Vitoria Roteiro Roteiro - Seminário Cristianismo

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Universidade Estadual de Feira de Santana

Colegiado do Curso de História


Disciplina/Ano: História das Religiões/ 2024.1
Docente: Profa. Dra. Elizete da Silva
Discente: Vitor Gabriel Nunes Carneiro, Vitória Silva Pereira e Maria Geisielen
Xavier.

Roteiro de apresentação: Cristianismo

● Origens
O Cristianismo é uma religião dissidente do Judaísmo que surgiu na periferia do
Império Romano por volta dos anos 30 da era comum, tendo como principal profeta a pessoa
de Jesus Cristo, por profeta entende-se essa figura de oposição à religião pregada pelos
sacerdotes, que prega mudança social e religiosa e a renovação dos costumes, e Cristo é esse
profeta que derruba a Lei de Moisés na cruz e abre as portas da Salvação será?. O
Cristianismo primitivo é a religião dos seguidores deste Messias, o filho de Yahweh (o deus
judaíco).
Algumas doutrinas do Cristianismo tem origem no Judaísmo, mas é outra religião e
não foi aceita pelos sacerdotes judaicos. O deus judaico é uno não tem filho. Quem inventou
a Trindade: Deus Pai, Filho e Espírito Santo foi o Cristianismo, baseado em outras religiões
antigas, como a Egipcia.Veja o texto de Vayne e Hoonaert
A partir da morte do Cristo,precisa demonstrar a historicidade de Jesus Cristo seus
seguidores passam a ser perseguidos tanto pelo Império Romano quanto pelos judeus e seus
homens da lei, a religião é criminalizada e punida com a pena capital caso não abjurassem a
fé, e o martírio e a certeza da salvação temperam os primeiros cristãos em fogo, a perseguição
os força a se unirem em pequenos grupos eclesiais tendo como representantes e difusores os
discípulos de Cristo.
Razões para a perseguição do Império Romano ao Cristianismo?

Dentro dos primeiros escritores da doutrina cristã esteve a figura de Paulo de Tarso (5
E.C - 67 E.C), que antes do Caminho de Damasco era um fariseu letrado nas leis romanas e
nas leis judaicas, que se converte ao ter uma visão de Jesus em uma viagem, Paulo fundou
inúmeras igrejas em províncias romanas.
Durante os primeiros três séculos de existência os cristãos foram perseguidos,
executados e torturados. A crença da vida eterna fez com que o seu batismo de sangue fosse
lembrado pelos irmãos que ficaram, e como foi dito, temperou os primeiros cristãos em uma
crença de salvação pelo martírio e a necessidade de se manterem próximos e fechados ao
mundo pagão. Quem era considerado pagão?
Mas porque a perseguição, tendo em vista que os romanos apresentavam uma
tolerância a outras religiões? Pelo fato de os cristãos se recusarem a cultuar o Imperador, de
participarem dos ritos da religião civil que existia em Roma, e por pregarem uma teocracia em
que o verdadeiro governante de tudo é Deus, que habita no Reino dos Céus. Essa perseguição
perdurou até o governo de Constantino (272 E.C - 337 E.C) em 312, quando diante de uma
batalha, sonhou com o Cristo mostrando-lhe um símbolo e dizendo “In Hoc Signo Vinces”
(Com este sinal vencerás), e de fato venceu, após esse ocorrido Constantino descriminaliza o
Cristianismo e no leito de morte se converte, com a descriminalização os cristãos entram em
um processo de expansão proselitista, segundo afirma Paul Veyne (2011) sem Constantino, o
cristianismo teria permanecido uma seita de vanguarda. É durante o governo de Teodósio I
(347-395) que o Cristianismo se torna a religião oficial do Império Romano.
Oitenta anos mais tarde, como se descobrirá depois, num outro campo de batalha e
ao longo de um outro rio, o paganismo será proibido e acabará vencido, sem que
tenha sido perseguido. Porque, ao longo de todo o século IV, a própria Igreja,
deixando de ser perseguida como o tinha sido ao longo de três séculos, terá o apoio
incondicional da maioria dos Césares, tornados cristãos; assim, no século VI o
Império estará quase todo povoado apenas de cristãos e, nos dias de hoje, há 1 bilhão
e meio de cristãos em nosso planeta (VEYNE, 2011, p.5).

