Medicina - 4 Período - Introdução Microbiologia

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AULA TEÓRICA

Disciplina: Microbiologia e Imunologia


Área do conhecimento: Introdução a microbiologia

Prof. Dr. Harleson Lopes de Mesquita

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PLANO DE ENSINO

Curso: Medicina

Data: 1º Semestre de 2024 Período: 4º

Professor: Harleson Lopes de Mesquita

Conteúdo Programático Abordado nesta videoaula:

- Introdução a microbiologia.

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Microbiologia
Derivada: mikros (pequeno), bios (vida) e logos (ciência).

Ciência que estuda a vida microscópica.

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Microbiologia

Forma, estrutura, reprodução, fisiologia e metabolismo.

Distribuição natural, relação com outros seres e o ambiente.

Efeitos benéficos e prejudiciais.


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Cronologia:
Universo: 13,8 bilhões de anos.

Terra: 4,5 bilhões de anos.

Vida: 3,8 bilhões de anos.

Mitocôndria nas células: 1,8 bilhões de anos.

Homo sapiens na África: 200 mil anos.

Extinção dos neandertais: 30 mil anos.

Extinção H. floresiensis e estabelecimento do H. sapiens como única


espécie humana: 13.000 anos.
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Classificação dos seres vivos (domínios):

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Histórico evolução da microbiologia:
Até o século XVII, o avanço da microbiologia foi prejudicado pela falta de equipamentos apropriados para
observar os microrganismos.

1665  Robert Hooke - relatou que as menores unidades vivas eram “pequenas caixas”, ou “células”.

Teoria celular:
“Todas as coisas vivas são compostas por células”.

“... a vontade do Homem de conhecer a vida que o rodeia, sobretudo aquilo que não é visível”.
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Histórico evolução da microbiologia:
1673  Antonie van Leeuwenhoek (pronúncia Livenrrouc);

Observação de “animálculos”  Água de chuva, infusões de pimenta, placa bacteriana, sangue, fezes…

Relato das descobertas à Royal Society of London.

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Histórico evolução da microbiologia:

O debate sobre a geração espontânea:

Após van Leeuwenhoek descobrir o antes “invisível” mundo dos microrganismos, a comunidade científica
da época ficou interessada na origem dessas minúsculas coisas vivas.

Segunda metade do século XIX: Geração espontânea

Carne podre → Gerava Moscas


Cheiros dos pântanos → Geravam Sapos
Roupa suja → Gerava Ratos
Intestinos → Geravam vermes

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Geração espontânea x biogênese:

1861  Louis Pasteur;


Experimento - frasco com pescoço de cisne.

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Geração espontânea x biogênese:

1861  Louis Pasteur;


Experimento - frasco com pescoço de cisne.

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Geração espontânea x biogênese:

1861  Louis Pasteur;


Experimento - frasco com pescoço de cisne.

A teoria da geração espontânea é refutada.

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Era de ouro da microbiologia:

Séculos 19/20:
(1857-1914)

Avanços rápidos - estabelecimento da Microbiologia como


ciência

Louis Pasteur (1822 – 1895 ) Robert Koch (1843 – 1910)

Demonstrou que a vida não surge espontaneamente de matéria Estabeleceu as etapas experimentais para relacionar
não viva diretamente um micróbio a uma doença específica.
Microbiologia como ciência:

Agentes de muitas doenças, o papel da imunidade na prevenção e na cura das doenças;

Atividades químicas de microrganismos;

Aperfeiçoamento das técnicas de microscopia;

Cultivo de micro-organismos;

Desenvolvimento de vacinas.

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Fermentação e Pasteurização:

Grupo de mercadores franceses pediu a


Pasteur que descobrisse porque o vinho e
a cerveja azedavam.

Desenvolver um método que impedisse a


deterioração dessas bebidas.

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Fermentação e Pasteurização:

Microrganismos chamados de leveduras


convertiam os açúcares em álcool → fermentação

O azedamento e a deterioração são causados por


microrganismos diferentes.

As bactérias transformam o álcool da bebida em


vinagre (ácido acético).

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Fermentação e Pasteurização:

A solução de Pasteur para o problema da deterioração foi o


aquecimento da cerveja e do vinho o suficiente para matar a
maioria das bactérias que causavam o estrago

Pasteurização.

Demonstração da relação entre a deterioração de alimentos e os


microrganismos foi a etapa mais importante para o
estabelecimento da relação entre doenças e os
microrganismos.

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Teoria do germe e doença:

Fermentação/Leveduras → alertou os cientistas para a possibilidade de que os


microrganismos pudessem ter relações similares com plantas e animais –
especificamente, que pudessem causar doenças.

Teoria do germe e doença.

Teoria do germe era um conceito difícil de aceitar!!!


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Teoria do germe e doença:

1860  Joseph Lister - aplicou a teoria do germe nos


procedimentos médicos.

Utilização de fenol como efetivo agente antisséptico


para reduzir mortes por infecções pós-operatórias.

