Gestao de Governacao Participativa

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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Políticas


Curso de Licenciatura em ……
Gestão de Governação Participativa

Análise do Processo de Transferência do Fundo de Compensação Autárquica para o


Conselho Autárquico de Quelimane (2018-2020) como política Pública.

Nome do Estudante

Quelimane, Julho de 2021


Análise do Processo de Transferência do Fundo de Compensação Autárquica para o
Conselho Autárquico de Quelimane (2018-2020) como política Pública.

Projecto a ser submetido na Faculdade de


Ciências Sociais e Políticas (FCSP) da
Universidade Católica de Moçambique (UCM) -
Quelimane como requisito parcial para aprovação
da cadeira de Gestão de Governação participativa.

Docente:

Quelimane, Julho de 2021


Índice

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1

1.1.Introdução ............................................................................................................................. 1

1.3.Objectivos ............................................................................................................................. 3

1.3.1.Objectivo Geral.................................................................................................................. 3

1.3.2.Objectivos Específicos ...................................................................................................... 3

1.4.Justificativa ........................................................................................................................... 3

1.6.Perguntas de Pesquisa ........................................................................................................... 4

1.7.Delimitação Temporal, Espacial e Temática do Estudo ....................................................... 5

2.1. Quadro Conceptual .............................................................................................................. 6

2.1.1. Processo ............................................................................................................................ 6

2.1.2 Município .......................................................................................................................... 6

2.1.3. Autarquias Locais ............................................................................................................. 6

2.1.4. Fundo de Compensação Autárquica ................................................................................. 7

2.2. Teoria de Suporte................................................................................................................. 7

2.2.1. Teoria Funcionalista ......................................................................................................... 8

2.2.2. Teoria Institucional ........................................................................................................... 8

2.2.3. Teoria Contingencial ........................................................................................................ 8

2.3. Literatura Empírica ............................................................................................................ 10

2.3.1. Experiência de Estudos Sobre Fundos Públicos – Fundo de Compensação Autárquica


também designado por Fundo de Participação dos Municípios ............................................... 10

2.3.2. Literatura Focalizada ...................................................................................................... 11

2.3.3. Enquadramento Legal ..................................................................................................... 12

2.3.4. Organização do Poder Político a nível Central ............................................................... 12

2.3.4.1. O Poder Provincial....................................................................................................... 13

2.3.4.2. Organização e Funcionamento do Poder Político a Nível Local ................................. 13

2.3.4.3. Poder Local .................................................................................................................. 14


i
2.3.4.4. Estrutura Orgânica do CANP ...................................................................................... 14

CAPÍTULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 15

3.1. Definição de Metodologia ................................................................................................. 15

3.1.Tipo de Pesquisa ................................................................................................................. 15

3.1.1. Quanto ao Método de Abordagem ................................................................................. 15

3.1.2. Quanto ao Método de Procedimento .............................................................................. 16

3.1.3. Quanto aos Objectivos .................................................................................................... 16

3.1.4. Quanto aos Procedimentos Técnicos .............................................................................. 16

3.3. Universo ............................................................................................................................ 17

3.3.1. Amostra .......................................................................................................................... 17

3.4. Técnicas de Recolha de Dados .......................................................................................... 17

3.4.1. Pesquisa Documental...................................................................................................... 18

3.4.2. Entrevista ........................................................................................................................ 18

3.4.3. Pesquisa Bibliográfica .................................................................................................... 18

3.5. Técnicas de Análise e Interpretação de Dados .................................................................. 19

3.6. Limitações ......................................................................................................................... 19

3.7. Questões Éticas .................................................................................................................. 19

3.8. CRONOGRAMA .............................................................................................................. 20

3.9. ORÇAMENTAÇÃO ........................................................................................................ 20

ii
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

O projecto de pesquisa aborda sobre “Análise do Processo de Transferência do Fundo de


Compensação Autárquica para o Conselho Autárquico de Quelimane (2018-2020)” como
politica publica. Neste contexto a pesquia objectiva analisar o Processo de Transferência do
Fundo de Compensação Autárquica para o Conselho Autárquico de Quelimane como uma
politica publica.

Contudo constatou-se que o processo de autarcização em Moçambique teve o seu início


no ano de 1994, tida como a base territorial semi-autónom, foi através da Lei no 2/97 de 18 de
Fevereiro, que foram criados os municípios e o país esperava uma melhoria na actuação dos
processos de gestão pública e da participação de todos actores na vida das autarquias.

O Fundo de Compensação Autárquica (FCA) foi criado através da Lei n.º 1/2008, de
16 de Janeiro e visa dotar os municípios com mais recursos de modo a promover o bem-estar
de todos os cidadãos e o desenvolvimento dos mesmos. A questão da transferência do Fundo
de Compensação Autárquica para os municípios tem sido bastante controversa e encontra
espaço de debate sobretudo das organizações da Sociedade Civil.

Esse dilema, traz consigo várias interpretações sobre as reais causas que estão por
detrás da morosidade e/ou falta da transferência do fundo para as autarquias, sendo que uma
delas é a de que morosidade e/ou falta da transferência do FCA para o município de
Quelimane, deve-se ao facto do mesmo ser gerido por um partido tido como da oposição.