Da Silva destaca o Cristianismo,


Como uma religião hegemônica no mundo ocidental, observamos que, ao longo de
sua trajetória milenar, o discurso religioso tem um duplo papel: tanto como
atenuante e legitimador das desigualdades sociais, quanto de contestação e protesto
social (SILVA, 2014, p.103).

Tem como livro sagrado a Bíblia, que engloba os livros do pentateuco judaico e os
livros dos profetas que formam o Antigo Testamento, e no Novo Testamento os livros que
relatam as ações do Cristo e de seus apóstolos após a sua morte e ressurreição. Com a
Reforma, alguns dos textos bíblicos são retirados da Bíblia Protestante,cânone da Reforma e
outros seguem sendo oficiais apenas no Catolicismo, e outros são apócrifos de ambas, sendo
adotados por outras vertentes cristãs como a Igreja Católica Ortodoxa e os Gnósticos.

Alguns livros da Bíblia usada na Idade Média foram considerados históricos, não sagrados.
Veja A Bíblia como literatura de Magalhães e Karen Armstrong.

Principais doutrinas:
- Monoteísmo- crença em um deus único
-Crença na vinda de um Messias salvador
-Crença na salvação eterna e numa vida futura no Paraíso ou no Inferno para os não salvos.
- Luta entre o bem e o mal
-Religião sacerdotal- papel politico dos clérigos, especialmente do Papa da Igreja Católica
● O Cristianismo primitivo
O Cristianismo primitivo refere-se ao período inicial do Cristianismo, que vai do ano
30 d.C. até aproximadamente 300 d.C. e é também conhecida como Era Apostólica. Durante
este tempo, o Cristianismo experimentou um rápido crescimento e desenvolvimento, apesar
da perseguição por parte das autoridades romanas. Muitos cristãos foram torturados e mortos,
mas não abandonaram a sua crença justamente pela esperança de salvação pregada por Jesus
para quem honrasse o nome de Deus. Jesus foi crucificado, ressurgiu e a sua mensagem
continuou por meio de seus discípulos e seguidores. Os cristãos continuaram a ser
perseguidos até o ano de 313, quando o imperador Constantino resolveu permitir a
manifestação dessa crença, já que ela estava servindo como um conforto para os cidadãos em
meio à crise que o império atravessava.
Segundo Friedrich Engels “a história do Cristianismo primitivo apresenta notáveis
pontos de contato com o movimento operário moderno”, em que o Cristianismo era
originalmente um movimento dos oprimidos, e que inicialmente parecia ser a religião dos
escravos e dos libertos, dos pobres e dos homens sem direitos, dos povos subjugados ou
dispersos pelo Império Romano. De acordo com Engels ambos, o Cristianismo assim como o
socialismo operário, pregam uma libertação iminente da servidão e da miséria, o Cristianismo
transporta essa libertação para o além, para uma vida após a morte, já o socialismo a coloca
neste mundo, em uma transformação da sociedade.
O Cristianismo espraiou-se, com rapidez, pela ação de apóstolos e missionários anônimos
junto às comunidades judaicas da palestina, aos judeus da diáspora e às comunidades
gentílicas das principais cidades do império, com o apelo de uma mensagem de salvação
indistinta para judeus e gentílicos, homens e mulheres, livres e escravos. Com isso, para a
difusão da nova fé, os missionários valeram-se das infra-estruturas imperial e sinagogal, bem
como do aproveitamento de muitas racionalidades, categorias de pensamento, metáforas,
conceitos, formas e estilos literários gregos.
A exclusividade das exigências rituais a um Deus único afastaram os cristãos da participação
da vida pública imperial, em que observado o culto ao imperador e às deidades tradicionais.
Assim, aliado ao enfraquecimento dos laços sociais pretéritos, derivados do pertencimento a
uma nova comunidade familiar doméstica solidária, rendeu aos cristãos vasta desconfiança e
antipatias públicas, que muitas vezes resultaram em denúncias anônimas e não anônimas às
autoridades romanas.
A diversidade do Cristianismo do primeiro século refletia-se na existência de várias
congregações domésticas fracionadas, sem ortodoxia padronizada na fé, hierarquia
eclesiástica ou instituições centralizadas. A circunstância de reunirem-se em casas
particulares, tornou necessário o relacionamento com o estabelecimento do arranjo
institucional da casa antiga, com o que múltiplas situações organizacionais se
desembaraçavam com a mediação dos senhores das casas em que se reuniam as diversas
comunidades. Além disso, o modelo patriarcal da casa, por outro lado, também forneceu a
base da futura forma organizacional que se consolidará na cristandade, conhecida como
episcopado monárquico, com um único epíscopo ou bispo responsável pela unicidade
doutrinal e pela ordem nas comunidades domésticas de uma mesma base territorial.

