Nelson Mesquita Fernandes DOdefendida
Nelson Mesquita Fernandes DOdefendida
Nelson Mesquita Fernandes DOdefendida
São Carlos, SP
2010
Nelson Mesquita Fernandes
São Carlos, SP
2010
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Agradeço ao meu orientador Roland Köberle pela oportunidade de realizar este trabalho.
À secretária Maria Cristina Vieira Ligo da Silva pelo eficiente e essencial apoio adminis-
trativo.
Ao Prof. Tito José Bonagamba e ao Instituto de Fı́sica de São Carlos pelo excelente
programa de pós-graduação ao qual fiz parte.
Aos técnicos Lı́rio de Almeida e Ivanilda Zucolotto pelo apoio técnico e pela amizade.
A todos os colegas de pesquisa com quem tive oportunidade de compartilhar sala, idéias e
discussões: Deusdedit Spavieri, Damian Oliva, Bruna Dayana, Carlos Alessandro, Ingrid
Esteves, Mario Gazziro, Nataly Horner, Rafael Viegas e Paulo Matias, entre outros.
A todos meus colegas de graduação pelos longos anos de convı́vio e intensas discussões
cientı́ficas. Em especial aos amigos Caio (Flash), Angelo (Pinóquio) e Arthur pelos me-
moráveis momentos de descontração nestes últimos meses.
Ao meu tio Miro e a minha tia Dedê por acreditarem em mim e me apoiarem durante
tantos anos.
Aos meus pais, a quem também dedico esta tese, aos meus avós e a minha irmã pelo apoio
incondicional dado a mim.
Agradeço à Monique, minha noiva retada, pelo incentivo e paciência em todos os momen-
tos.
“To a good approximation, all the species are insects.”
Robert May, Baron May of Oxford
Resumo
We describe the practices of capturing, creation, and microsurgery of the flies Chrysomya
megacephala. We present the procedures of stimulus generation and recording of the ac-
tivity of the two H1 neurons in the lobula plate of its brain. One first result presented is
related to its visual system acuity. We developed a method to compare its spontaneous
firing rate with the 𝐻1′ 𝑠 responses to excitatory and inhibitory stimuli. We show that
the fly’s visual system is not only adapted to detect large optic flows but is also capable
to detect small velocities about 1, 5𝑜 .𝑠−1 with just 0, 25𝑜 of amplitude. These values show
that the fly is capable to detect angular displacements much smallers than its ommatidial
aperture, Δ𝜙 = 1 − 2𝑜 . Another relevant result is attained studying the processes of
neural encode-decode. Some sensorial systems act as an analog-to-digital conversor, these
systems encode the input stimulus 𝑆(𝑡) in a sequence of action potential, spikes. The
decoding process of the neural response consists of capturing this set of spikes and to
generate an estimate 𝑆𝑒 (𝑡) of the stimulus. This process requires the computation and
subsequent inversion of high order correlations functions. The dimension of the matrixes
that represent these functions can become prohibitively large. We present an efficient
method to reduce these correlation functions. This approximation has low computational
cost, avoids large matrixes inversion and give to us an excellent result to the stimulus
reconstruction. We tested the reconstruction quality of rotational and translational sti-
muli. The contribution of second order stimulus reconstruction kernels is just 8% of first
order kernels contribution. However, in specific times, the addition of these kernels may
represent a 100% contribution. Finally, we investigate which stimulus features are codi-
fied by the 𝐻1 neurons. The stimulus space has a set of about 2 × 1096 elements. It is
impossible to imagine that the system formed by the two 𝐻1 neurons could be able to
encode efficiently this amount of elements. It is reasonable to consider that this system is
at least able to encode an essencial characteristic of movement, its direction - horizontal
rotations to the right or to the left. Therefore, we presente two different stimuli to the fly,
one which have velocities taken from a Gaussian distribution and another which contains
just the direction of this movement. We obtain about 80 − 90% correlation between the
estimates of both stimuli, estimates obtained through linear reconstruction methods. We
obtain about 85% of efficiency in the prediction of stimulus direction. We find just a 10%
difference between the information rate transmitted about the Gaussian stimulus and its
reduced version using Information Theory. We conclude that the common attribute of
these stimuli, the direction of movement, is the relevant attribute to be codified by the
𝐻1 neurons.
Keywords: Neurobiophysics. Visual system. H1 neurons. Second order sti-
mulus reconstruction. Dimensional reduction of stimulus.
Lista de Figuras
1 Introdução 19
2 Materiais e Métodos 23
6 Conclusões 75
Referências 79
B.1 Um neurônio H1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
1 Introdução
Desta forma, estudamos parte do duto óptico do sistema visual da mosca Chrysomya
megacephala. Medimos a atividade de seu neurônio sensı́vel a movimentos horizontais,
neurônio 𝐻1, como resposta a um estı́mulo dependente do tempo. A mosca é um animal
de fácil criação em laboratório e sua robustez e relativa facilidade de manuseio nos permite
a realização de horas de aquisições eletrofisiológicas in vivo. Além disso, a escolha deste
animal deve-se a certos estágios do sistema visual da mosca já serem bastante conhecidos
e alguns de seus neurônios serem identificados e exaustivamente estudados há décadas
(3–11). Apesar do extenso conhecimento de sua morfologia, a performance coletiva de
seus neurônios, capazes de processar informação sensorial e reagir em alguns milésimos
20 1 Introdução
Por fim, capı́tulo 5, analisamos quais atributos do estı́mulo são relevantes para o
sistema formado pelos dois neurônios 𝐻1, ou seja, quais caracterı́sticas do estı́mulo são
codificadas em sua resposta neural. Nosso espaço de estı́mulos possui um conjunto da
ordem de 2 × 1096 elementos. É impossı́vel imaginar que os dois neurônios 𝐻1 possam
codificar eficientemente esta quantidade astronômica de elementos. Efetuamos uma brusca
redução sobre o espaço de estı́mulos e verificamos por dois métodos distintos, Reconstrução
Linear do Estı́mulo (46) e Teoria da Informação (42, 47, 48), que o sentido de movimento
é o atributo realmente relevante a ser codificado pelos neurônios 𝐻1. Ou seja, apesar da
riqueza presente originalmente no espaço de estı́mulos, apenas sua propriedade mantida
durante a redução do espaço é codificada. Este resultado nos remete a um novo panorama
para confecção de modelos de codificação do estı́mulo.
22 1 Introdução
23
2 Materiais e Métodos
Na próxima seção ilustraremos como é feita a captura, controle e criação das moscas
utilizadas em nossos experimentos. Em seguida fazemos uma descrição de seu sistema
visual, abrangendo desde seu primeiro estágio de processamento, os omatı́deos, até o
neurônio H1.
oviposição, retiramos as moscas adultas e esperamos até que estes ovos ecludam em larvas.
Neste estágio, fechamos o recipiente com um pano permitindo a entrada de ar e impedindo
a saı́da destas larvas. Com este procedimento, forçamos sua permanência junto à ração
por aproximadamente 5 dias, fazendo com que estas se alimentem e atinjam uma massa
corporal crı́tica. Após alcançarem esta massa, liberamos as larvas do recipiente fazendo
com que estas migrem para uma serragem seca e empupem. A fase de pupa dura cerca
de 7 dias até eclodirem e se tornarem adultas. Esta é a última fase da vida da mosca
(Figura 2.1).
Figura 2.1 – Ciclo de vida da Chrysomya megacephala. (a) Mosca adulta. A mosca adulta
e selvagem é capturada e mantida em um balde fechado. Esta mosca é alimentada
com açúcar e carne bovina. (b) Ovos. Por terem alimentação à base de proteı́na,
as moscas desenvolvem ovários, tornando possı́vel a deposição de ovos. (c) Larvas.
Após a eclosão dos ovos em larvas, mantém-se estas alimentando-se de ração cerca
de 5 dias. (d) Pupa. Após o desenvolvimento completo das larvas estas empupam
por cerca de 7 dias até eclodirem e chegarem à fase adulta.
Com base em estudos prévios (52) e a experiência em criação adquirida por nosso
grupo, estabeleceu-se que as condições ideais a serem mantidas ao longo da criação das
moscas são:
• Temperatura: 25 ± 5𝑜 𝐶;
2.1 Chrysomya megacephala 25
• Fotoperı́odo: 12 horas;
Este sistema visual altamente adaptado da mosca pode ser dividido em cinco estru-
turas principais: “Olho Composto”, “Lâmina’’, “Medula”, “Lóbula” e “Placa Lo-
bular”. Ilustramos na Figura 2.3 o caminho percorrido pela informação visual captada
nos olhos compostos que tem como destino, assim como as saı́das dos demais sistemas
sensoriais, o centro neuromotor da mosca. Este conjunto de informações induzirá uma
resposta motora adequada ao cenário sensorial detectado (57).
26 2 Materiais e Métodos
Figura 2.2 – Dinâmica de vôo da mosca. Registro uma mosca macho na tentativa de capturar
uma fêmea utilizando fotografia de alta velocidade. Devido à rápida ocorrência desse
movimento, toda a perseguição mostrada levou apenas um segundo, não é possı́vel
a observação do mesmo à olho nú. Os sı́mbolos (branco para a mosca macho e preto
para a fêmea) mostram a cabeça da mosca e o ângulo de seu corpo em intervalos
de 10 milissegundos. Imagem adaptada de (34)
Figura 2.3 – Sistema visual da mosca. Corte horizontal da cabeça da mosca indicando os
vários estágios de processamento do sistema visual: Omatı́deo, Lâmina, Medula,
Placa Lobular e Lóbula. A informação do cenário sensorial percorre este caminho
até o centro neuromotor da mosca. Imagem adaptada de (58).
