Ri HG B 1949 Volume 0205
Ri HG B 1949 Volume 0205
Ri HG B 1949 Volume 0205
DO
F O N D A D O NO R IO D E J A N E I R O EM 1 8 3 8
VOLUME 205
OUTUBRO - DEZEMBRO
1949
C O M IS S Ã O D IR E T O R A
/
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO
DIRETORIA EM 194B-1949
Presidente Perpétuo
1.* Pícr-PiTwrfcnfe
2.’ Vice-Presidente
3. " Vice-Presidente
1.* Secretário
2* Secretário
Orador
Tesoureiro
DO
F U N D A D O NO DIO D E J A N E IR O EM 1 838
VOLUME 205
OUTUBRO - DEZEMBRO
1 9 4 9
C O M IS S Ã O D IR E T O R A
G ENERAL E S T E V Ã O L E IT Ã O D E C A R V A LH O
C L A U D IO G A N N S
F E M Ó B IT T E N C O U R T
E TX O S & DEMOS
Não foi sem razão que evocou Jeca Tatú, elevando-o a uni para
digma da vida de renúncias c de apatismo de nosso homem rural.
Buscava, na interpretação de nossa psicologia étnica, a expli
cação de nossos mates. <le nossas fraquezas e de nossas capitulações
vitais.
O folclore fomecia-Ihe a imagem desejada, fõsse respigada no
quadro épico de um Euclides da Cunha, fôsse por intermédio do pincel
pitoresco de um Monteiro Loliato.
Ifà. na verdade, uma profunda identidade no destino do demos
e do ctnos. E ’ a consequência de uma correlação, fácilmente veri
ficável entre a Democracia e o folclore.
Por que o folclore somente, no século passado, adquiriu foros de
ciencia ?
Quais os motivos que determinaram, paradoxalmcntc, que seja
tão recente a tradição de uma ciência destinada justamente a estudar
as tradições do povo ?
ITá. sem dúvida, precursores, porém o trabalho desses pioneiros
nunca passou de intuição raga e imprecisa.
Por que não surgiram, há mats tempo, o- postulados ./erais que
conferem aos estudos c às pesquisas a dignidade de ciência ?
Por que se evitou a elaboração de tuna • istematização geral dos
dados folclóricos ? Por que ?
E ' que o folclore estava destinado a ser uma ciência de vanguar Ia
e só poderia florescer em pleno clima da Democracia.
Eoi o advento da ordem democrática que permitiu a derrulnda
lios preconceitos condenáveis que impediam o estudo dos fatos |>opu-
Inres, humildes e obscuros, que constituem o campo nuclear do
folclore.
O sentido eminentemente democrático da obra e da ação de Rui
Barbosa não o afastaria jamais da realidade folclórica, a que constan-
temenfê alude nos seus escritos.
RU I E AS A RTES PO PU LA R ES
RU I E A LINGUAGEM PO PULA R
O SE N T ID O J H M A N O D o POLCLORE
PELO DR . R O D R IG O O T Á V IO F IL H O
dade de sua voz. lembram-se de que cie disse : “ A pena que lhe
destes. Senhor, é cetro com que êle governa, aqui e além, a tração
verbal fundada oelos trovadores sòbre a leira latina e que teve reis
como Camões, Vie'ra. Bernardas e. mais próximamente, êsse estor-
çado batalhador : Camilo",
"Baixastes sòbre êle em línguas de fõgo como sòbre os apóstolos
do Cenáculo e êle foi e é o jurista, foi e é o tribuno, o d’data, o
economista, o diplomata, o publicista, o Poeta enfim na acepção que
deu Carlyle a éste titulo de nobreza espiritual".
Respondendo a Coelho Neto, Rui. humildemente, se chamou de
"pobre suje'to”, "misero nada huntano", "vitima de sua ventura". E
fazendo o retrospecto de sua vida, pôde proclamar indelével verdade :
“ Eu, porént, nunca jamais não tive um momento de temor”.
Foi. no entanto, respondendo a Constancio Alves, quando cm 12
de agosto de 1918 lhe inauguravam o busto na Biblioteca Nacional,
que procurou definir-se, de si afastando a láurea de literato ou
homem de letras.
Em seu discurso — obra prima de equilíbrio, justiça, concisão e
estilo — Constancio Alves, lembra, de Rui. " o gênio literário".
Falando sobre o "homem de letras" não esqueceu o “ homem de
idéias”. E contrariando o próprio sentir do Mestre, disse, cate
górico. que suprimir-lhe a Arte das produções que elevara às regiões
superiores da literatura, seria d e h arrancar o que a completa e
ilumina e equivalería a descornar a terra da abóbada celeste e
diminuir a sublimidade do mundo — apagando as constelações.
E ’ a Arte imortalizadora e transfiguradora. que coloca os escritos
e o verbo de Rui no plano superior das miragens que são a repre
sentação idealizada da realidade, “ em que o aspecto das coisas se
poetisa pela colaboração do que é alto. — imaginação do homem ou
nuvem do céu, raios do gênio ou raios do sol”.
Constancio Alves acentuando-lhe o perfil de homem de letras,
depois tie lembrar que Sílvio Romero de Rui dissera ser o maior
talento verba! da nossa raça : depois de afirm ar que Rui sabia a
biografia dos vocábulos de que se servia ; depois de dizer que com
o tato e a moderação dos grandes escritores, criava palavra-'., ressus
citava arcaísmos, apadrinhava neologismos : depois de proclamar
que os vocábulos dos clássicos são os que tem direito de cidade nas
letras e fazem a opulência e a formosura da linguagem corrente ;
depois de pedir ao próprio Rui que apontasse aos que dizem ser pobre
a nossa língua. — suas próprias obras onde, tão harmoniosamente
vivem e tão expressivamente soam multidões de vocábulos, velhos e
novos, desde os que já se aposentaram na poeira dos séculos, até os
que a nda labutam na poeira das ruas ; e. depot- de verificar que os
— 37 —
vocábulos, aos apelos <le Rui, saem dos volumes que se abrem traio
portas, "portas de mosteiros, de oficinas, de quartéis, de palácios, de
arsenais e de cidades", proclama a verdade das verdades, lembrando
que eles, cantam, dizem tudo, com eloqüi-ncia, gravidade, sutileza,
unção. raiva, sarcasmo, melancolia e riso — "quando evocados por
um Vieira, quando evocados por vós. — disse, enfrentando Rui —
que emprestais certa verossimelhança às lendas sobre as riquezas
escondidas dos jesuítas pois parece que achastes na Bahia, onde o
padre morreu e vós nascestes, o tesouro intelectual do maior dos
pregadores".
Finalmente, Constancio Alves, lavra a sentença definitiva, quando
diz — que Ru', homem de letras, não é um simples ourives da frase,
um escultor de imagens sem alma e sim um artista superior. em
cujas páginas o que c humano aparece transmudado.
Respondendo, Rui contestou por negação, perguntando : "M as
qual, na minha existência, o ato de sua consagração essencial ás
letras, onde o trabalho que assegure à minha vida o caráter de predo
minante ou evidentemente literário ?" " J á me vai tomando a canséira
de repetir que não mereço tanto".
Cita, então, alguns trabalhos que. segundo o seu julgamento,
possam ser julgados literários : — o Plagio da Poeta, a respeito de
Castro Alves ; a Oração do centenário do Marquês de Tombai ;
o ensaio acerca de Swift ; a critica do livro de Balfour : o discurso
do Liceu de Artes e Oficios, sôbre o desenho aplicado á arte indus
trial ; o discurso do Colégio Anchieta ; o discurso do Instituto
dos Advogados ; o parecer e a réplica acerca do Código Ci’dl ;
umas duas tentativas de versão homométrica da poesia inimitável de
J-eopard' : a adaptação do livro de Calkins, e alguns artigos esparsos
de jornais, literários pelo feitio ou pelo assunto. . .
E depois díste mundo de maravilhas, -.firma não lembrar-se de
outros. Tudo mais — disse — é política, é administração, é direito,
são questões morais, questões religiosas, questões sociais, projetos,
reformas, organizações legislativas. Tudo o mais — continua —
"demonstra que êsses cinquenta anos mc não correram na contem
plação do belo nos laboratórios da arte, no culto puro das letras”.
Para Rui tudo mais está evidenciando que. sua vida se desdobra nos
comícios e nos tribunais, na imprensa militante ou na tribuna parla
mentar, em oposições ou revoluções, em combate a regime» estabe
lecidos e organizações de novos regimes Ela foi. a datar do brinde
politico a Jo»é Bonifácio, em 13 de agosto de 1S69 uma vida inteira
de ação, peleja e apostolado.
E como que a sacudir dos ombro» um pêso incômodo, afirma
que tima existência assim tecida e vivida não se desnatura da sua
— 38 —
(6) Rodrigo Otávio, Minhas Memórias dos Outros, 2.‘ série, pág. 306.
— 42 —
■!< * *
F O I R E A L M E N T E R U I UM H O M EM D E FÉ ?
R U I S E N T IU A ESTAGNAÇÃO DA F É R E LIG IO SA DO PO VO
E A A T R IB U IU AO CE TIC ISM O DA R E LIG IÃ O
IM P E R IA L E AO ULTRAM ONTANISIM O
lorrão virgem do sc'O que se lhe abria" — como disse aos estu
dantes — encerram as antologias não poucos lugares magníficos,
como o de definição de pátria ; aquele sobre a mocidade vaidosa ;
a obediência ; o trabalho ; a crença ; o ideal republicano ; a religio
sidade norte-americana; a assistência religiosa aos estabelecimentos
militares; sôbre a nossa Constituição de 1891 :
“ Um a Constituição é, por assim direr, a miniatura política da
fisionomia de uma nacionalidade. Quando não seja, pois, um falso
testemunho solenemente levantado ao povo a que se destina, tem de
lhe esboçar em grandes traços, o sentimento geral. Seria êlc posi
tivista, ateista, indiferentista, no Brasil, quando tombou, em 1889. a
monarquia, e se erigiu a República em 189! ? Ou feria a Constituição
de 24 de fevereiro rompido abertamente, em matéria espiritual, com
a indole brasileira, impondo-lhe mn pacto Constitucional, que a
oprima ?
H á, por ai. uma feição peculiar de radicais, emanação da França
Voltairians. da França revolucionária, da França jacobina, da França
contista, que imaginou engendrar a teoria da nossa Constituição à luz
das tendências francesas, das preocupações francesas, das reações
franceros, das idiosincrasias francesas. Mas, Senhores, a Consti
tuição federalista do Brasil não tem a mais remota descendência às
margens do Sena. Sua embriogenia é exclusiva e notoriamente
americana. Ora, os americanos, por este lado, não devem nada à
influência francesa. Em 1789, quando a França abriu a era tormen
tosa das suas revoluções, dois anos havia que os Estados Unidos
fruiam pacificamente a sua Constituição atual. A célebre "Decla
ração de Direitos do Homem" é de 1791. A Declaração americana
é de 1776. De 1791 foi a primeira Constituição francesa. A pri
meira americana foi de 1787. De modo que os Estados Unidos prece
deram anos e anos a França no regime das Constituições escritas e
na declaração das liberdades humanas. A Constituição francesa
tinha a sua ascendência na filosofia do século X V III e no "Contrato
Social" dé Rousseau, com algumas indigestas reminiscencias ingle
sas, hauridas em Montesquieu. A americana, com uma estirpe de seis
séculos no Tâmisa, venerava a sua primeira avnengn na Magna Carta,
as últimas nas cartas coloniais e nas Constituições das colônias eman
cipadas, tudo genuina e direta progenie dessa liberdade inglesa, que
nunca se separou da Biblia e da Cruz”.
Dois assuntos da maior relevância muito preocuparam o espírito
liberal de Rui Barbosa : o da educação religiosa no âmbito do
ensino público primário e o da assistência espiritual às classes
militares.
— 64 —
AS CARTAS D E IN G LA TE R R A
ADVOGADO DA M A R IN H A
A R E V O L TA DA ARM ADA
NO VA S OU ESTO ES
R U I E O M ILITA R ISM O
— 109 —
A CASA D E SAO C L E M E N T E
estas horas. E ' um amigo de São Paulo, que quer conhecer a sua
livraria. Está às voltas com o Direito Penal. E leva a sua impor
tu n a d o ao ponto de pedir para ver o Direito Criminal de Carrara.
— “ Pois não. reponde Rui. com a mesma carinhosa simplicidade.
Mas tome-o ao seu lugar. Está no gabinete gótico (onde Rui
escreveu a Réplica), estante oposta às janelas, primeira ou segunda
prateleira, a contar de cima, segundo ou terceiro corpo a contar da
esquerda”. I-á ionios, lá estava o livro. Sc houvéssemos pedido a
obra de Hayes, A political and Social History o f Modern Europe,
teria respondido com a mesma infalível segurança : “ Ali naquela
estante giratória, á direita da porta que dá para o corredor, em uma
das prateleiras de rima, a segunda ou terceira (de cima para baixo)
lá está o segundo volume — se é o que lhe interessa — com a capa
de percalina azul escuro". O mesmo se daria com a Mcdccinc rt
midicins de Littré : “ Está ai na biblioteca, estante preta e estreita,
que fica junto à porta da escada do segundo andar, parte envidraçada.
primeira prateleira, contando de baixo. O volume acha-se deitado”.
A catalogação da biblioteca de Rm, comando cerca de 35 mil volume»,
só foi feita depois de sua morte. Em vida seu fichário era a sua
cabeça, aquela “ portentosa memória”, a que se referia Afonso Celso,
e que nunca falhava. — “ Para que catálogo ?” interrogou uma vez.
“J á necessitei acaso de algum livro que o não fõsse Intscar no seu
lugar ? Quando precisar de catálogo, não precisarei mais de livros".
Essa marav.i|hosa livraria, construida pacientemente em mais de 50
anos e que todos os ramos do conhecimento continha, no latim, que
conhecia perfeitamente, em inglês, italiano e espanhol, que falava e
escrevia com fluência, no alemão, que traduzia sem dicionários, essa
mole imensa de obras raras e vulgares, edições preciosas e comuns,
todos os dias era acrescida de novos exemplares. A tarde, ac
regressar da rua, raro é o dia em que, tirando o chapéu, pois num a
entrou em casa de chapéu na cabeça, não venha sobraçando os
volumes que comprara. No alto <h escada D. M aria Augusta, com
um sorriso afetuoso e compreensivo aos lábios está à sua espera.
"Perdoa, minha filha. J á é uma verdadeira mania". E ela, beijan
do-o com ternura : “ Mas, Rui, não há de que perdoar. E ’ a tua
ferramenta de trabalho".
Via-os com os olhos de Renan, ja r a quem os livros eram almas
embalsamadas. Tratava-os com o maior cuidado. Déles não se
esquecia nem mesmo em meio às aflições do exílio. “ O que eu
desejaria saber particularmente", escreve de Londres, em 94, ao
primo Jacobina, que foi o anjo bom do expatriado, “ é como se hou-
— 122 —
veram com os meus livros, e como atravessaram cies essa prova. São
amigos fiéis, avis rara. Tenho por eles, pois, sempre o mesmo
interesse, ainda, que já não sei que serviços hoje mais me possam
prestar. Sua preservação me é cara. V. não se esqueça, portanto,
de recomendar-me a quem de direito o tratamento constante pela naf
talina, administrada em profusão”.
Nesta passagem pelo salão da biblioteca quanto não havería a
dizer. Vou dar-vos entretanto, um melhor “ cicerone’’ que eu na
pessoa de Homero Pires, que escreveu “ Rui Barbosa e os livros”.
Acompanhai-o na sua peregrinação através dessa monumental “ cité
des livres", mas antes ouvi duas histórias contadas por êsse ilustre
escritor baiano. Rui era extremamente ciumento dos seus livros.
Não gortava de emprestá-los e ninguém Ihos pedia. De uma feita o
deputado Leovigildo Filguciras, a quem Rui muito prezava, mandou
pedir-lhe emprestada a obra de Pomeroy — A n Introduction ;o the
Constitutional Law o f lhe United States. Rui demorou a responder.
Fé-lo, porém, enviando-lhe de presente o Uvro, que mandara buscar
nos Estados Unidos : “ Ao meu prezado amigo L. Filgueiras, Rio.
28 out. 1892. Rui Barbosa” Filguciras entendeu a dedicatória.
Nunca mais pediu livros a Rui.
De outra feita, não pôde fugir ao pedido de conhecido advogado,
que preesava do 6.° volume do Cours de Droit Civil de Aubry et
Rau. Mas, mandou buscar outro no Briguiet para substituí-lo.
dizendo ao Antônio : “ Ponha-o no lugar que o outro não volta
mais”. O milagre entretanto, aconteceu. O livro foi devolvido,
encontraiido-sc na biblioteca de Rui o 6.° volume do tratado francês
em duplicata. Batista Pereira também depõe : “ Rui não gostava
de emprestar livros. Castro Alves certa vez extraviou-lhe uni
volume das obras de Castilho Antônio. Rui nunca o pôde esquecer,
não pelo livro, mas pelo principio. Herdara do pai o ciume dos
bibliófilos. Rui. partindo da Bahia, trouxera de casa a obra clássica
de Duvcrgier d’Hauranne sóbre Parlamentarismo. Não supunha de
cerfo que o pai, médico, a precisasse consultar, ftsse não relevou ao
filho a falta, e escreveu-lhe para São Paulo, delicadamente descon
tente, mas descontente”.
Entremos, agora, rápidamente, nos quartos privativos de Rut,
o de vestir e o anexo a éste, onde às vèzes, numa chaise-longue,
repousava um pouco, antes do jantar. Livros, livros por tôda a
parte. No guarda-roupa uma ordem impecável. Chapéus de feltro
cinzento, ou de Chile, todos mandados confeccionar expressamente —
tamanho 61 ou coisa que o valha. Roupas, quase tôdas fraque, tom
— 123 —
E mais adiante :
" A maravilhosa oração continuou na m esnn altura de conceito,
de conveniência, de polidez e de forma. O grupo hostil, desarmado,
ouvia com tanta atenção conto os leaders da Conferência. A palavra
fizera um milagre. Sentia-se que do rochedo da hostilidade começara
a emanar a linfa, quando não da simpatia, ao menos do respeito".
Foi assim que Rui venceu. Até o próprio De Martens, depois
de terminada a sessão na sala de chá veio dizer-lhe que as palavras
às vezes ultrapassam o pensamento e que não lhe guardasse rancor.
Estava terminado o incidente. Rui tornara-se a primeira voz da
conferência.
Rio Branco, em uma homenagem que. pelo êxito da Conferência,
lhe prestaram os estudantes, podia proclamar : ” Para semelhante
Congresso, um advogado como êsse dos nossos direitos ; jtar.t tão
grande advogado, um grande e memorável Congresso como êsse".
O Brasil se tom ara conhecido do Velho Mundo. "S e vós.
senhor embaixador", dizia o ministro norte-americano Hill, "sois, a
alma tio Brasil, se as vossas idéias, tão claras, tão justas, tão nobres,
tão modernas, predominam na vossa pátria, eu lhe predigo, no futuro,
uma prosperidade sem limites, assim como o respeito do tundo
inteiro às suas leis e instituições”.
Continuemos, porém, a nossa visita. D. Maria Augusta está á
nossa espera no seu toucador.
"R ui só há um”, dizia D. Maria Augusta do marido. Êste
poderia retribuir-lhe o carinho : “ Maria Augusta só há uma”. E
ambos tinham razão. Noivos em começos de 76. casados em 23 tie
novembro dêsse ano, os 47 que viveram juntos foram de perma
nente itlilio. Poucas vezes se separaram no decurso dêsse quase meio
século e mais do que as expressões, ungidas da maior ternura, com
que Rui. mais de uma vez, de público rendeu homenagem àquela qtte
foi " a vida de sua vida, a alma tie sua alma, a flor sempre viva da
lamdade no seu lar", a "âncora do seu caráter e tie sett coração",
é preciso percorrer-lhe as cartas intimas, que escrevia da distância ou
do exilio, para se aquilatar da grandeza do amor que até o último
sopro de vida dedicou à esposa, "àquela fonte de energ-a interior c
sossego doméstico, em que esteve sempre o segredo de sua valentia
na luta".
D. Maria Augusta foi em moça uma criatura linda. Alta, erecta.
scnhor.>l. os cabelos ondulados, o nariz perfeito, a bõca bem talhada,
os dentes pequenos e alvos, vestindo com a mesma graça as cassas
da pobreza ou as serlas da abastança. o tempo respeitou-a. Conheci-a
— 126 —
quase aos 50 anos e aos 92. com que faleceu, ainda conservava os
traços do antigo primado, o mesmo porte, a mesma faceirice. a
mesma curiosidade, o mesmo interesse. Cercada pelo carinho d«-s
seus, acompanhada até os últimos instantes pelo zêlo infatigável da
filha mais velha c da neta mais querida. rodeada de amigos, quem
teve a ventura de lhe merecer a amizade pôde liem compreender a
paixão que nunca esmoreceu, de Rui pela mulher. "Ciúmes, dizia
êle que nunca os tivera.. Zelqs. sim". Ao que D. Maria Augusta
respondia sempre com um sorriso e um beijo. Por ocasião do seu
falecimento, José Eduardo Macedo Soares dedicou-lhe unia página
imorredoura, de que me permito destacar estas linhas :
"Pode-se dizer tpte sem D. Maria Augusta. Rui não teria sido
integralmente o que foi. Bastaria que outras preocupações lhe
atravessassem o lar, para se ver que uma frincha se abriría na sua
armadura guerreira. Mas 1). Maria Augusta, não somente disfar
çava as asperezas do caminho, como dava a Rui a ilusão de estranhas
compensações, de recompensas gloriosas, de facilidades que, na
verdade, eram feitas a|xmas de seus sacrificios e restrições. Ao
invés de pesar-lhe com suas queixas, dava-lhe a serenidade de um
coração saciado.
"Ai está a chave de um dos maiores enigmas da vida de um homeni
dominado de espirito público. Nunca lhe faltou uma angra segura
e tranquila |iarn rep o u a r de travessias furiosas. Essa foi a incom
parável ajuda que lhe deu a esposa amantissima, no decurso das
lutas de sua existência.