● Divergências entre O Judaísmo e Cristianismo

As hostilidades contra o cristianismo primitivo eram comuns, especialmente por parte da


comunidade judaica do primeiro século, apesar da origem judaica do cristianismo. Paulo,
como ele próprio afirma repetidamente, tomou parte ativa na repressão ao cristianismo e
posteriormente, após a sua conversão, teve que sofrer a mesma perseguição, o encarceramento
e a morte. Coincidentemente, como no caso de Jesus, os acusadores de Paulo foram judeus,
mas os executores da prisão e da pena de morte foram romanos. Os cristãos, que no começo
eram majoritariamente de origem judia, passaram a ser depois fundamentalmente gentios
convertidos, inclusive um bom número de prosélitos, influenciados previamente pelo
judaísmo. Embora inicialmente os Apóstolos continuassem a frequentar o Templo, não
demorou muito tempo até que os cristãos fossem considerados hereges pelos sacerdotes. O ato
dos Apóstolos, narra as tentativas de supressão da nova “heresia”, feitas pelas autoridades do
Templo. De modo especial, destaca a perseguição do ano 40, que culmina com a morte de
Tiago, por ordem de Herodes, rei judeu. O evangelho de Marcos, foi escrito após a separação
definitiva entre Igreja e Sinagoga, o grupo dos judeu-cristãos já tinha começado a regredir.
Por isso, os evangelistas escreveram os novos livros da Bíblia, pois, era necessário para a
nova religião acentuar sua própria individualidade se distanciando das tradições rabínicas.
O Cristianismo, portanto, não foi aceito pelos judeus, pois o judaísmo prega que o Messias
trará uma libertação política, social e econômica, muito semelhante a Moisés. Os cristãos, por
outro lado, entendem que o Messias já veio na figura de Jesus. Assim, o ponto central para
entender a diferença entre judeus e cristãos é a consideração da figura de Cristo. Os cristãos
reconhecem Jesus como o Messias que veio entre os homens para anunciar o Reino dos Céus
e morreu na cruz para limpar toda a humanidade de seus pecados. Para os judeus, no entanto,
Jesus foi um simples profeta, e eles ainda aguardam a chegada do verdadeiro Messias, que
virá à Terra para salvar o povo judeu. Em conclusão, a origem judaica do cristianismo e a sua
evolução para uma religião predominantemente gentílica delineiam um processo histórico
marcado por conflitos e perseguições. A hostilidade inicial da comunidade judaica,
manifestada em figuras como Paulo antes de sua conversão, refletiu-se nas atitudes das
autoridades religiosas judaicas e na posterior repressão pelos romanos. A crescente
divergência teológica, especialmente em relação à figura de Jesus como Messias, foi um fator
crucial para a separação definitiva entre cristianismo e judaísmo. Essa divergência é central
para compreender a distinção entre ambas as religiões: enquanto os cristãos veem Jesus como
o Messias redentor, os judeus continuam aguardando um Messias que trará uma libertação
concreta e material. A necessidade de se afirmar como uma religião distinta levou os cristãos
a compor novos textos bíblicos, delineando a identidade própria do cristianismo e marcando
sua ruptura com as tradições rabínicas. Dessa forma, a evolução do cristianismo desde suas
raízes judaicas até sua afirmação como uma fé independente é um testemunho da complexa
interação entre perseguição, teologia e identidade religiosa.

A Cristandade durante a Idade Média, a importância da Igreja Católica? ?


As heresias medievais- contestação à Cristandade.
O cisma que deu origem a Igreja Ortodoxa no século XI – divergências com a Igreja Católica?

● A Reforma Protestante
Segundo da Silva foi o movimento
Resultante de fatores religiosos, econômicos e políticos em 1517, o monge Martinho
Lutero liderou um movimento de ruptura na religião Cristã, o qual preconizava a
volta aos princípios bíblicos, a salvação pela graça de Cristo, o sacerdócio universal
dos cristãos e contestava a autoridade papal (SILVA, 2020, p.202).

