Economia Do Projeto

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Economia do Projeto

Aula 25
Instrumentos de Representação
A arquitetura tem evoluído ao longo da história, influenciada pelos instrumentos e técnicas
disponíveis. No Movimento Moderno, a axonometria era predominante, mas, desde a
Antiguidade, a maqueta tem servido como um essencial meio de idealização e representação.
No Renascimento, as maquetes tornaram-se vitais para a comunicação entre arquitetos e
clientes.

Para muitos arquitetos, a maqueta superava até mesmo os desenhos em importância na


concretização dos projetos. Atualmente, a maqueta continua a ser crucial, não só para a
visualização do projeto em concursos ou apresentações ao cliente, mas também como uma
ferramenta para expressar ideias e intenções.

As transformações tecnológicas recentes, particularmente o advento do design assistido por


computador, revolucionaram o processo arquitetónico. O computador complementa, mas não
substitui, as ferramentas tradicionais como o esboço e a maqueta. Ele amplia as possibilidades
de representação e permite uma colaboração mais eficiente e global entre profissionais. Esta
tecnologia proporciona maior precisão, rapidez e complexidade na conceção de projetos,
possibilitando ajustes em tempo real conforme as necessidades e condições se alteram.

Conteúdo do Projeto
No final do processo de representação chegamos ao documento do projeto, que deverá conter
todas as características e qualidades da futura obra arquitetónica, assim como a justificação
das soluções adotadas.
O seu propósito fundamental é que permita a execução da obra, mas também constitui a base
para autorizações e contratos, porque se define como um testemunho do que se pretende
realizar. É um documento complexo que deve incluir muita e heterogénea documentação.

Fases/Conteúdos dos Projetos

1. Programa Preliminar
2. Programa Base
3. Estudo Prévio
4. Projeto Base
5. Projeto
6. Assistência Técnica

Programa Preliminar

Documento fornecido pelo dono da obra ao autor do projeto para definição dos objetivos,
características orgânicas funcionais e condicionamentos financeiros da obra.

Objetivos da obra; características gerais a que deve satisfazer; Dados sobre a localização do
empreendimento; Elementos topográficos e cartográficos; Dados Básicos; Limites de custo;
Indicação geral dos prazos.
Programa Base

Documento elaborado pelo autor do projeto a partir do programa preliminar, resultando da


particularização deste, da verificação da sua viabilidade e do estudo de soluções alternativas.
Depois da aprovação do dono de obra, serve de base ao desenvolvimento das fases ulteriores
do projeto.

Esquema da obra ou sequência de operações a realizar; Definição dos critérios gerais de


dimensionamento das partes construtivas da obra; Indicação das condicionantes principais
relativas à ocupação do terreno; Peças escritas e desenhadas; Estimativa geral do custo do
empreendimento; Estimativa do custo de manutenção e conservação da obra; Descrição e
justificação das exigências de comportamento, funcionamento, exploração e conservação a
obra; Informação sobre a necessidade de obtenção de elementos topográficos, geológicos,
hidrológicos ou de qualquer outra natureza que interessem ao estudo do problema.

Estudo Prévio

Documento elaborado pelo autor do projeto, depois de aprovação do programa base visando o
desenvolvimento da solução programada, essencialmente no que respeita à conceção geral da
obra. Constituído por peças escritas e desenhadas e por outros elementos informativos.

No caso de o contrato não especificar outras condições, entende-se que o estudo prévio a
apresentar à aprovação do dono da obra conterá, os seguintes elementos:

Memória descritiva e justificativa; Elementos gráficos elucidativos de cada uma das soluções
propostas; Dimensionamento aproximado e características principais dos elementos
fundamentais da obra; Definição geral dos processos de construção e da natureza dos
materiais mais significativos e dos equipamentos; Estimativa do custo da obra; Justificação
discriminada das eventuais diferenças entre esta estimativa e a constante do programa base;
Proposta de revisão do programa base de acordo com as alterações eventualmente acordadas
entre o dono da obra e o autor do projeto.

Anteprojeto (Licenciamento)

Desenvolvimento, pelo autor do projeto, do estudo prévio aprovado pelo dono da obra,
destinado a esclarecer os aspetos da solução proposta que possam dar lugar a dúvidas.
Constituído por peças desenhadas, escritas e outros elementos que permitam a conveniente
definição e dimensionamento da obra e ainda o indispensável esclarecimento do modo da sua
execução.