Figura 2.4 – Omatı́deo. (a) Representação do omatı́deo e suas partes. Linha vermelha representa
corte mostrado em (b). (c) Sensibilidade aos diferentes comprimentos de onda dos
receptores R1-R6, R7 e R8. Adaptado de (59–61)
28 2 Materiais e Métodos
A “Medula” foi pouco estudada devido ao tamanho reduzido de suas células, o que
dificulta aquisições eletrofisiológicas. Entretanto, há evidências que sugerem que esta
esteja ligada à computação e extração de parâmetros visuais tais como velocidade, direção,
orientação e contraste do estı́mulo fornecido (39, 68–70). A saı́da da medula se bifurca
para a lóbula e para a placa lobular.
Entre dezenas de neurônios da placa lobular, nós estudamos o “Neurônio H1”. Este
neurônio é sensı́vel à movimentos horizontais de trás para frente em relação à cabeça da
mosca. Não há outro tipo de neurônio na placa lobular que possua esta mesma caracte-
rı́stica, tornando possı́vel identificá-lo de forma inequı́voca. O sistema visual da mosca
possui um neurônio H1 em cada hemisfério. Sua rede dendrı́tica cobre quase toda a placa
lobular, fazendo com que estes respondam a estı́mulos em praticamente todo campo vi-
sual, com maior intensidade na região fronto-equatorial (11). A projeção de seu axônio na
2.1 Chrysomya megacephala 29
Figura 2.5 – Neurônio H1. (a) Estı́mulo apresentado à mosca em ambos os sentidos, excita-
tório (preto) e inibitório (cinza). Ao excitarmos a mosca no sentido de trás para
frente observamos a atividade do neurônio H1 contralateral. O mesmo não acontece
quando invertemos o sentido do estı́mulo. (b) Esquema representando as conexões
entre alguns neurônios da placa lobular. Ao disparar, o neurônio H1 ipsilateral excita
os neurônios CH e HS contralaterais. Estes neurônios possuem conexões que inibem
a atividade do H1 contralateral. O mesmo acontece nos dois hemisférios do cérebro
da mosca. Adaptado de (3, 4)
Vemos que já em cérebros menos sofisticados como o da mosca (∼ 106 neurônios) é
possı́vel o estudo dos mecanismos de codificação neural também presentes em sistemas
biológicos mais complexos, como por exemplo, o cérebro humano.
30 2 Materiais e Métodos
Figura 2.6 – Codificação neural. Ao apresentarmos um estı́mulo em função do tempo 𝑆(𝑡) (azul)
e registrarmos a atividade 𝑅(𝑡) do neurônio H1 (preto), observamos uma seqüencia
de pulsos praticamente idênticos (spikes). Devido a esta semelhança entre os pulsos,
podemos caracterizar 𝑅(𝑡) apenas pelos tempos {𝑡𝑖 } de ocorrência dos disparos.
Para investigar a codificação neural, devemos gerar estı́mulos apropriados às caracte-
rı́sticas já conhecidas do neurônio H1 e do sistema visual da mosca.
Para estimularmos seu sistema visual, apresentamos uma imagem que compreende
grande parte do campo visual, particularmente sua área fronto-equatorial de maior sensi-
bilidade. Esta imagem é mostrada por dois monitores do tipo XY TEKTRONIX dispostos
perpendicularmente† . A mosca é colocada a uma distância de aproximadamente 6𝑐𝑚 em
relação aos monitores (Figura 2.7a).
Figura 2.7 – Estı́mulo visual. (a) Disposição dos dois monitores e da mosca. Os monitores
são dispostos formando um ângulo de 90𝑜 . A mosca é fixada em uma posição
e distância tal que sua área de maior sensibilidade seja estimulada. Intensidade
luminosa medida neste ponto é de 4𝑐𝑑.𝑚−2 (medida realizada com luxı́metro MLM
1333 Minipa). (b) Imagem gerada de forma aleatória. A imagem é formada por
256 × 256𝑝𝑖𝑥𝑒𝑙𝑠 com 256 nı́veis de intensidade. Há a necessidade de repetirmos os
pixels da primeira metade da imagem para implementarmos condições periódicas de
contorno ao movimento. Ao ultrapassar em “x” posições a metade do deslocamento
máximo permitido, a imagem é deslocada instantaneamente para a posição “x” em
relação a origem.
superiores a 15 − 30 quadros por segundo são suficientes para termos uma sensação de
movimento contı́nuo da imagem. Devido à processos evolutivos, o sistema visual da mosca
é capaz de detectar movimentos numa menor escala temporal do que o humano. Para
tal, foi desenvolvido um sistema de geração de estı́mulos com taxa atualização na escala
temporal do neurônio H1, seu perı́odo refratário de 2𝑚𝑠 (43).
Esse sistema de geração de estı́mulos é constituı́do por duas partes (33, 53):
Uma vez tendo as condições necessárias para gerarmos os estı́mulos condizentes com
o sistema visual da mosca e suas particularidades de vôo, resta-nos fazer a aquisição dos
2.3 Aquisição de dados 33
Para aquisição, selecionamos uma mosca da primeira geração criada em nosso labo-
ratório com 5 a 15 dias de vida. Após ser imobilizada, tendo suas asas e patas coladas
com cera de dentista, esta mosca é introduzida e fixada a um tubo plástico, de tal forma
a ficar com apenas sua cabeça e parte de seu corpo para fora deste tubo (Figura 2.8a).
Por tratarmos de estı́mulos visuais, uma posterior imobilização de sua cabeça, fixando a
direção de sua visão, é essencial. Este tubo plástico é fixado em um suporte e levado a
um microscópio óptico com capacidade de aumento de 6, 6 vezes onde será realizada uma
microcirurgia. Com a utilização de um pequeno bisturi, três incisões são feitas na parte
posterior de sua cabeça, retirando a cápsula de quitina que a envolve. Este procedimento
nos dá acesso a um hemisfério de seu cérebro. A fina camada de gordura presente na
região é retirada assim como o músculo próximo ao pescoço responsável por ruı́do devido
suas contrações periódicas. O mesmo procedimento é feito nos dois hemisfério de sua
cabeça.
Após a microcirurgia descrita e com acesso visual ao seu cérebro, levamos a mosca à
nossa mesa de aquisição em um suporte em frente ao monitor de video. Esta mesa contém
outro microscópio e um micromanipulador manufaturado pela equipe da oficina mecânica
do Instituto de Fı́sica de São Carlos. O micromanipulador tem três eixos de liberdade
34 2 Materiais e Métodos
Figura 2.8 – Imobilização e microcirurgia da mosca. (a) Mosca imobilizada com cera. Po-
demos ver o cano pelo qual a mosca alimenta-se ao longo dos experimentos e o fio
de prata de referência introduzido em sua cabeça. (b) Parte posterior da cabeça
da mosca após microcirurgia. Novamente podemos observar o fio de referência
no canto inferior direito da imagem. Quadrado pontilhado em maior detalhe em
(c). Observamos as traquéias que fornecem oxigenação ao cérebro e a localização
aproximada do neurônio H1. Adaptado de (53).
Figura 2.9 – Montagem final do experimento. (a) Mosca imobilizada e alimentada, com o
eletrodo e o fio de referência de prata inseridos em sua cabeça. (b) Visão posterior
da montagem experimental. Adaptado de (53).
A aquisição e tratamento do sinal neural pode ser dividida nas cinco etapas apresen-
tadas a seguir (Figura 2.10).
2. Amplificação:
3. Filtragem: Foram usados filtros do tipo Bessel de terceira ordem, com freqüência
de corte em 300𝐻𝑧 e 7𝐾𝐻𝑧.
5. Registro dos tempos de ocorrência: Nesta etapa atribuı́mos para cada spike seu
respectivo instante de ocorrência “𝑡𝑖 ” com o auxı́lio do Hardware Digital Dedicado.
Temos a nossa disposição dois sistemas de aquisição cujos relógios registram os
tempos com 32𝑏𝑖𝑡𝑠 ou 64𝑏𝑖𝑡𝑠 com resolução da ordem de 1𝜇𝑠. O instante de cada
disparo é registrado em um arquivo de dados no Computador Hospedeiro.
Figura 2.10 – Etapas de aquisição do sinal neural. (1) Captação. (2) Amplificação. (3)
Filtragem. (4) Discriminação. (5) Registro. Adaptado de (33, 53).
38 2 Materiais e Métodos
39
Um dos mecanismos utilizado pela mosca para controlar seu vôo é computar seu
deslocamento a partir da variação do fluxo óptico recebido por seus olhos compostos. Com
que precisão o sistema visual da mosca é capaz de detectar estes movimentos? Ou seja,
qual a mı́nima variação do fluxo percebida por seu sistema visual? Devemos esclarecer
esta questão para melhor entendermos esse organismo altamente adaptado, possuidor de
caracterı́sticas responsáveis por sua sobrevivência e evolução por milhões de anos (4).
Figura 3.1 – Olhos compostos. (a) Cabeça da mosca, aumento de aproximadamente 20×.