No entanto, é importante sublinhar, que a crise económica pode ser tida como a causa
fundamental das transferências tardias do FCA e isso faz com que o município não cumpra de
forma rigorosa os seus compromissos com os vários actores, sobretudo os funcionários, bem
como na materialização do plano económico e social do mesmo uma vez que parte desse
fundo é destinado a pagamento de salários.

O projecto encontra-se estruturado da seguinte forma: O primeiro capítulo é referente


a introdução, problematização, objectivos (geral e específicos), justificativa, relevância,
questões de pesquisa e delimitação do estudo; o segundo capítulo, apresenta a revisão
bibliográfica que, abrange a revisão teórica, empírica e focalizada; e o terceiro capítulo,
reservado a metodologia de investigação que será adoptada.

1.2. Problematização

O n.o 3. do artigo 44 da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, conjugado com o n.o 1 do


artigo 42 da Lei n.o 11/97 de 31 de Maio, prescrevem que compete aos Ministros que tutelam
as autarquias assegurar a correcta aplicação dos critérios de distribuição, bem como garantir a
regularidade da efectivação das transferências, para as autarquias locais, das importâncias que
a cada uma delas caibam na dotação do fundo.

Entretanto, o processo de transferência do fundo de compensação autárquica para o


município de Quelimane não ocorre dentro dos limites temporais estabelecidos por lei e em
algumas vezes o mesmo não é transferido, pondo em causa, por um lado, a lei orçamental e
por outro lado o artigo 11 do Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro que versa sobre o
princípio da celeridade do procedimento administrativo e estabelece que “o procedimento
administrativo deve ser célere, de modo a assegurar a economia e a eficácia das decisões”.

Ainda sobre o princípio da celeridade, Macie (2015, p. 33) defende que:

O princípio da celeridade impõe, em primeiro lugar, aos órgãos e agentes da


Administração o dever de decidir dentro dos prazos legalmente
estabelecidos, nomeadamente, dentro de vinte e cinco dias, salvo disposição
legal especial (no 2 do artigo 108 da LPA). Em segundo lugar, a celeridade
impõe o dever de, os órgãos e agentes da Administração, providenciar pelo
rápido e eficaz andamento do procedimento, recusando e evitando tudo o que
não for pertinente e dilatório, ordenando e promovendo tudo o que for
necessário ao seguimento do procedimento e à justa e oportuna decisão.

Tendo em conta que esse fundo visa garantir o funcionamento e desenvolvimento da


autarquia, a sua demora ou não transferência põe em causa a materialização de vários
instrumentos, desde os salários, o Plano Quinquenal do Governo municipal e os seus vários
programas de desenvolvimento, como é o caso do Programa Estratégico para a Redução da
Pobreza Urbana (PERPU) que se concretiza na alocação de recursos financeiros a entes locais
cujo objectivo é de desenvolver a vida da população que habita na zona de jurisdição
autárquica.

2
Assim, para responder os aspectos acima apresentados, levanta-se a seguinte questão: De que
forma é feito o Processo de Transferência do Fundo de Compensação Autárquica para o
Conselho Autárquico de Quelimane?

1.3. Objectivos

1.3.1. Objectivo Geral

 Analisar o processo de transferência do Fundo de Compensação Autárquica para o


Conselho Autárquico de Quelimane.

1.3.2. Objectivos Específicos

 Identificar como é feito o processo de transferência do Fundo de Compensação


Autárquica para o Conselho Autárquico de Quelimane;

 Descrever como é feito o processo de transferência do Fundo de Compensação


Autárquica para o Conselho Autárquico de Quelimane;

 Perceber se existe cumprimento na transferência do FCA nos limites estabelecidos por


lei;

 Conhecer os efeitos da transferência tardia e/ou da não transferência do FCA do


tesouro central para o Conselho Autárquico de Quelimane.

1.4. Justificativa

O interesse em produzir o presente estudo prende-se pelo facto de se constatar


reiterados pronunciamentos sobre a morosidade e/ou falta de transferência do FCA para o
Conselho Autárquico de Quelimane por parte do Presidente do Conselho Autárquico.

A municipalização ou a focalização dos municípios como agente de desenvolvimento


faz com que os responsáveis locais tenham que lidar com uma série de questões, de integração
social, desenvolvimento económico, problemas ambientais, entre muitos outros. Isto leva a
que seja cada vez maior o número de autarquias para as quais o essencial da sua atuação não
se deve limitar à provisão de equipamentos e infraestruturas básicas, mas a uma série de
decisões mais complexas relacionadas com a prestação de serviços. Os municípios têm grande
responsabilidade no que concerne a prestação de serviços públicos.

3
E estes serviços e as tarefas devem estar e ser realizadas o mais próximo dos cidadãos.
Nesse sentido, os municípios vão constantemente enfrentando desafios relacionados com a
melhor forma de prestar esses serviços, tendo a responsabilidade de coordenar atividades
diversas em benefício dos munícipes, mesmo que para isso tenham que enfrentar adversidades
que vão desde a fraca capacidade de coleta de receitas, a falta de especialização dos seus
recursos humanos ou retenção de quadros capazes em funções-chave, como é o caso dos
municípios moçambicanos.

