Manual PAV Finalissima
Manual PAV Finalissima
Manual PAV Finalissima
Coordenação:
Rosa Marlene Manjate Cuco - Directora Nacional de Saúde Pública
Benigna Matsinhe - Directora Nacional Adjunta de Saúde Pública
Graça Matsinhe - Chefe Nacional do PAV
Célia Chirindza - Ponto Focal de HSS-PAV
Elisa Mavili Nambale - Responsável pela Áreas de Formação e Comunicação PAV
Autores:
Graça Matsinhe, Elisa Mavili Nambale, Basília Vaz, Sousa Ribe, Tímoteo Chaluco, Albino Boane, Patrício
Jaime, Jaime Macaringue, Ulmenia Mangujo, Arlindo Banze, Luisa Namburete, Isabel Menetiane, Melina
Matusse, Carlos Mocha, Balbina Mário, Ahamada Ossufo, Santos Sipaneque, Gregório Janeiro, Aida Momed,
Onei Uetela, Carlos Abel Fundzamo, Manuel Novela e Jeremias Mathe
Revisão / Consultores:
Sérgio Caetano
Acácio José Sabonete
Arte Gráfica:
Aly Hamido
Fotografias:
MISAU, UNICEF e OMS
Tiragem:
2000 exemplares
1ª Edição: 1989
2ª Edição: 1995
3ª Edição: 2009
4ª Edição: 2019
Maputo - Moçambique
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ÍNDICE
Prefácio ........................................................................................................................................................................... 7
Agradecimenos .............................................................................................................................................................. 8
Introdução ...................................................................................................................................................................... 9
Capítulo 1 ....................................................................................................................................................................... 11
Vacinação ........................................................................................................................................................................ 13
Capítulo 2 ....................................................................................................................................................................... 17
Doenças-alvo do PAV .................................................................................................................................................... 19
1.2 Sarampo ..................................................................................................................................................................... 19
2.2 Rubéola ...................................................................................................................................................................... 21
2.3 Poliemielite ................................................................................................................................................................ 23
2.4 Tétano ........................................................................................................................................................................ 25
2.5 Tuberculose ............................................................................................................................................................... 27
2.6 Difteria ....................................................................................................................................................................... 28
2.7 Pertussis ou tosse convulsa ....................................................................................................................................... 29
2.8 Hepatite b ................................................................................................................................................................... 31
2.9 Doenças causadas pelo haemophilus influenzae ..................................................................................................... 32
2.10 Diarreia por rotavírus ............................................................................................................................................. 34
2.11 Papiloma vírus humano ......................................................................................................................................... 35
Capítulo 3 ....................................................................................................................................................................... 37
Vacinação e calendário vacinal ...................................................................................................................................... 39
3.1 Vacinação da criança ................................................................................................................................................ 39
3.2 Mulher grávida e mulher em idade fértil (MIF) ....................................................................................................... 41
3.3 Actividades especiais de vacinação .......................................................................................................................... 43
Capítulo 4 ...................................................................................................................................................................... 45
Administração de vacina e suplementação com vitamina A ........................................................................................ 47
4.1 Vias de administração de vacinas ............................................................................................................................ 47
4.2 Seringas e agulhas para a vacinação ......................................................................................................................... 48
4.3 Vacina da BCG .......................................................................................................................................................... 48
4.4 Vacina da DPT-HepB-Hib ...................................................................................................................................... 50
4.6 Vacina oral contra Pólio (OPV) ................................................................................................................................ 52
4.7 Vacina inactividade contra Pólio (IPV) ................................................................................................................... 53
4.8 Vacina da PCV .......................................................................................................................................................... 54
4.9 Vacina da rotavirus .................................................................................................................................................... 54
4.10 Vacina contra Sarampo e Rubeola ........................................................................................................................ 57
4.11 Toxóide Tetâno (IT ou VAT) ................................................................................................................................. 59
4.12 Suplementação com vitamina A ........................................................................................................................... 60
Capítulo 5 ....................................................................................................................................................................... 63
Eventos adversos pós-vacinação (EAPV) ..................................................................................................................... 65
5.1 Definição de caso de EAPV ..................................................................................................................................... 65
5.2 Categorias de eventos adversos pós-vacinação ....................................................................................................... 65
5.3 Notificação de EAPV ................................................................................................................................................ 67
3
5.5 Resposta imediata ..................................................................................................................................................... 69
5.6 Tratamento de um caso de EAPV ............................................................................................................................ 69
5.7 Notificação de casos de EAPV ................................................................................................................................. 70
5.8 Investigação de caso de EAPV ................................................................................................................................. 70
5.9 Desafios colocados pelos eapv durante os dias nacionais de vacinação (DNV) ................................................... 73
5.10 Estratégias para minimizar os casos de EAPV ...................................................................................................... 73
Capítulo 6 ....................................................................................................................................................................... 75
Vigilância epidemiológica e investigação de surtos epidémicos .................................................................................. 77
6.1 Propósito da vigilância no PAV ............................................................................................................................... 77
6.2 Tipos de vigilância .................................................................................................................................................... 77
6.3 Características de um bom sistema de vigilância..................................................................................................... 78
6.4 O Sistema de vigilância de Moçambique ................................................................................................................ 78
6.5 Investigação epidemiológica de surtos e epidemias ................................................................................................ 79
6.6 Vigilância da paralisia flacida aguda (PFA) ............................................................................................................ 80
6.7 Vigilância do Sarampo/Rubéola ............................................................................................................................... 83
6.8 Vigilância do tétano neonatal ................................................................................................................................... 85
Capítulo 7 ....................................................................................................................................................................... 87
Uso de frascos abertos de vacina em sessões subsequentes e segurança da vacina (política de frasco aberto) 89
7.1 Política de frasco aberto ............................................................................................................................................ 89
7.2 Potência da vacina ..................................................................................................................................................... 89
7.3 Segurança da vacina .................................................................................................................................................. 90
Capítulo 8 ....................................................................................................................................................................... 91
Equipamento de injecções .............................................................................................................................................. 93
8.1 Tipos de equipamento de injecções ......................................................................................................................... 93
8.2 Uso de seringas auto-destructíveis .......................................................................................................................... 95
8.3 Prevenção de picada com agulhas ........................................................................................................................... 95
Capítulo 9 ....................................................................................................................................................................... 97
Como organizar uma sessão de vacinação ..................................................................................................................... 99
9.1 Organização de uma sessão de vacinação ................................................................................................................ 99
9.2 Fortalecimento dos serviços de vacinação ...............................................................................................................104
4
Capítulo 12 ..................................................................................................................................................................... 123
Cadeia de frio ................................................................................................................................................................... 125
12.1 Equipamento da cadeia de frio .............................................................................................................................. 126
12.2 Refrigeradores (geleiras) ........................................................................................................................................ 127
12.3 Caixas isotérmicas .................................................................................................................................................. 133
12.4 Acumuladores ......................................................................................................................................................... 133
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Capítulo 20 ..................................................................................................................................................................... 209
Sistema de informação de saúde (SIS) .......................................................................................................................... 211
19.1 Conceitos ................................................................................................................................................................. 211
19.2 Actividades do SIS .................................................................................................................................................. 211
19.3 Resumo .................................................................................................................................................................... 213
19.4 Fichas do pav e o modo de preenchimento ........................................................................................................... 214
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PREFÁCIO
A vacinação constitui uma das intervenções de saúde pública mais custo-eficaz para assegurar a sobrevivência
da criança e melhorar o seu estado de saúde nos primeiros anos de vida.
O sucesso do processo de vacinação não depende apenas da disponibilidade das vacinas, mas sim de uma série
de combinação de factores que vão desde a disponibilidade de pessoal técnico melhor qualificado, sistema de
transporte e conservação das vacinas dentro dos padrões recomendados, sistemas de monitoria e avaliação e,
planificação funcional.
É neste propósito que o Programa Alargado de Vacinação actualizou e editou o presente manual na perspectiva
de torna-lo num instrumento de apoio aos profissionais de saúde, no cumprimento dos padrões recomendados
para oferta de um serviço de vacinação de qualidade. O mesmo servirá como um recurso imprescindível aos
académicos e estudantes de cursos de saúde, no aprimoramento dos conhecimentos técnicos do Programa
Alargado de Vacinação, proporcionando subsídios teóricos e práticos para a formação profissional com
fundamentação científica de modo a melhorar a sua capacidade de intervenção.
Espera-se que o presente manual possa contribuir para o fortalecimento das capacidades individuais, na
promoção de serviços de saúde, cumprimento do calendário de vacinação e prevenção de doenças preveníveis
por vacinação; através de oferta de serviços de vacinação com qualidade e atenção virada para o paciente adulto
ou criança.
Sendo assim, compete à cada um de nós divulgar, envolver e motivar os demais profissionais de saúde, no uso
ou consulta do presente manual nas suas actividades de rotina, actividades de vacinação suplementar, assim
como nas actividades académicas.
Em nome do Ministério da Saúde, gostaria de endereçar o meu apreço e agradecimento à todos os que, de
forma directa ou indirecta, contribuíram para a actualização e edição deste importante documento.
A Ministra da Saúde
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AGRADECIMENTOS
A actualização do presente manual do Programa Alargado de Vacinação (PAV) foi possível graças ao apoio
e colaboração de vários intervenientes, aos quais endereçamos os nossos profundos agradecimentos.
É de destacar o empenho da equipa central do PAV, pela dedicação e participação activa nas discussões durante
o processo de revisão bibliográfica e actualizacão do presente manual, que mantém as mesmas características
do manual anterior, na abordagem e interpretação de vários temas de interesse do PAV, desde a epidemiologia
das doenças alvo do PAV, vacinação e calendário vicinal, planificação, monitoria e avaliação e entre outras
áreas técnicas do PAV.
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INTRODUÇÃO
O Programa Alargado de Vacinação (PAV) foi lançado em Moçambique em 1979, no âmbito do Programa
de Cuidados de Saúde Primários, tendo como principal objectivo reduzir a morbilidade e mortalidade resultantes
de doenças previníveis por vacinação. Apesar de algumas dificuldades que o programa tem vindo a enfrentar,
os resultados indicam que a opção e os objectivos traçados no âmbito da sua criação, estão dentro do esperado
a olhar pela evolução das coberturas vacinais e uma considerável redução da morbilidade e mortalidade por
doenças previníveis através de vacinas.
Actualmente as vacinas de rotina disponíveis no PAV, previnem as seguintes doenças: Tuberculose, Tétano,
Tosse convulsa, a Influenza, Hepatite B, Poliomielite, Diarreias por Rotavírus, Cancro do colo do útero,
Pneumonia, Sarampo e Rubéola, estas últimas introduzidas no país em 2018.
Com a introdução de novas vacinas, o enfoque do PAV passou a incidir também em crianças até os dois de
idade e adolescentes. Para garantir que o seu grupo alvo seja vacinado, o PAV recorre a três estratégias de
vacinação: i) vacinação na unidade sanitária (posto fixo de vacinação), ii) vacinação em brigadas móveis,
iii) e campanhas de vacinação.
Segundo a UNICEF (2017), cerca de 15.000 crianças morrem a cada dia principalmente por doenças evitáveis
através das vacinas. A África Sub-Sahariana, região a qual Moçambique faz parte, continua sendo a região
com maior taxa de mortalidade de menores de cinco anos, com cerca de76 mortes por 1.000 nascidos vivo.
Calcula-se que a melhoria na cobertura de vacinação, possa evitar cerca de 1.5 milhões de mortes infantis
adicionais, contudo, dados recentes mostram que apesar do aumento da captação de novas vacinas, a proporção
global de crianças vacinadas permanece em 85%, sem alteração significativa nos últimos anos (WHO 2018).
Em Moçambique, o acesso aos serviços de vacinação é grátis, contudo o país continua a registar assimetrias
no número de crianças que beneficiam destes serviços. Dados do IMASIDA 2015, mostram que 66% de crianças
de 12-23 meses a foram completamente vacinadas antes do primeiro ano de vida, no entanto, esta percentagem
varia em função das províncias, o nível de escolaridade da mãe e o quintil de riqueza.
Por outro lado, o número de crianças que perdem a oportunidade de receberem as vacinas de doses múltiplas
continua elevado. A diferença na percentagem de crianças que tomam a primeira e terceira dose da vacina
DPT-Hep-hib é de 8 pontos percentuais e em relação a primeira e terceira dose da vacina contra pólio é de 19
pontos percentuais (IMASIDA 2015). Estes dados mostram que mais do que garantir o acesso grátis aos serviços
de vacinação, é importante que a todos níveis do Serviço Nacional de Saúde, sejam tomadas ações no sentido
de garantir que a qualidade e oferta de serviços de vacinação, as diferenças sociais e as oportunidades perdidas
de vacinação, não possam por em causa os objectivos e metas do PAV.
A actualização do presente manual teve em conta o actual perfil epidemiológico das doenças de infância
previníveis por vacinas, a introdução de novas vacinas em função de outros grupos alvo do PAV e factores
organizacionais, sem deixar de lado o objectivo inicial para o qual o PAV foi criado, que é de minimizar o
impacto das doenças previníveis por vacinas, na saúde da população, visando a erradicação de doenças como
a poliomielite, a eliminação do tétano neonatal e do sarampo.
Espera-se que este Manual possa servir de um instrumento de consulta na busca de soluções para os desafios
diários no trabalho do profissional de saúde, pelo facto do mesmo agregar um conjunto de informação fácil
de se adaptar às circunstâncias locais, dentro dos propósitos do Programa Alargado De Vacinação.
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É natural que num capítulo ou outro, o presente Manual se mostre insuficiente na solução de algumas dúvidas
ou preocupações, contudo têm-se a certeza que com a informação que este contém, os profissionais de saúde
poderão fazer o uso na melhoria da qualidade de serviços de imunização oferecidos e consequente melhoria
das coberturas vacinais, através de acções coordenadas ao nível das unidades sanitárias ou actividades de
promoção de saúde, como as brigadas móveis nas comunidades, escolas e outros espaços públicos.
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VACINAÇÃO
A vacinação é um processo que permite a administração de uma vacina e ela é considerada a intervenção de
saúde pública mais bem-sucedida em termos de custos para reduzir a morbi-mortalidade por doenças transmissíveis
alvo de vacinação no País. Ela tem como objectivo, a redução ou eliminação de patologias que possam ser
prevenidas através de vacinas, beneficiando a saúde das populações, em termos de diminuição de custos em
cuidados médicos.
Vacina é uma substância produzida através de bactérias ou vírus (ou partes deles) mortos ou enfraquecidos.
Ao ser introduzida no corpo do ser humano, a vacina provoca uma reacção do sistema imunológico denominada
imunização, promovendo a produção de anticorpos específicos tal qual o que acontece relativamente a uma
qualquer doença. Desta forma, a vacina prepara o organismo para que, em caso de infecção por algum agente
patogénico, o sistema de defesa possa agir com força e rapidamente. Assim a doença não se desenvolve ou,
em alguns casos, se desenvolve de forma branda. A Administração de uma vacina, possibilita a aquisição de
imunidade num indivíduo vacinado.
Imunidade é a resistência ou protecção contra algo, normalmente relacionada com doenças e infecções que
podem atacar o organismo de um ser vivo. Ela consiste num conjunto de mecanismos que defendem o corpo
de agentes infeciosos invasores. A imunidade pode ser activa se a vacina desencadear a produção de anticorpos
por parte dos linfócitos B, ou pode ser passiva se a vacina apenas permitir uma imunidade temporária através
da administração de anticorpos pré-formados.
Para além da produção de anticorpos, as vacinas também possuem antigénios que, sendo componentes das
mesmas, permitem o desencadear de uma reacção imunológica. Na composição de uma vacina podem existir,
além dos antigénios, componentes designados como adjuvantes, ou seja, substâncias que ao serem adicionadas
na composição da vacina permitem potenciar o grau e/ou duração da resposta imunológica permitindo reduzir
a quantidade de imunogénico por dose ou mesmo reduzir o número de doses necessárias.
Vacinar é o acto de inocular ou administrar substâncias biológicas no organismo de forma a criar, artificialmente
e sem risco, um estado de protecção contra determinadas doenças transmissíveis.
Por exemplo:
• A vacina da BCG contém bactérias que causam a Tuberculose. Contudo, essas bactérias, modificadas
por um processo laboratorial, estão tão enfraquecidas que não conseguem provocar doença.
• A vacina contra o Sarampo contém vírus respectivos. Porém, esses vírus também estão modificados
e não conseguem desenvolver doença.
Esses preparados de bactérias ou vírus (vacinas), quando inoculados no organismo, estimulam-no, depois de
algum tempo, à criação de anticorpos contra aquela bactéria ou vírus.
Os anticorpos são os defensores do nosso organismo e têm a capacidade de eliminar a acção dos vírus e das
bactérias que, sem essa defesa, seriam capazes de causar a doença.
Os anticorpos são, assim, os elementos responsáveis pela defesa do organismo contra as doenças.
Quando o organismo de uma pessoa já vacinada entra em contacto com o vírus ou bactéria de outra pessoa
doente, o organismo reage e defende-se através dos anticorpos produzidos pela vacina, eliminando a acção dos
vírus ou bactérias invasoras.
Os anticorpos são específicos, isto é, protegem contra uma determinada doença para a qual é feita a vacinação.
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Por exemplo: Os anticorpos contra o vírus do Sarampo protegem apenas contra esta doença. Por isso, a vacina
deve ser administrada à criança, antes do seu contacto com o vírus do Sarampo, para que dê tempo à formação
de anticorpos.
A) História global
A vacina surgiu em um importante momento histórico de combate à varíola, uma das doenças mais temidas
no mundo no século XVIII, com taxa de mortalidade em torno de 10 a 40%.
A descoberta de que os sobreviventes da varíola não contraiam a doença novamente, trouxe à tona a ideia de
provocar uma enfermidade de forma branda para evitar que ela fosse contraída de maneira mais virulenta.
Este legado coube ao médico inglês Edward Jenner, que após uma série de experiências, ele observou que os
ordenhadores que haviam sido contaminados pela “cowpox”, doença branda semelhante à varíola que atingia
gados, eram imunes à varíola. Mesmo sendo infectadas pelo vírus, estas pessoas mantinham-se refratários à
varíola, mesmo quando inoculados como vírus. Em 14 de Maio de 1796, Janner inoculou um rapaz de oitos
anos de idade, com o pus retirado de uma pústula (crosta cheia de pus formada sobre a pele de um doente) de
uma ordenhadora que sofria de cowpox. O rapaz contraiu uma infecção extremamente benigna e, dez dias
depois, estava recuperado. Meses depois, Jenner inoculava o rapaz com pus varioloso e o menino não adoeceu.
A partir de então, Jenner começou a imunizar crianças, com material retirado directamente das pústulas dos
animais e passado braço a braço. Em 1798, Jenner divulgava a sua descoberta, apesar da classe médica e alguns
grupos religiosos naquela altura terem demostrado um certo ceticismo.
Apesar das críticas, pouco tempo depois, a vacina conquistou a Inglaterra e em 1799 foi criado o primeiro
instituto de vacinação em Londres. Contudo, mas nada contribuiu tanto para a resistência à vacinação quanto
as epidemias de varíola na década de 1820, quando um grande número de indivíduos imunizados adoeceu.
Descobriu-se, então que a protecção contra varíola não era eterna e que era preciso revacinar-se, processo este
que é comum em algumas vacinas.
Depois da descoberta a vacina da varíola, vários ensaios foram realizados ao longos dos anos subsequentes,
com objectivo de identificar outras vacinas, como o caso da vacina contra a Tifóide e Raiva entre os anos 1885
e 1886 e a vacina contra cólera em 1896 e outras como ilustra a figura 1.1.
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Figura 1.1: Gráfico temporal da história da descoberta das vacinas
Com o apoio da Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI), Moçambique vem de forma cronológica,
introduzindo com sucesso novas vacinas, alargando os benefícios da vacinação para a prevenção da hepatite
B, pneumonia grave, meningite, rotavírus, rubéola e outras doenças previníveis por vacinas.
Entre as vacinas introduzidas na última década, a vacina contra infecção pelo papilomavírus humano (HPV),
é a única que ainda não faz parte da rotina, apesar desta ter já passado da sua fase de demonstração (Figura
1.2). Espera-se que a sua introdução possa acontecer em 2021, assim que estiverem criadas as condições para
sua rotinização no serviço nacional de saúde.
Algumas vacinas estão em processo de reforço por razões do perfil epidemiológico, como o caso da vacina
contra pneumonia e a vacina contra sarampo que se vê reforçada pela segunda dose.
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Figura 1.2: Vacinas oferecidas pelo programa alargado de vacinação desde 1976-2018
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DOENÇAS-ALVO DO PAV
As doenças-alvo do PAV são as que se podem evitar com a aplicação de vacinas específicas incluídas no
Programa. Uma vez que cada país tem a sua política em relação às vacinas a serem usadas nos seus respectivos
programas, as doenças-alvo do PAV devem ser bem definidas de modo a facilitar a sua detecção e seguimento
a todos os níveis, através do sistema da vigilância epidemiológica. A seguir são enumeradas, de forma detalhada,
as doenças previníveis pela vacinação no país.
2.1 SARAMPO
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, caracterizada por febre, mal-estar, erupção cutânea, tosse,
coriza e conjuntivite, causada por um vírus. A doença é frequente nalgumas populações e muita das vezes
ocorre em proporções epidémicas.
2.1.1 Epidemiologia
O sarampo é uma das principais causas de morbimortalidade entre crianças menores de cinco anos de idade,
sobretudo as desnutridas e as que vivem nos países em desenvolvimento. A doença é particularmente comum
em condições de sobre-povoamento e pobreza, onde elevado número de pessoas não imunizadas vivem em
contacto muito próximo. Nos locais onde as coberturas vacinais não são homogêneas, e estão abaixo de 95%,
a doença tende a comportar-se de forma endêmica, com a ocorrência de epidemias a cada dois ou três anos,
aproximadamente. Na zona rural, a doença apresenta-se com intervalos cíclicos mais longos.
O sarampo é uma doença de notificação obrigatória, e a que mais crianças mata dentre as doenças previníveis
pela vacinação. A sua epidemiologia é dinâmica, mudando com o tempo à medida que os serviços de vacinação
alteram o “pool” de indivíduos susceptíveis (OMS, 1996). As epidemias continuam a ocorrer mesmo quando
as coberturas vacinais se situam acima dos 90%. Contudo, elas são de muito pequena magnitude e são separadas
por intervalos muito longos. Isto se deve ao acúmulo de indivíduos susceptíveis (os indivíduos não vacinados
e os que falham em fazer a seroconversão) associado ao facto de o sarampo ser uma doença altamente infecciosa.
Em condições de alta densidade populacional, é muito provável que o sarampo ocorra ao longo de todo o ano,
às vezes com picos sazonais. Em áreas de pouca densidade populacional, a cada dois ou três anos. Nos casos
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em que um grande “pool” populacional de crianças é susceptível, um único caso de sarampo pode provocar
epidemias. As pessoas que se recuperam do sarampo são imunes por toda a vida, e crianças que nascem de
mães que tiveram sarampo, geralmente são imunes por 6 a 8 meses.
Atenção:
• A vacina contra o sarampo dada aos 9 e 18 meses de idade, protege 85% das crianças vacinadas.
• Se as crianças menores de 9 meses forem vacinadas em resposta a surtos epidêmicos, elas devem ser revacinadas
aos 9 meses, pois algumas podem não estar protegidas.
O período de incubação vai de 7 a 18 dias. A doença propaga-se rapidamente nos locais onde as crianças e
adolescentes se juntam, tais como, hospitais, casas, escolas, mercados, centros de refugiados e locais de convívio.
Crianças entre os 9 a 12 meses de idade, se não forem vacinadas, são muito prováveis de serem infectadas pelo
vírus do sarampo. O Sarampo severo é também muito provável de ocorrer nos seguintes casos:
• Crianças malnutridas, especialmente aquelas com deficiência de Vitamina A.
• Crianças vivendo em ambiente superlotados.
• Crianças com fraco sistema imune devido, por exemplo, ao HIV/SIDA.
Prevenir o sarampo através da imunização terá influências profundas na morbilidade e mortalidade pela doença
e trará outros benefícios através da prevenção de outras condições tais como a desidratação, infecções respiratórias,
cegueira, malnutrição severa e deficiência de Vitamina A.
A erupção cutânea usualmente aparece primeiro por detrás das orelhas e se espalha pela face e parte superior
do tronco e depois se estende para o resto do corpo. A erupção é macular ou mais frequentemente maculo-
papular e de cor mais escura do que a pele normal.
2.1.4 Diagnóstico
• Doenças exantemáticas nomeadamente: síndrome de mononucleose, dengue, doença de kawasaki,
síndrome do choque tóxico, escarlatina, rubéola, infecção por micoplasma e eritema infeccioso.
• Viroses respiratórias como: adenovírus, influenza, parainfluenza, rinovírus e vírus sincicial respiratório.
2.1.5 Tratamento
Uma vez tratar-se de infecção viral, não existe tratamento específico. No entanto, o tratamento sintomático e
de suporte (medidas gerais) é importante e deve ser feito pela mãe em casa nos casos ligeiros.
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2.1.5.1 Os cuidados caseiros
Os cuidados caseiros incluem:
• Tratamento da febre (paracetamol, arrefecimento corporal), alimentação e cuidados oculares (limpeza
com água morna, sem usar medicamentos tradicionais).
• Reconhecimento dos sinais de complicação, especialmente dispnéia, desidratação e convulsões, os
quais requerem que o paciente seja referido com urgência para a unidade sanitária mais próxima.
2.1.7 Prevenção
A vacinação é a intervenção mais efectiva que existe em saúde pública, para proteger uma criança contra o
sarampo.
Atenção:
• O sarampo mata muitos infantes e crianças; assim, a vacinação contra o sarampo tem um grande impacto na
redução da morbilidade e mortalidade.
• Não existe tratamento específico para o sarampo, mas a vitamina A, quando administrada em dois dias consecutivos,
reduz dramaticamente a taxa de letalidade por sarampo.
2.2. RUBÉOLA
A rubéola é uma doença contagiosa causada por um vírus que acomete crianças, adolescentes e adultos. É uma
infecção viral que causa febre e manchas vermelhas pelo corpo, denominadas de rash.
2.2.1 Epidemiologia
A rubéola é geralmente uma doença leve; no entanto, é perigosa se uma mulher a tiver durante a gravidez. A
rubéola pode causar defeitos congénitos, como surdez, cegueira, problemas cardíacos, retardo mental ou
problemas ósseos em bebés antes de nascerem. Este risco é maior no primeiro trimestre de gestação. A rubéola
também pode provocar abortos espontâneos ou morte fetal.
Em muitos casos a infecção pela rubéola é tão fraca que passa despercebida, o que não impede, porém, que o
paciente contamine outras pessoas. Por este motivo, muitos indivíduos com rubéola não conseguem identificar
quem os contaminou.
O vírus habitualmente invade o organismo pelas vias aéreas, cinco a sete dias após a contaminação, este espalha-
se por todo o corpo, podendo ser encontrado no sangue, na urina, pulmão, na pele, etc. Após o aparecimento
do rash, a taxa de transmissão começa a cair, deixando o paciente de ser contagioso 5 ou 7 dias depois
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2.2.2 Quadro clínico
Os sintomas começam aos 16 a18 dias após a exposição ao vírus. Os sintomas mais comuns incluem uma febre
baixa, inchaço das glândulas linfáticas (geralmente na parte de trás do pescoço), dor nas articulações, conjuntivite,
e uma erupção que geralmente dura três dias. Um exame físico mais cuidadoso pode revelar linfonodos (ínguas)
na nuca e atrás das orelhas, que são bem característicos da rubéola. Cerca de metade de todas as pessoas que
contraem a doença não apresenta sintomas.
2.2.3 Transmissão
O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas,
é em média de 14 a 18 dias. Entretanto, o individuo contaminado já torna-se contagioso entre uma a duas
semanas antes da infecção tornar-se clinicamente aparente. A transmissão pode ocorrer por:
a) Por contacto
O homem é o único hospedeiro do vírus da rubéola. O vírus é encontrado no nariz e na garganta das pessoas
infectadas. O contacto directo com secreções de nariz/garganta ou a exposição a tosse ou espirro de uma
pessoa infectada pode propagar a doença. As pessoas infectadas com rubéola são contagiosas desde 7 dias
antes até 7 dias após o início da erupção.
b) Vertical
Só acontece na fase aguda da doença e diminui a medida que a idade gestacional aumenta. No primeiro
trimestre o risco de acometimento fetal é na ordem de 80 á 90%, no 2º trimestre há risco de alterações
funcionais dos órgãos, e no 3º trimestre as repercussões fetais são raras.
2.2.4 Diagnóstico
O diagnóstico é habitualmente feito através do quadro clínico. Quatro dias após o aparecimento do rash, o
corpo já possui anticorpos contra a rubéola, o que permite realizar sorologia para confirmar laboratorialmente
a doença.
Como nesta fase a maioria das pessoas já está curada ou em processo de cura, e como não há tratamento
específico, sua confirmação laboratorial é geralmente desnecessária, excepto na gravidez.
Na sorologia existem dois tipos de anticorpos: anticorpos IgM e anticorpos IgG. O primeiro a aparecer é o
IgM, que é o anticorpo que ataca o vírus. O IgM contra rubéola é normalmente detectável no 4º dia de rash e
permanece positivo por até 8 semanas.
Após a cura, surge o segundo tipo de anticorpo, o IgG contra rubéola. O IgG é um anticorpo que indica que o
paciente teve a doença e agora encontra-se curado e imunizado. Portanto, quem está com rubéola apresenta
IgM positivo. Quem já teve a doença ou foi vacinado apresenta IgG reagente.
2.2.5 Tratamento
Não existe tratamento específico para rubéola. Mas isso não é um problema já que mais de 99% dos pacientes
se curam espontaneamente. Em geral, prescreve-se antitérmicos e analgésicos para aliviar os sintomas até que
o paciente esteja totalmente recuperado.
2.2.6 Prevenção
A vacina contra a rubéola faz parte da vacina (sarampo, Rubéola,) que protege contra o sarampo para além
da rubéola. A vacina geralmente é dada a crianças aos 9 e 18 meses de idade, segundo o calendário nacional
de vacinação.
Atenção:
Rubéola só se apanha uma vez na vida! Na infecção materna a serologia apresenta dois tipos de anticorpos:
• IgM positivo para quem está com Rubéola e;
• O IgG anticorpo que indica que o paciente teve a doença e agora encontra-se curado e imunizado.
22
2.3 POLIOMIELITE
Poliometlite é uma doença infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por sintomas inespecíficos como febre,
cefaleia, tosse e coriza; meningite asséptica, manifestando-se em cerca de 1% dos casos, com sintomatologia
inicial inespecífica e, posteriormente, sinais de irritação meníngea (Kernig e Brudzinski positivos) e rigidez
de nuca, e as formas paralíticas, que apresentam quadro clássico de paralisia flácida aguda (PFA).