(b) Superfı́cie do olho composto da mosca mostrando cada omatı́deo, aumento de
aproximadamente 375×. “Copyright - University of Bath UK ”, imagens reproduzidas
com autorização.
Cada omatı́deo de abertura Δ𝜙 aponta em uma certa direção de seu campo visual e é
responsável pela captação de luz proveniente deste ângulo. Quanto menor a abertura Δ𝜙
do omatı́deo, maior sua seletividade espacial à luz e, conseqüentemente, maior sua precisão
visual. Em contrapartida, quanto menor sua abertura, menos luz pode ser captada e menor
será sua sensibilidade à luz (80). O balanço entre seletividade-sensibilidade atinge o limite
fı́sico da difração da luz captada (44, 45, 81–83). Isto fez com que este organismo evoluı́sse,
desenvolvendo circuitos elétricos responsáveis por multiplicar os sinais provenientes de
omatı́deos vizinhos, aumentando sua sensibilidade sem a perda de seletividade à luz (68,
70).
Amplitudes
♯ Δ𝜽(𝒐 ) ♯ Δ𝜽(𝒐 )
01 61, 0000 07 0, 9531
02 30, 5000 08 0, 4766
03 15, 2500 09 0, 2383
04 7, 6250 10 0, 1191
05 3, 8125 11 0, 0596
06 1, 9063 12 0, 0298
O sinal senoidal (posição do estı́mulo) é apresentado por sete segundos seguido por
três segundos no qual a imagem fica estática (posição constante, velocidade nula). Esta
3 Acuidade do Sistema Visual da Mosca 41
seqüencia é repetida por quinze vezes para cada amplitude apresentada na Tabela 2 (Fi-
gura 3.2). Ao diminuirmos a amplitude do sinal senoidal, diminuı́mos sua velocidade
máxima. Variamos esta amplitude até atingirmos deslocamentos de apenas uma uni-
dade dos 15𝑏𝑖𝑡𝑠 possı́veis. Nesta configuração teremos amplitude Δ𝜃𝑚𝑖𝑛 ≃ 0, 002𝑜 e
𝜔𝑚𝑖𝑛 = Δ𝜃𝑚𝑖𝑛 /(1𝑏𝑖𝑛) ≃ 1𝑜 .𝑠−1 . Estas são a amplitude e velocidade mı́nimas atingidas por
nosso gerador de estı́mulos∗ .
70
0.12
60
0.1
50 0.08
Amplitude (o)
0.06
40
0.04
30 0.02
0
20 150 165 180 195 210 225 240 255 270
10
0
0 15 30 45 60 75 90
Repetição
Com a escolha deste sinal senoidal, definimos três regiões caracterı́sticas do estı́mulo:
(a) região de velocidades negativas na qual o neurônio 𝐻1 é inibido; (b) região em
que o neurônio 𝐻1 é estimulado, velocidades positivas; (c) região de velocidade nula,
presenciamos apenas disparos espontâneos do neurônio H1† . Vemos em detalhe exemplos
destas três regiões na Figura 3.3. Na Figura 3.4 observamos a atividade do neurônio
𝐻1 como resposta a este estı́mulo. Percebemos que as respostas contidas nas regiões
de estı́mulo positivo e negativo aproximam-se àquela de disparos espontâneos, velocidade
nula, ao diminuirmos a amplitude do sinal senoidal. Determinaremos a precisão do sistema
visual pelo ponto em que não somos capaz de distinguir a resposta do neurônio proveniente
destes três estı́mulos distintos. Neste ponto a mosca já não é capaz de inferir a direção
de movimento do estı́mulo.
Medimos a atividade neural pela sua taxa de disparo. Calculamos o valor médio e
Δ𝑃 =1
∗
Δ𝜃𝑚𝑖𝑛 = Δ𝑃 𝑚𝑎𝑥
× Δ𝑋 180 𝑜
𝑅 × 𝜋 [ ]. Onde Δ𝑋 = 64𝑚𝑚 é a excursão máxima do estı́mulo na tela do monitor,
𝑅 = 60𝑚𝑚 a distância da mosca ao monitor e Δ𝑃𝑚𝑎𝑥 = 215 .
†
Velocidades positivas têm sentido de trás para frente da cabeça da mosca e negativas o sentido contrário.
42 3 Acuidade do Sistema Visual da Mosca
Figura 3.3 – Seqüencia de estı́mulos. A cada 10 segundos (5000𝑏𝑖𝑛𝑠) iniciamos uma seqüencia
do estı́mulo. Cada seqüencia é composta por um sinal senoidal de 7 segundos de
duração com freqüência de 1𝐻𝑧, seguido por 3 segundos de velocidade nula. (a)
Região delimitada pelas barras pretas contendo velocidades negativas (inibição do
neurônio). (b) Região de ativação do neurônio, delimitada por barras vermelhas.
(c) Região de velocidade nula delimitada pelas barras azuis, apenas registramos
disparos espontâneos do neurônio H1. Variamos a amplitude do sinal a cada 15
repetições.
seu desvio quadrático médio a partir das quinze repetições do estı́mulo de mesma ampli-
tude. Efetuamos este cálculo para as regiões (a), (b) e (c) do estı́mulo. Repetimos este
procedimento para os diferentes valores de amplitude utilizados. Os resultados podem ser
observados na Figura 3.5.
É evidente que o valor encontrado para o limite Δ̃𝜃 depende de nossas condições ex-
perimentais - temperatura, contraste, intensidade luminosa, tempo de vida do organismo,
etc. Por exemplo, ao apresentarmos uma imagem de contraste horizontal zero para a
mosca, esta não detectará movimentos e apenas mediremos disparos espontâneos prove-
nientes de seu neurônio 𝐻1, independentemente da velocidade e amplitude do estı́mulo.
3 Acuidade do Sistema Visual da Mosca 43
250
a b c
200
Repetição N :
o
150
100
50
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
tempo (bins)
Figura 3.4 – Degradação da resposta neural. Delimitamos as regiões de inibição (a), ativação
(b) e de disparo espontâneo (c) do neurônio H1. Notamos que não há distinção
entre estas regiões após diminuirmos a amplitude do sinal senoidal até certo limiar.
Valor aproximado do limiar marcado pela linha cinza tracejada.
70
Inibição
60 Ativação
Espontâneo
50
Taxa de Disparo
~ 0,25
∆θ~
o
(spikes.s )
−1
40
30
20
10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Amplitude Utilizada
Figura 3.5 – Comparação entre taxas de disparo. Comparamos a taxa de disparo dos diferentes
estı́mulos apresentados para a mosca. Os valores utilizados para as amplitudes
encontram-se na Tabela 2. Em preto a taxa referente à inibição, em vermelho à
ativação e em azul ao disparo espontâneo do neurônio H1. Calculamos as barras de
erro através das diferenças presentes entre as repetições do estı́mulo. Vemos que as
taxas igualam-se aproximadamente para amplitude Δ̃𝜃 ≃ 0, 25𝑜 .
44 3 Acuidade do Sistema Visual da Mosca
A velocidade mı́nima do estı́mulo, detectada pelo sistema visual da mosca sob nossas
condições experimentais, é surpreendente. Uma mosca pode atingir velocidades, durante
vôos de perseguição, até três ordens de magnitude maiores do que o valor “𝜔” encontrado,
velocidades de até 3000𝑜 .𝑠−1 (31, 35–37). Este resultado revela que seu sistema visual está
pelo menos adaptado a atuar em uma faixa de velocidades de [1, 5 − 3000]𝑜 .𝑠−1 . O valor
encontrado para o limite inferior deve variar com as condições experimentais apresentadas.
Esta faixa de atuação é uma caracterı́stica importante deste sistema que também deve ser
considerada no processo de geração de estı́mulos.
‡
Uma tabela com o valor encontrado para diversas espécies de insetos pode ser encontrado em (80).
45
4 Reconstrução do Estı́mulo a
partir do Trem de Pulsos
Organismos vivos constroem uma representação do mundo exterior a partir das res-
postas de seu sistemas sensoriais afim de reagir às rápidas variações do ambiente. Em
muitos casos a resposta do sistema sensorial é codificada em uma seqüencia de potenciais
de ação, trem de pulsos. Se representarmos o mundo exterior por uma função dependente
do tempo 𝑠(𝑡), estes sistemas sensoriais agem como um conversor analógico-digital. O
processo inverso, decodificação da resposta neural, consiste em receber um conjunto de
trens de pulsos e gerar uma estimativa 𝑠𝑒 (𝑡) do estı́mulo. Neste capı́tulo estudamos este
processo utilizando-se das respostas dos dois neurônios H1 da mosca.
