Psiquiatria - Wikipédia, A Enciclopédia Livre

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Psiquiatria

De origem grega (psykhé = alma + iatreía = cura), significa 'a arte de curar a alma'.

Psiquiatria é uma das especialidades da Medicina, e basicamente é responsável pelo


diagnóstico e tratamento dos chamados Transtornos Mentais e de Comportamento, atuando
com a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação dos diferentes modos de
manifestações das doenças mentais em geral. São exemplos destas: a depressão, o transtorno
bipolar, a esquizofrenia, os transtornos de personalidade, a demência e os transtornos de
ansiedade. Os médicos especializados em psiquiatria são em geral designados por psiquiatras.

Ressonância Magnética do cérebro


humano

A avaliação psiquiátrica envolve, além de uma avaliação médica geral, o exame do estado
mental e a história clínica psiquiátrica. Testes psicológicos, neurológicos, neuropsicológicos e
exames de imagem podem ser utilizados como auxiliares na avaliação, assim como exames
físicos e laboratoriais. Os procedimentos diagnósticos são norteados a partir do campo das
psicopatologias; critérios bastante usados hoje em dia, principalmente na saúde pública, são a
CID-10, da Organização Mundial de Saúde, e o DSM-5 da American Psychiatric Association. Uma
avaliação médica geral também deve ser garantida no contexto da avaliação psiquiátrica, dada a
importante influência das condições médicas gerais no comportamento humano e no
desenvolvimento natural dos transtornos mentais.

Os medicamentos psiquiátricos, ou psicofármacos[1] são parte importante do arsenal


terapêutico, o que é único na Psiquiatria, assim como procedimentos não farmacológicos, ou
"físicos" como a eletroconvulsoterapia e Estimulação magnética transcraniana por exemplo.[2] A
psicoterapia também faz parte do arsenal terapêutico do psiquiatra, embora também possa ser
utilizada por outros profissionais de saúde mental, como psicólogos. Os serviços psiquiátricos
podem fornecer atendimento de forma ambulatorial (consultas) ou em outros regimes, como
hospital dia ou internação. Internação é indicada em casos mais selecionados, de acordo com a
gravidade do transtorno ou necessidade de um acompanhamento mais próximo da equipe de
tratamento, como por exemplo quando há risco de suicídio.[3]
A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer "arte de curar a alma".

Aparentemente, a Psiquiatria originou-se no século V a.C., enquanto que os primeiros hospitais


para doentes mentais foram criados na Idade Média. Durante o século XVIII a Psiquiatria evoluiu
como campo médico e as instituições para doentes mentais passaram a utilizar tratamentos
mais elaborados e humanos. No século XIX houve um aumento importante no número de
pacientes. No século XX houve o renascimento do entendimento biológico das doenças
mentais, introdução de classificações para os transtornos e medicamentos psiquiátricos.
Estudos científicos continuam a buscar explicações para as origens, classificação e tratamento
dos transtornos mentais.

Os transtornos mentais são descritos por suas características patológicas, ou psicopatologia,


que é um ramo descritivo destes fenômenos. Muitas doenças psiquiátricas ainda não têm cura.
Enquanto algumas têm curso breve e poucos sintomas, outras são condições crônicas que
apresentam importante impacto na qualidade de vida do paciente, necessitando de tratamento a
longo prazo ou por toda a vida. A efetividade do tratamento também varia em cada paciente.

A prática da psiquiatria

Psiquiatras são médicos especializados no cuidado da saúde mental por meio do tratamento da
doença mental,[4] através do modelo biomédico de abordagem das perturbações psíquicas,
incluindo o uso de medicamentos.[5][6][7] Os psiquiatras e os médicos assistentes podem realizar
exames físicos, solicitar e interpretar análises laboratoriais, eletroencefalograma (EEG) e
exames como Tomografia computadorizada (CT), Ressonância magnética (RM) e PET
(Tomografia por emissão de pósitrons). O profissional tem que avaliar o paciente em busca de
problemas médicos que possam ser a causa da perturbação mental.