No entanto tornou-se oportuno desenvolver esta pesquisa pelo facto do pesquisador


verificar diversos problemas ligados a transferência do FCA para Cidade de Quelimane, onde
o município carece desses recursos para o cumprimento ou execução do seu plano económico
e social e das suas necessidades, necessidades essas que constituem motivação relevante para
a prossecução do estudo.

1.5. Relevância do Estudo

Na perspectiva académica, o estudo encontra a sua razão na forte necessidade de


realização de estudos ligados a esta problemática realidade, o que irá contribuir para uma
análise real sobre a transferência do FCA rumo ao desenvolvimento da autarquia. Deste
modo, a pesquisa pretende preencher um vazio existente na área em estudo e abrir espaço para
críticas, como também para futuros estudos em outros municípios do país e quiçá estudos
comparativos de transferência do FCA para os municípios.

No âmbito social, o mesmo justifica-se pelo facto do estudo em debate constituir uma
reflexão em torno da transferência do FCA, fundo esse que permite a autarquia garantir a
prestação de serviço público que levará a autarquia ao desenvolvimento. Não obstante ao
exposto no parágrafo anterior, é importante dizer que, com esta temática, o mesmo é relevante
na medida em que pretende-se perceber a existência ou não da violação dos dispositivos
legais (a lei orçamental e por outro lado o artigo 11 do Decreto n.º 30/2001, de 15 de Outubro)
que constituem deveres e obrigações da Administração (Governo) em transferir o FCA e
direito dos municípios em receber.

1.6. Perguntas de Pesquisa

 Como é feito o processo de transferência do Fundo de Compensação Autárquica para


o Conselho Autárquico de Quelimane?

4
 Qual é o grau de cumprimento de transferência do FCA nos limites estabelecidos por
lei?

 Quais são os efeitos da transferência tardia e/ou da não transferência do FCA do


tesouro central para o Conselho Autárquico de Quelimane?

1.7. Delimitação Temporal, Espacial e Temática do Estudo

Segundo Marconi & Lakatos (2012, p. 108) “delimitar um tema consiste em explicar
que pessoas ou coisas, fenómenos serão pesquisados, enumerando suas características
comuns”. No que toca a delimitação temporal, o presente estudo compreenderá o período de
2018-2020. Quanto a delimitação espacial, o mesmo incidirá sobre “O Processo de
Transferência do Fundo de Compensação Autárquica para Conselho Autárquico de
Quelimane”.

Por fim, no que toca a delimitação temática, o estudo tem relação com as cadeiras de
Administração Autárquica, Direito Administrativo, Administração Pública e Reforma do
Sector Público.

5
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Quadro Conceptual

2.1.1. Processo

Na visão de Megginson, Mosley & Pietri (1998) processo é sistema interligado as


funções de qualquer operação numa organização, sejam elas com fins lucrativos e não fins
lucrativos. Entretanto, Stoner e Freeman (1994) definem processo como sendo “um modo
sistemático de fazer as coisas (p. 5)”.

Deste modo, todas as definições têm relação com o presente estudo, contudo, a
definição que mais se adequa ao mesmo é a do Stoner e Freeman (1994) quando afirmam que,
o processo é o modo sistemático de fazer as coisas.

2.1.2 Município

Segundo o n.o 2, do artigo 2 da Lei nr 6/2018 de 18 de Agosto, município corresponde


“à circunscrição territorial das cidades e vilas”. De referir que, os municípios fazem parte das
autarquias locais onde também temos as povoações. É um território dotado de personalidade
jurídica e de autonomia financeira, administrativa e patrimonial constituída por órgãos
administrativos e políticos.

Entretanto, Pinto (2003) considera que, município é a menor unidade territorial com
governo próprio, é formado pelo distrito-sede, onde acha-se localizada a cidade, que é a sede
municipal e que leva o mesmo nome do município e, que corresponde à zona urbana
municipal.

Portanto, a definição que vai de acordo com o estudo em alusão é o que está patente
no n.o 2, do artigo 2 da Lei nr 6/2018 de 18 de Agosto, que estabelece que município
corresponde à circunscrição territorial das cidades e vilas e é dotado de personalidade
jurídica e de autonomia financeira, administrativa e patrimonial constituída por órgãos
administrativos e políticos.

2.1.3. Autarquias Locais

O n.o 2 do artigo 272 da CRM conjugado com o no 2 do artigo 1 da Lei nr 6/2018 de


18 de Agosto, estabelecem que as autarquias locais são pessoas colectivas públicas, dotadas

6
de órgãos representativos próprios, que visam a prossecução dos interesses das populações
respectivas, sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado.

Portanto, autarquias locais são pessoas colectivas públicas, dotadas de poder e que
visam, sem prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado, dar continuidade
com os interesses mais nobres de qualquer Estado de direito - a satisfação das necessidades da
colectividade. Elas podem ser vistas como o expoente máximo do processo de organização
democrática dos Estados, pois desempenham atribuições similares com as do Estado.