"Este pais tem. pois, uma grande divida de gratidão para com
essa esposa e mãe. que acaba de findar sen trânsito terreno. Nem
por se ter encerrado no lar sua missão humana, o Brasil lhe deve
menos a preservação, o encorajamento e a íórça de ânimo do seu
maior filho, que foi a maior expressão do gênio latino do Novo
Mundo".
Deixemos D. Maria Augusta, perfeita dona de casa, dar suas
instruções a Emilia de Jesus, a velha governante portuguesa, rcsnntn-
guenta e birrona, coração de ouro que é uma flor de cacto no meio
de acúleos agressivos. Vamos subir um instante ao apartamento de
Batista e Dedele, por esta escada que sai quase junto da biblioteca e
em cujo desvão está o telefone Sul 551. Vamos dar-lhes um bom
<l'a de passagem. Lá estão os dois, êle o falso boêmio, capaz dos
maiores esforços intelectuais, talentoso e erudito, ela a quem o pai.
em 95. em carta ao fiel Jacobina vaticinara o que foi a vidn inteira :
"E sta minha filhinha cada vez nos dá mais provas de tuna
bondade extraordinária, que me faz ao mesmo tempo muito feliz e
— 127 —
A R E SPO S T A A CESAR ZA N A
R U I E A CENSU RA REG IM EN TA L
CONCLUSÃO
LEVI CARNEIRO
LEIT U R A S
M A R G IN A LISM O S
VIDA B E N EM ÉR ITA
Talvez nenhum dos nossos homens públicos tenha, pois, tantos, tão
numerosos e tão altos títulos de benemerencia como Rui Barbosa.
Êle juntou às palavras — mais belas e puras — as ações cprrespon-
dentes, as mais nobres e exemplares : ao exlxnplo da sua vida acresce
o da sua obra.
Benemérito foi, realmente — antes de tudo, pelo exemplo da sua
vida — austera, quase ascética, de beneditino, de trabalhador infati
gável, de estudioso incessante. É o madrugador de todos as dias que
aconselhava: — "o amanhecer do trabalho há de antecipar-se ao
amanhecer do dia” ; e considerava : "para trabalhar nascemos” . É o
obreiro virtuoso que se dePmde de acusações á sua probidade, dizendo,
serenamente, à face do Senado : “ Deus agraciou-me com a fortuna,
preciosa entre tõdas, de não ter vícios’’.
Seria Berryer o advogado que Rui Barbosa mais admirava,
cuja atividade profissional melhor se poderia comparar à dêle próprio.
Não há, todavia, maior contraste que o da intensa vida social de Ber
rver. da sua assiduidade nas festas e nos salões clisantes, com o reco
lhimento, a modéstia da vida de Rui Barbosa, ainda no fastigio de seu
teñóme, recolhido ao recesso do lar doméstico, e ali enclausurado,
¡«jr longos dias, no gabinete de estudo, mergulhado nos seus livros
c papéis, quase sem S; alimentar, sem outro divertimento que. não
fossem as sessões de cinematógrafo e as visitas às livrarias.
Habituado, desde a difícil juventude, a contar somente consigo,
tornara-se infenso â colaboração alheia. No Império, na campanha
abolicionista, na campanha federalista. tivera companheiros, ou coope
radores — potadamente aquêle que esteve quase sempre a seu lado,
e amigo fidelíssimo — Joaquim Nabuco. Na República, porém,
na campanha pela Constituição, fica só. A bem dizer, nfio há mais
ninguém. Tanto melhor para éb. Multiplica o seu esforço, que
vale o de uma legião.
Sua casa é uma biblioteca. Estantes pejadas de livros invadi
ram lhe quase todos os aposentos. Em livros se invertia, quase inte
gralmente, o produto do seu trabalho; era aquêle todo o seu patrimô
nio. O que escreveu vai encher 100 volumes, de 300 ou 400 páginas
— ou sejam dois volumes por ano de vida. O que leu bastaria para
consumir tôda uma longa existência.
Nem só nesse aspecto, sua vida é um exemplo benemérito.
Também o é pela tenacidade, pela perseverança, com que a devotou,
continuadamente, até os últimos dias, aos mesmos altos ideais e aos
mesmos princípios básicos. Nem as decepções, nem as injustiças, nem
c. fracasso de suas iniciativas o fizeram desanimar, ou mudar de rumo.
— 155 —
RE ALIZAÇÕES B E N EM ÉR ITA S
então. um dos ministros teria dito: " T a n coração demais éste Rui I"
Ble esclarecería que não era coração, era espirito jwiítíco, o sentimento
do interesse do novo regime. Pouco depois, ainda no Governo P ro
visório, hã uma insurr.Hção militar em Santa Catarina, e Deodoro
ordena a execução dos culpados; Rui Barbosa interven! c consegue
a expedição de cotitra-ordetn. Anos mais tarde, quando surge a
idéia da revogação do banimento da familia imperial, é dos primeiros
a aplaudi-la, e justificá-la, apesar dos ataques que por isso sofre.
J)ir-se-ia que tinha sempre lan mente a velha advertência de M o n
tesquieu: vale mais, nestes casos, perdoar muito que castigar muito,
desterrar pouco que desterrar m u ito ...
Benemérito cie próprio, pelo que pregou, pelo que fez pelo que
impediu qtv se fizesse — mais evidenciada estaria a sua benemerencia
se se tivessem realizado as reformas que propôs, mantido as que
realizou, triunfado ¡mediatamente as suas campanhas, prevalecido,
desde logo, seus ensinamentos.
Benemérito, como os que melhor hajam servido o Brasil, quase
sempre mal servido, tantas vêzes traído pelos que mais devotamente
deveríam serví-lo. Benmiérito tanto, ou mais, que os heróis que na
guerra, em uma arrancada, sacrificam a própria vida em defesa da
Pátria, pois sacrificou a sua, din a dia, durante cinquenta anos con
tínuos. sem desfalecer, sem transigir, sem acovardar-s?.
Benemérito através da longa, afanosa, torturada vida, c agora, c
sempre, cada vc-z mais, porquanto a simples invocação de seu nome
traduz um anseio, a invocação de suas atitudes comprova uma pos
sibilidade. a invocação de seus ensinamentos proporciona uma garantia
— anseio, possibilidade, garantia, da implantação definitiva e da per
feita realização da democracia, nesta nossa terra, pela efetividade dos
direitos inerentes à dignidade da pessoa humana.
PUBLICAÇÕES A RESPEITO DE RUI BARBOSA
RUI E A MOCIDADE
TRADIÇAO, TNOVAÇAO
P A R A N IN F O
A PO LO G IA DO PR O FESSO R
PÁ TRIA, T R A B A LH O E ID EA L
A R E B EN Q U E ID A
• * ♦
» ♦ •
II
estrada, uma ponta, uma serra, um rio, uma ribeira. Tudo isso
é o Mossoró na geografia histórica dos dois Estados pleiteantes:
Isso tudo, a saber : uma região, com a sua orografía, a sua hidro
grafia. a sua viação peculiar".
A propósito da balisa à beira-mar, esclareceu : " O Tibatt não
é uma coluna solitária à riba-mar. um padrão |>er<iido na orda das
vagas. Se êle fôsse apenas uma coluna sòzinlia no rosto do oceano,
indicando um ponto na linha da costa, a sua importância não seria
tamanha. O que a torna decisiva, é a sua correspondência com o
rumo das serras, que do interior traçam a divisa e. nas suas lacunas,
a deixam indicada p|:lá direção da sua linha”.
Recorre aos geógrafos, para lhes endossar as opiniões ou contestá-
las, como ocorreu no tocante a Cândido Mendes, que se limi’.vi,
“ como se diz na petição inicial, a compilar a carta de Paulet, de que
em seguida trataremos.
Não c, portanto, mais do que um reflexo do outro, cujo sailor,
como se verá, não resiste à análise.
Há. de mais a mais, no seu trabalho neglicencias evidentes e consi
deráveis. Não é êle. por exemplo, quem nos traça o .Ifoa.roro desa
guando no /lpodi pela esquerda, a leste do morro do Tibatt, (piando
esse rio desemboca ao norte dêsse morro, no oceano ?
Com ser dos mais respeitáveis, nem sempre se poderá descansar
na competência deste ilustre autor, cuja discrição, nesse mesmo
adotar da carta Paulet, ficon muito aquém do que a Sua autoridade
nos dava a esperar”.
Citou a propósito a critica do conselheiro Barradas, na queetãp
de limites entre o P.aranâ e Santa Catarina :
" O ilustre geógrafo, nos mapas das províncias do Brasil, pro
curou muitas vezes estalieleccr a divisão que desejava que fôsse, e
não a que de fato era, c por isso levantou 05 protestos de tocias as
provincias, que tinham limites confusos ou contestados” .
Quanto a Paulet, para lhe desvaliar o depoimento, recorda o
motivo da sua intervenção.
" E ra êsse engenheiro o ajudante de ordens do governador do
Ceará Manuel Inácio de Sampaio, quando, com autorização c instru
ções dêste, foi ao Mossoró demarcar a sesmaria, que aquela autori
dade assumiu o arbitrio de conceder, cm terreno da Capitania vizinha,
a Félix Antônio de Sousa, o inolvidável inventor do Pau Fincado".
E assim ia Rui Barbosa fundamentando a sua argumentação jurí
dica em minucioso conhecimento da geografia e história regional,
mercê da colaboração de esclarecido riograndensc.
— 186 —
nunca trair, enche o espirito tie tun contentamento mais invejável que
as satisfações do egoísmo, tão apetecidas pela manada humana".
Através do govêmo Wcnceslau, com as restrições ao estado de
sitio e a conferência de Buenos Aires, onde estabeleceu uma nova
noção da neutralidade, que se espalharia pelo mundo, cm ressonâncias
de consagração tmiv.-rsal, atinge o climax do seu apostolado em 1919,
quando, depois de se haver afastado da política situacionista baiana,
em defesa da liberdade da imprensa, e para não recusar o seu apoio
“ aos patrícios feridos nos mais elementares dos seus direitos", e a
terra natal, "prejudicada nas mais essenciais garantias da sua exis
tência". atira-se de corpo e alma a nova campanha presidencial c logo
cm seguida a campanha pelo Governo da Bahia. Ficha então o
escritório, abandona o lar c com 72 anos de idade, doente e sozinho,
cumpre |>clo sertão ba ano. de cidade cm cidade, sob desconíortos e
vicissitudes de tõda a ordem, sua vocação de apóstolo do bem público,
não com “ a auréola das missões religiosas", mas apenas como "um
emissário da terra, um pregador de idéias liberais". Não o acompa
nhavam, conto ao filho de Deits. tronos e dominações. Mas como a •
Filho de Deus sam ao seu encontro todo o povo, “ et exierunt et
obviam, et clamalrmt pueri, diccntes : Hic est. qui ventttrus est in
saltitem populi”.
Se <xs símbolos criados pelo homem, embora refletindo a criação
divina, podem fazer de um deles, na precária limitação da fraqueza
humana, um simile do Salvador, esse foi, sem dúvida, Rui Barbosa.
‘'Prcguei. demonstrei, lvnrei", diz éle. “ a verdade eleitoral, a
verdade constitucional, a verdade republicana- Melhor sentença não
poderíam alcançar no tribunal da corrupção, do qtte a do Deus vivo
no de Pilatos".
Foi pela causa d.-ssa verdade, que cie “ combateu abraçado, com
ela, em vinte e oito anos de «ua via dolorosa''.
Não é outra a expressão do seu apostolado, que pregou mais pelo
exemplo, que p?la doutrina.
A s gravuras de Derome em que acompanhou. nos serões <lc
familia, ainda criança, a vida de lesus, deixaram os sulcos da via sacia
na fantasia do apóstolo que crescia nêle.
Vctno-lo, então, entre os doutores do seu tempo, surpreendendo os
mestres, como Abílio e lbirapitanga. pela sua sabedoria e precocidade ;
vemo-lo desde cedo, pregando a sua verdade que era o evangelito do
liberalismo, a libertação dor. escravos, a correção dos costumes poli
ticos, dos indices de corrupção e de viejos, dos processos deletérios,
das virtudes do cidadão e do político ; pregando na imprensa, na
praça pública, nos salões sempre com o timbre apostelar c a austera
— 200 —
Rodrigo i f . F . dc Audradt.
— 20ú —
A P Ê N D IC E
Sr. José de A lm eida Santos, Avenida Niem eyer, 174, ap. 20. Rio.
Saudações.
Saudações.
Na pág. 443, 3.* linha, <lo n.° 204 da Revúta do Instituto H is
tórico c Geográfico Brasileiro a publicação acnna mencionada, acha-
se, por engano, indicada como da entreviste do general Klinger, sendo
pois feita a presente retificação.
TRABALHOS TRANSCRITOS
BARAO DE MELGAÇO
E X PL IC A Ç Ã O P R E L IM IN A R
ANOTAÇÕES
1719
1720
1722
Em data de 6 de janeiro houve a n São Paulo, por ordem do
capitão-general, uma junta para tratar-se de abertura de um caminho
por terra para as minas de Cuiabá. Ficou resolvido que o dito
caminho íôsse alierto por conta da Fazenda Real, e tivesse começo
logo depois da Pascoa (3 ).
Chegou a expedição ou monção de São Paulo, pela navegação
fluvial, mas com excessivo destroço ; pereceu rnwta gente de fome,
peste, e também devorada pelas onças.
Em um dia de outubro, Miguel Sútil, sorocabano. acompanhado
de uin seu camarada europeu, alcunhado o Barbado, guiado por
índios descobriram o lugar onde atualmente existe a cidade de Cuiabá,
e pela tarde voltaram aos seus ranchos — o primeiro com meia
arroba de ouro, e outro com duzentas oitavas. Tratou togo de
1723
1726
Em junho partiu para São Paulo uma expedição que foi acome
tida no rio Paraguai pelo gentio Paiaguá ; distinguiram-se na ação
os dois ¡titanos Miguel Antunes Maciel c Antônio Antunes Lôbo.
1727
No dia 1 de janeiro celebrou-se o auto de criação da Vila Real
do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.
"Deu-se-lhe por armas um escudo dentro com campo verde e
um morro ou monte no meio, tudo salpicado com folhetas e granetes
de ouro, e por timbre, encima do escudo, uma Fénix”.
Pagava-se no Registro por cavalgadura em pêlo três oitavas,;
casa de truque de taco 128 oitavas ; cada forno 28 ; cada oficial
28 ; as lojas e vendas 50 oitavas, e sendo de sécos e molhados 64.
Havia nesse ano duas casas dc truque, onze fomos c 2.607
escravos. Tudo rendia para a Fazenda Real 35.210 oitavas, que
foram remetidos em março para São Paulo (7 ).
Expediram-se trés bandeiras para fazerem novas descobertas c
conquistarem gentios.
O vigário Lourenço de Toledo Taques prendeu e excomungou
ao seu antecessor Manuel Teixeira Rabelo ; éste agravou para o
juiz do Feito da Corôa, — Dr. Lanhas Peixoto, que o mandou soltar,
ao que seguiu-se ser também excomungado pelo vigário. Entre o
capitão-general e o ouvidor havia também manifesta discórdia, e os,
males que resultaram de aí. os pesados tributos e o rigor com que
os cobravam, desgostavam o povo — dando em resultado que muitos
habitantes fugiram para São Paulo, outros foram para as minas de
Goiás, e outros finalmente internaram-se pelos sertões em busca dos
gentios Perecis c Bororos, para reduzi-los ao cativeiro.
Por Bando dc 13 de dezembro proibiu o capitão-general que se
vendessem indios.
1728
(8) O caso <la substituição do ouro cuiabano por chumbo de igual peso
foi minuciosamente explanado por A . de Taunay em Os primeiros unes dc
Cuiabá e Maio Grosso.
A explicação apresentada por Barbosa de Sã valia como lítalo contra
a extorsão fiscal a que se achavam sujeitos os moradores de Cuiabá, Os
fatos, porém, passaram-se de maneira menos misteriosa.
Os cintílete* lacrados, com 18.065 oitavas de ouro, foram ectregues, em
São Paulo, ao provedor dos Quintos, Sebastião Fernandes do Rego que
tinha chave do cofre cm que se guardavam os cunhos. Foi-lhe fácil substi
tuir o ouro por chumbo dc igual peso, e de novo lacrar o fecho, que tomou
o mesmo aspecto primitivo.
Quando «e evitación a escamoteação, perante Dom João V. que se ro
deara de ministros e fidalgos para festivamente mostrar o agrado com
que recebia as primicias do ouro euiabano, a indignação do rei manifestou-se
por atos inequívocos.
Ciente da decisão da metrópole cm castigar o criminoso. Antônio
Caldeira da Silva Pimentel, governador de São Paulo, a quem se atribuía cum-
— 220 —
1729
1730
1731
cínio, por isso que amainaram c desceram pelo rio abaixo. Se
guindo os nossos foram acostar-se à aldeia dos Tabatingas, cue se
achavam à margem esquerda do Paraguai.
Não quiz o brigadeiro ofender a estes e voltou para cima até ao
distrito dos Gttaieurús, e mandando convidá-los a que viessem fazer
amizade e negócio, chegaram alguns, que entraram em paz. Tendo-
os seguros, o brigadeiro prendeu a um déles, que trouxe consigo,
e aos demais mandou cortar as mãos e orelhas, dizendo-lhes que
fossem mostrar aos seus caciques, e aos Paiaguás, seus amigos.
Feito isto, voltou a expedição. O Guaicunt que veio era filho de
um cacique.
Foi muito bem instruido na religião cotõlica e batizado com o
nome de Tomé. Voltou depo's para os seus, não sem alguma repug
nância. Persuadiu-sc a nossa gente qué este índio vierse a servir de
Apóstolo da sua nação, porém assim não sucedeu. Apesar disso,
entretanto, cm tôdas âs ocasiões que os cuiabanos tiveram de lalar
ou negociar com aquela nação, foi sempre Tomé fiel para conosco,
avisando-nos de algumas traições dos seus.
Em principio do ano foi empossado do lugar de superinten
dente dos Qumtos. Entradas e mais Direitos da Fazenda Kcal, nome
em que foi mudado o de provedor, o coronel Tomé Ferreira de
Moraes Sarmento, que, pouco depois, retirou-se para iora da vila e
dai para São Paulo, perseguido pelas violências do ouvidor Vila
Lobos. Neste mesmo ano entrara também o brigadeiro Lara a ser
regente da Vila e guarda mor das terras minerais.
Veio ordem para se fazer arrecadar os dizimos da nova vila
desde 1728 e 1731, para os quais não tinha havido contratador.
Enquanto aos anos anteriores houve contratadores, a cujo beneficio
se lançou um Bando cm 1727. Foi esta a primeira providência sõbre
os Dizimos Reías.
Neste ano chegaram a esta Vila, vindos dos sertões dos Pãrecis,
Fernando Paes de Barros, rcu irmão, A rtur Paes de Barros e seus
sobrinhos João M artins Claro c João Pinheiro, todos naturais de
Sorocaba ; apresentaram um cruzado de ouro de amostra das minas
de Mato Grosso (13).
Fizeram-se em Cuiabá mtvtas plantações de cana e com o uso
de aguardente (da qual o frasco vendia-se a principio por dez oitavas)
foram diminuindo as febres c a mortandade dos escravos.
Tal estrago fizeram os ratos nas roças e ñas casas, que o pri
meiro casal de gatos vindo ter a Cuiabá foi comprado por uma libra
de ouro, c a sua descendência vendeu-se a 20 e 30 oitavas.
1732
1733
1734
1736
1737
1738
Chegou de São Paulo uma grande monção, c nela o intendente
c provedor Dr. Manuel Roiz Torres, que praticou muitos excessos
na arrecadação da Fazenda Real, tanto nestas minas, como nas de
Mato Grosso.
1739
1740
1741
Chegou na monção de São Paulo o padre Antônio José Pereira
que veio render o padre João Caetano, vigário de Cuiabá. Na
mesma monção veto também como capelão de Mato Grosso o padre
Manuel de Santa Maria.
1742
1743
Separou-sc a freguesia das minas de Mato Gtotso (São Fran
cisco Xavier) das de Cuiabá, sendo primeiro pároco e vigário da
vara o reverendo Bartolomeu Gomes Pombo, nomeado visitador de
Cuiabá. Como vigário da freguesia de Cuiabá veio o padre Manuel
Bernardo Martini Pereira.
Deu o gentio Paiaguá no reduto do Sapé, no rio Cuiabá, onde
se achavam muitas pessoas ocupadas em pescarias. Matou muitor, e
levou vinte cativos.
Chegando a Cuialiá noticia de terem os padres jesuítas espanhóis
fundado misrão à margem direita do rio Guaporé, a Câmara convocou
uma assembléia de tõdas as ordens, em que resolveu em ate de
Junta de 30 de maio enviar ao governador de Santa Cruz de Ia
Sierra protesto contra a ocupação da dita margem, e desta comissão
foi encarregado o ouvidor Dr. João Gonçalves Pereira, que a principio
se escurou com justificados motivos.
Chegou na monção de São Paulo o Dr. ouvidor Manuel Antunes
Nogueira, que tomou posse a 14 tie dezembro. No mesmo mês de
dezembro chegou o Dr. intendente João Nobre Pereira.
1744
Vindo de São Paulo para Cuiabá Antônio Alves de Siqueira.
Manuel Lõbo e .Antônio Quadros, foram atacados pelos paiaguás no
1745
1746
1750
C A PIT A N IA
Dom Antônio Rolim de Moura Tavares, primeiro capitão general
— (1751-1764).
1751
Por carta régia de 22 de setembro de 1748 foi nomeado gover
nador c capitão general da reccm criada capitania de Mato Grosso
o capitão de .infantaria Dom Antônio Rolim de Moura Tavares,
senhor das vilas de Azambuja e Montragil, comendador da Comenda
da Qioupania da Ordem de Santiago, do Conselho de sua majestade e
veador da casa da rainha (27).
Foi-lhe expedida, em data de 19 de janeiro de 1749, uma Carta
Régia instrutiva cujas principais disposições constam do seguinte
resumo :
§ l.° determina que se ponha a cabeça do governo no Distrito
de Mato Grosso onde deverá o governador fazer a sua mais conti
nuada residência, indo contudo a Cuiabá e ãs outras m iras do
Ixia conveniência no dito rio. pois que nele nunca se achara mais que
algum olho ile mosquito e com grande novidade)” Fundou-se em maio
a aldeéa de Santana da Chapada que teve por diretor o padre mis
sionário Estevão de Castro, para nela rc recolherem os indios que
andavam em administração.