De acordo com a mesma, “a Reforma Protestante foi uma cisão na cristandade em dois
blocos: a Igreja Católica liderada pelo Papa e o Protestantismo, subdividido em diversos
grupos” (SILVA, 2017, p. 25).
➔ Quem foi Lutero?
Martin Luther (1483-1546) nasceu no dia 10 de novembro de 1483, na cidade de
Eisleben, que na época fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico. Seus pais
chamavam-se Hans Luther e Margarethe Luther . Pertencia a uma família pequeno-burguesa
que havia prosperado com o trabalho em minas de cobre. Começou sua vida religiosa em
1505, a história de sua decisão remonta ao dia 2 de julho de 1505, quando fazia uma viagem
de Mansfeld para Erfurt, e durante o percurso, uma tempestade o alcançou e um raio atingiu
um carvalho que abrigava Lutero da chuva. Temendo pela sua vida, Lutero fez uma promessa
à Santa Ana que se transformaria em monge caso escapasse com vida. Após ter escapado,
algumas semanas depois desse acontecimento ingressou no convento dos Eremitas
Agostinianos de Erfurt.
Durante o seu período no monastério, segundo contam suas biografias, Lutero
experienciou uma série de questionamentos sobre a sua fé, sobre as contradições e hipocrisias
da Igreja de sua época, entre elas o regime de indulgências, certos dogmas, a ideia de salvação
e confissão mediante pagamento, motivado pela ideia da mendicância que surgiram durante o
medievo, e por uma doutrina rígida da ordem agostiniana. Em detrimento de todas essas
insatisfações, em 1517, no dia de Todos os Santos, Lutero pregou as suas Noventa e cinco
teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg.
É importante ressaltar que Lutero jamais pensou em um cisma dentro da Igreja
Católica, ele era um reformista, não um revolucionário.

➔ As teses e as “solas”
O célebre gesto de Lutero, pregando as Noventa e cinco teses na porta do Castelo,
em Wittenberg, na véspera do dia de Todos os Santos do ano de 1517 (o que, por
sinal, bem pode nunca haver acontecido), marca apenas o apogeu de uma jornada
espiritual que aquele sacerdote percorreria havia pelo menos seis anos, quando fora
nomeado para cátedra de teologia da universidade local (SKINNER, 1996, p.285).

As teses de Lutero representavam um projeto de Reforma dentro da Igreja Católica


Apostólica Romana, eram suas visões acerca dos velhos dogmas e propostas de mudança. As
teses questionavam o poder papal, as indulgências, o sacerdócio universal, a confissão dos
pecados, a aproximação do fiel sem a necessidade de intermédio clerical, a tradução da Bíblia
para as línguas vulgares de cada país, etc.
A Reforma teve cinco pilares, os cinco “solas”:
Sola Scriptura (Somente a Bíblia e toda a Bíblia);
Solus Christus (Somente Cristo);
Sola Gratia (Somente a Graça);
Sola Fide (Somente a Fé);
Soli Deo Gloria (Somente a Deus Glória).
E o lema da Reforma é “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est”, ou seja, “Igreja
reformada, sempre se reformando”.

➔ A Reforma Protestante e a Contra Reforma


Com os andamentos e avanços do Protestantismo, a Igreja Católica traçou uma série
de medidas para conter estes avanços e garantir o seu monopólio da fé. Dentre elas a criação
do Tribunal do Santo Ofício para punir os hereges protestantes e judeus, a Companhia de
Jesus para catequizar os gentios do Novo Mundo e levar o evangelho católico para as Índias
Ocidentais e Orientais.
As Reformas Protestantes estavam a todo vapor na Europa e para combater os avanços
foi realizado na cidade de Trento, na Itália, um concílio, o Concílio de Trento que ocorreu
entre 1545 e 1563. Neste Concílio foram reafirmados os dogmas de fé questionados pelos
protestantes como os sete sacramentos, a autoridade papal, a salvação pelas obras, o culto aos
santos, e muitos outros.
Foi em resposta a Reforma que surgiu a Companhia de Jesus, os jesuítas, que teriam
um papel importantíssimo durante a colonização, que era catequizar os indígenas, que
posteriormente passaram para seu encargo, além de servirem como propagadores e
mantenedores da fé católica. Outro mecanismo de manutenção da religião foi o Tribunal do
Santo Ofício que se intensificou bastante após Trento, com o intuito de caçar os hereges,
“bruxas", os protestantes e os judeus.