2.1.4. Fundo de Compensação Autárquica

O n.o 1. do artigo 43 da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, conjugado com o n. o 1 do


artigo 40 da Lei n.o Lei nr 6/2018 de 18 de Agosto, estabelecem que FCA é um fundo
destinado a complementar os recursos orçamentais das autarquias.O FCA também é
designado por Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Nesse contexto, Mendes, Miranda & Cosio (2008) consideram que “o FPM é uma
transferência redistributiva, paga pela União a todos os municípios do País. Ela é de uso
incondicional, obrigatória e sem contrapartida (p. 30)”.

Portanto, pode se concluir que o FCA é um fundo reservado a suplementar os escassos


recursos que os municípios dispõem e que visam garantir o funcionamento e desenvolvimento
das autarquias.

2.2. Teoria de Suporte

O estudo será feito, na base da abordagem funcionalista, aliada à visão institucional e


contingencial. Antes de mais, é importante aclarar que as teorias funcionalistas e as
institucionais, são aquelas que trazem fundamentos que melhor se enquadram nas abordagens
que se vão desenvolver ao longo deste trabalho.

Na visão de Silva (2008) as perspectivas funcionalistas e institucionais correspondem


a uma das formas predominantes de interpretação e de abordagem de pesquisas teóricas sobre
o estudo dos processos e dos mecanismos subjacentes de transformação e de mudanças de
gestão sobre o funcionamento de organizações.

7
2.2.1. Teoria Funcionalista

A abordagem funcionalista dá ênfase a análise da capacidade de gestão das


instituições e do seu relacionamento com a sociedade. Defende Lakatos e Marconi (1999)
que, o principal argumento da abordagem funcionalista é o pressuposto que:

“A Sociedade é formada por parte de componentes, diferenciadas, inter-


relacionadas e interdependentes satisfazendo cada uma das funções
essenciais da vida social, […], o método funcionalista estuda a sociedade do
ponto de vista de função de suas unidades, isto é, como um sistema
organizado de actividades (p.38)”.

No ponto de vista de Lakatos & Marconi (op. Cit) a abordagem funcionalista é aquela
que vê a sociedade como um conjunto de instituições com uma interacção, tendo como
objectivo principal garantir o perfeito funcionamento do sistema social promovendo a
satisfação das suas necessidades.

Esta abordagem na óptica de Manor (1998) é a mais adequada para analisar o


funcionamento das instituições no contexto da sua gestão. Para este autor, a abordagem
funcionalista é aquela que está mais habilitada a analisar o funcionamento das instituições
num regime democrático, considerando que para uma boa gestão documental só pode
funcionar se não houver fraca qualidade de funcionários públicos e meios inadequados para a
execução das actividades.

2.2.2. Teoria Institucional

A abordagem institucional na visão de Moreira (1992) é uma teoria na qual enfatiza


que a dinâmica do processo de desenvolvimento é determinada, a partir de um leque de
procedimentos, normas, convenções oficiais, inerentes as mesmas instituições, afectando a
conduta dos diversos actores sociais envolvidos no mesmo processo.

Neste âmbito, de acordo com Masalila (1996) a abordagem institucional enfatiza que a
criação de instituições requer meios humanos, financeiros e materiais, que garantam a
resolução dos problemas.

2.2.3. Teoria Contingencial

O estudo também baseia-se na perspectiva da Teoria Contingencial (TC), esta teoria


surgiu a partir de várias pesquisas feitas para verificar os modelos de estruturas

8
organizacionais mais eficazes em determinados tipos de empresas. Estas pesquisas pretendiam
confirmar se as organizações mais eficazes seguiam os pressupostos da Teoria Clássica, como
divisão do trabalho, amplitude de controlo e hierarquia de autoridade. Os resultados das
pesquisas conduziram a uma nova concepção de organização: a estrutura de organização e o
seu funcionamento são dependentes da interface com o ambiente externo.

O modelo desenvolveu-se a partir das pesquisas de Chandler (1976), – sobre a


estratégia e estrutura; Burns e Stalker (1961), – sobre as organizações; Lawrence e Lorsch
(1973), sobre o ambiente, e da qual derivou o nome Teoria da Contingência; Woodward
(1958), onde verificam que não há um único e melhor jeito (thebestway) de organizar.
(Chiavenato, 2003).

Ainda de acordo com o mesmo autor, em função dos resultados da pesquisa, os


autores formularam a Teoria da Contingência, não existe uma única maneira melhor de
organizar, ao contrário, as organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às condições
ambientais, a tecnologia, as tarefas, pessoas e a estrutura.

Este autor diz ainda que a Teoria de Contingência apresenta os seguintes aspectos básicos:

 A organização é de natureza sistémica, isso é, ela é um sistema aberto.


 As características organizacionais apresentam uma interacção entre si e com o
ambiente. Isso explica a íntima relação entre as variáveis externas (como a certeza e a
estabilidade do ambiente) e as características da organização (diferenciação e
integração organizacionais).
 As características ambientais funcionam como variáveis independentes, enquanto as
características organizacionais são variáveis dependentes.

Entretanto, Sobral (2012) considera que, a teoria contingencial baseia-se na concepção


da organização como um sistema aberto, em contínua interacção com o ambiente no qual está
inserido. Ele nega os princípios universais da administração e sustenta que vários factores
podem influenciar seus resultados.

