Trabalho Analise Balistica

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João Simango

Jossias Manhengue

Júlio Mutumane

Manuel Zandamela

Neima Machava

Nora Ussene

Wilson Fumo

Curso – Licenciatura em Ciências Jurídicas e Investigação Criminal


Cadeira – Análise Balística
Trabalho de Investigação
Tema:
RELAÇÃO ENTRE BALÍSTICA E CRIMINALÍSTICA

Docente:
Msc. Adriano Senete

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ALBERTO CHIPANDE


Faculdade de Ciências Jurídicas Criminais
Maputo, Outubro de 2023
ÍNDICE

INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………………...1
CAPÍTULO I: BALÍSTICA ........................................................................................................... 2
1.1. Conceito de Balística ............................................................................................................ 2
1.2. Divisão da Balística Forense ................................................................................................ 2
1.2.1. Balística Interna ............................................................................................................. 3
1.2.2. Balística Externa ............................................................................................................ 4
1.2.3. Balística dos Efeitos ou Terminal .................................................................................. 5
1.1.3.1. Efeitos Primários ........................................................................................................ 5
1.1.3.2. Efeitos Secundários .................................................................................................... 6
CAPÍTULO II: CRIMINALÍSTICA .............................................................................................. 7
2.1. Conceito de Criminalística ................................................................................................... 7
2.2. Objectivos e Princípios da Criminalística ............................................................................ 8
2.3. Princípios Científicos da Criminalística............................................................................... 8
CAPÍTULO III: RELAÇÃO ENTRE A BALÍSTICA E CRIMINALÍSTICA ............................ 11
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 13
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 14
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objectivo geral: analisar a relação entre a Balística e a
Criminalística. Quanto aos objectivos específicos para o presente trabalho propusemos os
seguintes objectivos específicos: discutir o conceito de balística; avaliar o conceito de
criminalista e seus princípios. Este insere-se nas actividades lectivas da disciplina de Balista.
Antes de mais importa realçar que as ciências forenses têm conhecido um progresso
incontestável ao nível global, no que concerne ao estudo de novas técnicas e métodos cada vez
mais eficazes do combate e esclarecimento dos delitos através de realização de perícias nas
diversas especialidades de criminalística.

A Balística Forense é uma importante ciência e tem por objectivo principal a demonstração da
verdade real dos fatos, através da utilização de técnicas específicas que versam sobre armas de
fogo e munições, bem como do estudo das lesões oriundas do conjunto: armas de fogo e
munições. É uma ciência impessoal e imparcial que buscará, sempre, de forma proba, lícita e
legítima a demonstração de como os fatos ocorreram em uma cena de crime, ou em um suposto
episódio acidental que envolvera o emprego de armas de fogo. Para isso se valerá das Ciências
Jurídicas, com o objectivo de embasar a sua actuação e de seus peritos.

Para a elaboração do presente trabalho para além dos conhecimentos práticos que possuímos,
optou-se por uma pesquisa bibliográfica, onde trouxemos interpretações sólidas e fundamentadas
por diferentes autores de destaque que debruçaram-se sobre o tema em alusão e também
recorremos a pesquisa documental, para recolher informações em diversos relatórios,
monografias e teses de doutoramento que versam sobre o tema em alusão.

No tocante a estrutura do trabalho, este encontra-se dividido em três (3) capítulos. O primeiro
capítulo diz respeito a análise da balística e seus elementos, o segundo capítulo analisou-se a
questão da criminalística e no terceiro e ultimo capítulo estabeleceu a relação da balística e
criminalista.

1
CAPÍTULO I: BALÍSTICA

1.1. Conceito de Balística

Segundo Oliveira (2016, p.128) é uma parte da Física/Química aplicada à Criminalística que
estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos disparos (trajectória e os meios que
atravessam) por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação directa ou indirecta com
infracções penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência. Pode ser dividida em balística
interna, externa e de ferimentos, onde cada uma possui seu referencial de estudo. Apesar de
conteúdo técnico, a balística tem finalidade jurídica penal, valor probatório e pode causar a
condenação ou absolvição do réu. Eraldo Rabelo conceitua balística forense como sendo:

A parte do conhecimento criminalístico e médico-legal que tem por


objecto especial o estudo das armas de fogo, da munição e dos
fenómenos e feitos próprios dos tiros desta arma, no que tiverem de útil
ao esclarecimento à prova de questões de facto, no interesse da justiça
penal e civil1.