Por Bando de 31 de maio publicou-sc a notícia do falecimento do
Sr. Dom João V (cm 31 de julho do ano anterior) <• da aclamação
do Sr. Dom José (30).
Em junho providenciou o governador a respeito do encana
mento das águas do Motuca para a campanha do Jassé, de que trata o
§ 24 das suas instruções. Éste serviço, empreendido pela d 1'géncia
do ouvidor e desembargador João Gonçalves Pereira e do briga
deiro Antônio de Almeida, havia sido abandonado, e renovara-
havia dois anos e meio por uma associação de cinco mineiro.., que
obtiveram de S . Excia. <> não pagarem as capitações vencidas c por
vencer até começarem a lavrar <> ouro com dito serviço, c juntamente
não poderem ser executados pelos seus credores no decurso de três
anos, tempo em que provavelmente o haveríam concluido.
A 3 de novembro, Dom Antônio Robín partiu para Mato
Grosso ; a 27 chegou ao Jauru. que naquele tempo se atravessava
no lugar da Cachoeira-Grande ; ali existiam então em distância de
duas léguas quatro sitios de moradores pobres.
No dia 7 de dezembro chegou ao Guapnré. que naquelas paragens
era reputado ¡navegável, por caustt de cachoeira c sumidouros, até
o tempo que ali chegou o Dr. Teotón o de Gusmão, que rodou pelo
dito rio sem outro inconveniente do que uma pequena cachoeira.
S. Excia., fêz seguir por terra a rua comitiva c embarcando em uma
canoinha acompanhado tão somente de um oficial e de uni soldado
desceu também pelo rio e cnm três dias de feliz viagem chegou no dia
14 ao sitio do Pouso-Alcgrc, onde veio a erigir a vila. No fim de
quatro dias marchou para o arraial de São Francisco Xavier, onde
chegou no dia 19 (31).
perto de casa, c as roças que nestas terras dão liem pelos muitos
inatos gerais que há. Os oficiais que vieram do Pará à exploração do
rio Madeira deram aqui a conhecer a baunilha (32).
Acham-se estes arraiais tão despovoados que cm amplas não
chegam os brancos a 70 dos quais 7 são casados. Os mulatos bas
tardos c pretos forros podem ser outros tantos. Matricularam-sc na
última matricula do ano passado 1.165 e scra v o s..." " . . . Tem
sómente cinco vendas de 2." clasae e entre lojas, boticas e cortes de
carne — 12. tõdas de 3? classe ; ao mesmo tempo que valem aqui as
fazendas uns preços exorbitantísim os. Os oficiais todos não jxueani
na dita matrícula de 16. O rol da desobriga do ano passado contém
2.227 pessoas entrando carijós" (33).
Chegou neste ano o padre Fernando de Vasconcelos, para pároco
de Mato Groaso.
1752'
1753
1754
1755
Eiu agosto o general foi visitar a aldeia de São José, ali achou
bastam s indios que se mostraram submissos e satisfeitos pela boa
administração do seu diretor, padre Agostinho Lourenço. S. Excia.
estendeu a sua excursão até a fez do Ãlamoré.
A 20 de dezembro o Senado da Cântara de Cuiabá, auxiliado das
autoridades militares, depôs o ouvidor João -Antônio Vaz Morilhas,
|» r assim o haver determinado o general que resolveu a dar execução
a ordem que tinha de cumprir o falecido desembargador Caminha de
Castro (Desemlrargo de 22 de maio de 1753). Antes de dar esse
passo, consultara S. Excia. não só aos ministros letrados desta capi
tania, mas ainda ao governador de Goiás que convocou nma junta
cujo parecer foi unânime a tal respeito. (E m Meia Ponte. — A
junta foi composta do conde dos Arcos, o conde de bão Miguel c dos
ministros e letrados de Goiás — oficio do conde dos Arcos ao
general Kolim de 22 de dezembro de 1755).
1756
Em maio chegou o Dr. Manuel Fanguciro Frausto, nomeado
juiz de Fora de Mato Grosso.
Em julho partiu o Dr. Teotônio da Silva Gusmão com o fim
de procurar um lugar azado para a fundação de um estabelecimento
nas cachoeiras que se encontram na navegação do Pará para Mato
Grosso.
A 4 de setembro recebeu o governador comunicação oficihl do
terremoto que reduzira Lisboa a ruinas cm 1 de novembro do ano
antecedente. Convocou uma reunião da Câmara e de .Adjuntos eleitos
pelo povo, a qual teve lugar a 2 de outubro z deliberou-se oferecer o
donativo de cinqiienta mil cruzados para o reparo dos estragos cau
sados por arpíela catástrofe; estabeleeendo-se impostos cuja percep
ção durava até perfazer-sc a dita quantia, para cuja obtenção esta-
bcleceu-sc um intpõsto na carne verde, e criou também imposto aos
engenhos de fabricar aguardente. A sala de Cuiabá concorreu para
o mesmo objeto com o donativo de 60 mil cruzados, quantia — diz
Dom Antônio Rohm (of.0 de 5 de abril de 1757) comparativamente
muito inferior à que deu Mato Grosso.
Em dezembro o general mandou publicar um Bando proibindo
que súdito algum de el-rei de Portugal acompanhasse ou socorresse
com armas ou munições dc guerra às Handciras espanholas que cons
tava terem vindo tirar gentio das terras do lado oriental do Guaporé.
Outrossim fer sair duas canoas armadas em guerra t colocar uma
guarda no sitio das Pedras a fim de embaraçar tais expedições.
— 249 —
1757
Uom Antônio Rolim recebeu um aviso da Secretaria do Estado
de 24 de junho de 1756 elogiando os seus serviços e declarando-lhe
que rão seria rendido no governo até quando se não findassem as
demarcações.
Em oficios dirigidos à Secretaria do Estado em 24 de main e 24
de novembro, o governador dá conta da riqueza das lavras de N. S.
dos Remedios, ou do Médico e diz que em 15 de setembro saíra de
Cuiabá para São Paulo uma monção em que iam mais de 100 mil
citavas de ouro. Em outro oficio, porém, de 2 de julho do ano
seguinte (1758) participa que o mesmo descoberto não corresponden
às esj>eranças que fiz. ra nascer.
Constou ter sido aprovada por sua majestade a suspensão do
ouvidor Vaz Morilhas (43).
Ciente o governador de que os sócios da Mutue» demoveram o
serviço do encanamento, por verem que a vantagem do m >smo serviço
rãn er.i tanto como esneravam a princípio, retirou-lhes os privilégios
que, para animá-los, lhes tinha concedido c mandou-os executar pelo
qtt ■deviam à Fazenda Real.
Chegou como vigário da Vara e da Igreja de Cuiabá o padre José
Mendes de Abreu, o qual só tomou posse no ano seguinte.
175S
Autorizado p da Provisão de Dom Antônio Rolim de 16 de julho
de 1756, o Dr. Tcotônio da Silva Gusmão fundou a Povoação de
Nossa Senhora de R ta Viagem, no salto grande, segunda cachoeira
do Rio Mad/ára. vindo de baixo, que desde então ficou vulgarmente
chamado — Salto Tcotônio.
Mandou-se aplicar às despesas da Capitania a importância do
donativo destinado ao reparo da cidade de Lisboa.
No fim do ano houve em Cuiabá urna epidemia de tosses e cur
sos de sangue de que m orr-u muita gente, que se estendeu ao imo
seguinte.
1759
Foi transferida a Ouvidoria de Cuiabá para Vila Bela, sendo
primeiro ouvidor o juiz de Fora Dr. Manuel Fangueiro Frausto.
Ficou extinto o Juizo de Fora de Mato Grosso, criando-se o de
Cuiabá (4-1).
Recebeu a 1’rovedoria oito arrobas de ouro, prime ro subsidio que
para esta capitania remeteu a Goiás (45).
Nos anos seguintes vieram 6, 8 e até 10 arrobas.
Em observância das ordens que recebera da Corte acerca dos
jesuítas, o capitão gm eral mandou recolher o padre Agostinho Lou-
renço da aldeia de São José, em que prestara os melhores serviços e
fê-lo seguir para Cuiabá e de ali para São Paulo (46).
O padre Agostinho se h< uve com todo o desinteresse na direção
da aldeia, sem embargo do que nela tinha despendido muito do seu
próprio, de vários presentes que lhe haviam (cito não só os padres
espanhóis, mas militar, pessoas destas minas ; e também empregou
sempre com grande zêlo e cuidado no aumento da mesma aldeia ; e
havendo-a ccmeçado desde seus fundamentos, sem para ela caber mais
coisa alguma que uns poucos índios brutos e muita parte déles para
Entizar ; e agora na sua retirada se achava a merma aldeia com
engenho de moer cana, teares de tecer algodão de que muitos indios
andavam vestidos ; muita planta e criação e um total de 30 cabeças
de gado.
Foi substituído pelo padre Domingo (Jomes da Costa. O outro
missionário jesuíta, padre Estêvão de Castro já tinha tido que deixar
por estar parado a aldeia de Santana da Chapada: t ve por sucessor
o padre Simão de Toledo Rodovalho.
Tendo o general motivo de supor que das aldeias de Moxos,
continuava a vir gente para o lado oriental do Guaporé, mandou de
novo colocar uma guarda no sitio das Pedras, onde existia havia oito
ou dez anos ura velho cirurgião francês de nação e casado em São
Paulo de nome J. B. Andrileux.
Com a noticia da sua promoção ao pósto de brigadeiro (foi no
meado brigadeiro de Infantaria por decreto de 23 de novembro de
(44) A Ouvidoria tinta sede en> Cuiabá, vila mais antisa e o juiz de
Fora em Vila Bela. Alternaram-se, neste ocasião, as condições, passando o
ouvidor para a Capital, indo o juiz para Cuialtá
(45) O subsidio, determinado por ordem régia, atendia aos instantes ape
los de Rolim de Moura, obrigado a enfrentar despesas avaliadas com escassa
renda.
(46) Em cumprimento da ordem de expulsão dos jesuítas, empreendida
por Pombal.
— 251 —
1760
Por Bando de 3 de fevereiro publicou-se a P. R. de 26 de agosto
de 1756, autorizando o capitão general a conferir nobrrza c mercês
dos hábitos militares, e a criar uma junta para processar sumaria
mente os réus de crimes gerais, marcando o modo de compor n dita
junta, que devia se r presidida pelo general c ter por vogais três
ministros letrados, e além destes três oficiais militares para o jul
gamento dos réus militares, e três vereadores para julgar c.s paisanos.
A 6 de fevereiro partiu o capitão general da Vila B :la para as
Pedras c dali seguiu até o lugar onde estava na margem direita do
Guaporé a Missão de Santa Rosa. Achou que os pt.drcs espanhóis,
contra a promessa que lhe tinham feito cm 1756, continuavam em
mandar fazer roça, c plantações na vizinhança da dita aldeia. As
casas, porem. e a mesma Capela estavam quase completamente a rru i
nadas. Alguns dos mencionados padr ts vieram ali visitá-lo. S. Ex.*
cuidou cm reparar alguns dos referidos edifícios, e em traçar a cada
mn deles uma estacada, e regressou cm 17 de abril para Vila Bela.
Passando pelas Pedras determinou que a respectiva guarda sc fosse
unir à outra ;• que ficou assim composta: 27 dragões. 13 pedestres e
20 soldados aventureiros c perto de 40 homens entre indios e escravos,
sendo comandante um cabo arvorado em sargento. Consistia ■> arm a
mento cm armas de fogo das praças, algumas peças de amiudar urnas
foices roçadeiras que montou-se cm compridas hastes para uso dos
indios e pretos.
( Os soldados que eu chamo Aventureiros, dio Dom Antônio Rolim
em oficio de 30 de setembro de 1762, são várias sertanistas que haviam
fo r este rio c que antes da minha chegada a Mato Grosso viviam de
facer entradas /¡elos sertões r busear gentio; e outros serviam aos
/adres castelhanos nas mesmas diligências ou de outras muitos nas
aldeias. A estes mandei assentar fraca a titulo de Aventureiras,
dando-llics o soldo do soldado, sem farda.)
Em setembro o governador de Santa Cruz de la Sierra, Dom Alva
res Verdsijo veio à Santa Rosa a Nova e dirigiu a Dom Antônio Rolim
reclamação acerca da prematura ocu|>ação de Santa Rosa a Velha
(47) Não consta que Rolim de Moura tivesse exercido funções de co
missário, apesar da sua nomeação para substituir a Francisco X a v is.
— 252 —
Receito
Da Provedoria da R. Faz..’ . . . . 7.076-J4-6
Da Intendencia o : Cuiabá ........ 12.320-J4-6
Da Intendencia Vila B e l a ........... 895— 15
Do subsídio voluntário ............. 1.885-%
Despesa
Fôlha eclesiástica ......................... 4ÍY)
Folha civil ...................................... 6 .6 7 6 -0 -1 6
Fõlha militar .................................. 18.903-%- 6
Extraordinária .............................. 8.000
33.986-0 - 4
Deficit 11.868-0-13
1761
O capitão-gcneral tomou providencias no sentido de tot dar-se
efetiva a execução da Lei de S de maio de 1758. que estabeleceu a
hberdade dos índios — mesmo daqueles que, embora tomados cm
— 253 —
Foi remetido prêso para o Pará, a fim de ali seguir para. Lisboa,
o Dr. ouvidor João Vaz Morilhas.
Em abril criou-se uma espécie de registro no Jauru.
Chegou a Cuiabá : tomou posse a 9 de agosto o primeiro juiz
de Fora da dita vila, Dr. Constantino José da Silva e Azevedo,
tendo sido criado ésse lugar |>or Carta Régia de 28 d ; agosto de 1760.
A 25 de agosto saiu o governador para Santa Rosa, onde chegou
a 13 de setembro. Pensou diligentemente em dar incremento ao esta
belecimento feito nesse lugar, a que os nossos tinham dado o nome
de — Destacamento de N . Senhora da Conccifüo (49).
Mandou ali aumentar e melhorar os quartéis, os armazéns c a
capela, e cuidou de fortificar o ponto e exercitar a sua guarnição;
cuidou também com empenho em atrair por meio de brindes os indios
oas vizinhas Missões Espanholas, tendo conseguido que pássassrin
l>ara a nossa parte mais de 170 índios, vindos principalmente das
aldeias de São Miguel e Santa Rosa, a Nova, motivo por que os
Missionários abandonaram esta última, levando os indios que lhes
restavam, recelosos também de perdê-los.
Ordenou o general que todas as terras da margem direita do
Guaporé se tratassem como nossas, não consentindo que os indios das
Missões Espanholas nelas viessem buscar frutos c gados.
1763
1764
Efctuou-sc a troca dos prisioneiros c das terras pertencentes à
aldeia dc São Miguel, não sem alguma contestação, principalmente
quanto aos indios que tinham vindo daquela aldeia e que espontá
neamente ficaram dc nossa parte.
O governador de Santa Cruz reiterou as suas reclamações pela
restituição de Santa Rosa e até de Mato Grosso e Cuiabá, depois de
uma entrevista que tev: em setembro cora □ conde de Azambuja
a respeito da mencionada restituição dc terras e prisioneiros.
Confiando pouco na duração da paz, o capitão general conser-
vou-se esperando o sett sucessor no Presidio da Conceição.
A 25 de dezembro chegou a Vila Bela o tenente coronel João
Pedro da Câmara, nomeado para suceder ao conde de Azambuja
no governo da Capitania. A viagem de S. Ex.a foi muito demorada,
principalmente por causa da artilharia que trazia.
1765 — 1768
1766
o Forte. Neste receio jii tinha o general mandado abrir ura caminho
por t;r ra da barra do rio Mcqucns para o Presidio.
Em 1 de outubro vieram os espanhóis abarracar-sc no sitio da
Estância, meia légua distante da margem do rio oposta ao Pt'.’sidio da
Conceição. Constava o seu exército de 4.200 homens bem fardados
e armados, comandados pelo presidente da Real Audiência de Chu-
quissaca, que trazia consigo um coronel de engenheiros, com quem
viera à beira do rio fazer reconhecer o estado do inesmo Presidio (5 5 ).
Vendo que a passagem do rio fõra difícil por causa dos vários
destacamentos que o general português havia postado para obstar
a ela, resolveram levantar uma batería defronte do Forte a fim de
batê-lo. esperando assim efetuar a passagem e atacar o Pmsidio,
tomando o general a ofensiva pela direita e o coronel de engenheiros
jxtla esquerda. Para éste fu i o dito coronel fez marchar uma com-
innhia <le granaderos c três de fuzileiros com cem cavalos a otiupareni
o sitio onde existira a Missão de Santa Rosa a Nova, duas léguas
abaixo do Forte. Depois marcharam as outras tropas a postar-se na
margem do rio, e entraram com grande diligência na construção de
balsas capazes de transportar para a parte do Presidio a gente e a
artilharia, — e em fazer trincheira e bateria, o que concluiram guar-
necendo-a com 4 peças de bronze de c. 8, e 4 de 6. Além disso,
abriram uma grande vala por traz da mesma artilharia, cm que
pretendiam segurar seus soldados para não serem ofendidos da praça.
1766
1767
(56) O motivo que deu lugar à cessação das hostilidades foi ter chegado
ao conhecimento do vice-rei de Buenos Aires Dom Pedro Cevalfos que
arrihara no porto t'o Rio de Janeiro o navio mercante Principa San Lourcnço,
saído de Buenos Aires em feverAro com um milhão de pesos c carregamento
de cornos; e recriando o mesmo vice-rei que íósse sequestrado pelos por
tugueses. se estes tivessem noticia das hostilidades projetadas, resolveu ex
pedir a eonmnícaclio de 13 de julho, que foi entregue a 21 de cidubro.
(N ota dh E. de Mendonça).
— 262 —
1768
(1769 — 1777)
1769
O capitão general Luis Pinto de Sousa Coutinho chegou a
Vila Bela no dia 1 dl: janeiro c a 3 tomou posse da Capitania, que
lhe fôra coÃfiad* pela Carta Regia de 21 de agosto de 1767
A 7 de janeiro mandou publicar a l-ci de 28 de agôsto cie 1767
que extinguiu a Companhia de Jesus nos Domínios Portuguésès ■■
d ciaron nula como obrcticia e subreticia a Bula .liiiinoriiiii Saluli.
Por Bando de 14 de março determinou-se em virtude da Carta
Régia de 8 de agôsto de 1758 a seguinte mudança de nome de d i
versos lugares :
Artilharia
12 peças de c. 6 At ferro
1 peça c. 4 de ferro
3 de ferro
2 de ferro
1 de bronze
■X de ferro
J4 de ferro
J í de bronze
R em eteu tam bém m a jo s d c onde se colige (pie a Receita c a
Despesa d a C apitan'a eram com o segue :
D iferença . . 31:6795000
Despesa
F o lh a Eclesiástica ............................... 496$000
” C ivil ............................................ 13:0798360
" M ilita r ....................................... 58:8205387
D espesas ex tra o rd in ária s .................. 42:251 $590
D espesa eventual ................................. 7208000
1 5 :3678337
— 265 —
F a l t a .............................................. 19:7928150
546
1771
298.865$935
— 268 —
1772 — 17«S
1773
Em 27 de março celebrou pela primeira vez a Junta dc Justiça
criada per Carta Regia de 12 de agosto d e ............... (57).
Em abril procurou-se efetuar a varação do rio Aguaperi para o
Alegre das canoas do comboieíro Gabriel Antunes, que havia
indicado e assegurado a possibilidade da dita varação ao general Luis
. Pinto. Não obstante ter-se intentado esta varação nh época da
ma or endiente e terem sido previamente, de ordem do general,
pn.-parado o varadouro c desobstruidos os rios, não foi possível a
uma só canoa chegar ao varadouro c teve o dito comboieíro de retro
ceder ao Jaunt.
Em oficio de 5 dc abril o general solidtou da Córte a remessa
de 12 contos da moeda provincial de prata : de cobre para a faci
lidade das transações.
Em maio recebeu um Aviso da Secretaria de Es'ado de 30 de
setembro de 1772 em que ll.e terminava que procedesse ao reco
nhecimento do rio Guapote; que elegendo nas proximidades do rio
dos Mequens um lugar azado para o estabelecimento de uma feitoria
da Companhia dc Comércio do P a rá; que examinass; a Fortaleza da
Conceição c os reparos de que necessitava, devendo haver dentro da
mesma lugar para os armazéns precisos para outra feitoria da dita
companhia; e finalmente que descendo até às cachoeiras, examinasse
o lugar mais conveniente para se fundar outra Fortaleza, devendo
entender a respeito de tudo com o governador do Pará.
Essas novas incumbências fiz.'ram o governador adiar o pro
jeto que tinha de mandar reconhecer o rio Pàraguai e fundar um
estabelecimento no Fecho dos Morros.
E m outubro o gentio matou 13 ptssoas no lugar da Chapada
dos Guimarães, que se achavam (siseando nas margens do Aricá e
mais três no ribeirão do Bandeira, três léguas distante da vila de
Cuiabá.
Para comodidade dos particulares c a fim de evitar o extravio
do ouro que tinha que pagar o quinto, estabelcccram-se correos para
(57) "Essa carta régia autoriza o governador a formar uma junta com
posta dc cinco ministros letrados, c na sua falta, de advogados de nota para
sentenciar todos os crimes, civis ou militares, por um processo verbal c
sumarissimo, executando-se logo depois da sentença, que podia ser até de
pena última" ('Nota dc A. Lcvcrger).
— 272 —
1774
O general disceu até o rio Madeira, onde encontrou-se com os
engenheiros mandados vir do Pará, a fim de auxiliá-lo nas indaga
ções que lhe haviam sido prescritas. Reconheceu-se que não havia
lugar conveniente à margem diifata do dito rio, na proximidade da
sua confluência com o Mamoré, para construção dc o r a fortaleza,
como fôra indicado, por ser tudo alagadiço; porém ua margem
esquerda, ou ocidental, de fronte da Ilha Grande havia um pequeno
espaço de terreno sobranceiro de nove palmos à inundação, que po
dería servir para aquêle fim.