9
2.3. Literatura Empírica

2.3.1. Experiência de Estudos Sobre Fundos Públicos – Fundo de Compensação


Autárquica também designado por Fundo de Participação dos Municípios

De acordo com um estudo feito por Gasparini e Miranda, (2006) sobre evolução dos
aspectos legais e dos montantes de transferência realizadas pelo fundo de participação dos
municípios (FPM), no Brasil, “as transferências são uma das formas de tornar o sector público
mais bem desenhado, sendo seu uso destinado a compatibilizar as acções públicas com os
recursos necessários para atendê-las, de forma que possa maximizar o bem-estar da população
(p. 10)”

Entretanto, Veloso (2008) defende que “os sistemas de transferências


intergovernamentais são dispositivos inerentes aos regimes federativos, considerados uma das
formas de compatibilização dos interesses antagônicos dos diferentes níveis de governo (p.
18)”. Vale frisar que, para equalizar despesas e receitas, a Administração Pública se baseia
das transferências fiscais para equilibrar.

Nesse contexto, Gasparini e Miranda (2006) afirmam que:

a atribuição das responsabilidades não necessariamente se ajusta à


distribuição
específica das bases tributárias. Pelo contrário, a coincidência entre ambas é
rara. Surge então a primeira das razões para a criação das transferências:
adequação entre capacidade arrecadatória e necessidade dos gastos públicos
diante das suas melhores distribuições entre as esferas de governo (p. 7).

Um outro estudo sobre o FPM como fonte de financiamento dos gastos públicos nos
municípios mineiros, foi publicado por Cupertino & Faroni (2012) e, defenderam que,

apesar das transferências constitucionais serem uma forma de amenizar as


desigualdades e propiciar um equilíbrio sócio-económico, há ainda grandes
disparidades em relação a quantidade de recursos recebidos pelos municípios
e a forma de aplicação desses recursos, havendo a necessidade de uma
distribuição mais uniforme e que respeite melhor as peculiaridades de cada
região (p. 13)

Das análises feitas pelos autores, pode-se concluir que o FPM ou FCA é de extrema
importância para os municípios e visa, na sua essência, evitar as desigualdades regionais,
permitindo o progresso económico e social do município e dos seus cidadãos.

10
2.3.2. Literatura Focalizada

Moçambique ascendeu a sua independência no dia 25 de Junho de 1975. Em pouco


tempo, o país viu-se mergulhado numa guerra civil, que durou cerca de 16 anos. Essa guerra
civil, terminou com a assinatura de Acordos de Roma em 1992 que, permitiu as condições
para a realização das primeiras eleições multipartidárias em 1994 e, a luta contínua pelo
“desenvolvimento”, tem sido a palavra-chave de Moçambique.

Com efeito, o processo de liberalização económica e política, foi contemplado na


constituição de 1990 e estimulado também pelas disposições do Acordo de Paz, assinados em
Roma, em 1992. A governação local, resulta dos factores acima descritos e são tutelados pelo
Ministério da Administração Estatal e Função Pública.

Todavia, de acordo com Fernandes (2009), as autarquias, nascem no contexto de:

Administração de proximidade», por via da qual se passa a pretender


identificar e resolver melhor e mais depressa os problemas que afectam o
quotidiano dos cidadãos. Essa «administração de proximidade» passou
justamente pelo desenvolvimento de programas de apoio aos processos de
desconcentração e descentralização administrativa (p. 114).

Forquilha (2010), considera que com a aprovação da lei nº 8/2003, de 19 de Maio, as


reformas de descentralização administrativa, permitiram integrar as populações locais na
busca de soluções para a melhoria das condições de vida a nível local.

Por conseguinte, a partir do ano de 2006, o Governo Central tem vindo a atribuir aos
distritos e cidades, anualmente, fundos destinados ao financiamento de iniciativas locais o que
permite que haja o desenvolvimento das autarquias e consequente melhoria de vida das
populações.

Vale também dizer que, de acordo com o Desenvolvimento Municipal em


Moçambique (2012),

Em Moçambique, as autarquias recebem dois tipos principais de


transferências do Governo central, o Fundo de Compensação Autárquica —
FCA e o Fundo de Investimento de Iniciativa Local — FIIL. As autarquias
podem ainda receber transferências para investimentos específicos e outros
como o Fundo de Estradas — FE e transferências extraordinárias em
situações de emergência (p. 107).

11
O FCA não obstante ser um fundo destinado a complementar os recursos orçamentais
das autarquias, como reza o no 1 do artigo 43 da Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, conjugado
com o n.o 1 do artigo 40 da Lei nr 6/2018 de 18 de Agosto, contribui sobremaneira para o
desenvolvimento económico e bem-estar social dos munícipes, a satisfação das necessidades
colectivas e a defesa dos interesses das respectivas populações, daí que a celeridade no
processo de transferência é de extrema importância para que se materialize a prestação de
serviços públicos aos munícipes a vários níveis.