Alguns psiquiatras especializam-se em certos grupos etários como pedopsiquiatras


(especialistas em crianças e adolescentes) e os gerontopsiquiatras (especialistas em
problemas psiquiátricos dos idosos). Muitos médicos que redigem laudo de sanidade (tanto em
casos civis quanto criminais) são psiquiatras forenses, que também se especializaram no
tratamento de criminosos e ou pacientes que apresentam periculosidade.

Áreas de estudo

Psicopatologia, ou ciência que estuda os comportamentos anormais.

Emergência Psiquiátrica ou atendimento de casos críticos como doentes em crise (psicose,


tentativa de suicídio, por exemplo).

Psiquiatria da Infância e Adolescência, que atende problemas específicos desta faixa etária
(autismo, Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade).
Psiquiatria Geral, estudo e atendimento de casos em psiquiatria em adultos (depressão
nervosa, esquizofrenia).

Psiquiatria da terceira idade, especializada no atendimento de problemas como Mal de


Alzheimer e manifestações psíquicas da Síndrome de Parkinson.

Psicoterapia.

Toxicodependência ou abuso e dependência de drogas, lícitas e ilícitas.

Psiquiatria de ligação ou Interconsulta psiquiátrica, que diz respeito ao atendimento de


sintomas psíquicos em doenças de outros sistemas, especialmente em doentes internados
em hospitais gerais (por exemplo, delírio causado por reações à anestesia ou à baixa
oxigenação em doentes cardíacos).

Psiquiatria forense.

Epidemiologia psiquiátrica, que estuda risco e prevalência de doenças na população.

Psiquiatria Comunitária.

Psiquiatria Transcultural ou estudo das diversas manifestações da doença psíquica nas


diferentes culturas.

Além destas, na formação do psiquiatra são também fundamentais conhecimentos de Medicina


interna, neurologia, radiologia, psicologia, sociologia, farmacologia e psicofarmacologia..

O tratamento em psiquiatria

Ver também: História da psiquiatria

A terapêutica psiquiátrica evoluiu muito nas últimas décadas. No passado os pacientes


psiquiátricos eram hospitalizados em Hospitais psiquiátricos por muitos meses ou mesmo por
toda a vida. Nos dias de hoje, a maioria dos pacientes é atendida em ambulatório (consultas
externas). Se a hospitalização é necessária, em geral é por poucas semanas, sendo que poucos
casos necessitam de hospitalização a longo prazo.

Pessoas com doenças mentais são denominadas pacientes (Brasil) ou utentes (Portugal) e são
encaminhadas a cuidados psiquiátricos mais comumente por demanda espontânea (doente
procura o médico por si mesmo) ou encaminhadas por outros médicos. Ocasionalmente uma
pessoa pode ser encaminhada por solicitação da equipe médica de um hospital, por internação
psiquiátrica involuntária ou por solicitação judicial.
Avaliação inicial

Qualquer que tenha sido o motivo da consulta, o psiquiatra primeiro avalia a condição física e
mental do paciente. Para tal, é realizada uma entrevista psiquiátrica para obter informação e se
necessário, outras fontes são consultadas, como familiares, profissionais de saúde, assistentes
sociais, policiais e relatórios judiciais e escalas de avaliação psiquiátricas. O exame físico é
realizado para excluir ou confirmar a existência de doenças orgânicas como tumores cerebrais,
doenças da tireoide, ou identificar sinais de auto-agressividade. O exame pode ser realizado por
outros médicos, especialmente se exame de sangue ou diagnóstico por imagem é necessário. O
exame do estado mental do doente é parte fundamental da consulta e é através dele que se
define o quadro e a capacidade do mesmo em julgar a realidade

O do tratamento requer o consentimento do paciente, embora em muitos países existam leis


que permitem o tratamento compulsório em determinados casos. Como com qualquer outro
medicamento, medicamentos psiquiátricos podem apresentar efeito colateral e necessitar de
monitoramento da droga frequente, como por exemplo, hemograma e litemia (necessária para
pacientes em uso de sal de lítio). Eletroconvulsoterapia (ECT ou terapia de eletrochoque) às
vezes pode ser administrada para condições graves que não respondem ao medicamento.
Existe muita controvérsia sobre este tratamento, apesar de evidências de sua eficácia.