Notou-se mais que haveria por ventura maior vantagem cm
fortificar a mesma Ilha Grande. Examinando a localidade da arrui
nada ou destruída Fortaleza da Conceição, convencen-sc o general
de que coisa de 1.000 braças acima dela havia à margem do Guaporé
um lugar mais azado para a construção de uin novo fort .-, do qual
mandou levantar a planta em proporções tais que, além dos edificios
que «Vivia conter uma tal obra militar, houvesse nela espaço para
armazéns de uma feitoria da Companhia de Comércio do Pará.
Quanto ã feitoria que fôra mandada estabelecer no rio Mequcns,
na aldeia de São José, a qual já ali não existia por ter sido removida
mais para baixo, ao general pareceu que o lugar mais próprio para a
dita feitoria era o lugar da Casa Redonda, à margem esquerda do
Guaporé, em frente ao rio Corumbiara. Durante a referida diligência
e estando o general e a sua comitiva na cachoeira da Bananeira,
aparcccu-llie uma maloca de indios Pacovas dando sinais de oucrcrem
aldear-se; foram enviados uns de ambos os sexos e algumas crian
ças para a Fortaleza da Conceição, onde não tardaram em morrer
sucessivamente.
Em cumprimento às ordens e instruções do governador, o sar
gento mor Marcelino Roiz Camponês foi em maio para o Arraial
dos Araés. a fim dc examinar essa paragem e estalielecer entre os
— 273 —
Em 1 d ; Junho 240
1775
Total 40%
1776
amizade com êles, prometendo êsses indios que, passadas três luas,
viriam ao Presidio.
De uma conta enviada ao marquês de Pombal cm junho consta
que divida passiva anterior a 1769 ainda era de 4 7 :560$999, tendo
já pago :
1777
No dia 4 de fevpreiro pelas 9 horas da noite houve no Presidio
de Coimbra uin incêndio em que arderam tôdas as casas, menos a
da pólvora; apenas se salvaram alguns sacos de iarmh.1. Morreu
uma criança de 8 anos, cm consequência das queimaduras receb’das.
A noticia da tomada de Santa Catarina |: de outras hostilidades
da parte dos espanhóis, levou o general a mandar reforçar as guarni
ções da fronteira e tomar outras medidas relativas à sua defesa.
Em agosto repartiu-se o novo descoberto d : ouro na chapada de
Bcripoconé.
Em Bando de 23 de outubro public»u-sc a criação do Corpo
de Auxiliar de Voluntários do Distrito de Mato Grosso, pela resolução
do general de 25 de junho antecedente.
Em novembro recebeu o general um ofício do vice-rei marquês
do Lavradio comunicando-lhe a suspensão de hostilidades entre
Portugal e Espanha, em consequência do qne mandou recolher os
destacamentos com que havia reforçado as guarnições das fronteras.
Embora não tivesse noticia oficial do desponsório de sua alteza o
principe da Beira, o general mandou festejar em dezembro êsse sucesso.
Havia três meses que se sabia do falecimento de Dom José I.
e como demorasse a comuniuação oficial a tal respeito, o general
mandou publicar e celebrar um oficio fúnebre.
A falta de mmessas de gêucros e escravos pela Companhia de
Comércio do Pará inquietou o general e fê-lo recear que se tivesse
alterado o plano de abastecer o comércio de Mato Grosso pela ditst
Companhia. Com efeito, em dezembro recebeu o Aviso da Secretaria
de Estado dos Negócios Ultramarinos de 3 de junho de 1777, em cum
primento do qual mandou publicar em 22 de dezemliro um Bando
— 278
1778
Em 6 de janeiro, tendo vindo uma porção de Guaicurus ao Pre
sidio de Coimbra em termos de amizade, c tendo havido descuido
por partí? dos nossos, foram aleivosamente mortas 54 pessoas pelos
ditos índios, em distância de 300 passos do Presidio.
Em fim de fevereiro o general embarcou para o Forte do P rín
cipe, cujas obras não cessava de ativar, e voltou ao cabo dc tr.-s
meses a Vila Bela. Em oficio de novembro pedia o general ao
Governo, entre outras coisas, a remessa para o dito Forte dc uma
duzia de peças de artilharia de bronze, bem montadas c de calibre
mediano — de 6 e 8. — com os respectivos preparos e provimentos,
e assim também 1.500 a 2.000 armas novas.
A 12 th junho o ouvidor D r. Luiz de Azevedo Sampaio foi
morto a tiro cm Vila Bela. O assassino. José Tavares Barbosa
não procurou fugir e entregou-se à prisão. Foi sentenciado à morte
e executado dentro de oito dias. Fazendo ciente ao Gbvêrno
dèste acontecimento, o general participava que ia tamliém mandar
proceder a uma devassa sóbre as violências e desatinos praticados
pelo dito ouvidor — o que tudo foi aprovado por Provisão de 20
de julho de 1779.
Um oficio do governador de São Paulo comunicou a noticia
da demolição do Presídio de N. S. dos Prazeres de Igatimi pelos
espanhóis.
Em julho chegou extra oficialmente a notícia dos Tratados de
Paz e Limites dc 1777.
A 21 dc setembro celebrou-se o auto da fundação da poveação
dc Albuquerque, na margem direita do Paraguai, lugar escolhido pelo
capitão-mor João Leme do Prado, que ali se conservou com alguns
moradoras vindos dc Cuiabá.
A 6 de outubro celebrou-se também o Auto da fundação de Vila
M aria do Paraguai, no lugar onde existia o Registro e habitavam
161 pessoas, entrando nesse número 80 índios desertados da Missão
dc São João de Chiquitos.
— 279 —
1780
1781
A 21 de janeiro impôs solcnemente o nome de Arraial de São
Dxlro d ’El-Rei ao descoberto de Beripoconé, onde já existiam 2.118
habitantes de tôdas as condições, e havia esperanças de prosperidade
durável, à vista das lavras de veeiros que tinham aparecido. Um es
cravo dava de jornal 114 oitava de ouro por semana.
1783
178+
Em março houve uma excessiva enchente do rio Gtiaporé e que
aiagou Vila Bela; julgou-se haver arruinado uma terça parte das
cusas.
A 23 de abril, estando na Freguesia de Santana o Juiz de Fora
de Cuiabá, Dr. Antônio Rodrigues Gayoso, disparou-se-lhe um
tiro de arcabuz com balas I? perdigotos que muito o maltratou, veio
a sabsr-se que o mandante do crime íõra um Pedro Marques, taver-
neiro, natural de Portugal, e o mandatário um Pedro José dos Passos,
pardo natural de Ararilaguaba, os quais conseguiram evadir-se (66).
O general mandou remeter de Cuiabá para Albuquerque diversas
sementes e mudas de cana d? açúcar e o necessário para ali se levantar
um engenho.
O general mandou o capitão Ricardo Franco e o Dr. Pontes
completar a exploração começada no ano anterior dos terrenos a
sul de Vila Bela até o marco do Jauru. A expedição Compunha-se
de 20 pessoas. Partiu em julho.
Em agósto receb.-u o general um oficio do vice-rei de Buenos
Aires. Dom João José da Vertir, anunciando a vinda do tenente de
navio. Dom Rozendo Rico Negron. 1.° comissário da 3.a Divisão
Espanhola da Demarcação de Limites, e em setembro a comunicação
oficial de haver chegado em Santa Cruz o dito comissário.
1785
No dia 8 <r_- setembro celehrott-se com muita ponqxt e assistência
do general, em Casalvasco, a festa de N. S. da Esperança.
Estabeleceu-se em Salinas. 7 ou 8 léguas distante de Casalvasco.
uma guarda composta de um alferes. dois dragões c cinco pedestres
com o fim de patrulhar as imediações e impedir a fuga de escravos
c desertores.
Inforntado o general que nas cabeceiras do rio .\legre tinha
aparecido ouro de conta, ordenou que se prosseguisse na diligência
da socavação, e que no caso (67) ...........................................................
execução à dita ordem, servindo-se do que tinha escrito José Barbosa
de Sá. que consignou algumas noticias anteriores a 1765. e desta'
época para 1786 narrou os sucessos de que tinha sido testemunha
ocular (68).
1786
Em abril partiram de Vila Bela para Jauru os engenheiros e
astrônomos da Divisão de Demarcações, com suficiente comitiva, a
fim de fazerem um cxlato e circunstanciado reconhecimento do rio
Paraguai, desde o Marco até a Baia Negra, e bem assim das adja
centes baias. 13 sempenharam esta comissão, e saindo pelos rios
São Lourenço e Cuiabá chegaram em setembro a Vila Bela.
Tendo sido enviados três sacerdotes de Cuiabá pelo respectivo
vigário da Vara, de ordern do general e do Rio de Janeiro, para ser
virem os lugares de capelão das Demarcações, capelão do Forte do
Principe da Beira e coadjutor do vigário de Vila Bela, evadiram-se
furtivamente para São Paulo em canoas e com tal presteza que bal-
dou-sc tôda a diligência que se fez para prendê-los (6 9 ).
Era setembro houve noticia de ter tomado conta do Govêrno
da Provincia de Moxos, Dom Lázaro de Ribrra, cujo nome se tomou
depois notável nesta dapitania.
Em novembro foi acometida pelo gentio Paiaguá uma canoa que
ia de Albuquerque para Cuiabá, perecendo no conflito dois dos
agressores.
A 3 do mesmo mês, pelas 10 horas da manhã, sentiu-se em Cas-
salvasco um leve tremor de terna por (espaço de dois minutos.
1787
Em março o general recebeu a noticia oficial dos desposorios dos
infantes de Portugal e Espanlia, e cm abril a de ter falecido a 25 de
tnaio do ano antecedente o Sr. Dom Pedro 3.’
Em abril o general respondeu â Provisão de 19 de novembro
de 1784. expedida em consequência da queixa da Câmara de Cuiabá
contra a precipitação do ouvidor em erigir em Julgado o Arraial de
São Pedro d’El-Rei. O parecer de S. Ex. a foi em tudo favorável
ao procedimento do ouvidor.
Em julho deu o gentio Caiapó duas vêzes cm sitio nas margens
do Aricá, distrito de Cuiabá, matando oito pessoas.
Em agosto três soldados que ha vi ana desertado para os Domínios
da Espanha foram alcançados por uma escolta que se mandara em
seguimento dêtts. Um resistiu, e foi m orto; os outros entregaram-se.
1788
1789
Em março o governador mandou explorar com todo o cuidado
os rios Paragaú. Verde e Capivari, afluentes do Guaporé. pelo Doutor
astrônomo Antônio Pires da Silva Pontes.
(1789 — 1796)
1790
1791
Marcharam de Cuiabá para o Presidio de Coimbra cem soldados
auxiliares com os seus oficiais. Os Guaicurus noticiaram a prontifi
carão de forças espanholas para subir o Paraguai. Mandou-sc repar
tir eni duas a Companhia de Caçadores de Auxiliares de Vila Bela.
Em abril o general recebeu comunicação do governador de Pará, de
uma disposição do Aviso da Secretaria de Estado de 27 de abril do
ano antecedente, facultando, além da navegação do Pará para Goiás
pela via Tocantins, a de Mato Grosso pelo Xingu e Tapajoz.
A 8 de junho uma preta cativa em Vila B) Ia, de nome Inés, deu
a lux a três crianças (dois machos c uma fêmea), que logo morreram.
A 14 de julho chegaram a Vila Bela, vindos do Presidio de
Coimbrai dois Principais do Gentio Guaicurus — Queima c Dmavidy,
Chañé (flue tomaram o nome de João Queima de Albuquerque e
Paulo Jdaqtiim José Ferreira, com 17 indios de sua nação e uma
preta cridóla de Cuiabá, chamada Vitória, que desde muitos anos era
prisioneira déles.
Fordm recebidos com grande pompa, indo o governador ao
encontro déles com grande concurso de nobreza e povo. Jantqram
no Palácio, servindo-lhes de intérprete a preta Vitória.
No dia 1 de agosto, fez o general uma Assembléia a q u t assis
tiram os oficiais militares. Corpo da Câmara, todos os sacerdotes e
mais nobreza, e perante todos esses os Guaicurus e secretário fez um
Tratado de Paz, que de tudo se lhes fazia saber jrcla preta Vitória,
e como estivessem por tudo, assinaram eles e tóda a Assembléia,
s guindo-se um grande banquete.
Do Forte do Príncipe saiu uma expedição á descobrir ouro na
seira que borda a margem direita do Guaporé, em vinte léguas de
distância sóbre indidos dados por um pedestre que habitara a Aldeia
de São José, no rio M/tquens.
Em julho uma maloca de cento c tantos Guaicurus apareceu na
Fazenda de Camapuan; mataram no terceiro cinco pessoas. uma que
andava campeando, roubando um rebanho de éguas. Como, porém,
se lhes resistissem com fogo, fugiram e ficou um déles morto e dois que
foram m orrer p:lo caminho.
Em setembro saiu de Vila Bela de recolhida para o Pará o Doutor
Alexandre Rodrigues Ferreira.
Em 11 de dezembro chegou na monção de São Paulo o Dr. juiz
de Fora, Luís Manuel de Moura Cabral.
A população da capitania em 1791 lera a que consta do seguinte
mapa :
Meni Meni- Rápa Rapa H d!“ * Hulha-
Hd " S " Mulhern Casa-
FamDia nos d« l o de rigas tie rc» ile de 40 Nasci Fa leci- mentoi
MATO-GRO84O ou logo* l a 7 1a . 8 a 15 8 a 14 10 a 30 13 a 40 Totai. dos ent
1791 ¡791
cima 1791
oaaanvaçXo.—Nota-se qua ire- quatU» oartw ou inala ainda do referido númem total di.e haUtantaa. qua tea 22.637. alo negrue. mulato» a out rua tnratlç<M
d o muita* difervute* mj^vira que L i no Pa<r «cndi * maU c<*nal<taravol parte u dua quo tarn aliança cop» ue djtoa mqjtiM d'Ahica a aujaito* h catnnkulo
— 293 —
População
23.077
(73) Êste resultado diverge aliás do quadro anterior, que parece mais
próximo da realidade.
— 294 —
1793
A 31 de maio, em Cuiabá, dois cavaleiros quebraram de noite as
vidraças e galerias da casa do juiz de fora, Dr. Luís Manuel de
Moura Cabral, deixando-lhe na porta uni forcado, com um cartucho
de pólvora e bala, e dispararam um tiro.
Reinava então muita intriga e que durou muito tempo e produziu
muitos desatinos, prisões, queixas, etc. nascidas da inimizade que
existia entre o dito juiz e o mestre de campo Antônio José Pinto
de Figueiredo.
Com esmolas tiradas pelo general, deu-se começo à construção
da Igreja M atriz de Vila Bela.
Começou-se a extrair do Registro do Jauru, piara as obras do
Forte do Príncipe da Beira, pedras calcáreas que aí dbscobriru o
Dr. Alexandre Rodrigues Ferreira.
Em setembro foi preso para ser remetido a Lisboa, por culpado
na Devassa dos Diamantes, o padre Domingos da Silva Xavier,
que estava livre sob fiança.
Regressou para Portugal, p.la via do Pará, o tenente coronel
engenheiro Joaquim José Ferreira.
Houve em setembro noticia oficial da moléstia da rainha, .por
cujo restabelecimento mandou-se fazer preces.
Em dezembro recebeu-se a notícia do nascimento do principe
da Beira a 29 de abril.
. N iste ano os espanhóis construiram o Fortim de São Carlos
sobre o rio Apa, então conhecido pelos nossos como Branco ou
Correntes. .
População
Masculina ................. ••................ 14.647,
Feminina ...................................................... 9.275
23.922
1794
Em maio publicou-sc o decreto de 10 de fevereiro de 1793
conferindo a Administração do Reino ao principe real.
Em julho o general autorizou a Câmara de Cuiabá a expedir
uma Bandeira para o Arinos em descobrimento de ouro.
— 295 —
Po¡»ilaf3o
Masculina ............................................ 16.071
F e m in in a ...................................................... 9.8+4
25.915
1795
(1796 — 1803)
1797
1798
Em fins de janeiro o general esteve gravemente enfermo, de
febre perniciosa.
Em junta da nobreza e povo de Vila Bela — a 2 de março, e em
observância ao alicio da Secretaria de Estado de 24 de abril de 1795,
que ainda eslava por cumprir, assentou-se em concorrer a mesma Vila
com o subsidio de 50.000 cruzados jxira a reedificação do Pitlâcio da
Ajuda, destruido pelo fogo em 1794.
No mesmo mês de março. Gentio que se supôs Caiapõ, acometeu
o sitio do Jatobá (distrito de Santana ou Guimarães), onde matou
uma escrava e dois filhos dela. Poucos dias depois deu no sitio do
Quilombo, perto da dita freguesia e matou sete escravos.
Em junho houve noticia oficial do nascimento de uma infanta.
A 15 de julho chegou a Cuiabá o reverendo José Manuel de
Siqueira, natural desta Capitania e primeiro professor de filosofia
enviado para ela por sua majestade.
A 8 de dezembro batisou-se solenemente em Cuiabá um indio
Guaná.
Por incumbência do governo, o general mandou coligir diversos
artigos de história natural, e fazer indagações acèrca da existência da
árvore que dá a quina, do salitre. As experiências relativas a esta
última substância malograram-se pelo falecimento do sujeito que fõra
encarregado delas e assegurara existir muito salitre tanto no distrito
de Mato Grosso, como no de Cuiabá.
O general mandou fazer no Jauru um forno em que se queimou
porção considerável de cal, de pedras extraídas duas léguas abaixo
do Registro.
Conservaram-sc mais de mil homens em armas, sendo 600 de
dragões e padestres, e o resto de auxiliares e ordenanças.
Em oficio de 18 de julho o general apresentou a Secretaria de E s
tado diversas providências que julgava úteis para que a receita da
Capitania igualasse à sua despesa.
O § 1.° diz respeito às Entradas, que indevidamente se cobram em
Goiás. Os 2.° e 3.’ indicam que se apliquem às despesas gertais sub-
— 300 —
1799
E m janeiro publicaram-se dois bandos relativos ao estabeleci
mento de um correio terrestre pela via de Goiás c outro fluvial pelo
Pará.
Uma grande cheia destruiu as taipas do Fortim de Miranda
(oficio do tenente coronel Ricardo Franco).
A 6 de junho recebeu-se a noticia do nascimento do infante
Dom Pedro, que veio a ser imperador do Brasil. Na mesma ocasião
receberam-se duas Cartas Régias de 12 de maio de 1798. relativas a
um plano de comércio com o Pará, cuja principal execução foi
incumbida ao governador dessa Capitania. Em virtude do çue nelas
era recomendado, as mercadorias deviam ser levadas até a cachoeira
de Santo Antônio, ficando a cargo da capitania de Mato Grosso o
trânsito das cochoeiras e a ulterior condução a Vila Bela.
O general Caetano Pinto ponderou ao governador do Pará os
inconvenientes e as d'ticuldades que nisso achava, à vista das circuns
tâncias da indecisão da questão de limites e da falta de recursos
com que lutava. Apesar disso, resolveu mandar fundar um estabe
lecimento na cachoeira do Ribeirão e deu providência para o trans
port*? das mercadorias, e para isso fez sair em julho uma expedição
às ordens do ajudante Manuel Rabelo Leite, a quem deu circuns-
ciadas instruções.
O governador recebeu da córte a aprovação da mudança da
estacada de Coimbra para o lugar onde está o forte.
A 17 de outubro tomou posse no lugar de juiz de Fora de Cuiabá
o Dr. Joaquipt Inácio Silveira da Mota.
Por Bando de 20 de r.ovcmbro publicaram-se as disposições da
Carta Régia de 22 de abril dêste mesmo ano autorizando aos gover
nadores de Mato Grosso a conceder alvará, cartas de provisões em
diversos casos mencionados na mesma Carta Régia para os quais
era até então o único competente o desembargo do Paço.
Em meiado de dezembro, marchou o capitão general para a vila
de Cuiabá.
— 301 —
1800
E m janeiro o governador, estando em Cuiabá, determinou à
Câmara que convocasse uma junta de nobreza e povo, a fim de esta
belecerem, como já se havia feito em Vila Bela, acerca do dormitivo
de um subsídio para a reedifícação do incendiado Palácio da Ajuda.
Na dita junta resolveu-sc oferecer o donativo de setenta mil cruzados,
c para este fim se estabeleceu uma contribuição anual de 60 réis de
ouro por escravo e mais uma sexta parte nas entradas das cargas dr
comércio.
Em fevereiro começou-se a socavar o rio Coxipó, que se achava,
de há muito, vedado [xir causa dos diamantes. Desvaneceu-se a
grande esperança do povo da riqueza do dito rio ; achou-cc ouro cm
tiequena quantidade e 19 diamantes, cujo peso total mal alcançou a
dois tostões de ouro (24 grãos). Para arrecadação destas pedras e
das demais que se fossem achando, o general deu as convenientes
providencias.
R1-partiu-se o mesmo Coxipó em abril, porem mão tardaram
muitos mineiros cm abandonarem as suas datas por não acharem
miro que correspondesse ao serviço.
P or algumas dúvidas que ocorreram ao general acerca das ordens
que recebera relativamente às minas do alto Paraguai c dos seus
afluentes Santana c São Francisco, ficou adiada a socavação do dito
rio, e por éste mesmo motivo também a exploração do Arinos e
Tapajoz.
Dando conta das referida.' medidas ao Ministério, o general
informou também a respeito das minas de Guarajus, que de nenhum
modo apresentaram a riqueza que o governo supunha.
Em maio publicou-sc a Carta Régia de 15 de julho de 1799,
declarando que sua alteza real tomara a regência do reine em seu
próprio nome.
Foram processados vários réus que se achavam presos por cri
mps de roubo c assassinatos; forant sentenciados uns a açoite, outros
a degredo e à pena última, que pela segunda vez se executou na vila
de Cuiabá, no dia 28 de maio.
Em junho publicou-se tun Bando regulando as passagens dos
rios Cuiabá e Paraguai e os respectivos direitos.
Descobriu-se a árvore da quina na serra de São Jerónimo, c
depois em outros lugares do distrito de Cuiabá. Esta descoberta
foi feita pelo |xtdre José Manuel de Siqueira, professor de filosofia,
que também descobriu diversas plantas próprias para fazer papel (7 4 ).