2.3.3. Enquadramento Legal

O FCA enquadra-se na Lei n.º 1/2008, de 16 de Janeiro, que tem como objecto definir
o regime financeiro, orçamental e patrimonial das autarquias locais e o Sistema Tributário
Autárquico. O artigo 41 da Lei nr 6/2018 de 18 de Agosto, estabelece regras de distribuição
do Fundo de Compensação Autárquica nos seguintes termos:

A dotação global do FCA é repartida pelo conjunto das autarquias locais por
aplicação de uma fórmula a ser inserida anualmente na lei do Orçamento do
Estado que atenda simultaneamente, entre outras, os seguintes factores: a) o
número de habitantes da correspondente autarquia; b) a respectiva área
territorial; c) o índice de desempenho tributário da autarquia; d) o índice de
desenvolvimento ponderado.

O n.o 2 do artigo 42 da Lei nr 6/2018 de 18 de Agosto, defende que “o montante


global que caiba anualmente a cada autarquia nas transferências do fundo, bem como os
respectivos coeficientes, constarão do Orçamento do Estado e é transferido para as respectivas
tesourarias por duodécimos até ao dia 15 de cada mês”.

2.3.4. Organização do Poder Político a nível Central

Segundo Thai (1999) e Azevedo-Harman (2013), Moçambique é um país


politicamente presidencialista e com sistema de governação unitário. Todavia, Thai (1999)
defende que, “a maior parte dos países no mundo estão organizados sob a forma de governos
unitários. Nesta forma de governo, os poderes dos governos provêm geralmente do nível
nacional, como sendo a autoridade central (p. 65)”.

As autoridades subnacionais de administração são concebidas pela autoridade


nacional, da qual derivam a sua autoridade e à qual permanecem subordinados.

12
O artigo 138 da CRM, 2004, apraza que, “são órgãos centrais do Estado os órgãos de
soberania, o conjunto dos órgãos governativos e as instituições a quem cabe garantir a
prevalência do interesse nacional e a realização da política unitária do Estado”.

2.3.4.1. O Poder Provincial

De acordo com o n.º 2 do artigo 141 da CRM, 2004 “o governo provincial é o órgão
encarregue de garantir a execução ao nível da província da política governamental e exerce a
tutela administrativa sobre as autarquias locais, nos termos da lei”. O n.º 4 do mesmo artigo
determina que, “a organização composição, funcionamento e competência do governo
provincial são definidos por lei”.

2.3.4.2. Organização e Funcionamento do Poder Político a Nível Local

Sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do governo, a


organização e funcionamento dos órgãos do Estado a nível local obedecem aos princípios de
desconcentração e descentralização. A desconcentração, seria, segundo o n.o 1 do artigo 5, “a
transferência originária ou delegação de poderes, dos órgãos superiores da hierarquia da
Administração Pública para os órgãos locais do Estado ou para os funcionários e agentes
subordinados”.

Ao passo que a descentralização, segundo o n.o 1 do artigo 6, seria “o processo de


criação pelo Estado de pessoas colectivas públicas menores. Portanto, a prossecução do
interesse da colectividade é feito por outras pessoas colectivas públicas distintas do Estado”.

Por seu turno o n.º 2 do artigo 262 tipifica que “no seu funcionamento, os órgãos
locais do Estado, promovem a utilização dos recursos disponíveis, garantem a participação
activa dos cidadãos e incentivam a iniciativa local na solução dos problemas das
comunidades”.

Na sua actuação, os órgãos locais do Estado respeitam as atribuições, competências e


autonomia, das autarquias locais. Para das atribuições que lhe são próprios, o Estado garante a
sua representação em cada circunscrição autárquica.

13
2.3.4.3. Poder Local

Diferentemente dos órgãos locais do Estado que têm como função a representação do
Estado ao nível local para a administração e desenvolvimento do respectivo território e
contribuem para a integração e unidade nacionais, o poder local tem como objectivos
organizar a participação dos cidadãos na solução dos problemas próprios da sua comunidade e
promover o desenvolvimento local, o aprofundamento e consolidação da democracia, no
quadro da unidade do Estado moçambicano.

O poder local apoia-se na iniciativa e na capacidade das populações e actua em estreita


colaboração com as organizações de participação dos cidadãos.

2.3.4.4. Estrutura Orgânica do CANP

Segundo o artigo 49 da Lei nr 6/2018 de 18 de Agosto, “o Conselho Autárquico é o


órgão executivo colegial do município, constituído pelo Presidente do Conselho Municipal e
por vereadores por ele escolhidos e nomeados.”

Portanto, a estrutura orgânica do Conselho Autárquico de Nacala-Porto é constituída


por um órgão executivo colegial, o Conselho Autárquico, cujo dirigente máximo é o
Presidente do Conselho Autárquico que, é responsável pela execução da gestão autárquica; e
por um órgão representativo, formado pela Assembleia Municipal com poderes deliberativos
cujos membros são eleitos democraticamente por um período de cinco anos.

De referir que, o Conselho Autárquico de Nacala-Porto está estruturado para prestar


serviços e fornecer infra-estruturas públicas básicas seguintes: Saúde e acção social,
Abastecimento de água e energia, Urbanismo, infra-estruturas, habitação, saneamento básico
do meio, transportes e comunicações, estradas, pontes e trânsito rodoviários, Indústria,
comércio, turismo, agricultura e pescas, mercados, feiras, jardins e cemitérios, planeamento
urbano e ambiente.

