e cinco teses na porta do Castelo,
em Wittenberg, na véspera do dia de Todos os Santos do ano de 1517 (o que, por
sinal, bem pode nunca haver acontecido), marca apenas o apogeu de uma jornada
espiritual que aquele sacerdote percorreria havia pelo menos seis anos, quando fora
nomeado para cátedra de teologia da universidade local (SKINNER, 1996, p.285).
Para Lutero, o julgamento dos maus governantes deveria vir de Deus, e não do povo,
estes deveriam ser subservientes e não resistir ao jugo dos poderosos. Os anabatistas
subverteram esse ideal de não-resistência, se voltando para os textos bíblicos como forma de
justificação para as suas lutas, Friedrich Engels em sua obra As Guerras Camponesas na
Alemanha (1946) narra acerca das revoltas de camponeses anabatistas do século XVI na
Alemanha.
O anabatismo desenvolveu-se concomitantemente à Reforma Luterana, no século
XVI, como um movimento que, partindo da ambiência reformista, para além de
transformações teológicas ou litúrgicas, preconizava reformas sociais e políticas em
meio a uma sociedade que ainda vivia fortes resquícios medievais, dentre eles, a
exploração dos camponeses com extorsivos impostos cobrados pelos nobres. Em
torno das concepções anabatistas, congregaram-se plebeus, camponeses e teólogos
entusiastas, como Thomas Müntzer (SILVA, 2014, p.109).
A Reforma Protestante feita por Lutero e por outros pensadores, gerou não apenas um
cisma dentro do Cristianismo católico, como também criou uma mentalidade que moldou as
relações sociais a partir de então.
➔ Os frutos: “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos
16:15)
A Reforma Protestante deu início a um novo período no campo religioso mundial,
chegando nos dias atuais a cerca de 801 milhões de adeptos, 37% da população mundial.
Mesmo após a Reforma ter cumprido seu caráter reformista do catolicismo, a religião cristã
não parou de mudar e se dividir, o princípio de “Igreja reformada, sempre se reformando” se
manteve vivo. Tanto no continente europeu em que se originou quanto no restante do mundo,
o Protestantismo esteve e está em constante mudança, o ideal de sacerdócio universal deu a
toda pessoa inspirada pelo Espírito o poder de congregar coletivamente, sob o nome de Igreja.
O Cristianismo no Brasil
REFERÊNCIAS:
AUSUBEL, Nathan. JUDAICA - Conhecimento Judaico, vol. I: Doutrinas do
Judaísmo. Rio de Janeiro: A Coogan, 1989.
BRASILEIRO, Ricardo Adriano Massara. Cristianismo primitivo rumo à
institucionalização: Contexto imperial romano (séc. I). Passagens: Revista Internacional de
História Política e Cultura Jurídica, p. 551-572, 2021.
SILVA, Cândido da Costa. Roteiro da Vida e da Morte. São Paulo. Editora Ática. 1982.