1801
A 7 de janeiro chegou a V.'la Bela o secretario do governador dc
Chiquitos a cumprimentar o general.
O general organizou a Legião de Milicias de Cuiabá na confor
midade do Decreto de 7 de agosto á ; 1796 e remeteu o respectivo
tnapa ao Conselho Ultramarino.
Chegou de São Paulo, pela navegação fluvial, um destacamento
de 20 a 30 soldados comandados pelo tenente coronel Cândido Xavier
(75) O imposto criado foi de 90 réis, ouro, por cabeça de escravo (Nota
dc E . dc Mendonça).
(76) Na relação dos estudantes brasileiros na Universidade de Coimbra,
não consta o nome de nenhum dos referidos.
— 303 —
1802
A 1 de janeiro o comandante do Presidio de Miranda. F ran
cisco Rodrigues do Prado, à frente de 54 soldados, atacou pela
madrugada o forte espanhol de São José, distante do nosso presídio
35 a 40 léguas, o qual estava guarnecido com 114 homens coman
dados por Dom Juan Cabalero ; depois de algumas descargas de
mosquetaria, que mataram o dito comandante e nove soldados, c à
vista dos muitos feridos, os mais rcnderam-sc a discrição.
Depois de mandar enterrar os mortos e socorrer aos feridos, o
comandante mandou dar saque ao dito forte, tanto aos nossos soldados
como a 207 Guaicurus. que tendo marchado com a nossa fórça. por
medroso» não quizeram entrar em ação, e somente depois da nossa
gente o ter concluído, é que eles quizeram arrojar-sc bruta! e furio
samente sóbre os vencidos.
Obstou com muito custo a éste intento o comandante, consen
tindo somente que entrassem no saque, que constou para élcs de
alguns arcabuz rs. espadas e roupas, cem animais cavalares e perto
1803
(1804 — 1805)
1805
Em janeiro o general passou de Vila Bela para a Vila de Cuiabá.
Em fevereiro chegou de Porto Feliz uma monção <?,- canoas carre
gadas com trem de guerra, cm que vieram o sargento mor Antônio
José Rodrigues c o tenente de artilharia Jerónimo Joaquim Nunes.
O general, oficiando ao governador de São Paulo a respeito dessa
remessa, menciona a possibilidade de virem sem maior custo por esta
via ac. carenadas que estão naquela capitania, reconhecendo, porém,
a extrema dificuldade da condução das peças de artilharia c. 12.
Mandou-se abrir ou limpar a estrada para o alto Paraguai pelos
moradores da beira da mesma estrada.
Resolveu-se a proceder à socavação das minas do alto Paraguai,
e a 16 de março publicou-sc um Bando relativo a arrecadação dos
diamantes que ai fossem achados, permitindo também no mesmo
distrito o comércio de todos os gêneros da capitania, c dos de fora
tão somente o ferro, o aço e o sal. Foi o ouvidor presidir à dita
socavação, que teve começo em abril e fez minguar as esperanças
que havia de naquelas parag.ns existirem muitas riquezas; entretanto
o general ordenou que a partilha fosee feita em maio.
Deu o general providencias para que se efetuasse o donativo de
que tratava a Carta Régia de 6 de abril de 1804. P o r Bando de 11
de ma.o foi proibida a extração c comercio da quina aos particulares
que não exibissem licença do governo.
Em julho partiu, de ordem do general e a diligências do ouvidor,
uma expedição comandada pelo forricl Manuel Gomes para verificar
a possibilidade de uma navpgação para o Pará pelo rio Arinos.
No meado de julho voltou o general para Vila Bela, onde em
setembro veio visitá-lo o secretário do governador de Chiquitos.
A 8 de novembro pelas 10 horas da manhã faleceu o capitão
general, sucedendo-lhe um triunvirato composto do coronel Antônio
Felipe da Cunha Ponte, do ouvidor Sebastião Pite de Castro e do
vereador mais antigo José da Costa Lima.
Houve neste ano ;-m Cuiabá uma epidemia, que levou o melhor
de 200 adultos e 22 crianças.
1806
1807
Por Bando de 5 de março proibiu-se absolutamente aos parti
culares a extração e comércio da quina.
Voltaram pela navegação do Madeira. Mamoré e Guaporé os
da expedição que em julho de 1805 haviam descido pelo rio Arinos
ao Pará.
A 1 de janeiro o vereador Francisco de Sales Brito substituiu
a Marcelino Ribeiro no governo de sucessão.
A 7 de outubro chegou a Cuiabá o novo capitão general nomeado.
João Carlos Augusto de Qynhausen e a 29 seguiu para Vila Bela.
(1807 — 1808)
A 18 novembro o capitão general João Cirios tomou posse
em Vila Bela, do governo que lhe íõra confiado por decreto de 24 de
julho de 1805 e Carta Régia de 9 de junho de 1S06.
O seguinte trecho de um ofício do capitão general ao visconde
de Anadia, ministro dos Negócios Ultramarinos, em data de 23 de
dezembro, dá idéia do estado da capitania naquela época ;
“ T er ao mesmo tempo de dirigir a administração da Fazenda
Real sem bonr> oficiais de fazenda, e de fazer face a grajtdes despesas
— 310 —
1809
1810
A 4 de fevereiro celebrou-se a primeira sessão da junta de Admi
nistração da Fazenda, mandada criar pela Car,ta Régia de 14 de
junho de 1802 e Provisão do Real E rário de 24 de maio de 1809.
Com o fim de facilitar a comunicação fluvial com a capitania
dc São Paulo estabeleceu se um registro e o destacamento na Fa
zenda de Camapuã, a cujo comandante deu o general previdentes
instruções em data de 19 dc julho.
Saiu de Cuiabá uma expedição com o fim de descobrir ouro.
Rccolheu-.ic sem fruto, tendo perdido oito homens, que morreram de
sezões. Com o mesmo intento partiu dc Mato Grosso cm setembro
uma bandeira que foi igualmente incumbida de reprimir os insultos
dos Cabixis.
Por Bando dc 16 de setembro mandou-sc pôr em execução as
disposições da Carta Régia de 5 de novembro dc 1808, que facul
tavam aos moradores que segurassem alguns indios selvagens c hostis,
conservá-los por 15 anos como prisioneiros de guerra e empregá-los
no serviço.
Em fim do dito mês de setembro o general seguiu para Cuiabá.
Em consequência dc desavenças ocorridas entre um major, um
tenente e um cap dão que vinham cm uma monção de São Paulo, o
m ajor prendeu o tenente, c foi, pelo capelão, excomungado e preso à
ordem do Santo Oficio.
1811
Em março o general recebeu oficios do governador da província
do Paraguai pedindo-lhe armas, munições, duas ou três peças de
campanha de c. 8 Ir a marcha dc 600 homens, ou mais, a fim de auxi
liá-lo contra a fõrça da junta insurrecional de, Buenos Aires.
Ainda quando não fosse a falta de meios, outros motivos políticos
não permitiríam ao general atender a êste pedido. Não tardou aVás
a constar que foram repelidos os insurgentes invasores pelos realistas.
Não tardaram, porém, os próprios paraguaios a seguir o exemplo das
outras provincias, e i:o dia 24 dc maio depuzeram o seu governador.
Em consequência desta revolução, chegaram em junho emigrados
a Miranda o coronel espanhol Dom Pedro Garcia e alguns outros
oficiais. O general fez-lhes bom acolhimento e os mandou conduzir
para a Córte por via dc Goiás.
Em 13 dc agosto o general marchou de Cuiabá para Vila Bela.
— 313 —
1812
1814
Em março levou-se a efeito uma providência solicitada pelo
general e determinada pelo Decreto de 25 de agosto de 1813, que
mandou anexar ao distrito de Cuialtá o julgado de São Pedro d’E l
1815
1817
Em jaiviro o general fez seguir para São Paulo pela via dos rios
16 espanhóis do partido insurgente que se haviam refugiado a esta
capitania.
A 5 de fevereiro lançou-se a primeira pedra do hospital da Santa
Casa de Misericórdia, sendo esta fundação aprovada por aviso de
10 de julho de 1817.
Concluiu-se a ponte do Barreiro, na estrada de Vila Bela. Tem
de comprimento 148 braças com W4 estacas por banda.
Em abril entraram cinquenta e tantos emigrados espanhóis do
partido patriota, que foram remetidos para Goiás. A 25 do dito
mês. aniversário da Rainha, fêz-se em Cuiabá a inauguração do
hospital dos lázaros sob a invocação de São João ; e a 3 de maio
foram para ali proccssionahnenle conduzidos 33 lazarentos.
A 1 de junho transferiu-se para o novo edifício da Santa Casa
de Misericórdia o Hospital Real Militar. Por portaria de 4 do mesmo
mês estabeleceram-se prêmios mensais para os alunos da aula de
cirurgia (84). ''..¡H
A 1 de julho celebrou-se a 1? junta de Justiça, e no mesmo
mês celebraram-se festas pela elevação ao trono de el-rei o Sr. Dom
João VI, tendo sido anteriormente publicado em 13 de maio o aviso
de 11 de dezembro de 1816 comunicando que o dia 6 de abril fôra
marcado para o ato solene do juramento de preito e homenagem.
1818
(1819 — 1821)
46l:883$541 11/12
Divida extraída de 1769 a
1818 ................... ............. 221 :049$952 1'2
Divída contraída eni ISIS .. 7:4935874 3/12
........... 690:4278368 2 /3
Estado m a io r...................................................... 10
4 Companhias de caçadores ....................... 300
1 Esquadrão de c a v ala ria ............................... 128
1 Companhia de a rtilh a ria .............................. 50
T o t a l .................................................... 488
(1821 — 1822)
Por uma proclamação de 1 de setembro a junta comunicou a
todos os habitantes da província (90) a sua instalação e o seu pro
grama de governo. Dirigia-se com mais particularidade à cidade
de Mato Grosso, e atendendo á requisição que ao ex-governador
haviam feito 63 habitantes daquela cidade, para a deposição do
comandante geral Manuel Rebelo Leite, nomeou para substitui-lo
o capitão-mor José da Silva e Gama.
Os matogrossenses, porém, negaram a sua adesão, e a 11 de
setembro elegeram um govérno provisorio de nove membro’, presi
dido pelo vigário da Vara, e foram :
1822
ram-se seguir por motivo ele política, para o Rio de Janeiro o capitão
D ’Alincourt e o tenente Oliveira, empregados na comissão de esta
tística.
P or portaria de 23 de outubro foi declarada a cidade de Cuiabá
cabeça de comarca, para o íim tão semiente de proceder-se à eleição
de deputado à assembléia constituinte. Em Bando de 6 de novembro
marcou-se o dia 10 do mesmo mês para a eleição dos cleitoq.-s paro
quiais.
A 16 de dezembro foi eleito deputado o tenente coronel Antônio
Navarro de Abreu.
As peças de artilharia vindas do Pará para o Diamantino f< ram
transportadas para Vila Maria.
Referem os Anais de Cuiabá que no começo deste ano o povo,
descontente com a junta, tentou estalwlecer a antiga forma de govêrev.
dirigintlo ao príncipe regente uma súplica assinada por muitos mora
dores nesse sentido. O mesmo já antes havia feito o povo de Mato
Grosso (93).
Em resposta a estas representações apareceu o aviso de 23 de
abril de 1823 que afetou críe uegócio à assembléia constituinte.
Segundo os mesmos anais fo,i excessiva a friagem neste ano : no
mês de agosto, na chapada do Jatobá, morreram entanguidos 14
escravos novos que vinham do Rio de Janeiro, pertencentes a José
Renovato, e cinco a Antônio de Cerqutira Caldas.
1823
(1823 — 1825)
Em novembro publicou-se um Bando relativo à repressão do
contrabando do ouro em pó. Em dezembro houve noticia de que
frei José M aria de Macerata fóra nomeado prelado de Cuiabá c
Mato Grosso. Soube-se também que o m ajor D'Afincourt c o tenente
Oliveira foram dc novo enviados em comissão de estatística nesta
provincia.
1824
1825
Foi criada pelo prelado a Vigararia Geral de Mato Grosso (101).
O coronel Sebastião Ramos, alegando pertencer ao |>artido rea
lista, e sendo governador de Chiquitos, dirigiu-se ao governo provi
sório em cartas de 19 de março e 8 de abril ofer.-cendo unir ao
Império a referida provincia até que sua majestade católica recuperasse
seu dominio sobre os povos sublevados. O governo provisorio, que
por ausência de alguns de seus membros, compunha-se do capitão
Manuel Vdoso encarregado do comando das armas, amigo de Dom
Sebastião Ramos, do capitão José Pais de Azevedo c Manuel liento
de Lima, convocou no ilia 13 de abril a câmara, o ouvidor e o
provedor da Fazenda, e ne ta reunião resolveu-se aceitar a proposição
do mencionado governador.
Em ordem do dia dc 14 declarou-se a provincia de Chiquitos
incorporada á dc Mato Grosso, devendo trazer por divisa o tope
imperial e o espanhol e entender-s - com o governo provisório, como
dantes se entendia com a real audiência de Cliarcas. Marchou para
Chiquitos um troço de 60 homens. Expediu-se ordem para que d -
Cuiabá se mandassem oficiais mil.tares para Mato Grosso c para que
estivesse pronto a marchar o corjto de milícias de Vila Maria. Seguiu
para a fronteira o capitão Manuel Veloso.
Reconhecendo-se, [xirêm, a inconveniência da resolução tomada
cm uma nora reunião das autoridades, cm 10 de maio, decidiu-se por
maioria de votos o abandono da província recém incorporada e a
retirada da fórça qtt.- marchara para ela,
Como houvesse nesta ocasião videntes altercações, não se assi
nou a ata da reunião senão no «lia 13. em que se concedeu também
(182? — 1828)
Nomeado por carta imperial de 21 de abril de 1824. o tenente
coronel José Saturnino da Costa Pereira tomou posse da presidência
na câmara d” Cuiabá, a 10 de setembro dc 1825 (102).
Desde logo e antes que lhe chegassem reclamações da vizinha
República, tratou o presidente de prevenir os males que podiam
resultar do inqualificável passo que dera o governo provisório acei
tando a oferta do coronel Sebastião Ramos e seu ajudante José Maria
Velasco, mandando que a fórça se recolhesse a Cuiabá e substituindo
o comandante militar Veloso pelo capitão Constantino Ribeiro da
Fonseca, e d terminando outras providências — tudo eni virtude rias
portarias do ministério do império de 13 de agósto e do ministério
dos estrangeiros de 5 do mesmo mês, as quais foram comunicadas ao
comandante de Mato Grosso em £'tn de outubro. Tóelas estas dis
posições foram comunicadas ao governador de Chiquitos, tendo sido
enviado ■m missão especial àquela provincia o seu enteado tenente
Antônio Pinto Duarte.
1826
1827
Em janeiro chegou a Cuiabá, vinda de Pôrto Feliz pela navega
ção fluvial, uma comissão cientifica viajando por ordem do imperador
da Rússia, sendo dela diretor o conti- Jorge Langsdorff, e auxiliares
astrônomo Rubzoff, botânico L. Riedel, desenhadores Florence e
Taunav (104).
Em 3 d.’ fevereiro o presidente deu um regulamento para o
Arsenal de Marinha. Em março celebrou-se um funeral pela impe
ratriz Dona leopoldina. Em abril veio um cacique dos Apiacazes
visitar o presidente.
Dois guanás descendo o rio Cuiabá encontraram um guató,
a quem mataram e furtaram alguma ferramenta. Chegados que foram
a Albuquerque, o comandante coronel Jerónimo os mandou remeter
presos para a capital.
1828
Comarca de Cuiabá :
Ouvidor cm Cuiabá;
Juiz de Fora em Cuiabá;
Juiz de Fora em Diamantino;
São Pedro d'El-Rci deve erigir-d: cm vila.
Comarca de Mato Grosso :
Ouvidor residente em Mato Grosso.
Freguesia do Sr. Bom Jesus de Cuiabá :
Livramento, Rosário e Santo Antônio.
Freguesia de Santana da Chapada :
Capela filial em Registro do Rio Grande:
Freguesia de X. S. do Rosário em São Pedro d‘El-Rtã ;
Freguesia de São Luis em Vila Maria.
Freguesia de S. S. Trindade :
Capetas filiais que deverão haver em São Vicente. Pilar, Lavri-
nhas e Casalvaseo;
Freguesia de X. S. da Conceição do Alto Paraguai Diamantino ,
Fregutsia de N. S. da Misericórdia de Albuquerque — capelas
filiais que se deveríam criar em Miranda e Camapuã.
A 10 de abril partiu para a Córte o Exmo. Sr. Jose Saturnino
para ir tomar assento no Senado, deixando a administração ao vice
presidente coronel Jerónimo Joaquim Xunes.
Veio da Bolivia o tenente Luís Ruiz enviado pelo governo daquela
República à do Paraguai, a fim de reclamar a sultura do naturalista
francês Atmê Bonpland. Seguiu para Olimpo. donde voltou em
setembro sem ter podido obter phr missão de chegar a .Assunção (106).
Chegaram às cachoeiras do Madeira quatro peças de bronze
c. 24 com os competentes petreebos enviadas do Pará por ordem do
governo imperial de 1825.
1829
1830
1831
(1831 — 1834)
A 21 de julho o capitão Antônio Correia da Costa tomou posse do
cargo d r presidente, para o qual fôra nomeado por carta imperial
de 20 de abril de 1831.
Recebeu o presiden'e. da comarca de Mato Grosso, urn oficio
acompanhado de tun requerimento de vários cidadãos daquela cidade
pedindo a demissão dos -mpregados públicos brasileiro» adotivos, o
qual não fo’i atendido.
Em agosto suspendeu-se p>r falta de meios pcctmiários t trabalho
do Arsenal de Marinha.
Em uma deliberação do Conselho do Governo, em setembro, facnl-
taram-sc aos indios de Chiquitos estabelecidos em Casalvasco o vol
tarem para seu pais, o que deu lugar a unia representação dos habi
tantes de Mato Grosso e respectiva Cântara Municipal. Ña sessão
em que se tratou d-èste n-gócio, agitou-se a queixa dos matngrosscn •
ses acerca da usurpação de Cuiabá eonto capital, cujo direito alega
vam pertencer àquela cidade.
A câmara de Mato Grosso remeteu ao president ■a ata da -essão
de 12 de novembro, acompanhando-a de tuna representação (Frigida
ã regência, pedindo que o distrito de Mato Grosso fosse ereto em
província.
Recebeu-se cm começo de dezembro c. decreto de 7 de agôsto
exonerando do cargo dc prelado frei José M aria de Mueerata. por
ser estrangeiro não naturalizado.
N a noite de 7 de dezembro reuniu-se a tropa armada, dando tiros
i- gritos — v!va o coronel Poitpino / — e — morram os pcs ile chumbo !
— O presidente convocou o conselho do governo e os magistrados.
Indo por :?sta ocasião o conselheiro Poupino ao quart I informar
se do que liavia, voltou dizendo que a tropa queria a ¿4c para coman
dante das arnias, ao que o conselho anuiu, reabrindo-se a sessão às
2 horas da madrugada do dia 8.
Neste mesmo dia. depois dc amanhecer, -xigm mais a tropa
levantada a deposição de todos os empregados público» adotivos, o
que lhe foi concedido pelo presidente, cm conselho.
— 344 —
Camapttã .................................................................. 1
Povoação de Albttqtterqu ■ ............................. 3
D o u ra d o s.................................................................. 2
Estabelecimentos p ú b lico s..................................... 6
Vila Maria .............................................................. 3
Jauru ........................................................................ 2
Mato Grosso .............................................. . . 18
C asalvasco......................................................... 15
Forte do P rín c ip e .............................................. 19
R ib e irã o ................. 3
Pálmela .................................................................... 2
Itonamas .......................................................... 3
Salto A u g u sto .......... ............................................... 4
1833
En» janeiro o ouvidor desembargador Pone - de Leão proceden
à inauguração da recen-criada vila de Poconé, eleição de justiças, etc.
Começou a funcionar a nova Câmara de Cuiabá. Em 29 de
janeiro amoünou-se a guarnição do Forte do Príncipe, depondo o seu
comandant.', alteres Claudino Alves Carnaúba, e assumindo as res
pectivas funções um sargento c um furr.el, que por sua vez tiveram
que conter novos motins.
Em março chegou a Cuiabá acompanhado de sua escolta arm ada
frei José dos Santos Inocentes. O ouvidor representou ao presidente
sobre o procedimento dèste religioso, que foi quem introduziu, para
vilipendiar os adotivos, o odioso termo de bicudo (112).
Em 12 do mesmo mês publicou-se um Bando sobre Organização
do Corpo de Ligeiros na forma do decreto de 4 de janeiro de 1833.
A 23 de março o presidente em conselho suspende do cargo de
juiz de Fora o Dr. Pascoal Domingues de Miranda, por crime de res
ponsabilidade (ter den .’gado justiça a mu Joaquim de Sonsa M oreira).
A 15 de abril ocupou-se o Conselho Geral dar denúncia que deram
três inferiores de linha de terem sido convidados para uma rusga
pelo cadete Joaquim Nonato Hiacinto.
A 19 d.' abril o presidente passou, por enfermo, a administração
ao vice-presidente eapitão-mor André Gaudie.
Feita a eleição de deputado à assembléia geral, a apuração final
teve lugar a 30 de maio. Saiu eleito Antônio Luis Patrício da Silva
Manso, tendo tido por competidores o coronel Joaquim José de
Almeida e o capitão Manuel Peixoto de Azevedo.
Em sessão de 17 de junho o vice-presidente em conselho suspen
deu do xercicio de ouvidor o desembargador Ponce de l eão, pro
nunciado por calúnia para com frei José dos Santos Inocentes. Este
religioso retirou-se de Cuiabá para Mato Grosso.
( X o ta de E. dc M endonça).
— 348 —
juiz <le Paz ao Conselho do Governo, e que por este não foram
consentidas.
A 27 de novembro tomou posse Dom José Antônio dos Reis (113).
1834
1835
(1836 — 1838)
1838
1838 — 1840
O Dr. Resende, nomeado presidente por carta imperial de 9 de
fevereiro de 1838. tomou posse a 16 de setembro (119).