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Teoria do germe e doença:

1840  Ignaz Semmelweis – já tinha demonstrado que


médicos que não faziam anti-sepsia das mãos
transmitiam infecções de uma paciente para outra.

Incidência de febre puerperal diminuiu de 12% para 1,2%


após a prática da antissepsia das mãos.

“Salvador das mães“ – Hospital Geral de Viena.

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Teoria do germe e doença:

1876  Robert Koch - Primeira prova de que as


bactérias realmente causam doenças.

Descobriu a causa do Carbúnculo ou antraz -


doença que estava destruindo os rebanhos de gado
e ovelhas na Europa.

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Teoria do germe e doença:

Bactéria em forma de bastonete - Bacillus anthracis, no sangue do gado que morreu de antraz.

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Postulados de Koch:

Sequência de passos experimentais para correlacionar diretamente um


microrganimo específico a uma doença específica.

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Postulados de Koch:

Postulados de Koch:

Aspectos teóricos Aspectos experimentais

Postulado 1.
Ferramentas laboratoriais:
O patógeno suspeito deve Microscopia (coloração).
estar presente em todos os
casos da doença e ausente
em animais saudáveis.
Postulados de Koch:

Postulados de Koch:

Aspectos teóricos Aspectos experimentais

Postulado 2.
Ferramentas laboratoriais:
O patógeno suspeito deve Culturas.
crescer em cultura pura.
Postulados de Koch:

Postulados de Koch:

Aspectos teóricos Aspectos experimentais

Postulado 3.
Modelos experimentais.
Células de uma cultura
pura do patógeno suspeito
devem causar doença em
animal saudável.
Postulados de Koch:

Postulados de Koch:

Aspectos teóricos Aspectos experimentais

Postulado 4.
Ferramentas laboratoriais:
O patógeno suspeito deve Culturas.
ser isolado novamente e .
mostrar as mesmas
características que o
original.
Exceções ao postulado de Koch:

1) Nem todos os microrganismos crescem em meios de cultura:

Treponema pallidum: sífilis.

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Exceções ao postulado de Koch:

2) Um conjunto de sinais e sintomas podem ser os mesmos em várias doenças:

Nefrite (inflamação dos rins) - causada por vários patógenos diferentes, sendo que todos geram os
mesmos sinais e sintomas.

Qual microrganismo está causando a doença???

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Exceções ao postulado de Koch:

3) Um microrganismo pode causar várias doenças:

Mycobacterium tuberculosis: Doenças dos pulmões, da pele, dos ossos e dos órgãos internos.

Streptococcus pyogenes: Dores de garganta, febre escarlatina, infecções de pele (como as erisipelas) e
osteomielite (inflamação nos ossos).

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Microrganismos causam doenças:

Como controlar infecções?

Paul Ehrlich - revolução da quimioterapia.


Ehrlich especulou sobre uma “bala mágica” que pudesse combater e destruir o patógeno sem prejudicar o
hospedeiro.

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Microrganismos causam doenças:

Como controlar infecções?

1910: testar centenas de substâncias e descobriu um agente quimioterápico chamado de salvarsan, um


derivado de arsênico, efetivo contra a sífilis.

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Descoberta dos antibióticos (Alexander Fleming – 1928):
Observação de colônias de fungos contaminando placas com culturas de Staphylococcus aureus.

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Primeiro antibiótico descoberto:

Penicilina → foi muito importante durante a primeira grande guerra, já que as infecções nas feridas
matavam muito mais que as balas.

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Antimicrobianos:

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Evolução na microbiologia:

Com o avanço das tecnologias moleculares foi possível uma melhor compreensão das relações dos
microrganismos entre si, com o ambiente e outros seres vivos mais complexos.

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Classificação dos seres vivos:

Reino Componentes Critérios de classificação

Procariontes ;
Monera Bactérias e cianobactérias Heterótrofos ou autótrofos;

Eucariontes;
Protista Algas e protozoários Heterótrofos ou autótrofos;
Unicelulares ou pluricelulares sem tecidos organizados;
Eucariontes;
Heterótrofos;
Fungi Fungos Unicelulares ou pluricelulares sem tecidos organizados;
Nutrição por absorção de nutrientes obtidos da M.O. (por eles
decomposta) ou de seres vivos;
Briófitas; Eucariontes;
Vegetal (Plantae) Pteridófitas; Autótrofos;
Gimnospermas; Pluricelulares com tecidos organizados.
Angiospermas.
Eucariontes;
Animal (Animalia) Poríferos até cordados Heterótrofos;
Pluricelulares com tecidos organizados.
Penicilinas:
Características dos Microrganismos:

Características Vírus Bactérias Fungos

Células Não Sim Sim

Diâmetro µm 0,02-0,2 1-5 3-10

Ácido nucleico DNA ou RNA DNA e RNA DNA e RNA

Ribossomas Ausente 70S 80S

Mitocôndria Ausente Ausente Presente

Tipo de núcleo Nenhum Procariótico Eucariótico

Superfície externa Capsídeo proteíco e Envelope lipoprotéico Parede contendo peptideoglicano Parede contendo Quitina

Mobilidade Nenhuma Alguma Nenhuma

Replicação Divisão ausente Fissão binária Brotamento ou Mitose


Bactérias:

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Vírus:

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Fungos – eucariotos:

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Taxonomia bacteriana:

NOMENCLATURA
CLASSIFICAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO
Classificação bacteriana:

Agrupar de bactérias com características comuns.