A prova tem como objectivo os factos, a perícia, uma manifestação técnico científica, e a
sentença, uma declaração de direito. Logo, a opinião, que é o objecto da perícia, situa-se numa
posição intermediária entre os fatos e a decisão2. Balística é o ramo da física que estuda os
movimentos dos projécteis. Projécteis são corpos que se deslocam no espaço sob a acção de um
impulso inicial e um campo gravitacional. Para fins de prova, balística é o estudo das armas de
arremesso, das munições e de seus efeitos. Além disso, a balística forense procura analisar o
deslocamento e efeito das armas de fogo, dos cartuchos e seus componentes. Para analisar locais
de crime, o perito deve conhecer profundamente balística com a finalidade de dizer a dinâmica
dos eventos e apontar a autoria do delito.

1.2. Divisão da Balística Forense

Segundo Santana (2012, p.4), a balística pode ser dividida em: balística interna, balística externa
e balística terminal.

1
Del-Campo, Eduardo Roberto Alcantara (2005). Medicina Legal. 1ª. Edição, São Paulo: Saraiva.
2
Aranha, Adalberto Jose Q.T. de Camargo (1987). Da prova no Processo Penal. 2ª.Edição.São Paulo: Editora
Saraiva.

2
1.2.1. Balística Interna

Refere-se às armas de fogo, às munições, aos mecanismos de accionamento do gatilho e aos


movimentos do projéctil dentro do cano e suas raias. Desde os primórdios da humanidade, o
homem busca artefactos para se defender de predadores e garantir a sua própria segurança e de
suas famílias. Esse comportamento autodefesa é comum em todo ser vivo, desde os mais
primitivos até os menos primitivos. Portanto, um comportamento totalmente instintivo
(Santana,2012, p.4).

Porém, movidos pelo instinto de sobrevivência, apenas o homem é capaz de confeccionar os


mais variados tipos de armas desde o berço da humanidade. Claro, com o decurso do tempo o
homem aprimorou essas armas. A cultura Clóvis, que foram os primeiros a colonizar a América,
tem esse nome devido as lanças que fabricavam com lascas de pedras e couros de animais,
(Ibid.).

Com a necessidade de se matar com alguma segurança, o uso de lanças foi ficando descabido,
pois o confronto corporal na hora do ato era inevitável. Imagine entrar em confronto directo com
um urso de 300 Kg? Pois é, a necessidade de se aprimorar mecanismos que garantam o ataque a
uma distância segura foi essencial para o desenvolvimento das armas (Ibid.).

Em um primeiro momento, a ideia de se impulsionar um projéctil para ferir ou matar veio da


necessidade da caça, mas sabemos que as armas ganham o destino que os seus operadores
quiserem (Ibid.).

No início, os projécteis eram lançados com as mãos e mais tarde foram criados as fundas, arcos,
catapultas, onagros e outros. Lembra-se de você bem novo fazendo estilingues (atiradeira,
baladeira, funda) ou sei lá o nome que você chama na sua região?

Essas armas rudimentares foram sendo aprimoradas, e com o avançar dos séculos foram sendo
substituídas por armas de fogo, que é o foco do nosso estudo. Segundo (Wallace,2008, pp. 3-12)
“os projécteis ganharam maior peso, velocidade, maior distância de arremesso e maior precisão
de matar ou ferir.” A descoberta do metal foi um dos principais impulsionadores para a criação
de armas de uso humano. Não por acaso os historiadores dividem os períodos da pré-história em
“idade da pedra” e “idade do bronze”.

3
Com a descoberta da pólvora, que os historiadores atribuem aos chineses em meados do século
IX, os projécteis ganharam mais possibilidades e, com isso, as armas de fogo de desenvolveram,
fato que estudaremos em momento oportuno. Agora que já estudos, resumidamente, a evolução
das armas, iremos entender o que é, de fato, a balística interna.

A balística interna compreende todos os fenómenos que ocorrem no interior da arma até o exacto
momento em que o projéctil sai do cano. Desde a fase do impulsionamento inicial, que gera a
queima do propelente na câmara e expande os gases, até a saída completa do projéctil do cano.
Este estudo fica baseado então na temperatura, volume e pressão dos gases no interior da arma
durante a explosão do material combustível, assim como também se baseia no formato da arma e
do projéctil.

