TCC Final Pdf-A
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PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Camila Aparecida Alves De Faria (1)
ABSTRACT: The study carried out in the scientific article sought to demonstrate and
discuss the unconstitutionality of the Penal Non-Prosecution Agreement in view of
the principles complied with in the Magna Carta, such as due process, broad,
____________________________________________
1 Acadêmico do curso de Direito do Centro Universitário Una, campus Antônio Lisboa Guerra
Neto, da rede Ânima Educação. E-mail: [email protected]. Artigo apresentado como
requisito parcial para conclusão do curso de Graduação em Direito do Centro Universitário Una,
campus Antônio Lisboa Guerra Neto. 2021. Orientadora: Prof. Rosimaire Cássia dos Santos
Graduado em Direito. Especialista.
2 Acadêmico do curso de Direito do Centro Universitário Una, campus Antônio Lisboa Guerra
Neto, da rede Ânima Educação. E-mail: [email protected]. Artigo apresentado como
requisito parcial para conclusão do curso de Graduação em Direito do Centro Universitário Una,
campus Antônio Lisboa Guerra Neto. 2021. Orientadora: Prof. Rosimaire Cássia dos Santos
Graduado em Direito. Especialista.
contradictory and others, which govern the Penal Code, the Code of Criminal
Procedure and sparse laws dealing with infractions. It also dealt with the historical
evolution of business justice in Brazil and the inspiration in the North American
PleaBargain for the agreement in question, passing through the decriminalizing
institutes already existing in the national legal order. In addition, the possibility of
applicability of the Penal Non-Persecution Agreement applies, as well as its
prohibitions and peculiarities, which were introduced by Law 13964/2019, called the
Anti-Crime Package. Finally, it was discussed and concluded that a bargain made by
the Public Prosecutor's Office and the accused with his defender violates the stated
principles by not giving the accused the right of defense, of a process that
guarantees their constitutionally established rights, in addition to going contrary to the
right not to prove against oneself when confession is imposed.
1. INTRODUÇÃO
2.1. PLEABARGAINING
No que se refere aos Estados Unidos, a sua Justiça Negocial Criminal serviu
como inspiração para a criação do Acordo de Não Persecução Penal no Brasil por
meio da Lei 13. 964/2019. A barganha no país norte-americano é denominada
PleaBargaining que é o acordo firmado entre a acusação e acusado, no qual este
confessa a prática de um crime em troca de concessões dadas pelo Estado, que
podem ser a redução do número ou gravidade das acusações ou para reduzir a
pena a ser aplicada. Esse entendimento é confirmado de acordo com Levenson
Chemerinsky citado pela Revista Custos Legis:
A justiça negocial no Brasil surgiu com a lei 9.099 de 1995 sendo esta a
primeira vez em que a solução rápida e negociada de conflitos se aplicava na justiça
brasileira, essa lei trouxe consigo institutos como o da transação penal e da
suspensão condicional do processo.
Dada a quantidade de processos penais existentes no Brasil e a demora para
a resolução desses conflitos é necessário voltar os olhos a essa solução mais
pacífica e rápida dos conflitos penais. O livro juizados especiais criminais explica
que os juristas brasileiros já se preocupavam com o processo penal há muito tempo
dado a quantidade de processo e propunham alterações para os institutos do código
de 1940 para alcançar o que eles chamavam na época de processo de resultado, ou
seja, um processo que fosse instrumentado com as tutelas adequadas com todos os
direitos, com o objetivo de assegurar a praticidade e a utilidade das decisões, eles
falavam que a efetividade do processo e a sua instrumentalidade a partir dos direitos
naturais e dos valores sociais, levando em conta as vantagens de um procedimento
oral na sua verdadeira essência: com a concentração, a imediação e a identidade
física do juiz para conduzir a apreciação das provas da forma mais convincente ,
simplificando e desburocratizando a justiça. (ADA PELLEGRINI GRINOVER, 2005)
É de se perceber pelo explanado que a justiça negocial brasileira veio de uma
influência externa, mas também de uma visão dos juristas brasileiros que estavam
diante de um problema eminente e conseguiram pensar em uma solução para a
quantidade de processos existentes no país,esse tipo de negociação e de consenso
realismo dentro da justiça penal se fazia benéfica, porém a princípio os juristas
pensaram para que isso se enquadrasse em crimes de menor potencial ofensivo.
