Cchsa Direito TCC Forner HP
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CAMPINAS
2021
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
FACULDADE DE DIREITO
CAMPINAS
2021
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
FACULDADE DE DIREITO
Prof.(a) Convidado
Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Prof.(a) Convidado
Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
CAMPINAS
2021
Dedico a Antonio Carlos Forner, que
sempre me serviu de inspiração em tudo
que eu optasse por fazer.
AGRADECIMENTOS
À minha família, minha mãe Silvana, meus irmãos Tiago, Diego e Rodrigo, e meus
tios Wilson e Sônia, por apoiarem e ajudarem com meus estudos.
Aos meus amigos, Matheus, Pablo, Brenda e Guilherme, pelos bons anos que
vivemos na faculdade.
E ao meu companheiro, Bruno, que me deu incentivo para terminar o curso e não
permitiu que abandonasse o projeto.
“A violência destrói o que ela pretende
defender: a dignidade da vida, a liberdade
do ser humano.”
The present study reproduced the research of the article "Attitudes Towards Guns
Scale (ATGS): Evidence of its Psychometric Adequacy" aiming to identify which of
the three elements people tend to associate guns (rights, protection or crimes) were
more present and used in social debates and after identifying them, analyse the
arguments of the related elements, verifying their adequacy to the hypothesis of the
law and their possibility of application. The result of the study was achieved via
bibliographical research and aimed to indicate the aspects whose observation is
essencial for the debate. By the analysis, it was possible to conclude that dispite of
the individualistic appearence, the possesion and the bearing of firearms can never
be evaluated as individual rights, since they deal with the issue of the community
insterest, linked to the commom good.
1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 11
7. CONCLUSÃO ........................................................................................ 32
8. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 35
9. ANEXOS ................................................................................................ 37
11
1. INTRODUÇÃO
Cabe inclusive ressaltar que este foi o mesmo problema enfrentado pelos
autores do artigo “Escala de Atitudes frente à Arma de Fogo (EAFAF): Evidências de
Sua Adequação Psicométrica”, o qual foi de grande relevância para este projeto.
Sendo assim existem duas possíveis classificações para os tipos de armas, elas
podem ser de uso permitido, cujas pessoas físicas e jurídicas possuem autorização
para utilizar, desde que de acordo com as normas do Comando do Exército e nas
condições previstas no Estatuto; E de uso restrito, aquelas de uso exclusivo das
Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de pessoas físicas e
jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acordo
com legislação específica.
Outra diferença importante que deve ser destacada para melhor compreensão do
assunto é a que existe entre o porte e a posse de armas. O porte consiste na
autorização de transitar com o instrumento, levá-lo consigo e poder portá-lo em
ambientes além da residência e do local de trabalho. Já a posse delimita que a arma
deve ser mantida apenas dentro da residência ou local de trabalho.
Atualmente a lei proíbe o porte em todo o território nacional, salvo exceções para
profissionais da área. Ela dá mais poder de controle ao Sinarm, impõe maior
burocracia sob quem compra e exige responsabilidade jurídica de quem
comercializa as armas. A lei também burocratiza o comércio, permitindo a venda de
munições apenas se forem correspondentes ao calibre da arma registrada, e
delimita que empresas que comercializam armas devem comunicar a venda à
autoridade competente e manter um banco de dados com as características destas.
Também legitima a Polícia Federal para expedir certificados de registros dos
instrumentos.
Membros das Forças Armadas poderão adquirir insumos para recarga de até
cinco mil cartuchos das armas de fogo registradas em seu nome anualmente;
Poder Judiciário, Ministério Público e a Receita Federal estão autorizados a
comprar e a importar armamento de uso restrito, mediante autorização do
Comando do Exército;
Corpos de bombeiros militares, guardas municipais, Receita Federal mediante
aprovação prévia ao Comando do Exército poderão importar armas de fogo,
munições e demais produtos controlados;
Colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) poderão portar uma arma de
fogo de porte de seu acervo municiada, alimentada e carregada no trajeto
entre o local em que realizam a atividade de tiro;
Retira a proibição de colecionar armas semiautomáticas;
Declaração da própria instituição atestará o cumprimento dos requisitos legais
necessários ao porte e aquisição de armas dos servidores integrantes das
carreiras da Receita Federal, do Poder Judiciário e do Ministério Público.
Além disso, entre as normas estabelecidas nos decretos, está a autorização para
que as seguintes categorias possam adquirir e importar armas de fogo, munições e
demais produtos controlados, cuja fiscalização do uso cabe ao Exército Brasileiro:
1
Agência Brasileira de Inteligência
14
3.1. Método
Participantes. Um total de 100 voluntários respondeu ao questionário, dentre
eles pessoas do sexo masculino e feminino, de diferentes idades e ocupações, não
havendo um padrão entre os respondentes. Objetivou-se a opinião popular nesta
pesquisa.
