Fichamentos de Leituras

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Fichamento de leitura

O sujeito e as feridas narcísicas dos linguistas - Freda Indursky

O porquê do sujeito - examinar a questão do sujeito na perspectiva da linguagem.


Língua: objeto de reflexão da linguística.

O sujeito em diferentes modelos linguísticos “Linguística canônica”.

Linguística moderna (Saussure) - dicotomia língua (sistema abstrato de regras) e


fala (uso individual dessas regras). Esse mesmo gesto que institui a língua como
objeto homogêneo, exclui o sujeito (fala), por ser externo à língua.

Os estruturalistas: as relações frasais são coercitivas.

Jacobson: combinação de unidades linguísticas - escala de liberdade - fonemas já


estabelecidos. A liberdade de combinar os fonemas está limitada. A escala de
liberdade aumenta (combinação de frases em enunciados).

“Ou seja, a fala, externa à língua, é o espaço de liberdade do sujeito, igualmente


dela excluído: as variações e as diferenças são resultantes de uma subjetividade
que, em nada afeta a língua, enquanto sistema.” (INSDURSKY, 1998, p. 113)

Chomsky - teoria sintática da frase, onde o sujeito é reduzido à uma posição


estrutural. A partir de 1946, em uma tentativa de aproximar-se com o plano onde
atua o sujeito, Benveniste (Linguística da enunciação) examina as marcas do
“homem na língua”- estuda a natureza dos pronomes “relação de intersubjetividade”
(eu X tu). Ponto negativo: ignora que o sujeito é dotado de inconsciente.

Perspectiva de processo de enunciação considera que o sujeito está na origem da


linguagem (ato de utilizar a língua). Os linguistas textuais passaram da frase para o
texto. Seu interesse centra-se no texto e não no sujeito.

Modelo de concepção de língua que contempla o sujeito: Análise de Discurso.


Articulação teórica da Linguística com a História. Entrelace linguístico e ideológico.

“Na instância do discurso, o sujeito é percebido a partir de lugares socialmente


determinados.” 115
1ª dimensão do sujeito: forma-sujeito - o indivíduo ao ser interpelado em sujeito,
identifica-se com a forma-sujeito de uma formação discursiva; constituindo-se em
um sujeito do discurso > efeito de sujeito (PÊCHEUX, 1975). “o sujeito pensa
assumir posições pessoais, quando na verdade assume posições afetadas
ideologicamente”. A inscrição do sujeito em determinada FD não ocorre
conscientemente. “O sujeito do discurso é dotado de pré-consciente e de
inconsciente” (PÊCHEUX; FUCHS, 1975). O Esquecimento nº 1 que afeta o sujeito:
acredita ser a fonte do sentido (inconsciente); Esquecimento nº 2 ilusão do sujeito
de controlar a forma da enunciação, pode ser questionado e elabora paráfrases
discursivas (dotado de pré-consciente). O sujeito ao relacionar-se com a
“forma-sujeito” pode assumir diferentes posições-sujeito. O outro é constitutivo do
eu, pois o dizer do outro também constitui o meu dizer (marcas de uma
subjetividade heterogênea a ela mesma. O sujeito é heterogêneo, disperso e
fragmentado.

Em resumo, o texto apresenta como se compreende o sujeito a partir de diferentes


concepções linguísticas e posteriormente compara.

Feridas narcísicas > expressão freudiana; descoberta de que o homem é dotado de


impulsos, desejos e pulsões insuspeitadas, o que retira do homem o controle de
seus atos. ferida de que o homem foi vítima. Somos vítimas da ilusão de sermos
livres.

“O lugar atribuído ao sujeito nas teorias linguísticas comanda a posição tomada


com relação ao sentido” (HENRY, 1992, p. 113) Texto: A ferramenta imperfeita:
língua, sujeito e discurso. Campinas. UNICAMP

Fichamento de leitura
Introdução às ciências da linguagem- Língua História e Conhecimento

Capítulo O conhecimento sobre a linguagem, Eni O. e Eduardo G.

O percurso do conhecimento: fazer pesquisa a) escolher um assunto, b)escolher


nesse assunto uma questão que tenha interesse, e que não tenha sido respondida
ainda, c) tomar um ponto de vista teórico d) assumir um ponto de vista
metodológico, d) produzir a análise de materiais específicos, e) interpretar seus
resultados, face às teorias e ao objeto em questão. Todo trabalho precisa ter uma
contribuição específica do pesquisador

Alguns marcos na história. No Século XIX surgiu a Linguística como disciplina


científica. Bréal (1866) chamou a gramática comparada de estudo da significação.
Antiguidade clássica: Platão e Aristóteles, relação com a filosofia. Ainda no séc 19,
a linguística adota o método comparativo, na intenção de resgatar o passado
linguístico das línguas europeias e asiáticas (posição naturalista, biológica da
linguagem), caracterizada pelas leis fonéticas.