Figura 1: Impulsionamento Inicial

Fonte: Santa (2012, p.5)

1.2.2. Balística Externa

É o movimento do projéctil até atingir o alvo, ou seja, da boca do cano até o anteparo. O
movimento do projéctil no ar sofre acção da força gravitacional que a Terra exerce sobre todos
os corpos, e isso também deve ser levado em consideração no estudo da balística externa
(Santana,2012, p.5).

Não obstante, o interesse da Perícia Criminal, geralmente, são disparos efetuados até uma
distância de 10m. Via de regra, nessa distância, os efeitos da resistência do ar e da acção da
gravidade podem ser desprezados sem grandes prejuízos periciais. Porém, por vezes será
necessário realizar perícias criminais de balas perdidas, muito comum em regiões de intenso

4
confronto entre polícia e criminosos. Ou até mesmo acção de “snipers”, que utilizam armas com
maior poder energético em combates em regiões de guerra ou, eventualmente, em centros
urbanos por meio dos atiradores de elite das forças policiais (Ibid.). Para efeito de estudo,
consideraremos apenas tiros de curtas e médias distâncias.

Figura 2: Movimento do Projéctil no Ar

Fonte: Santana (2012, p.6)

1.2.3. Balística dos Efeitos ou Terminal

É a interacção do projéctil com um corpo material qualquer, como: corpo humano, um carro,
uma vidraça, uma parede, uma vestimenta etc. As consequências que esse projéctil proporciona
ao corpo atingido, os ferimentos e os vestígios são de suma interesse da análise pericial
(Santana,2012, p.6).

Geralmente, quando o corpo humano estiver envolvido no evento, a medicina legal que fará
análise do corpo e fornecerá informações importantes que ajudarão a entender a dinâmica dos
eventos.

1.1.3.1. Efeitos Primários

Temos a chamada acção directa, provocada pelo impacto do projéctil contra os tecidos do corpo,
e a acção indirecta, que dependerá de factores fisiológicos ou psicológicos do oponente atingido.
Esses efeitos possuem as seguintes orlas de impacto:

1. Orla de contusão: equimose relacionada com extensão, intensidade do impacto do projéctil;

5
2. Orla de escoriação: em que há mais perda da epiderme do que de derme;

3. Orla de enxugo ou orla de alimpadura: onde estão as impurezas deixadas pela bala. O conjunto
destas três orlas é denominado Anel de Fisch, (Maia,2012, p.11)

1.1.3.2. Efeitos Secundários

São efeitos permanentes, orlas e zonas, e lesões típicas dos tiros à curta distância. Estes efeitos
não têm nenhuma relação com o poder de incapacitação do projéctil, estando restrito, seu estudo,
à medicina legal e às práticas forenses. Onde se verifica três zonas a seguir:

1. Zona de Chamuscamento: produzida pelos gases superaquecidos resultantes da combustão do


explosivo propelente e se forma nos tiros encostados.

2. Zona de Esfumaçamento: grânulos de fuligem resultantes da combustão da carga propelente,


superficiais, em torno do orifício de entrada.

3. Zona de Tatuagem: grãos de pólvora que não entraram em combustão, (Maia,2012, p.11)

No momento do tiro, são expelidos além do projéctil, diversos resíduos sólidos (provenientes do
projéctil e da detonação da mistura iniciadora e da pólvora) e produtos gasosos (monóxido e
dióxido de carbono, vapor d’água, óxidos de nitrogénio e outros). Parte desses resíduos sólidos
permanecem dentro do cano e ao redor do tambor e da câmara de percussão da própria arma,
porém o restante é projectado para fora, atingindo as mãos, braços, cabelos e roupas do atirador,
além de se espalharem pela cena do crime. Deste modo, por meio dos resíduos característicos
deixados pelo próprio disparo, é possível estabelecer este vínculo por meio de uma análise
química das partículas encontradas. Estas partículas apresentam características peculiares, quer
pela sua morfologia, quer pela sua composição química, na qual se encontram principalmente os
elementos antimónio (Sb), bário (Ba) e chumbo (Pb). Estes elementos derivam dos explosivos
TNR (trinitroresorcinato de chumbo), sais de bário e sulfeto de antimónio, existentes no
“primer”, bem como da composição da liga de projécteis não jaquetados (Pb - Sb), (Maia,2012,
p.11).