14
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

O presente capítulo apresenta minuciosamente a metodologia de pesquisa que será usada.


Primeiramente apresenta-se a definição da metodologia, o tipo de estudo, técnicas e
instrumentos de recolha de dados, apresenta-se a população de estudo, as técnicas de análise e
interpretação de dados, e finalmente a validação dos resultados obtidos.

3.1. Definição de Metodologia

Na visão de Carvalho (2009) “a metodologia corresponde à fundamentação teórica da


investigação. Implica o desenho da investigação, com indicação do método de abordagem e as
técnicas utilizadas, consubstanciadas cientificamente no percurso da investigação (p. 154)”.

Gil (2007) considera como Procedimento racional e sistemático que tem como
objectivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é desenvolvida
mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos,
técnicas e outros procedimentos científicos (p. 17).

3.1.Tipo de Pesquisa

O trabalho realizado, quanto ao tipo ou finalidade será uma pesquisa básica, que na óptica de
Jung (2004) consiste em entender, descrever e explicar os fenómenos da natureza através da
aquisição de conhecimento sobre seu comportamento, sem ter como objectivo central
finalidades práticas a curto prazo.

3.1.1. Quanto ao Método de Abordagem

Quanto ao método de abordagem, o estudo será do tipo qualitativo que, segundo


Holloway (1999, p. 87) “a investigação qualitativa é uma forma de estudo da sociedade que se
centra no modo como as pessoas interpretam e dão sentido às suas experiências e ao mundo
em que elas vivem”. Nesta ordem de ideia a pesquisa sera considerada quanto a abordagem
quualitativa, devido ao facto de preterder-se conhecer a forma que é feita o processo de
transferência do Fundo de Compensação Autárquica para o Conselho Autárquico de
Quelimane.

15
3.1.2. Quanto ao Método de Procedimento

Quanto ao método de procedimento, será o método indutivo, que segundo Marconi & Lakatos
(1991, p. 47) “é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares,
suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes
examinadas”.

3.1.3. Quanto aos Objectivos

Quanto aos objectivos, será uma pesquisa explicativa que, segundo (Gil, 2008, p. 27) “têm
como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em
vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos
posteriores”. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas
não padronizadas.

3.1.4. Quanto aos Procedimentos Técnicos

Quanto aos procedimentos técnicos será utilizada a pesquisa documental, que na visão de
Fonseca (2002, p. 32) “recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento
analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais,
cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de
televisão, etc”.

3.2. Razões de Escolha da Pesquisa Qualitativa

De acordo com Diehl & Tatim (2004) na pesquisa qualitativa identificam-se algumas
principais características comuns:

Os dados são colectados preferencialmente nos contextos em que os fenómenos são


construídos; A análise de dados é desenvolvida, de preferência no decorrer do processo de
levantamento dos dados; Os estudos apresentam-se em forma descritiva com enfoque na
compreensão e interpretação a luz dos significados dos próprios sujeitos e de outras
referências afins da literatura; A teoria é construída por meio da análise dos dados empíricos,
para posteriormente ser aperfeiçoada com a leitura de outros autores, mas também podem
partir de categorias preexistentes; A interacção entre o pesquisado e o pesquisador é
fundamental, e por essa razão exige-se que o pesquisador aperfeiçoe as técnicas
16
comunicacionais; A integração de dados qualitativos com dados quantitativos não é negada, e
sim a complementaridade desses dois modelos é estimulada.

3.3. Universo

No entender de Marconi & Lakatos (2012) “o universo ou população é o conjunto de seres


animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em comum (p. 112)”.
No contexto do presente estudo, o universo abarcou todos funcionários do CAQ.

3.3.1. Amostra

Marconi & Lakatos (2012) aventam que “amostra constitui uma porção ou parcela,
convenientemente seleccionada do universo (população); é um subconjunto do universo (p.
112)”.

No estudo em discussão, será usada a amostragem não probabilística intencional que,


segundo Marconi & Lakatos (2012) é aquela em que o pesquisador não dirige, portanto, à
“massa”, isto é, a elementos representativos da população em geral, mas àquelas que, no seu
entender, pela função desempenhada na organização, cargo ocupado, prestígio social,
exercem as funções de líderes de opinião da comunidade.

Portanto, entende-se que estas pessoas, por palavras, actos ou actuações, têm a
prerrogativa de influenciar a opinião dos demais. Desta feita, da população definida, será
extraída uma amostra de dois funcionários do CAQ.

3.4. Técnicas de Recolha de Dados

Para Silvestre e Araújo (2012) “a recolha de dados é uma etapa fundamental no


processo de pesquisa fazendo a ligação entre o enquadramento teórico que o pesquisador
elegeu e os resultados a que vai chegar, contribuindo deste modo para a produção científica
(p. 141)”.

Entretanto, para a efectivação da presente pesquisa, serão usadas as seguintes técnicas


de recolha de dados:

 Pesquisa Documental;
 Entrevista (semi-estruturada) e;
17
 Pesquisa Bibliográfica.