2.3.1 Epidemiologia
O vírus propaga-se pela via fecal-oral e quase todas as crianças que vivem numa casa onde alguém esteja
infectado pelo vírus, podem ser infectadas. As pessoas infectadas são muito susceptíveis de propagar o vírus
7 a 10 dias depois de manifestarem os primeiros sintomas da doença. A pólio é a causa mais importante de
incapacidade física em crianças, é causada por uma das três estirpes de poliovirus (1, 2 ou 3), e têm um período
de incubação até ao início da paralisia de 2 a 3 semanas.
Pessoas infectadas assintomáticas também podem propagar a infecção. Durante uma epidemia, somente uma
pequena proporção de indivíduos manifesta a doença (Philips J et. al, 1998). No entanto, embora este seja o
caso, a incapacidade severa (a qual é prevenível) torna a pólio numa doença muito séria.
Não se conhece com exatidão o seu período de transmissibilidade, porém, pode iniciar-se antes do surgimento
das manifestações clínicas, sendo o vírus encontrado nas secreções da orofaringe após 36 a 72 horas a partir
da infecção. Em indivíduos infectados, a eliminação do vírus pela orofaringe persiste por um período de
aproximadamente 1 semana e nas fezes por cerca de 3 a 6 semanas, enquanto nos indivíduos reinfectados a
eliminação do vírus se faz por períodos mais reduzidos.
A transmissão é mais alta em áreas de saneamento pobre e de água contaminada e o seu periodo de incubação
geralmente é de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias.
23
2.3.2 Quadro clínico
A infecção pode ser assintomática ou causar uma doença febril com mal-estar, cefaléias, náuseas, vômitos e
dores musculares. Depois de alguns dias começa a paralisia dos membros, geralmente de distribuição assimétrica.
Às vezes há envolvimento dos músculos respiratórios (nestes casos o doente pode morrer por dificuldades de
respirar) e da deglutição. É possível haver recuperação completa espontânea, mas mais frequentemente ocorre
paralisia residual, a qual se não for bem tratada com fisioterapia, pode levar à deformidade marcada do(s)
membro(s) e incapacidade física.
2.3.4 Diagnóstico
2.3.5 Tratamento
Não existe tratamento para esta doença. No entanto, os sintomas podem ser aliviados com tratamento
sintomático. Às vezes o paciente necessita de respiração assistida, quando ocorre paralisia dos músculos
respiratórios.
2.3.6 Prevenção
A melhor maneira de prevenir a poliomielite é a vacinação. A vacina Sabin (“gotinha”) é de fácil aplicação e
bastante eficaz. Ela deve ser administrada à nascença, e continuada aos 2º, 3º,4º mês de idade.
24
2.4. TÉTANO
O Tétano é uma doença infeciosa, neurológica aguda, causada pela exotoxina (toxina) do bacilo do tétano
(Clostridium tetani), o qual cresce em tecidos mortos na ausência de oxigênio, como por exemplo, em feridas
profundas e sujas, ou no coto do cordão umbilical do bebé. O bacilo forma esporos que podem sobreviver no
ambiente, particularmente na superfície de metais enferrujados. A toxina que produzem, intoxica os nervos
que controlam os músculos e causa rigidez.
2.4.1 Epidemiologia
O reservatório do bacilo é o meio ambiente em locais com poeira e lixo. É uma doença comum com uma taxa
de letalidade muito alta. Estão particularmente em risco de apanhar a doença os que trabalham nas machambas,
recém-nascidos ou qualquer pessoa com ferida suja. Está também associada à convivência com animais, falta
de vacinação ou vacinação incompleta, e aplicação de remédios tradicionais como cinza ou outro tipo de
sujidade nas feridas.
O tétano neonatal é uma doença notificável. A magnitude do tétano neonatal não é conhecida porque muitas
das mortes ocorrem em casa e não são na totalidade reportadas pela comunidade e, os recém-nascidos não
vacinados são o grupo mais exposto ao risco de tétano devido a infecção no umbigo.
25
generalizada, convulsões e espasmos musculares severos, particularmente a seguir a estímulos como tocar na
criança, barulho ou luz, e a morte segue-se em muitos casos.
Os músculos da mandíbula são frequentemente os primeiros a serem afectados pela contração espástica, dando
o característico “riso sardônico”. Mais tarde são cada vez mais envolvidos outros grupos musculares resultando
no quadro característico de rigidez da nuca, rigidez abdominal (opistótonus) e dificuldades em respirar e
deglutir.
Os esporos podem estar presentes tanto em solos contaminados por fezes, como na pele, instrumentos, substâncias
pouco higiénicas utilizados para cortar ou cobrir o cordão umbilical dando lugar a transmissão neonatal também
chamado de “mal de sete dias”.
2.4.4 Diagnóstico
O diagnóstico do tétano é essencialmente clínico, através da observação de sintomas e de lesões por onde a
bactéria pode ter entrado. Geralmente, testes de laboratório só são utilizados para descartar outras condições,
como meningite, raiva ou outras doenças com sintomas parecidos.
Rotineiramente devem ser solicitados quando da internação, alguns exames como: hemograma, bioquímica
do sangue (TGO, TGP, uréia e creatinina) e radiografia de tórax.
2.4.5 Tratamento
Em caso de úlceras ou ferimentos deve-se remover o tecido morto (evitar proliferação) e administrar:
• Antibióticos (combater as bactérias).
• Imunoglobulinas (contra a toxina tetânica).
• Controle de espasmos violentos (benzodiazepínicos, entre outros), dependendo dos sintomas outros
medicamentos podem ser necessários.
2.4.6 Prevenção
A melhor forma de prevenção do tétano é a vacinação. A vacina é administrada a mulheres em idade fertil,
grávidas, crianças em idade escolar (1ª e 2ª classes) e trabalhadores cuja actividade diária expõe-lhes ao risco
de contrair o tétano.
A forma conjugada da vacina é: Difteria + pertussis ou tosse convulsa+ Tétano + Hepatite B + Haemophilus
Influenza b (DPT-HepB-Hib).
Indivíduos imunizados com VAT(vacina anti-tetânica) desenvolvem anticorpos contra o tétano. Mulheres
grávidas com vacinação anti-tetánica em dia passam os anticorpos para seus bebés, assim, garantindo sua
protecção contra o tétano à nascença, mas por período limitado. O tétano neonatal também pode ser prevenido
se forem observadas as condições de assepsia em todos os momentos do parto.
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Adicionalmente, o manejo adequado das feridas também previne o tétano. As feridas devem ser completamente
limpas e todo o tecido morto removido. Pessoas com feridas sujas e que não estejam completamente protegidas
contra o tétano, devem receber imunoglobulina tetânica para neutralizar os efeitos da toxina do tétano.
Atenção:
• O tétano e uma doença previnível por vacinação.
• A mesma confere protecção também contra difteria.
• Durante um surto de espasmos violentos, o técnico de saúde poderá prescrever benzodiazepínicos que produzem
um efeito relaxante. Mas, em primeiro lugar, quando surgir uma lesão, deve-se limpar a ferida e desinfectá-la.
2.5 TUBERCULOSE
A tuberculose (TB) é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, um bacilo gram-psitivo também conhecido
por Bacilo de Koch. Afecta primariamente os pulmões, mas outras partes do corpo podem ser atingidas, tais
como, os ossos, as articulações, os rins e o cérbro.
2.5.1 Epidemiologia
A TB é endêmica em Moçambique, tanto nas áreas rurais como nas urbanas, e afecta todas as idades. O
HIV/SIDA e a falência terapêutica são factores contribuintes para o agravamento do impacto da doença. A
fonte de infecção é uma pessoa com tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva, e que espalha a doença
através da tosse. O período de incubação é de 4 a 12 semanas, mas a infecção pode persistir por meses ou anos
antes da doença se tornar sintomática.
2.5.4.1 TB pulmonar
Por tratar-se de uma doença progressiva, os sintomas evoluem ao longo dos vários estádios. Inicialmente,
durante a infecção, os indivíduos com tuberculose poderão ter febre, dor no peito e falta de ar (dispneia). Nos
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estádios iniciais da TB primária activa, o sistema imune não consegue controlar a infecção, a inflama-ção nas
zonas infectadas aumenta e os pacientes apresentam sintomas inespecíficos como fadiga, falta de apetite, perda
de peso ou febre. Nesta fase há o desenvolvimento de tosse não produtiva. Posteriormente, nos estádios mais
tardios da TB, a tosse torna-se produtiva, com o aumento da inflamação e necrose tecidular, e poderá conter
sangue (hemoptise). A perda de peso progressiva, em particular de massa muscular, provoca cansaço.
2.5.4.2 TB extrapulmonar
Os casos mais graves de TB extrapulmonar ocorrem no sistema nervoso central, onde a infecção pode provocar
meningite ou levar à formação de tuberculomas no cérebro. Este tipo de TB, se não for tratado, é quase sempre
mortal. Dores de cabeça e variações no estado de consciência após possível exposição ao agente infeccioso
ou a grupos de risco elevados devem ser tidos em conta nesta doença como diagnóstico diferencial. Outra
forma fatal de tuberculose extrapulmonar é a infecção generalizada através da corrente sanguínea, chamada
de TB miliar. Este tipo de TB progride rapidamente e pode ser difícil de diagnosticar devido aos sintomas
sistémicos e inespecíficos.
A TB nos nódulos linfáticos é o caso mais comum de TB extrapulmonar e a linfadenite cervical ou escrófula
é o mais frequente nesta categoria. Pacientes com este tipo de TB apresentam febre e perda de peso.
2.5.6 Tratamento
Pessoas com tuberculose devem completar o curso da terapia curativa, o qual usualmente inclui duas ou mais
drogas antituberculosas por pelo menos 6 meses. Infelizmente, algumas pessoas não tomam a medicação como
prescrito ou não completam o curso de terapia.
É imprescindível que este não seja interrompido - fato que pode ocorrer, principalmente, devido aos efeitos
colaterais, tais como enjoos, vómitos, indisposição e mal-estar geral, caso aconteça pode levar a formação de
estirpes resistentes aos antituberculosos, que podem ser propagadas às outras pessoas. Os medicamentos são
distribuídos gratuitamente pelo sistema de saúde.
2.5.7 Prevenção
A vacina BCG administrada á nascenca,protege principalmente contra as formas infantis severas de TB, que
são a tuberculose miliar e a meningites tuberculosa. Não protege efectivamente contra a forma adulta da
tuberculose. Presença da papula indica a correcta via de adminstração da vacina, à ausência desta, suscita a
repitção da vacinação.
2.6 DIFTERIA
É uma infecção aguda causada por estirpes da bacteria Corynebacterium diphtheria que produzem a toxina
diftérica. A toxina pode lesar ou destruir os tecidos do corpo humano e os órgãos. Há dois tipos:
• Forma tóxica, com falência cardíaca, contrações miocárdiacas fracas, pulso rápido, fraco e pressão
arterial baixa.
• Forma obstructiva, na qual as membranas necróticas podem propagar-se a partir da garganta e obstruir
a laringe.
2.6.1 Epidemiologia
A difteria afecta pessoas de todas as idades, mas principalmente crianças não-imunizadas menores de 15 anos
de idade. A mortalidade associada a esta doença afecta entre 5 a 10% das crianças e 20% de adultos com mais
de 40 anos de idade.
A difteria propaga-se quer por contacto directo pessoa-a-pessoa, ou através de gotículas quando um portador
nasal tosse. O portador pode ser assintomático e imune. A propagação da doença é favorecida em locais
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superpovoados e em baixas condições de vida. O período de incubação é de 1 a 7 dias. As pessoas infectadas
podem propagar a doença até 4 semanas. Raramente, podem continuar infectantes até 6 meses. Durante os
surtos e epidemias, algumas crianças podem ser portadoras assintomáticas, mas ainda podem espalhar a doença
à outras pessoas.
Os factores de risco constituem a baixa imunidade associada ao HIV, condições de superlotação ou deficiente condição
de higiene e saneamento do meio (exemplo quarteis, creches cadeias) e falta de vacinação.
2.6.4 Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, acompanhado de culturas das secreções da garganta para para confirmação da diagnóstico
suspeita.
2.6.5 Tratamento
Os casos de difteria devem ser tratados com toxina anti-diftérica e antibióticos, e devem ser isolados para evitar
exposição às outras pessoas.
2.6.6 Prevenção
A melhor forma de prevenir a doença é através da vacinação, com a vacina pentavalente (DPT-HepB-Hib).
A vacina é indicada para crianças a partir dos 2 meses de idade, sendo continuada ao 3o e 4o mês de idade.
A vacina pentavalente é indicada para prevenir além da difteria, a tosse convulsa, tétano e hepatite B, outras
doenças causadas por Haemophilus influenzae tipo B.
A tosse convulsa é uma doença infecciosa do tracto respiratório causada por Bordetella pertussis, cocobacilo
pleomórfico gram-negativo. Outra espécie de Bordetella, Bordetella parapertussis, é responsável por uma forma
mais ligeira de síndrome pertussis, não sendo rara a co-infecção pelos dois agentes. Ela é caracterizada por pelo
menos um dos seguintes sinais: salva de tosse, inspiração em guincho ou vômito a seguir à tosse.
2.7.1Epidemiologia
A tosse convulsa constitui um importante problema de saúde pública, com morbilidade e mortalidade significativas,
particularmente em crianças. Os humanos são o único reservatório para a Bordetella pertussis. A transmissão
ocorre por contacto com gotículas respiratórias da pessoa infectada e é maior na fase catarral. Nem a infecção
nem a vacinação providenciam imunidade permanente.
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A tosse convulsa é comum em crianças não imunizadas. A doença é extremamente contagiosa, especialmente
em ambientes de superpovoamento e má nutrição. Ela propaga-se muito facilmente de pessoa-para-pessoa
através de gotículas produzidas pela tosse ou expiro.
A doença é transmitida a partir de 7o dia depois da exposição até 3 semanas depois do início da tosse. O período
de infecção pode ir até 21 dias. Ocorre pouca ou nenhuma transferência de imunidade da mãe para o filho.
Infantes e crianças pequenas são muito susceptíveis de se tornar infectadas, desenvolver complicações sérias
e morrer.
A maioria das crianças com pertussis têm salvas de tosse que duram 4 a 8 semanas e a mortalidade associada
a doença é elevada quando afecta crianças com menos de 1 ano de idade. Por isso, as crianças com menos de
5 anos de idade, sobretudo as menores de 2 anos, são consideradas o grupo de risco para a doença.
2.7.2 Transmissão
Espalha-se através do contacto próximo com secreções orais ou gotículas respiratórias. Por isso é facilmente
disseminada através da tosse, especialmente quando as pessoas estão em contacto directo, como viver na mesma
casa com uma pessoa que tem tosse convulsa. Pode também ser transmitida através de espirros - qualquer coisa
que espalha secreções respiratórias.
As complicações são mais prováveis em crianças menores, e incluem a pneumonia, que é a complicação mais
comum e causa mais comum de morte, convulsões, perda de apetite, otite e desidratação. Devido à tosse
acompanhada de vómitos constantes, o estado nutricional da criança doente tende a complicar-se.
2.7.4 Diagnóstico
O diagnostico pode ser feito através de:
• Reacção em Cadeia da Polimerase (PCR) de aspirado ou zaragatoa da nasofaringe. É um método mais
rápido e muito mais sensível que a cultura, principalmente em doentes com mais de 3 semanas de
doença ou sob antibioticoterapia.
• Cultura de amostras da nasofaringe: foi considerado o método de diagnóstico padrão. No entanto, o
isolamento da Bordetella pertussis é difícil, sendo o seu crescimento lento. Deve ser feita em laboratório
de referência, de preferência a nível nacional. As colheitas são realizadas por aspirado nasofaríngeo
ou zaragatoa em Dacron_ ou alginato de cálcio da nasofaringe posterior. Zaragatoas de algodão são
contra-indicadas por inibirem o crescimento bacteriano. Necessita de meio especial (Regan-Lowe ou
Bordet-Gengou) e a inoculação deve ser feita de forma imediata, de preferência à cabeceira do doente.
• Serologia: evidência indirecta de infecção. Os testes serológicos por imunoensaio enzimático (EIA)
são os mais sensíveis para diagnóstico em indivíduos há longo tempo imunizados e os que se apresentam
30
depois da 2ª semana de tosse. No entanto, apresentam limitações de estandardização e interpretação
em indivíduos vacinados. A sensibilidade destes testes tende a ser inferior à sua especificidade.
• Imunofluorescência directa das secreções nasofaríngeas: teste com especificidade variável. Requer
sempre confirmação por cultura ou PCR.
2.7.5 Tratamento
Os antibióticos ajudam a reduzir os episódios de tosse e no tratamento de complicações como pneumonia e
otite média. Deve-se também dar muitos fluídos para prevenir a desidratação. Em casos graves internamento
para a intubação e ventilação para auxiliar a respiração até recuperar da infecção.
A eritromicina é usada para a profilaxia dos contactos (reduz a propagação secundária entre os contactos)
especialmente quando administrada poucos dias depois do início dos sintomas.
2.7.6 Prevenção
A prevenção é garantida através da vacinação, com a vacina pentavalente (DPT-HepB-Hib). A vacinação
constitui a medida preventiva mais importante. Ela é indicada para crianças a partir dos 2 meses de idade, sendo
continuada ao 3º e 4º mês de idade.
2.8 HEPATITE B
A hepatite B é uma doença sexualmente transmissível transmitida pelo vírus. O principal órgão afetado pela
doença é o fígado que pode desenvolver cirrose hepática ou câncer, podendo resultar em morte.
2.8.1 Epidemiologia
A Hepatite B é o maior problema de saúde pública no mundo. Aproximadamente 30% da população mundial
tem evidências serológicas de infecção pelo vírus da hepatite B (VHB), que é uma doença viral altamente
infecciosa e que afecta o fígado.
A doença é altamente endêmica em África, 60 - 90% da população é infectada até à idade adulta, dos quais 5
- 25% são portadores crônicos. Estima-se que em áreas com maior incidência, 8 a 25% das pessoas carregam
o vírus e 60 a 85% já estiveram expostas ao vírus da hepatite B. A transmissão do VHB pode ocorrer com a
exposição percutânea ou da mucosa, de sangue ou fluídos corporais de portadores. O vírus é encontrado em
altas concentrações no sangue e exudatos serosos, moderada no sêmen e fluído vaginal, e baixa na saliva.
Muitas das consequências sérias da infeção pelo vírus da hepatite B (VHB) ocorre entre pessoas que se tornam
cronicamente infectadas. Pessoas com infeção crônica geralmente são assintomáticas durante décadas depois
da infecção, e 15-25% destas pessoas desenvolvem cancro do fígado ou cirrose. Estes portadores crônicos
também são um reservatório importante para a transmissão de novas infecções.
Constituem os grupos de risco para hepatite B, os usuários de drogas injectáveis, tatuagens, piercings em locais
duvidosos ou que não seja possível assegurar a assepsia e esterilização correta dos instrumentos.
2.8.2 Transmissão
As vias primárias de transmissão são:
• A transmissão perinatal que geralmente ocorre desde a exposição ao sangue materno, ao líquido
amniótico e ou fluído vaginal na altura do parto.
• A transmissão pessoa para pessoa (criança para criança), responde pela maioria das infecções pelo
VHB á nível mundial. Ocorre em contactos interpessoais através de feridas e ulcerações. Muitas crianças
se infectam nos primeiros anos de vida.
• Nas unidades sanitárias, a infecção pelo VHB pode ser transmitida através de agulhas e seringas usadas
31
e outro equipamento que não tenha sido devidamente esterilizado, e através de transfusão de sangue
contaminado e que não tenha sido testado para o antígeno do VHB (AgHbs).
• A transmissão sexual pode contribuir para uma alta proporção de casos de hepatite B entre os
adolescentes e adultos em países com uma baixa prevalência da hepatite B. Em países com alta
prevalência a maioria das pessoas já terá sido infectada durante a infância.
Em pessoas com hepatite B aguda, o período de incubação é usualmente de 3 a 4 meses, com uma variação
de 6 semanas a 6 meses. Os sintomas e sinais da doença geralmente duram várias semanas, e incluem:
1. Mal-estar geral (Perda de apetite, Febre, fraqueza);
2. Distúrbios gastrointestinais (náuseas, vómitos, dor abdominal);
3. Icterícia (pele e olhos amarelados) e;
4. Urina carregada ou escurra e fezes esbranquiçadas.
2.8.4 Diagnóstico
O vírus da hepatite B é um dos 5 vírus causadores da hepatite no homem. A doença aguda causada por todos
estes vírus é similar e é necessário fazer testes laboratoriais específicos para determinar o vírus causador numa
pessoa com sinais e ou sintomas de hepatite aguda.
As crianças geralmente são assintomáticas quando são infectadas pelo VHB, mas frequentemente desenvolvem
infeção crônica. Assim, os casos reportados de hepatite B subestimam a magnitude da doença, particularmente
em países com alta endemicidade da infecção pelo VHB, onde a maioria das infeções crônicas são adquiridas
na infância.
2.8.5 Tratamento
Não existe tratamento específico para o vírus da hepatite B. Geralmente, recomenda-se dieta com baixo teor
de gorduras e não consumo de álcool.
2.8.6 Prevenção
A vacina da hepatite B é eficaz na prevenção da infecção pelo VHB quando aplicada quer antes ou pouco
depois da exposição ao vírus. Ela é administrada na forma combinada (DPT-HepB-Hib) á crianças, em três
doses (2º, 3º e 4º mês de idade). O objectivo primário da vacinação contra a hepatite B é prevenir a infecção
crónica que ocorre na infância, a qual pode resultar em doença crônica do fígado. mais tarde na vida.
Infecções causadas pelo Haemophilus influenzae (Hib) são uma das principais causas de morbilidade e
mortalidade em crianças menores de 5 anos no mundo. As manifesteções mais importantes causadas pelo Hib
são pneumonia, meningite e outras patologias como a epiglotite, septicemia, celulite, artrite, osteomielite,
pericardite devido a metástases sépticas à distância.
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quadros clínicos mais graves como:
• Meningite, acompanhada de secreção purulenta;
• Pneumonia em forma aguda;
• Envenenamento do sangue;
• Inflamação do tecido subcutâneo;
• Epiglotite e;
• Artrite
2.9.1 Epidemiologia
O Haemophilus influenzae tipo b, é normalmente comensal da nasofaringe das crianças. Portanto, as bactérias
são passadas de criança para criança através de gotículas e secreções nasofaringeas quando uma criança infectada
tosse ou expira.
O reservatório do H. influenzae é o homem doente ou portador . Geralmente o período de incubação é de 2 a
4 dias e a transmissão é interrompida após 48h de antibioterapia eficaz. A transmissão pode ainda ocorrer
quando há partilha de brinquedos ou outros objectos que levam a boca. Nos recém nascidos, os anticorpos
maternos protegem da infecção mas por volta dos 2 à 3 meses esta protecção entra em queda e a incidência
da infecção aumenta.
2.9.2.1.1 Tratamento:
• Isolamento nas primeiras 48 horas de antibioterapia.
• Antibioterapia com Ampicilina e Cloranfenicol, ou Cefalosporina da 3ª geração.
2.9.2.2.1 Tratamento
• Isolamento nas primeiras 48 horas de antibioterapia.
• Antibioterapia com Ampicilina e Cloranfenicol, ou Cefalosporina da 3ª geração.
33
2.9.3 Controlo dos contactos
A quimioprofilaxia é feita com Rifampicina só é importante se o contacto tem menos de 4 anos, não esta
imunizada e teve contacto com o doente há menos de 4 dias. Neste caso a dosagem é a seguinte:
• Crianças com menos de 1 mês: 5mg/kg em cada toma
• Outras crianças e adultos: 10mg/kg em cada toma, até um máximo de 600mg
• O esquema alternativo é:
• Crianças <de 12 anos: Ceftriaxona 125mg,IM, dose única
2.9.4 Prevenção
A vacina (Hib) contra o Haemophilus influenzae protege as crianças a partir dos 2 meses de vida, continuada
aos 3 e 4 meses. É segura e altamente eficaz, 90-99% das crianças desenvolvem anticorpos depois de três doses
de aplicação.
A melhor forma de prevenir a doença é a vacinação, pois, dá uma garantia acima de 95% de protecção.
Doença diarreica aguda (DDA) é uma síndrome causada por diferentes agentes etiológicos (bactérias, vírus e
parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento do número de evacuações, com fezes aquosas ou de
pouca consistência.
2.10.1 Epidemiologia
As doenças diarreicas continuam sendo um dos principais problemas de saúde pública a nível mundial
contribuindo com cerca de 9% das mortes em crianças menores de 5 anos de idade, atingindo pico de incidência
entre crianças nas idades de 4 a 36 meses.
A Diarreia por rotavírus afecta as crianças que vivem em países subdesenvolvidos, devido, principalmente, à
má qualidade da água potável, saneamento inadequado e a factores de risco nutricionais (amamentação exclusiva
e deficiência de zinco e vitamina A).
2.10.3 Diagnóstico
Laboratorial é o ensaio imunenzimático (EIA ou ELISA), o qual detecta o antígeno de grupo dos RVA (VP6)
directamente nas fezes. Também são usados os testes de aglutinação em látex, devido ao seu baixo custo,
simplicidade de uso e rapidez, alta sensibilidade e especificidade inferiores comparadas aos EIAs.
2.10.4 Tratamento
Reidratação oral e/ou intravenosa para manutenção do equilíbrio osmótico e de electrólitos.
2.10.5 Prevenção
Vacina contra rotavírus. Todas as crianças aos 2 e 3 meses devem receber a vacina contra rotavírus.
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2.11 PAPILOMA VÍRUS HUMANO
Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens
quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncro, a depender do tipo
de vírus. A infecção pelo HPV é uma infecção de transmissão sexual (ITS).
2.11.1 Epidemiologia
A infecção por HPV tem sido associada ao câncro do colo uterino, visto que alguns serotipos são encontrados
em 95% dos casos do câncro. Mas também existem outros serotipos com baixo potencial de oncogenicidade.
2.11.3 Diagnóstico
O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo
de lesão, se clínica ou subclínica.
Lesões clínicas: podem ser diagnosticadas, por meio do exame clínico urológico (pênis), ginecológico
(vulva/vagina/colo uterino) e dermatológico (pele).
Lesões subclínicas: podem ser diagnosticadas por exames laboratoriais, como: o exame preventivo VIA,
Papanicolaou (citopatologia).
2.11.4 Tratamento
O tratamento das verrugas anogenitais consiste na destruição das lesões. Independente de realizar o tratamento,
as lesões podem desaparecer, permanecer inalteradas ou aumentar em número e/ou volume.
O tratamento Pode ser domiciliares ou ambulatórios (aplicado no serviço de saúde: ácido tricloroacético - ATA,
podofilina, eletrocauterização, cirúrgica e crioterapia), conforme indicação profissional para cada caso.
2.11.5 Prevenção
Vacina contra o HPV: é a medida mais eficaz para prevenção contra a infecção. A vacina é distribuída
gratuitamente pelo MISAU e é indicada meninas de 9 a 14anos de idade.
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36
VACINAÇÃO E CALENDÁRIO VACINAL
O objectivo da vacinação no país é garantir que todas as crianças recebam todas as doses de todos os antígenos
antes do seu primeiro aniversário, embora crianças até aos 23 meses permaneçam elegíveis para a vacinação
de rotina. Uma criança completamente vacinada é aquela que tenha recebido a BCG, VAP3, DTP-HepB-Hib3,
RV2, PCV3, IPV, Sarampo e Rubéola até ao seu primeiro ano de vida. As crianças que abandonam, isto é, as
que não completam o calendário de vacinação devem ser identificadas e seguidas.
O MISAU adoptou a política de oferecer os serviços de vacinação de rotina às crianças e mulheres de uma
idade específica para satisfazer as necessidades do país. Assim, os grupos-alvo para a vacinação de rotina
incluem crianças menores de 2 anos de idade, mulheres grávidas e mulheres em idade fértil (15 - 49 anos).
Os serviços de vacinação devem ser integrados com outros aspectos de promoção da saúde, tais como, educação
para a saúde e aconselhamento, suplementação em micronutrientes, planeamento familiar, cuidados pré-natais
e pós-natais. Adicionalmente ao calendário de vacinação de rotina, em caso de necessidade, são também
organizadas campanhas especiais de vacinação.
Para as vacinas de doses múltiplas como a VAP e a DPT-Hepatite B-Hib, Rotavírus, PCV é enfatizado que o
intervalo entre as doses deve ser de pelo menos 4 (quatro) semanas. Dar doses de uma vacina com um intervalo
menor do que as 4 semanas recomendadas pode reduzir a resposta da produção dos anticorpos. No entanto,
um intervalo entre as doses maior do que o recomendado, não reduz a concentração final dos anticorpos.
Quando uma criança está atrasada no cumprimento do calendário vacinal, deve-se iniciar com a vacinação no
primeiro contacto com os serviços de saúde.
39
Tabela 3.1 Calendário de Vacinação de Rotina
VACINA IDADE IDEAL IDADE MÍNIMA IDADE MÁXIMA
BCG (contra tuberculose) À nascença ou ao 1º contacto À nascença 23 meses
1ª dose sarampo e rubéola (MR) Ao 9º mês ou 1º contacto depois dos 9 8,5 meses 23 meses
meses
3ª dose PCV (dose de reforço) Aos 9 meses ou 1º contacto depois dos 9 meses 23 meses
9 meses
É importante que a criança receba as vacinas antes de ser exposta às doenças, mas depois da perda suficiente
de anticorpos maternos, dado que eles influenciam a eficácia das vacinas. Nalguns casos a vacinação antes das
idades recomendadas pode não ser eficaz, pois podem não manter a protecção necessária. No entanto, crianças
mais novas do que a idade recomendada não devem ser vacinadas, excepto em circunstâncias autorizadas pelas
autoridades sanitárias á nível nacional.
Em geral, o PAV recomenda que todos os trabalhadores da saúde devem usar todas as oportunidades para
vacinar as crianças elegíveis, a vacina deve ser dada à todas as crianças que frequentam as unidades sanitárias
com posto fixo de vacinação e/ou brigadas móveis. Crianças hospitalizadas devem ser vacinadas logo que a
sua condição clínica melhore, pelo menos antes de terem alta do hospital. A vacina anti-sarampo deve,
preferencialmente, ser administrada na admissão, devido ao risco de transmissão nosocomial do sarampo.
40
- Contra-indicação absoluta
Indivíduos com doenças imuno-deficientes, ou sob terapia com agentes imunossupessores, ou radiativos,
geralmente, não devem receber vacinas vivas. No entanto, todos os antígenos excepto a BCG, devem ser dados
à todas as crianças com HIV/SIDA sintomático.
Um evento adverso grave a seguir à aplicação de uma dose de vacina (anafilaxia ou alergia a qualquer um dos
componentes da vacina por exemplo toxóide da Difteria para o caso de Hib, colapso ou shock, convulsões não
febris) constitui uma verdadeira contra-indicação à vacinação. A mãe e o trabalhador de saúde podem facilmente
reconhecer tais efeitos. Uma segunda ou terceira dose de DTP-HepB-Hib não deve ser administrada a uma
criança que tenha sofrido tais eventos adversos à uma dose prévia.