Alguns estudos pilotos demonstraram que a Estimulação magnética transcraniana repetitiva


pode ser útil para várias condições psiquiátricas (como depressão nervosa, alucinações
auditivas). No entanto, o potencial da estimulação magnética transcraniana para a diagnóstica e
terapia psiquiátrica ainda não foi comprovado, por falta de estudos clínicos de longo prazo.[8]

Consultas externas ou ambulatório

Pacientes psiquiátricos podem ser seguidos em internamento ou em regime ambulatorial. Neste


último, eles vão às consultas no ambulatório, geralmente marcadas antecipadamente, com
duração de 30 a 60 minutos. Nestas consultas geralmente o psiquiatra entrevista o paciente
para atualizar sua avaliação do estado mental, revê a terapêutica e pode realizar abordagem
psicoterápica. A frequência com que o médico marca as consultas varia de acordo com a
severidade e tipo de cada doença.

Internamento psiquiátrico

Existem duas formas de internamento psiquiátrico, o voluntário e o compulsivo. Os pacientes


podem ser internados voluntariamente quando o quadro clínico o justifique e este seja aceito
pelo paciente. O internamento compulsivo terá lugar sempre que o paciente seja alvo de um
mandado e/ou processo de internamento compulsivo por reunir as condições previstas na Lei
de Saúde Mental (Lei nº 36/98 de 24 de Julho — Portugal). Os critérios para a internamento
compulsivo variam de país para país, mas em geral visam a presença de transtorno mental que
coloque em risco imediato a saúde do próprio de terceiros ou a propriedade.

Quando internados os pacientes são avaliados, monitorados e medicados por uma equipe
multidisciplinar, que inclui enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, médicos e outros
profissionais de saúde.

Sistemas diagnósticos dos transtornos psiquiátricos

A CID-10 ou Classificação Internacional de Doenças é publicado pela Organização Mundial de


Saúde e utilizado mundialmente. Nos Estados Unidos, o sistema diagnóstico padrão é o DSM IV
ou Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders revisado pela American Psychiatric
Association (Associação Americana de Psiquiatria). São sistemas compatíveis na acurácia dos
diagnósticos com exceção de certas categorias, devido a diferenças culturais nos diversos
países. A intenção tem sido criar critérios diagnósticos que são replicáveis e objetivos, embora
muitas categorias sejam amplas e muitos sintomas apareçam em diversos transtornos.
Enquanto os sistemas diagnósticos foram criados para melhorar a pesquisa em diagnóstico e
tratamento, a nomenclatura é agora largamente utilizada por clínicos, administradores e
companhias de seguro de saúde em vários países.

Por país

Brasil

A formação do psiquiatra é obrigatoriamente médica, ou seja, é necessário concluir o curso de


graduação em medicina, em geral de 6 anos de duração no Brasil. Após isso, o médico passa
pela formação específica de psiquiatria, o que geralmente envolve cerca de 3 anos; a via de
formação mais completa e tradicional consiste na "residência médica", assim como nas demais
áreas da medicina.[9]

A Associação Brasileira de Psiquiatria reconhece as seguintes subespecialidades em


psiquiatria:

Psiquiatria da infância e adolescência ou Pedopsiquiatria;

Psiquiatria forense;

Psicogeriatria, Psiquiatria da terceira idade ou Gerontopsiquiatria;

Psicoterapia;
Interconsulta em Hospital Geral ou Psiquiatria de Ligação.

Outras estão em fase de avaliação.

