Saúde Mental - Aula 2

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SAÚDE MENTAL -

AULA 2

Profª Enf. Saile Larissa


Assistência de enfermagem psiquiátrica
• No cenário assistencial brasileiro, após o surgimento dos serviços
abertos de saúde mental, como os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), o projeto terapêutico institucional foi reorganizado,
estabelecendo uma nova abordagem na assistência. Assim, a
Enfermagem também passou a assumir uma postura terapêutica e
crítico-reflexiva adotando uma perspectiva humanista, que valoriza o
relacionamento interpessoal e lida com técnicas grupais.

• Portanto,a Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental exige da


enfermagem, muito mais do que a atuação no atendimento clínico. Esse
campo cuida, também, da prevenção da enfermidade, a promoção da
saúde mental e o auxílio ao indivíduo no enfrentamento do sofrimento,
adversidades e pressões do cotidiano. A participação desse profissional
na assistência é observada desde a internação até no auxílio e
acompanhamento em questões relativas ao ambiente familiar.
Onde trabalha um profissional de
Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental?

• Entre os locais de atuação do profissional de


Enfermagem Psiquiátrica e Saúde Mental, estão os
Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), unidades
básicas de saúde (UBSs), ambulatórios especializados,
escolas e hospitais gerais.

É imprescindível que o enfermeiro esteja familiarizado


com a rede de suporte dos pacientes psiquiátricos.
• A equipe de Enfermagem especializada em saúde
mental realiza um trabalho voltado para um
tratamento amplo e definitivo, orientando para que,
após a alta, o paciente permaneça em um ambiente
adequado.

• Outro ponto importante é que, na Enfermagem


Psiquiátrica e Saúde Mental, o profissional oferece um
suporte orientado para todas as fases do tratamento,
até mesmo nas terapias externas e na verificação do
uso correto de medicações.
Anotações de enfermagem em Psiquiatria
• A anotação psiquiátrica é o primeiro passo para o
tratamento de um paciente com problemas psíquicos. É a
partir dela que se escolhe as melhores ações para ajudá-
lo.
• Esse tipo de anotação demanda muita atenção na hora
da sua elaboração. Apesar de ser semelhante àquela
geral, existem pontos mais importantes na avaliação
psiquiátrica.
• Identificação do paciente, quando se obtem: nome de registro, nome
social, idade, sexo e identidade de gênero, cor, naturalidade, religião,
estado civil, nível de escolaridade, ocupação e com quem o paciente
vive.

• Em seguida, tanto na anamnese psiquiátrica quanto na médica, vem


a queixa principal – que é o motivo da consulta.

• O próximo passo é traçar a história da doença atual, no qual é


descrito minuciosamente a queixa em ordem cronológica dos
acontecimentos, com os sintomas relatados.

• Na anotação geral, esses sintomas são físicos. Já na psiquiátrica,


são comportamentais e relacionados ao humor, além de anotar
alergias alimentares e medicamentosa
.
A enfermagem nas intercorrências psiquiátricas
• Ter postura profissional. O profissional deve dar suporte sem julgamentos, sendo
empático, ser um elo entre a pessoa e o sofrimento psíquico. Tentar compreender o
delírio ou a alucinação quando houver. Não se intimidar frente a atitudes impróprias,
mas orientar e gerar condutas que aliviem os sinais e sintomas que os pacientes
apresentem;

• Valorize a pessoa em sofrimento. Humanize o cuidado e as ações diante da pessoa


em sofrimento. Esclareça os procedimentos para o paciente e sua família. Utilize
técnicas da comunicação verbal e não-verbal, acolhimento e vínculo. Ser sensível e
atenciosa deve ser uma técnica e não uma prerrogativa do profissional;

• A escuta terapêutica é importante no atendimento a crise psiquiátrica. Não apoie o


ideal da pessoa e também não desaprove, ambas são ações e não deve ser
produzidas pelo profissional. O momento é de escutar, não emitir juízo moral e
compreender os significados das falas;

• Valorize o corpo da pessoa em sofrimento. Não promova a dissociação da mente e do


corpo. Cuide de forma integral e valorize as queixas do usuário ao corpo. A higiene do
corpo deve ser avaliada, excessiva ou compulsiva. Alterações sinestésicas e
compreensão do próprio corpo devem ser considerada pelo profissional na entrevista;
• Realizar o cuidado psicofarmacológico. Deve-se orientar a pessoa sobre os efeitos
benéficos da medicação e quanto a remissão dos sintomas, que os medicamentos
podem ajudá-lo. Os medicamentos podem contribuir para a qualidade de vida da
pessoa em sofrimento e para a remissão de sintomas agudos. No entanto, efeitos
adversos podem ser um problema. Muitos usuários negam a medicação por causa dos
efeitos adversos, por isso deve o processo terapêutico;

• A contenção apenas deve ser realizada, seja ela espacial, física ou farmacológica para
fins terapêuticos e sob avaliação médica com prescrição devidamente realizada. A
proteção dos locais da contenção quando esta for física é de suma importância para
que não ocorra lesões no usuário do serviço de saúde. A contenção farmacológica tem
por objetivo tranquilizar o usuário por meio da sedação leve ou lentificação/sonolência;

Lembre-se que a crise psíquica é um momento de dor e sofrimento para o usuário


do serviço de saúde. Atente-se ao acolhimento da pessoa em sofrimento e seus
familiares. O ambiente é fundamental para tranquilizar o usuário em crise.
Terapia Medicamentosa
• Durante os últimos quarenta anos, foram desenvolvidos vários
medicamentos psiquiátricos de eficácia comprovada e amplamente utilizados
pelos psiquiatras e outros médicos.