➔ A Reforma e seus andamento no mundo moderno e no mundo atlântico


A tradução da Bíblia para as vulgatas contribuiu para a consolidação de diversos
idiomas, uma vez que a escrita em diversos países da Europa não era sistematizada e
uniformizada conforme a Bíblia era traduzida.
Segundo Laura de Mello e Souza em sua obra O diabo e a Terra de Santa Cruz:
feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial (1916), parte das razões da criação do
bispado da Bahia foi para suprimir os avanços da Reforma e de propagar a fé católica para o
Novo Mundo, só no século XVII é que Roma passaria a se preocupar com a evangelização do
mundo colonial. Não concordo, já no inicio do descobrimento veja a Carta de Caminha.
➔ A Reforma Protestante X A “Revolução” Protestante
Como foi dito, Lutero era um reformista, não um revolucionário. No entanto, seus
ideais de reforma criaram uma nova denominação dentro do Cristianismo, o Protestantismo e
as suas tantas vertentes. Diferente de Lutero, houve nos territórios que se tornaram a
Alemanha moderna grupos de revolucionários, que inspirados pelos ideais protestantes de
mudança resolveram se levantar contra o sistema que os fora impostos ao longo de séculos de
dominação, inspirados também por um retorno aos ideais cristãos primitivos, os grupos
anabatistas reivindicavam terras para aqueles que dela viviam, e pregavam a insubordinação
aos governantes. Essas guerras camponesas foram suprimidas com ferro e fogo, muitos foram
mortos, e Lutero, o reformista foi um dos principais apoiadores destes extermínios. Lutero se
baseava em dois princípios para a condenação desses revoltosos, um bíblico que se baseava
no texto de Romanos 13:1-5, que dizia,
Que todos estejam sujeitos às autoridades superiores. Porque não há autoridade que
não proceda de Deus, e as autoridades que existem foram por ele instituídas. Assim,
aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus, e os que resistem trarão
sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor, quando se
faz o bem, e sim quando se faz o mal. Você quer viver sem medo da autoridade?
Faça o bem e você terá louvor dela, pois a autoridade é ministro de Deus para o seu
bem. Mas, se você fizer o mal, então tenha medo, porque não é sem motivo que a
autoridade traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar quem
pratica o mal. Portanto, é necessário que vocês se sujeitem à autoridade, não
somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência
(Romanos 13:1-5).

E o outro baseado no pensamento de santo Agostinho,


Que não apenas se mostra compatível com a doutrina luterana da não-resistência,
como, na verdade, até mesmo contribui para reforçá-la. Insiste, simplesmente, que a
razão para príncipes maus e tiranos serem, de tempos em tempos, ordenados por
Deus, são, como diz Jó, “os pecados do povo”. Será “cegueira e perversidade” o
povo pensar que a mera força bruta sustenha o governante mau, e que portanto “o
tirano governe por ser um arrematado patife”. A verdade é “que ele governa não por
ser patife, mas devido aos pecados do povo” (SKINNER, 1996, p.301).

Para Lutero, o julgamento dos maus governantes deveria vir de Deus, e não do povo,
estes deveriam ser subservientes e não resistir ao jugo dos poderosos. Os anabatistas
subverteram esse ideal de não-resistência, se voltando para os textos bíblicos como forma de
justificação para as suas lutas, Friedrich Engels em sua obra As Guerras Camponesas na
Alemanha (1946) narra acerca das revoltas de camponeses anabatistas do século XVI na
Alemanha.
O anabatismo desenvolveu-se concomitantemente à Reforma Luterana, no século
XVI, como um movimento que, partindo da ambiência reformista, para além de
transformações teológicas ou litúrgicas, preconizava reformas sociais e políticas em
meio a uma sociedade que ainda vivia fortes resquícios medievais, dentre eles, a
exploração dos camponeses com extorsivos impostos cobrados pelos nobres. Em
torno das concepções anabatistas, congregaram-se plebeus, camponeses e teólogos
entusiastas, como Thomas Müntzer (SILVA, 2014, p.109).

A Reforma Protestante feita por Lutero e por outros pensadores, gerou não apenas um
cisma dentro do Cristianismo católico, como também criou uma mentalidade que moldou as
relações sociais a partir de então.

