Distrofia PT 2-1 (2) 2

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

CLARA CUNHA
LETICIA NUNES
ISABELLY AGNA SILVA
RAPHAELA ROSA
RAPHAEL BARCELOS

BASES CELULARES E BIOMOLECULARES

RIO DE JANEIRO
2024
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
EPIDEMIOLOGIA ....................................................................................................... 2
SINAIS E SINTOMAS ................................................................................................. 3
FISIOPATOLOGIA ................................................................................................ 4 a 5
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ................................................................... 6
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................................... 7
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INTRODUÇÃO

Em 1851 ocorreu uma reunião na Sociedade Real de Medicina (Um dos principais
provedores credenciados de pós-graduação médica no Reino Unido) onde Edward
Meryon, médico inglês de origem huguenote que estudou na University College de
Londres, relatou em detalhes uma doença progressiva que levará a fraqueza
muscular, e que acometia pessoas do sexo masculino levando-os a morte de forma
precoce. Edward Meryon também relatou que fez estudos histológicos onde concluiu
que a membrana da célula muscular (sarcolema) estava “quebrada”. Suas
descobertas foram muito importantes para a futura descoberta da doença, pois suas
pesquisas e estudos foram ignoradas por muitos anos, isso fez com que a doença
recebesse o epônimo associado ao neurologista Dr. Guilliame Benjamin Amand
Duchenne em Paris entre os anos de 1858-1868. O Dr. Guilliame concluiu que a
doença era transmitida por herança genética e se caracterizava de origem muscular.
Entre suas descobertas o neurologista também citou que a distrofia muscular
poderia causar deterioração intelectual pois afeta o sistema nervoso.
Após alguns anos em 1955, Peter Emil Becker um neurologista, psiquiatra e
geneticista alemão relatou uma variação da doença menos severa da distrofia
muscular, que foi denominada de Distrofia Muscular de Becker.
As distrofias musculares de Duchenne e Becker são em grande maioria doenças
hereditárias caracterizada por uma grave degeneração progressiva da musculatura
esquelética, ligadas ao gene DMD e DMB causando uma mutação no gene que
codifica uma proteína denominada destrofina, cuja ausência ou encurtamento dessa
proteína é responsável pelo quadro clínico da doença. Em 1987 foi feita a
descoberta da ausência e/ou encurtamento da destrofina na membrana da célula
muscular (sarcolema). Por conta dessa mutação nos genes DMD e DMB a leitura
genética não ocorre da maneira correta. A doença apresenta padrão de herança
autossômica recessiva ligada ao cromossomo X, o que significa que o gene cuja
mutação gera síndromes está localizado no cromossomo sexual X e é necessário
que todos os alelos desse gene possuam a mutação para haver manifestação da
condição (Recessividade).
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EPIDEMIOLOGIA

A doença afeta cerca de 1 em cada 3.600-6.000 recém-nascidos vivos do sexo


masculino mundialmente. Mulheres são portadoras assintomáticas por possuir dois
cromossomos X, então, podem transmitir a condição aos seus filhos homens com
uma chance de 50%, além de filhas mulheres também terem essa mesma
porcentagem de chances, porém, elas serão portadoras assintomáticas da doença.
Há casos em que a mulher possa desenvolver a doença, porém, é algo raro. Em
30% dos casos não há histórico familiar, ou seja, a alteração genética ocorre de
forma espontânea.
Em 60% dos casos ocorre grandes deleções no gene, 18% são mutações de ponto
onde ocorre pequenas alterações nas estruturas dos éxons, 12% são mutações de
ponto sem sentido afetando precocemente a produção de destrofina e em 10% dos
casos ocorre as grandes duplicações fazendo com que alguns éxons sejam
duplicados.
O médico Sanjeev Joshi, pediatra indiano, realizou uma pesquisa que constata que
pacientes mulheres com a Síndrome de Turner podem desenvolver a Distrofia
Muscular de Duchenne. A Síndrome de Turner é uma doença que acomete meninas,
onde a paciente nasce sem funcionalidade de um dos cromossomos sexual X,
totalmente ou parcialmente. Sem um dos cromossomos, caso a paciente tenha um
cromossomo X infectado de um dos pais, há a possiblidade que a criança
desenvolva a doença.
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SINAIS E SINTOMAS

Os sintomas da distrofia muscular de Becker começam a ser visíveis por volta dos
815 anos de vida e a perda da marcha só ocorre na vida adulta.
Os primeiros sinais da distrofia muscular de Duchenne começam a aparecer com 2-5
anos de vida, com isso a perda da marcha ocorre na adolescência entre 12-15 anos.
Ambas as doenças afetam o sistema nervoso e respiratório.
Ambas as distrofias musculares possuem os mesmos sintomas, porém, com
intensidades diferentes, são eles:
- Fibrose
- Quedas frequentes
- Panturrilha protuberantes
- Dificuldades de aprendizagem
- Alterações neurológicas (Psicológicas e motoras)
- Escoliose
Além disso, podemos observar sinais como dificuldades para se levantar, correr,
subir escadas e deambular de forma oscilante. Um dos sinais marcantes da distrofia
muscular é o sinal de Gowers. Também ocorre a perda de massa muscular
(havendo o aumento de gordura no tecido muscular como substituição para o tecido
perdido), andar nas pontas dos pés, dificuldade de deglutição e epilepsia são sinais
observados com frequência.
É comumente observado que algumas crianças com distrofia muscular tenham
alguns atrasos e dificuldades mentais como TDAH e autismo.
As distrofias musculares também afetam de forma considerável o QI dos pacientes,
uma meta-análise feita em 721 portadores de DMD, conduzida por Emery e Muntoni
apresentou que a média global é de 82. Foi encontrado em 19% dos pacientes um
QI abaixo de 70 (ponto de corte aceito para o diagnóstico de retardo mental), e em
3% dos casos foi encontrado um QI menor que 50 (indicativo de retardo mental de
moderado a grave).
Pacientes com DMD tendem a possuir uma deficiência maior na habilidade de se
comunicar, déficits de memória a curto prazo e dificuldades em aprender a ler,
porém, não demonstram nenhuma deficiência na habilidade cognitiva visoespacial.
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FISIOPATOLOGIA