No século XX, houve um rompimento com essa visão naturalista da gramática


comparativa. Surge o CLG, de Saussure (1916) com a distinção entre a língua e a
fala. A língua como um objeto homogêneo que constitui um sistema de signos, um
fato social. Os signos resultam da associação entre significante (imagem acústica) e
significado (conceito), os signos se relacionam pelas suas diferenças entre si.
Saussure coloca a distinção entre sincronia e diacronia. Paradigma (eixo da
substituição ou/ou) e sintagma (eixo da combinação e/e).

Percursos do Estruturalismo. O CLG é o marco da linguística contemporânea. Os


estudos sincrônicos, lidando com os limites do objeto de Saussure, buscaram incluir
o sujeito no linguístico. Como Benveniste (1966), com os estudos enunciativos, os
quais levam em conta a relação do locutor com a língua e que isso se marca na
estrutura da língua. Esses trabalhos tiveram desdobramentos, como com Ducrot
(1973) com a semântica argumentativa, onde aquele que fala é “tomado” pelas
relações retóricos/ de argumentação, ou seja, o sentido está ligado à situação, ao
acontecimento enunciativo e não à sua relação com o mundo. Paralelo a isso,
estão, no campo dos estudos da significação da filosofia analítica inglesa, os atos
de fala, onde dizer é fazer (Austin, 1962). A partir de Grice, o sentido é pensado
como intenção (pragmática). Funcionalismo de Jacobson: linguagem como
instrumento de comunicação. Diálogo com antropologia e a teoria da informação.
“Linguística e Poética”. Num outro caminho do estruturalismo (filiado a Saussure)
está Hjelmslev.

A gramática e a mente. Noam Chomsky busca sua fundamentação no cognitivismo,


para ele a linguagem é considerada como natural, própria do cérebro enquanto
organismo, então o falante possui “competência linguística), noção de sentido -
conceito de verdade.

Linguístico e Sociedade. O objeto da sociolinguística de Labov (1972) é a variação


linguística, estabelecendo relação entre a estratificação social e a variabilidade das
estruturas sociais.

O Linguístico, o social e o histórico. último movimento decisivo nos estudos da


linguagem do séc XX. Foucault e Pêcheux, como forma de pensar a determinação
histórica e o político como próprios do processo de significação do dizer (no qual se
constitui o sujeito). “O discurso constitui um objeto próprio enquanto materialidade
específica da ideologia e que tem, por sua vez, a língua como sua materialidade
específica.” (p. 151). Colocando assim a questão da linguagem no centro das
ciências humanas.

Nos estudos da linguagem há uma relação intrínseca entre teoria/método/objeto

A relação entre o simbólico e o político - As diversas teorias sobre a linguagem são


afetadas pelo político, observável pelo próprio modo como constituem seus
dispositivos teóricos e analíticos

“Há uma via para a linguística fora do logicismo e do sociologismo”. Pêcheux e


Gadet 1977. Deslocam a reflexão sobre a linguagem de uma posição metafísica
para uma posição materialista, constituindo uma semântica atenta ao real da língua
e da história que, no entanto, nos permite sair do discurso da filosofia marxista da
linguagem (D. Maldidier, 1990).

Logicismo (formalismo - enuncia leis e constrói uma teoria gramatical) se opõe ao


sociologismo (historicismo - efetua descrição e estudo empirista dos dados).
Enquanto o primeiro destaca os universais e coloca a autonomia da linguística, o
segundo faz estudos comparatistas e toma o indivíduo em situação como concreto
linguístico. Sendo estas duas formas de denegação do político. Em uma o político é
apagado porque não se fala do social e do histórico e no outro é apagado
falando-se do social e do histórico. As duas tendências recobrem a questão do
Estado. Uma forma de não elidir o político é justamente pensar a relação da língua
com o sujeito e com a exterioridade. Os embates das ciências da linguagem.
Fichamento de leitura
Obra A Inquietação do Discurso: (re)ler Michel Pêcheux hoje - Denise Maldidier
(2003)

O discurso, um nó, o objeto teórico. Aspecto histórico: o projeto nasceu em 1960


com a articulação entre a linguística, o materialismo histórico e a psicanálise.
Deixávamos o tempo da “luta de classes na teoria” para entrar no do debate.
Pensando discurso enquanto conceito ligado a um dispositivo.