- Falsas contra-indicações
É particularmente importante vacinar crianças sofrendo de mal-nutrição. Febre baixa, infecções respiratórias
médias e outras doenças menores não devem ser consideradas como uma contra-indicação para a vacinação.
A diarreia não deve ser considerada contra-indicação para a OPV (Vacina oral da pólio). Algumas condições
que não são contra-indicação para a vacinação são as seguintes:
• Doenças menores tais como, infecções respiratórias superiores ou diarreia, febre < 38.5o C;
• Alergia, asma ou outra manifestação atípica, renite alérgica;
• Malnutrição;
• Amamentação;
• História familiar de convulsões;
• Tratamento com antibióticos, dose baixa de corticosteroides;
• Dermatoses, eczema ou infecção localizada na pele;
• Doença crónica do coração, pulmões ou fígado;
• História de icterícia logo depois do nascimento.
As mães ou outros responsáveis pelas crianças, devem ser encorajados a conservar o cartão de saúde da criança
onde é registado o peso e vacinas das suas crianças mesmo depois da infância para referência futura.
Em todos os contactos com mulheres em idade fértil deve se verificar se a sua vacinação está em dia e dar o
seguimento adequado. Isto deve levar a uma redução de oportunidades perdidas de vacinar com VAT e melhorar
as coberturas com esta vacina. Cada dose de VAT deve ser registada no cartão de VAT ou caderneta da mulher.
Doses recebidas antes da gravidez actual, devem ser transferidas do cartão de VAT para a caderneta da mulher.
Cada mulher grávida deve ser protegida para prevenir o tétano neonatal, aderindo ao calendário de vacinação
tabela 2 abaixo. As doses de tétano recebidas durante a infância com a DTP-HepB-Hib, podem contar para o
calendário da VAT. Se uma mulher tiver uma história documentada de cinco (5) injecções de VAT, ela não
precisa fazer doses adicionais de VAT, dado que cinco (5) doses dão uma protecção completa durante os anos
de idade fértil como mostrado na tabela3.2.
Tabela 3.2 Calendário de Vacinação da mulher grávida ou mulher em idade fértil
DOSE DEVAT CONTACTO
VAT 1 Ao primeiro contacto ou o mais cedo possível durante a gravidez , incluindo o primeiro
trimestre.
41
Atenção
• Este é o calendário ideal. Se não fôr possível segui-lo exactamente, deve-se adaptá-lo às condições locais.
Tabela 3.3 Duração esperada da imunidade depois da aplicação de diferentes doses de VAT em Mulheres em Idade Fértil
(15 - 49 anos)
Atenção
• No calendário de vacinação de rotina do PAV, os grupos visados para VAT compreendem as mulheres grávidas,
as mulheres em idade fértil, os alunos das 1ª e 2ª classes e os trabalhadores cuja actividades lhes expõe em risco
de contrair o Tétano.
É necessário, no entanto, ter presente que as vacinas antitetânicas anteriormente recebidas, isto é, na infância,
idade escolar etc, são contadas para o cumprimento do calendário, desde que entre elas tenham sido respeitados
os intervalos mínimos. Não há intervalo máximo entre as doses.
A comprovação de vacinações anteriores exige a apresentação de um documento válido das Unidades Sanitárias
onde foram efectuadas (Cartão de Saúde da criança, Cartão de VAT, caderneta da mulher, etc.).
Na falta de comprovação nas condições referidas, a mulher deve iniciar e completar o calendário de 5 doses.
Neste caso, se a mulher estiver grávida, deve fazer 2 doses durante a gestação (Consulta Pré-Natal), uma 3.ª
dose seis meses depois, ficando a 4.ª dose para além de um ano e a 5.ª dose, passado também um outro ano.
O quadro seguinte indica a conduta a seguir em algumas situações que se podem apresentar comprovadas.
VACINA-DOSES Doses válidas VACINA - DOSES VACINA-DOSES Doses válidas VACINA - DOSES
DTP-HepB-Hib0 ou DTP-HepB-Hib0 ou
1 Dose 0 VAT0 ou 1 Dose 1 Dose 0 VAT0 ou 1 Dose
DTP-HepB-Hib0 ou DTP-HepB-Hib0 ou
1 Dose 0 VAT - 2 Doses 1 Dose 0 VAT - 2 Doses
DTP-HepB-Hib2 ou DTP-HepB-Hib2 ou
3 Doses 2 VAT - 0 Doses 3 Doses 2 VAT - 0 Doses
DTP-HepB-Hib2 ou DTP-HepB-Hib2 ou
3 Doses 2 2 doses com um inter- 3 Doses 2 2 doses com um inter-
valo mínimo de 1 Ano valo mínimo de 1 Ano
42
A última hipótese - 2 doses na infância e 2 doses na escola - só é válida se o intervalo entre as duas doses
recebidas na escola for superior a um ano (1.ª e 2.ª classes).
Se o intervalo for inferior (4 semanas por exemplo) deve-se contar apenas uma dose, anulando a
segunda por não corresponder ao intervalo entre a 3.ª e 4.ª doses do calendário.
Atenção
• As vacinas recebidas na infância, na escola ou noutras situações, só poderão ser consideradas válidas quando
comprovadas por um documento oficial e reconhecido pelo MISAU.
• Não há intervalo máximo entre as doses
Moçambique também adoptou as políticas e princípios da organização mundial da saúde (OMS) em relacção
à eliminação do sarampo, eliminação do tétano neonatal e erradicação da poliomielite. Estas políticas incluem
campanhas de vacinação especiais, direccionadas a grupos de idade diferentes daqueles da vacinação de rotina.
A eliminação do sarampo requer uma vigilância intensiva a todos os níveis. Qualquer caso de suspeita de
sarampo deve ser investigado. Isto implica preencher a ficha de investigação de caso (FIC), colher amostra
de sangue entre 0 - 30 dias depois do início do rash e amostras de urina dos casos detectados somente durante
0 - 7 dias depois do início.
Moçambique está comprometido com os esforços globais de erradicação da pólio e tem levado a cabo com
sucesso, campanhas dos DNV`s desde 1996 a 2011. A vigilância da PFA é parte integral dos esforços para a
erradicação da Pólio. Qualquer caso de PFA em crianças menores de 15 anos de idade deve ser notificado. As
investigações devem ser iniciadas o mais cedo quanto possível incluindo a colecta de duas (2) amostras de
fezes, de preferência dentro dos primeiros 14 dias depois do início da paralisia. As amostras de fezes podem
ainda ser colhidas até 60 dias depois do início da paralisia. Um exame de seguimento para definir a paralisia
residual deve ser feito pelo menos 60 dias depois do início da paralisia.
43
3.3.3 Eliminação do tétano neonatal
Para reduzir a incidência do tétano neonatal para menos do que 1caso em cada 1000 nados vivos, Moçambique
propõe-se a elevar a cobertura de VAT em mulheres em idade fértil através da redução de oportunidades
perdidas, intensificação da mobilização social e informação, educação e comunicação (IEC) a todos os contactos
e melhoria da vigilância epidemiológica. Deve-se dar ênfase as actividades especiais em áreas de alto risco.
Outra estratégia de suporte à vacinação na eliminação do tétano neonatal é a observância dos “cinco aspectos”
de assépsia durante o parto: 1) limpar o local de parto, 2) lavar bem as mãos, 3)usar fios limpos para laquear
o cordão umbilical, 4) usar lâmina ou tesoura limpa para cortar o cordão e 5) limpar bem o coto umbilical.
44
ADMINISTRAÇÃO DE VACINA E SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA A
Para minimizar o risco de falhas resultantes de um manuseamento e administração inadequados de vacina durante as sessões de
vacinação, os trabalhadores da saúde devem estar conscientes dos requisitos para cada vacina, os quais diferem em relação a quando
e como são administradas e como devem ser manuseadas. Outros princípios gerais, os quais se aplicam igualmente quando se faz a
triagem das crian-ças para a vacinação são:
• É seguro e imunologicamente eficaz administrar todas as vacinas no mesmo dia em diferentes locais do corpo.
• Febre moderada, malnutrição, infecções respiratórias moderadas, tosse, diarreia e vómitos não são contra-indicações para a
vacinação.
A tabela 4.1 apresenta um sumário do calendário de vacinação, das vias e doses de administração de vacinas.
47
4.2 SERINGAS E AGULHAS PARA A VACINAÇÃO
Com a introdução de seringas auto-destructíveis (seringas AD) em julho de 2001, já não se justifica o uso de
seringas e agulhas esterilizáveis. As seringas AD são desenhadas para prevenir a reutilização por mecanismo
interno que bloqueia o êmbolo depois de usada uma vez. As seringas AD devem estar disponíveis em todas
as unidades sanitárias do país.
A BCG protege contra a tuberculose. É feita de uma microbactéria atenuada, desenvolvida por Calmette e
Guerin, daí o nome de BCG (Bacilo de Calmette e Guerin).
É uma vacina liofilizada e se apresenta em pó num frasco. É reconstituída com um diluente específico antes
de ser injectada. Somente o diluente específico pertencente ao mesmo lote de uma dada vacina deve ser usado.
Idade: à nascença ou a qualquer momento até aos 23 meses de Dose: 0.05 ml, para crianças < de 1 ano.
idade 0.1 ml, para crianças > = 1 ano.
Se não aparecer cicatriz no local de injecção seis (6) semanas depois da vacinação com BCG, a injecção deve
ser repetida.
48
- Dê a vacina por via intradérmica
• Insira a ponta da agulha na pele com o bisel virado para cima - apenas o bisel e um bocadinho mais.
• Mantenha a agulha paralela à parte superficial da pele, de modo que ela avance apenas na camada
superficial da pele.
• Não pressione muito e não aponte para baixo (senão a injecção será profunda demais, portanto,
subcutânea).
• Pressione o êmbolo com o polegar, enquanto seguras a seringa entre o indicador e os dedos médios.
Capa subcutânia
Derme
Músculo
- Reacção normal
Deve aparecer uma pequena pápula ou inchaço na pele no local de injecção semelhante ao da picada de
mosquito, com buracos muito pequenos. Isto geralmente desaparece dentro de 30 minutos. Depois de
aproximadamente duas semanas, aparece uma borbulha vermelha com cerca de 10 mm de diâmetro. A borbulha
permanece por mais duas semanas e depois cura. Fica uma pequena cicatriz de cerca de 5 mm permanece. Este
é um sinal de que a criança foi eficazmente vacinada com a BCG.
A mãe deve ser informada de que isto vai acontecer, e que desde que a lesão não aumente ou cause dor, não
é motivo para preocupação. Aconselhe a mãe a não esfregar ou pôr qualquer medicamento na ferida.
Se por engano a via de administracao não for correcta, ou seja se, a injecção for muito mais profunda, aparecerá
um inchaço redondo debaixo da pele (efeitos colaterais, tais como, abcesso ou gânglios aumentados são mais
prováveis se a BCG tiver sido subcutânea).
- Eventos Adversos
Às vezes ocorre inflamação local, inchaço na região axilar ou perto do cotovelo, ou abcesso profundo. Isto
pode acontecer porque:
• A seringa e agulha usada foi contaminada
• Ou a injecção tenha sido demasiado profunda.
• Dose elevada de vacina que tenha sido administrada.
• A estirpe usada pelo fabricante na produção da vacina.
• O diluente usado para reconstituição da vacina, não é apropriado.
Se a reacção permanecer localmente, não é necessário nenhum tratamento. Para úlceras muito grandes, o
tratamento antibiótico é efectivo. Tipicamente, linfonodos supurativos podem necessitar de excisão total, em
vez de incisão e drenagem.
49
4.3.5 Contra-indicações
As crianças com infecção sintomática por HIV/SIDA, baixo peso á nascença (<2kg), não devem ser administradas
a vacina da BCG. prematuridade não são contra-indicações para a BCG.
A vacina DPT-HepB-Hib contém a bactéria diftérica enfraquecida, o toxóide tetánico, a bactéria pertussis
morta e o antígeno de superfície do Virus da Hepatite B (HBsAg). A vacina DPT-HepB-Hib é uma vacina
líquida mas a Hib esta disponível nas formas líquida ou liofilizada, em frascos de dose única ou multidoses e
como monovalente ou combinadas com outras vacinas por exemplo DTP, Hepatite B (Hep B), DTP-Hepatite
B. A vacina Hib liofilizada deve ser diluída com solução salina.
A vacina do Hib é preparada com o polissacarídeo capsular purificado do Haemophilus influenzae tipo b, ou
seja, um polímero de ribose, ribitol e fosfato poliribosil, conjugado com a proteína tetânica (PRP-T) ou toxina
diftérica ( PRP-CRM197) ou proteína da membrana externa do meningococo (PRP-OMP). Esta bactéria é
revestida com uma cápsula polissacarídica que a torna resistente ao ataque dos leucócitos. Neste caso a vacina
estimula a resposta imunitária dos linfócitos B T-dependentes contra o polissacarídeo.
Idade: comece à 6a semana de vida, depois na 10a e 14a semanas. Dose: 0.5 ml
Via: Injectável intramuscular, na face antero lateral da coxa Nr. de Doses: 3 com intervalo mínimo de 4
esquerda (lactentes) ou no músculo Deltóide (crianças maiores). semanas entre as doses.
Espere pelo menos 4 semanas entre as doses. Se o intervalo for maior, não precisa recomeçar o calendário.
Continue com as doses seguintes normalmente.
Atenção:
Crianças maiores de 12 meses que não foram vacinadas, uma dose da vacina é suficiente para a imunização. Crianças
que foram vacinadas podem receber um reforço entre os 12 à 23 meses.
- Posicione o bebé
• Peça a mãe para sentar com o bebé nas coxas
• O braço esquerdo da mãe passa à volta do bebé para suportar a cabeça, o pescoço, o ombro e seu braço
esquerdo.
• O braço direito do bebé fica em repouso para trás.
• O braço direito da mãe segura firmemente as pernas do bebé.
50
- Aplique a vacina
• O melhor local para injectar é a porção central da face externa da coxa do bebé.
• Divida a coxa em 3 partes iguais entre o joelho e a espinha ilíaca.
• Limpe a pele se estiver suja com bola de algodão húmida e deixe secar
• Coloque seu polegar e indicador em cada um dos lados do local aonde vai injectar e estique a pele
suavemente.
• Introduza a agulha profundamente para dentro do músculo.
• Pressione o êmbolo com o polegar para injectar a vacina e depois retire a agulha.
Não injecte nas nádegas, pois a injecção pode lesar o nervo ciático e provocar paralisia da perna da
criança.
4.4.4 Contra-indicações
No geral, não há contra-indicações para a vacinação com a DPT-HepB-Hib excepto se houver história de
hipersensibilidade (alergia) pós a vacinação a qualquer um dos componentes da vacina (por exemplo, o tétano
ou toxóide da Difteria). Em crianças com febre alta a vacinação pode ser feita mais tarde quando esta estiver
controlada.
Atenção:
Se a criança desenvolver um abcesso, ponha compressas mornas no inchaço e dê antibióticos. Se o abcesso não
resolver, refira a criança para a unidade sanitária de referência mais próxima para incisão e drenagem.
51
Convulsões: esta é uma complicação rara que ocorre em cerca 1/1.200 a 1/1.600 crianças e está frequentemente
relaccionado com a febre. Isto é devido à componente pertussis da vacina.
Atenção:
Se uma criança que tenha recebido a vacina DPT-HepB-Hib tiver convulsões ou choque nos três dias seguintes, essa
criança não deve receber mais doses de DPT-HepB-Hib.
A vacina contém um vírus vivo atenuado. É uma vacina muito sensivel ao calor do que as outras vacinas. Pode
ser armazenada e transportada a temperaturas negativas até ao nível da unidade sanitária. Entretanto, para os
níveis distritais e da Unidade Sanitária, deve sempre ser conservada a temperaturas positivas, entre + 2o C e
+ 8o C.
A OPV apresenta-se quer em frascos plásticos com conta-gotas ou em frasco de vidro com conta-gotas separado.
É importante usar o conta-gotas apropriado para a vacina a fim de evitar que esta jorre.
Idade: dentro das primeiras 6 semanas depois do nascimento, à Dose: 2 a 3 gotas, dependendo do fornecedor
6a , 10a e 14a semanas (verificar sempre as instruções do fornecedor)
52
Figura 4.7: Administração da vacina anti-pólio
4.6.4 Contra-indicações
Não há contra-indicações. Se a criança tiver diarréia, administre a vacina mesmo assim.
Atenção:
Os intervalos entre as doses de DPT/Hepatite B e OPV devem ser de pelo menos 4 semanas. Intervalos maiores de
4 semanas não prejudicam a criança e não implicam recomeçar o calendário
A vacina contém o vírus inactivado da pólio. A vacina é de forma líquida e não precisa e nenhuma reconstituição.
Via: Injectável intramuscular, na face antero lateral da coxa direita Nr. de Doses: 1.
(lactentes) ou no músculo Deltóide (crianças maiores).
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- Aplique a vacina
• O melhor local para injectar é a porção central da face externa da coxa direita do bebé.
• A dose é de 0.5 ml, dada por via intramuscular .
• Introduza a agulha na parte da pele abaulada numa profundidade não superior a 1 cm. Agulha deve
penetrar num ângulo recto ( cerca de 90o ),.
• Pressione o êmbolo com o polegar para injectar a vacina.
• Retire a agulha
• Se houver algum sangramento, pressione o local de injecção com uma bolinha de algodão, mantenha
a pressão até este parar.
4.8.3. Contra-indicações
A vacina pneumocócica não deve ser dada ao bebés nas seguintes condições:
• Febre 39°C não devem ser vacinados até melhorarem.
• Reacções alérgicas graves a uma dose anterior ou a qualquer componente da vacina, incluindo difteria.
A vacina contra o rotavírus é uma solução para administração oral. Existem dois tipos de vacinas contra o
54
rotavírus: a RotaTeq e Rotarix. Ambas são eficazes e seguras. O nosso país está a introduzir a vacina Rotarix.
É importante compreender que a vacina contra o rotavírus não impede ou protege contra diarreia ou vómitos
causados por outros germes, mas é muito eficaz na prevenção da diarreia e vómitos causados por rotavírus.
Isso significa que, mesmo quando as crianças estão totalmente imunizadas contra o rotavírus, elas ainda podem
ter diarreias causada por outros agentes.
Como afirmado acima, a vacina contra o rotavírus é muito eficaz contra a doença causada por rotavírus. Estudos
mostram que a vacina é altamente eficaz (85% -98%) em qualquer estado de gravidade após a vacinação. Ao
administrar a vacina rotavirus, a chance das crianças serem hospitalizadas diminuiu consideravelmente em 96%.
Atenção:
A vacina contra o rotavírus deve ser administrada aos bebés por via oral, e não injectada.
Deve-se controlar a temperatura durante o armazenamento e transporte das vacinas, para garantir a eficácia e
segurança das mesmas. Vacinas contra o rotavírus devem ser armazenados entre +2 °C e +8°C. Procure não
abrir a porta da geleira com frequência e faça regularmente a monitoria da temperatura da geleira ou refrigerador.
Lembre-se que:
• Primeira dose da vacina deve ser administrada antes de 15 semanas;
• Segunda dose tem de ser antes de 32 semanas;
• a parir de 16 semanas é tarde para a primeira dose e 33 semanas é tarde demais para segunda dose;
• Deve haver um intervalo de 4 semanas entre as doses.
A vacina de rotavírus pode ser administrada ao mesmo tempo que a primeira e segunda dose de DTPHepB
-Hib (isto é, 1a e 2a Penta).
Para cada caso, o fluxograma ajuda a determinar se a criança é elegível e o que fazer após a vacinação (ou não).
Atenção:
O termo "Nunca perca uma oportunidade de imunizar uma criança, mesmo que esta tenha maior idade para a
vacinação" não é válido para a vacina contra rotavírus:
• Crianças com mais de 15 semanas não são elegíveis para receber a primeira dose da vacina contra o rotavírus.
• Crianças com mais de 32 semanas idade não são elegíveis para receber a segunda dose da vacina contra o
rotavírus.
55
4.9.3. Como Administrar a Vacina Contra Rotavírus
Para administrar a vacina contra rotavírus, a criança deve estar sentada em uma posição semi-eclináda (ou seja,
a posição normal de alimentação) para tomar a vacina por via oral. Antes da administração da vacina, deve-se
fazer uma inspecção visual para garantir que a ponta não tenha caído no interior do tubo.
Confirmada a posição recomendada para toma da vacina contra rotavírus comece por:
1. Abrir a boca da criança, pressionando suavemente as bochechas.
• Coloque o tubo em direcção ao interior da bochecha. Deve-se fazer todos os esforços para apontar o
tubo contendo a vacina de um lado e para o fundo da boca da criança. Não coloque o tubo muito para
trás da boca. Nunca coloque o tubo no centro da boca para evitar o risco de sufocar a criança.
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• Administre a vacina lentamente pressionando o tubo. Para prevenir que a criança possa cuspir depois
da administração da vacina, deve-se introduzir em pequenas porções e lentamente
• Certifique de que a criança está engolindo a vacina. Pegue nas bochechas juntos e acariciá-las para
ajudar com a deglutição. A dose de reposição pode ser dada se a criança cospe uma parte da vacina.
4.9.4. Contra-indicações
Contra-indicações
• Hipersensibilidade após a administração anterior de vacinas contra o rotavírus;
• História prévia de invaginação intestinal;
• A administração de vacina contra o rotavírus deve ser adiada nos indivíduos que sofrem de diarreias
ou vómito e necessitam de rei-hidratação.
Note que uma doença ligeira, tal como uma infecção do trato respiratório superior não é uma contra-indicação.
A vacina contém o vírus do sarampo atenuado. A vacina é liofilizada congelada e deve ser reconstituída
(misturada com diluente) antes de ser usada. Use SOMENTE o diluente que é fornecido pelo mesmo fabricante
da vacina, para fazer a reconstituição desta.
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4.10.2 Aplicação da vacina anti-sarampo
Os anticorpos maternos contra o sarampo permanecem mais tempo do que outros anticorpos. Assim, a vacinação
contra o sarampo não é eficaz antes dos 9 meses de idade.
Idade: a 1ª dose é dada aos 9 meses; no entanto pode-se vacinar a Dose: 0.5 ml
partir dos 8.5 meses, e a 2ª é dada a partir dos 18 meses
- Aplique a vacina
• A dose é de 0.5 ml, dada por via subcutânea na parte lateral externa superior do braço esquerdo.
• A dose é de 0.5 ml, dada por via subcutânea na parte lateral externa superior do braço esquerdo.
• O local de injecção deve ser limpo com algodão mergulhado em água limpa para remover qualquer
sujidade visível.
• Segure o braço da criança pela parte inferior, seus dedos devem estar a volta do braço e formar uma
prega da pele entre os dedos polegar e indicador.
• Introduza a agulha na parte da pele abaulada numa profundidade não superior a 1 cm. Agulha deve
penetrar num ângulo inclinado (cerca de 35o a 45o), não recto.
• Pressione o êmbolo com o polegar para injectar a vacina.
• Retire a agulha e pressione o local de injecção com uma bolinha de algodão. Se houver algum sangra-
mento, mantenha a pressão até este parar.
58
4.10.4 Efeitos Adversos
Informe à mãe de que a criança pode ter febre de 1 a 3 dias até cerca de uma semana depois da vacinação, e
que pode aparece um rash de sarampo ligeiro. Assegure à mãe de que este rash é muito mais ligeiro do que a
doença do sarampo, e que desaparece expôntaneamente.
Atenção:
História de suspeita de sarampo não constitui contra-indicação para a vacinação. Vacine todas as crianças elegíveis.
A vacina consiste em um toxóide (uma anti-toxina ou neutralizador de toxina). A vacina é dada a mulheres
grávidas e às mulheres em idade fértil para prevenir o tétano neonatal. Em Moçambique, também é administrada
aos estudantes dos primeiros anos e trabalhadores cuja actividade lhes põe um certo risco de contrair o tétano.
É o mesmo toxóide tetânico da vacina DPT-HepB-Hib.
Nr de doses: cinco (5), observando o intervalo Via: Intramuscular, na região deltóide do braço
mínimo entre as doses sucessivas. esquerdo.
A primeira dose não dá nenhuma protecção. Cinco doses correctamente espaçadas dão protecção para todos
os anos da vida fértil da mulher.
59
Figura 4.12. Aplicação da vacina antitánica (VAT) nas MIF's
Suplementação com vitamina A significa dar gotas de vitamina A para aumentar a quantidade de vitamina A
no corpo. A suplementação periódica com vitamina A é feita para protecção contra a deficiência em vitamina
A e suas conseqüências, através da garantia de uma reserva desta vitamina para os períodos de reduzido
consumo ou de aumento de necessidades.
60
4.12.2 Dosagem na administração de Vitamina A
Verifique primeiro a data de expiração da vacina. Administre vitamina A da seguinte maneira:
• Peça á mãe/zelador para deitar a criança de costas e segurá-la firmemente.
• Abra a boca da criança apertando as bochechas suavemente entre os seus dedos.
• Dê ás crianças com idade dos 6-11 meses 4 gotas da cápsula vermelha (correspondentes a 100.000 UI).
• Dê ás crianças com idade dos 12-59 meses uma cápsula vermelha inteira (200 000 IU).
• Corte a ponta da cápsula e aperte-a para pingar o líquido na boca da criança. Se as gotas falharem a
boca ou se a criança cuspir imediatamente, dê outra cápsula.
• Deite fora (no recipiente) as cápsulas usadas.
• Registe a dose na folha de contagem, no local correcto para a idade da criança.
• Informe á mãe/zelador que a vitamina A deve ser dada a cada 6 meses até a criança completar 5 anos
de vida. (Aconselhe a mãe a levar de novo a criança á unidade sanitária mais próxima para a próxima
dose de Vitamina A seis meses mais tarde).
Dosagem de Vitamina A
• Crianças com idade dos 6-11 meses receberão 100,000 UI de Vitamina A (4 GOTAS de cápsula
vermelha).
• Crianças com idade dos 12-59 meses receberão UMA (1) cápsula VERMELHA de 200,000 UI de
Vitamina A.
61
62
EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO (EAPV)
As vacinas usadas no Programa Nacional de Vacinação são extremamente seguras e efectivas. Contudo, muito
embora as vacinas sejam seguras, nenhuma vacina é completamente isenta de risco e os eventos adversos
podem ocorrer. Para além das próprias vacinas, o processo de vacinação e/ou imunização é uma fonte potencial
de reacção adversa.
Considera-se Eventos Adversos Pós-Vacinação, a qualquer ocorrência médica indesejada depois de uma
vacinação e que, não necessariamente possui uma relação causal com o uso da vacina. O EAPV pode ser
qualquer evento indesejável ou não intencional, isto é, sintoma, doença ou um achado laboratorial anormal
(WHO, 2012). Os eventos adversos podem ser inesperados ou esperados, tendo em conta a natureza e característica
da vacina, bem como o conhecimento já disponível pela experiência acumulada. Entre os eventos esperados,
podemos ter eventos relactivamente triviais, como febre, dor e edema no local, ou eventos mais graves, como
convulsões febris, episódio hipotómico-hiporresponsivo, anafilaxia etc.
Os eventos inesperados são aqueles não identificados anteriormente, ás vezes com vacinas de uso recente como
o caso da vacina rotavírus, ou com vacinas de uso mais antigo, como por exemplo, visceralização e falência
múltipla de órgãos, observada raramente após a vacina da febre amarela (Manual de vigilância epidemiológica
de EAPV, 2014).
Os EAPV podem resultar da qualidade de produto, como por exemplo a contaminação de lotes provocando
abscessos locais, ou teor indevido de endoxina em certas vacinas, levando a reacções de febris e sintomatologia
semelhante à sépsis. Por exemplo, podem advir da vacina ou processo de vacinação, ou eventos coincidentes
que não são devidos a vacina ou processo de vacinação mas que são temporalmente associados com a vacinação.
O objectivo da vacinação é proteger o indivíduo e a população de doenças previníveis pela vacina. As EAPV
podem minar os objectivos do programa de vacinação, fazendo com que os pais e a comunidade percam a
confiança nos benefícios da vacinação. É necessário monitorar os eventos adversos pós-vacinação, devido a
existência de calendário de vacinação diferentes, diferentes vacinas, problemas relacionados com os lotes no
fabrico, eventuais problemas da cadeia de frio, erros de vacinação, eventos coincidentes, diferenças genéticas
e globalização da segurança de vacinas. Assim, é importante que os programas de vacinação façam a monitoria
dos eventos adversos e tomem as medidas correctivas apropriadas.
Os EAPV são agrupados em 5 categorias. Eles podem ocorrer devido à erros de vacinação (antigamente
designado por erros programáticos), à própria vacina (resposta individual), a problemas de qualidade da vacina,
ansiedade na vacinação e coincidência.
65
• Vacina preparada incorrectamente antes de ser usada, por exemplo, DPT-HepB-Hib ou VAT não agitada
apropriadamente antes do uso
• Seringa e agulhas inapropriadamente esterilizados
• Ignorar as verdadeiras contraindicações, por exemplo, quando uma criança com história de reac-ção
severa à DPT-HepB-Hib é vacinada com esta vacina.
• Vacina reconstituída não descartada no fim da sessão e usada na sessão seguinte.
Erro no Exposição excessiva de calor ou frio devido ao Reacção local ou sistémica devido a mudan-
manuseio da vacina transporte não apropriado, conservação ou ças da natureza física da vacina, como é o
manuseio da vacina (e diluente caso aplicável) caso de aglutinação de excepientes a base de
Uso do produto após a data de validade aluminio nas vacinas sensíveis ao congela-
mento.
Falha na proteção como resultado da perda
de potência ou a não viabilidade do produ-
to atenuado
Erro na prescrição Falha na adesão a contraindicação da vacina Anafiláxia, infecção disseminada por vacina
da vacina/não de componentes vivos e atenuadas
adesão das Falha na adesão de indicações ou prescrição da
recomendações vacina (Dose ou calendário) Reacção local ou sistemica, neurológica, mus-
do uso cular, vascular ou lesão óssea devido ao incor-
recto local de injecção, equipamento ou téc-
nica
Erro na administração Uso incorrecto de diluente ou injecção de um Falha na vacinação devida ao uso de diluen-
produto que não seja a vacina pretendida te incorrecto, reacção devido a propriedades
inerentes do que foi administrado, seja da
Técnica incorrecta de esterilização ou procedi- vacina pretendida ou diluente
mento não apropriado dos frascos multidose Infecção em/além do local de injecção
66
5.2.4 Problemas relacionados a ansiedade
Um evento decorrente da ansiedade sobre processo de vacinação. Esta reacção não esta relacionada com o
conteúdo da vacina. Por exemplo a íncope vasovagal em um adolescente após a vacinação.