6
CAPÍTULO II: CRIMINALÍSTICA

2.1. Conceito de Criminalística

No I Congresso Nacional de Polícia Técnica, realizando em 1961, foi aprovada a seguinte


definição de Criminalística:

É a disciplina que tem por objectivo o reconhecimento e interpretação


dos indícios materiais extrínsecos, relativos ao crime ou a identidade do
criminoso, (Machado,2022, p.5)

Em 1961, o professor Porto ao analisar os aspectos subjectivos e objectivos da Criminalística, dá


às actividades policiais respectivas, as denominações de polícia Empírica e polícia Técnica.
Enquanto a primeira se vale dos conhecimentos do investigador, da sua habilidade, da sua
experiência, do seu tato, da sua inteligência, do seu esforço pessoal da sua actividade, das suas
relações sociais, a segunda vive dentro dos laboratórios especializados, usa do trabalho paciente,
pertinaz, contínuo e exaustivo dos peritos, ou seja, dos técnicos.

Entretanto, é indispensável para o bom êxito das investigações, que elas estejam em ambos os
sectores comandadas por uma direcção única, que deve ser o delegado, pois é a ele que cumprirá
determinar as directrizes gerais a serem seguidas. No Rio Grande do Sul, um dos mais geniais
peritos brasileiros, o Dr. Eraldo Rabello assim definiu a Criminalística:

É uma disciplina autónoma integrada pelos diferentes ramos do


conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativo das actividades
policiais e judiciárias da investigação criminal, (Rebello,1995).

Na actual conjuntura, duas definições simples e concisas encontram-se conceituadas a seguir:


Criminalística é a ciência que analisa sistematicamente os aspectos materiais do ilícito penal,
visando, numa síntese de indícios, elucidar o delito e indicar a sua autoria. Ou, ainda:

Criminalística é o conjunto de conhecimentos que estuda o crime e as circunstâncias por ele


produzido, tendo por finalidade produzir a prova material. Por prova material entende-se o
conjunto de elementos necessários a elucidação do delito, sem deixar dúvidas da maneira de
como ocorreu. Prova Pericial é a prova material após analisada, (Machado,2022, p.6).

7
2.2. Objectivos e Princípios da Criminalística

Segundo Machado (2022, p.7), A Criminalística é uma ciência que apresenta os seguintes
objectivos:

a) Dar a materialidade do facto típico, constatando a ocorrência do ilícito penal;


b) Verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando fornecer
a dinâmica do fenómeno; c) Indicar a autoria do delito, quando possível; d)
Elaborar a prova técnica, através da indiciologia material.

2.3. Princípios Científicos da Criminalística

Um dos métodos de pesquisa, tanto da Criminalística como dos demais ramos da ciência, parte
dos efeitos para se chegar às causas. Assim, aprende o profissional a trabalhar os fenómenos ao
inverso, ou seja, do fim para o início. Mesmo porque, uma vez o fenómeno ocorrido, na maioria
das vezes, não há como repeti-lo. É necessário então, descobrir analisar e conhecer os vestígios
relacionados com as causas para se chegar a estas. É necessário conhecer os princípios que levam
a essas conclusões, ou seja, às conclusões relacionadas como o conhecimento do fenómeno em
questão. É preciso conhecer e reconhecer as marcas deixadas pela ocorrência dos fenómenos
para traçar a sua dinâmica, para entender o seu mecanismo e chegar à sua causa, (Ibid.).

Assim é possível esclarecer um fenómeno a partir do diagnóstico dos seus vestígios. A


Criminalística se comporta dentro desses princípios, pois ela se constitui das ciências naturais.
Podemos dizer que são princípios científicos nos quais a Criminalística se baseia para a maioria
de suas conclusões. Dentre eles:

a) Princípios da Identidade – não existem duas coisas ou factos iguais. Cada uma com suas
particularidades é diferente, conforme a citação: Uma cousa, um corpo, um ente, só pode ser
igual a si mesmo.

De acordo com esse princípio não existem duas coisas ou dois fenómenos iguais, e assim sendo,
não acontecem dois crimes da mesma maneira, com os mesmos instrumentos, e nas mesmas
circunstâncias. Consequentemente dois crimes mesmo parecidos, não podem ser vistos pela
mesma óptica. Não podem ser apurados da mesma forma. Podem sim, serem aplicados os
mesmos métodos e as mesmas técnicas, mas os resultados com certeza serão diferentes,
(Machado,2022, pp.7-8).