Figura 4.1 – Sensibilidade de movimento dos dois neurônios H1. Cada olho vê um monitor
mostrando um padrão de barras que se move rigidamente. Os estı́mulos nos mo-
nitores M1 e M2 correspondem a um movimento de translação no qual ambos os
neurônios estão sendo excitados. Invertendo o estı́mulo gerado pelo monitor M1,
geramos um estı́mulo rotacional que inibe a resposta do neurônio esquerdo. Ve-
mos também um “raster-plot” da atividade dos dois neurônios H1 sob a ação dos
estı́mulos rotacional e de translação, cada ponto representa um spike. O mesmo
estı́mulo dependente do tempo 𝑠(𝑡) é mostrado repetidamente para a mosca. O
eixo horizontal indica tempos de zero até 5000𝑏𝑖𝑛𝑠 = 10𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠. O eixo vertical
representa o número da repetição do estı́mulo 𝑠(𝑡). (a) H1 direito sujeito ao estı́-
mulo 𝑠𝑑 (𝑡) = 𝑠(𝑡). (b) H1 esquerdo sujeito ao estı́mulo rotacional, i.e. o estı́mulo
do monitor esquerdo 𝑠𝑒 (𝑡) = 𝑠(𝑡). (c) H1 direito sujeito ao sinal rotacional invertido
𝑠𝑑 (𝑡) = −𝑠(𝑡) para simular a resposta vista em (b). (d) H1 esquerdo sujeito ao
estı́mulo de translação 𝑠𝑒 (𝑡) = −𝑠(𝑡).
∫ ∞
𝑠𝑒 (𝑡) = 𝑘1 (𝜏 )𝜌(𝑡 − 𝜏 )𝑑𝜏, (4.1)
−∞
com o núcleo 𝑘1 (𝜏 ) a ser determinado. Por simplicidade usamos uma reconstrução acausal,
i.e. integramos 𝜌(𝑡 − 𝜏 ) em ±∞. Essencialmente os mesmos resultados são obtidos na
reconstrução causal ∗ .
∫ ∞ ∫ ∞
𝑠𝑒 (𝑡) = 𝑘1 (𝜏 )𝜌(𝑡 − 𝜏 )𝑑𝜏 + 𝑘2 (𝜏1 , 𝜏2 )𝜌(𝑡 − 𝜏1 )𝜌(𝑡 − 𝜏2 )𝑑𝜏1 𝑑𝜏2 + . . . (4.2)
−∞ −∞
Não há prova de convergência para esta expansão. Entretanto, heuristicamente po-
demos afirmar que esta é válida se o número médio de spikes que ocorrem durante um
perı́odo igual ao tempo de correlação do estı́mulo é pequeno (72). Esta grandeza é medida
por,
𝜂 = ⟨𝑟⟩𝜏𝑐 , (4.3)
〈∫ 〉
2 2
〈 〉
𝜒 (𝑘1 , 𝑘2) = 𝑑𝑡[𝑠(𝑡) − 𝑠𝑒 (𝑡)] ≡ [𝑠(𝑡) − 𝑠𝑒 (𝑡)]2 𝑡 . (4.4)
𝑆
Onde ⟨∙⟩𝑆 representa a média sobre a distribuição de estı́mulos. Esta média é omitida
ao considerarmos o sistema ergódico. Numericamente a integral no tempo é substituı́da
pela soma sobre 𝑁𝑤 ∼ 105 janelas temporais de tamanho 𝑇𝑤 . Tipicamente 𝑇𝑤 ∼ 100
milissegundos.
∗
∫∞
Neste caso a equação 4.1 torna-se: 𝑠𝑒 (𝑡) = −𝑡0 𝑘1 (𝜏 )𝜌(𝑡 − 𝜏 )𝑑𝜏 .
†
Podemos incluir o termo de segunda ordem 𝑘2 como uma correção ao termo de primeira ordem, 𝑠1 (𝑡) =
𝑘1 ★ 𝜌(𝑡), ou resolver o sistema acoplado 4.5. O sı́mbolo ★ representa uma convolução como na equação
4.1
48 4 Reconstrução do Estı́mulo a partir do Trem de Pulsos
Uma vez que o funcional da equação 4.4 é quadrático, as equações que o minimizam
são lineares:
𝛿𝜒/𝛿𝑘𝑗 = 0; 𝑗 = 1, 2. (4.5)
𝜒2 = ⟨[𝑠(𝑡) − 𝑠𝑒 (𝑡)]2 ⟩𝑡
〈 〉
𝛿𝜒2 𝛿𝑠𝑒 (𝑡)
= 2[𝑠(𝑡) − 𝑠𝑒 (𝑡)] =0
𝛿𝑘1 (𝜏 ) 𝛿𝑘1 (𝜏 ′ ) 𝑡 (4.6)
〈 〉 〈 〉
𝛿𝑠𝑒 (𝑡) 𝛿𝑠𝑒 (𝑡)
𝑠(𝑡) = 𝑠𝑒 (𝑡) .
𝛿𝑘1 (𝜏 ′ ) 𝑡 𝛿𝑘1 (𝜏 ′ ) 𝑡
∫∞
𝛿𝑠𝑒 (𝑡) 𝛿( −∞ 𝑘1 (𝜏 )𝜌(𝑡 − 𝜏 )𝑑𝜏 )
=
𝛿𝑘1 (𝜏 ′ ) 𝛿𝑘1 (𝜏 ′ )
∫ ∞ 𝛿𝑘1 (𝜏 )
= −∞ 𝜌(𝑡 − 𝜏 )𝑑𝜏
𝛿𝑘1 (𝜏 ′ ) (4.7)
∫∞
= −∞ 𝛿(𝜏 − 𝜏 ′ )𝜌(𝑡 − 𝜏 )𝑑𝜏
𝛿𝑠𝑒 (𝑡)
= 𝜌(𝑡 − 𝜏 ′ ).
𝛿𝑘1 (𝜏 ′ )
∫ ∞
′
⟨𝑠(𝑡)𝜌(𝑡 − 𝜏 )⟩𝑡 = 𝑑𝜏 𝑘1 (𝜏 ) ⟨𝜌(𝑡 − 𝜏 )𝜌(𝑡 − 𝜏 ′ )⟩𝑡 . (4.8)
−∞
∫
onde a transformada de Fourier é definida como 𝑔˜(𝜔) = 𝑑𝑡𝑔(𝑡)𝑒𝚤𝜔𝑡 e sua inversa
∫
𝑔(𝑡) = (𝑑𝜔/2𝜋)˜ 𝑔(𝜔)𝑒−𝚤𝜔𝑡 .
obtemos:
𝑘1 (𝜏 ) = 𝑅𝜏−1
𝜏 ′ ⋅ 𝑆𝑅𝜏 . (4.11)
𝑠𝑒 (𝑡) = 𝐾1 ★𝜌1 (𝑡)+𝐾2 ★𝜌2 (𝑡)+𝐾11 ★𝜌1 ★𝜌1 (𝑡)+𝐾12 ★𝜌1 ★𝜌2 (𝑡)+𝐾22 ★𝜌2 ★𝜌2 (𝑡)+. . . . (4.12)
Nesta equação incluı́mos o núcleo 𝐾12 , o qual deve ser importante para codificar efeitos
correlacionando 𝜌1 e 𝜌2 ‡ .
2
∑
𝑠𝑒 (𝑡) = 𝐾1 ★ 𝜌1 (𝑡) + 𝐾2 ★ 𝜌2 (𝑡) = 𝐾𝑎 ★ 𝜌𝑎 (𝑡). (4.13)
𝑎=1
2 ∫
∑ ∞
𝑆𝑅𝑏 (𝑡2 ) = 𝑑𝑡1 𝐾𝑎 (𝑡1 )𝑅𝑎𝑏 (𝑡1 , 𝑡2 ); 𝑏 = 1, 2. (4.14)
𝑎=1 ∞
Onde,
Devido a invariância translacional no tempo, 𝑅𝑎𝑏 (𝑡1 , 𝑡2 ) é apenas uma função da dife-
rença: 𝑅𝑎𝑏 (𝑡1 , 𝑡2 ) = 𝑅𝑎𝑏 (𝑡1 − 𝑡2 ). Esta propriedade está presente em todas as funções de
correlação envolvendo 𝜌(𝑡). Pelo método do teorema da convolução, obtemos as seguintes
equações:
𝑠˜(𝜔)𝜌˜1 ∗ (𝜔) = 𝐾˜1 (𝜔)[𝜌˜1 (𝜔)𝜌˜1 ∗ (𝜔)] + 𝐾˜2 (𝜔)[𝜌˜1 (𝜔)𝜌˜2 ∗ (𝜔)]
(4.17)
𝑠˜(𝜔)𝜌˜2 ∗ (𝜔) = 𝐾˜1 (𝜔)[𝜌˜2 (𝜔)𝜌˜1 ∗ (𝜔)] + 𝐾˜2 (𝜔)[𝜌˜2 (𝜔)𝜌˜2 ∗ (𝜔)].
Cuja solução é dada por,
Uma vez que a contribuição de segunda ordem é pequena, podemos finalmente incluir
os termos 𝐾11 , 𝐾12 e 𝐾22 da equação 4.12 pertubativamente e reconstruirmos 𝑠2 (𝑡) =
𝑠(𝑡) − 𝑠1 (𝑡), 𝑠1 (𝑡) = 𝑘1 ★ 𝜌(𝑡). Equivalentemente à 4.8 e 4.14, resolvemos as seguintes
equações:
∫ 2
∑
(2) (4)
𝑆𝑅𝑎𝑏 (𝑡1 , 𝑡2 ) = 𝑑𝑡3 𝑑𝑡4 𝐾𝑐𝑑 (𝑡1 , 𝑡2 )𝑅𝑎𝑏𝑐𝑑 (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ); 𝑎, 𝑏 = 1, 2. (4.19)
𝑐,𝑑=1
Onde,
∫
(2)
𝑆𝑅𝑎𝑏 (𝑡1 , 𝑡2 ) = 𝑑𝑡⟨𝑠2 (𝑡)𝜌𝑎 (𝑡 − 𝑡1 )𝜌𝑏 (𝑡 − 𝑡2 )⟩; 𝑎, 𝑏 = 1, 2 (4.20)
∫
(4)
𝑅𝑎𝑏𝑐𝑑 (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ) = 𝑑𝑡⟨𝜌𝑎 (𝑡 − 𝑡1 )𝜌𝑏 (𝑡 − 𝑡2 )𝜌𝑐 (𝑡 − 𝑡3 )𝜌𝑑 (𝑡 − 𝑡4 )⟩; (4.21)
𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑 = 1, 2.
Resolvemos o sistema 4.19 pelo método matricial. Apesar deste sistema ser linear,
encontramos dificuldade em resolvê-lo devido ao grande número de elementos contidos
nas matrizes a serem invertidas. Teremos que inverter as seguintes matrizes:
(4)
ℳ𝐼𝐽 ≡ 𝑅𝑎𝑏𝑐𝑑 (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ), (4.22)
4.2 Escolhendo um conjunto adequado de funções 51
onde 𝐼 = [𝑎, 𝑏, 𝑡1 , 𝑡2 ] e 𝐽 = [𝑐, 𝑑, 𝑡3 , 𝑡4 ] são ı́ndices compostos que rotulam ambos neurônios
e os ı́ndices de tempo. Ao computarmos a função de correlação usando uma janela tem-
poral de 𝑇𝑤 = 128 bins, teremos 1284 × 24 ∼ 5 × 109 elementos contidos na matriz ℳ𝐼𝐽 .
Estas matrizes podem se tornar proibitivamente grandes, especialmente se registrarmos
mais do que dois neurônios.
(4)
Apresentamos a seguir uma aproximação para 𝑅𝑎𝑏𝑐𝑑 (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ) de baixo custo com-
putacional, que evita a inversão de grandes matrizes e nos dá um excelente resultado para
a reconstrução do estı́mulo.
𝑛𝑓
∑
𝑎𝑏
𝐾𝑎𝑏 (𝑡1 , 𝑡2 ) = 𝑓𝜇 (𝑡1 )𝑓𝜈 (𝑡2 )𝒟𝜇𝜈 (4.23)
𝜇.𝜈
𝑛𝑓
(2)
∑
𝑎𝑏
𝑆𝑅𝑎𝑏 (𝑡1 , 𝑡2 ) = 𝑓𝜇 (𝑡1 )𝑓𝜈 (𝑡2 )𝒮𝜇𝜈 (4.24)
𝜇.𝜈
𝑛𝑓
(4)
∑
𝑅𝑎𝑏𝑐𝑑 (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ) = 𝑓𝛼 (𝑡1 )𝑓𝛽 (𝑡2 )𝑓𝜇 (𝑡3 )𝑓𝜈 (𝑡4 )ℛ𝑎𝑏𝑐𝑑
𝛼𝛽𝜇𝜈 . (4.25)
𝛼𝛽𝜇.𝜈
∑
𝑎𝑏
𝒮𝜇𝜈 = ℛ𝑎𝑏𝑐𝑑 𝑐𝑑
𝛼𝛽𝜇𝜈 𝒟𝛼𝛽 (4.26)
𝑐𝑑,𝛼𝛽
∫
𝑑𝑡2 𝑅(𝑡1 , 𝑡2 )ℎ𝜇 (𝑡2 ) = 𝑟𝜇 ℎ𝜇 (𝑡1 ) (4.27)
√
com auto-valores 𝑟𝜇 . Desta forma, escolhemos nossas funções como 𝑓𝜇 (𝑡) = ℎ𝜇 (𝑡)/ 𝑟𝜇 ,
que satisfaçam:
∫
𝑑𝑡1 𝑑𝑡2 𝑓𝜇 (𝑡1 )𝑅(𝑡1 , 𝑡2 )𝑓𝜈 (𝑡2 ) = 𝛿𝜇𝜈 . (4.28)
Esta escolha evita a necessidade de inversão das matrizes 𝑅(4) (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ) se estas puderem
ser escritas a partir de 𝑅(𝑡1 , 𝑡2 ).
Apresentamos em detalhe nas próximas seções como esta aproximação é feita tanto
para o caso de apenas um neurônio quanto para o caso em que registramos o sinal neural
de ambos neurônios H1.
Nesta seção apresentamos uma aproximação que evita o cálculo exato da matriz
(4)
𝑅(4) (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ) ≡ 𝑅1111 (𝑡1 , 𝑡2 , 𝑡3 , 𝑡4 ). Como registramos a resposta de apenas um neurô-
nio H1, omitimos os ı́ndices 𝑎, 𝑏, . . ., pois todos são igual a 1.
Para que a escolha das funções 𝑓𝜇 feita na seção anterior, torne-se útil, temos que
expressar nossa função de quatro pontos 𝑅(4) em termos de 𝑅(𝑡) ≡ 𝑅11 (𝑡1 , 𝑡2 ). Se nosso
processo de geração de spikes fosse Gaussiano, terı́amos¶ :
𝑅(4) (1, 2, 3, 4) = 𝑅(1, 2)𝑅(3, 4) + 𝑅(1, 3)𝑅(2, 4) + 𝑅(1, 4)𝑅(2, 3) − 2⟨𝜌(𝑡)⟩4 , (4.29)
onde ⟨𝜌(𝑡)⟩ é apenas uma constante, devido sua invariância translacional no tempo.
𝑅(4) (1, 2, 3, 4) = 𝐴 [𝑅(1, 2)𝑅(3, 4) + 𝑅(1, 3)𝑅(2, 4) + 𝑅(1, 4)𝑅(2, 3)] − 𝐵, (4.30)
¶
Escrevemos (1, 2, ...) ao invés de (𝑡1 , 𝑡2 , ...)
4.3 Aproximação “ Gaussiana” para um H1 53
∫ ( 𝑛𝑓
)
∑
𝑠𝑒 (𝑡) = 𝑑𝑡1 𝑑𝑡2 𝑓𝜇 (𝑡1 )𝑓𝜈 (𝑡2 )𝒟𝜇𝜈 (𝑡1 , 𝑡2 ) 𝜌(𝑡 − 𝑡1 )𝜌(𝑡 − 𝑡2 ) (4.31)
𝜇.𝜈
∫
𝛿𝑠𝑒 (𝑡)
= 𝑑𝑡3 𝑑𝑡4 𝑓𝛼 (𝑡3 )𝑓𝛽 (𝑡4 )𝜌(𝑡 − 𝑡3 )𝜌(𝑡 − 𝑡4 ). (4.32)
𝛿𝒟𝛼𝛽 (𝑡3 , 𝑡4 )
𝛿𝑠𝑒 (𝑡)
Substituindo as equações anteriores em ℛ𝜇𝜈𝛼𝛽 = ⟨𝑠𝑒 (𝑡) 𝛿𝒟𝛼𝛽 ⟩ e utilizando 4.28 e
(𝑡3 ,𝑡4 ) 𝑡
4.30, obtemos,
2. Multiplicamos a equação 4.34 por [𝑛𝜇 ,𝑛𝜈 ] e somamos ambos os ı́ndices para obter
𝐷𝑛𝑛 .
com
‖
Qualquer estrutura construı́da apenas por 𝑅(𝑡1 , 𝑡2 ) pode ser usada em nosso método.
54 4 Reconstrução do Estı́mulo a partir do Trem de Pulsos
(2)
𝑆𝑅𝐼 = ℳ𝐼𝐽 ⋅ 𝐾𝐽 (4.36)
(2)
𝐾𝐽 = ℳ−1
𝐼𝐽 ⋅ 𝑆𝑅𝐼 . (4.37)
(2)
O vetor 𝑆𝑅𝐼 e a matriz ℳ𝐼𝐽 podem ser expressos como:
(2)
𝑆𝑅𝐼 ≡ ⟨𝑆𝐶𝐷⟩34 ≡ ⟨𝑠(𝑡)𝜌𝐶 (𝑡 − 𝑡3 )𝜌𝐷 (𝑡 − 𝑡4 )⟩ (4.38)
ℳ𝐼𝐽 ≡ ⟨𝐴𝐵𝐶𝐷⟩1234 ≡ ⟨𝜌𝐴 (𝑡 − 𝑡1 )𝜌𝐵 (𝑡 − 𝑡2 )𝜌𝐶 (𝑡 − 𝑡3 )𝜌𝐷 (𝑡 − 𝑡4 )⟩ . (4.39)
No caso particular dos dois neurônios H1, podemos simplificar o sistema de equações
obtido ao negligenciar os termos 𝑅12 = ⟨12⟩𝑎𝑏 . Seu efeito é certamente muito pequeno
quando comparado com 𝑅11 ou 𝑅22 . Mesmo para estı́mulos de translação, onde ambos
neurônios disparam em sincronia, o pico dominante visto em 𝑅11 e 𝑅22 não é obtido na
função 𝑅12 , Figura 4.2. Isto ocorre devido esta sincronia não ser exata e a ausência deste
pico faz com que sua contribuição seja mı́nima.