No caso de o contrato não especificar as condições de apresentação do projeto base, o autor


do projeto deverá apresentar à aprovação do dono da obra os seguintes elementos:

Peças desenhadas e outros elementos gráficos que explicitem a planimetria e a altimetria das
diferentes partes componentes da obra; Peças escritas que descrevam e justifiquem as
soluções adotadas; Descrição dos sistemas e dos processos de construção previstos para a
execução da obra e das características técnicas e funcionais dos materiais; Avaliação das
quantidades de trabalho a realizar e respetivos mapas; Orçamento preliminar da obra;
Programa de trabalhos, indicando operações consideradas vinculantes no palco a apresentar
ao empreiteiro;
Nesta fase, para além do Projeto de Arquitetura, são integrados 12 Projetos das Especialidades:

- Projeto de estabilidade, escavação e contenção periférica;


- Projeto de alimentação e distribuição da energia elétrica;
- Projeto da instalação do gás;
- Projeto de redes prediais de águas e esgotos;
- Projeto de águas pluviais;
- Projeto de arranjos exteriores;
- Projeto de instalações telefónicas e de telecomunicações;
- Projeto de comportamento térmico;
- Projeto de instalações eletromecânicas;
- Projeto de segurança contra incêndios em edifícios;
- Projeto acústico;
- Projeto de instalações mecânicas de climatização;

Projeto (Execução)

Documento elaborado pelo autor do projeto a partir do estudo prévio ou do anteprojeto


aprovado pelo dono da obra, destinado a constituir, juntamente com o programa de concurso e
o caderno de encargos, o processo a apresentar a concurso para a adjudicação da empreitada
ou do fornecimento e a facultar todos os elementos necessários à boa execução dos trabalhos.
Constituído por um conjunto coordenado das informações escritas e desenhadas de fácil e
inequívoca interpretação.

Se as condições não estiverem fixadas no contrato, o projeto de execução incluirá as seguintes


peças:

Memória descritiva e justificativa; Cálculos relativos às diferentes partes da obra; Medições;


Orçamentos; Peças desenhadas de acordo com o estabelecido para cada tipo de obra.

Assistência Técnica

Serviços complementares da elaboração do projeto, a prestar pelo seu autor ao dono da obra
durante a preparação do concurso para a adjudicação da empreitada, a apreciação das
propostas e a execução da obra, visando a correta interpretação do projeto, a seleção dos
concorrentes e a realização da obra segundo as prescrições do caderno de encargos.

Aula 26
Frank Gehry: Um universo de maquetas

Frank Gehry inicia os seus projetos arquitetónicos com esquissos abstratos e volumétricos, que
evoluem para maquetas detalhadas no seu escritório. Essas maquetas não são apenas
representações dos futuros edifícios, mas obras de arte em si, refletindo a visão estética e
criativa do arquiteto.

Em algumas ocasiões, Gehry incorpora objetos ou prismas geométricos reais nas suas
maquetas, remetendo à influência da pop art. No entanto, a essência do processo permanece:
uma transformação criativa e escultural do conceito inicial.

A sua abordagem única é influenciada pelo ambiente, tal como em Los Angeles, caracterizado
pela liberdade criativa e pela ausência de restrições tradicionais. Gehry e a sua equipa
desconstroem o programa arquitetónico em componentes individuais, permitindo uma
composição livre e fluida, sem hierarquias rígidas.

As maquetas, então, são refinadas e ajustadas através de iterações até que representem
fielmente o projeto final. Com o auxílio de tecnologia avançada, essas maquetas são traduzidas
em modelos arquitetónicos precisos, marcando o início de uma fase complexa de
desenvolvimento. Aqui, detalhes como estrutura, materiais e sistemas construtivos são
meticulosamente planejados e calculados.

Álvaro Siza: A força do lugar

Álvaro Siza é reconhecido pela sua abordagem artesanal à arquitetura, valorizando


profundamente a relação com o local do projeto. Ele começa cada projeto evidenciando o lugar
específico, usando-o como principal fonte de inspiração. A compreensão detalhada do
ambiente é essencial para alimentar o seu processo criativo.

Além do local, outros fatores, como requisitos do programa, as necessidades do cliente e


restrições orçamentárias, são considerados pelo arquiteto. Ele utiliza esses elementos não
apenas como diretrizes, mas como ferramentas em constante diálogo com a sua visão.

As primeiras ideias de Siza são influenciadas por sua formação e memória, emergindo tanto
consciente quanto inconscientemente. Estes conceitos iniciais, frequentemente esquissados à
mão, definem a direção do projeto.

À medida que o conceito se solidifica, Siza e a sua equipa começam a desenvolver maquetas e,
eventualmente, transferem o projeto para o computador. Embora o projeto possa evoluir de
forma independente, a supervisão direta de Siza é fundamental para garantir sua integridade e
qualidade.

Rem Koolhaas: A fábrica de conceitos

Rem Koolhaas e o Office for Metropolitan Architecture (OMA) enfatizam a importância do


conceito como o núcleo de seus projetos, articulado através de diagramas. Para Koolhaas, ser
arquiteto significa, primordialmente, ser um criador de conceitos.

Ao abordar um novo projeto, Koolhaas não busca simplesmente manter a realidade existente,
mas sim transformá-la. Embora reconheça a influência do contexto e do ambiente em alguns
de seus trabalhos, ele geralmente percebe a sua arquitetura como universal, não limitada por
um contexto geográfico específico.

No processo criativo de Koolhaas, a arquitetura serve como uma rica fonte de inspiração.
Embora o programa funcione como uma diretriz, não o restringe; em vez disso, a arquitetura é
moldada como um elemento flexível e adaptável. Essa abordagem de Koolhaas é caracterizada
por uma lógica industrial e um sistema coordenado, onde o arquiteto desempenha um papel
central como coordenador e facilitador do processo criativo.

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