O tempo das grandes construções 1969-1975. Análise automática do discurso


(1969): inaugura o discurso como máquina discursiva, ali colocou questões sobre o
texto, a leitura, os sentidos. O dispositivo da AD é o 1º modelo de uma máquina de
ler que arrancaria a leitura da subjetividade. Teoria do discurso= teoria geral dos
efeitos de sentidos. Pêcheux apenas evoca Marx e Freud nessa obra, mas traz a
presença de Saussure. Jacobson e a revolução chomskyana também. Saussure é
para ele o ponto de origem. A primeira formulação de sua concepção de sentido é o
“efeito metafórico”. Pêcheux nomeia as circunstâncias constitutivas de um discurso
como “condições de produção”. Aparece de forma inicial a ideia do não-dito e ideias
iniciais sobre o conceito de interdiscurso.
A entrada em linguística (1971): reflexão sobre o tratamento formal da língua
(linguística e informática). Este trabalho faz voltar à questões como a enunciação.
1970: Começo de uma reflexão sobre o apagamento do sujeito da enunciação.
Artigo do número 24 de “Langages” (71) - A semântica e o corte saussuriano:
língua, linguagem, discurso > durante uma época de tomada pelo “desenvolvimento
da gramática gerativa”. A reflexão que ele traz sobre Saussure e a linguística
desemboca sobre o discurso, pensa uma semântica discursiva.
“Para além dos níveis fonológico, morfológico e sintático, cuja descrição Saussure
autoriza, a semântica não é apenas um nível a mais, homólogo aos outros. É que o
laço que liga as significações de um texto às condições sócio-históricas desse texto
não é de forma alguma secundária, mas constitutivo das próprias significações.” (p.
31). Há um funcionamento das línguas em relação a elas mesmas, isto
precisamente que a linguística descreve quando fala de fonologia, de morfologia e
talvez de sintaxe. A primeira formulação da teoria do discurso: As formações
ideológicas comportam necessariamente como um de seus componentes uma ou
mais FDs inter relacionadas que determinam o que pode e deve ser dito a partir de
uma posição dada em uma conjuntura dada.
1972-74 Elos em direção à teoria do discurso. Althusseriano (interpelação- sujeito,
ideologia). 1975- do número 37 de “Langages” à “Semântica e Discurso” Articulação
de 3 regiões de conhecimentos científicos: 1) o materialismo histórico como teoria
das formações sociais e de suas transformações, aí compreendida a teoria das
ideologias; 2) a linguística como teoria ao mesmo tempo dos mecanismos sintáticos
e dos processos de enunciação; 3) a teoria do discurso como teoria da
determinação dos processos semânticos. Referência constitutiva da ideologia,
conforme Althusser, de que a ideologia interpela os indivíduos em sujeitos.
A posição de Pêcheux toma o rumo inverso das interpretações empiristas da
enunciação, pois para ele não se trata de cair na ilusão formalista que faz da
enunciação um simples sistema de operações; os mecanismos enunciativos
constituem a materialidade linguística. (pg 42: explicação sobre os esquecimentos).
Relação entre a ideologia e o inconsciente (a partir do imaginário de Lacan).
Maio de 75 Semântica do Discurso: cruzamento de todos os caminhos do autor.
Aquilo que faz dele um livro de filósofo e linguista é a escolha do “ponto lógico
linguístico”. Teoria da enunciação (teoria de um resto). Frege, vontade do povo,
política. Ideologia e inconsciente têm em comum a capacidade de dissimular a
própria existência no interior de seus funcionamento produzindo um tecido de
evidências subjetivas.
O interdiscurso NÃO é nem a designação banal dos discursos que existiram antes,
nem a ideia de algo comum a todos os discursos. Para Althusser, ele é “o todo
complexo a dominante” das formas discursivas, intrincado no complexo das
formações ideológicas e submetido à lei de desigualdade-contradição-subordinação.
Uma formação discursiva é o que pode e deve ser dito em uma formação ideológica
definida.
“A interpelação do indivíduo em sujeito em seu discurso se efetua pela identificação
(do sujeito) à FD que o domina: esta identificação, fundadora da unidade
(imaginária) do sujeito, repousa sobre o fato de que os elementos do interdiscurso
que constituem, no discurso do sujeito, os traços daquilo que o determina, estão
reinscritos no discurso do próprio sujeito.” (texto IV). Noção de discurso transverso.
Tentativas (76-79) corte entre o linguístico e o social; linguistas marxistas,
Volochinov. Remontemos de Foucault a Spinoza (77)
Ilusão objetiva: ilusão que o sujeito tem de estar na fonte do sentido. Ele propõe a
reflexão e diz que a ideologia não pode ser pensada separadamente do
inconsciente. Foi autocrítico e compreendeu as limitações de sua trajetória. Um
olhar sobre o SD > “Só há causa do que falha”.
p.74

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