Vemos o efeito de 𝑅12 em 𝐾12 . A matriz 𝐾12 é da ordem de cinco vezes menor do
que 𝐾11 ou 𝐾22 , como ilustrado na Figura 4.3. Desta forma, podemos desacoplar nossas
equações e obter seus núcleos de forma independente para cada neurônio:
††
⟨𝐴𝐵⟩12 ≡ ⟨𝜌𝐴 (𝑡 − 𝑡1 )𝜌𝐵 (𝑡 − 𝑡2 )⟩
56 4 Reconstrução do Estı́mulo a partir do Trem de Pulsos
0.12
r
11
0.1 r22
r
0.08 12
0.06
〈ρ(t )ρ(t −t)〉
1
0.04
0.02
1
−0.02
−0.04
−0.06
−64 −48 −32 −16 0 16 32 48 64
t (bins)
∫
Figura 4.2 – 𝑹11 , 𝑹22 e 𝑹12 . Comparação entre as funções de correlação 𝑅𝑎𝑏 (𝑡) = 𝑑𝑡1 ⟨𝜌𝑎 (𝑡1 −
𝑡)𝜌𝑏 (𝑡1 )⟩.
64 5
(A) 5xK12 (B) K
22
4
3
48
2
t (bins)
32 0
2
−1
−2
16
−3
−4
4
−5
16 32 48 64 16 32 48 64
t (bins)
1
Figura 4.3 – Núcleos de segunda ordem. Núcleos de segunda ordem 𝐾22 e uma versão re-
escalada de 𝐾12 para 𝑇𝑤 = 64. (a) 5 × 𝐾12 , (b) 𝐾22 . Note que 𝐾22 /𝐾12 ∼ 5.
4.4 Aproximação “ Gaussiana” para dois H1 57
−3
x 10
B1111
A1111
1.9262
3.4565
A1111
1111
B
1.926
3.456
1.9258 3.4555
Figura 4.4 – Parâmetros 𝑨1111 e 𝑩1111 . Dependência dos parâmetros 𝐴1111 e 𝐵1111 com a
largura da janela 𝑇𝑤 . Um comportamento similar é obtido para os parâmetros 𝐴2222
e 𝐵2222 . Note que a variação é da ordem de apenas 0, 05%.
0.2
0.14
1
0.12
1
0.1
0.08
1
0.06
1
0.04
0.02
0
0 8 16 24 32 40 48 56 64
t (bins)
(2) (2)
(2) 𝜒1 − 𝜒12
𝛿𝜒 ≡ (2)
, (4.45)
𝜒1
(2) (2) ∫
onde 𝜒1 contém apenas termos de primeira ordem - 𝜒1 = ⟨ 𝑑𝑡[𝑠1 (𝑡) − 𝑠(𝑡)]2 ⟩ - e os
(2) ∫
termos de segunda ordem são adicionados em 𝜒12 = ⟨ 𝑑𝑡[𝑠1 (𝑡) + 𝑠2 (𝑡) − 𝑠(𝑡)]2 ⟩. A partir
desta razão determinamos a contribuição dos termos de segunda ordem como sendo de
aproximadamente 8%. A diferença entre 𝛿𝜒(2) utilizando as funções de correlação exata
ou Gaussiana é de apenas ∼ 0.5%.
4.5 Reconstruindo o estı́mulo da mosca e medindo sua qualidade 59
S(t)
20 S1(t)
S (t)+S (t)
Estímulo Rotacional (u.a.)
15 1 2
S1(t)+S2(t): G
10
−5
−10
−15
−20
1750 1800 1850 1900 1950 2000 2050 2100 2150 2200 2250
tempo (bins)
Percebemos que a adição dos termos 𝐾11 e 𝐾22 em nossa reconstrução do estı́mulo é
mais significativa em certos instantes de tempo. Desta forma, medimos:
positivos, correspondendo ao movimento não realı́stico de vôo para trás da mosca, ambos
neurônios disparam vigorosamente. Em contrapartida, para estı́mulos negativos, ambos
neurônios são inibidos e não disparam. O perfil destes trens de pulsos faz com que o
estı́mulo seja apenas reconstruı́do de forma efetiva nos instantes de atividade, explicando
a baixa qualidade de sua reconstrução.
6
Aproximação Gaussiana
Experimental
5
4
N2/NT (%)
0
1 1.25 1.5 1.75 2 2.25 2.5
χ2/χ2
1 12
S(t)
20 S1(t)
Estímulo Translacional (u.a.)
S1(t)+S2(t)
15
S1(t)+S2(t): G
10
−5
−10
−15
−20
1750 1800 1850 1900 1950 2000 2050 2100 2150 2200 2250
tempo (bins)
5 Redução Dimensional no
Espaço de Estı́mulos
Esta redução no espaço de estı́mulos tem como objetivo avaliar a capacidade com que
∗
Todas as combinações das 𝑁𝑃 posições de forma positiva e negativa, mais velocidade nula.
5.1 Geração do estı́mulo “ Digital” 65
1
τ = 12 bins
0.9
τ = 25 bins
0.8 τ = 40 bins
τ = 100 bins
0.7
〈S(t)S(t+∆t)〉
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
∆t (bins)
Figura 5.1 – Correlação do estı́mulo. Apresentamos para a mosca quatro estı́mulos gerados
a partir de um processo de Ornstein-Uhlenbeck. A velocidade do estı́mulo a cada
instante é obtida a partir de uma distribuição Gaussiana com 12, 25, 40 ou 100 bins
de correlação temporal.
4
x 10
10
τ = 12 bins
8
τ = 25 bins
Posição do Estímulo (u.a.)
τ = 40 bins
6
τ = 100 bins
4
−2
−4
−6
−8
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
tempo (s)
Figura 5.2 – Posição do estı́mulo. Posição dos diferentes estı́mulos apresentados para a mosca.
Geramos uma série de cem estı́mulos para cada tempo de correlação“𝜏 ”. Os primeiros
dez segundos de cada estı́mulo repete-se. Seus próximos dez segundos é gerado de
forma aleatória com mesmo tempo de correlação.
66 5 Redução Dimensional no Espaço de Estı́mulos
100
75
50
Repetição Nº:
25
Gaussiano [R]
0 Digital [RD]
25
50
75
100
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
tempo (bins)
Figura 5.4 – Resposta ao estı́mulo “Digital”. Comparação entre a resposta do neurônio 𝐻1+
aos estı́mulos Gaussiano e“Digital ”(tempo de correlação 𝜏 = 12𝑏𝑖𝑛𝑠). Vemos atra-
vés do raster plot a semelhança entre as respostas geradas a ambos os estı́mulos.
Verificamos em mais detalhes as diferenças entre estas respostas nas próximas se-
ções. A mesma semelhança é encontrada para 𝐻1− e para os diferentes tempos de
correlação “𝜏 ”.
68 5 Redução Dimensional no Espaço de Estı́mulos
∫ ∞ ∫ ∞
′ ′ ′
𝑆𝑒 (𝑡) = 𝐾1(𝑡 )𝜌1 (𝑡 − 𝑡 )𝑑𝑡 + 𝐾2(𝑡′ )𝜌2 (𝑡 − 𝑡′ )𝑑𝑡′ (5.1)
∫−∞
∞
−∞
∫ ∞
𝑆𝑒𝐷 (𝑡) = ˜ ′ )𝜌1𝐷 (𝑡 − 𝑡′ )𝑑𝑡′ +
𝐾1(𝑡 ˜ ′ )𝜌2𝐷 (𝑡 − 𝑡′ )𝑑𝑡′ .
𝐾2(𝑡 (5.2)
−∞ −∞
Tabela 3 – Correlação entre 𝑺𝒆 (𝒕) e 𝑺𝒆𝑫 (𝒕). Correlação entre as reconstruções lineares do
estı́mulo Gaussiano e “Digital ” para os diferentes tempos de correlação “𝜏 ”.
Figura 5.5 – Reconstrução do estı́mulo “Digital”. Em (a) e (b) vemos respectivamente as fun-
ções de correlação estı́mulo-resposta e resposta-resposta para ambos os estı́mulos,
Gaussiano e “Digital ”. Utilizamos estas funções para o cálculo do núcleo de recons-
trução linear do estı́mulo visto em (c). (d) Comparação entre as reconstruções
lineares do estı́mulo (𝜏 = 12𝑏𝑖𝑛𝑠).
sua resposta, pelo menos aquelas propriedades que podem ser reconstruı́das linearmente
através das equações 5.1 e 5.2. Ou seja, apesar da complexidade do estı́mulo Gaussiano
apresentado, os neurônios 𝐻1 essencialmente codificam o sentido de movimento deste
estı́mulo, caracterı́stica comum aos estı́mulos 𝑆(𝑡) e 𝑆𝐷 (𝑡).
Mostramos que a principal tarefa do sistema formado pelos dois neurônios 𝐻1 é codifi-
car o sentido de movimento de rotação. Mostramos também que estes neurônios realizam
esta tarefa com extrema eficiência, 85%. Na próxima seção evidenciamos novamente este
fato ao calcular e comparar a quantidade de informação referente aos estı́mulos 𝑆(𝑡) e
𝑆𝐷 (𝑡) contida nas respostas destes neurônios.