A detecção de casos é o primeiro passo importante na vigilância dos EAPV (vide a Figura 5.1). A detecção
de casos de EAPV é da responsabilidade de qualquer pessoa envolvida na atenção à criança. O notificador,
pode ser profissional de saúde da comunidade, um clínico ou pessoal da unidade sanitária, um voluntário de
saúde, os pais ou qualquer outra pessoa que detecte o EAPV. É importante verificar o cartão de saúde da criança
para confirmar se ela foi vacinada recentemente.
Uma suspeita é suficiente para reportar e o primeiro a notificar o caso não é necessário que conclua que o
evento foi causado pela vacina (avaliação de causalidade). Uma detecção rápida e avaliação da possível ligação
a vacina é essencial para garantir a segurança contínua da vacina.
Notificar todos os EAPV menores como febre alta e reacções locais é óptimo. Essas são reacções esperadas
da vacina e, se notificadas, embora tenha valor limitado, é útil para monitorar problemas de qualidade, erros
de vacinação ou ainda aumentar o nível de suspeita da vacina quando esses problemas acontecem numa
determinada população.
67
ACÇÕES A SEREM TOMADAS NO CASO DE EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO (EAPV)
68
5.5 RESPOSTA IMEDIATA
O tratamento deve ser sempre a primeira resposta a um caso de EAPV. Todos os casos de EAPV graves devem ser
imediatamente referidos para uma unidade sanitária mais próxima para que possam ser tratados.
Os casos de anafilaxia devem ser tratados na unidade sanitária mais próxima, usando o kit de emergência.
Sintomas ligeiros a moderados tais como febre podem ser tratados em casa. Os clínicos ou profissionais de
saúde devem ser capazes de decidirem quais casos de EAPV devem ser tratados, quais devem ser referidos e
quais requerem atenção imediata, como por exemplo a anafilaxia.
5.6.1 Tratamento
O tratamento deve ser sempre a primeira resposta a um caso de EAPV. Todos os casos de EAPV devem ser
referidos imediatamente ao centro de saúde ou hospital mais próximos para tratamento. A ficha de investigação
de caso deve ser preenchida e seguir junto com o doente a ser referido, pois caso contrário a investigação pode
não ser prosseguida.
Os casos de anafilaxia devem ser tratados na unidade sanitária onde a vacinação teve lugar ou numa unidade mais
próxima onde exista o kit de emergência. Sintomas moderados tais como febre, podem ser tratados em casa ou na
Unidade Sanitária . Os trabalhadores de saúde devem ser capazes de decidir quais casos devem ser tratados e quais
requerem atenção imediata (p.e. anafilaxia). Atenção, o tratamento de EAPV deve ser grátis.
69
5.7 NOTIFICAÇÃO DE CASOS DE EAPV
O profissional ou trabalhador de saúde deve reportar todos os casos suspeitos de EAPV ao Distrito dentro de
24 horas. O profissional ou trabalhador que detectar o caso de EAPV, deve colher toda a informação relevante
possível à esse nível, e preencher o formulário de investigação de caso de EAPV (ver anexo 1). Este formulário
só deve ser completamente preenchido depois de completada a investigação do caso de EAPV.
As hospitalizações e mortes devem ser imediatamente notificadas e todos os “eventos catalizadores” de EAPV
devem ser notificados para qualquer vacina administrada.
O objectivo da investigação de um caso de EAPV é determinar a causa, como por exemplo, identificar e explicar
erros de vacinação, fazer avaliação de causalidade, tomada de decisão e corrigí-la, se possível. Os que são
afectados ou envolvidos, devem ser informados dos resultados. Uma investigação completa pode por si só,
aumentar a confiança dos usuários dos serviços de vacinação.
Mas antes de iniciar a investigação, deve-se verificar a precisão do evento, verificar- se a data do início da
reacção, ou se ocorreu depois da vacinação. Fazer a revisão sobre o perfil de segurança das vacinas em causa
e as taxas dos EAPV, possíveis mecanismos, tratamento e prevenção de casos adicionais e deve-se considerar
factores de risco da pessoa vacinada.
A equipa deve estar preparada para visitar o local de vacinação, locais de conservação das vacinas, se for
relevante a residência e localidade do paciente e o centro onde se efectou o tratamento. Fazer entrevista ao
paciente, pais ou cuidadores, o pessoal que tratou e vacinou o paciente e recolher informação relevante.
Atenção
A detecção de casos é da responsabilidade de: cuidador da criança, profissional de saúde da comunidade e da unidade
sanitária.
• Todos os casos de EAPV devem devem ser notificados imediatamente ao nível hoerárquico superior, com a
finalidade de alertar a vigilância e obter orientações quanto à investigação se necessário:
(1) Fluxo imediato dentro das primeiras 24 horas por meio de telefone, e-mail, fax ou watsapp.
(2) O tempo máximo para se iniciar uma investigação de campo em tempo oportuno é de 48 horas após a
notificação.
70
5.8.3 Propósito da Investigação de EAPV
• Confirmar o diagnóstico reportado ou propor outros possíveis diagnósticos
• Determinar se outras pessoas não vacinadas estão a experimentar a mesma condição médica
• Determinar se o evento reportado era um caso de acidente singular ou parte de um “cluster” e, neste
caso, onde, quando e como a vacinação foi feita
• Identificar as especificações da vacina usada para vacinar o paciente ou pacientes
• Examinar os aspectos operacionais do programa. Mesmo nos casos em que o evento pareça ter sido
precipitado pelo acto de vacinação ou ser coincidente, erros programáticos podem ter aumentado a sua
severidade
• Para reassegurar ao público e trabalhadores de saúde de que a vacinação é um procedimento seguro e
efectivo.
A investigação deve colher dados sobre o paciente, o evento adverso, a vacina, a sessão de vacinação, outras
crianças vacinadas, como descrito na ficha de investigação de caso no anexo X.
5.8.4.1. Confirmar a informação notificada, consiste em obter o registo clínico do paciente, verificar os
detalhes acerca do paciente e evento e confirmar a informação na ficha de investigação, particularmente a
sequência temporal da vacinação e o evento. Obter quaisquer detalhes em falta na ficha de notificação/In-
vestigação de EAPV (em anexo) e identificar quaisquer outros casos que precisam ser incluídos na investigação.
71
• Se algum frasco para injectáveis perdeu a sua etiqueta;
• O úmero de lote e data de validade
• Se os frascos abertos parecem contaminados.
• Se possível ver directamente os procedimentos de vacinação (reconstituição, elaboração da vacina,
técnica de injeção, segurança de agulhas, seringas descarte de frascos abertos)
• Avaliar o ambiente na sessão de vacinação (interação do profissional de saúde com os beneficiários)
e verificar se o profissional de saúde é atencioso com as crianças.
As vacinas enviadas ao laboratório para testagem devem ser acompanhadas de uma cópia do relatório de
investigação e instruções claras sobre o que se pretende que seja testado. Nenhuma vacina deve ser enviada
para testagem antes que a investigação tenha sido levada a cabo, e a testagem está indicada apenas nos casos
em que estejam envolvidos grandes lotes de vacinas.
5.8.7 Retro-informação
Uma vez que se tenha chegado a uma conclusão, deve-se fazer a retro-informação a todos os que esti-veram
envolvidos na investigação, mas especialmente oas pais ou cuidadores das crianças, a outros membros da
família do paciente e à comunidade no geral.
Se o impacto do EAPV na comunidade for acentuado, ou gerar interesse dos mídia, os resultados da investigação
e as acções tomadas devem ser comunicados através dos mídias.
(1) Evento adverso grave (EAG): são consideradas graves quando: a) requer hospitalização por pelo menos 24
horas ou prolongamento de hospitalização já existente; b) causa disfunção significativa ou incapacidade persistente;
c) resulta em anomalia congénita; Causa morte (ou seja, induz à necessidade de uma intervenção clínica imediata
para evitar óbito) e; causa óbito.
(2) Evento adverso não grave (EANG): qualquer outro evento eu não esteja incluído nos critérios de evento adverso
grave (EAG).
Atenção
• Eventos clinicamente relevantes em pacientes que não necessitem de intervenção, tais como bronco-espasmo,
discrasias sanguíneas, convulsões fabris, por terem um potencial de gravidade, devem ser investigados e
acompanhados.
72
• É muito importante diferenciar-se “gravidade” e “intensidade” (esta última inedaquadamente traduzida em
alguns textos como severidade). Um evento pode ser leve, moderado ou intenso, independente de ser ou não
grave, por exemplo, uma hiperemia local intensa.
(3) Um Cluster (agrupamento) é definido como um evento de EAPV que ocorre com frequência incomum, geralmente
quando dois ou mais casos iguais ou eventos semelhantes relacionados com o tempo, por localidade (lugar), e/ou
vacina. Podendo estar associado a um particular provedor, unidade sanitária, recepiente ou lote de vacinas.
As campamnhas de vacinação em massa necessitam de considerações extra em em relação aos casos de EAPV
notificados na rotina. A planificação de campanhas de vacinação deve tomar em consideração medidas claras
e especificas para minimizar os EAPV pelas seguintes razões:
• A necessidade de dispensar um número maior de doses de vacina em um período de tempo curto em
todo o país, ferquentemente estreita os recursos do programa de vacinação no diz respeito à qualidade
da vacinação (número correcto de doses, segurança na prática das injecções, manutenção da cadeia de
frio). Tal situação é mais proeminente quando injectáveis são envolvidos.
• O impacto de um EAPV na reacção do público dentro de um curto período de tempo (comparado a um
grande intervalo de tempo entre os casos reportados de EAPV na rotina), requer uma investigação
imediata, resolução e retro-informação, o que impõe uma grande demanda ao programa.
• A urgência envolvida na prestação de serviços, as vezes torna a investigação de possíveis alergias
através de história, difíceis ou impossíveis.
• O impacto de um EAPV nos utentes no local de prestação de serviços pode minar os propósitos da
vacinação no local e para além.
• As vacinas devem ser reconstituídas somente com diluente fornecido pelo produtor das mesmas.
• A vacina reconstituída deve ser descartada no final de cada sessão de vacinação (ou 6 horas depois de
reconstituída) e nunca guardada para uso em sessões subsequentes.
• Na geleira de vacinas não devem ser conservados outros medicamentos ou produtos que não sejam
vacina.
• É essencial treinar os vacinadores e supervisores para garantir que procedimentos correctos sejam
seguidos de modo a prevenir lesões ou mortes a seguir à vacinação.
• Uma investigação epidemiológica cuidadosa deve ser levada à cabo no caso de um evento de EAPV.
É de importância vital completar a ficha de investigação de EAPV para detectar a causa do acidente e
corrigir as prácticas de vacinação de modo a prevenir futuros EAPV.
73
74
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E INVESTIGAÇÃO DE SURTOS EPIDÉMICOS
A Vigilância de doenças no Programa Alargado de Vacinações (PAV) consiste na recolha, a agregação, análise
e interpretação continuada e sistemática de dados essenciais para a planificação, implementação e avaliação
das intervenções do PAV, integrado à disseminação desta informação para uma tomada de decisão
apropriada. Os dados são relativos a tipo de evento em curso, local de ocorrência, período em que ocorre e
quem é o afectado.
A vigilância epidemiológica no PAV, está focada nas doenças sujeitas a eliminação e erradicação, nomeadamente
sarampo, tétano neo-natal (TNN) e poliomielite através da vigilância da paralisia flácida aguda (PFA). Contudo,
os efeitos adversos pós-vacinação (EAPV) e outras doenças prevenidas por vacinas, também estão sob vigilância.
A comunicação da ocorrência de uma determinada doença, feita à autoridade sanitária por profissionais de
saúde ou qualquer cidadão, para fins de adopção de medidas de intervenção pertinentes, denomina-se notificação.
Em vigilância das doenças do PAV, deve-se notificar a simples suspeita da doença, sem aguardar a confirmação
do caso, por forma a evitar perda de oportunidade de adopção de medidas de prevenção e controlo indicados.
A vigilância das doenças alvo do PAV tem como propósito a identificação de casos e surtos de forma a que
respostas rápidas e apropriadas possam ser levadas a cabo para controlar os surtos. A notificação rotineira de
doenças através do Sistema de Informação para a Saúde/ Monitoria e Avaliação (SISMA), bem como a
investigação através da vigilância baseada no caso, são mecanismos importantes para monitorar as tendências,
mas não são rápido o suficiente para os propósitos de controle de doenças.
A oportunidade de controlar os surtos epidémicos e prevenir mortes e doenças desnecessárias, dura apenas
poucos dias ou semanas. Assim, os distritos devem ser capazes de tomar decisões imediatas ao nível do mesmo,
com apoio logístico e supervisão do nível provincial.
Vigilância Passiva: É aquela em que a informação é colhida quando os pacientes visitam as unidades sanitárias,
usando a notificação de rotina, p.ex: livros de consultas, processos clínicos, certificados de óbitos, etc.
77
• Falta de notificação atempada;
• Diagnóstico não acurado.
Vigilância Activa: Ocorre quando os técnicos executam pessoalmente a busca de informação específica, objecto
de vigilância, independentemente do doente ou utente dirigir-se ao serviço e registrar-se como dado de rotina.
Neste caso, a informação é colhida através da revisão dos registos ou investigação de casos. Nesta abordagem
há a possibilidade de encontrar mais casos da doença em tempo oportuno.
Todos os profissionais de saúde (da rede pública e privada), bem como os diversos níveis do sistema (unidades
sanitárias, distrital, provincial e nacional), têm atribuições de vigilância epidemiológica. Dependendo da inserção
profissional e da capacidade executiva, técnica e administração de cada área, essas funções vão da simples
notificação de casos suspeitos ou confirmados de doenças alvo do sistema de vigilância, até a investigação
epidemiológica (casos ou surtos), adopção de medidas de controle, colecta, análise e interpretação de dados, etc.
Todas as doenças prevenidas por vacina são notificadas numa base semanal no boletim de notificação. Os
dados são enviados das unidades sanitárias para o distrito, onde são agregados e lançados no SISMA. A
informação daí resultante é analisada e usada para a tomada de decisão localmente, ao mesmo tempo que
poderá ser acessada pelo nível provincial e nacional.
Cada distrito e cada província fazem a monitoria dos relatórios completos e atempados recebidos dos níveis
inferiores.
Quatro condições constituem o foco da vigilância activa enquadradas no âmbito da vigilância baseada no caso:
paralisia flácida aguda , Sarampo, Tétano neonatal e eventos adversos pós-vacinação, este último descrito no
capítulo 5 deste manual. Todo caso notificado na unidade sanitária ou comunidade, deverá ser investigado e
as fichas de investigação de caso (FIC), devem ser enviadas para o nível distrital, provincial e nacional, ficando
uma cópia da ficha em cada um dos níveis.
Dentro do sistema de vigilância, os papéis e responsabilidades dos trabalhadores de saúde e autoridades sanitárias
a diferentes níveis são como descrito abaixo:
78
• No caso de doenças-alvo de erradicação ou eliminação, como é o caso da Pólio e do Sarampo,
respectivamente, assegurar que as amostras sejam colhidas para todos os casos suspeitos e para os
primeiros 5 casos, em caso de epidemia de Sarampo;
• Analisar o padrão das doenças e as tendências, interpretar os dados e elaborar os relatórios;
• Recomendar e promover as medidas de controle apropriadas;
• Enviar os dados e relatórios para o nível provincial.
6.5.1. Roteiro da investigação - As seguintes questões devem ser levantadas: a) de quem foi contraída a infecção
(fonte de infeção)?; b) qual foi a via de disseminação da infecção, da fonte ao doente?; c) quais outras pessoas
podem ter sido infectadas pela mesma fonte de infeção?; d) para quais pessoas o caso pode ter transmitido a
doença?; e) a quem o caso ainda pode transmitir a doença? e f) como evitá-lo?
6.5.2. Finalidade da investigação - A investigação de casos ou epidemias visa a adoção de medidas de controle
em tempo hábil. Para que isso aconteça, deve ser iniciada imediatamente após a ocorrência do evento.
6.5.3. Ficha de investigação epidemiológica - São os formulários, existentes nos serviços de saúde, específicos
para cada tipo de doença, que facilitam a colecta e agregação de dados. Devem ser preenchidos cuidadosamente,
registando-se todas informações indicadas, para permitir a análise e comparação de dados. No caso de evento
não esperado, deve-se elaborar uma ficha própria, de acordo com as manifes-tações clínicas e epidemiológicas
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do evento. Os formulários contêm dados de identificação do paciente, anamnese, exame físico, diagnóstico
suspeito, informações sobre o meio ambiente (de acordo com a doença) e exames complementares de acordo
com a doença suspeita (Pólio e Sarampo).
6.5.4. Busca de fontes de transmissão - Visa buscar a origem da transmissão, cabendo ao investigador
estabelecer quais as mais importantes e o caminho a seguir. Em geral, é importante definir: o período de
incubação; a presença de outros casos na localidade; existência ou não de vectores ligados à transmissão da
doença (se aplicável); grupo etário mais acometido; fonte de infecção comum (água, alimentos); modos de
transmissão (respiratória, contato direto, etc.); época de ocorrência (estação). Por ser uma actividade que exige
tempo e custos adicionais, nem todas as doenças são investigadas.
6.5.5. Busca activa de casos - Procedimento realizado com vista ao conhecimento da magnitude de ocorrência
do evento, quando suspeita-se que casos possam estar a ocorrer sem registro nos serviços de saúde. É mais
restrita (domicílio, rua ou bairro) ou ampliada (cidade, distritos, acompanhando correntes migratórias, etc),
seguindo-se a área geográfica de abrangência da fonte de infecção.
Atenção
• Para as doenças alvo do PAV como sarampo, pólio, tétano neonatal, os casos suspeitos devem ser investigados
A vigilância das PFA insere-se nas quatro estratégias para a erradicação global da pólio. A visão global visa
a certificação da erradicação da pólio até 2020.
A PFA é uma síndrome que caracteriza-se por fraqueza, perda ou diminuição do movimento, com perda do
tónus muscular. Devido a sua etiologia multicausal, a PFA foi definida como uma síndrome, para dar máxima
sensibilidade na estratégia de vigilância epidemiológica e evitar perda de casos de poliomielite. Entre as
diferentes causas de PFA destacam-se:
• Síndrome de Guillian-Baré,
• Mielite transversa,
• Meningite asséptica,
• Neurite traumática, entre outras.
6.6.1. Objectivos
A vigilância da PFA em Moçambique visa:
• Demonstrar a ausência de circulação do poliovirus selvagem;
• Identificar as zonas ou os grupos de alto risco (Cadeia de transmissão).
• Orientar as medidas de controle (dias nacionais de vacinação, operação limpeza, para cortar a cadeia
de transmissão);
• Demostrar um desempenho adequado da vigilância das PFA em menores de 15 anos, para que
Moçambique receba o certificado da erradicação.
80
6.6.2.2. Investigação dos casos
Cada caso notificado de PFA deve ser investigado dentro de 24 horas após a notificação. Em virtude das
características de transmissão do poliovírus e da ocorrência de grande número de infecções sem manifestações
clínicas, a vigilância deve ser intensificada quando há notificação de casos de PFA que tenham suspeita de
poliomielite.
A intensificação da vigilância implica obter informação epidemiológica como, a data do início da paralisia,
sintomas e sinais iniciais, o local de residência do doente e as localidades visitadas nos 30 dias anteriores ao
início da paralisia. Em caso de viagem, deve-se obter informação dos locais de possíveis visitas no mesmo
período. Além da realização de visita às unidades de saúde, a situação vacinal do paciente e a cobertura vacinal
da área deve ser criteriosamente avaliada.
Preencha a ficha de investigação de caso de PFA e solicite o clínico para elaborar a história clínica (ver anexo).
Atenção
• Para a colheita das amostras, use o frasco recomendado no serviço nacional de saúde, para colheita de fezes.
• O trabalhador de saúde deve assegurar-se de que as amostras de fezes são transportadas adequadamente em
conjunto com as fichas de investigação de caso (FIC) e a história clínica.
81
• Colheita das duas amostras de fezes num intervalo superior a 48horas,
• Morte ou perda do caso de PFA antes de obtenção adequada de amostras de fezes,
• Manutenção inadequada da cadeia de frio durante o armazenamento e transporte das amostras,
• Fraca qualidade das amostras devido a vazamento, dessecamento ou quantidade inadequada,
• Perda da amostra durante a cadeia de transporte para o laboratório de referência.
Um contacto de um caso de PFA define-se como sendo uma criança menor de 5 anos de idade, que tenha tido
contacto directo com o caso de PFA no período de uma semana antes do início da paralisia e ou, no período
de duas semanas após o início da paralisia.
Nestes casos, as amostras de contactos devem ser colhidas em pessoas próximas a criança, incluindo irmãos,
familiares e amigos. Se estes forem em números reduzidos ou não estiverem disponíveis, pode-se colher as
amostras de crianças nas proximidades da casa.
Para cada caso elegível de PFA, deve-se colher uma (1) amostra de cada três (3) contactos. A amostra deve
ser colhida imediatamente após identificação de um caso elegível de PFA. O melhor momento para recolher
a amostra de fezes é no período de sete dias depois da identificação tardia do caso ou no período de duas
semanas depois do início da paralisia.
Um formulário específico de “Colheita de Amostras de Contacto” deve ser preenchido para cada contacto
selecionado (ver anexo)
A colheita, armazenamento e transporte de amostras de fezes para os casos de contacto, deve ser feita da mesma
forma como para o caso de PFA.
Em caso de detecção do Vírus Derivado de Pólio Vacinal (VDPV) é recomendado a colheita de uma amostra
de pelo menos vinte contactos
Qualquer caso de PFA que tenha sido colhido apenas uma amostra de fezes, ou duas amostras mas colhidas
depois de 14 dias do início da paralisia, ou então que as amostras tenham sido perdidas no transporte para o
laboratório, este deve ser submetido a um exame clínico de seguimento aos 60 dias depois da paralisia. Qualquer
profissional ou trabalhador de saúde capaz de testar os reflexos e avaliar o tónus e a força muscular, pode fazer
o exame de seguimento.
Atenção:
O caso de poliomielite ou vírus derivado de polio vacinal é uma emergência de saúde pública, e uma vez confirmado,
requer vacinação suplementar a todas as crianças menores de 5 anos na área afectada e na vizinhança de acordo com
o plano de resposta actualizado e elaborado segundo a OMS (Consultar no Departamento de Epidemiologia).
82
6.6.4. Metas da Vigilância da PFA
• Detectar e notificar pelo menos 3 casos de PFA em cada 100,000 crianças menores de 15 anos de idade.
Crianças menores de 15 anos = 45% da população.
• Investigar 100% dos casos de PFA notificados.
• Garantir que em 80% dos casos de PFA notificados, sejam colhidas duas amostras de fezes em
intervalos de 24 horas e dentro de 14 días após o inicio da paralisia.
• Garantir que 80% das amostras colidas cheguem ao laboratório de referência em boas condições para
análise laboratorial.
• Fazer o seguimento de 100% dos casos notificados, cujo espécimes foram colhidos depois dos primeiros
14 dias do início da paralisia ou que tenham sido colhidos apenas uma amostra.
O Sarampo, quando complicado é uma doença mortal, e pode influenciar a malnutrição e causar a cegueira.
Moçambique experimentou epidemias de sarampo no período do ano 2002 -e 2005, com mais de 50 mil casos
notificados, tendo-se verificado o pico no ano 2003, com 28 mil casos notificados. A ocorrência destes surtos
influenciou o Ministério de Saúde (MISAU) à adoptar a estratégia de eliminação do sarampo, realizando uma
campanha de vacinação contra o sarampo em menores de 15 anos em 2005, o que resultou numa redução
acentuada de novos casos desde 2006.
Em 2007, o MISAU iniciou a vigilância baseada no caso, com a investigação de todos casos suspeitos de
sarampo e posterior confirmação laboratorial. Actualmente, recorrre-se a vigilância do sarampo também para
monitorar os casos de rubéola no país.
6.7.1. Objectivos
• Detectar, notificar e investigar os casos suspeitos de sarampo ou rubéola,
• Identificar a população de risco,
• Realizar investigação adicional para cada caso de sarampo confirmado laboratorialmente.
• Determinar se o genótipo é local ou importado.
Definição de caso
Caso suspeito - todo paciente que, independente da idade e situação vacinal, apresentar febre e erupção
maculopapular.
Caso suspeito de sarampo importado - todo caso suspeito que tenha história de viagem para fora do país,
nos últimos 30 dias a contar da data que o caso foi notificado, ou que tenha história de contacto com alguém
que viajou para fora do país, no mesmo período.
83
Caso confirmado - todo paciente considerado como caso suspeito e que foi comprovado em laboratório como
sendo “positivo para antígenos IgM”.
Caso confirmado por ligação epidemiológica - paciente que, em um período máximo de 7 a 18 dias, teve
contacto com um ou mais casos de sarampo, confirmado com exame laboratorial “não reactivo” ou “negativo
para IgM,” em amostra de sangue colhido precocemente (1º e 3º dia, a partir do aparecimento do exacntema),
mas que teve contacto com um ou mais casos de sarampo confirmados pelo laboratório (dentro de um período
de 7-18 dias antes do aparecimento dos sinais e sintomas).
Caso clínico ou compatível: quando se fez a suspeita clínica enquanto não houve colheita de amostra para
sorologia, o caso não foi investigado ou evoluiu para óbito sem a realização de qualquer exame laboratorial.
Ou então, todo caso com IgM indeterminado, para sarampo. Recorrer apenas a confirmação clínica do sarampo,
representa uma falha grave do sistema de vigilância epidemiológica do sarampo.
Caso descartado - todo paciente considerado como caso suspeito e que não foi comprovado como caso de
sarampo pelo exame laboratorial (IgM negativo).
Qualquer caso suspeito de sarampo deve ser notificado à unidade sanitária mais próxima, que por sua vez irá
notificar ao nível distrital para comunicação posterior aos níveis superiores (provincial ou central). Para acelerar
a investigação do caso e resposta, pode-se usar a notificação por telefone, rádio, ou outro meio rápido possível.
Os casos suspeitos de sarampo devem ser investigados dentro de 24 horas depois de recebida a informação
do caso suspeito, usando a ficha de investigação de caso (Anexo).
As amostras de sangue devem ser colhidas ao primeiro contacto com os casos suspeitos para testá-las para IgM
do sarampo. No caso de epidemia, testar somente as primeiras cinco amostras para confirmação.
As amostras de sangue devem ser colhidas dentro de 0 - 30 dias (idealmente dentro de 6 dias) do início da
erupção cutânea.
Retire 5ml de sangue venoso e coloque dentro de um tubo para o teste. Para separar o soro das células, pode-
se usar qualquer um dos seguintes métodos:
• Deixe o sangue repousar em ângulo sem agitar por pelo menos uma hora, para decantar as célu-las e
depois coloque o soro num tubo de vidro.
• Se uma geleira estiver disponível, refrigere a amostra por 4 - 6 horas, até o coágulo retrair e depois
retire o soro par o tubo de vidro.
• Se uma centrifugadora estiver disponível, deixe o sangue em repouso por 30 - 60 minutos e depois
centrifugue a amostra a 2000 rpm por 10 - 20 minutos e coloque o soro num tubo de vidro limpo.
Rotule as amostras como segue: nome, idade, sexo e data da colheita do sangue. Transporte a amostra numa
caixa isotérmica com acumuladores e a ficha de investigação devidamente preenchida num saco plástico, os
quais devem ser entregues ao ponto focal de vigilância para envio ao laboratório.
As amostras devem chegar ao laboratório, de preferência nos primeiros 3 dias após a sua colheita.
Atenção
• As amostras devem ser conservadas a uma temperatura entre + 4o C - + 8o C, para prevenir o crescimento de
bactérias, até que estejam prontas para serem transportadas. O soro pode ser conservado na geleira por um máximo
de 7 dias.
84
6.7.4. Identificação de surto de sarampo e rubéola
Deve-se suspeitar surto de sarampo, se notificar-se cinco ou mais casos de sarampo, dentro de 30 dias numa
área administrativa.
O surto de sarampo e confirmado se registarem-se três casos positivo IgM para sarampo, dentro de 30 dias
numa área administrativa. Considera-se confirmado o surto de rubéola se se registarem 5 casos positivo IgM
para rubéola em 30 dias numa área administrativa.
Em caso de confirmação de surtos de sarampo ou rubéola, deve-se colher amostras de urina ou swab faríngeo
para serotipagem. Em resposta aos casos positivos ou surtos confirmados, os profissionais ou trabalhadores
de saúde devem vacinar todas as crianças com idade entre os 9 - 59 meses, nas áreas afectadas e circunvizinhas,
independentemente do seu estado vacinal. As crianças devem receber também suplemento de vitamina A.
Atenção
• Para cada caso positivo de sarampo, deve-se fazer uma investigação adicional, verificando ocorrência de mais
casos, bem como a cobertura vacinal na área afectada.
Moçambique foi certificado como tendo eliminado o tétano neonatal (TNN) em 2011. Contudo, esforços devem
ser continuados para evitar o ressurgimento de novos casos da doença e a vigilância, é o mecanismo importante
para monitorar a tendência dos casos.
85
• Implementação da vacinação nas escolas, para todas as alunas com 15 anos ou mais de idade.
• Melhorar o acesso e uso de serviços de parto seguro.
• Vigilância efectiva do TNN.
Definição de caso
Caso suspeito - todo recém-nascido que o parto correu bem e mamou normalmente nas primeiras horas, que entre
o 2º e o 28º dia de vida, apresentou dificuldade em mamar, choro persistente, indepen-dente do estado vacinal da
mãe, do local e das condições do parto. São também considerados suspeitos, todos os óbitos entre o 2º e o 28º dia
depois do parto, que apresentavam as mesmas características, com diagnóstico indefinido ou ignorado.
Caso confirmado - todo o recém-nascido cujo parto correu bem, mamou normalmente nas primeiras horas e,
entre 2º e o 28º dia de vida, apresentou dificuldade em mamar, que evoluiu para situação de não mamar e apresentou
dois ou mais dos seguintes sinais ou sintomas: trismo, contratura dos músculos da mímica facial, olhos cerrados,
pele da fronte pregueada, lábios contraídos, hiperflexão dos membros superiores junto ao tórax, hiperextensão
dos membros inferiores e crises de contraturas musculares, com inflamação ou não do coto umbilical.
Caso descartado - todo caso suspeito que após a investigação epidemiológica, não preenche os critérios de
confirmação de caso.
Busca ativa - sistematicamente, deve-se realizar busca activa de casos de TTN, particularmente nas áreas
consideradas de risco, onde há rumores de casos, onde a notificação é inconsistente e irregular ou nas áreas
que não tenham sido notificado casos. As actividades de busca activa devem incluir revisão dos livros e
processos clínicos nos hospitais e clínicas, registos de igrejas, cemitérios e cartórios, conversas com pediatras,
ginecologistas, obstetras, enfermeiros, parteiras e líderes comunitários.