'839
1840
Em fevereiro (resolução de 4 ) organizou-sc em Legião a Guarda
Nacional da Provincia, que então se compunha de dois Itatalhões de
infantaria e um esquadrão de cavalaria na capital; um batalhão de
infantaria em Diamantino, outro em Poconé c outro em Mato Grosso.
A Assembléia Legislativa, cuja maioria continuava em oposição
violenta e sistemática ao pr.'sidcnte, concluiu sua sessão sem decretar
as leis de orçamento provincial e municipal. Foi para -ste fim con
vocada extraordinariamente em junho, sendo esta s?ssão menos tem
pestuosa do que era de supor-se.
Nesta sessão extraordinária cessou de publicar o periódico ofi
cial e de funcionar a tipografia em razão de uma lei provincial que
não foi sancionada e nem devolvida à Assembléia.
Tendo o presidente obtido a exoneração que solicitara, ixirtiu
para a Córte a 25 de outubro, entregando a administração ao vice-
presidente Antõrvo Correia da Costa. No mesmo dia chegou a
noticia oficial dos acontecimentos de 23 de julho na Córte e da pro
clamação da maioridade do Sr. Dom Pedro II.
Recebeu-se também a nomeação do cônego José da Silva Gui
marães para presidente da província.
(18W — 1843)
O cônego José da Silva Guimarães, nomeado por carta imperial
de 30 de julho de 1840. tomou posse no dia 28 de outubro (121).
Chegou o arrojam .‘nto dos Bororós do Cabaçal a ponto de atra
vessarem o rio Paraguai e passarem pelo meio de Vila Maria.
1841
18 4 2
(127) Manuel Alves Ribeiro, chcíc acatado dos liberais, exerceu papel
dc relevo na Provincia, conforme evidencia excelente ensaio biográfico, que
lhe dedicou José dc Mesquita.
— 362 —
1843 — 1844
1844
1844 — 1847
(133) Ricardo José Gomes Jardim nasceu, por volta dc 1805, cm São
Paulo.
Formou-se na Academia Militar, onde se matriculou em 1823.
Exerceu diversas comissões técnicas no Rio Grande do Sul, regressando à
(.’apitai do Império em 1835. para ser nomeado lente no próprio estabelecimento
cm que estudara.
Enviado à Europa aperfeiçoou os seus .conhecimentos cm máquinas, cons
trução naval c artilharia.
Instrutor dus Exercícios Práticos da Escola Militar, em 1843, meses depois
fèz parte da comissão incumbida de examinar o problema do abastecimento
dágua do Rio dc Janeiro.
Nomeado presidente da Província da Paraíba, comandante das arma* de
São Paulo, em seguida, acumulou ambos os cargos na Província de Mato
Grosso, ate ser exonerado, a pedido, por decreto de 16 de setembro dc ’.846.
As comissões ulteriores que desempenhou constam dc sua biografia elabo
rada por Laurênio Lago, que lhe indica o falecimento a 1 de agosto de
1884, no Rio Grande do Sul, com as honras de marechal dc catnpo, alcan
çadas a 29 de dezembro de 1877.
(134) Voltando a Cácerca, por ordem policial, o Dr. Sabino mudou-se
para Poconc, onde interrompeu a viagem para Cuiabá.
O próprio chefe de Policia foi buscá-lo, mas já não o encontrou.
Refugiara-se no engenho da Jacobina, onde mais tarde sucumbiu, sem ser
hostilizado pelas autoridades.
— 367 —
1845
1846
1847
184 7 — 1S48
(141) João Crispiniano Soares, de São Paulo, nasceu por volta de 1808.
conforme registrou Sacramento Blakc.
Pelos próprios esforços, começando a trabalhar como porteiro do Conselho
Geral da Província, conseguiu l>acharelar-se em direito na Faculdade de São
Paulo, onde mais tarde lecionou.
Depois de ter exercido a presidencia das Provincias do Mato Grosso,
de Minas Gerais, do Rio de Janeiro .e ser deputado geral cm duos legislaturas,
faleceu a 15 de agosto de 1876, como professor jubilado.
— 371 —
1848
1 8 4 8 — 1849
A 27 de setembro o major do Corpo de Engenheiros Doutor
Joaquim José de Oliveira, já de posse do Comando das Armas,
tomou posse do cargo de presidente, que lhe fóra conferido por
Carta Imperial de 28 de março.
A 18 de outubro foi demitido o promotor público José Delfim >
de Almeida. A 9 de novembro foi suspenso o diretor do Arsenal
de Guerra, m ajor Antônio Bernardo de Oliv.*ira e bem assim o
chefe de Policia Dr. Aires Augusto de Araújo, éste pela negligência
com que re houve na captura de introdutores de notas falsas. A 18
1849
18 4 9 — 1851
1850
1851
1852
1853
1854
1855
1856
OS QUADRILHEIROS
LO PES GONÇALVES
çoens que fizessem dever setinhão os ditos Officials cada hum seu
Xuço. e faltando aesta obrigação, os condenaria em dois milreis
pela primeira vez, epela segunda vez seis milreis. eque este provi
m ento se daria aexecução" (1 0 ). Por ai se vê ter sido alterada a
composição da quadrilha ; em lugar, além do chefe, de vinte
membros, ficavam éstes sendo dez.
Mas continuava a cidade sem quadrilheiros, devido sobretudo a
ninguém se interessar pelo cargo, como salienta esta passagem do
auto de correição de 7 de setembro de 1730, procedida pelo ouvidor
geral Manuel da Costa Mimoso, em que o juiz resolve : "Foi in
formado que neste Concelho não havia Quadrilheiros, que a Ley
determina haja, sobre o que ouvio o Senado neste mesmo actto. que
lespondeu que o Senado sempre procura Quadrilheiros, como a Ley
manda, com a difícrença só de lliesdar os nomes de Capitão do Matto,
por entenderem que talvez com éste nome s.- facilitar.ão digo míe tai-
vez, que com éste nome se facilitarião a acceitação do Officio, avista
do que o Desembargador Ouvidor Geral mandou continuassem nos
Provimentos, impondo-lhe ononie que a Ley lhe dá, eobrogação desa-
tisfazerem as d : Quadrilheiros" (1 1 ). Contudo a situação ficou na
mesma, razão jxila qual o ouvidor geral Fernando Leite Lobo, na cor-
reição realizada a 20 de outubro de 1731. decidiu, como diz o auto :
" Provendo mandou que no termo de quinze dias fizesse este Senado
Quadrilheiros na forma da Ordenação, cllies darão oregimento
conteúdo nella. examinando-se com effeito observão cfazerem asua
obrigação, pena de incorrer cada Vereador, e o Procurador do
Conselho na devlnte milreis, para despezas da Justiça, ena de
selhedar em culpa na primeira Correição por serem contínuos os
delictos que quotidianamente se cometem nas ruas desta Cidade,
que por ser populoza necessita d?ste meio para se evitarem e o Es-
crivain da Câmara debaixo damesma pena lhes notificará este Ca
pitulo no termo de trez dias deque passará Certidão para se exe
cutar" (12). E, apreciados outros assuntos, prossegue a correição.
como diz o auto, sobre a matéria : “ Pelo que respeitava aos Quadri
lheiros foi dito p.'lo Senado que querendo no prezente anno fazer
clleição, enomeação dclles acharão que todos os que herão capazes
estavâo alistados por Soldados Auxiliares, e que requererão os izem-
ptassem pela razão de seu privilegio, e amais genis que restava, que
hera pouca, toda hera decrepita, e incapazes, porque todo oque
C orregedor da Com arca, para proceder. E nos taes casos as Justiças farão
de tudo autos públicos, que no senviaráõ, emprazando as dita s pessoas grandes,
que fo re m culpadas, que em certo te rm o pareção pessoal mente em nossa
C orte .
8 E o que dissemos dos hom iziades, que podem e devem ser presos nas
casas dos Arcebispos, Bispos, D om -Abb.idcs e P rio re s de M osteiros, se enten
derá, não sendo as casas taes, que per D ire ito , ou costume, devão g o ra r da
im m unidadc da g re ja nos casos, em que c ila vai.
9 E queremos, que ta nto que os Juizes, ou Q u a d rilhe iro s souberem, que
algum m a lfe ito r se acolhe em casa dos ditos P riores c D om -Ahliades, lhes
digão e tequeirão, que os lancem fo ra , notifican do -lh es, como são homiziados.
E tcndo-cs elles mais, ou t:pzcndo-cs com sigo, fação disso auto, c o enviem
ao C orregedor, o qual p ro c e d e d c o n tra clics a suspensão da juris diç ão , que
tivere m .
10 E quando o ta l hom iziado tiv e r com m ettido crim e , porque lhe não
v a lh a o C ou to do d ito M o s te iro (pela obrigação, em que os D om -Abbadcs c
P rio re s stão de os não acolherem , nem a m p ararem ), não se lh e t fa rá reque
rim ento, que os lancem fo ra mas prendel-os-hão cm suas casas, se o po
derem fa zer, sem se seg uir cousa c o n tra nosso serviço. E em o u tra m aneira,
fa ção auto, c u c n v ’tm an d ito C orregedcr.
11 E os C orregedores pelos lugares, onde andarem. ou estiverem , saberão
com d iligê nc ia se os Q u ad rilhe iro s cum prem este R egim ento. E proccdâo
con tra os que acharem cm culpa.
12 E em quanto os Q u ad rilh e iro s da cidade de Lisboa usarem o d ito o ffic io ,
haverão para si as arm as, que tom arem aos ladrões, que prenderem. E as
que tomarem nas brigas, que con fo rm e as Ordenações se perderem E poderão
pro testar p o r as penas dos arrancam entos, c demandai-as ás pessoas, que pren
derem, c lhes serão julgadas, como os Alca id es. E os visinhos, que stiverem
ordenarlos ás suas quadrilhas, que lhes não acodircm , chamando clic s po r tila ,
pagará cada hum quinhentos tr is , a metade para o Q u ad rilhe iro , dando d is to
duas testemunhas, c a o u tra para Captivos.
13 E sendo os Q u a d rilhe iro s da d ita Cidade, achados de noite com suas
varas, a quacsquer horas, nos bairros, que lhes são ordenados, o ra venhão de
fa 2cr algum a diligencia, o ra não. não lhes levem penas nem p c rc ío as arm as
salvo sendo achados com m ettendo algum delicto.
14 E hem assim, apenándose algum a gente para i r em armadas, c’las
não serão a isso constrangidos.
15 E as resistencias, que lhes fo re m feitas, sejam castigadas, com o sc
fossem aos Alcaides.
R E G IM E N T O D O S Q U A D R IL H E IR O S (*)
(♦ ) V . A lv . de 25 . dc M a rç o de 1742. § 13.
- 409 —
o qual deixando tudo, acudirá logo, e fará o requerimento á tal pessoa pode
rosa, para lhe entregar o delinquente, na forma de minhas Ordenações (5) ;
e sendo a pessoa, aonde o dito malfeitor se acolher, pessoa Ecclesiastica, não
querendo entregar, nem consentir que as casas se lhe busquem, por esse ef feito
será suspenso de qualquer jurisdicçào. que de mim tiver, até minha mercê.
8 E acolhendo-se a algum Mosteiro, ou Igreja, íicaráõ em guarda delle,
c mandaráõ recado ao Corregedor, ou Juiz do dito Bairro, para neste cuso
proceder na forma da Ordenação.
9 E para com mais diligencia os Quadrilheiros acudirem ás voltas e
armidos, c outros delicies, que nesta Cidade se commettcm, hei por bem, c
mando, que as espadas, punhacs c adagas, ou quacsqucr outras armas, com
que forem tomados os delinquentes, que os Quadrilheiros prenderem, lhes
sejão julgadas por perdidas para dies, c os de sua quadrilha, pelos Julgadores
doii Bairros de suas quadrilhas, que forem na prisão, c isto não sendo armas
defesas por minhas Leis e Ordenações ; porque nestas se guardará o que
cilas disjwcin : e assi haveráõ as penas pecuniarias dos delinquentes, que dies
prenderem por matarem, ferirem, ou arrancarem nesta Córte, na fúrnia, em
que por minhas Ordenações se julga aos Meírinhos e Alcaides, que semelhantes
prisões fazem, as quaes se repartirão pelos Quadrilheiros, e os da sua quadri
lha, que farão presentes.
10 E mando acs Coiregcrlcxes do Crime, e dc minha Corte e aos da
Cidade, c Juizes do Crime delia, saibão por informação particular das teste-
muiihas. que para isso tomarão, se os Quadrilheiros, c homens das quadrilhas,
que cahirem nos Bairros, que lhes estão encarregados, cumprem este Regi
mento ; e procedão contra os que acharem culpados. E este Alvará c Regi
mento hei por bem e mando, que se cumpra, posto que não seja passado pela
Chancellaría, sem embargo da Ordenação cm contrario. Dado cm Lisboa a
12 de Março. Pedro de Seixas o fez escrever, anno do Nascimento dc
N. S. Jesu Christo de 1603. Rei.
FEIJO BITTENCOURT
» * »
<|tie orçou (.atino Coelho, na biografia <le José Bonifácio, nem a que
Oliveira Martins deu em O U RAS1L E A S C O L O N IA S PO R
T U G U E S A S . O S r. Calmon estende muito mais a enumeração,
pormenorizando então as informações a respeito do êxito de cada
um desses brasileiros: eis uma página cm que se percebe melhor
aquela política de unidade cultural fomentada como elemento de
união entre Brasil e Portugal.
A verdade é que com a criação das valiosas ou desvaliosas
academias estava-se em transição da época dos jesuítas para o fu
turo. Isto no século X V III que íicou sendo um século de apreen-
ções para o Brasil. Século das fronteiras a se gizarem. já se esbo
çando assim o quadro das futuras nações da América do Sul. Sé
culo em que se começa de modo definitivo o traçado do mapa do
Brasil. Mas das academias sem sucesso, aceitas para suprir a falta
dos jesuítas que se retiraram do Brasil. Isto era pois contar com
a sociedade ainda em formação, c que, perdendo os seus formadores,
se desnorteava ameaçando decair.
Um recurso deficiente para manter o que houvera. O que exis
tira, mostra-se um todo coeso, uniforme c de grande projeção; o
que veio a ser. não passava de um conjunto de medidas para reme
diar o que faltava. Certo policiamento, isto sim c que levasse a
sociedade além daquele estado de coisas. Algo sem sistema c sem
conjunto para manter o que íóra um sistema então desaparecido.
E neste caso revelava-se a dispersão que incentivava a violência da
reação para coibir a tumultuosa agitação com que se apresentava
por tôda parte o século X V III dispersivo.
Século em que no Brasil se perde muita coisa; mas se esbo
çam outras.
Cultura de humanidades, que ficou subsistindo. Certo policia
mento violento; e nenhum outro critério de conduzir os homens.
Uma época de vacilações. Contudo, grande espectativa 1
Muita gramática latina se continuou lecionando... Aritmética
c Geometria.
Sim : e anatomia e cirurgia principiam a ser ensinadas no Bra
sil I Estas, se destinavam ao aprendizado dc uma gente meâ e con
certavam o hábito de curar divulgado entre o povo. E ’ fazer pois
distinção entre a terapêutica médica e a cirurgia. Ver então como
esta, subserviente, acompanhava aquela. Aquela apanagiava tradi
ções, rebuscava na Grécia os seus precursores. Com Hipócrates à
frente, imitava a filosofia na dialética, nas máximas, como acontecia
— 428 —
» ♦ ♦
* * *
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11S
132
C O N F E R Ê N C IA S
Q U A D R O S O C IA L
BIBLIOTECA E ARQUIVO
EXPEDIENTE
PREMIOS
Bem que tomasse as primeiras providencias para a concessão de prêmios,
não conseguiu ainda o Instituto ultimá-la.
Entretanto, vão «aumentando os saldos a esse fim destinados, acrescido de
novas doações, que não raro o Instituto recebe.
Ainda cn: setembro ultimo, o embaixador José Carlos de Macedo
Soares, que iniciou o depósito especial para custear o prêmio Max Fleiuss,
ajuntou âs suas entrega» anter ores mais 25 ações da Companhia Paulista dc
Estradas dc berro. dr> valor dc Cr$ 200,00, cada uma. assim fazendo jus à
gratidão do Instituto.
Ademais, acha-se cunhada a medalha respectiva, de cujo trabalho artístico
sc ímeumbiu o emérito prefessor Girardct.
— 447 —
CONCLUSÃO
COSTA FERRE1KA
FERREIRA UM A
B E RN A RtlIXO DE SOUSA
BRAZ U 0 AMARAL
Accioli. por êle anotadas, nos dois das Cartas de Vilhena, que achou,
comentou e imprimiu, nos dois de Discursos e Conferências, em que
se compendian! os seus melhores ensaios, numa densa História da
Bahia do Império à Repúbiica, nas Reminiscencia-. regionais, com
que a completou, sem falar nis numerosas comunicações que ■screven
para ambos os Institutos, éste, que lhe mereceu assídua colaboração,
e o baiano, que ajudeu a fundar em 1S94. Era médico, professor da
Faculdade de Medicina e do Ginásio, jubilado em 1914, parlamentar,
com honras de republicano histórico, tribuno de eloqiiência esmerada,
e. ardentemente, advogado do seu Estado em todos os problemas de
limites. Por fórça dèste mandato, em que o confirmou a confiança
de sucessivos governadores, frcqiientou os arquivos portugueses,
remexeu os nacionais, entesoirou grande soma de provas cartográ
ficas e de preciosos inéditos e elaborou memórias sábias, cujo conhe
cimento sc toma imprescindível a quem pretenda estudar a história
e a geografia do pais. À medida que o péso dos anos lhe foi opulen-
tando a experiência, com a autoridade, de seus probos serviços, e n
renome, de seus pacientes trabalhos, se avantajou a rua estatura de
homem público, que reunia à mais respeitável erudição um vibrante
e belo civismo.
Cronista da terra natal, foi como tantos outros escritores fiéis à
província, que, por circunscreverem a área do seu interêsse. podem
csquadrinhá-la em todos os seus segredos. Para êle não havia uma
região histórica, insulada na imensidade do passado, mas um pequeno
e completo mundo que lhe bastava à curiosidade e ao amor. Notar-
se-lhe-á porventura a espaços, nos livros de muito louvor aos pátrios
lares, uma ressonância tardia de inconformidade, derivada do 'teriodo
belicoso da Regência cm que a “ sabinada” — como tuna expressão
simétrica do regionalismo autonomista dos "farrapos" — levantara
as barricadas nas ladeiras da Bahia. Participava da intransigência do
seu espirito essa feição litigante de defesa da terra, êsse crepúsculo
dc resistência particularista pintando dc córes alegóricas a serenidade
do seu próprio ocaso — ou seja, de sua vida branda e estudiosa
que chegava ao fim, consagrada e festejada pela admiração pública.
Encerrou-sc imprevistamente a vésperas da grande celebração do
quarto centenário daquela sua cidade do Salvador, a cujo programa
intelectual dispensara os melhores cuidados, querendo que tivesse a
importância dc uma festa nacional, com o prestigio dc um Congresso
de História, o l.° dc História da Bahia, que lhe fôsse o coroamento
literário. Fuhninou-o a morte quando iam adiantados os prepara
tivos para as esplêndidas cerimônias de 29 de março ; e. dest’arte,
o Congresso, que organizara — com os confrades capazes de o real;-
— -158 —
A T A D A SESSÃO O R D IN Á R IA EM 27 DE M A IO DE 1949
(Sessão 1782)
Aos vinte e sete dias d«» mês de maro de 1949, se reuniu o Instituto
Histórico c Geográfico Brasileiro, cm sessão ordinária para ouvir a cnníe-
rér.cia do sócio professor .Adolfo Morales de los Rios Filho, neste dia empossado
sócio efetivo.
As 17 horas ocupou a presidencia o Sr. embaixador José Carlos de Macedo
Soares, presidente perpétuo do Instituto, que convidou para tomarem lugar na
mesa, o representante do Sr. presidente da República, o Sr. conde de Casa
Rojas, embaixador da Espanha c o nrinistro A taúlfo de Paiva.
O Sr. V rg ílio Corrêa Filho, 1." secretário do Instituto, leu as efemérides
do barão do Rio Branco referentes ao d :a. c comunicou que se achavam sóbre
a mesa as trs propostas de sócios que passam a ser transcritas :
Proposta — Propomos para sócio efetivo do Instituto Histórico c Geo
gráfico Brasileiro, o professor D r. Edgardo Castro Relíelo, consagrado pro
fessor da Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em que é
catedrático de Direito Comercial. O Dr. Edgardo Castro Rebelo é jurista
de nomeada, notável conhecedor de Direito cm seus muito» ramos, comentador
arguto e profundo a quem de fato vale uma cultura histórica especializada.
Dessa cultura histórica tem ele dado provas, mostrando-se um insistente pesqui
sador. comprovado por especializados trabalhos, um deles a tese aprcscntnd.i
ao I V Congresso de H istória Nacional, realizado no corrente ano. intitulada
— inscrições lapidares da Igreja da 1'itória c <» local da Vida 1'clha,
— 463 —
monografia esta ent que versa problema muito especia! de historia colonial,
rccorrcndo-sc o autor de dados que pesquisou para discutir ceinctitos expendidos
l>c!os historiadores de nomeada, aos quais se contrapõe com sagacidade c
especiais conhecimentos históricos; já conhecido como sabedor da história
político, econômica c financrir.i, principalmente do segundo remado» eis que
desta vez revela pois uma nova face da sua grande cultura.
O nome do professor Edgardo Castro Rebelo na verdade se assinala corn
os méritos c projeção incontestável, que fazem que o proponhamos para fazer
parte do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Rio de Janeiro. 27 de àtaio de 1949. — Leopoldo Antônio Feijó Bitten
court, José Carlos de Maectfo Soares Nelson de Senna, V irgílio Corrêa Filho.
Estêvão Leitão de Carvalho, Afonso Costa, João Batista Magalhães. A dolfo
Morales de los Rios Filho.
Proposta — É o D r. Manuel Xavier de Vasconcelos Pedrosa médico c
cientista de grande cultura que jã se distinguid an se doutorar, com a tese - -
Eletividade Patogênica c biotóxico, e ncnropatologia, trabalho que logrou
nomeada, citado pelas conclusões que encerra. Especialista cm moléstias da
nutrição e aparelho digestivo, o D r Manuel Xavier de Vasconcelos Pedrosa
fez curso cm Berlim, tendo rido aluno do professor de notoriedade universal.