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b) Princípios da Universalidade – as técnicas usadas em Criminalística são de conhecimento e
aplicação universal. De acordo com esse princípio, a ciência comporta-se como sistema uniforme
em toda comunidade científica. Assim, não se iludam, pois a criminalística como tal, não pode
improvisar. Pode criar técnicas e métodos, mas deve fazer o que tem que ser feito com base
nesses princípios e conhecimentos, de maneira que toda inovação deve ser testada assim como
qualquer experimento científico.

Para ter credibilidade é preciso passar pelo crivo da ciência e dos cientistas. Assim as técnicas
usadas aqui devem ser as mesmas usadas em qualquer lugar do mundo. Num mesmo tipo de
experimento, os resultados alcançados por um cientista devem ser os mesmos alcançados por
outros cientistas. Um mesmo tipo de exame num mesmo material os resultados alcançados por
um perito, devem ser os mesmos alcançados por outros peritos. Por isso uma boa bibliografia
deve ser consultada e citada em todos os laudos periciais, no que diz respeito a citações menos
conhecidas, (Machado,2022, p.8).

c) Princípio da Intercomunicabilidade – ninguém entra em um local sem levar para ele as


marcas da sua presença e, nem sai sem levar sobre si, marcas deste local. O princípio da
intercomunicabilidade, diz respeito a fenómenos relacionados ao dia a dia do cidadão, pois seu
procedimento é pautado por causas e consequências. Não se faz nada sem que os vestígios
fiquem gravados, impressos, tanto na pessoa que faz, como no local em que o ato foi praticado. É
impossível isso não acontecer. Por mais que o homem tente desfazer os seus rastros, o que faz na
verdade é produzir outros rastros, (Ibid.).

Diante disso, constatam-se duas conclusões no mundo da Criminalística, onde primeiro que o
local uma vez não protegido, não resguardado, perde sua originalidade, dificultando a
interpretação dos vestígios originais. É a chamada violação do local do crime, que traz na
maioria das vezes, consequências danosas ao esclarecimento dos crimes cujos vestígios originais
são violados. Em segundo, que criminalística como ciência precisa ser pautada por métodos e
conhecimentos específicos, ter disponíveis, tecnologias e equipamentos específicos e suficientes
para fazer o reconhecimento e a interpretação desses vestígios. Para assim fazer sua relação do
criminoso com o crime, (Ibid.).

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Com base nesse princípio, o legislador quando estabeleceu a necessidade de preservar o local do
crime o fez com muita sabedoria, e conhecimento de como a ciência se comporta. De como o
próprio homem se comporta. Como deve se comportar a investigação para que a apuração do
crime não leve a resultados desastrosos. Ademais, esse princípio representa sem dúvida o
comportamento dos fenómenos e baseado nele o diagnóstico de um, pode lançar luz sobre outro.
Isso não significa de maneira alguma que um fenómeno seja igual a outro, mas que de um
conhecimento se deduz outro conhecimento. Baseado em uma das afirmações do postulado,
infere-se outra.

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CAPÍTULO III: RELAÇÃO ENTRE A BALÍSTICA E CRIMINALÍSTICA

Segundo Machado (2022, p.10), a balística é uma parte da Física/Química aplicada à


criminalística que estuda as armas de fogo, sua munição e os efeitos dos disparos (trajectória, os
meios que atravessam) por elas produzidos, sempre que tiverem uma relação directa ou indirecta
com infracções penais, visando esclarecer e provar sua ocorrência. Pode ser dividida em balística
interna, externa e de ferimentos, onde cada uma possui seu referencial de estudo.

Apesar de conteúdo técnico, a balística tem finalidade jurídica penal, valor probatório e pode
causar a condenação ou absolvição do réu. Eraldo Rabelo em seu livro balística Forense 2°
edição editora Sulina - conceitua balística forense como sendo:

A parte do conhecimento criminalístico e médico-legal que tem por objecto especial o estudo das
armas de fogo, da munição e dos fenómenos e feitos próprios dos tiros desta arma, no que
tiverem de útil ao esclarecimento à prova de questões de fato, no interesse da justiça penal e
civil.