Diante do apresentado é possível perceber que a justiça negocial brasileira é
formada através de uma influência externa a qual os juristas nacionais a adequaram
à realidade, aos princípios e costumes da jurisdição nacional. É notório que os
referidos instituídos acima tratados dispõem apenas de crimes de menor potencial
ofensivo e também não vão ao encontro de nem um princípio basilar do direito
brasileiro.
No que diz respeito à justiça negocial, ela não traz algo desconhecido a
jurisdição brasileira visto que a negociação criminal já era algo utilizado no país
como foi explicado acima, através dos juizados especiais. Assim explica a autora
Paloma Lopes da Silva.
Entretanto, Nucci possui uma visão ríspida sobre essa condição, pois entende
que tal circunstância pode ser tida como útil para aqueles investigados que possuem
alto poder aquisitivo:
“Nunca deu certo uma condição aberta para se fixar qualquer coisa. Note-se
o disposto no art. 79 do Código Penal: “a sentença poderá especificar
outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que
adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado”. O referido art. 79
refere-se à suspensão condicional da pena. Em três décadas de
magistratura, jamais vi uma condição advinda da mente do juiz que fosse
razoável e aceita pelo Tribunal. Portanto, dentro do princípio da legalidade,
esperamos que o membro do Ministério Público não cometa os mesmos
erros que os juízes já realizaram por conta do art. 79 do CP.” Nucci, p. 223,
2020).
Por fim, é importante salientar o Enunciado n. 25 do Conselho Nacional de
Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG) e do
Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM),
mostrando que o Acordo de Não de Persecução Penal não estabelece penas, mas
direitos e obrigações decorrentes da negociação, pois as medidas são
voluntariamente acordadas e não produz qualquer efeito a partir daí, como a
reincidência. Esse entendimento é confirmado no §12 do art. 28-A da lei processual
penal, no qual mostra que o acordo não constará na certidão de antecedentes
criminais, salvo para dizer se nos últimos 5 (cinco) anos, não foi concedido com tal
benefício ao autor da infração.
Um ponto importante sobre o art. 28-A do Código de Processo Penal são as
vedações, destacando-se como exemplos, que o ANPP não pode ser aplicado
quando no caso concreto for cabível a transação penal da Lei 9.099/95, a
reincidência do investigado ou quando houver elementos probatórios de conduta
criminal habitual, reiterada ou profissional, salvo quando as passadas infrações
penais forem consideradas como pretéritas. Além disso, o acordo não poderá ser
proposto se o investigado tiver sido beneficiado com outro meio de justiça negocial,
como a transação penal, o próprio acordo de não persecução penal e a suspensão
condicional do processo, nos 5 (cinco) anos anteriores ao praticar a infração.
Por último, Renato Brasileiro mostra que na última proibição para a aplicação
do Acordo de Não Persecução Penal de forma inicial não ressalva que a vítima da
violência doméstica ou familiar deve ser mulher, deixando de importar se o delito foi
praticado contra homem ou mulher. Já na parte final do inciso, o legislador delimita a
vítima sendo uma mulher para não concessão da barganha, não importando se a
infração penal foi cometida ou não no âmbito de violência doméstica e familiar. Nucci
diz sobre esse assunto:
“Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o art. 28-
A, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao
caso concreto, na linha do que dispõe os enunciados sumulados n. 243 e n.
723, respectivamente, do Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal
Federal”.
SÚMULA 243, STJ: O benefício da suspensão do processo não é aplicável
em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso
formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01)
ano.
SÚMULA 723, STF: Não se admite a suspensão condicional do processo
por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave
com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.(Brasil,2005)
6. CONCLUSÃO
GOMES, José Jairo. Acordo de não persecução penal e sua aplicação a processos
em curso. GENJURIDICO.com.br. 29 de abr de 2020. Disponivel em:
<http://genjuridico.com.br/2020/04/29/acordo-de-nao-persecucao-penal-processos/.>
Acesso em: 23 de maio de 2021.
SILVA, Paloma Lopes Justiça Penal Negocial: Uma Análise Da Expansão Dos
Espaços De Consenso No Processo Penal Brasileiro Ante À Possibilidade De
Flexibilização De Garantias Processuais A Revista Direito UNIFACS. n. 248,
SALVADOR :, 2021 Disponível em:<
https://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/7080/4258> Acesso em: 13 out.
2021.