Conduta frente a um caso - encaminhar a mãe para vacinação; divulgar a ocorrência do caso aos gestores ou
profissionais de saúde (avaliar as falhas que favoreceram a ocorrência da doença e corrigi-las) e aos líderes comunitários,
envolvendo-os na vigilância e acções de prevenção permanente da doença. Promover à vacinação adequada das
mulheres em idade fértil (MIF); cadastrar e treinar as parteiras tradicionais; fazer busca activa de possíveis casos,
investigando todos os óbitos ocorridos antes dos 28 depois do nacimento, sem diagnóstico definido.
O profissional ou trabalhador da saúde deve fazer a investigação do caso dentro de 24 horas após a recepção
da notificação de um caso suspeito de TNN, usando a ficha de investigação de caso (Anexo).
Para análise epidemiológica, os profissionais ou trabalhadores de saúde devem manter e rever periodicamente,
a lista e mapear os casos confirmados de TNN, uma vez a investigação esteja completa. Visitar a mesma área
um mês depois de examinar os cartões de VAT, dê uma segunda dose de VAT a toda MIF que não tiver tomado
pelo menos duas doses.
Para mais detalhe em relação à vigilância de doenças, consulte o Manual de Vigilância Epidemiológica do MISAU,
editado pelo Departamento de Epidemiologia.
86
USO DE FRASCOS ABERTOS DE VACINA EM SESSÕES SUBSEQUENTES
E SEGURANÇA DA VACINA (POLÍTICA DE FRASCO ABERTO)
Frasco aberto refere-se ao frasco multi-dose do qual uma ou mais doses de vacina foram retiradas, segundo
procedimentos padronizados. A política estabelece que todos os frascos abertos de vacinas líquidas, com
conservantes devem ser usados na sessão seguinte, dentro de 28 dias (4 semanas) a partir da data em que o
frasco ou ampola é aberto. Quanto ás vacinas liofilizadas e as vacinas líquidas sem conservantes, devem ser
descartadas 6 horas após a sua reconstituição, independentemente de se tratar de brigada móvel ou posto fixo
de vacinação.
A política do frasco aberto, recomendada pela OMS aplica-se às vacinas líquidas como a OPV, IPV, DPH-
HepB-Hib, PCV13 e VAT desde que estejam satisfeitas a seguintes condições:
• A vacina satisfaz os requisitos da OMS para a potência e estabilidade térmica.
• A vacina tenha sido embalada de acordo com os padrões estabelecidos pela OMS.
• A vacina contenha concentração apropriada de conservante.
Todas as vacinas líquidas (OPV, IPV, DPH-HepB-Hib, PCV13 e VAT) adquiridas pelo MISAU satisfazem
estes critérios e consequentemente, os frascos abertos não usados completamente, podem ser usados na sessão
seguinte.
Atenção:
Seja sempre respeitoso e acolhedor com as mães. Não retire a vacina antes que a criança chegue. Não reconstitua a
vacina até que a criança esteja pronta para ser vacinada. Não encha antecipadamente as seringas com qualquer vacina.
No entanto, a política do frasco aberto requer que estejam satisfeitas as seguintes condições:
• O prazo de validade não tenha sido ultrapassada.
• A técnica de assépsia tenha sido usada durante a retirada das doses usadas.
• Os frascos tenham sido conservados sob condições apropriadas de cadeia de frio.
• O monitor do frasco de vacina, não tenha atingido o ponto de descarte.
• O frasco de vacina não tenha sido submerso na água.
Uma vez reconstituídas as vacinas (BCG e VAS), estas devem ser descartadas no fim de cada sessão ou 6 horas
após a sua reconstituição, conforme o que acontecer primeiro.
7. 2 POTÊNCIA DA VACINA
A potência da vacina num frasco aberto é determinada principalmente por três factores:
• Estabilidade da vacina ao calor
• Se a vacina foi ou não reconstituída
• Se a vacina contém conservantes
Os frascos abertos da vacina de OPV, PCV13, VAT e DPT-HepB-Hib, permanecem potentes, desde que os
frascos tenham sido conservados sob condições apropriadas de cadeia de frio e o prazo de validade não tenham
sido ultrapassados. Um bom indicador, de exposição das vacinas, ao calor, é o Monitor de Frasco de Vacina
(VVM), actualmente, colocado nos frascos das vacinas.
89
Figura 7.1: Localização do VVM nas ampolas e frascos de vacinas
VVM
VVM
VVM
Fonte: The vaccine cold chain (http://apps.who.int/immuzation_standards/vaccine_quality/pqs)
A estabilidade ao calor de vacinas liofilizadas reduz substancialmente quando estas vacinas são reconstituídas
com seu diluente.
7. 3 SEGURANÇA DA VACINA
O risco de contaminação é alto no frasco mutli-dose do que no frasco de dose única porque o frasco é
repetidamente exposto cada vez que se retira uma dose de vacina.
As vacinas liofilizadas e as liquidas que não contêm conservantes, não devem ser mantidas mais do que o
tempo limite recomendado pelo fábricante e nao mais de 6 horas após a sua reconstituição.
Atenção:
O uso de vacinas virais que tenham sido mantidas mais tempo do que o recomendado depois de serem reconstituídas,
pode causar sindrome do shock tóxico.
90
EQUIPAMENTO DE INJECÇÕES
Seringas e agulhas descartáveis podem ser usadas para vacinação somente em locais onde haja garantias de
que serão imediatamente destruídas depois de usadas uma única vez, o que pode ser verificado pela monitoria
do consumo e supervisão do processo de deposição final.
Seringas e agulhas auto-destructíveis são feitas de maneira que seja impossível usá-las mais do que uma vez.
Consequentemente, elas apresentam um risco mínimo de transmissão de infecções por via sangínea, de pessoa-
para-pessoa. São o tipo de seringas preferido para administrar vacinas, especialmente nos casos de campanhas.
Moçambique introduziu o uso de seringas AD no PAV em Julho de 2001, altura em que introduzia a
vacina tetravalente DPT/Hep B. Isto ajudou a minimizar os riscos que eram impostos por provável
esterilização inadequada, a qual resultava em injecções pouco seguras.
93
No geral, as seringas e agulhas de uso único devem ser usadas somente nos locais onde possam ser destruídos
de forma segura depois de usadas.
Atenção:
O Programa Nacional de Vacinação não recomenda mais o uso de seringas e agulhas esterilizáveis no programa, quer
nos postos fixos, quer nas brigadas móveis, quer nas campanhas de vacinação em massa. O uso de seringas e agulhas
esterilizáveis no PAV deixou de ser pratica no país no ano de 2001, aquando da introdução da vacina DPT/Hep B.
94
Cada seringa preenchida e sua respectiva agulha são esterilizadas e seladas num pacote próprio pelo fabricante.
Antes de usar, o trabalhador de saúde remove o pocote e a cápsula que envolve a agulha. Depois de usadas, a
seringa e a agulha devem ser dispostas de forma segura.
O êmbolo das seringas auto-destructíveis pode ser puxado e metido apenas uma vez, prevenindo, assim, a sua
reutilização. Isto requer que os trabalhadores de saúde abandonem as prácticas de:
• Aspirar ar para injectar no frasco
• Aspirar para verificar se a agulha está dentro do vaso (de realçar que os locais selecionados para
administrar vacina não possuem grandes vasos sanguíneos - PATH, 2000)
Atenção:
Com o uso de seringas auto-destructíveis a aspiração não é mais recomendável.
Os trabalhadores da saúde frequentemente se picam acidentalmente com agulhas e podem se injectar pequenas
e perigosas quantidades de sangue infectado com o vírus da Hepatite B, hepatite C e do HIV.
As seguintes medidas podem contribuir para prevenir as picadas acidentais por agulhas:
Picadas acidentais podem ocorrer a qualquer momento, mas elas são mais frequentes durante e imediatamente
depois da injecção. Os métodos para minimizar o manuseamento de agulhas e seringas são:
• Colocar uma caixa incineradora em todas as mesas de vacinação e para cada vacinador para permitir
a disposição imediata de seringas e agulhas usadas.
• Não remover manualmente a agulha contaminada da seringa.
• Não andar à volta da área de vacinação carregando agulhas e seringas usadas.
• Não re-encapar as seringas.
• Aspirar a dose de vacina, injectar ao paciente e colocar imediatamente a seringa usada numa caixa
incineradora sem pousá-la entre estes passos.
• Não separar manualmente o lixo.
95
Figura 8.5 Caixas incineradoras
Algumas seringas podem não ficar completamente destruídas pelo processo de combustão, mas não representarão
nenhum risco para transmissão de infecções depois de queimadas. Contudo, mesmo assim devem ser tomados
cuidados para evitar picadas acidentais enterrando os restos numa cova, metendo numa latrina ou num local
onde o público não tenha acesso.
Atenção:
A disposição correcta de seringas e agulhas usadas é uma boa práctica. As seringas e agulhas auto-destructíveis uma
vez usadas devem ser colectadas numa caixa incineradora, depois incinerada ou queimada e enterrada.
96
COMO ORGANIZAR UMA SESSÃO DE VACINAÇÃO
Ao nível da unidade sanitária é fundamental que haja integração entre a equipa de vacinação e as demais
equipas ou colegas, no sentido de evitar as oportunidades perdidas de vacinação, que se caraterizam pelo facto
do acompanhante da criança ou uma mulher elegível ser atendida em outros serviços dentro da unidade sanitária
sem que seja verificada a situação vacinal da criança ou mulher elegível, ou haja encaminhamento para a sala
onde possa tomar a vacina.
99
Os trabalhadores de saúde devem planificar as suas actividades de vacinação nos postos fixos e brigadas móveis
de modo a que possam atingir as coberturas planificadas usando os recursos disponíveis da forma mais eficiente
possível. A comparação das taxas de desperdício da vacina, taxas de cobertura, custos de vacinação por criança,
o feed-back da comunidade em relação ao local, à hora, frequência das sessões pode ajudar no desenho das
estratégias mais apropriadas.
A seguir apresentam-se algumas sugetões de como pode ser planificada uma brigada móvel de vacinação:
• Programe a sessão para as horas mais convenientes das mães.
• Tente ir sempre para o mesmo lugar, à mesma hora e no mesmo dia da semana/do mês para ajudar
as pessoas a lembrar o dia da vacinação.
• Se houver alguma emergência, informe às mães e aos líderes locais porque a sessão foi cancelada, peça
desculpas pelos transtornos e planeie uma nova data.
• Equipamento de injecção
- Seringas Auto-Destructíveis
- Caixas Incineradoras
• Material de Registo
- Cartão de vacina
- Fichas de contagem
- Canetas
100
• Material de Educação para a Saúde
- Cartazes e tríplicos
- Albuns seriados
Atenção:
Deixe os acumuladores no congelador por pelo menos 2 dias para congelarem bem, antes de usa-los para a brigada
móvel.
101
9.1.8 Realizando uma sessão de vacinação
Pode ser numa casa, escola ou num local aberto. Se for fora, procure um local com sombra para manter a vacina
e as caixas isotérmicas longe dos raios solares.
- A sessão de vacinação
Para manter a qualidade da vacina durente uma sessão de vacinação é necessário guardá-las em caixas isotérmicas
pequenas, uma que contém as vacinas necessárias para uma sessão de vacinação, e a outra mais pequena que
fica na mesa de vacinação com as vacinas já preparadas - Modelo RCW42.
Para usar uma caixa isotérmica pequena de meas do tipo RCW2 proceda do seguinte modo:
• Coloque dois acumuladores frios, um a frente e o outro atrás.
• Preencha o espaço do meio com o número e frascos abertos e preparados para o início da sessão de
vacinação.
• Tire os frascos de vacina somente para encher a seringa. Depois guarde-os imediatamente e mantenha
sempre a tampa da caixa fechada.
As sessões de vacinação devem ser integradas com outros serviços preventivos e promotivos. Assim, sempre
que possível, uma sessão de vacinação deve incluir:
• Registo e triagem
• Pesagem
• Tratamento
• Administração dos antígenos correctos.
• Suplementação com micronutrientes, incluindo a Administração de vitamina A.
• Promoção do aleitamento materno.
• Cuidados pré-natais
• Educação para a Saúde e aconselhamento sobre planeamento familiar.
102
Existem 6 mensagens essenciais que as mães e outras mulheres em idade fértil devem receber se pretende
que elas sejam completamente protegidas contra as doenças preveníveis pela vacinção.
• A data e hora da vacinação seguinte devem ser bem especificadas. Escreva o dia, por exemplo, Segunda-
feira, e a data, por exemplo, “quatro semanas a partir de hoje”. Se o calendário não for comum, dê
outros pontos de referência para facilitar que se recordem , por exemplo, as fases da lua, os festivais
ou outros eventos comuniutários.
• Dê a mãe ou a mulher em idade fértil um registo escrito da data e hora da próxima sessão de vacinação.
Isto pode ser lido por um membro literado da família ou da comunidade que ajudará a mãe.
• Diga a mãe onde ela deve apresentar-se para a vacinação seguinte. Isto é particularmente impor-tante
para o caso em que ela possa mudar de residência.
• O número de visitas ainda necessárias para que a criança esteja completamente vacinada ou o número
de doses de VAT que a mulher ainda tem de receber.
• O tipo de vacina (s) administrada (s).
• Que efeitos colaterias podem ocorrer.
• Como essses efeitos colaterais podem ser tratados.
Cada uma destas mensagens deve ser dada mais de uma vez. A probabilidade de elas recordarem-se destas
mensagens aumenta em função de números de vezes que os trabalhadores de saúde transmitirem a informação
de forma consistente. Verifique a compreensão dos clientes fazendo perguntas de insistência.
• De regresso ao Centro de saúde
• Descarte os frascos abertos de BCG e Srampo
• Descarte frascos com o monitor do frasco de vacina (VVM) que já estejam no ponto ou para além do
ponto de descarte.
• Registe o nnúmero de frascos descartados na ficha de contagem.
• Marque os frascos de “devolvidos”, coloque-os sempre no mesmo lugar no refrigerador e use-os primeiro
na sessão seguinte.
• Coloque os acumuladores de volta na câmara do refrigerador ou congelador.
• Limpe o equipamento
Atenção:
Seja sempre respeitoso e acolhedor com as mães. Não retire a vacina antes que a criança chegue. Não reconstitua a
vacina até que a criança esteja pronta para ser vacinada. Não encha antecipadamente as seringas com qualquer vacina.
Para actividades especiais tais feiras de saúde ou campanhas especiais de vacinação, às unidades sanitárias
devem levar a cabo actividades de mobilização social para as sessões planificadas, e garantir que todas as
sessões sejam realizadas conforme o plano.
103
9.1.11 Estratégias para reduzir o desperdício
• Monitorizar a utilização da vacina e o desperdício
• Planificação cuidadosa da requisição e distribuição da vacina.
• Uso apropriado dos frascos mono e multi-doses.
• Manutenção cuidadosa da cadeia de frio.
• Atenção à segurança da vacinação.
• Redução das oportunidades perdidas de vacinação.
104
9.2.3 Estratégias para reduzir a quebra vacinal
A quebra vacinal é determinada comparando a diferença nas taxas de cobertura entre:
• BCG e Sarampo
• DPT/Hepatibe B 1 e DPT/Hepatite B 3, ou VAP1 e VAP3, ou BCG e VAS.
Quebras vacinais superiores a 10% devem ser investigadas e de modo a identificar as suas causas. Algumas
causas já conhecidas podem podem incluir:
• Factores sociais (ex., recusa por cumprimento de hábitos religiosos).
• Factores geográficos (ex., longas distâncias a percorrer).
• Factores sazonais, por exemplo, emprego, agricultura (época de sementeira, colheita), cheias, etc.
• Não verificação dos cartões de peso das crianças que vão às consultas dos serviços curativos.
• Falta de mobilização social e/ou de informação às mães sobre a necessidade de voltar para as doses
seguintes.
• Gestão deficiente da unidade sanitária, por exemplo, longos tempos de espera, mau atendimento,
cobranças não previstas por lei (ilícitas), nas actividades de vacinação, controle de crescimento e
consulta pré-natal , ruptuta de stock de vacinas ou materiais de injecção, avarias da cadeia de frio,
cancelamento de uma actividade de brigada móvel, etc.
• Sessões de vacinação realizadas em horas e lugares pouco ou não convenientes.
• Elevado número de abcessos pós-vacinação devido à baixa qualidade da vacinação.
Aos gestores distritais e das unidades sanitárias que oferecm os serviços de vacinação, o PAV recomenda que
sejam adoptadas as seguintes medidas para reduzir a quebra vacinal:
• Abastecimento contínuo de vacinas
• Reprogramação das visitas (Brigadas Móveis) canceladas, se possível.
• Mobilização social sobre a importância da vacina, as contraindicações e efeitos adversos.
• Comunicação interpessoal com mensagens padronizadas sobre a importância da vacinação e do
cumprimento do calendário vacinal.
• Extensão dos serviços fixos ou das brigadas móveis para alcançar cada vez mais as populações de
difícil acesso.
Adicionalmente, deve-se estabelecer um sistema de seguimento dos faltosos tanto nas unidades sanitárias como
nas comunidades. Os responsáveis da vigilância epidemiológica e os activistas da saúde nas comunidades
devem trabalhar juntos no seguimento dos faltosos. Os registos devem ser mantidos actualizados e revistos
regularmente pelos trabalhadores de saúde.
105
106
GRIGADAS MÓVEIS
Em princípio, a mobilização social deveria ser orientada de forma a que as crianças fossem vacinadas nos
postos fixos de vacinação onde normalmente estão garantidas as condições para uma vacinação de qualidade.
Há casos em que a população tem dificuldades em vacinar os seus filhos devido à falta de transporte, pois
reside em áreas muito distantes, ou tem que percorrer longas distâncias a pé. Estas áreas constituem um campo
aberto às epidemias, caso não sejam realizadas acções programadas de vacinação.
Não restam dúvidas de que o processo de vacinação através das brigadas móveis é bastante oneroso, mas
infelizmente, devido a dificuldade da rede sanitária cobrir as zonas remotas do país, esta actividade ainda é
de extrema importância para o PAV.
Uma brigada móvel de vacinação, torna-se valiosa se puder alcançar o grupo alvo do PAV, que fica longos períodos
aguardando pela vacinação, devido a longas distâncias que percorrem para chegar às unidade sanitárias (US).
Por esta razão, torna-se importante traçar algumas orientações (normas) para a sua implementação, tais como:
• A planificação de brigadas móveis deve ser incluída nos planos orçamentais dos Distritos, de modo a
garantir a sua sustentabilidade e flexibilidade na acção.
• Sempre que possível, é necessário, que as brigadas móveis sejam realizadas a partir das unidades sani-
tárias estratégicas e não apenas das sedes dos Distritos. Isso, requer recursos adicionais, como meios
de transporte e combustível.
• A planificação das actividades das brigadas móveis deve ser feita vários dias ou semanas antes da sua
execução, possibilitando desse modo, os contactos necessários com os responsáveis das áreas a visitar
e a participação dos agentes comunitários de saúde como os agentes polivalentes e elementares de
saúde (APE), parteiras tradicionais) e lideres comunitários.
• Nenhuma brigada móvel deve deslocar-se sem haver um estudo prévio da área a vacinar. Para tal, é necessário
ter um mapa da área de saúde, que vai permitir a escolha de um ponto estratégico central ao nível dos vários
bairros ou aldeias e a verificação de aldeias ou bairros que se encontram num raio de 8 km.
• Ter o conhecimento da população estimada das áreas a vacinar pelas brigadas móveis. Deste modo,
deverão ser conhecidos os grupos-alvo (n.º de crianças menores de um ano de idade, mulheres em idade
fértil, mulheres grávidas), para ajudar na avaliação dos resultados e no cálculo das vacinas necessárias.
• Fazer a planificação dos locais de concentração da periferia para o centro, iniciando a actividade pelos
bairros mais distantes e populosos. Não é aceitável a vacinação pela brigada móvel num raio abaixo
de 8 km da unidade sanitária, onde, preferencialmente, deve ser exercida uma intensiva acção de
esclarecimento e mobilização para que a vacinação seja feita no posto fixo.
• A brigada móvel nunca deve deslocar-se sem que tenha garantia das estruturas locais dos bairros ou
das aldeias a visitar de que, no dia determinado, nas horas combinadas previamente e no local de
concentração designado, as crianças da área estarão presentes. É um trabalho de preparação que o
responsável da unidade sanitária deve orientar e supervisar. Uma saída para um pequeno bairro, sem
a preparação antecipada com vista à mobilização da população dos bairros vizinhos, representa um
trabalho de elevado custo e os resultados poderão ser nulos ou não justificáveis.
109
• Sempre que possível, uma área deverá ser visitada no mínimo 3 a 4 vezes por ano. Isto significa que
a cada 2 ou 3 meses deve se fazer visitas para cada ua das áreas. No entanto, em algumas áreas,
dependendo das condições de acessibilidade ao longo do ano, podem ser programadas saídas das equipas
avançadas para vacinação, com uma periodicidade mais curta, mas nunca inferior a um mês para uma
mesma área, pois, neste caso, as crianças poderão não terem completado o calendário de vacinação no
primeiro ano de vida.
• Utilizar o meio de transporte mais económico possível - como bicicleta ou motorizada, para os locais
mais próximos da unidade sanitária.
• As brigadas móveis, para além do PAV e dos programas como a nutrição, saúde materno infantil ou
planeamento familiar, devem integrar outras actividades para rentabilizar o tempo, como a saúde escolar,
educação para saúde, recuperação de doentes com TB e faltosos ao TARV. Neste caso, o meio de
transporte a utilizar deve ser uma viatura se possível.
• No fim de cada actividade da brigada móvel, deve ser feita uma avaliação dos resultados, na presença
de todos os elementos da equipa e outros participantes, usando instrumentos definidos como a ficha
de resumo diário das actividades das brigadas móveis, em anexo.
Atenção
• A actividade de Brigadas Móveis deve obedecer a uma planificação prévia e aprovação do responsável Distrital
de Saúde ou da Unidade Sanitária. O objectivo é alcançar os melhores resultados com o custo mais baixo possível.
8,5 Meses ou DPT/HepB1 + DPT/HepB2 + DPT/HepatiteB3 + N.B. Estas crianças não farão a RV1 e 2
mais PCV1+ Pólio2 +PCV2 dose.
Pólio1 + BCG + (verificar a cicatriz Pólio3 +PCV3
Sarampo da
BCG)
A situação vacinal deve ser analisada caso a caso. As vacinas a administrar dependerão das doses anteriormente
recebidas e da idade da criança. O mais importante é vacinar a criança de modo a permitir que esta seja
completamente vacinada até aos 9 meses de idade.
110
COMUNICAÇÃO PARA A MUDANÇA SOCIAL E DE COMPORTAMENTO
Um dos objectivos da abordagem dos cuidados de saúde primários é capacitar as comunidades, através da
provisão de informação e educação para a saúde, de modo a tomar controle sobre a sua saúde e sobre o meio
ambiente adoptando comportamentos e atitudes conducentes a um melhor estado de saúde individual e colectiva.
Existem vários factores associados a comunicação para a mudança de comportamento dentre eles os factores
pessoais e ambientais, os quais se encontram resumidos no Modelo Socio-ecológico.
O Modelo Sócio-Ecológico comporta cinco níveis hierárquicos: ambiente individual, interpessoal, comunitário,
organizacional e de políticas. A abordagem mais eficaz da prevenção e controle de saúde pública usa uma
combinação de intervenções em todos os níveis do modelo.
Modelo Sócio-ecológico
• Advocacia: compreende o esforço organizado para informar e motivar os decisores de modo a criar
um ambiente favorável à mudança. O propósito da advocacia é atingir mudanças específicas nas políticas,
nos programas ou alocação de recursos que beneficiem a população envolvida nesses processos.
• Mobilização Social: processo que envolve a mobilização de parceiros a nível nacional e local para
uma causa comum, aumentando a conscientização e a demanda por uma mudança.
• Comunicação para a mudança social: Processo de engajamento e empoderamento dos indivíduos e
comunidades para influenciar positivamente e ou reforçar as normas sociais e práticas colectivas.
Enfatiza o diálogo (público e privado), a importância da comunicação horizontal, o papel das pessoas
como agentes de mudança e a necessidade de negociar habilidades e parcerias. Através do diálogo, as
pessoas ( homens, mulheres e crianças) podem superar obstáculos e identificar caminhos para ajudá-
las a atingir as metas que traçaram para si. A abordagem de comunicação para a mudança social tira
o foco do indivíduo para a mudança colectiva, acção comunitária e mudança de longo prazo e sustentável.
• Comunicação para a Mudança de Comportamento: processo baseado em pesquisa para motivar
mudanças sustentáveis a nível individual e comunitário no conhecimento, atitudes e comportamentos.
A Comunicação para a mudança de comportamento é desenhada para atingir objectivos mensuráveis,
para o alcance e envolvimento de audiências específicas. Esta baseia-se no reconhecimento de que a
mudança de comportamento é um processo e que as pessoas geralmente passam por várias etapas antes
de mudarem seu comportamento.
113
• Mobilização social - Através do fortaleci-
mento das parcerias com as rádios comu-
nitárias para a produção de programas e
disseminação de mensagens chave sobre
vacinação. Estabelecimento de parcerias com
o sector privado para o apoio em re-cursos
durante as campanhas e vacinação de rotina.
Fortalecimento da parceria com o sector de
Educação na disseminação de mensagens chave
sobre a importancia da vacina.
• Comunicação para a promoção do serviço -
Através do fortalecimento da comunicação Inter-
pessoal entre o profissional de saúde e as mães
ou cuidadores sobre a importância do cumpri-
mento do calendário de vacinação bem como
a promoção dos diálogos comunitários sobre
a vacinação. Revitalização e formação dos
Comités de Saúde em conteúdos relativos
à vacinação.
11.3 QUEM DEVE SER ENVOLVIDO NOS DIÁLOGOS COMUNITÁRIOS PARA A MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO?
O comportamento individual é extremamente importante para a saúde do indivíduo. Mas geralmente não é o
indivíduo quem toma as decisões sobre a sua própria saúde ou a mãe sobre a saúde da sua criança. Assim, as
actividades de comunicação devem envolver pessoas que tomam as decisões-chave na família e na comunidade
em relação à vacinação. Um programa de vacinação bem planificado eado inclui actividades educativas
direcionadas a uma série de grupos tais como:
• Pais e cuidadores de crianças.
• Crianças em idade escolar.
• Mulheres grávidas.
• Líderes comunitários.
• Líderes religiosos.
• Mães e sogras.
• Praticantes de Medicina Tradicional.
114
11.4 A QUE NÍVEL A INTERVENÇÃO DEVE TOMAR LUGAR?
As actividades de comunicação podem ter lugar a diferentes níveis: individual, famíliar, comunitário, distrital etc.
Existem vários canais de comunicação dependendo da audiência que se pretende envolver. Existem os canais
electrónicos como a Televisão e a Rádio, os canais impressos, como os jornais e revistas, e o canal interpessoal
que é aquele que decorre entre duas pessoas ou um grupo de pessoas, cara a cara. Os meios de comunicação
de massas como a televisão e a rádio, são canais que atingem um grande número de pessoas em simultâneo.
No entanto, têm a desvantagem de serem geralmente unidireccionais, e, como tal, não permitem a interacção
entre as pessoas que participam no programa.
A comunicação interpessoal, permite maior interacção entre as pessoas, as quais podem partilhar as suas
experiências e esclarecer as suas dúvidas.
O trabalhador de saúde deve decidir sobre a melhor forma de atingir a audiência pretendida - casa, comunidade,
unidade sanitária, escola, igreja ou local de trabalho? Por exemplo, mulheres em idade fértil (MIF's)
podem ser alcançadas através dos serviços de atenção à criança, incluindo as sessões de vacinação, nas consultas
pré-natais e nas consultas de planeamento familiar. Os homens podem ser alcançados através dos locais de
trabalho, igrejas, reuniões comunitárias ou em casa (fora do horário normal de trabalho). Os meios de comunicação
de massa, tais como a rádio e a televisão são mais usadas para alcançar a população geral. Enquanto esses
canais podem ser organizados a nível nacional, mensagens para grupos específicos são melhor comunicadas
cara a cara.
Além do diálogo, comunicação interpessoal, que é mantido entre o técnico de saúde e o utente na unidade
sanitária, outros intervenientes como por exemplo o APE, o activista, a parteira tradicional, o líder religioso,
o praticante de Medicina tradicional, o professor e os estudantes, podem ter um papel importante para influenciar
determinados comportamentos e práticas.
Profissional de saúde: pode aproveitar quando a mãe leva a sua criança ao peso, para dialogar com a mãe ou
115
cuidadora sobre a importância das vacinas e o cumprimento do calendário de vacinação e da importância de
levar a criança regularmente, para receber outros serviços como o controlo do crescimento, a Vitamina A e o
Mebendazole.
O Líder religioso: pode partilhar mensagens chave com os seus crentes durante o culto ou promover discussões
sobre a importância da vacinação e outros assuntos relacionados, nos grupos de jovens, nos grupos dos homens
e nos grupos das mulheres( pertencentes às confissões religiosas). O líder religioso também pode fazer uso do
guião dos líderes religiosos para a promoção de saúde educação e protecção da criança, como instrumento para
apoiar o diálogo nas comunidades. Nas visitas domiciliárias, o líder religioso pode solicitar as famílias o cartão
de saúde das crianças para verificar se têm as vacinas, a Vitamina A, o mebendaxole e o controlo de peso em
dia. Caso não estejam em dia tem que referir à US.
O Líder comunitário: Durante as reuniões comunitárias pode aproveitar a ocasião para alertar as famílias
sobre a necessidade de levar as crianças à US para tomarem as vacinas e receber outros serviços. Nas visitas
que efectuar às casas dos vizinhos e familiares, poderá pedir o cartão de saúde da criança para verificar se a
mesma está com as vacinas o peso e entre outros serviços em dia. O praticante de medicina tradicional: poderá
perguntar aos seus utentes se as suas crianças têm as vacinas em dia, e se possível, pode pedir para ver o cartão
de saúde da criança e encaminha-la à US, caso necessário. Os praticantes que têm fichas de referência, poderão
fazer uso das mesmas para referir as crianças à US.
O APE: durante as visitas domiciliárias, poderá pedir as famílias para mostrar o cartão de saúde da criança a
fim de verificar se tem as vacinas, a Vitamina A e o peso em dia. Caso não tenha, poderá oferecer vitamina
A e encaminhar a criança à US para receber outros serviços.
Os professores: podem partilhar a informação com os alunos sobre os benefícios da vacinação e da lavagem
das mãos para a prevenção de doenças. Pode ainda estimulá-los para convencerem os pais a levar os seus
irmãos mais novos à US. As crianças quando bem orientadas podem funcionar como agentes da mudança.
Por forma a garantir que todos estes actores intervenham na promoção da vacinação é importante que o técnico
de medicina preventiva coordene com os mesmos, estabeleça mecanismos de monitoria e mantenha encontros
regulares.
Existem diferentes métodos através dos quais se pode motivar a participação comunitária. Recomenda-se o
uso de método de aprendizagem participativo e o diálogo. Estes métodos usam pequenos grupos de aprendizagem,
estudos de caso, simulações e dramatizações.