Toda informação relevante aos neurônios 𝐻1 a respeito dos estı́mulos 𝑆(𝑡) e 𝑆𝐷 (𝑡)
é codificada respectivamente nos trens de pulsos 𝑅 e 𝑅𝐷 . Caso a redução efetuada no
espaço de estı́mulos preserve os atributos cruciais de seus elementos, atributos necessários
5.2 Resposta neural ao estı́mulo “ Digital” 71
∑
𝐻(𝑟) = − 𝑝(𝑟) log2 𝑝(𝑟) (5.3)
𝑟
∑ ∑
𝐻(𝑟∣𝑠) = − 𝑝(𝑠) 𝑝(𝑟∣𝑠) log2 𝑝(𝑟∣𝑠) (5.4)
𝑠 𝑟
𝐼(𝑟; 𝑠) = 𝐻(𝑟) − 𝐻(𝑟∣𝑠) (5.5)
𝑟 : {𝑅, 𝑅𝐷 }; 𝑠 : {𝑆, 𝑆𝐷 }
Tabela 5 – Informação transmitida sobre 𝑺(𝒕) e 𝑺𝑫 (𝒕). “𝐼𝑔 ”e“𝐼𝐷 ”referem-se respectivamente
às taxas de informação transmitidas quando o estı́mulo Gaussiano e “Digital ” são
apresentados. “∣Δ𝐼∣/𝐼𝑔 ” mostra a diferença entre os valores obtidos para as taxas de
informação, ∣Δ𝐼∣/𝐼𝑔 ∼ 10%.
700
600
500
300
τ = 12bins τ = 25 bins
200
100
600
500
400 HL(RD|SD)/L
300 HL(R|S)/L
200 τ = 40 bins τ = 100 bins H (R )/L
L D
100 H (R)/L
L
0
0 100 200 300 400 0 100 200 300 400 500
1/L (s−1)
Figura 5.7 – Taxa de Entropia Total e do Ruı́do de 𝑺(𝒕) e 𝑺𝑫 (𝒕). Calculamos a taxa de
Entropia Total e do Ruı́do para os estı́mulos Gaussiano e “Digital ” de diferentes
tempos de correlação “𝜏 ”. A cor azul representa a Entropia Total e vermelho a
Entropia do Ruı́do. Os sı́mbolos“∘”representam estas taxas para 𝑆(𝑡) enquanto que
os sı́mbolos “□” representam 𝑆𝐷 (𝑡). Obtemos praticamente os mesmos resultados
para os diferentes estı́mulos.
6 Conclusões
imagem mostrada nos monitores. A tremenda redução realizada sobre o espaço de es-
tı́mulos faz com ambos os espaços, estı́mulos-respostas, tenham um número próximo de
elementos. Este resultado torna factı́vel a confecção de modelos de codificação do estı́mulo
na resposta dos neurônios 𝐻1. Estes modelos já estão sendo investigados e serão tópicos
de futuras publicações.
78 6 Conclusões
79
Referências
4 BORST, A.; HAAG, J. Neural networks in the cockpit of the fly. Journal
of Comparative Physiology A: Neuroethology, Sensory, Neural and Behavioral
Physiology, v. 188, n. 6, p. 419–437, 2002.
5 FRYE, M. A.; DICKINSON, M. H. Fly flight: a model for the neural control of
complex behavior. Neuron, v. 32, n. 3, p. 385–388, 2001.
72 RIEKE, F. et al. Spikes: exploring the neural code. Cambridge, MA, USA: MIT
Press, 1999.
84 HATEREN, J. van et al. The bright zone, a specialized dorsal eye region in the
male blowfly chrysomyia megacephala. Journal of Comparative Physiology A, v. 164,
n. 3, p. 297–308, 1989.
87
APÊNDICE A -- Processo de
Ornstein-Uhlenbeck
A posição ocupada pela imagem a cada 2𝑚𝑠 é determinada por um arquivo de posição
gerado no computador. Este conjunto de posições é obtido ao integrarmos uma série
de velocidades gerada por um processo estatı́stico denominado processo de Ornstein-
Uhlenbeck (47). Esta série temporal de velocidades 𝑉𝑡 é obtida da seguinte maneira,
Onde os valores “Φ𝑡 ” são obtidos de uma distribuição Gaussiana de média zero e desvio
“𝜎Φ2 ”. O termo “𝛼” representa quanto o próximo valor 𝑉𝑡+Δ está correlacionado com o
valor anterior 𝑉𝑡 . Veremos como a escolha de 𝛼 determina a escala temporal de correlação
entre os valores de 𝑉𝑡 . O termo “𝑐” representa uma velocidade constante.
Para determinarmos o valor médio desta série temporal, efetuamos a média sobre
ensembles da equação A.1,
⟨𝑉 ⟩ = 𝑐 + 𝛼 × ⟨𝑉 ⟩ (A.3)
𝑐
⟨𝑉 ⟩ = . (A.4)
1−𝛼
Em geral teremos, 𝑐 = 0, ou seja, ⟨𝑉 ⟩ = 0.
2
𝑉𝑡+Δ = [𝛼 × 𝑉𝑡 + Φ𝑡 ]2 (A.5)
⟨𝑉 2 ⟩ = 𝛼2 ⟨𝑉 2 ⟩ + ⟨Φ2 ⟩ + 2𝛼⟨𝑉 × Φ⟩. (A.6)
⟨𝑉 × Φ⟩ = 0. (A.7)
𝜎Φ2
𝜎𝑉2 = ⟨𝑉 2 ⟩ − ⟨𝑉 ⟩2 = . (A.8)
1 − 𝛼2
Vemos que para 𝛼 → 0, reobtemos a distribuição Gaussiana inicial, 𝑉 → Φ.
𝑉1 = 𝛼𝑉0 + Φ0 (A.9)
𝑉2 = 𝛼𝑉1 + Φ1 = 𝛼(𝛼𝑉0 + Φ0 ) + Φ1 = 𝛼2 𝑉0 + 𝛼Φ0 + Φ1 (A.10)
𝑉3 = 𝛼𝑉2 + Φ2 = 𝛼(𝛼2𝑉0 + 𝛼Φ0 + Φ1 ) + Φ2 = 𝛼3 𝑉0 + 𝛼2 Φ0 + 𝛼Φ1 + Φ2 . (A.11)
Consequentemente,
𝑁
∑ −1
𝑁
𝑉𝑁 = 𝛼 𝑉0 + 𝛼𝑖 Φ𝑁 −1−𝑖 . (A.12)
𝑖=0
𝑁
∑ −1
𝑁
⟨𝑉𝑁 𝑉0 ⟩ = 𝛼 ⟨𝑉02 ⟩ + ⟨𝑉0 𝛼𝑖 Φ𝑁 −1−𝑖 ⟩. (A.13)
𝑖=0
𝑁
∑ −1
𝛼𝑖 ⟨𝑉0 Φ𝑁 −1−𝑖 ⟩ = 0, (A.14)
𝑖=0
𝜎Φ2
⟨𝑉𝑁 𝑉0 ⟩ = 𝛼𝑁 𝜎𝑉2 = 𝛼𝑁 (A.15)
1 − 𝛼2
𝜎Φ2
⟨𝑉𝑡+𝑁 𝑉𝑡 ⟩ = 2
× 𝑒−𝑁/𝜏 (A.16)
1−𝛼
1
𝜏 = − (A.17)
ln ∣𝛼∣
B.1 Um neurônio H1
𝑁𝑠
∑
𝜌(𝑡) = 𝛿(𝑡 − 𝑡𝑖 ), (B.1)
𝑖
𝑁
∑ 𝑁
∑
𝐻=− 𝑝𝑖 log2 (𝑝𝑖 ) [𝑏𝑖𝑡𝑠]; 𝑝𝑖 = 1 (B.2)
𝑖=1 𝑖=1
𝑁 = 1 : 𝑝𝑖 = 1 −→ 𝐻𝑚𝑖𝑛 = 0
(B.3)
𝑝𝑖 = 1/𝑁 −→ 𝐻𝑚𝑎𝑥 = log2 (𝑁)
Denotamos por 𝐻(𝑅∣𝑆) a entropia das respostas “𝑅” geradas por um dado estı́mulo
“𝑆”. De forma geral, esta pode ser calculada da seguinte forma:
∑ ∑
𝐻(𝑅∣𝑆) = − 𝑝(𝑆) 𝑝(𝑅∣𝑆) log2 𝑝(𝑅∣𝑆) (B.5)
𝑆 𝑅
∑ ∑
𝐻(𝑆∣𝑅) = − 𝑝(𝑅) 𝑝(𝑆∣𝑅) log2 𝑝(𝑆∣𝑅) (B.6)
𝑅 𝑆
A eficiência com que estes processos são realizados é definida da seguinte forma.
440
420
t...t+L
Repetição Nº:
400
380
360
340
320
300
1550 1600 1650 1700 1750 1800 1850 1900
tempo (bins)
valor de ambas entropias crescem. A taxa com que este aumento ocorre é definida da
seguinte forma (47, 48),
𝐻𝐿 (𝑅)
ℎ(𝑅) = lim [𝑏𝑖𝑡𝑠.𝑠−1 ] (B.10)
𝐿→∞ 𝐿
𝐻𝐿 (𝑅∣𝑆)
ℎ(𝑅∣𝑆) = lim [𝑏𝑖𝑡𝑠.𝑠−1 ]. (B.11)
𝐿→∞ 𝐿
A unidade das equações acima é obtida ao medirmos o valor de “𝐿” em segundos.