➔ Os frutos: “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos
16:15)
A Reforma Protestante deu início a um novo período no campo religioso mundial,
chegando nos dias atuais a cerca de 801 milhões de adeptos, 37% da população mundial.
Mesmo após a Reforma ter cumprido seu caráter reformista do catolicismo, a religião cristã
não parou de mudar e se dividir, o princípio de “Igreja reformada, sempre se reformando” se
manteve vivo. Tanto no continente europeu em que se originou quanto no restante do mundo,
o Protestantismo esteve e está em constante mudança, o ideal de sacerdócio universal deu a
toda pessoa inspirada pelo Espírito o poder de congregar coletivamente, sob o nome de Igreja.

O Cristianismo no Brasil

Igreja Católica e a catequese- ( Veja Fabricio Lyrio, Hoonaert)


Padroado Régio- Marli Geralda- Carta de Caminha , a catequese aparece como possibilidade.

Protestantes Huguenotes no Rio de Janeiro no sec. XVI e Calvinistas no Nordeste no século


XVII (Veja Silva e Santos).
A Igreja Católica também se transforma- exemplo os grandes movimentos das ordens
religiosas e recentemente da Teologia da Libertação no Brasil e a América Latina na década
de 1960.

REFERÊNCIAS:
AUSUBEL, Nathan. JUDAICA - Conhecimento Judaico, vol. I: Doutrinas do
Judaísmo. Rio de Janeiro: A Coogan, 1989.
BRASILEIRO, Ricardo Adriano Massara. Cristianismo primitivo rumo à
institucionalização: Contexto imperial romano (séc. I). Passagens: Revista Internacional de
História Política e Cultura Jurídica, p. 551-572, 2021.

ENGELS, Friedrich. Contribuições para a história do cristianismo primitivo, 1895.


SILVA, Elizete da. Religião e movimentos sociopolíticos: entre a devoção e a
insurreição. p.95-123. In: SILVA, Elizete da (org); NEVES, Erivaldo Fagundes. Cultura
Sociedade e Política: ideias, métodos e fontes na investigação histórica. Feira de Santana:
UEFS Editora, 2014.
SILVA, Elizete da. Protestantes na Terra da Promissão: entre Deus e Mamom. In:
ALMEIDA, Vasni; SANTOS, Lyndon A. (org); SILVA, Elizete da (org). Os 500 Anos da
Reforma Protestante no Brasil um debate histórico e historiográfico. Curitiba: CRV, 2017.
SILVA, Elizete da. Judeus, Católicos e Protestantes na Terra do Açúcar:
Afinidades e Divergências. Revista Relegens Thréskeia- UFPR, V.09, n°2, p.199-224, 2020.
SKINNER, Quentin. Os princípios do Luteranismo. p.285-301. In: As fundações do
pensamento moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SOUZA, Laura de Mello. O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e
religiosidade popular no Brasil colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
VEYNE, Paul. Quando nosso mundo se tornou cristão (312-394). Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2010.

Melhorar as leituras e esquecer a judiaria:

ARMSTRONG, Karen. A Bíblia. Ed. Zahar.

ARMSTRONG, Karen. Em nome de Deus: O fundamentalismo no judaísmo, no cristianismo


e no islamismo. Ed: Companhia de Bolso.

BIBLIA. Sagrada. João Ferreira de Almeida.

HOORNAERT, Eduardo. Origens do Cristianismo. Uma leitura crítica. Brasília. Ed.


SER.2006.

KAUTSKY, Karl. A origem do Cristianismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2010.


LÖWY, Michael. O Catolicismo latino-americano Radicalizado. In: Estudos Avançados, nº 5, USP,
1989.
LUXEMBURGO, Rosa. O Socialismo e as Igrejas: o comunismo dos primeiros cristãos. Rio de
Janeiro: Achiamé, 1980.

REGINALDO, Lucilene. Os Rosários dos Angolas: irmandades negras, experiências escravas e


identidades africanas na Bahia setecentista. Tese doutorado. Campinas. UNICAMP. 2005.

SANTOS, Fabricio Lyrio. Catequese...

SILVA, Cândido da Costa. Os Segadores e a Messe: O Clero Oitocentista na Bahia Salvador.


EDUFBA. 2000.

SILVA, Cândido da Costa. Roteiro da Vida e da Morte. São Paulo. Editora Ática. 1982.

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