História Dos Microorganismos

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 7

Colégio Dom Macário Schmitt

Beatriz de Oliveira Mandu – n°01

Capitulo 1 – Definição das doenças e dos antibióticos

Até o século XVII as causas para as principais doenças disseminadas na


época (infecções) eram desconhecidas e os tratamentos eficazes foram
descobertos por tentativa e erro. Houve um árduo percurso para que os
cientistas atrelassem a causa das infecções aos microrganismos (bactérias,
fungos, protozoários) e aos vírus. No entanto, para compreender essa relação
é necessário, primeiramente, saber como esses microrganismos foram
descobertos.

Em 1665, Robert Hooke deu início a teoria celular (todas as coisas vivas
são compostas por células). Ao observar uma fina fatia de cortiça (tecido
vegetal morto) por um microscópio rudimentar ele percebeu que esse tecido
vegetal era formado por numerosas e “pequenas caixas” ou “células”, do latim
“cellula”, diminutivo para “cella” (lugar fechado ou pequeno cômodo).

No entanto o microscópio de Hooke era capaz de mostrar apenas


células grandes, não possuía resolução suficiente que lhe permitisse ver
claramente os microrganismos. Esses seres só foram descobertos pelo
comerciante holandês e cientista amador Anton van Leeuwenhoek que, através
das lentes dos mais de 400 microscópios que ele construiu, observou micróbios
encontrados na água da chuva, nas fezes e em material de raspado de dentes.
E entre 1673 e 1723, ele escreveu sobre esses organismos os quais nomeou
como: “animálculos”, do latim “animalculum” (minúsculo animal) e ilustrou-os.
Mais tarde esses desenhos foram identificados como representações de
bactérias e protozoários.

Após Leeuwenhoek ter feito essa descoberta os cientistas começaram a


utilizar a origem desses microrganismos para reafirmar uma teoria já difundida
há muito tempo: a abiogênese.
“Aristóteles, há mais de dois mil anos, supunha a existência de um ‘princípio
ativo’ dentro da matéria inanimada. ” (RODRIGUES, LOPES, MOZELLI,
pag.11, 2019)

A teoria da geração espontânea, também conhecida como abiogênese,


dizia que organismos vivos (bióticos) surgem a partir de materiais inorgânicos
(abióticos). TORTORA, FUNKE, CASE, pag.6, 2017 afirmam que: “as pessoas
comumente acreditavam que sapos, cobras e ratos poderiam se originar do
solo úmido; que as moscas poderiam surgir a partir de estrume; e que as larvas
(que hoje sabemos que são larvas de moscas) poderiam se originar de
cadáveres em decomposição.

O primeiro cientista a refutar essa teoria foi o médico e naturalista


florentino Francesco Redi que em 1668 realizou trabalhos a fim de comprovar
que as larvas de moscas não eram geradas espontaneamente. O médico
colocou um pedaço de carne em um frasco e o tampou, observando a ausência
de larvas no recipiente. “Ainda assim, os antagonistas de Redi não se
convenceram; eles argumentavam que o ar fresco era necessário para ocorrer
a geração espontânea. ” (TORTORA, FUNKE, CASE, pag.6, 2017). Portanto o
cientista realizou o experimento uma segunda vez colocando, ao invés de uma
tampa, gazes para cobrir o pote, então os germes foram observados apenas no
exterior das gazes.

“Os resultados de Redi representaram um forte golpe no antigo conceito


de que as formas grandes de vida poderiam surgir de formas não vivas.
Contudo, muitos cientistas ainda acreditavam que organismos pequenos, como
os “animáculos” de van Leeuwenhoek, eram simples o bastante para serem
gerados a partir de materiais não vivos. ” (TORTORA, FUNKE, CASE, pag.6,
2017).

Em 1745, John Needham reafirmando a abiogênese no mundo


microscópico, colocou caldo de galinha e de milho em recipientes, tampou-os e
os aqueceu, no entanto, em pouco tempo as soluções resfriadas ficaram
repletas de microrganismos. Lazzaro Spallanzani, em 1768, realizou o mesmo
experimento de Needham, no entanto, ferveu os frascos fechados durante uma
hora (tempo suficiente para matar todos os microrganismos presentes nas
soluções) e após examina-los, não encontrou qualquer sinal de vida. Porém,
Neddham afirmou que ao aquecer os recipientes em altas temperaturas,
Spallanzani teria enfraquecido o “princípio ativo” da matéria, responsável pela
geração espontânea.

Em 1858, Rudolf Virchow desenvolveu o conceito de biogênese,


hipnotizando que células vivas só poderiam surgir de células vivas
preexistentes, contudo, como ele não apresentou evidencias cientificas que
comprovassem esse fato, os argumentos sobre a abiogênese continuaram até
1861, quando o biólogo francês Louis Pasteur refutou de fato essa teoria no
mundo microscópio. Ele despejou caldo de carne bovina em um frasco de
pescoço cumprido, em seguida curvou o pescoço do frasco em formato de S
então ferveu o caldo por vários minutos até matar os microrganismos e depois
de resfriado eles não foram vistos na solução, porém após quebrar o gargalo,
aparecerem no caldo.

Como afirmara TORTORA, FUNKE, CASE, pag.7, 2017, com esse


experimento concluiu-se que os microrganismos podem estar presentes na
matéria não viva – sobre sólidos, em líquidos e no ar, porém essa matéria, por
si só, não origina micróbios.