Para determinar estas taxas calculamos a razão 𝐻𝐿 (𝑅)/𝐿 e 𝐻𝐿 (𝑅∣𝑆)/𝐿 para diferentes
valores de 𝐿. A extrapolação 𝐿 → ∞ é realizada seguindo o procedimento descrito em
(42). Representamos este processo no gráfico visto na Figura B.3, no qual temos 1/𝐿 em
seu eixo “x ”. Desta forma 𝐿 → ∞ equivale a 𝑥 → 0. Realizamos uma extrapolação linear
obtendo seus coeficientes. O ajuste linear realizado na Figura B.3 implica na seguinte
expressão para 𝐻𝐿 (𝑅),
B.1 Um neurônio H1 95
Ao efetuarmos lim sobre 𝑓 (𝐿) e 𝑔(𝐿), obtemos os parâmetros ℎ(𝑅) e ℎ(𝑅∣𝑆) através
1/𝐿→0
de seus coeficientes lineares. Utilizamos nesta extrapolação apenas os menores valores
de 𝐿 uma vez que valores maiores apresentam problemas de sub-amostragem. Em um
experimento de 40 minutos temos 40 × 60 × 500 = 1, 2 × 106 aquisições de respostas do
neurônio. Este número não é suficiente para obtermos boa ocupação (número de aquisições
maior do que número de possı́veis respostas) já para 𝐿 = 20, 𝑁 = 2𝐿 = 220 ∼ 106 possı́veis
respostas. Para cada unidade do valor de 𝐿 que desejamos adicionar, devemos dobrar o
tempo de aquisição da resposta do H1.
96 Apêndice B -- Medida Direta da Informação
120
80
40
0
0 20 40 60 80 100
−1
1/L (s )
Figura B.3 – Entropia total e do ruı́do por unidade de tempo. Extrapolamos o tamanho 𝐿 da
palavra para infinito (tracejado em cinza). Em azul a Entropia Total e em vermelho
a Entropia do Ruı́do. Vemos o efeito de sub-amostragem para (1/𝐿) ∼ 15𝑠−1 .
12
Entropia Total, HL(R)
10 Entropia Ruído, HL(R|S)
Entropia (bits)
0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07
L (s)
De forma mais intuitiva, podemos obter as taxas de entropia ℎ(𝑅) e ℎ(𝑅∣𝑆) direta-
mente do coeficiente angular das expressões B.13 e B.15 (Figura B.4). Com ambos os
procedimentos obtemos,
Tabela 6 – Taxa de informação transmitida pelo neurônio H1. Taxas de Entropia Total,
ℎ(𝑅), e do Ruı́do, ℎ(𝑅∣𝑆), a partir do coeficiente “Linear” de 𝑓 (𝐿) e 𝑔(𝐿) e através
do coeficiente“Angular”de 𝐻𝐿 (𝑅) e 𝐻𝐿 (𝑅∣𝑆). Obtemos praticamente o mesmo valor
para a taxa de informação transmitida em ambos os métodos.
Como já descrito, o valor de 𝐻𝐿 (𝑅∣𝑆) é o resultado da média sobre diferentes colunas
do raster, média temporal. Antes de efetuar esta média, obtemos a entropia do ruı́do como
função do tempo, 𝐻𝐿 (𝑅∣𝑆(𝑡𝑖 )). Ao analisarmos a eficiência “𝜖(𝑡𝑖 ) = 𝐻𝐿 (𝑅∣𝑆(𝑡𝑖 ))/𝐻𝐿 (𝑅)”
com que o neurônio H1 codifica o estı́mulo em função do tempo, deparamo-nos com
uma grande variação desta quantidade. Percebemos que para regiões de baixa atividade
do neurônio, estı́mulos negativos, a eficiência chega a 100% enquanto que para regiões
positivas do estı́mulo, alta atividade do neurônio, sua eficiência de codificação cai a zero,
Figura B.5. Devido à média do estı́mulo apresentado ser zero, metade dos instantes
𝜖 ∼ 100% e metade 𝜖 ∼ 0%, obtemos uma eficiência em torono de 50%, Figura B.5(a).
Ao apresentarmos para a mosca um estı́mulo de velocidade média diferente de zero, no
qual temos mais regiões de atividade do neurônio, obtemos uma eficiência média muito
menor, 𝜖 ∼ 10%, Figura B.5(b).
Ao analisarmos 𝐻𝐿 (𝑅∣𝑆(𝑡𝑖 )) como função do tempo, vemos que o ruı́do deste sistema
contém uma variação pequena em torno de sua média ao longo do experimento. Isto deve-
se ao caráter complementar da atividade dos dois neurônios, Figura B.9. Este sistema
contém um conjunto de 𝑁 = 4𝐿 possı́veis palavras de comprimento 𝐿 resultando em
valores para a Entropia Total da ordem de duas vezes as calculadas para um 𝐻1. Nas
regiões em que não há atividade de 𝐻1− registramos intensa atividade de 𝐻1+ . Como
não há atividade de 𝐻1− nestes instantes, entrada zero no vetor de resposta, a Entropia
do Ruı́do de 𝐻1± será igual a entropia calculada de 𝐻1+ . O mesmo acontece para as
regiões de atividade de 𝐻1− , Figura B.10. Vemos claramente a eficiência deste sistema
como detector de movimento rotacional ao compararmos os resultados apresentados na
Figura B.11 com a Figura B.6.
B.2 Sistema de 2 neurônios H1 99
Figura B.5 – Eficiência do neurônio H1. (a) Vemos que a eficiência (curva em vermelho)
com que o neurônio H1 codifica a informação em forma de pulsos varia com o
estı́mulo apresentado. Para estı́mulos positivos, região de atividade do neurônio,
esta eficiência cai para 0. Já em regiões de baixa atividade, estı́mulos negativos,
esta eficiência chega a 100%. Isto compromete a relevância do valor médio 𝜖 ∼ 45%
obtido. (b) Apresentamos um estı́mulo com velocidade média diferente de zero.
Geramos mais estı́mulos positivos do que negativos diminuindo a eficiência média
com que o neurônio H1 transmite informação (𝜖 ∼ 10%). Observamos muito mais
regiões em que a eficiência 𝜖 tende a zero do que no caso anterior devido à grande
atividade do neurônio a este estı́mulo.
100 Apêndice B -- Medida Direta da Informação
300 100
250 80
do Ruído (bits.s )
−1
200 60
Taxa de Entropia
Eficiência (%)
Eficiência (%)
150
Taxa de Entropia 40
100 20
50 0
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
−1
Taxa de Disparo (spikes.s )
Figura B.6 – Ruı́do e eficiência do H1. Medimos a taxa de disparo do neurônio H1 em função do
tempo em janelas de 𝐿 = 12𝑏𝑖𝑛𝑠. Em cada uma dessas janelas medimos a Entropia
do Ruı́do 𝐻𝐿=12 (𝑅∣𝑆(𝑡𝑖 )) (∘ azuis). Com o valor da entropia total 𝐻𝐿=12 (𝑅),
calculamos a eficiência em função da taxa de disparos (× verdes). Vemos uma
saturação destas grandezas para taxa de disparo em torno de 80 [𝑠𝑝𝑖𝑘𝑒𝑠.𝑠−1 ].
Figura B.7 – Codificação por 2 H1s. Rotulamos os tempos em que não ocorreram pulsos com
“0”. Rotulamos com “1” os tempos em que ocorreram apenas pulsos do neurônio
𝐻1+ e com“2”os tempos em que ocorreram apenas disparos de 𝐻1− . Nos tempos
em que ocorreram pulsos de ambos neurônios, rotulamos com “3”. Teremos 4𝐿
possı́veis palavras contendo 𝐿 sı́mbolos.
B.2 Sistema de 2 neurônios H1 101
600
400
300
Entropia Total, HL(R)
200 Extrapolação Linear
Entropia do Ruído, HL(R|S)
100
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
−1
1/ L (s )
Figura B.8 – Entropia total e do ruı́do, 𝑯1± . Utilizando-se do mesmo procedimento descrito
para um neurônio 𝐻1 e a codificação da resposta de dois neurônios, obtemos
a partir da extrapolação linear os seguintes resultados: ℎ(𝑅) = 488 [𝑏𝑖𝑡𝑠.𝑠−1 ],
ℎ(𝑅∣𝑆) = 325 [𝑏𝑖𝑡𝑠.𝑠−1 ] e 𝑖(𝑅; 𝑆) = 163 [𝑏𝑖𝑡𝑠.𝑠−1 ].
75
50
Eficiência (%)
Repetição Nº
25
25
50
75
100
0 1000 2000 3000 4000 5000
tempo (bins)
500
±
450 H(R|S): H1
H(R|S): H1+
400
H(R|S): H1−
Entropia (bits.s )
H(R): H1+
−1
350
±
H(R): H1
Taxa de
300 −
H(R): H1
250
200
150
100
50
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000
tempo (bins)
Figura B.10 – Atividade complementar de 𝑯1± . Entropia Total e do Ruı́do para o sistema de
dois e de um neurônio 𝐻1. Tanto a Entropia Total quanto a do Ruı́do somam-se.
A Entropia Total torna-se duas vezes maior do que a do Ruı́do devido ao caráter
complementar de sua atividade.
100
90 Eficiência (%)
〈ε〉=42%
80 ∆ε=7%
70
Eficiência (%)
60
50
40
30
20
10
0
30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130
Taxa de Disparo (spikes.s−1)