A DMD e DMB é caracterizada pela deficiência ou ausência da destrofina na


superfície da membrana da célula muscular, também chamada de sarcolema. A
ruptura do sarcolema é considerado um tipo de lesão inicial na DMD e DMB, pois há
a elevação das enzimas musculares séricas e assim, a revelação da degeneração,
anomalias como diferença de tamanho e perda das fibras no músculo, mas ainda
sem evidência de lesões nos vasos intramusculares.
Diversos tipos de alterações no gene DMD podem levar a Distrofia muscular de
Duchenne. Na maioria dos casos, ocorre a delação dentro do gene (onde um ou
mais éxons estão faltando), fazendo com que a tradução do gene não seja aplicada
e a proteína não seja produzida. Outras alterações são: Duplicações de éxons do
gene DMD, mutações de ponto onde ocorre a alteração da estrutura dos éxons e
assim, dificulta a leitura do gene DMD. Existem vários tipos de mutação de ponto,
sendo a mais comum a mutação de ponto que interfere precocemente na produção
de proteína.
Geneticamente, a diferença entre as distrofias de Duchenne e Becker é a forma que
a doença se manifesta, sendo a de Becker de uma forma mais branda. Na distrofia
muscular de Becker, ao invés da falta da destrofina, ocorre uma mutação tornando-a
defeituosa e isso faz com que a doença tenha um início tardio e progressão clínica
mais lenta.
Pacientes com distrofia muscular apresentam altos níveis de CPK no sangue (50 a
100 vezes maior que o limite superior normal). Essa anormalidade pode ser
detectada após o nascimento. Após a ocorrência dos danos no tecido muscular os
níveis de CPK podem diminuir, mas isso não representa melhoras da doença. A
quantidade de CPK comumente encontradas nos músculos aceleram a produção de
energia nas células. Quando encontramos níveis elevados de CPK no sangue
significa que os tecidos musculares sofreram algum tipo de lesão fazendo com que
ocorra um extravasamento para a corrente sanguínea. Posteriormente aos danos
causados pela distrofia muscular a enzima não será mais produzida devido a
degeneração muscular.
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Em 50% a 85% dos casos da DMD ocorre o comprometimento cardíaco, porém os


problemas cardíacos são apresentados de uma forma mais tardia que as
complicações respiratórias. Exames feitos em pessoas com distrofia muscular de
Duchenne revelam fibrose miocárdica focal, localizada especialmente do lado
esquerdo na parede ventricular. Eventualmente também pode-se associar a
taquicardia, embora tenha sido feitos exames que demonstrassem a função
miocárdica relativamente preservada. De 10% a 20% dos casos de DMD ocorre
morte cardíaca. É muito comum ocorrer complicações cardiomiopatica e/ou
complicações respiratórias pois afeta os músculos diafragmáticos e intercostais, 50%
a 90% dos pacientes morrem de insuficiência respiratória entre os 16-19 anos de
idade.

DIAGNOSTICO LABORATORIAL

Pacientes que possuem DMD ou DMB possuem altos níveis de enzimas séricas na
corrente sanguínea como CPK, aldolase e desidrogenase lática devido à
degeneração do tecido muscular. Alguns estudos sugerem que altos níveis de
triglicérides no sangue serve como um biomarcador que indicara a gravidade da
distrofia muscular. É possível fazer exames de sangue e eletroneuromiografia para
registrar a atividade elétrica dos músculos e nervos demostrando padrão miopático
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típico para DMD e DMB. Em casos de difícil diagnostico é necessário fazer uma
biopsia muscular, porém, o exame poderá ser dispensável se o exame por método
molecular comprovar a existência de deleção; o exame também será dispensado se
houver histórico familiar de herança recessiva ligada ao cromossomo X ou casos
clínicos similares.
O melhor método para o diagnóstico clínico de DMD e DMB é pesquisa de deleção
ou duplicação do gene responsável pela produção da destrofina, esse exame poderá
ser realizado através de técnicas moleculares como a análise de Southern blot ou
PCR.
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

FONSECA, J. G. et al. Distrofia muscular de Duchenne: complicações respiratórias e seu


tratamento. Revista Ciências Médicas, Campinas, São Paulo v. 16, n. 2, p. 109-120, mar/abr
2017.

SILVA, Aline Araújo da. Participação da autofagia na diferenciação de mioblastos de


músculo esquelético. Rio de Janeiro; Julho de 2012

JOSHI, Sanjeev. Duchenne Muscular Dystrophy in a Female Child. Indian Pediatrics,


Karnataka, India. 2002.

TYLER, Kenneth L.Origins and early discriptions of ‘’Duchenne Muscular Dystrophy’’.


Pubmed, Bethesda, Maryland. 2003.
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