Sistema natural  sequências de macromoléculas ou genes.

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Classificação bacteriana:

Agrupar de bactérias com características comuns.

Sistema artificial  características fenotípicas (morfologia e fisiologia).

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Classificação bacteriana:

Não há definição universal de espécie.

Espécie bacteriana:

Grupo de bactérias que compartilham conjunto de características fenotípicas e


história evolutiva comum.

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Nomenclatura bacteriana:

Regulamentada  Código Internacional para a nomenclatura de procariotos.

Sistema binomial (Carl von Linné).

Nome latim em 2 partes: gênero e nome específico para espécie.

Escherichia coli ou Escherichia coli (E. coli).

Nome homenageia Theodor Escherich,


coli: lembra que habita o cólon humano ou intestino grosso.

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Nomenclatura bacteriana:
Raiz para o nome pode ser qualquer língua / terminação em latim.

A primeira letra do nome do gênero apenas é maiúscula.

O resto deve ser escrito em itálico ou sublinhado.

Staphylococcus aureus ou Staphylococcus aureus (Staphylococcus sp; Staphylococcus spp).

Staphyle (cachos de uva) + coccus (forma esférica)


aureus (cor de ouro).

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Variedades dentro de uma espécie:

Biotipos  Comportamento bioquímico diferente na mesma espécie.

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Variedades dentro de uma espécie:

Fagotipo  Receptores para bacteriófagos.

49
Variedades dentro de uma espécie:

Sorotipos:
Diferentes linhagens de um patógeno distinguidas pelos
diferentes anticorpos que eles induzem no hospedeiro,
ou com os quais reagem in vitro.

Sorogrupos:
Quando há antígenos iguais em diferentes sorotipos
estes podem ser agrupados e denominados como
"sorogrupo".

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Variedades dentro de uma espécie:

Variação de fase antigênica:

Antígenos capsulares K e flagelares H estão sob controle


genético do micro-organismo e podem ser expressos
alternadamente (variação de fase).

Isto protege a bactéria da morte mediada pelo anticorpo.

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Variedades dentro de uma espécie:

Patotipo  Propriedades patogênicas diferentes.

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Célula eucariota X procariota:

Característica
Penicilinas:
Célula procariota Célula eucariota

Tamanho Pequeno ( 1 – 10 µm) Variável

Genoma DNA com proteína não histônica; DNA complexado com histonas e proteínas não histônicas.

genoma no nucleóide (cromossomo único, Mais de 1 cromossomo (linear).


nuclear);
Envolvidos em membranas
Não envolto por membrana.

Ribossomos 70S, distribuídos no citoplasma 80S, ligados a membranas

Divisão celular Fusão ou brotamento. Mitose com fuso mitótico.


Sem aparelho mitótico.

Organelas envolvidas por


membranas Ausente. Presente
(Mitocôndrias, cloroplastos, RE,
complexo de Golgi, lisossomos)
Célula eucariota X procariota:

Característica Penicilinas:
Célula procariota Célula eucariota

Absorção Absorção
Nutrição Ingestão Fotossíntese Ingestão
Fotossíntese
Sem mitocôndrias. Enzimas oxidativas nas mitocôndrias.

Metabolismo Enzimas oxidativas ligadas à membrana Metabolismo oxidativo.


plasmática.

Variação no padrão metabólico.


Complexo.
Citoesqueleto Nenhum. Microtúbulos, filamentos de actina.

Peptideoglicano Presente Ausente

Membrana citoplasmática Sem esteróides Com esteróides

Movimentação intracelular. Nenhuma. Corrente citoplasmática.


Endocitose, fagocitose, mitose.
Referências bibliográficas:

HENRY, J. B. Diagnóstico clínico e tratamento por métodos laboratoriais. 20ª ed. Saunders, 2008.

KONEMAN E. W. et al. Diagnóstico microbiologico. 6ª ed. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro,
2008.

MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; PFALLER, M. A. Microbiologia Médica. 6ª ed. Rio de Janeiro.
Elsevier, 2011.

OPLUSTIL, C. P. et al. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica. 4ª ed. Rio de Janeiro.


Sarvier, 2019.

STRASINGER, S.K. & DI LORENZO, M.S. Urinálise e fluidos corporais. 5ª ed. Livraria Médica
Paulista Editora, 2009.

VERONESI, R. & FOCACCIA R. Tratado de infectologia. 6ª ed. Editora Atheneu, 2020.


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OBRIGADO !!!

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