Dr. Urberi Ainda n recomenda como cientista os seguintes trabalhos
Metabolismo basal c sita aplicação na clinica — z/fãc dinâmica da albomina
c glândula Itipofisária. Mas como os grandes nomes da medicina na Europa,
que tiveram as vistas ynltidas à história da ciência que professam o Dr. Ma
nuel Xavier de Vasconcelos Pedrosa se tornou um pesquisador meticuloso do»
pontos da história da medicina no Brasil, chegando a uma concepção de
conjunto esplanada cm cinco teses, que se completam e com que concorreu ao
IV Congresso de H istória Nacional, realizado pelo Instituto Histórico.
Estudou ele :
Primeiro : l.cfras c Ciências no Século X V I e -V F //. Esta monografia
vem a ser a indagação feita através dos primeiros cronistas e escritos que
Trataram do Brasil, para neles que principalmente se demoram cm assuntos
pertinentes a ciências naturais, encontrar o médico informes elucidativos
colhidos Jogo ar- primeiro contacto que o europeu ia tendo com a America.
Segundo : Doenças do Brasil Colonial. Já o quadro desta vez apresen-
lado, sendo expressivo, de muito serve para 'formar uma idéia a respeito da
história da medicina no Brasil.
Terceiro : .4 medicina dos indios.
Quarto : . í medicina dos colonizadores; os agentes.
Quinto : Espirito médico dos séculos X V I c X V II.
Revelando pois maneiras especiais dr enquadrar o assunto, o D r. Manuel
Xavier de Vasconcelos Pedrosa adiantou como encarar a história nos sett»
vários aspectos históricos, é , pois, um. espírito culto c de grande intuição,
que merece, pelo valor que revela, estar entre os membros do Instituto
Histórico c Geográfico Brasileiro, razão por que o propomos para sócio efetivo.
Rio de Janeiro, 27 de maio de 1949. — José Carlos de Macedo Soares,
Leopoldo Feijó Bittencourt» Nelson de Sena. V irgílio Corrêa Filho. Estêvão
Ix-ítão de Carvalho, JoSo Batista Magalhães, A dolfo Morales d i los Rios Filho.
Proposta — Com variado número de teses a respeito de História da
Medicina, concorreu ao I V Congresso de História Nacional recéntenteme
realizado, o Dr. Ordival Casãiano Gomes, formado pela Faculdade de Medicina
da Universidade do Brasil, onde se doutorou, membro titu la r da Sociedade
Brasiluira de Urologia c membro efetivo da Sociedade de Medicina c Cirurgia
do Rio de Janeiro, como também membro associado da Société Beige D 'Uro
logic, o que o distingue na profissão que exerce, ocorrendo, porém, que com
especiais pendores pelos estudos históricos, se tornou, um dos especialistas,
que, na sua geração, mais se tem distinguido, pela originalidade. larguesa de
compreensão dos assuntos dc História dc Medicina. Já é ele sócio efetivo
do Instituto Geográfico e H istórico da Bahia, c na qualidade dc sócio fun
dador, faz parte do Instituto Brasileiro de H istória da .Medicina, onde atual
mente exerce o cargo de Secretário Geríal. Elcgcram-no para membro, a
Sociedade dc História dc Medicina (Buenos A ires) hem como o quiz para
membro honorário o Instituto Baiano de História ria Medicina. Entre o que
escreveu, são trabalhos de H istória :
— S ífilis da Rexiga (H istória e Cl mica) — Trabalho laureado pela
Sociedade dc Medicina c Cirurgia do Rio dc Janeiro, cm 1940 e publicado na
Revista Médica Brasileira — março dc 1940.
A Escola dc Salerno — Atualidades Terapêuticas — Ns. 2 e 3. vol. I 1946.
— José Correia Picanço — Sep. dc Atualidades Terapêutica» — 1946.
— Thomas Sydenham, Sua Epoca c Sua Obra — Revista Médica Brasi
leira. X X II. 3. I. 1947.
— O Fisconde dc Santa Isabel — Esboço Biográfico — Trabalho apre
sentado ao Instituto Brasileiro dc H istória da Medicina, cm abril de 1947.
— O Maestro Alfredo Nascimento — Brasil Médico-Cirúrgico 10, pá
gina 501. 1948.
— Vieira Fazenda — O Médico e o Historiador — Trabalho lido por
ocasião do centenário <ln seu nascimento no Instituto Brasi1o: ro dc H istória
da Medicina, em 11 de abril dc 1947.
— Fida e Obra do Cirurgião Antônio José Alves (P ai do poeta Castro
Alves) — Revista do Instituto Brasil :iro H istórico c Geográfico, vol. 194, 1947.
— Introdução d Medicina da Século N P 11 — Trabalho apresentado ao
Instituto Brasileiro de H istória da Medicina, rm 26 de maio de 1947.
— A Escola de Alexandria — Trabalho apresentado ao Instituto Brasi
leiro de História da Medicina, em 25 de agósto de 1948.
A Fundação do Ensino Medico no Rrasil — José Correia Picanço —
Trabalho apresentado ao I CongTesso de História da Bahia, 1949.
— Formação e Espirito da Medicina IJrasileira no Século X V I — T ra
balho apresentado no IV Congresso de H istória Nacional, 1949.
Sendo a História da Medicina assunto que sempre interessou ao Instituto
Histórico c Geográfico Brasileiro, para déle já terem saído obras hoje
consideradas clássicas como as que produriu A lfredo Nascimento, vemos
no nome dc Ordival Cassiano Gomes, uni continuador brilhante dessa tradição
para que 1hc proponhamos o nome para o quadro de sócio efetivo.
Rio de Janeiro, 27 dc maio de 1949. — Leopoldo Antônio Feijó Bitten
court, Joào Batista Magalhães. José Carlos de Macedo Soares, Nelson de
Sena, Estêvão Leitão dc Carvalho, V irgílio Corrêa Filho, Afonso Costa c
A dolfo Morales de los Rios Filho.
O Sr. embaixador Macedo Soares, presidente do Instituto, deu a palavra
ao segundo secretário, Sr. Feijó Bittencourt, que dirigindo-se ao professor
— 465 —
Instituto, com o que ela chama a si os que rcrconheccm serení dos seus. Éste era
o caso do professor Morales de los Rios Filho. E estando todos ali presentes
reunidos para ouvirem o recipiendario, o orador pediu, estando dadas as
boas vindas que falasse a respeito do scu pai. a grande sombra. o grande vulto de
que todos se recordavam ao verem aquela solenidade, naquele dia, expressivo na
vida de um brasileiro intelectual de tanto renome.
Ocupou a tribuna o professor Adolfo Morales de los Rios Filho, que pro*
feriu a conferência a respeito de Adolfo Morales de los Rios, pai. agradecendo,
porém, com as seguintes palavras a sua eleição para sócio efetivo d.> Instituto
Histórico. E disse :
“ Exm." Senhor embaixador Dr. José Carlos de Macedo Soares, presidente
perpetue» do Instituto Histórico c Geográfico Brasileiro.
Exm.° Sr. Dr. Augusto Rocha, representante de S. Ex.a o Sr. Presidente
da República.
Conde de Casas Rojas, embaixador da Espanha.
Representantes dos Srs. ministros da Guerra, do Trabalho, da Justiça c
<la Agricultura.
Senhoras, senhores, dignos consocios.
Antes de cumprir com a nossa incumbência, devemos expressar a S. Ex.~.
embaixador José Carlos de Macedo Soares, eminente presidente perpétuo desta
Casa da História do Brasil — varão que, fíela sua saladería e dignidade. enche
dc orgulho a nacionalidade brasileira —, nosso profundo reconhecimento pela
maneira generosa c sumamente delicada com que fea pronunciar, pela vox dr
um notável brasileiro. Dr. Teixeira de Freitas, nossa admissão, bem como pelas
palavras que, na mesma sessão pública, se dignou dedicar ao nosso trabalho
O Rio de Janeiro Imperial, e a forma cativante com que acolheu n proposta
de admissão e assinando-a cm primeiro lugar — contribuiu para aumentar nossa
gratidão.
Essa, se consubstanciará nos propósitos de devotar-lhe toda a estima,
acatar-lhe as determinações c de contribuir sem valimento mas com sâ von
tade, para a alta finalidade deste Instituto, padrão dc glória do Brasil e da
dultura histórica mundial.
Nosso reconhecimento volta-se. outrossim, pant as demais ilustres figuras
que subscreveram a proposta :• secretário geral, engenheiro D r. Virgliu Corría
Filho : 2.’ secretário, professor Leopoldo Antônio Fcijó Bittencourt;: Dr. Hen
rique Carneiro I.cão Tcixira Filho: almirante cngcnhciro-naval Thiers Fleming:
Dr. Cláudio Ganns; acadêmico Rodrigo Otávio Filho; Dr. Alcindo Sodré;
acadêmico c engenheiro Afonso de E. Taunay; acadêmico c magnífico reitor
Dr. Pedro Calmou; engenheiro c geógrafo Dr. Cristóvam Leite de Castro;
Dr Arthur Cesar Ferreira Reis v ministro Jerónimo dc Av.-lar Figueira de
Melo.
Tributo análogo devemos a quantos se dignaram aprovar nas comissões
<le História c dc Admissão de Sócios — a referida proposta : ministro Doutor
Augusto Tavares de Lira, general dc divisão Valentin) Bcnicio da Silva, pro
fessor Basilio de Magalhães, professor .Alfredo Nascimento Silva, bem com<«
05 já referidos Dts. Ganns c Fcijó Bittencourt. E, mais, aos sócios que lhe
deram voto favorável.
Por fim, como agradecer as palavras que araba dc pronunciar o douto
consocio Dr. Fcijó Bittencourt, cujo fulgor intelectual salxt converter utn
nada em alguma coisa que ao menos um pouco possa brilhar ?
Não há expressões para isso. Ouça, pois, quem é grande entre os grandes
desta instituição o bater, reconhecido, de nosso coração.”
— 467 —
Não tendo tnais quem pedisse a palavra, o £>r. embaixador José Carlos de
Macedo Soares acradcceu a todos os presentes e os representantes das auto
ridades. dando por encerrada a sessão.
Estiveram presentes os seguintes sócios : José Carlos de Macedo Soares,
V irg ílio Corrêa Filho, Nelson de Sena. A dolfo Morales de los Rios Filho,
A lfredo Valadão, Estêvão Leitão de Carvalho, Leopoldo Antônio F cijó B it
tencourt, Hélio Viana, Afonso Costa. João Batista Magalhães, Valentim Bení-
c’.o da Silva, Oliveira Belo, A taúlfo dc Paiva. Cláudio Ganns, Carlos Carneiro.
Harnldo Valadão, A rtu r César Ferreira, Elrnano Cardim. Juliào Rangel dc
Macedo Soares.
Justificaram a ausência os sócios Sra. ministro Augusto Tavares de Lira,
general Pedro Cavalcanti c comandante Thiers Fleming. Enviaram telegrama
e oficio os Sr*. ministro Adroaldo Mesquita da Costa, general Lima Câmara,
Associação Brasileira dc Imprensa e Touring Club.
Notavam-se entre os presentes os representantes dos Srs. ministro dn
Fazenda. da A g rie dtura; representando o S r. m inistro da Guerra. E . Domin
gues; representando o coronel comandante do Corpo de Bombeiros o major
Jónatns Rocha; representando o S r. ministra do Trabalho u S r. João R. Pe
reira Júnior. representando o comandante do Ensino Técnico do Exercito, te
nente Cláudio Kanuutzu; ministro Adroaldo Mesquita <la Costa, represen
tado pelo tenente Jackson Soares; ministro da Viação c Obras Públicas, re
presentado pelo Sr. Egidio Couta: D r. Luis Pinheiro Guedes, presidente do
Conselho Regional dc Engenha na c Arquitetura; D r. Ivolino dc Vasconcelos,
pelo Instituto Brasileiro dc História da Medicina; Dr. Dulfe Pinheiro Ma
chad». representado pelo S r. Aníbal Machado; D r. Ildefonso Marcarcnhas da
Silva; D r. Antônio Carlos Lafaicte dc Andrada; D r. Almeida Morales de los
Rios; Clara W hitaker; Sra. Joana dc Sousa da Silveira; engenheiro Luís Ro-
dulftí Cavalcanti: engenheiro Caio Pedro; Laurindo Ramos; Sra. Henrique
Rocha: Jaime SaL» Júnior; Sra. engenheiro Ismael de Sousa; Sra. Menina
Berardi; Bonifácio Bcnnor; Ricardo Antunes r senhora; engenheiro Eusébio
Nayh<r; engenheiro Henrique Coclhr. da Rodha; Paulo Candiota: Paulo Dan
ta-: Clomcòrtes c senhora: Antônio W . dc A raújo Pinho e senhora; Ferdi-
nando da Silveira F ilho; Fcrdinando de Sousa da Silveira; Sra.- V ito r Hugo
dn Costa. Luciano Jacques de Morais c Ortcgal Barbosa.
Encerrou-se a sessão às 19 horas — Leopoldo Antônio F cijó Ritlcneourt.
2.° secretário.
A T A D A SESSÃO O R D IN A R IA E M 24 D E JU L H O D E 1949
A T A D A A S S E M B L É IA G E R A L E M 15 D E AGOSTO D E 1947
içào junto dos poderes Executivo e Legislativo para que <» Brasil resgate a
dívida de gratidão nacional à princesa babel, a Redentora — trasladando os
seus sagrados despojos para a catedral de Petrópolis.
Uma publicação por mim feica, no Jornal do Comércio t de 17 de maio
deste ano, dá tôdas as informações necessárias à execução da’ minha patriótica
lembrança. — Thiers Fleming. — Feijò Bittencourt.
Trasladaçâo dos despojos da princesa Isabel e do conde D 'E u para a
catedral de Petrópolis. — Tendo cm alta consideração a justa homenagem à
princesa Isabel, que n Tribuna de Pctrófiolis lhe vem prestando cm seu
suplemento histórico-litcrário, tomo u liberdade de relembrar a sua patriótica
campanha, iniciada cm 1 de março <le 1945. para a trasladaçâo dos despojos dos
condes D ’Eu para o Brasil, sendo depositados na catedral de Petrópolis ao
lado dos dc Dom Pedro I I e Dona Tereza Cristina, lkiu vc dois decretos
para a trasladaçâo; aprovação da família imperial; projeto c orçamento do
monumento na catedral de Pctrójiolis pelo escultor Lcâo Vcloso; projeto na
Câmara dos Deputados apresentado pelo deputado federal Aureliano Leite
c subscrito por cinquenta deputados, concedendo o crédito dc mil contos para
o transporte c monumento; promessa do ministro da Aeronáutica cm ceder
um avião para o transpone, devendo ser pilotado pelo príncipe Dom João de
Orleans e Bragança; promessa do presidente da República cm concorrer para
que o Brasil resgate essa divida dc gratidão nacional; e apelo final ao Instituto
H istórico e Geográfico Brasileiro, presidido pelo eminente c prestigioso
embaixador José Carlos de Macedo Soares — |>ediudo seu valioso concurso para
a rea li ração deste ideal. Mas. conto muito bem acentuou o Jornal do Comér
cio cm uma das suas brilhantes "várias" : “ a falta dc continuidade c um
dos defeitos capitais na vida pública brasileira", de modo que se projeta,
planeja e programativa — mas — não sc executa. — Thiers Fleming. (Trans
crito do Jornal do Comercio, dc 17-5-49.)
Proposta. — "Propomos para sócio correspondente do Instituto Histórico
o Dr. Aluísio Napoleão dc Freitas Rego, nascido cm 20 dc novembro dc 1914.
em Belém do Pará. Bacharel cm ciências jurídicas c sociais pela Universidade
do Rio de Janeiro cm 1936; diplomata, por concurso, iniciou na classe .1, ser
vindo na Secretaria do Estado até 1942. A í, dirigiu a Mapoteca, organizou os
arquivos particulares do Itnmaratí, inclusive os do barão do Rio Branco.
-Cônsul cm Portland ( U . S . A . ) , em 1943. Em dezembro desse último ano foi
promovido à classe K. e designado. como 2 / secretário, para a embaixada <le
Washington, onde serviu até abril de 1949, quando foi removido para a
Secretaria dc Estado, estando servindo na Divisão Cultural. Foi promovido,
por merecimento, a secretário, cm 30 de junho último (1949).
Trabalhos pubVcados : Segredo (contos) 1935 — O Segundo Rio Branco,
1942. — Os arquivos particulares do Itamarati, 1941. — Santos Dumont e a.
Conquista do A r, 1942 (traduzido para o francês, o ingles e o espanhol). —
Imagens da América (crônicas) 1945. — O Barão do Rio BAinco e as relações
entre o Brasil e os Estados Unidos, 1947. — O Arquivo do Burdo do Rio
Branco (no prelo). — F. D. Roosevelt (cm preparação, biografia) (N ota : os
ns. 3, 4, h c 7 desses trabalhos foram mandados escrever pelo governo).
Rio dc Janeiro, 15 dc julho dc 1949. — Claudio Ganns. — V irgilio Correa
Filho. — Herbert Caniabarro R cichordt. — Augusto Tavares de Lira. — Luis
de Oliveira Bello. — João Batista Magalhães. — F rijo Bittencourt. — I I . C.
Ledo Teixeira Filho. — Rodrigo M ello Franco dc Andrada. — Francisco
Marques dos Santos — Pedro Calman, — H elio Vianita. — José Luiz Batista.
— Alvaro Rodrigues de Vasconcelos.
— 477 —
Nada mais havendo para resolver, c ninguém pedindo a palavra, foi encer
rada a sessão, às 16 horas c cinquenta minutos. — Feijó Bittencourt, 2.* se
cretário.
A T A D A SESSÃO C O M E M O R A T IV A DO C E N T E N A R IO
D E N A S C IM E N T O IX ) DR. A M A R O C A V A L C A N T I
(Sessão 1786)
(Sessão 1787)
SESSÃO E S P E C IA L EM 30 D E S E TE M B R O D E 1949
A T A DA SESSÃO M A G N A C O M E M O R A T IV A DO 111." A N IV E R S A R IO
D E SUA F U N D A Ç A O , EM. 21 DE O U TU B R O DE 1949
(Sessão 1789)
Aos dias vinte e tim de outubro de mi! novecentos c quarenta e nove, rcu-
nht-se o Instituto Histórico c Geográfico Brasileiro em Sessão Magna para
comemorar o seu 111.° aniversário dc fundação.
As 17 horas, o embaixador José Carlos dc Macedo Soares, presidente
perpétuo do Instituto, declarou aberta a sessão, convidando a tomar assento
á mesa os Srs. general João Valdetaro, chefe da Casa M ilitar da Presidência
da República, representante do Sr. presidente Eurico Gaspar D utra; ministro
Aldroaldo Mesquita da Costa, titular da pasta da Justiça, general Cândido
Rondon, sócio efetivo do Instituto H istórico; c professor V irg ílio Corrêa
— 4S0 —
Ftlho, 1." secretário do Instituto. O professor V irg ilio Corrêa Filho, que
ÍCt uni relato das atividades da instituição durante o ano social.
A seguir, usou da palavra o ministro Adroaldo Mesquita da Costa, membre
efetivo do Instituto, que propôs que se fctzesse constar da ata um voto de
louvor ao padre Serafim Leite, o qual, incumbido pela Ordem de escrever a
história da Companhia de Jesus, na parte referente ao Brasil, foi o primeiro
a concluir sen trabalho, que consta de nove volumes, entre todos as encarre
gados do mesmo mister, cm outras partes do mundo.
O D r. José Pedro Leite Cordeiro propôs a seguir que essa homenagem do
Instituto ao ilustre sacerdote c intelectual se traduzisse também numa medalha
comemorativa. Após os agradecimentos do padre Serafim Leite, discursou
o acadêmico Pedro Calmon, reitor da Universidade do Brasil e orador oficial
do Instituto, que fez o necrológio dos sócios falcados durante o ano social :
engenheiro João da Costa Ferreira, general Liberato Bittencourt, ministro
Bernardino José de Sousa, professor Braz Hermenegildo do .Amaral c coronel
Henrique de Campos Ferreira Lima.
Estiveram presentes ainda, além de outras pessoas gradas, os Srs. Fran
cisco Paim Filho, antigo senador gaucho; Dom Francisco arcebispo de Cuiabá;
almirante Dodsworth Martins, antigo ministro da Marinha; Dom Frederico
Lunardi, arcebispo de Side e núncio apostólico do Paraguai; major Vladim ir
Bolsas, representante do chefe do Estado Maior do Exército; Antônio Lopes,
representante dó Instituto Histórico d<» Maranhão; Francisco Campos, repre-
sentante do ministro do Trabalho; o representante do ministro da Guerra; o
representante do comandante do Corpo de Bombeiros; os deputados Soares
Filho c Afonso Arinos de Melo Franco; representante* de entidades culturais.
Compareceram os seguintes sócios : José Carlos de Macedo Soares; Fre
derico Lunardi, arcebispo de Side, núncio apostólico no Paraguai; Virgílio
Corrêa F ilho; João Batista Magalhães; José Pedro Leite Cordeiro; Adroaldo
Mesquita da Costa; Henrique Carneiro Leão Teixeira F ilho; A dolfo Morales
de los Rios F ilho; Luís de Oliveira Belo; Afonso Costa; Cándido Mariano
da Silva Rondon; I.eopoldo Antônio Feijó Bittencourt; Pedro Calmon; Haroldo
Valadão; Cristóvam Leite dc Castro; Dom Francisco, arcebispo de Cuiabá:
Serafim Leite, S . J . ; Manuel Xavier de Vasconcelos Pedrosa; Jorge Dodsworth
M artins; Raja Gabaglia; Carlos da Silveira Carneiro; Alvaro Alberto Mota
e Silva; Cláudio Ganns; Afonso Arinos dc Melo Franco; Alvaro Rodrigues de
Vasconcelos.
Justificaram ausência os Srs. comandante Thiers Fleming, general Pedro
Cavalcanti.
Enviaram telegramas, ofícios os Srs. ministros Raul Fernandes; ministro
Daniel dc Carvalho; deputado C irilo Júnior; ministro Fonseca Hermes; a
diretoria do Real Gabinete Português dc Leitura; Associação dos Empregados
do Comércio; Touring Club do Brasil e Associação Brasileira de Imprensa.