No entanto, apesar de já terem sidos descobertos e após essa longa


linha de pesquisas e refutação quanto a sua origem, os microrganismos ainda
não eram associados a causa de doenças. A primeira etapa que deu início para
que essa relação ocorresse foi quando Pasteur, a pedido de um grupo de
mercadores franceses, descobriu que o vinho e a cerveja azedavam por que
leveduras, na ausência do ar, convertiam açucares em álcool, assim como
determinadas bactérias transformam o álcool em vinagre na presença do ar
(fermentação).

“A descoberta de que as leveduras têm um papel fundamental na


fermentação foi a primeira ligação entre a atividade de um microrganismo e as
mudanças físicas e químicas nas matérias orgânicas. ” (TORTORA, FUNKE,
CASE, pag.9, 2017)
Porém, apenas em 1876, Robert Koch, um médico alemão, conseguiu
relacionar de fato os microrganismos a causa de milhares de doenças. Essa
ideia ficou conhecida como teoria do germe da doença.

Em uma corrida contra Pasteur na descoberta para a causa do antraz,


doença que estava destruindo os rebanhos de gado e ovelhas na Europa, Koch
estudando o sangue de um rebanho que havia morrido dessa doença,
percebeu a existência de uma bactéria em forma de bacilo (atualmente
conhecida como: Bacillus anthracis), ele isolou essa bactéria e a injetou em um
rebanho saudável. Quando esses animais adoeceram e morreram, ele isolou a
bactéria presente no sangue e comparando-a com a bactéria originalmente
isolada, descobriu que eram a mesma.

Essa descoberta mudou o rumo da história. Até o ano de 1876 as


pessoas acreditavam que as doenças eram causadas por demônios. De acordo
com TORTORA, FUNKE, CASE, pag.9, 2017: “acreditava-se que as doenças
eram punições para um crime ou delito de um indivíduo. Quando os habitantes
de toda uma aldeia ficavam doentes, as pessoas frequentemente colocavam a
culpa da doença em demônios que apareciam como odores fétidos de esgotos
ou nos vapores venenosos dos pântanos. ”

Após a relação entre os microrganismos e as doenças, os médicos


microbiologistas passaram a buscar medicamentos que pudessem ser usados
contra esses micróbios sem causar nenhum mal à pessoa ou ao animal
infectado. Dentre esses estavam os antibióticos: “Substâncias químicas
produzidas naturalmente por bactérias e fungos para atuar contra outros
microrganismos” (TORTORA, FUNKE, CASE, pag.9, 2017). Esses antibióticos
também podem ser produzidos artificialmente a partir do “princípio ativo”
presente nesses fungos e bactérias.

O primeiro antibiótico foi descoberto por Alexander Fleming por volta de


1928 enquanto realizava estudos com a bactéria Staphylococcus aureus,
responsável por provocar infecções em feridas de soldados. Um dia saiu de
férias, deixando as culturas de bactérias em seu laboratório sem tomar um
devido cuidado. Ao retornar viu que havia a presença de fungo nas placas e
antes que pudesse descarta-las, analisou-as e percebeu que ao redor desse
fungo não havia a presença da bactéria Staphylococcus aureus.

O médico como um bom bacteriologista, isolou esse fungo a fim de


estuda-lo mais a fundo e descobriu que era o Penicillium notatum, produzia
uma substancia capaz de matar bactérias, a qual nomeou como: penicilina.

De acordo com artigo realizado por BELLOSSO, 2009: Fleming afirmava


que muitos cientistas já haviam identificado a presença de fungos em seus
estudos sobre as bactérias, no entanto não deram a devida atenção a esse
fenômeno.

Em virtude da falta de tecnologias que garantissem o aprofundamento


sobre essa substancia, os estudos sobre a penicilina só continuaram em 1940.
Os cientistas Howard Florey e Ernst Chain da Universidade de Oxford, isolaram
a substancia e começaram a estuda-la e administra-la em animais,
posteriormente os testes começaram em humanos com infecções
devastadoras e os resultados foram impressionantes, muitos cientistas
passaram a estudar essa substancia e usa-las no tratamento de infecções, no
entanto apesar de ter tido ótimos resultados no tratamento de muitas doenças
infecciosas, esperava-se uma política que garantisse sua produção em massa,
para que estivesse a disposição de quem precisasse. Era preciso uma iniciativa
do governo britânico, mas essa não veio.

No dia 28 de novembro de 1942 aconteceu um evento na boate


Cocoanut Grove em Boston que contou com cerca de mil pessoas, sendo a
maior parte dos participantes, soldados que estavam de alguns dias de licença
da Segunda Guerra Mundial, foi nessa ocasião que um fosforo causou um
incêndio no local resultando em 450 mortos, esse foi uma das principais
tragédias da história americana.

As vítimas resgatadas foram enviadas para os dois hospitais mais


importantes da cidade e mais de dois terços das vítimas que sobreviveram nas
primeiras 24 horas e tiveram uma boa evolução (uma taxa de sucesso nunca
antes alcançada em casos de incêndios), obtiveram como tratamento a
combinação: uso da sulfadiazina, substancia que permitia controlar infecções
precoces por estreptococos, uso de plasma, que permitiu a reposição de fluidos
importantes perdidos pelos pacientes queimados e o uso da penicilina para o
tratamento de infecções cutâneas causadas pela bactéria Staphylococcus
aureus às vítimas de incêndio.

Após esse incêndio o governo dos EUA e algumas empresas


farmacêuticas passaram a ajudar Florey e seus colegas na produção em
massa de penicilina e no ano de 1944, essa substancia já estava disponível
para o público geral, sendo que seu crescimento foi acompanhado por uma
extensa propaganda: era apresentado como um verdadeiro milagre: agia contra
muitas doenças bacterianas.

Você também pode gostar