O método participativo tem várias vantagens: os participantes jogam um papel activo e tem maior probabilidade
de se recordarem do que tiver sido tratado durante a sessão. Este método é particularmente relevante para as
pessoas com baixa escolaridade. Outras vantagens desta abordagem são:
• Permite a descoberta de crenças e práticas das pessoas na comunidade
• Cria uma aproximação entre o profissional ou trabalhador da saúde e os participantes.
• Mostra o interesse e o respeito do trabalhador de saúde pela opinião dos participantes.
Torna o ambiente mais acolhedor. A técnica da dramatização consiste na encenação de um problema, por duas
ou mais pessoas, numa situação hipotética em que os papéis são vividos tal como na realidade. As pessoas
representam para elas mesmas a fim de adquirir capacidades de comunicação e de solução de problemas e
entender melhor a situação. Nestas representações, o trabalhador de saúde pode explorar os eventos sob
diferentes pontos de vista e desenvolver empatia pela comunidade. Por exemplo, um homem pode representar
116
o papel de uma mulher e assim entender as dificuldades e às pressões que elas enfrentam para a adopção de
práticas mais saudáveis.
Sem prejuízo das acções acima mencionadas, a visita porta a porta, quando bem executada, pode contribuir para
o aumento da cobertura vacinal e melhoria de outras actividades, particularmente de saúde materno infantil,
planeamento familiar, saneamento do meio e prevenção de doenças (Figuras 11.2 e 11.3).
A visita porta a porta deve sempre ser uma visita e não um acto de fiscalização. Deve ter por objectivo
esclarecer, sensibilizar e ouvir os problemas da população, num espírito de fraternidade e compreensão, com
a maior delicadeza e respeito pelos usos, costumes, crenças e tradições da população.
O visitante deve ter sempre em mente que ninguém nasce sabendo tudo e se a população não cumpre com
determinadas normas ou orientações definidas pelo Ministério da Saúde na área da vacinação, não deve ser
culpada por isso, pois não tem conhecimento suficiente sobre os benefícios de vacinação na prevenção de
doenças evitáveis por vacina. Sabe-se que uma grande percentagem dessa população não escuta rádio, não lê
jornais, não frequenta as reuniões do bairro nem tem Centro de Saúde e, por isso, merece uma atenção especial.
Não é aceitável uma visita de “corrida”, porque desse modo não é possível atingir o verdadeiro objectivo. É
fundamental tentar perceber quais são as práticas nessa comunidade e quais são as barreiras em relação à
procura dos serviços de saúde, particularmente na área de saúde da criança, cuidados pré-natais, higiene e
saneamento. Na base dessa informação, deve-se conduzir o diálogo sobre as questões que se pretende melhorar.
117
Figura 11.2: Ficha de registo para a visita porta-a-porta (face anterior)
118
Figura 11.3: Ficha de registo para a visita porta-aporta (face posterior)
119
11.10.3 Em que áreas de prevenção deve incidir a visita porta a porta?
Sempre que possível, além do PAV, deve-se priorizar as consultas pré-natais, partos institucionais, consultas
preventivas da criança (consultas de crescimento), TP e higiene e saneamento do meio ambiente.
A população irá, certamente, apresentar problemas de outras áreas de saúde, que deverão ser escutados e
registados e transmitidos superiormente para a sua resolução.
No fim da visita, devolver os Cartões e as guias de referência que tenham sobrado à US.
1. Se a população do bairro é conhecida, deve-se calcular o grupo-alvo de crianças menores de cinco anos
de idade, de mulheres grávidas, das MIF's e , de acordo com o n.º dos que não cumprem com as normas
120
estabelecidas para cada grupo, calcular a sua percentagem, analisando-a, para conhecer o grau de participação
da população na procura de cuidados de saúde no bairro visitado.
Exemplo:
N.º da população do Bairro = 30.000 habitantes
N.º de crianças menores de 5 anos = 30.000 x 17.1% =5.130
N.º de grávidas previstas = 30.000 x 5% = 1.500
Crianças que não cumprem com as datas de vacinação e as que nunca foram à vacinação = 800
Crianças que não vão ao peso = 3.550
Mulheres Grávidas faltosas às CPN ou que nunca a frequentaram = 750
Assim, vamos apresentar um exemplo de crianças menores de um ano de idade, quanto ao seu estado
de vacinação.
Isto significa que, em cada 100 crianças daquele bairro, 16 destas as mães não cumprem com a vacinação.
2. Quando o n.º da população do bairro não é conhecido, para o cálculo da percentagem das crianças cujas
mães não cumprem com o calendário de vacinação, utiliza-se a média de pessoas por família que, em
Moçambique, varia de 5 - 6 pessoas.
Exemplo:
N.º de casas visitadas = 5.000
N.º médio de pessoas por família = 6
N.º da população = 5.000 x 6 = 30.000 habitantes
É preciso calcular a percentagem de casas com latrinas, utilizando o n.º de casas com latrinas dividido pelo
n.º total de casas visitadas. Proceder da mesma maneira em relação ao cálculo de casas com lixo.
É importante calcular a percentagem de faltosos que responderam à VPP. De salientar que o impacto esperado neste
tipo de visitas é o aumento da demanda pelos serviços de vacinação, Vitamina A, Mebendazole, controlo de peso
e o aumento de número de mulheres que procuram os cuidados de saúde pré-natais
Atenção
• A visita porta a porta é uma experiência longa que já deu resultados muito positivos. Está mais do que provado que a visita
porta a porta é uma metodologia eficaz para a mobilização da população porque permite uma comunicação directa com a mãe
da criança na sua própria casa, onde ela facilmente pode compreender as mensagens de saúde transmitidas pelo visitante.
• Vale a pena o esforço!
121
122
CADEIA DE FRIO
As vacinas são sensíveis ao calor e ao congelamento, devendo, por isso, serem conservadas em temperaturas
correctas desde a altura em que são produzidas até ao uso. O sistema usado para manter e distribuir a vacina
em boas condições (manter a potência da vacina) é chamado de cadeia de frio (Figura 12.1). A cadeia de frio
consiste em uma série de relações de armazenamento e transporte, desenhados com o objectivo de manter as
vacinas dentro de temperaturas aceitáveis até alcançar os grupos alvos. Falhas em qualquer um dos pontos da
cadeia de frio pode tornar a vacina inútil. Mesmo pequenas, exposições a temperaturas adversas pode ser
prejudicial, pois o efeito é cumulativo.
Farmaceutica/
Figura 12.1: Cadeia de frio Fabricante
Estatísticas e
Estimativas anuais
Aeroporto
Análise
Unidade sanitária
Mulheres e crianças
O calor e a luz solar destróem ou reduzem a eficácia de todas as vacinas. As vacinas da Pólio, Sarampo e BCG
são mais rapidamente destruídas pelo calor por este matar as partículas vivas que as vacinas contém. O
congelamento destrói a DPT/Hepatite B e a VAT. Estas vacinas quando congeladas formam grânulos que não
se dissolvem mesmo depois de agitados fortemente (Figura 12.2).
Devido à sensibilidade das vacinas à temperaturas adversas, deve-se prestar uma atenção crítica às temperaturas
de conservação recomendadas para cada tipo de vacina em todos os estágios de transporte e durante o
armazenamento.
125
Manter a cadeia de frio requer que as vacinas e o diluente sejam:
• Colectadas do fabricante ou do aeroporto logo que estejam disponíveis.
• Transportadas entre os +2ºC e os +8ºC do aeroporto ou de um depósito para o outro.
• Conservadas a temperaturas correctas no depósito central, provincial, distrital e nas unidades sanitárias.
• Transportada entre os +2ºC e os +8ºC para as brigadas móveis e durante as sessões das brigadas móveis.
• Mantidas entre os +2ºC e os +8ºC durante as as sessões de vacinação; e
• Mantidas entre os +2ºC e os +8ºC durante o regresso das sessões das brigadas móveis para a unidade
sanitária.
O equipamento usado na cadeia de frio deve ser de qualidade e quantidade apropriada para permitir uma
conservação correcta da vacina á medida que ela vai de um estágio da cadeia de frio para o outro até alcançar
o consumidor final.
É importante notar, como referenciado na capítulo 4, que certas vacinas podem ser conservadas a temperaturas
diferentes conforme se trate de depósito central, provincial, distrital ou da unidade sanitária. A tabela 12.1 as
diferentes temperaturas recomendáveis para a conservação das vacinas nos diferentes pontos da cadeia de frio.
Os diferentes níveis dentro do sistema de saúde necessitam de diferentes equipamentos de frio para o transporte
e conservação das vacinas e diluentes a temperaturas correctas. Por exemplo, os nívelis central e provincial
usam câmaras de frio, congeladores, caixas isotérmicas maiores e, às vezes, camiões com refrigerador para
transporte das vacinas. As unidades sanitárias necessitam de geleiras com um comparti-mento de congelamento,
caixas isotérmicas médias e pequenas de mesa.
126
12.1.3 Armazenamento da vacina na câmara de frio
• As vacinas devem ser guardadas nas prateleiras.
• É aconselhável arrumá-las por ordem de expiração para evitar a possibilidade de algumas vacinas
expirarem antes de serem usadas.
• As câmaras de frio não devem ser superlotadas. As vacinas devem ser arrumadas com espaço adequado
entre elas para permitir a circulação adequada de ar.
- Cuidados semanais
• Deve-se testar o alarme que indica a mudança para temperaturas adversas.
• Deve-se testar o gerador desligando a fonte principal de corrente e deixando-o funcionar durante 5
minutos.
- Cuidados mensais
• Mensalmente os técnicos de frio devem fazer a manutenção da câmara de frio.
• Quando necessário, deve-se solicitar urgentemente a peça sobressalente para o funcionamento adequado
da câmara de frio.
O sistema de compressão cricula o ar muito rapidamente e assim tem maior efeito de arrefecimento do que o
sistema de absorção. A temperatura no interior do refrigerador é controlada por um termostato automático que
liga e desliga o compressor de acordo com a temperatura desejada.
O termostato pode ser girado para temperatura mais quente ou mais fria conforme necessário. O mínimo dá a
temperaturas mais quente e o máximo a temperatura mais fria.
Os refrigeradores do tipo compressão consomem muita energia eléctrica para arrancar, mas também necessitam
constantemente de supremento de energia, para funcionar, em situações de voltagem baixa e não estável. Isto
limita a sua utilização aos locais onde haja suprimento de energia eléctrica fiável.
127
e a água num sistema fechado de tubos. No evaporador dentro do refrigerador o fluído de amônia converte-
se em gás, que absorve o calor do ar interior. À medida que o gás circula para fora do refrigerador onde condensa
em líquido, liberta o calor para o ar exterior.
Os refrigeradores do tipo absorção são menos eficientes do que os do tipo compressão por causa da fraca
circulação do refrigerante, mas são muito mais recomdáveis para os locais onde haja energia fraca e pouco
fiável. Nestes casos deve-se usar refrigeradores a petróleo ou a gás.
Compartimento de
congelação
Refrigerador horizontal do tipo compressão,
eléctrica com câmara de congelação
Compartimento de
refrigeração
Abertura superior:
Rede elétrica, bateria
solar ou energia direta Compartimento de
solar revestida de gelo congelamento
(em alguns modelos)
Compartimento de
conservação de vacinas
128
Figura 12.4: Refrigerador horizontal do tipo compressão
Abertura superior:
Gás ou Petróleo Compartimento de
congelamento
Compartimento
de vacinas
129
12.2.5 Arrumação da vacina no refrigerador
Nos refrigeradores verticais, o espaço do refrigerador é composto por prateleiras onde são arrumados os
pacotes de vacinas. Os pacotes devem ser colocados de forma a manter uma distância aproximada de dois
dedos entre uma caixa e outra e com uma distância idêntica das paredes da geleira, de modo a permtir a livre
circulação do ar frio, conforme mostra a Figura 12.6.
Os refrigeradores horizontais têm dois compartimentos, sendo um para congelação e outro para a refrigeração
das vacinas, divididos por um separador plástico que serve para impedir o congelamento das vacinas.
As vacinas anti-pólio, anti-sarampo e BCG devem ser colocadas próximas do separador, por ser a zona mais
fria. A DPT/Hepatite B e a VAT devem ser colocadas depois das vacinas acima referidas, mais afastadas do
separador.
Atenção
Use sempre primeiro as vacinas que estão há mais tempo na geleira, observando sempre as datas de expiração e o
estado do monitor do frasco de vacina (VVM), se existir (ver interpretação do VVM no capítulo 13).
130
Figura 12.5: Arrumação da vacina num refrigerador vertical
131
Figura 12.6: Arrumação da vacina numa geleira horizontal
Atenção
Nunca coloque mais do que 6 acumuladores grandes ou 10 acumuladores pequenos por dia
132
12.3 CAIXAS ISOTÉRMICAS
As caixas isotérmicas são usadas para conservar as vacinas frias durante o transporte. Estes contentores são
desenhados para manter o ar frio dentro e prevenir a entrada de ar quente. Por isso, durante o trans-porte da
vacina, deve-se evitar abrir esses contentores.
Apesar de todo este cuidado, é recomendável que estas vacinas sejam embrulhadas com material leve e não
sejam colocadas em contacto com os acumuladores para evitar o risco de congelamento.
Para representação esquemática da arrumação da vacina numa caixa isotérmica, veja a figura 10 no capítulo
9.1.7.
Para conservação de vacinas já preparadas para aplicação, durante uma sessão de vacinação, utiliza-se uma
caixa isotérmica pequena “RCW2”.
12.4 ACUMULADORES
Os acumuladores são contentores plásticos que se enchem de água ou gelatina. São colocados na câmara
frigorífica para congelarem antes de serem usados nas caixas isotérmicas para o transporte e conservação de
vacina.
Durante a sessão de vacinação, os frascos de vacina são colocados nos acumuladores para evitar que se abra
frenquentemente as caixas isotérmicas, o que subiria facilmente a temperatura interna.
Assegure-se de que as tampas dos acumuladores estão bem fechadas para que a água não pingue. Os acumuladores
devem ser preenchidos de líquido até cerca de um dedo do topo ou até á marca perto do topo do acumulador,
para permitir a expansão da água.
133
Figura 12.7: Caixa isotérmica média / grande
134
MONITORES DO SISTEMA DE CADEIA DE FRIO
Existem diferentes instrumentos usados na monitoria do sistema de cadeia de frio. Os mais comuns são os
termómetros, os cartões monitores, o Monitor do frasco de vacina (VVM) e relógio de congelamento.
Adicionalmente, quando se suspeita de congelamento de vacina, também usa-se o teste de agitação.
O registo de temperatura é feito diariamente duas vezes ao dia, de manhã e a tarde, usando instrumentos de
medição de temperatura chamados termómetros. A temperatura é registada em fichas especialmente desenhadas
para o efeito (vide a ficha 13.1, no anexo xx). Esta tarefa é muito importante dado que qualquer falha no
funcionamento do refrigerador poderá ser detectada precocemente e tomadas medidas imediatamente, através
do reajustamento do termostato. Isto irá evitar a perda da vacina ou a administração de vacina que tenha sido
exposta a altas temperaturas.
Em caso de não possuir a ficha na Unidade sanitária, poderá recorar a pagina para copiar ficha para garantir
a monitoria da temperatura da geleira.
137
Figura 13.1: Fridge-tag
Log-tag (figura 13.2) - Serve para ilustrar do gravador ou com mais detalhes, baixando os dados registrados
através de cabo USB LogTag para um computador .
Indicadores eletrônicos de congelamento (Figura-13.4): são pequenos dispositivos digitais que são colocados
com vacinas sensíveis ao congelamento durante o transporte ou armazenamento (veja a Figura 13.4). Os
dispositivos têm um indicador visual que mostra se a vacina foi exposta ao congelamento temperaturas. Uma
vez que o indicador de alarme é acionado, o dispositivo não é mais utilizável e deve ser descartado. Caso
contrário, dispositivo pode ser usado até que a bateria interna expire.
138
Figura 13.3: Freeze-tag
Todas as vacinas usadas pelo PAV tem o respectivo monitor de frasco de vacina. Os monitores de frascos de
vacinas líquidas situam-se na parte lateral (cilíndrica) do frasco de vacina, enquanto o monitor das vacinas
liofilizadas (em pó), situa-se na parte superior (topo) do frasco de vacina (Figura 13.7).
VVM
VVM
VVM
VVM
139
Os monitores de frascos de vacinas VVM são os únicos dispositivos usados para rotinamente monitorar a
exposição ao calor das vacinas em toda a cadeia de frio. Um VVM é um rótulo indicador químico estampado
no frasco da vacina, pelo fabricante da mesma. A medida que o frasco da vacina vai percorrendo a cadeia de
frio, o VVM regista sua exposição cumulativa ao calor por meio de uma mudança gradual na sua cor. Se a cor
do quadrado interno do VVM for a mesma ou mais escura que o círculo externo, significa que a vacina foi
exposta a muito calor e deve ser descartada (Figura 13.5).
O principal objectivo do VVM é garantir que as vacinas danificadas pelo calor, não possam ser administradas.
O estágio do VVM também é usado para decidir quais vacinas podem ser seguramente mantidas após a
ocorrência de uma quebra na cadeia de frio, minimizando assim o desperdício desnecessário de vacinas. Além
disso, o estágio do VVM ajuda ao técnico do PAV decidir sobre qual vacina deve ser usada. O lote de vacinas
que mostrar exposição significativa ao calor, deve ser o primeiro a ser distribuído e usado, de seguida o lote
que mostrar menor exposição ao calor, mesmo que o seu prazo de validade seja longo.
O VVM deve sempre ser verificado e registrado manualmente na ficha de controle de chegada das vacinas na
unidade sanitária. O técnico do PAV deve verificar o VVM antes de abrir o frasco da vacina, para ver se a
vacina foi danificada pelo calor. Use o frasco apenas se a data de validade não tiver passado e se o quadrado
interno do VVM estiver com a cor mais clara do que o círculo externo.
Atenção
O VVM não mede a exposição a temperaturas de congelamento. Se a vacina estiver congelada, deve fazer o teste
de agitação
Ponto de
Cor inicial descarte
A cor inicial do interior do VVM nunca é branco puro, é sempre Além do ponto de
levemente púrpura e começa a ficar mais clara que o círculo externo. descarte. As cores
Deste ponto em diante, o quadrado interno começa a aumentar a quadradas são mais
tonalidade da cor, até que a temperatura e ou a duração do calor escuras do que o
atinjam um nível que degrada a vacina, momento em que o ponto círculo externo
de descarte do VVM fica evidente
140
13.5 TESTE DE AGITAÇÃO (SHAKE TEST)
É um teste simples que pode ser feito em qualquer estágio da cadeia de frio. A velocidade de sedimentação
de um frasco suspeito de ter congelado é comparada com a de um frasco similar de DP/Hepatite B ou VAT
que se sabe tenha sido conservado a temperaturas correctas.
141
Figura 13.6: Comparação do frasco deliberadamente congelado e o frasco suspeito
Se os sedimentos no
frasco suspeito se
depositarem mais
lentamente, a vacina
suspeita pode ser usada
Sedimento
espesso NÃO USE ESTA
VACINA
Quase claro
Se os sedimentos no
frasco suspeito
assentarem na mesma
proporção, a vacina
suspeita NÃO pode ser
usada
142
GESTÃO DA VACINA
As estimativas anuais para o procurement da vacina para todo o país são feitas pela unidade central do PAV
numa base anual. Estas estimativas têm em conta:
• Se houve rupturas de stock.
• O aumento da população menor de 1 ano.
• O desperdício de vacina.
O pedido é enviado ao Centro de Medicamentos e Artigos Médicos (CMAM) do MISAU e ao UNICEF, que
facilitam processo de procurement para todo o programa de vacinação.
Antes da vacina chegar ao país, normalmente recebe-se um fax no depósito central do PAV dando a seguinte
informação:
• Tipo de vacina a ser desembarcada.
• Número de frascos ou doses esperadas.
• No de voo.
• Hora de partida do país de origem.
• Hora de chegada ao país receptor (neste caso, Moçambique).
• No do Airway Bill (AWB).
• No de embalagens esperadas e o peso bruto.
Assim, é importante calcular a quantidade exacta de vacina necessária para cada unidade sanitária.
145
• B =Calcular o grupo-alvo em %.
• C = Estimar a cobertura esperada.
• D =Calcular o número de doses a serem administradas.
• E = Estimar a quantidade de vacina necessária.
• F=Estimar o desperdício (converter em factor de desperdício).
• G = Calcular a quantidade de vacina incluindo o desperdício.
• H = Estimar o stock de segurança, normalmente 25% de G.
• I =Calcular a quantidade total de vacina incluindo o stock de segurança.
• J =Calcular o número de frascos de vacina, tendo em conta que a vacina sempre
• vem em frascos.
Tendo em conta os passos acima, a seguinte fórmula é usada para o cálculo da quantidade de vacina necessária:
E= BxCxD
No país foi estabelecido que o desperdício ocorre aos seguintes níveis para as diferentes vacinas:
BCG 50%
VAP 20%
Sarampo 30%
DTP/Hepatite B 20%
VAT 25%
Qualquer taxa de desperdício pode ser convertida em factor de desperdício aplicando a seguinte fórmula:
Por exemplo, para converter uma taxa de desperdício de 40% em factor de desperdício, fica:
Uma vez calculado o fator de desperdício, calcula-se a quantidade de vacina necessária incluindo o desperdício
(G), usando a seguinte fórmula: G = E + F
Segue-se o cálculo do stock de segurança (H), que corresponde a 25% da vacina calculada na alínea anterior
(G). Assim, teremos: H = G x 25%
146
Finalmente, a quantidade total de vacina (I) necessária para o distrito será dada pela soma da quantidade de
vacina incluindo o desperdício (G) com o stock de segurança (H), isto é, I = G + H.
Exemplo de cálculo de necessidades em vacinas para um distrito com uma população total de 35.000
habitantes.
Ou seja, 2660 + 665 = 3.325 doses de BCG necessárias para todo o ano no distrito.
Como a BCG vem em frascos de 20 doses cada, divide-se a quantidade total de vacina calculada (I) em doses
por 20, para saber quantos frascos de vacina (J) são necessários.
Assim teremos: J = I / 20
Frascos de BCG = 3.325/20 = 166,25 frascos, arredondados para 167 frascos de BCG.
147
Ou seja, 3.780 x 1,25 = 4.725
H = Estimar o Stock de Segurança, geralmente 25% de G
Ou seja, 4.725 + 1.181 = 5.906 doses de DPT/Hepatite B necessárias para todo o ano no distrito.
Como a DPT/Hepatite B vem em frascos de 10 doses cada, divide-se a quantidade total de vacina calculada
(I) em doses por 10, para saber quantos frascos de vacina (J) são necessários.
Assim teremos: J = I / 10
Ou seja, Frascos de DPT/Hepatite B = 5.906/10 = 509,6 frascos, arredondados para 510 frascos de DPT/Hepatite B.
K (Total seringas AD) = (E (número de doses de vacina) + H (stock de segurança) ) x 1,11 onde:
1,11 é o factor de desperdício corresponde à taxa de desperdício de 10%, geralmente considerado o valor
máximo aceitável para o desperdício de seringas.
E = 1.330
H = 665
Taxa de desperdício para seringas, 10% ~ FD = 1,11
Ou seja, K (Total Seringas AD) = (1.330 + 665) x 1,11 = 1995 x 1,11 = 2.215 Seringas AD para a BCG
E = 3.780
H= 1.181
Taxa de desperdício para seringas, 10% ~ FD = 1,11
Ou seja, K (Total Seringas AD) = (3.780 + 1.181) x 1,11 = 4.961 x 1,11 = 5.507 Seringas AD para a DPT/Hepatite B.
Nota: para obter o número total de seringas autodestrutíveis (AD) para injecção, é necessário somar a quantidade de
seringas AD necessárias para cada vacina. Considerando que na aplicação das vacinas DPT/Hepatite B, VAS e VAT,
usa-se o mesmo tipo de seringas de 0,5 ml, o total de seringas AD de 0,5 ml será:
No caso da BCG, porque usa seringas AD de graduação diferente de qualquer outra vacina, a quantidade total
necessária deve ser considerada separadamente. Assim, para a BCG teremos:
148
Total seringas AD (0,05 ml) = Seringas AD (calculadas para a BCG).
3.325
Logo, L (Total des seringas de diluição) = ------------------ x 1,11 = 166 x 1,11
20
= 185 seringas de diluição só para a BCG são necessárias para todo o ano no distrito.
A vacina DPT/Hepatite B não necessita de seringas de diluição, por isso não são aqui calculadas.
Nota: para obter o número total de seringas de diluição (SD) para todas as vacinas injectáveis liofilizadas
(BCG e VAS), é necessário somar a quantidade de seringas de diluição (SD) necessárias para cada vacina, isto
é, Total SD = SD (BCG) + SD (VAS).
Todas estas necessidades podem ser resumidas numa tabela de acordo com cada tipo de seringas, como no
exemplo a seguir:
Tabela 14.1 Tipos de vacina e respectivas seringas
Tipo de vacinas Tipo de seringas Total
BCG 0,05 ml
DPT Hepatite B, VAS e VAT 0,5 ml
Para diluição 5 ml
K+L
M (Número de caixas incineradoras) = ------------------------- x 1,11
100
149
onde,
5.507
M (Número de caixas incineradoras) = ---------------------------------- x 1,11
100
Nota: para obter o número total de caixas incineradoras (Cx Inc) para todas as vacinas injectáveis (BCG,
DPT/Hepatite B, VAT e VAS), é necessário somar a quantidade de caixas incineradoras necessárias para cada
vacina, isto é, Total Cx Inc = Cx Inc (BCG) + Cx Inc (DPT/Hepatite B) + Cx Inc (VAT) + Cx Inc (VAS).
Os cálculos acima apresentados sobre a estimativa das necessidades podem ser resumidos na tabela seguinte:
150
Tabela 14.2 Cálculo das necessidades em vacina da BCG e respectivos materiais de injecção segura
151
Tabela 14.3 Cálculo das necessidades em vacina da DPT/Hepatite B e respectivos Materiais de injecção segura
Nota:
No cálculo das necessidades há que ter sempre em conta o número de doses necessárias para cada tipo de
vacina
152
14.2 REQUISIÇÃO DE VACINA
O período de abastecimento é trimestral para os níveis central e provincial, e mensal para os níveis distrital e
de unidade sanitária.
Para os níveis central e provincial, as necessidades de vacina para o período serão calculadas dividindo a
quantidade anual por 4 (o ano tem 4 trimestres). Para os níveis distrital e de unidade sanitária as necessidades
da vacina para o período serão calculadas dividindo a quantidade anual por 12 (o ano tem 12 meses).
Quantidade total calculada da vacina BCG: 3.325 ~ 3.340 (os frascos são de 20 doses cada)
Quantidade total calculada da vacina BCG: 3.325 ~ 3.340 (os frascos são de 20 doses cada)
Período de Abastecimento
Período de abastecimento trimestral, logo: 3.340/4 = 835 ~ 840 doses por trimestre.
Período de abastecimento mensal, logo: 3.340/12 = 278,3 ~ 280 doses por mês.
Os níveis de stock críticos compreendem o stock máximo, o stock mínimo e o ponto de requisição.
O stock máximo é a quantidade trimestral ou mensal calculada como ilustrado na alínea anterior, conforme
se trate de depósito central/provincial ou distrital/unidade sanitária, respectivamente.
Assim, continuando com o exemplo acima para a BCG, para o nível distrital/US o stock máximo mensal
é:
O stock mínimo corresponde ao stock de segurança, geralmente considerado 25% das necessidades reais. É
importante recordar que no cálculo da quantidade total anual da vacina já estão incluídos os 25% do stock de
153
segurança (ver alínea H da tabela de cálculo das necessidades em vacina e materiais de injacção). Assim, 25%
de 280 doses correspondem ao stock de segurança, isto é,
Isto significa que a quantidade real de vacina necessária é igual a 280 - 70 = 210 doses.
Ponto de Requisição
Para calcular o ponto de requisição usa-se a quantidade real necessária. Continuando com o exemplo da
BCG, teríamos:
280 - 70 = 210 doses de BCG é a quantidade real de vacina necessária por mês
Neste caso é necessário ter-se uma idéia de quanto tempo é necessário para o carro ir até ao depósito provincial
ou distrital e voltar. Para fins práticos adota-se o tempo de uma semana, considerando que o mês tem 4
semanas. Isto significa que quando sobrar quantidade de vacina para uma semana, deve-se fazer uma nova
requisição. Este é o ponto de requisição.
210/4 = 52,5 ~ 53 doses de BCG correspondem ao ponto de requisição; como os frascos de BCG são de
20 doses, pode-se arredondar para 60 doses.
Isto significa que quando sobrarem 60 doses de BCG (ponto de requisição) + as 70 doses do stock de
segurança, o responsável do PAV no distrito ou na unidade sanitária, deve fazer uma nova requisição da vacina
BCG. Enquanto o carro vai trazer a nova vacina, ele/ela vai usando ao longo da semana as 130 (60+70) doses
que sobram. Assim, teoricamente, até á altura em que o carro chegar com a nova vacina, o responsável do PAV
terá no seu depósito cerca de 70 doses de BCG, correspondente ao stock de segurança. É importante notar que,
em condições normais, o stock de segurança é igual em todos os meses, isto é, é sempre de 70 doses, neste
exemplo.
Qunat. Requisitar (Qreq) = Stock Máximo (S Max) - Stock Disponível (S Disp) + Ponto de Requisição (Preq)
Nota: o stock disponível é a quantidade de vacina existente em stock na altura em que se emite a requisição.
Pode ser encontrado através da contagem física ou calculado subtraindo do stock máximo o total da vacina
gasta , ou seja:
Stock Disponível (S Disp) = Stock Máximo (S Max) - Total Vacina Gasta (Aviada + Perdas).
154
Outro exemplo ainda com a BCG para o nível do distrito/US:
Os mesmos passos são usados para calcular as necessidades a requisitar para outras vacinas e materiais de
vacinação.
Nota:
Para controlar a quantidade de vacina recebida no depósito distrital e distribuída às unidades sanitárias e manter
o controle da vacina à medida que é entregue ao pessoal do PAV, é necessário manter os registos. Esses registos
mostrar-lhe-ão imediatamente:
• Que quantidade de cada vacina se encontra no refrigerador.
• A data de expiração de cada vacina.
• Que vacinas foram aviadas aos centros de saúde e dispensários.
• Que vacinas foram devolvidas pelos centros de saúde e dispensários.
• Quanta vacina foi aviada para o depósito distrital ou unidade sanitária e as datas.
155
Figura 14.4: Ficha de requisição de vacina para os níveis provinciais, distritais e de unidade sanitária
Estes dados devem ser guardados numa ficha de registo de stock de vacina, usando uma ficha separada para
cada tipo de vacina. Para tal, pode-se usar, por exemplo, um livro de registo de stock de vacinas e materiais
recebidos ao longo do ano. Proceda da seguinte maneira:
• Divida o livro em secções separadas de várias páginas para cada tipo de vacina ou outro material ou
equipamento usado.