Ninguém mais pedindo a palavra e nada mais havendo dc que se tratar,
o presidente declarou encerrada a sessão e agradeceu a presença do ilustre
auditório. — Leopoldo Antonio F tijó Bittencourt, 2." secretário.
Em 18 de novembro dc 1949 o sócio Luis Felipe Vieira Souto realizou, no
Instituto H istórico c Geográfico Brasileiro, uma conferência a respeito do
primeiro centenário do faleermento de Chopin.
ASSEMBLÉIA GERAL — ELEIÇÃO DA DIRETO
RIA PARA 1950-1951
(S E S S Ã O 1790)
SÓCIOS FALECIDOS
Daniel <le Deus, César Augusto Wicchcrs de AIesquita, Clarisse Ribeiro Bossa.
Cloria Fernandes de Freitas, Constança Ladeira. Tcrezinha da Câmara Coelho,
Afaria da Luz Costa, José Miguel Dias dc Figueiredo, João José de .Araújo,
Josias Pires Ferreira, Cintra Barros, Wilson Távora Alaia, José Guimarães
Lôbo, írio Augusto Pais Leme, Mauricio Simões Gonçalves, Rômulo Coelho,
Astêlio Fernandes Porto. Aurclino Barroso Santos, Raul Torres Filho, Mário
dc Oliveira Pacheco. Hélio dc Oliveira Ribeiro, Amadeu Santo?, Clodomir
Lóbo de Oliveira Lima, /América Monteiro dc Araújo, Maria Luisa da Silva
Lessa, Rute Matos Almeida Simões. Violeta Lopes da Costa Moreira, Rute
Bouchaud Lopes da Cruz, Beatriz Célia Correia de Melo, Ariadne Soares Souto
Maior, Noémia F. de Barros. José Lamberto Carvalho, Napoleão Costa Fer
reira. Paulo Barreto Alarim, Benito Lanzclote, Anderson Gouveia dc Azevedo,
Maria Grinspun. Adolfo Rodrigues de Almeida, José Correia, Guiomar Ce-
ponti Correia, Nadir Pinto Bcrtier, Edésio Assunção, Ailron Alves Coentro.
Inés Martz, Manuel Martins Júnior, Esmeralda de Faria Kunicki, Alice dc
i*igueiredo, Femando Pereira. Eponina Lomos de Sousa Barros, Sílvia Nunes
Pereira Romano, Ofelia G. B. Sobrinho, Ncila Alaria Lóbo Ferreira. Maria
da Gloria Gurí. Isachí Feldman. Marialina Norris, Antonio Jcsé Pinheiro
Chagas, Valdeci Valencia, Léia de Oliveira, Clconicc Cruz, Zclia Metieras
Gonçalves, Dulce de Sousa Teixeira, Clodia de Alelo Lima. Hchusa M. de
Matos, Alaria Luisa Maier, Armando da Silva Brandão, Hélio Dantas. Hen
rique Silva, Názila AL de Carvalho, Jorge Nascimento de Castro, José Recita
Campos, Eloi Peres Machado, Cecilia da S. Afaçol, Váltcr Leite Handler.
Evandro Gomes da Silva, Mirles Marques. Rodolfo Pinto Barbosa, Virmar
Ribeiro Sqarcs, Váltcr Alatu, Ccurio Roberto dc II. Oliveira, Cadlda P. da S.
Costa. Erotides Alalta do Nascimento, Armando da Gama c Sousa, Guiomar
Cándida Alota, Elizabeth R. dos Santos. Luís Arltndo Tavares de Lira, Amé
rica R. dc Castro Rebelo, José Castcdo da Silva. Moisés H. dc F. Neto, Antonio
Horácia de A. Caldeira, Rosa de Sonsa Vargas, João Leonard de Sousa
Vargas, Luis Trote, Elson dos Santos Matos, Zoé Principe, Mário Lupes o a
Costa Aloreira, Arnaldo Vieira Lascasas, Heloísa Figueira Duarte Moreira.
Casimiro V. Pinto, Agostinha Ferreira Cunha Lima, Lauro Geraldo dc Araújo,
Antonio Conceição. Gilvaudo dc A. Domingues, Afonso Martins dc Matos,
Antonio dc F. Ferreira ría Silva, Antônio 1. Ferreira Santos, Arnaldo Nuno de
Barros Pereira, Arinéia dc Paiva Carrão, Garmen Roso, Orlando Ruífier dos
Santos, Osvaldo Almeida Fischer c Eli Bcncdeti.
DIRETORIA
COMISSÕES
Na assembléia geral dc 28 de dezembro foi confirmado na "Comissão dc
Arqueología c Etnografía" o sócio efetivo Dr. Alcindo Sodré e eleito para a
vaga deixada pelo Dr. Rodolfo Garda, o Dr. Rodrigo Alelo Franco dc Andrade.
Para a "Comissão dc Fundos c Orçamentos”, foi transferido o Dr. Claudio
Ganns, e, na vaga déste, na “ Comissão dc Admissão de Sócios” foi eleito o
coronel João Batista Magalhães, entrando ainda nessa comissão o Dr. M. Xa-
- 4 8 9 - , : A .
vicr Pedrosa, tu vaga do Sr. Braz do Amaral c Dr. Cristóvam Leite de Castro,
transferido da ‘'Comissão de Fundos c Orçamentos’’.
Para a “ Comissão de Bibliografía" foi transferido o Dr. Alfredo Nasci-
memo Silva, da “ Comissão de Sócios”, na vaga aberta com o falecimento
de Bernardino de Sousa, e eleitos o Dr. Alonso Costa, na vaga do general
Liberato Bittencourt, c o professor Hélio Viana.
Para a “ Comissão de Estatutos’’ foi ainda transferido o Dr. Rodrigo
Otávio Filho, da “ Comissão de Bibliografia", e eleito o general Leitão de
Carvalho, na vaga do cx-consòcio Costa Ferreira.
QUADRO SOCIAL
Pela assembléia geral de 21 dc agosto, foram promovidos a sócios bene
méritos, nas vagas dos Srs. Braz do Amaral e Bernardina de Sousa, os sócios
efetivos : Dr. Leopoldo Frijó Bittencourt, 2.° secretário, c Cláudio Gatins,
da comissão diretora desta Kevititt.
Nessa mesma assembléia foram admitidos : como s¿»cio correspondente,
o Dr. Ariosto Gonzalez (do U ruguai); como sócio honorário, o senador Aloisio
dc Carvalho Filho; e como sócios efetivos, os Srs. acadêmicos Afonso Pena
Júnior, deputado Afonso Arinos dc Melo Franco e professores Mozart Mon
teiro c Xavier Pedroza.
A preferência do Instituto para essas promoções c escolhas nclia-se plena
mente justificada nos pareceres das respectivas comissões de “ Admissão de
Sócios” e de "História”.
CONDECORAÇÕES.
O Instituto Histórico c Geográfico Brasileiro, durante as solcnidades do
4.° Congresso dc História Nacional, recebeu das mãos do embaixador Júlio
Dantas, chefe da Delegação Portuguesa, as insígnias da Gran Cruz da Ordem
Militar de Santiago da Espada, que lhe foi conferida por decreto especial do
Governo Português.
SUBVENÇÃO
Pela Lei n.° 720, de 25 de maio deste ano. sancionada pelo Sr. vice-presidente
da República c referendada pelos ministros Adroaldo Mesquita da Costa e
Correia c Castro, foi o Instituto Histórico, subvencionado com a importância
de Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros) “ para a restauração c conser
vação do seu arquivo e biblioteca".
Pelo art. 2 / da mesma lei a subvenção anual do Instituto, que er3 ante
riormente dc Cr$ 200.000,00, passou n ser de Cr$ 300.000.00 (trezentos mil
■cruzeiros), a cantar da data da sua publicação ("Diário Oficial” dc 2-6-49).
Dita lei é oriunda do projeto n.° 572, de 1947, dc iniciativa do deputado
Edmundo Barreto Pinto e mais 42 congressistas.
PUBLICAÇÕES RECEBIDAS
O utubro de 1949
— Revista B ra s ile ira de G eografía, jan eiro-m a rço de 1949. n.° 1. ano X I .
R io de Janeiro.
— Revista do S erviço P ú b lic o , ano X I I . vol. I l l , n." 1. ju lh o de 1949.
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a Babia existente na Biblioteca N a c io n a l). R io de Janeiro.
— A m éricas. o u tu bro, vol. i. n.° 7, o u tu b ro de 1949. R io de Janeiro.
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Washington.
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Curitiba.
— Saúde, dezembro de 1949, n.° 24, ano II. Rio de Janeiro.
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n.“ 270, ano XXIV. São Paulo.
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— Catálogo In fan til n.* 18. 1949-50. Rio dc Janeiro.
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— Anales de la U niversidad dc Chile, sum ário de los ns. 65-66, 1." y 2.°
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— A nuário A çucarciro, 1945-46-47. Rio de Janeiro.
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— Boletim Bibliográfico .Agir, n.° I, dezembro dc 1949, ano 2. Riu de
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— O P uritano, 25 dc novembro dc 1949, n.° 1956, anu L I. R io dc Janeiro.
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— Agronomia, julho 1949, n.° 3, vo! 8. R io de Janeiro.
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— Lea, number 7. septiem bre of 1949. W ashington, D .C .
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— Revista do Serviço Público, ano X II, vol. I l l , n.“ 3, setem bro de 1949.
Rio dc Janeiro.
— A rquivos do In stitu to de Direito Social, vol. 8, n.° 2, 1949. São Paulo.
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— A rquives Brasileiros dc Medicina N aval, setembro de 1949, n." 31.
ano X- R fo de Janeiro.
— Catalogo General, 1949. Casa dc la C ultura E cuatoriana.
— T h e M cG raw -H ill, September 1949. Overseas Book News.
OBRAS OFERECIDAS
Outubro de 1949
— H istória da Cidade de Sãc- Paulo no Século X V I I I (1735-176S). vol. I,
1." parte — A fonso de E . Tnunay — .Arquivo H istórico — São Paulo
1949.
— O Papel M oeda e o Câmbio — D r. V ieira Souto — Im pr. dc V au-
g irard — P a ris, 1925.
— Índios do B rasil do Centro ao N oroeste e S u l de M ato Gross'.', vol. I.
— 496 —
Dezembro de 1949
rf<w D iam antes e L ito r a l do B ra s il, v ú l. 210 — A u g u s to de
Saint H ila ire — Com p. E d it. N acional — Rio de Jan eiro, 1941.
E tno lo gia S ulaniericana — v o l. 218 — W ilh e lm S ch m id t — Com. E d it.
N acional — R io de Janeiro^ 1942.
l'ia g e n s ao N o rd e s tt do B ra s il — vol. 221 — H e n ry K o s te r — Com
panhia E d it. N acio na l — R io de Janeiro, 1942.
A ñ o r e s e P la n ta s O téis — w l . 251 — Paul de C oin tc — Com. E d it.
N acio na l — R io de Janeiro, 1947.
.Relatório da Comissão E x p lo ra d o ra do P la na lto C en tral do B ra s il —
v o l. 258 (D u p lic a ta ) — J. C ru ls — Comp. E d it. C olonial — R io de
Janeiro, 1947.
F lo ra da B a hia — v o l. 264 A . In ácio de Menezes — Comp. E d it. N a
cional — R io de J aneiro, 1949.
A s Rains de M ato Grosso — I c ¡ I — V ir g ílio C orrêa F ilh o — O E s
tado de Sao P a u lo — S5o P aulo, 1924-25.
H is tó r ia da U niversidade de C oim bra nas suas Relações com a in s tru ç ã o
P ú blica P o rtuo uê sa — tomos 1, I I , I l l c I V — anos : 1289-1555,
1555-1700, 1700-1800 c 1801-1872 — T e ó filo B raga — Academ ia R eal
das Ciencias de Lisboa — 1892-1902.
ESTATÍSTICA
1949
A rq u iv o :
M useu H is tó ric o :
Consultas —
Obras .............................................................. 5.537 5.660 5.491 16.683
Jorn ais ............................................................ 3.031 3.055 2 .M 6 9.032
Revistas ......................................................... .;.w - i 3.933 3 .87 ! 11.828
Mapas ............................................................
Secretaria :
3áta dc en
Nome trada no Residência
1nstituto
1
Data de en- '
Nome traga no | Residência
I Instituto 1
1 1
1. Dr. Alfredo Nascimento Silva!
12.12.1S90 1 Rua S. Clemente, 413
1 Tcl. 26-1891 — Rio
— 500 —
1
D a ta ue «tt«
Nome trada no , Residência
1 Instituto
D ata dc en
Nome trada no R esidence
Instituto
D ata de en
Nome trada no Residencia
Instituto
12. V irgilio C orrêa Filho ................. 22. 8.1931 P raça A ndré Rcbotiças
n. e 17 — Engenho
Velho — Rio — T e
lefone 28-0864
D ata de en
Nome tra d a no Residência
Instituto
1. Em baixador D r. Ju ié B onifácio
de A ndrade e Sihra ............... 15. 7.1911 Rua V oluntários da
P álria, 371 — Rio —
Tel. 26-6076
D ata de en
Nom e trada no Residencia
Instituto
13. Dr. Manuel 'la v a re s Cavalcanti 22. 8.1931 R ua U rbano <|os San-
tos, 58 — U rca —
R io — Tel. 26-1C46
14. M inistro D r. O távio T.irqutnio
de Sousa ..................................... 22. a . 1931 Rua Gago Coutinho
n." 66, apto. 902 —
Catete — R io —
TcL 26-3623
15. D r. Rixlrigo O távio de Lang*
g a ard Mcncxcs Filho ............... 22. 8.1931 Rua São Clemente. 421
— R io — TcL 26-0953
16. D r. A lexandre José B arbosa Li-
m a Sobrinho ............................... 22- .8-1931 I Run da .Assunção, 77 —
Botafogo — Rio —
T el. 2M S61, ou P a
lácio do G overno —
R ecife — Pernam buco
D ata de en
N om e trada no Residência
Instituto
I D ata de en
Nome tra d a no Residência
I Instituiu
35. Dr. José H onorio Rodrigues . . . | 31. 8.1943 Av. A iranio Melo
Franco, 16 apto. 2 —
T el. 27-3346
3G. P rofessor Adolfo M orales de los|
Rios Filho ................................,.| 31. 8.1948 Rua Senador V erguei
ro, 159. apto. 602 —
Rio de Janeiro
37. D r. A fonso A rh io s de M dol
F ranco ...........................................| 15. 8.1949 R üa A nita G aribaldi, 19
— Copacabana — Rio
I — Tel. 37-5977
I
Tel. 45-2104
40. D r. M anuel X avier de V ascon
celos Pedrosa ............................ 15. 8.1949
D ata dc en
Nome trada no Residência
Instituto |
Data de en
Nome trada no Residência
Instituto
3. Dr. Eugenio de Andrade Egas .. 28. 6.1913 Rua Rela Cintra, 801 —
São Paulo
10. Luis Enrique Azaróla Gil ....... 30. 7.1934 I Frederico Lacrozc. 2.100
— Buenos Aires
11. Dr. Ageu de Segadas Machado
Guimarães ............................... 30. 7.1934 Embaixada do Brasil
em Haia — Holanda
12. Dr. Luís da Cântara Cascudo .. 30. 7.1934 Natal — Rio Grande
do Norte
13. Ministro Caio de Melo Franco! 30. 7.1934 Av. Copacabana, 1.424
— Tel. 27-3004
14. Dr. Vicente de Paula Vicente de
Azevedo .................................. 15.12.1934 Rua Garins Sampaio,
118 - S. Paulo
15. Ministro Joaquim de Sousa Leão
Filho ...................................... 15.12.1934 Rua República do Perú,
193 — Copacabana —
Tel. 37-2427 - Rio
16. Dr. Antônio Augusto Mendes
Correia .................................... 15.12.1934 Run do Moreira, 263 —
Pôrto — Portugal
17. Prof. Armando de Matos .......... 1 15.12.1934 I Rua São João da Fox
I do Douro — Portu-
I gal
— 507 —
Data de en
Nome trada no Residência
Instituto
D ata de en- |
Nome trada no Residência
Instituto
34. Dr. José P ed ro Leite Cordeiro 21.10.1946 A lam eda Jaú, 212 —
S. Paulo
35. D r. Jo sé Carlos de A taliba No-
guelra ............................................ 21.10.1946 C ám ara dos Depurados
36. Dr. Renato Costa de Almeida .. 13. 5.1947 Conde dr Irajá, 117 —
Rio
D ata de en
Nome trada no Residencia
Instituto
14. Dr. Joaquim Bensaúde ................| 22. 8.1931 Boulevard Fraud rin, 56
— P aris
— 510 —
D ata de en- I
Nome trnda no | Residência
Instituto ¡
26. D r. E rnesto Lente ....................... 21. 8.1939 Rua T upi, 425 — São
I Paulo
27. Dr. W aldo G ifford Leland . . . . . 2 1 . 8.1939 I W ashington. D .C . —
I Estados Unidos
- 511 -
D a ta d e cn - |
N om e tr a d a n o 1 R e sid ê n cia
I n s titu to
29. F r e i r e t i r o S in z ig ( O .F . M .) 1 5 .1 2 .1 9 3 9 C o n v e n to S a n to A n tô -
n io — L a r g o ¿ a C a
rio ca — R io
so. D r . M a n u e l A u g u s to P i r a j á da
S ilv a .................................................. 29 . IM O A la m e d a h u , 911 —
S S o P a u lo
S I. G e n e ra l E s te v ã o L e itã o d e C a r-
2*9. 9 .1 9 4 2 R u n U ru g u a i, 572 —
T i j u r a — R io — T e
le fo n e 38-0432
32. 2 9 . 9 .1 0 4 2 T a u b n té — S ã o P a u lo
33. R e v e re n d o Jo se p h F . T h o r a in g 2 9 . 9 .1 9 4 2 E m m its b u r g , M a ry la n d
E s t. U n id o s d a A m é
ric a d o N o rte
34. D o n i P e d r o d e O rle a n s e B ra -
2 9 . 9 .1 9 4 2 P a lá c io G rã o P a rá —
P e tr ó p o lis
35. C o n tra a lm ir a n te A u g u s tin H .
B e a u r e g a r d .................................... 9 . 7 .1 9 4 3 E m b a ix a d a N o rte a m e
r ic a n a — R io d e J a -
n c iro
.36. C a p itã o de m a r e g u e rr a A lv a ro
A lb e rto d a M o ta c S ilv a . . . 9 . 7 .1 9 4 3 R ú a B a r a ta R ib e iro , 560
— C o p a ca b an a — R io
T e L 27-4434
R E L A Ç A O C R O N O L Ó G IC A
D ata de en
N om e tra d a no Classe atual
In s titu to
Data de en-
Nome ira d a no Classe atual
Instituto
Data de en
Noun* trada no Classe atual
Instituto
Data dc en
Nome trada no Classe atual
Instituto
Data de en
Nome trada no Classe atual
Instituto
ORDEM ALFABÉTICA
ADMITIDOS
I Data de cn-
Nome ; trada nu Classe atual
! Instituto
I
Dr. Afonso Pena Júnior .................... 15. 8.1949 Efetivo
O u tu b ro -D e z e m b ro d e 1949
PáffS.
I — Curso Rui Barbosa, promovido pelo Instituto Histórico e Geo
gráfico Brasileiro.
1) Instalação solene do Curso — Discurso do Eml>aixador José
Carlos de Macedo Soares. Dia 28 de setembro
Rui c as Instituições nacionais, pelo orador oficial do Instituto
Histórico professor Pedro Calmou ............................................ 3
2) Rui c o folclore — Professor Joaquim Ribeiro. Dia 4 dc
outuhrc............................................ 8
3) Rui e a história política do Impfrio e da República — Professor
Américo Jacobina Lacombe. Dia 25 de outubro ........................ 21
4) Rui, homem dc letras — Doutor Rodrigo Otávio Filho. Dia
28 de outubro .................................................................................. 35
5) Rui e os escritos religiosos — Professor Mário Pena da Rocha
Dia 31 de outubro ....................................................................... 51
6) Rui e a Marinha Nacional — Capitão de mar c guerra Carlos
da Silveira Carneiro. Dia 8 de novembro ............................. 67
7) Rui na intimidade; a casa da rua S . Clemente — Deputado
Edgard Batista Pereira. Dia 14 dc novembro ........................... 110
8! Rui parlamentar — Senador Aloísio dc Carvalho. Dia 22 dc
novembro ....................................................................................... 132
9) Benemerencia de Rui — Acadêmico Levi Carneiro. Dia 6 de
dezembro .................. 3.................................................................... 145
I I I — Retificações
P àg s.
14) M useu e conservação de obras de arquitetura cttr O uro P rêtu.
Rodolfo de Melo Franca de A ndrada ............................................. 203
15) Evolução do ensino de engenharia e arquitetura .............................. 207
IV — Trabalhos transcritos.
V ! — Critica de livros.
21) Relatório do P rim eiro Secretário Dr. V irgilio Corrêa F ilh o ... 437
22) Oração do S r . Pedro Calman ( N a sessão magna dc 21-10-49) 448
23) A tas dns sessões .................................. 459
24) Noticiário ..................................................................................................... 485
25) Publicações recebidas ............ 490
26) E statística ............................................................... 498
27) L ista de Sócios ......................................................................................... 499
Departamento de Imprensa Nacional
R io de J a n e iro - B r a s il - 19 5 2
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO
Carvalho Mourão
Tavares Cavalcanti
F undos e O rçamentos: . . . Oliveira Vianna
M . A . Teixeira de Freitas
Cristóvão Leite de Castre
R aul Tavares
Radler de Aquino
G eografia : ............................... Carlos da Silveira Carneirc
Virgílio Corrêa Filha
Lucas Boiteux.
Rodolfo Garcia
Alcindo S o d rí
A rqueologia e E tnografía : Roquete Pinto
José Luís Balista
Gustavo Barroso.
Bibliografía : .........................
Vieira Ferreira
Eugênio Vilhena de Morais
Levi Carneiro
Costa Ferreira
E statutos : ............................. IV and erley Pinho.
Pedro Cabnon
Edmundo da Lua Pinto.
1Cláudio Ganns