• Frequentemente, esses medicamentos são classificados de acordo com o


distúrbio para o qual foram prescritos inicialmente. Por exemplo, os
antidepressivos (p.ex., imipramina, fluoxetina e bupropiona) são utilizados no
tratamento da depressão, enquanto que os antipsicóticos (p.ex.,
clorpromazina, haloperidol e tiotixeno) são úteis no tratamento de distúrbios
psicóticos como a esquizofrenia.
• Novos medicamentos antipsicóticos (p.ex., clozapina e risperidona),
são úteis para alguns pacientes que não respondem a outros
medicamentos antipsicóticos.

• Por sua vez, os medicamentos contra a ansiedade (ansiolíticos),


como o clonazepam e o diazepam, são os indicados no tratamento
dos distúrbios da ansiedade (p.ex., síndrome do pânico e fobias). Os
estabilizadores do humor (p.ex., lítio e carbamazepina) vêm sendo
utilizados com algum êxito em pacientes com doença maníaco-
depressiva.
Eletroconvulsoterapia (ECT)
• A eletroconvulsoterapia é uma técnica de neuromodulação que consiste em
causar convulsões controladas para ajudar a restabelecer o fluxo de
neurotransmissores

• Eletrodos são fixados à cabeça do paciente e é realizada uma série de


descargas elétricas no cérebro visando induzir convulsões. Já foi claramente
demonstrado que esse procedimento é o mais eficaz para a depressão
grave. Ao contrário do que é propagado pelos meios de comunicação, a
terapia eletroconvulsivante é segura e raramente causa qualquer
complicação grave. O uso moderno de anestésicos e miorrelaxantes
(relaxantes musculares) reduziu enormemente qualquer tipo de risco para o
paciente.
Impregnação Medicamentosa
• Em pacientes com pensamentos psicóticos ou náuseas, medicamentos que
bloqueiam um dos receptores da dopamina, chamado D2, podem ser
extremamente úteis. Mas certas pessoas podem ter, também, alguns
sintomas desagradáveis ao utilizá-los. “A probabilidade de aparecimento de
efeitos colaterais desse tipo depende do medicamento, da dose e da
suscetibilidade do paciente”, adianta Paumgartten

• Sintomas
Sedação, miose, hiper ou hipotensão, taquicardia, retenção urinária,
xerostomia, ausência de sudorese. Sintomas extrapiramidais. Convulsão,
coma, falência respiratória, prolongamento do intervalo QT, arritmias,
distúrbios da temperatura.
Emergência Psiquiátrica
• Os casos de emergência de pacientes psiquiátricos são
caracterizados por quaisquer alterações nos pensamentos,
comportamentos ou sentimentos, para os quais se faz indispensável
um atendimento rápido, por representar risco significativo para o
próprio paciente ou para as outras pessoas.

Emergência – situação de risco grave – intervenções imediatas e inadiáveis


(minutos ou horas);

Urgência – situação de um risco menor – intervenções a curto prazo ( dias ou


semanas)
Principais objetivos de um atendimento de
emergência
1. Estabilização do Quadro;
1. Abordagem + Controle (verbal, medicamentoso e físico) simultaneamente – os
demais processos de atendimento vão se desenvolvendo (história, exame do
paciente)
2. Hipóteses diagnósticas;
1. Idéia do que está acontecendo: quadro orgânico, psicótico, de humor, de
ansiedade, de personalidade (hipótese provisória) – referência para a condução
do atendimento.
3. Exclusão de causa orgânica
1. Exames laboratoriais de imagem;
2. Indícios de causa orgânica: História do paciente;
3. Exame físico;
4. Exame do estado mental (consciência, atenção, sensopercepção, orientação e
memória)
4. Encaminhamento
CAPS
• Seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o
acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao
trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços
familiares e comunitários. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre
todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para
a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-
se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país.

• Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que

oferecem atendimento diário. Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e
Drogas (CAPS AD) e Infanto-juvenil (CAPSi).
É função dos CAPS:
• prestar atendimento clínico em regime de atenção diária, evitando as internações em
hospitais psiquiátricos; - acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves
e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu
território;
• promover a inserção social das pessoas com transtornos mentais por meio de ações
intersetoriais;
• regular a porta de entrada da rede de assistência em saúde mental na sua área de
atuação;
• dar suporte a atenção à saúde mental na rede básica;
• organizar a rede de atenção às pessoas com transtornos mentais nos municípios;
• articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental num determinado
território
• promover a reinserção social do indivíduo através do acesso ao trabalho, lazer,
exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.

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