• Prepare tabelas para cada vacina e identifique as colunas com na tabela 12. As páginas frontais do livro
são usadas para registar os detalhes de cada vacina ou seringas AD ou diluente ou outro material/equipa-
mento.
• Para cada vacina recebida ou aviada, deve-se registar todos os detalhes incluindo o número de lote, a
data de expiração, o estado do monitor do frasco de vacina (VVM), a quantidade, etc.
• Depois de cada recepção ou aviamento, deve-se calcular e registar o stock em balanço. O balanço
registado deve ser verificado periodicamente a intervalos regulares, através de contagem física, por
exemplo, uma vez por mês no nível distrital e de unidade sanitária, e trimestralmente nos depósitos
provincial e central.
156
Figura 14.5. Ficha de controle de stock de vacinas e materiais de vacinação
As vacinas não são rotineiramente enviadas para o teste a menos que uma grande quantidade tenha sido exposta
a uma falha da cadeia de frio. Não é econômico testar pequenas quantidades.
A potência e segurança das vacinas são testadas pelo fabricante antes de serem liberadas para o mercado. É
mandatório que os protocolos de produção sejam devidamente assinados pela Autoridade Nacional de Controle
Laboratorial e sejam submetidos com cada lote recebido pelo depósito central. Esses protocolos devem conter
todos os detalhes dos testes realizados e devem incluir os testes de esterilidade, testes de inocuidade, considerações
finais, testes de identidade e datas de expiração de cada lote.
Devido aos custos e complexidade envolvidos no teste das vacinas, a OMS forneceu um guião sobre a quantidade
de vacina sob suspeita que justifique um teste (tabela 1a.4).
157
Tabela 14.4. Informação para testar a potência da vacina
Nr. de doses Nr de doses Tempo em que se Condições de
Vacina envolvidas necessárias para o espera a resposta transporte
justificando teste (permitindo testes
um teste repetidos)
Nota: não é normal levar vacina de uma unidade sanitária para ser testada. A quantidade é muito pequena para
justificar o custo de transporte e do teste.
Algumas vezes é necessário testar a potência das vacinas em uso num programa de vacinação, particularmente
quando se suspeita de sua potência.
As amostras a serem testadas devem ser colhidas nos pontos onde é mais provável a cadeia de frio estar
enfraquecida. Essas amostras devem ser claramente identificadas com a data, o local e o nome da pessoa que
as colheu. As amostras são depois embrulhadas, colocadas numa caixa isotérmica com acumuladores e enviadas
ao laboratório onde serão testadas. Os resultados obtidos irão ditar as acções subsequentes.
158
MANUTENÇÃO DOS REFRIGERADORES
O refrigerador deve ser ligado num estabilizador da corrente eléctrica para se evitar os danos que podem advir
da oscilação da corrente eléctrica.
O refrigerador possui um botão com números ou palavras (máximo e mínimo) para regular o seu funcionamento
de acordo com a temperatura que se deseja. Para tal, gire lentamente o botão, mas sem se esquecer que nem
sempre o número mais alto corresponde à temperatura mais fria. Em caso de dúvidas, veja o manual de instruções
para uso de refrigeradores. É necessário aguardar, pelo menos uma hora, antes de verificar a nova temperatura.
Atenção
Em caso de falta de energia eléctrica, evite que a temperatura dentro do refrigerador suba até a um nível perigoso
(acima de 8ºC.). Não permita que a porta seja aberta.
É de extrema importância providenciar de imediato, a transferência das vacinas para uma camara lenta, se
existir, ou para uma unidade sanitária mais próxima, onde haja uma geleira a funcionar devidamente.
Alternativamente, transfira as vacinas simplesmente, para uma caixa isotérmina com um número considerável
de acumuladores de gelo, obedecendo sempre à regra de arrumação de vacinas na caixa isotérmica.
161
15.1.2 Manutenção do refrigerador eléctrico:
162
Figura 15.1: Causas frequentes de mau funcionamento dos refrigeradores eléctricos
163
Causas mais frequentes do mau funcionamento dos refrigeradores eléctricos (Continuação)
164
15.2 REFRIGERADOR (GELEIRA) SOLAR
Este tipo de refrigerador funciona através da energia solar. O refrigerador solar é a melhor solução para as
áreas onde não há perspectivas de abastecimento de energia eléctrica, a curto prazo, mais distantes e de difícil
acesso aos centros de abastecimento de petróleo.
Os apontamentos que se seguem limitam-se a descrever, de uma forma simples, a constituição do sistema solar
bem como os cuidados de manutenção essencial, não dispensando a leitura e consulta do manual próprio de
cada marca e fabricante, onde todas as questões são apresentadas de uma maneira pormenorizada.
O colector captura a energia do sol, através dos painéis, passa-a em forma de electricidade para o regulador,
no refrigerador. O regulador controla o fornecimento de energia para a bateria assim como o fluxo da energia
do colector ou bateria, para as partes móveis do refrigerador.
O colector solar pode ser montado no telhado (tecto) ou no solo onde não haja nenhum obstáculo que faça
sombra durante o dia, no inverno ou verão (árvores, prédio, etc.)
As duas luzes na parte da frente do refrigerador, funcionam quando a bateria tiver pequena quantidade de
energia.
• A Luz Amarela, quando acende, é o sinal de que não deve-se congelar os acumuladores de gelo.
• A Luz vermelha, quando acende, é o sinal de que a bateria não têm energia para manter em funciona-
mento o refrigerador.
A Unidade de “controlo danfoss” retira a energia disponível da bateria e do colector solar e usa-a para operar
o motor no compressor.
O Sensor de temperatura verifica se o compartimento das vacinas têm a temperatura correcta. Se aquecer
demais, o sensor actuará sobre o regulador permitindo que o compressor funcione para arrefecer o refrigerador.
Quando o refrigerador estiver suficientemente frio, o regulador desliga o compressor, cortando o fornecimento
de energia no referido refrigerador.
Normalmente, o compressor funciona durante 20 minutos e depois desliga-se durante um período de tempo.
O tempo de inactividade depende muito da temperatura do local onde o refrigerador se encontra instalado e
da rapidez de aquecimento do conteúdo do refrigerador.
Quando o refrigerador estiver a congelar os acumuladores de frio, o período de ligação do compressor prolongar-
se-á durante muitas horas até os mesmos acumuladores ficarem congelados. Aí começa, de novo, o ciclo do
compressor (de arranque-paragem).
O Interruptor de descongelamento permite parar o fluxo de energia para o compressor. Terá de o utilizar
quando precisar de descongelar a bandeja para retirar o gelo que aí se tenha acumulado.
165
Figura 15.2: Peças móveis do refrigerador solar
Importante: Mesmo com o interruptor de descongelação desligado (OFF), os circuítos ainda continuam com
potência. Não toque em qualquer peça eléctrica.
Atenção
A instalação do refrigerador e das baterias não pode ser feita num lugar onde a luz do sol incide directamente em
qualquer altura do dia. O espaço livre entre o refrigerador e as paredes, prateleiras ou tecto deve ser de, pelo menos,
30 cm em cada sentido.
15.2.1.2 Interruptores
Existem normalmente dois tipos de interruptores, um da bateria que actua para a desligar o refrigerador quando
a corrente eléctrica fornecida for demasiadamente forte e outro de descongelamento, que desliga o fornecimento
de energia para o compressor (o refrigerador aquece lentamente e põe o gelo a derreter).
Para verificação da temperatura no compartimento das vacinas é necessário:
• Registe a temperatura duas vezes por dia.
• Este registo deve ser feito com a âmpola do termómetro perto do termostato do refrigerador e a tampa
fechada durante, pelo menos, uma hora antes do registo.
• Coloque as vacinas no refrigerador respeitando as condições.
• Verifique sempre a temperatura do refrigerador (deve estar entre + 2ºC a + 8ºC).
• Coloque as vacinas somente no compartimento reservado para tal.
• Deixe espaço livre entre as vacinas (as que estiverem nas paredes do refrigerador), para circulação de ar.
• Não encha demais o compartimento de vacinas.
• Coloque as vacinas no refrigerador de acordo com a data de validade mais longa por baixo das vacinas
com a data de validação mais próxima (primeiras a serem usadas).
• Nunca guarde alimentos ou bebidas no refrigerador. Colocar apenas pacotes de gelo (condição a
respeitar).
• Coloque os acumuladores de frio na respectiva bandeja.
• Coloque os novos acumuladores de frio sempre nas manhãs.
• Se o refrigerador tiver a luz de aviso acesa, não congele os acumuladores de frio.
166
15.2.2 Cuidados com o sistema
15.2.2.1 Tarefas diárias Verificar e registar a temperatura do refrigerador, todas as manhãs e todas as
tardes.
• Verificar a ventilação, a grelha de ventilação pode estar bloqueada.
• Verificar as luzes de aviso.
Atenção
Não use escovas metálicas ou com partes metálicas junto dos circuítos eléctricos, bem como joalharia pessoal ( anéis,
relógio, pulseira de metal, etc.).
Atenção
As baterias contêm ácido que pode causar lesões em contacto com a pele ou com os olhos. Portanto, é necessário
confirmar se as baterias estão colocadas num local seguro e inacessível a crianças. Nunca aproximar das baterias
qualquer objecto ou material que provoque chama (fogo), porque os gases podem incendiar e provocar uma explosão.
167
168
PLANIFICAÇÃO
Entende-se por planificação um conjunto de acções orientadas para alcançar objectivos bem definidos. Pode-
se ainda chamar planificação à operação de coordenar na totalidade todas as de acções preventivas ligadas à
vacinação na comunidade, para alcançar o objectivo geral do PAV,que consiste em de reduzir a morbi-
mortalidade por doenças preveníveis pala por vacinação através do alcance das coberturas vacinais acima de
de 90% a nível nacional.
O processo de planificaçãoo engloba cinco áreas importantes para futuros o programa de vacinação em
Moçambique, nomeadamente: (1) reduzir desigualdades na cobertura da vacinação, (2) integrar os serviços
de saúde, (3) fornecer vacinas depois da infância, usando uma abordagem de ciclo de vida, (4) responder a
insegurança e conflito, (5) aumentar a vacinação urbana.
Os objectivos acima referidos serão acançados através da implementação da estratégia Alcançando Cada
Distrito/Comunidade (RED/REC), com foco na US/ comunidade. Esta estratégia é composta por cinco
componentes operacionais, nomeadamente:
• Planificação e Gestão de Recursos;
• Atingir os grupos alvos de dificil acesso;
• Comunicação e ligacao com a comunidade;
• Supervisão e apoio técnico; e
• Monitoria e uso de dados para acção.
A planificação e gestão de recursos é geralmente fraca ao nível do distrito. Os planos distritais devem possuir
o diagnóstico da situação financeira actual e, a cada nível, detalhes dos recursos humanos e financeiros
necessários para alcançar todas as crianças elegíveis, de uma maneira sustentada. Este processo carece de uma
microplanificação cujos passos são os seguintes:
171
16.2.1 Preparativos
• Orientação da equipa da US para orientação sobre a importância, benefícios dos processos de micro-
planificação.
• Realização de reunião de micro-planificação inclusiva, incluindo membros da comunidade e actores
de outros sectores, com facilitadores da Equipa Distrital de Gestão de Saúde (DHMT).
• Visita de populações de alto risco para compreender melhor as barreiras subjacentes ao acesso e uso
dos serviços.
172
16.3 ATINGIR AS POPULAÇÕES ALVO DE DIFÍCIL ACESSO
Alcançar as “populações alvo” foca-se na melhoria da igualdade no acesso e utilização dos serviços de vacinação
e outros serviços de saúde de forma custo efectiva através de uma combinação de estratégias de prestação de
serviços que respondem as necessidades da comunidade:
• Populações de difícil acesso:Que se encontram em regiões recondidas e de difícil acesso
• Grupos religiosos que não aceitam a vacinação
• Refugiados e deslocados
A participação efectiva da comunidade requer parcerias com as comunidades através de acções de apoio e
coordenadas pelo SDSMAS, trabalhadores de saúde e membros da comunidade atravez do trabalho conjunto
para o alcance dos objectivos comuns.
o envolvimento das comunidades no processo de planificacao permite um desenvolvimento de confianca mutua
e sentido de apropriacao dos servIcos de saude.
Os serviços de vacinação necessitam de estar melhor integrados na estrutura comunitária, o que pode ser
conseguido através de consultas permanentes entre a comunidade e os gestores dos serviços de saúde. A
comunicação para a vacinação deve ser considerada uma componente chave do plano distrital, visando motivar
as comunidades a fazer uma utilização efectiva dos serviços de vacinação e outros serviços de saúde disponíveis.
“Engajar as comunidades” - significa que o sistema de saúde deve partilhar com estas comunidades a
responsabilidade por garantir a prestação de serviços de vacinação e outros serviços para sobrevivência materna
e infantil de qualidade, equitativos, acessíveis e aceitáveis, enquanto também apoiam e garantem abordagens
com base nos direitos para empoderar as comunidades.
173
16.5. SUPERVISÃO E APOIO TÉCNICO
A Supervisão de apoio é uma actividade contínua que promove a qualidade dos serviços de saúde ao avaliar
periodicamente e fortalecer as habilidades, atitudes e condições de trabalho dos provedores. Inclui capacitação
regular no local, feedback construtivo e seguimento com o pessoal para garantir que tarefas de rotina e recém
introduzidas estão a ser correctamente desempenhadas.
A supervisão de apoio regular, melhora a segurança, eficiência e eficácia dos serviços de vacinação. A supervisão
de apoio acrescenta à supervisão tradicional ao enfatizar o seguinte:
- Capacitação no local para responder as perguntas dos trabalhadores de saúde, corrigir problemas antes
de se tornarem grandes obstáculos e oferecer reciclagens contínuas para os trabalhadores de saúde.
- Desempenho participativo e melhoria da qualidade através de diálogo interactivo e pacífico com os
trabalhadores de saúde.
- Documentação do feedback regular e construtivo.
- Visitas de supervisão devidamente marcadas consoante a carga laboral da unidade sanitária e para evitar
inconveniências para o pessoal de saúde, mães e encarregados.
- Aplicar as constatações da supervisão na micro-planificação e desenvolvimento de estratégias.
Monitoria para Acção é mais do que recolher dados, analisar dados e redigir relatórios. Monitoria activa usa
informação continuamente a todos os níveis para medir o progresso, identificar problemas e desenvolver
soluções práticas e planos de actividades realistas. Monitoria para Acção envolve todos: gestores, supervisores,
trabalhadores de saúde, funcionários locais e a comunidade.
A monitoria do RED/REC ajuda os gestores a tomarem decisões melhores e atempadas, sem sobrecarregar os
provedores de serviços com a recolha de dados. As ferramentas de monitoria e indicadores RED/REC foram
concebidos para usar dados existentes que são recolhidos através dos sistemas de informação em saúde e o
sistema de informação do programa de vacinação. Apesar de estes indicadores serem para os supervisores
monitorarem, também podem ser usados para “auto-avaliação” pelos trabalhadores de saúde nas unidades
sanitárias e pelas equipas distritais de saúde.
174
• As estratégias de prestação estão a funcionar?
• Tem confiança no facto de estarem a dar injecções seguras?
• Quais problemas estão a contribuir para o não alcance das suas metas: taxas de desistência, oportunidades
perdidas, rupturas de stock de vacinas?
Definir o seu
processo de monitoria
Recolher dados e
Analisar e discutir submeter relatórios
• Desenhar o mapa de cada zona sanitária incluindo a distância do centro de saúde a cada aldeia / comuni-
dade e a respectiva população.
• Determinar a população-alvo por estratégia (fixa, móvel, avançada).
175
Tabela 16.1. População por Estratégia
Dados demográficos
Estrategia fixo de aldeia 148 População fixo 279,644 População alvo fixo 12,864
Estrategia avançada de aldeia 87 População avançada 67,170 População alvo avançada 3,090
Estrategia móvel de aldeia 86 População de móvel 46,415 População alvo móvel 2,135
Total aldeias População total 393,229 População alvo total 18,089
Figura 16.5. Fluxograma para identificar as áreas de prioridade e as estratégias fixos e avançados
176
Tabela 16.3. Necessidades em vacina e materiais de injeção segura para a estratégia das brigadas móveis
177
Tabela 16.4: Necessidades totais em vacina e materiais de injeção segura
178
6. Determinar o número de sessões por estratégia, fixa, móvel e avançada.
Geralmente, as sessões são realizadas em todos os dias úteis nos postos fixos e 3 - 4 vezes por ano nas
brigadas móveis e avançadas.
7. Determinar o número de equipamentos necessários (refrigeradores, caixas isotérmicas, carros, motorizadas,
bicicletas, etc.).
8. Orçamente as actividades planeadas incluindo a comunicação, supervisão, monitoria e avaliação.
As crianças, que não tenham recebido todas as vacinas completamente antes completar um ano de vida, deverão
ser vacinadas até aos 23 meses, mas devem ser registadas como crianças fora do grupo-alvo. Estas crianças
não são incluídas na avaliação do PAV.
a) Para as outras vacinas: A taxa para cálculo do grupo-alvo = (3,9%); no entanto, pode-se também usar
4% como nos exemplos anteriores, dada a diferença ser insignificativa.
Grupo-alvo (0-11 meses para DPT, Polio e VAS) = 20.000 X 0,039
Grupo-alvo (0-11 meses para DPT, Polio e VAS) = 780
b) Para as Grávidas: Taxa para cálculo do grupo-alvo = (5%); Grupo-alvo de grávidas protegidas contra o
tétano = 20.000 X 0,05 = 1000
c) Para as Mulheres em Idade Fértil no geral (MIF's): Taxa para cálculo = (24,9%); Grupo-alvo das
MIF´s = 20.000 X 0,249 = 4980
179
d) Grupo-alvo alunos = Alunos da 1ª classe do ensino primário da área.
Atenção:
O cálculo dos grupos-alvo é obrigatório e deve ser feito no início de cada ano para priorizar as áreas a serem abrangidas
em primeiro lugar e permitir também o cálculo das necessidades em termos de vacinas, materiais, etc.
Taxas adoptadas pela Direcção Nacional de Planificação e Cooperação para cálculo dos diferentes grupos-alvo
do PAV.
Tabela 16.5: Taxas adoptadas no cálculo dos diferentes grupos-alvo
A população total do ano pode ser obtida através das estruturas administrativas, através de um mini-recenseamento,
por inquérito ou por estimativa. Por estimativa terá de ser aplicada a taxa de crescimento natural (TCN) de
2,6% (0,026), que é a média Nacional, ou a taxa de crescimento natural da província, se conhecida, em relação
à população do ano anterior.
Exemplo do cálculo da Taxa de Crescimento Natural para uma população de 50.000 habitantes em 2000:
Cada Unidade Sanitária deve conhecer os grupos-alvo do PAV que, ao mesmo tempo, constituem a meta:
- número de crianças 0-11 meses
- número de mulheres grávidas existente
- número das mulheres em idade fértil ( MIF´s)
- número de trabalhadores das empresas selecionadas para VAT
- n.º de crianças da 1.ªs classes
180
INVENTÁRIO E REQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTO E MATERIAL PAV
Existe uma ficha especifica para a identificação do material, do equipamento e das necessidades do PAV. A
referida ficha contem o equipamento necessário para uma Unidade Sanitária com o PAV a funcionar (ver tabela
17.1). É através dessa ficha que se pode fazer o levantamento do material existente nas Unidades Sanitárias e
do que falta, ou ainda, do que necessita de substituição.
183
Inventário do equipamento da cadeia de frio
Este inventário ajuda a melhorar a planificação da cadeia de frio e actualiza a informação sobre o estado do
equipamento.
Além de simples contagem física, o inventário funciona como uma ferramenta de gestão para o programa de
vacinação. Os dados recolhidos para o efeito devem ser de boa qualidade.
O equipamento da cadeia de frio deverá conter pelo menos os seguintes dados:
- Localização do equipamento (centro de saúde ou clínica, centro de saúde distrital ou hospital,depósito
distrital/provincial/central, etc.)
- Tipo, fabricante, modelo e número de série do equipamento
- Idade ou ano de instalação
- Estado de funcionamento do equipamento (se funciona bem, se tem de ser reparado, se está avariado
sem reparação, etc.)
- Fonte de energia (electricidade, solar e Gas)
- Capacidade (volume de armazenamento, capacidade de congelação)
- Primeira qualidade: Um técnico qualificado visita sistematicamente cada local e unidade onde o equipamento
do PAV está situado. A informação técnica sobre o funcionamento do equipamento individual é geralmente
rigorosa e fiável.
184
- Segunda qualidade: O inventário é actualizado através da recolha sistemática de dados dos profissionais
de saúde. São obtidas informações sobre a localização exacta, as características técnicas o estado de funcionamento
do equipamento.
- Terceira qualidade: um inventário sobre o equipamento fornecido ao PAV por vários doadores (p.ex.
UNICEF,OMS, RotaryInternational, DANIDA, etc.). Os dados sobre o preço e origem do equipamento são
normalmente rigorosos, mas a informação sobre a localização, data de instalação e estado de funcionamento
do equipamento é de uma forma geral impreciso.
Como mencionado acima, é vital que o inventário do equipamento da cadeia de frio esteja actualizado.
Recomenda-se que o inventário seja actualizado segundo os intervalos de tempo indicados na tabela abaixo e
sempre que receber um equipamento novo.
Frequência 1 vez por ano 2 vezes por ano 3 vezes por ano 4 vezes por ano 1 vez por mês
185
186
MONITORIA E AVALIAÇÃO DAS ACTIVIDADES DO PAV
A monitoria e avaliação é um acto essencial para a gestão do Programa Alargado de Vacinação (PAV), sem
o qual não é possível conhecer, em determinado momento, como foi feita a utilização dos recursos, bem como
até que ponto as actividades do programa permitiram a obtenção dos resultados esperados ou o cumprimento
dos objectivos definidos.
Através da monitoria e avaliação, é possível saber se o plano está correctamente elaborado, se a execução tem
correspondido à expectativa e identificar quais as alterações a introduzir para a melhoria do programa.
Analisando a execução:
No PAV, a Monitoria do plano elaborado ou dos serviços, é usada para rastrear continuamente as mudanças nos
indicadores ao longo do tempo, isto é, para medir o progresso no alcance dos resultados, ao recolher informações
sobre insumos, actividades, resultados imediatos e, por vezes, resultados de curto prazo e também permite
identificar e corrigir os erros de planificação e programação. Por outro lado, a Avaliação, é usada para avaliar a
eficácia do PAV na redução da morbi-mortalidade por doenças preveniveis por vacinas, ou seja, para saber em
que medida o programa está a atingir os resultados esperados, tanto como, para entender por que os resultados
definidos previamente foram ou não atingidos, contribuindo, assim, para medir o impacto das acções realizadas.
Sem prejuízo da monitoria e avaliação obrigatória a realizar a nível provincial e nacional, é na Unidade Sanitária
que, primeiramente se deve efectuar a monitoria e avaliação como um processo de apreciação permanente do
trabalho do pessoal do PAV. Neste caso, mencionam-se em seguida, as principais acções sobre as quais deve
incidir a monitoria e avaliação baseada num questionário semanal e mensal, a preencher pelos intervenientes:
SEMANALMENTE
• Foram realizadas todas as sessões de vacinação planificadas?
• As vacinas eram em quantidade suficiente? Estavam dentro do prazo?
• Foram mantidas à temperatura conveniente até ao momento da administração?
• A temperatura do refrigerador foi controlada e registada duas vezes ao dia e sempre mantida entre os
+ 2º C e + 8º C?
• A aplicação das vacinas tem obedecido às regras de uma boa técnica e respeita rigorosamente o
calendário vacinal?
189
• A cicatriz da vacina de BCG tem sido observada na altura da administração das 1as Doses de DPT/HepB
e PÓLIO?
• Foram registados os casos de abcessos em crianças vacinadas?
• Todas as mulheres grávidas e as crianças do grupo-alvo, incluindo as crianças doentes, tiveram o seu
estado vacinal controlado e receberam as vacinas necessárias?
• Todas as Mulheres em Idade Fértil que frequentam a Unidade Sanitária estão a ser
• vacinadas contra o Tétano de acordo com o calendário de 5 Doses?
• As mulheres grávidas e as mães acompanhantes receberam esclarecimentos sobre o calendáro vacinal
e sobre a data de vacinação seguinte?
• Todo o pessoal de saúde tem participado na Educação Sanitária?
MENSALMENTE
• Quantas doses de cada vacina forma aplicadas em comparação com a meta mensal?
• Qual foi a quebra entre a 1.ª e 3.ª doses da vacina DPT/HepB/PÓLIO? Foi superior a 20%? Como
corrigir?
• Quantos casos de doenças-alvo do PAV foram registados? Em que bairros? Há tendência de aumentar
o n.º de casos? que fazer? Os casos têm algum relacionamento com a cobertura vacinal?
• Há casos de doenças-alvo do PAV em crianças vacinadas? Porquê? Quais as medidas a tomar ou
tomadas para evitar novos casos?
• Os vacinadores têm sido informados dos erros mais frequentes registados nos inquéritos de cobertura
vacinal?
• Em quantos bairros foram realizados trabalhos de esclarecimento e de mobilização social da população
(reuniões, visitas porta a porta, etc.) ou foram vacinados através de Brigadas Móveis?
• O Boletim Epidemiológico Semanal e os dados estatísticos do mês anterior foram analisados e enviados
ao nível superior dentro do prazo?
Os indicadores são muito importantes para a monitoria e avaliação do PAV. Assim, existem dois tipos de
indicadores: Quantitativos e Qualitativos
Alguns exemplos:
• A Taxa de cobertura vacinal
• A taxa de cobertura de crianças completamente vacinadas antes de um ano de vida
• A taxa de cobertura de mulheres grávidas protegidas
• O Índice do cumprimento
ou
190
18.2.1.2 Taxa de Cobertura de Crianças Completamente Vacinadas antes de um ano de vida (CCV)
Do mesmo modo, pode-se calcular a Taxa de Cobertura de Crianças Completamente Vacinadas antes de um
ano de vida (CCV)
Este indicador é útil para conhecer o esforço dispendido na mobilização da comunidade, avaliar o grau de
esclarecimento da população em relação aos problemas da vacinação e determinar o nível de funcionamento
dos serviços.
No entanto, o indicador não é o mais exacto para a avaliação dos serviços de vacinação por 3 razões:
• Baseia-se, para o cálculo do grupo-alvo, em dados demográficos que podem não ser os reais.
• Utiliza o número de doses aplicadas que pode não ser o correcto.
• Não inclui a qualidade da vacina.
Não basta no processo de avaliação conhecer a percentagem de crianças que receberam uma dada vacina ou
completaram todas elas. É muito mais importante calcular e saber quantas delas foram realmente imunizadas
por uma vacinação completa e correcta, isto é, que obedeceram a todos os critérios de qualidade que a seguir
se indicam:
• Ter cartão de Saúde
• Ter cicatriz de BCG
• Ter recebido no mínimo as 14 doses sem erros no calendário:
- BCG
- OPV1, DPT-HepB-Hib1, PCV1, Rotavirus1, com idade mínima de 2meses
- Intervalo mínimo de 1 mês entre as segundas e terceiras doses
- IPV (ao 4 mês)
- Sarampo com a idade mínima de 9 meses
Essa percentagem de crianças com vacinação completa e correcta representa a taxa de cobertura vacinal com
critérios de qualidade, que é obtida através de inquéritos periódicos de cobertura vacinal, especialmente
realizados para esse fim, com uma metodologia própria.
191
O quadro seguinte, que serve de exemplo para as Unidades Sanitárias, apresenta um controlo trimestral da
vacinação anti-Sarampo, numa área imaginária.
Uma tabela idêntica deve ser elaborada no início do ano, para cada tipo de vacina.
Tabela 18.1: Controlo trimestral da taxa de cobertura vacinal da vacina anti-Sarampo, por
dados obtidos através da cobertura de rotina
G. ALVO META REALIZAÇÃO TAXA DE ÍNDICE DE
TRIMESTRE CUMULATIVO CUMULATIVA COBERTURA CUMPRIMENTO
Trimestral Cumulativo
1.º trimestre 513 410 380 380 74% 93%
2.º Trimestre 1026 820 372 752 73% 92%
3.º Trimestre 1539 1230 390 1142 74% 93%
4.º Trimestre 2052 1640 295 1537 75% 94%
A 2.ª coluna indica o n.º de crianças menores de um ano de idade existentes nessa área (grupo-alvo). Esse
grupo-alvo é colocado por trimestre, de uma forma cumulativa, isto é, multiplica-se o valor do primeiro trimestre
pelo número de trimestre em causa. Por exemplo:
A 3.ª coluna indica a meta cumulativa por trimestre. O procedimento é igual ao da coluna 2. Porém, deve-se
calcular a meta antes de tal procedimento. Por exemplo:
Meta do 1.º trimestre - 513 X 0,8 = 410
Meta do 2.º trimestre - 410 X 2 = 820
Meta do 3.º trimestre - 410 X 3 = 1230
Meta do 4.º trimestre - 410 X 4 = 1640
Nota: As metas são planificadas pelo sector de Estatística e Planificação Provincial, com base nas metas
atribuídas pela Direcção Nacional de Planificação e Cooperação, Departamento de Planificação.
A coluna 4 inscreve o n.º de vacinações feitas contra o Sarampo, a crianças menores de um ano de idade, por
trimestre e cumulativamente. Para calcular o n.º de vacinações cumulativas procede-se do seguinte modo:
A coluna 5 apresenta as taxas de cobertura vacinal, por trimestre. A taxa de cobertura é calculada de uma
maneira cumulativa, segundo a seguinte fórmula:
192
Realizado cumulativo = 1142
Grupo-alvo cumulativo = 1539
A coluna 6 regista o índice do cumprimento cumulativo do plano sectorial, em relação à meta. Exemplo:
Meta cumulativa do 2.º trimestre = 820 e No cumulativo de crianças menores de 1 de idade vacinadas =752
Figura 18.1: Frequência cumulativa de taxas de cobertura da vacina Anti-Sarampo, área X e ano Y
J F M A M J J A S O N D
Mensal 115 135 130 113 126 133 122 135 133 120 137 138
Cumul. 115 250 380 493 619 752 874 1009 1142 1262 1399 1537
Para elaborar um gráfico cumulativo deste tipo deve-se proceder do seguinte modo:
• Na linha vertical à esquerda (ordenada), traçar a escala que vai servir de base à marcação dos dados
cumulativos mensais. No caso presente, cada espaço de 10 mm corresponde ao valor 200, o que significa
que cada mm. Representa 20 crianças vacinadas (200:10).
193
• Marcar o ponto correspondente ao grupo-alvo do Plano no gráfico acima apresentado no ponto
corresponde ao valor 2052. Se o gráfico é feito no computador, a meta anual é igual ao grupo-alvo
(2052). Este número divide-se por 12, o que corresponde ao número de meses do ano, para acumular
os valores mensais, por exemplo: Meta anual 2052:12 = 171. Este número de crianças a vacinar, vai
servir para os valores cumulativos mensais e, no gráfico, a linha que representa a meta anual far-se-á
automaticamente.