Balística Forense é essencial como instrumento jurídico na elucidação da autoria de crimes


efetuados com disparos de armas de fogo. Ela revela através de aparatos técnicos, o modo, a
maneira, o tipo de munição e os efeitos dos tiros que posam envolver um homicídio de autoria
ainda duvidosa, contribuindo para a realização da Justiça, por permitir a punição daqueles que
violaram as leis penais, notadamente, no que tange aos crimes contra a vida.

Balística Forense é o ramo da criminalística que analisa a balística relacionando-a de maneira


directa ou indirecta às infracções penais, com o intuito de esclarecer o que ocorre e provar essa
ocorrência. A análise directa diz respeito a própria arma, ao passo que a análise indirecta diz
respeito ao estudo comparativo de características deixadas pela arma nos elementos de sua
munição.

A balística forense é uma área especializada da criminalística que tem como objectivo examinar
e periciar artefactos balísticos supostamente utilizados em crimes. Actualmente, os profissionais
que atuam na perícia criminal estão em falta. Existem inúmeros casos para serem solucionados
com um quadro de peritos bem escasso.

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A relação entre balística e criminalística é muito próxima e interligada, pois ambas são áreas da
ciência forense que estudam evidências relacionadas a crimes.

A balística é uma disciplina específica da ciência forense que se concentra no estudo das armas
de fogo, munições, trajectórias de projécteis e suas consequências. Ela analisa os efeitos das
armas de fogo nos corpos das vítimas, além de investigar a origem e o comportamento dos
projécteis.

Já a criminalística é uma área mais ampla que abrange diversas disciplinas científicas, incluindo
a balística, com o objectivo de investigar e colectar evidências em uma cena de crime. Ela utiliza
métodos científicos para analisar materiais como sangue, fibras, impressões digitais, DNA e
também as armas de fogo envolvidas no crime.

A balística desempenha um papel fundamental na criminalística, pois suas análises podem ajudar
a estabelecer a relação entre uma arma de fogo específica e um crime em particular. Através do
exame das características do projéctil, como marcações únicas deixadas na bala, os peritos em
balística podem determinar se uma determinada arma de fogo foi usada em um crime específico.
Essas informações podem ser cruciais para a investigação e solução de casos criminais.

Portanto, a balística é uma subárea da criminalística que se concentra especificamente no estudo


das armas de fogo, enquanto a criminalística abrange um espectro mais amplo de disciplinas
científicas utilizadas na investigação de crimes. No entanto, ambas desempenham papéis
essenciais na análise forense e na busca pela verdade em casos criminais.

12
CONCLUSÃO

Fim do presente trabalho importa concluir que na balística o principal foco é perceber o
movimento dos projécteis, como balas de armas de fogo, enquanto a criminalística é uma área de
estudo ligada a ciências forenses que utiliza métodos científicos para investigar crimes e colectar
evidências no local do crime.

A balística forense, por sua vez, é uma área da criminalística que utiliza princípios da balística
para analisar armas de fogo, munições e os efeitos causados por elas em pessoas ou objectos.
Essa análise pode ajudar a determinar a trajectória de um projéctil, a distância de onde foi
disparado, a identificação da arma utilizada, entre outros aspectos relevantes para uma
investigação criminal.

A balística forense é um elemento chave para o sucesso da investigação criminal de lesões e


homicídios com recurso de arma de fogo. Este feito, passa necessariamente pela observância
adequada dos procedimentos de isolamento do local de crime e subsequente recolha dos
vestígios balísticos; arma de fogo, projécteis e invólucro, como material probatório do crime
indispensável para a realização da perícia balística, evitando a sua contaminação ou alteração
dolosa.

A criminalística abrange diversas áreas de conhecimento, como a balística, a análise de


impressões digitais, a análise de DNA, a toxicologia, entre outras. Essas áreas trabalham em
conjunto para fornecer evidências científicas e técnicas que auxiliam na resolução de crimes.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aranha, Adalberto Jose Q.T. de Camargo (1987). Da prova no Processo Penal. 2ª.Edição.São
Paulo: Editora Saraiva.

Del-Campo, Eduardo Roberto Alcantara (2005). Medicina Legal. 1ª. Edição, São Paulo: Saraiva.

Machado, Manoel (2022). Criminalística: Definição, Histórico, Postulado e Princípios


Fundamentais. Livro Electrónico. GRAN CURSO: Ceara.

Santana, Sílvio Duarte (2012). Criminalística: Conceitos de Armas, Instrumentos e Munições.


Livro Electrónico. GRAN CURSO: Goiás.

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