Teologia Pastoral - Aula 1
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AULA 1
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A narrativa é representada pelos Evangelhos, os quais narram a vida de
Jesus. As principais fontes dessa informação, são os quatro Evangelhos
Canônicos, pertencentes ao Novo Testamento, e escritos originalmente em
grego em diferentes épocas, pelos seguidores dos discípulos Mateus, Marcos,
João e Lucas. As Cartas, por outro lado, transmitem a realidade das
comunidades da época, destacando os exemplos de fé e aprendizado.
Por essas características, a Teologia Neotestamentária, pode ser
compreendida como uma Teologia inclinada à Pastoral, pois preza pelo anúncio
do Evangelho, suscitando a fé e orientando a vida das comunidades cristãs.
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Figura 1 – Santo Agostinho
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TEMA 2 – A GÊNESE DA TEOLOGIA PASTORAL COMO DISCIPLINA
TEOLÓGICA
[...] tenha sempre uma ação exemplar que arraste: assim, com o seu
modo de viver, indicará aos seus fiéis o caminho da vida, e o seu
rebanho, dócil à sua voz e ao seu modo de agir, progredirá atraído mais
pelos seus exemplos do que pelas suas palavras. O seu cargo exige
dele que proclame o ideal e não menos exige que demonstre com
ações esse ideal. (Magno, 2010, p. 52)
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Com essa perspectiva, durante o Concílio Lateranense IV, realizado em
Roma em 1215, também se manifestou a preocupação com maior formação
pastoral do clero. Durante o concílio, levantou-se a questão de que não basta
somente estudar a Sagrada Escritura, mas sim formar-se pastoralmente para
conseguir meios de colocá-la em prática.
O Concílio de Trento realizado entre 1545 e 1563 foi uma das medidas da
Reforma Católica, cujo objetivo era combater o avanço das ideias protestantes,
apresentando uma série de decisões para garantir a unidade da fé católica. Em
meio ao desconforto diante das realidades da Igreja, esse concílio reforçou a
necessidade de rever os métodos pastorais para uma formação mais sólida.
De modo geral, podemos considerar que o surgimento da Teologia
Pastoral, enquanto disciplina teológica, ocorre em 1774, quando um canonista
Rautenstrauch, em Viena, elabora e apresenta para a imperatriz Maria Tereza
de Áustria uma nova grade curricular para o curso de Teologia, a qual é
aprovada. Nessa nova matriz, encontram-se como componentes curriculares a
homilética (como realizar homilias), retórica (argumentação), catequética,
liturgia, ascética e rubrica.
O projeto de Rautenstrauch surge do inconformismo diante da maneira
com que eram preparados os futuros sacerdotes nas faculdades de teologia. Já
desde meados do século XVII, a Teologia vinha se distanciando cada vez mais,
da práxis e se transformando em um exercício quase puramente especulativo
(Vigueras, 2004).
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a tentativa do poder civil de interferir nas realidades da igreja, cabendo à Igreja
desenvolver unicamente a sua dimensão espiritual. Sobre isso, apresenta-se
que:
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discípulos podem ler e aprender a ciência da vida. (Silva, 2014, p. 246;
Fuentes, 2008, p. 84)
Com essa ideia, sustenta que a TP existe pela própria essência da Igreja
como realidade que se autoconstrói em direção ao futuro. No entanto, esse
entendimento se apresenta também como um passo atrás em relação ao
progresso que já se observava em relação à TP. Para o teólogo, a ação pastoral
ocorre em vista da autoedificação, sendo esta seu objetivo maior, o que
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contrapõe ao real objetivo que é a autoedificação do reino de Deus (contexto
mais amplo defendido em períodos anteriores).
Ademais, a contribuição dessa fase da Teologia se refere ao fato de
chamar a atenção do sujeito da ação pastoral (crítica a anterior), mostrando que
esse sujeito é a Igreja em sua totalidade, sendo que todos os que dela fazem
parte são chamados a participar da edificação do Reino, não sendo responsáveis
apenas os sacerdotes.
Na teologia prática de Graf, outra categoria fundamental é a eclesialidade.
Ele pensa a Igreja como um conjunto orgânico, sendo toda ela responsável por
sua própria vida e desenvolvimento. Assim, o aspecto pastoral que leva em
consideração essa disciplina teológica já não é somente o clero, ou uma elite
encarregada da direção da Igreja, mas sim a Igreja em sua globalidade
(Vigueras, 2004).
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fundamentada na práxis de Jesus, e tendo como objetivo a edificação do Reino
de Deus.
Ampliando a discussão sobre a TP enquanto disciplina estruturada, temos
dois elementos a serem destacados e que são provenientes de contribuições
advindas da Igreja latino-americana:
[...] a pobreza constitui um mal: para a Bíblia é uma forma como a morte
se manifesta na vida humana, porque sob a morte não se deve
entender apenas o último momento da vida biológica, mas tudo que
diminui, limita, humilha, ofende e encurta a existência humana.
Semelhante pobreza contradiz o desígnio histórico de Deus. (Boff,
1989, p. 280-281)
Sobre a Teologia Pastoral nos dias de hoje, podemos considerar que ela
é estudada enquanto três aspectos essenciais: o fundamental, pois mostra a
relação da ação da igreja com o plano de salvação; o especial (apresenta a
afinidade da igreja de hoje com a missão de Cristo, a evangelização); e a
aplicada (propõe a reflexão sobre a ação concreta de evangelização).
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Saiba mais
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
Com base no que foi estudado, percebe-se que houve períodos da história
da Teologia em que ela esteve essencialmente direcionada para a pastoral, para
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a práxis evangelizadora, e, em outros, ela se distanciou, contribuindo para o
desenvolvimento de certas dificuldades e vazios na vida da Igreja.
Assim, para superar esses empecilhos, é necessária a criação de uma
disciplina sobre a Teologia Pastoral, fundamentada na doutrina, elaborada com
base nos critérios da cientificidade, e que reflete a obra de Deus, a edificação de
seu Reino em um contexto amplo. Para isso, também é preciso que a ação
pastoral seja realizada como arte, como algo que é belo e que conduz à
fascinação por Cristo.
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REFERÊNCIAS
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada Ave-Maria. 141. ed. São Paulo: Editora
AveMaria, 1959, (impressão 2001). 1632 p.
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<http://periodicos.faje.edu.br/index.php/perspectiva/article/download/464/887>.
Acesso em: 27 ago. 2021.
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