Ver também

Antipsiquiatria

Controvérsias envolvendo a psiquiatria

Psiquiatria biológica

Movimento antimanicomial

Neurociência

Neuropsiquiatria

Psicanálise

Listas

Personalidades ilustres em psiquiatria

Medicamentos psiquiátricos
Medicamentos psiquiátricos de acordo com a indicação

Notas e referências

1. Stahl, Stephen (2014). Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas. Rio


de Janeiro: Guanabara Koogan. pp. 1–28

2. rosa, moacyr (2014). fundamentos da eletroconvulsoterapia. Porto Alegre: artmed. p. 15

3. Botega, Neury (2017). Prática psiquiátrica no hospital geral: interconsulta e emergência.


Porto Alegre: Artmed. p. 257

4. Shorter, E. (1997). A History of Psychiatry: From the Era of the Asylum to the Age of Prozac.
New York: John Wiley & Sons, Inc. p. 326. ISBN 978-0-47-124531-5

5. Campo de atuação do psiquiatra * Transtornos Mentais Orgânicos * Estados Confusionais


agudos (Atual Delirium) * Demência (parkinson, Alzheimer e outras) * Dependência Química
(Alcoolismo, Cocaína, Crack, Maconha, etc). * Esquizofrenia, Psicoses esquizofreniformes *
Transtorno Esquizoafetivo * Depressao (leve, moderada e grave) * Transtorno Bipolar do
Humor (antiga Psicose Maniaco depressiva) * Transtornos de Ansiedade (Pânico, Fobias,
TAG=Transtorno de Ansiedade generalizada, Stress, Reação aguda e crônica ao stress,
stress pós-traumático) * TOC=Transtorno Obsessivo Compulsivo, Tiques (vocais e
motores) * Transtornos Dissociativos (Amnésia, Crises Conversivas, Afonia, Paralisia) *
Transotornos Somatoformes (Somatizaçoes) * Transtornos Alimentares (Anorexia, Bulimia,
Transtorno de Compulsão Alimentar) * Depressão e psicose pós parto * Transtornos de
personalidade (Borderline, anancástico, histriônico, esquizoide, etc) * Retardo Mental
(antiga oligofrenia), leve moderada e grave Fonte: Kaplna, Compêndio de Psiquiatria, 10a
edição, Classificação Internacional das Doenças, 10a edição. Essen-Moller, E. (1971). «On
classification of mental disorders.». Acta Psychiatrica Scandinavica. 37: 119-126.

6. Krebs, M.O. (2005). «Future contributions on genetics.». World Journal of Biological


Psychiatry. 6: 49-55

7. Hampel, H.;Teipel, S.J.; Kotter, H.U.; et al. (1997). «Structural magnetic resonance imaging
in diagnosis and research of Alzheimer's disease.». Nervenarzt. 68: 365-378.

8. Ridding MC & Rothwell, JC. (2007) "Is there a future for therapeutic use of transcranial
magnetic stimulation?" Nature Reviews Neuroscience 8: 559-567

9. Conselho de medicina, conselho (2010). «Portal Médico - Conselho Federal de Medicina» (h


ttps://portal.cfm.org.br/) . Consultado em 24 de outubro de 2020

Fontes

American Psychiatric Association (2000), Diagnostic and Statistical Manual of Mental


Disorders. 4ª edição. Text revision. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2000.
Ballone GJ, PsiqWeb, internet, disponível em www.psiqweb.med.br.
Sadock BJ, Sadock VA, eds. Kaplan & Sadock's Comprehensive Textbook of Psychiatry2000.
7ª edição. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 2000.

World Health Organization (WHO) International Classification of Diseases Online Version,


disponível em http://www.who.int/classifications/icd/en/ .

Ligações externas

Associação Brasileira de Psiquiatria (http://www.abp.org.br/)

Associação Portuguesa de Internos de Psiquiatria (http://www.apipsiquiatria.pt)

SPPSM — Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (http://www.sppsm.org/)

Bibliografia

COSTA, Adriana Cajado. Psicanálise e saúde mental: a análise do sujeito psicótico na


instituição psiquiátrica. São Luis/MA: EDUFMA, 2009 [1] (https://web.archive.org/web/201005
25103404/http://www.eufma.ufma.br/)

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