• Marcar os dados cumulativos mensais no gráfico, no ponto de cruzamento da linha vertical do mês em
questão com a linha horizontal, na escala correspondente e uni-los com por uma linha tracejada, podendo
ser de côr diferente. Essa linha representa a taxa de cobertura, quando relacionada com a linha do grupo-
alvo.
• Analisando o gráfico apresentado, verifica-se que a linha de valores cumulativos realizados não atinge
a linha cumulativa do grupo-alvo, o que significa que não se está a vacinar todas as crianças.
• Por outro lado, podemos combinar no mesmo gráfico as 1ªs e 3ªs doses de um determinado antígeno
para avaliar a quebra vacinal de forma genérica. Esta combinação nós da uma visão rápida no gráfico
do cumprimento ou não do calendário vacinal.
Quebra vacinal
Geralmente calcula-se para as vacinas de doses múltiplas. Mas pode também ser calculada entre diferentes
vacinas de dose única. É a diferença entre o número de pessoas vacinadas com as 1as e o número de pessoas
vacinadas com as doses subsequentes (2ªs ou 3ªs doses) de uma determinada vacina. Normalmente, a diferença
é maior que Zero, por isso, se chama de Quebra Vacinal.
O Índice de Quebra Vacinal de 62.6% é muito elevado. O índice de quebra vacinal ideal deve ser inferior a
10%. Este indicador revela o esforço feito pela Unidade Sanitária na planificação correcta do horário e a
movimentação da equipe da Brigada Móvel bem como o trabalho desenvolvido para a mobilização social das
comunidades e a consciencialização da população.
194
Para os principais problemas que originam índices de quebra vacinal elevados e as estratégias para reduzi-los,
Ver Capítulo 8.
• O denominador é obtido através da ficha de contagem (modelo A01): Vacinas distribuídas (utilizadas).
• O numerador é facilmente conhecido através de fichas A03 ou A04 da US e do Distrito, respectiva-
mente.
A taxa de utilização de 52,6% é muito baixa atendendo a que a aceitável seria a partir de 90%, especifica-
mente para a Penta. A diferença entre 100% e 52,6% que é de 47.4%, denominando-se a taxa de desperdício.
Porém, também pode-se calcular directamente a Taxa de Desperdício da Vacina (TDV), da seguinte forma:
195
A taxa de utilização é um indicador muito útil para apreciação da qualidade da planificação do PAV.
Por exemplo, disponibilidade de Gas (Disp. Gas) nas US's (mensal, trimestral, anual...)
É um indicador que permite avaliar a qualidade da logística e da utilização dos recursos, nomeadamente, do
Gas. Exemplo do cálculo:
Os dados de rotina permitem avaliar a cobertura vacinal. No entanto, sabemos que a cobertura obtida através
de dados de rotina não é muito exacta. A população estimada pode ser diferente da população real. Muitas
vezes, o número de doses aplicadas, não corresponde à realidade. Por isso, é preciso realizar inquéritos periódicos
que nos possam permitir avaliar, de uma forma mais exacta, a cobertura vacinal e o funcionamento do Programa
Alargado de Vacinação em geral.
Os inquéritos são mais aproximados à realidade porque não dependem dos dados demográficos, que, por vezes,
não são exactos. Se houvesse dados exactos no momento da avaliação do número de crianças do grupo-alvo
ou, se fosse possível contá-las uma a uma, é claro que a estimativa, a partir dos dados de rotina, seria mais
aproximada que a obtida por amostragem.
Usa-se ainda, um terceiro tipo, o Inquérito à saída, com a finalidade de avaliar o cumprimento das normas do
programa.
196
Por outro lado, existem também outros inquéritos nomeadamente:
• IDS, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)
• IMASIDA realizado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS)
Estes inquéritos são realizados num espaço de tempo longo e a nível nacional, sendo que a confirmação das
coberturas através destas fontes pode não ser possível de forma imediata.
Ao visitar as casas se investiga (no caso do PAV), o estado vacinal das crianças menos de 3 anos. Os resultados
do inquérito permitirão o cálculo dos seguintes indicadores:
• Percentagem de crianças menores de um ano de idade com vacinação em dia;
• Percentagem de crianças de 12-23 meses com vacinação completa e com vacinação completa e correcta.
(As definições destes termos encontram-se nas páginas seguintes.).
Como só realizamos o inquérito nas casas mais próximas da US, o resultado que se obtém representa apenas
o melhor resultado possível da área de saúde. Não obstante, é muito útil e permite aprender muito sobre a
população e o nível do trabalho realizado pela US.
Por exemplo, quando se consegue uma percentagem de 30% de crianças com vacinação em dia, é muito
provável que a cobertura total da nossa área seja inferior a esta percentagem. Será então urgente tomar-se
medidas para mudar a situação vacinal daquela área.
No caso de se encontrar crianças que não estão vacinadas ou com erros de calendário ou ainda com vacina não
em dia, durante o inquérito, devem ser encaminhadas para a US.
Este tipo de inquérito está bem adaptado para avaliação ao nível dos Distritos e deve ser realizado com o apoio
de um supervisor provincial, isto é, da DPS.
Com a mesma metodologia, é possível também avaliar os outros Programas, como por exemplo, o Programa
de Controle das Doenças Diarreicas e o Programa de SMI (pré-natal e pesagens de crianças sadias). É, de facto,
conveniente que ao se realizar uma avaliação com esta metodologia se incluam, desde logo, os outros Programas.
Evita-se, deste modo, a realização de vários inquéritos por cada Programa, o que, para além de perda de tempo
e de energias, acabariam por acarretar grandes custos e cansaço por parte da população.
Na página seguinte, encontra-se um Modelo de Ficha Padrão que, no entanto, pode ser adaptado conforme a
necessidade.
197
Figura 18.2: Ficha de inquérito a 75 casas
INQUÉRITO A 75 CASAS
UNIDADE
SANITÁRIA_______________________________DISTRITO__________________________________
Preencher uma ficha para cada família onde exista, pelo menos, uma criança com menos de 3 anos de idade,
(nascidas depois de _______/_______/_______)
Nome da criança
Data de Nascimento ou idade
Tem Cartão de Saúde S/N S/N S/N
Data da última pesagem
Nº de pesagens antes de 1 ano de idade
Perímetro braquial
Tem cicatriz de BCG S/N/ausente S/N/ausente S/N/ausente
BCG
PÓLIO 0
PÓLIO1
PÓLIO2
PÓLIO3
IPV
PCV1
PCV2
PCV3
Rotavirus1
Rotavirus2
DPT-HepB-Hib1
DPT-HepB-Hib3
DPT-HepB-Hib3
Sarampo Rubeola1
Sarampo Rubeola2
198
VAT na mulher:
Durante a última gravidez foi à CPN? Sim ; Não
Sim Não
Doses Datas
1.ª Dose
2.ª Dose
3.ª Dose
4.ª Dose
5.ª Dose
Quando uma das suas crianças estiver com diarreia, costuma dar menos, mais, ou a mesma quantidade de
líquidos como quando não tem diarreia?
Conhece isto? SIM ; Não ; (Se não, não fazer mais perguntas)
Para que serve? Diarreia Outro ; Não sabe (se não, evitar mais perguntas)
Se disser que serve para diarreia: Qual é o seu efeito?
_________________________________________________________________________________________
Data:_____/_____/____
Assinatura do inquiridor
____________________________
(Nome bem legível)
199
18.3.1.1 Definições para os inquéritos à saída e de 75 casas
• Ainda não completou as14 Doses (BCG; Pólio 1,2,e 3; DPT/HepB 1,2 e 3; PCV 1,2e 3, Rotavirus 1
e 2, e Sarampo e rubeola) (por rever)
Criança de 2 a 9 meses:
• Tem Cartão de Saúde
• Recebeu BCG e tem cicatriz
• Recebeu DPT-HepB-Hib1, Pólio1, PCV1, Rotavirus1.
200
Criança maior de 9 meses:
• Tem Cartão de Saúde
• Recebeu BCG e tem cicatriz
• Recebeu DPT-HepB-Hib1, OPV 1, PCV 1, Rotavirus1 (REVER)
• Se passou mais de um mês desde a aplicação da 1.ª Dose, já recebeu a 2.ª Dose
• Se passou mais de 1 mês de idade desde a aplicação da 2.ª Dose da DPT-HepB-Hib, OPV,PCV, IPV
já recebeu a 3.ª Dose
• Recebeu a vacina anti-Sarampo e rubeola.
NB: Para crianças com idade igual ou superior a 1 ano, a definição de “criança com vacinação em dia”
é a mesma que a de “criança com vacinação completa e correcta”.
Como se realiza?
O técnico de saúde que realiza este tipo de inquérito deve-se instalar à saída da US que se pretende avaliar,
solicitando, a todos os acompanhantes das crianças dos 0-23 meses de idade, o Cartão de Saúde, quando estes
se dirigem às suas casas. O Cartão deve ser analisado atentamente. Com a ajuda do calendário móvel, ler a
idade da criança no Cartão e verificar se as doses das vacinas aplicadas foram feitas na idade correcta ou, se
naquele dia, faltou alguma vacina que deveria ter sido aplicada à criança.
Por exemplo, se no Cartão de Saúde de uma criança de 10 meses de idade faltar a vacina anti-Sarampo na
altura do inquérito, significa que não aproveitam as oportunidades de vacinar todas as crianças que vão a essa
US. (normalmente envia-se a criança em causa ao sector de vacinação).
Se tiverem sido aplicados todos os antigenos em função da idade, sem erros de calendário, a criança será
considerada como “em dia”. (O calendário vacinal encontra-se no Capítulo 3 deste manual, enquanto que as
definições encontram-se nas páginas seguintes neste capítulo).
201
O ideal será não consentir oportunidades perdidas e vacinas não efectivas.
Atenção:
Sempre que, durante o inquérito, se detectam crianças que saem da US sem a vacina necessária ou que
tenha vacina não efectiva, devem ser encaminhadas para a sala de vacinação logo depois de preencher a
ficha do inquérito.
Conhecidos os resultados do inquérito, deve-se realizar um encontro com os trabalhadores locais (US avaliada)
para correcção e solução dos erros encontrados, como forma de melhorar a qualidade de prestação dos serviços
de vacinação. É um inquérito fácil de se realizar e dá informações importantes sobre a qualidade de atendimento
por parte do pessoal de Saúde.
O procedimento mais correcto seria o de dar-lhes a conhecer os referidos erros e capacitá-los de forma a evitar
que cometam os mesmos erros.
Na página seguinte encontra-se uma ficha para recolha de dados durante o inquérito. Essa ficha é um modelo
que se pode adaptar de acordo com as informações que desejamos obter. Por exemplo, pode-se fazer um
inquérito para saber se as crianças com diarreia foram atendidas correctamente e se as mães perceberam bem
as informações relacionadas com a preparação e administração do soro oral, em casa. (arranjar um melhor
exemplo actual).
202
EFICÁCIA DA VACINAÇÃO
O objectivo do PAV é diminuir a incidência das doenças-alvo e não apenas vacinar crianças. É importante
seguir a evolução do número de casos destas doenças para verificar se o Programa é efectivo, tem impacto e
corresponde ao que se espera dele.
Todas as unidades sanitárias devem seguir a evolução das doenças-alvo do PAV (Tuberculose, a Difteria, o
Tétano, a Tosse Convulsa, a Poliomielite, Hepatite B, Diarreais por Rotavírus, Pneumonia, Sarampo, Rubéola
e Carcinoma do Colo do Útero.
O seguimento deve ser feito através do sistema de notificação de doenças transmissíveis, com o Boletim
Epidemiológico Semanal (BES), que, depois de uma análise local, é enviado aos níveis distrital, provincial e
finalmente para o nível central. A interpretação destes ao nível provincial e central é de extrema importância
para uma boa gestão do programa. Não obstante, a interpretação destes dados é muito importante também ao
nível distrital, principalmente para o Sarampo, a Pólio e o Tétano Neonatal.
Em relação ao Tétano Neonatal, nenhuma criança deve aparecer com a doença se a mãe tiver sido vaci-nada.
Todos os casos de Tétano Neonatal de mães vacinadas devem ser investigados.
O Sarampo é uma doença que evolui para epidemias de curta duração, podendo ser de 2 a 6 meses. Estes surtos
não podem ser bem identificados com dados anuais. Por isso, será melhor um gráfico linear, representando
os casos mensais de Sarampo em cada Distrito. Mas, neste caso, também a evolução recente do Sarampo pode
ser mal interpretada. Não se deve ficar satisfeito com as actividades de vacinação porque há poucos casos de
Sarampo: pode ser que se esteja num ano calmo.
Do mesmo modo, não é porque temos um surto que o PAV é inefectivo. O objectivo do PAV para o Sarampo
é diminuir a magnitude dos surtos, quer dizer, ter surtos de menor importância (como por exemplo, um surto
com 100 casos num Distrito, num ano, em lugar de 1000 casos registados durante um surto precedente, e
aumentar os intervalos entre os surtos, isto é, ter um surto em cada 5 anos ao invés de intervalos de 3 anos.
Por isso, para avaliar o impacto do PAV na morbilidade por Sarampo, deve-se seguir a sua evolução no Distrito
durante vários anos.
O objectivo final do PAV é evitar que mais crianças e outros elementos do grupo alvo morram por
doenças facilmente preveníveis por vacinas.
O BES permite igualmente avaliar a qualidade do trabalho, através da observação da percentagem de casos
vacinados. Num Distrito rural, se o PAV funcionar correctamente e a cadeia de frio for boa, pode haver menos
de 5% dos casos de Sarampo em crianças vacinadas. Caso a percentagem for maior, deve-se verificar o bom
205
funcionamento da geleira e das técnicas de vacinação dos trabalhadores de saúde (nas cidades com alta cobertura
vacinal, a percentagem de casos vacinados pode ser superior a 5%, sendo o máximo aceitável de 10%).
Para uma vigilância epidemiológica permanente é necessária a utilização de gráficos ou tabelas, que permitam
uma análise de dados de uma forma rápida e clara.
A forma mais simples de análise faz-se pelo lançamento mensal dos casos de doença num gráfico (um para
cada tipo de doença) e por área de saúde.
O exemplo anterior de casos de sarampo mostra como acompanhar a evolução da doença e levar à tomada de
decisões no momento adequado. No caso referido, ilustrou-se como através do gráfico é possível intensificar
a vacinação no início do surto epidêmico.
Outra forma, também fácil, de análise de dados pode ser efectuada pela elaboração de tabelas de incidência
das doenças, por grupos de idade e estado vacinal, que podem ser actualizados mensal, trimestral/semestralmente.
O quadro seguinte só será possível elaborá-lo quando haja um registo do estado vacinal de cada caso, o que
se pode conseguir através da utilização de fichas próprias.
O terceiro processo na apresentação de dados compreende a localização dos casos num mapa de uma
determinada área de saúde, com sinalização de bairro, quarteiro, cidade, etc, com uso de pioneses, alfinetes
de cabeça de diferentes cores. A cor poderá variar de acordo com o número de casos que representa, ex: cor
branca= 1 caso; vermelha = 5 casos; amarela = 10 casos, etc.
Este processo de controle é útil para mostrar a aglomeração de casos e indica com precisão onde se pode
suspeitar o aparecimento de um surto epidémico numa área onde a aglomeração aumenta.
206
19.3 NOTIFICAÇÃO DE ÓBITOS OU AVALIAÇÃO DA LETALIDADE
É sempre de interesse calcular a taxa de letalidade que é a percentagem de um determinado número de casos
observados e que faleceram.
Na unidade sanitária é importante acompanhar o número de óbitos que se vão registando, para apreciação da
evolução da doença e da sua gravidade. Porém, só nas unidades sanitárias dotadas de camas de internamento,
hospitais rurais, provinciais e centrais podem-se obter dados para o cálculo da taxa de letalidade, quando os
seus registos forem fiáveis.
207
208
SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE SAÚDE (SIS)
19.1 CONCEITOS
Dirigir é decidir, face a uma informação. Quem não recebe informação não dirige correctamente; quem recebe
informação e a não utiliza, também não pode dirigir com sucesso. Um dirigente que não tem ou não usa
informação, geralmente comete erros sucessivos e não consegue atingir os objectivos. Este dirigente nem sequer
é capaz de avaliar os resultados do seu trabalho e corrigir os erros que comete por não conhecer as suas causas.
O SIS não tem nenhum sentido se não leva à tomada de decisões e acções aos diferentes níveis de
atenção
19.1.1 Instrumentos
Os instrumentos são os impressos (livros de registo e fichas) através dos quais os dados são registados, recolhidos
e enviados.
19.1.2 Normas
As normas definem quem deve realizar as várias actividades do SIS ( por exemplo, quem deve enviar os dados
e quem os deve elaborar), qual é a periodicidade de envio (semanal mensal, anual, etc.) e qual o fluxo que os
impressos devem seguir.
19.2.1 O registo
Consiste em tomar nota num impresso de um caso diagnosticado em ambulatório (exemplo: caso de diarreia),
de uma actividade realizada, ex: (a administração de uma dose de vacina antipólio) ou de um recurso recebido,
ex: (a chegada de uma remessa nova de vacinas).
19.2.2 A recolha
É o acto de transferir os dados dos registos ou fichas diárias para a ficha de resumo. Este passo permite organizar,
com uma certa periodicidade, os dados em grandes categorias. Mensalmente são recolhidos (somados) os
dados de vacinas administradas.
No primeiro caso (completos), verifica-se se há ou não diferença entre casos observados e registados (exemplo:
casos de sarampo diagnosticados e os registados nas consultas externas); se há unidades sanitárias que não
enviaram resumos precisos nem qualquer informação.
No segundo caso (correctos), confirma-se se os dados são lógicos, se conferem (somas correctas e sem grandes variações
em relação a dados anteriores), são compreensíveis (números corrigidos e duvidosos), respeitam as normas de
preenchimento dos impressos, se existem e são utilizadas definições padronizadas de doenças ou actividades, etc.
211
No terceiro caso (consistentes), verifica-se se os dados podem ser analisados e confirmados a partir das várias
fontes existentes sem apresentarem grandes diferenças (Por exemplo, Ficha de contagem, Livro de registo,
Resumo Mensal e Gráfico de Monitoria). Por outro lado, os mesmos dados devem ter concordância em relação
aos dados da mesma categoria. Exemplo a simultaneidade entre as doses administradas no mesmo período,
deve ser verificada.
Atenção:
O controlo de qualidade é uma actividade que tem de ser realizada por rotina pelos trabalhadores que registam,
recolhem, enviam e recebem os dados.
Por vezes, o pessoal que recebe os impressos das unidades sanitárias do nível inferior tem possibilidade de
corrigir os erros (ex: é possível corrigir um cálculo de uma taxa quando são conhecidos o numerador e o
denominador). Em outros casos mais frequentes, é impossível corrigir erros quando os dados de base não estão
disponíveis. Por outro lado, é frequentemente possível suspeitar um erro pelas razões acima mencionadas:
dados ilógicos e grandes diferenças com dados precedentes.
Sempre que houver dúvidas quanto à qualidade da informação recebida, principalmente quando há erros
evidentes, é necessário pôr uma referência na nota de acompanhamento do resumo enviado para o nível superior
e procurar-se um esclarecimento junto da US donde os dados foram recebidos, podendo revelar-se necessária
uma imediata supervisão.
É claro que quando os dados são falsos, incompletos ou errados, as decisões não serão as mais convenientes e
desejadas, podendo colocar em risco as acções já programadas ou a programar.
19.2.5 Apresentação
Consiste na organização das informações em tabelas e gráficos. Estes meios facilitam a análise e compreensão
das informações, em particular os gráficos que evidenciam uma situação sobre a qual é, talvez, necessário
tomar uma decisão.
19.2.6 Interpretação
Consiste na individualização dos factores que determinam uma certa realidade. Por exemplo: se as taxas de
cobertura do PAV na sede do distrito diminuíram durante o último ano, é possível que as causas que estiveram
na origem daquela situação seja uma ou algumas das seguintes:
• O abastecimento em vacinas não foi suficiente;
• Houve prolongadas rupturas de stock de petróleo;
• A geleira ficou inoperante durante um tempo significativo;
• Houve transferência de alguns trabalhadores mais dinâmicos
• A população perdeu confiança em relação aos serviços prestados pela US
• A população perdeu confiança por maus tratos dos trabalhadores de saúde
Saber interpretar é a premissa indispensável para poder escolher medidas correctivas adequadas e não tomar
iniciativas descabidas. Se por exemplo, no nosso distrito a taxa de cobertura de uma determina vacina baixou
fundamentalmente por causa da falta de petróleo, seria uma escolha errada tentar resolver o problema pedindo
mais vacinas ou uma nova geleira ou mais pessoal.
212
19.2.7 Envio
Consiste na transmissão dos impressos de resumo para o nível superior. O envio deve:
• seguir percursos pré-fixados (ex: da Direcção Distrital ao Núcleo de Estatística e Planificação);
• respeitar os prazos estabelecidos (ex: transmissão, envio, dentro da primeira semana do mês);
• utilizar meios de transporte ou mensageiros definidos (ex: não se pode enviar um relatório anual de
um distrito através de uma pessoa não fiável ou que não pertence à saúde, simplesmente pelo facto de
que esta se desloca à capital provincial).
19.2.8 Recepção
É o acto de receber os impressos enviados pelo nível inferior. Infelizmente nem sempre os impressos enviados
são recebidos ao nível superior por diferentes razões: por exemplo, erros de endereço, utilização de mensageiros
que não são de confiança e problemas de correio.
A maioria dos trabalhadores de saúde limita-se ao registo, recolha e envio de dados ao nível superior sem os
elaborar, interpretar e utilizar. É um ponto a corrigir. Impõe-se que as unidades sanitárias aprendam a agregar
os dados, apresentá-los em gráfico e tabelas de modo que, através deles, possam tirar conclusões que levem à
tomada de medidas apropriadas.
Só quando todas estas actividades (do registo à interpretação para tomada de decisão) são levadas a cabo, o
SIS pode constituir um instrumento de trabalho essencial, deixando de ser uma questão burocrática com pouco
interesse e importância ou de interesse de alguém colocado no nível superior ou no estrangeiro. Portanto, o
SIS deve ser reconhecido pelos trabalhadores como um indispensável e constante instrumento de trabalho para
conhecer, de forma sistemática, quais os principais problemas que devem enfrentar, quais são os recursos
disponíveis, qual é o volume de trabalho realizado e quais os resultados do próprio esforço.
Para tal, todo o processo, desde o registo ao arquivo, passando pela recolha, controlo de qualidade, deve
obedecer ao maior cuidado e o mais alto sentido de responsabilidade.
19.3 RESUMO
O SIS permite-nos individualizar situações preocupantes que precisam de medidas corretivas mas, não nos
permite conhecer os factores determinantes. As decisões e acções apropriadas poderão ser tomadas somente
depois de uma análise mais pormenorizada no local onde os dados são registados e enviados.
O SIS é o instrumento que ajuda a decidir os objectivos, programar actividades e distribuir recursos; o mesmo
instrumento permite-nos avaliar as decisões tomadas anteriormente, através do processo de avaliação/monitorização.
213
214
217
GUIÃO DE SUPERVISÃO DE APOIO PARA O PROGRAMA ALARGADO DE VACINAÇÃO
I. INTRODUÇÃO
O Programa Alargado de Vacinação (PAV) tem enfrentado muitos problemas em relação ao cumprimento das
normas do seu funcionamento, principalmente ao nível das Unidades Sanitárias (US) onde o pessoal é de
diferente categoria, maioritariamente do nível elementar e sem formação prévia em PAV. É na perspectiva de
se corrigir todos os aspectos negativos que elaboramos este instrumento que servirá de guia de orientação
durante as visitas de supervisão.
II. OBJECTIVO
Melhorar a supervisão dos gestores do PAV de modo a deixar recomendações claras e objectivas e melhorar
o desempenho do pessoal nos distritos e unidades sanitárias.
No final de cada visita de supervisão, a equipe de supervisão vai-se encontrar com o pessoal em serviço no
local visitado para discutir os resultados do trabalho, acordar acções correctivas para reduzir ou eliminar os
aspectos fracos encontrados. Devem ser produzidas actas do encontro para que haja um registo das recomendações
e acções acordadas. As actas serão posteriormente discutidas na DPS, Médico chefe, chefe do PAV Provincial
e pessoal do local visitado. A acta final da visita, com conclusões da DPS, vai ser produzida. Durante a visita
seguinte, a equipa vai fazer a verificação do seu cumprimento, assegurar que as falhas foram ou estão sendo
eliminadas.
1. A primeira atitude que devemos tomar quando pretendemos fazer uma visita de supervisão é dar oportunidade
ao chefe provincial ou distrital do PAV de identificar os distritos ou unidades sanitárias a serem visitadas e,
onde existem problemas.
Exemplos de alguns problemas:
• Constantes rupturas de stock de vacinas nas unidades sanitárias
• Mau funcionamento da geleira
• Não controlo da temperatura da geleira, etc.
2. Fazer uma rápida analise das fichas de registo, gráficos cumulativos de actividade, cobertura e quebra vacinal
comparando com o mesmo período do ano anterior;
3. Verificar se estes instrumentos (fichas de registo) existem para cada vacina, estão actualizados até o mês
anterior e se o gráfico mostra crescimento regular;
8. Se chegar a unidade sanitária e tiver muito movimento nunca interrompa as actividades. Comece por preencher
na ficha de supervisão os aspectos que necessitam observação;
218
I. Informação Geral
Data do Preenchimento:
Província/Distrito:
Nome da Unidade Sanitária: Tipo:
Nome do Provedor: Posição:
Nome do Supervisor:
Data da Supervisão:
Grupos alvos para o ano: Crianças >1ano: MG: MIF:
Nr de locais para BM's: Nr de locais para BM's avançados:
Nr de locais de difícil acesso: População total:
As actividades do PAV são geridas pelo pessoal treinado: Sim:……….. Não:……………
2 Existe vacina anual e trimestral, seringa AD, seringa de mistura e previsão de segurança para o HF?
3 Em caso afirmativo, compare a cobertura com a área total de captação de crianças sobreviventes?
Coberturas das vacinas abaixo: Grupo alvo (Cob%):
BCG:……………….(………%)
Penta3:…………….(………%)
OPV3:……………...(………%)
PCV3:……………....(………%)
Rota2:……………...(………%)
MR1:……………....(………%)
MR 2:……………....(………%)
VAT Gr2+:….……...(………%)
VAT MIF2+:………..(………%)
6 Realizam quaisquer reuniões regulares de avaliação de desempenho do PAV conduzidas pelo comité
de saúde?
7 Houve algum programa em que o comité de saúde da área de saúde estivesse envolvido na avaliação
do PAV?
2 A pessoa responsável pela cadeia de frio sabe as acções a serem tomadas durante a interrupção de
energia?
VI. Segurança de Injecções
1 Existe quantidade suficiente de seringas AD para um mês?
5 No final de cada sessão de vacinação o que faz com as caixas incineradoras cheias?
(especifique)……………………………………………………………………................................
9 Mencione algumas
VIII. Suporte de nível superior
1 A US tem recebido feedback nos relatórios mensais do PAV?
221
3 Quantas? Tipo:…………. Razões do não
funcionamento:…………………………………………………………………..
6 Existe alguém que regista a temperatura da geleira duas vezes por dia incluindo fins-de-semana?
7 A temperatura do refrigerador de> + 8ºC e ou <2ºC foi registada no último mês? Qual foi o alcance? º C
16 Existe frascos de vacinas com VVM que tenha alcançado o estado de descarte?
18 O Calendário de vacinação para criança e mulher e as contra indicações para a vacinação são
explicadas?
29 O Relatório é atempado?
30 Verifique a validade das doses, comparando os relatórios de imunização dos livros de registo para:
Penta1 e Penta3; VAT1 e VAT2
31 Verificar a validade das doses, verificando a idade da criança quando recebeu a vacina?
1) Número de doses de PENTAVALENT1 recebidas antes das 6 semanas de idade no mês
anterior. Número:………….
222
2) Número de doses de SARAMPO recebidas antes dos 9 meses de idade no último mês.
Número:…………………..
X. Entrevista a saída
Questões
1. Os pais/cuidadores das crianças foram explicados sobre a vacina e os EAPV?
2. Os clientes sabem quando voltar para a próxima vacinação?
Pergunta 1 Pergunta 2
1ª Entrevistada Sim Não Sim Não
2ª Sim Não Sim Não
3ª Sim Não Sim Não
4ª Sim Não Sim Não
5ª Sim Não Sim Não
223
OBSERVAÇÕES GERAIS
Aspectos positivos
224
19.4 FICHAS DO PAV E O MODO DE PREENCHIMENTO
Codificação Descrição Ver Anexos
SIS-A01-A Livro de registo de vacinação de crianças 1
SIS-A01 Ficha de registo diario do pav para posto fixo ou brigada móvel; bcg, polio, dtp-hepb-hib, pcv, 2
rv e sarampo
SIS-A02 Ficha de registo diario do PAV para posto fixo ou brigada móvel - VAT 3
SIS-A02-A Ficha de registo diario do PAV para brigada móvel - VAT 4
SIS-A03-A Ficha de resumo mensal do PAV para nível da Unidade Sanitária - BCG, Polio, DPT-HepB-Hib, 5
PCV, RV e Sarampo
SIS-A03-B Ficha de resumo mensal do PAV para nível da Unidade Sanitária - VAT 6
SIS-A04-A Ficha de resumo mensal do PAV para nível distrital - BCG/Polio primário 7
SIS-A04-B FICHA DE RESUMO MENSAL DO PAV PARA NÍVEL DISTRITAL - Polio1 / DPT-HepB- 8
Hib1 / PCV1 / RV1 -
SIS-A04-C FICHA DE RESUMO MENSAL DO PAV PARA NÍVEL DISTRITAL - Polio2 / DPT-HepB- 9
Hib2 / PCV2 / RV2
SIS-A04-D FICHA DE RESUMO MENSAL DO PAV PARA NÍVEL DISTRITAL - Polio3 / DPT-HepB- 10
Hib3 / PCV3 / RV3
SIS-A04-E Ficha de resumo mensal do PAV para nível distrital - Sarampo 11
SIS-A04-F Ficha de resumo mensal do PAV para nível distrital - VAT 12
SIS-A05-A Ficha de resumo mensal do PAV para nível Provincial - BCG/Polio primário 13
SIS-A05-B Ficha de resumo mensal do PAV para nível Provincial - Polio1 / DPT-HepB-Hib1 / PCV1 / RV1 14
SIS-A05-C Ficha de resumo mensal do PAV para nível Provincial - Polio2 / DPT-HepB-Hib2/PCV2/ RV2 15
SIS-A05-D Ficha de resumo mensal do PAV para nível Provinciall - Polio3 / DPT-HepB-Hib3/PCV3 16
SIS-A05-E Ficha de resumo mensal do PAV para nível Provincial - Sarampo 17
SIS-A05-F Ficha de resumo mensal do PAV para nível Provincial - VAT 18
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