3.4.1. Pesquisa Documental

Segundo Oliveira (2007) a pesquisa documental decorre da valorização dos documentos, pois
através dos mesmos torna-se possível extrair e resgatar uma grande quantidade de
informações que podem ser utilizadas em várias áreas, possibilitando a compreensão de
objectos que necessitem de contextualização histórica e sócio-cultural.

3.4.2. Entrevista

Na visão de Silvestre e Araújo (2012) entrevista “corresponde a um processo de interacção


face-a-face entre uma ou mais pessoas (que desempenham o papel de entrevistador) e uma
pessoa ou grupo de pessoas (que desempenham o papel de entrevistado) (p. 149)”.

No que tange a entrevista, esta foi elaborada a partir de um guião de questões semi-abertas,
dando espaço ao entrevistado para que possa emitir juízos de valor sobre o tema.

Portanto, para a concretização da mesma, serão utilizados os seguintes instrumentos de


recolha de dados: Bloco de notas, caneta, lápis e borracha.

3.4.2.1. Entrevista Semi-Estruturada

Para Laville e Dionne (1999) as entrevistas semi-estruturadas são definidas “como uma lista
das informações que se deseja de cada entrevistado, mas a forma de perguntar (a estrutura da
pergunta) e a ordem em que as questões são feitas irão variar de acordo com as características
de cada entrevistado (p. 188)”.

Portanto, a entrevista semi-estruturada, no entender de Triviños (1987) parte de


questionamentos básicos, suportados em teorias que interessam à pesquisa, podendo surgir
hipóteses novas conforme as respostas dos entrevistados.

3.4.3. Pesquisa Bibliográfica

Na óptica de Gil (2008)

a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já


elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no facto de
18
permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenómenos
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar directamente
(p. 50).

Esta técnica auxiliará na fundamentação do mesmo, bem como servirá de guia para a
realização e implementação do trabalho. Portanto, o mesmo consistirá na leitura de certos
livros que abordam algo inerente ao tema.

3.5. Técnicas de Análise e Interpretação de Dados

A análise de dados tem como objectivo sintetizar os dados de modo que facilitem o
fornecimento de respostas ao problema levantado na pesquisa. Gil (2008) defende que a
interpretação de dados visa procurar o sentido mais amplo das respostas, o que é feito
mediante sua ligação com os conhecimentos obtidos anteriormente.

Quanto a análise e interpretação de dados será usada a técnica de triangulação de


dados, que segundo Davidson (2005) visa a combinação de técnicas e métodos distintos, a
saber: a pesquisa documental, a entrevista e a pesquisa bibliográfica, sendo a análise dos
mesmos feito em conjunto e não individualmente.

3.6. Limitações

Durante a execução do presente trabalho, esperam-se encontrar diversas limitações que de


certa forma poderão influenciar no cumprimento da pesquisa como:

a) A indisponibilidade dos participantes de estudo por razões de agenda e outras;

b) O fornecimento de dados fiáveis para sustentar o trabalho;

c) A falta de disponibilidade financeira e tempo para fazer um estudo comparativo com


outros municípios geridos por outro partido que, de certa forma daria uma
compreensão mais real em relação a transferência do FCA para os municípios.

Todavia, esforços serão feitos para se ultrapassar as dificuldades e conseguir-se ter alguns
dados para a pesquisa.

3.7. Questões Éticas

Para garantir as questões éticas em pesquisas ou investigações científicas, deve-se garantir o


anonimato ao entrevistado, devendo os mesmos serem identificados por código (letra, número

19
ou nome fictício), o que aventa a questão relativa ao respeito as questões éticas num estudo.
Isto pode fornecer uma relação mais descontraída, sincera e, naturalmente, contribuir para a
revelação de dados que poderiam comprometer o entrevistado se a sua identidade não fosse
protegida. (Contandriopoulos, Champanhe, Potvin, Denis & Boye, 1994).

3.8. CRONOGRAMA
Ano/Meses 2021
Actividades
D J F M A M J
1. Revisão de literatura
2. Elaboração do protocolo

3. Submissão do protocolo para revisão ética

4. Recolha de dados

5. Análise e processamento de dados

3.9. ORÇAMENTAÇÃO
Descrição do item Un. de Medida Custo

Refª Qtd (Meticais)

Unitário Total

Esferográficas - - 10 10,00 Mt 100,00Mt

Papel A4 - Resma 02 500,00 Mt 1000,00Mt

Pastas de arquivo - - 03 300,00Mt 900,00Mt

Bloco de notas - - 02 1000,00Mt 200,00Mt

Flash - Dispositivo 01 1000,00Mt 1000,00Mt

Digitação e impressão - - - 5000,00Mt 5000,00Mt

Diversos - - - 2000,00Mt 2000,00Mt

20
TOTAL ------ --------- ------ ------------ 10200, 00Mt

Fonte de financiamento: A custo próprio do autor.

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4. Referência Bibliográfica

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Editorial Presença.

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Gasparini e Miranda. Evolução dos Aspectos legais e dos Montantes de


Transferências Realizadas pelo Fundo de Participação dos Municípios (texto para discussão
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Financeira do Estado – SISTAFE.

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