3.2. Resultado
As respostas dos voluntários demonstram diversos posicionamentos acerca
do tema, sendo possível identificar, quando analisado individualmente, se o
respondente considera as armas como um direito, um instrumento de proteção ou
um facilitador para prática de crimes.
Isto ocorre porque um dos três itens sempre será o fator dominante da opinião
do entrevistado, se ele, por exemplo, entende que as armas garantem a proteção,
irá discordar das afirmações relacionadas ao aumento de crimes. Do contrário, se as
vê como algo que gera perigo para a sociedade, irá discordar que se trata de um
direito.
Outro fator curioso o qual pode ser observado é o de que as armas foram, na
maioria das respostas, associadas a algo negativo. Apesar de respostas como
“responsabilidade”, “proteção”, “defesa” e “respeito”, que equilibram o
posicionamento dos entrevistados, palavras como “morte” e outras ligadas à
violência se repetem diversas vezes, conforme demonstra o anexo 23.
17
Embora a narrativa aparente um discurso ideal, vez que parece justo sermos
os únicos responsáveis por nossos atos, ela não se faz coerente à nossa atual
conjuntura por visar apenas a individualidade de cada ser.
Com isso demonstrando que não são as necessidades materiais que levam o
homem a viver em sociedade, mas sim a disposição natural para a vida associativa.
Há muito tempo aqueles que se reuniam faziam isso com intuito de proteção,
de si próprio e de suas famílias, desta forma dando origem aos primeiros
agrupamentos: as tribos. Não bastasse esse agrupamento, o qual solucionava
questões relacionadas à segurança, urgiu a necessidade da criação de normas de
conduta, que organizassem as tribos e possibilitassem uma vida harmonizada entre
os membros. Para Darcy Azambuja (1995) “o instinto social leva ao Estado, que a
razão e a vontade criam e organizam”.
“O Estado não cria a Arte, a Ciência, a Moral, o Direito, que são criações da
alma humana, e ele não tem poder direto sobre ela. Seu domínio é o
temporal, o equilíbrio e a harmonização da atividade do homem, para que a
liberdade de um não prejudique a igual liberdade dos outros” (AZAMBUJA,
1995)
A falha ao interpretar esse artigo reside na crença de que a hipótese pode ser
aplicada a toda e qualquer situação de revide, quando na verdade a legitima defesa
possuí requisitos para sua existência.
Outro ponto que merece atenção é o “uso moderado dos meios necessários”,
o qual significa que um exagero na reação da agressão desqualifica a excludente.
Para Ney Moura Teles (2006) “só é legitima a repulsa praticada com utilização dos
meios necessários para fazer cessar, ou impedir que ocorra a agressão injusta, atual
ou iminente, a qualquer direito, próprio ou de terceiro”.
“Uma arma de fogo pode ser o meio necessário para obstar uma agressão
praticada com os próprios punhos. Um sujeito franzino, raquítico, que tenha
uma arma de fogo à sua disposição, agredido a murros por um lutador de
artes marciais, deve utilizar o revolver como o meio necessário para se
defender, ainda que junto dele exista um porrete, ou uma barra de ferro.
Tais instrumentos, nas mãos do frágil cidadão, podem, a toda evidência, ser
aquém do necessário para impedir a agressão do exímio lutador. Se o
sujeito tem a seu dispor vários instrumentos, ou pode utilizar-se de vários
meios contra a agressão, deve, é evidente, escolher aquele que, com
eficiência, resulte no menor dano ao agressor” (TELES, 2006).
24
Desta forma nos resta questionar até que ponto o revide a uma agressão
utilizando uma arma como instrumento garantidor de segurança estará dentro dos
limites e requisitos do caput do artigo, já que não existe nenhuma forma de
mensurar o meio necessário e não se pode esperar que aquele que reage consiga
calcular com exatidão o “estrago causado”, ficando a avaliação a cargo somente do
julgador.
2
Segundo o autor, não fazer com outro o que não queremos que não façam conosco, a preocupação
com as medidas coercitivas de cunho social, como a reprovação dos integrantes do meio em que
vivemos contra indivíduos que exerçam a violência, bem como as medidas coercitivas de cunho legal,
pois o sujeito não quer ir para a prisão e deixar a família desamparada durante a sua privação de
liberdade;
25
que sobreviveu terá até o fim de seus dias para se questionar, e é uma
patologia que pode vir a se manifestar muito tempo depois do fato, ou
exposição. Imagine um cidadão, que ao reagir a um ataque, feriu e matou
um transeunte inocente?”
“O porte de armas era tão comum que em alguns Estados os locais públicos
eram obrigados a oferecer uma chapelaria exclusiva para guardar os revólveres ou
pistolas dos clientes” (ALESSI, 2017), o que ilustra a normalidade com as armas
eram vistas há alguns anos.
“Entre 1993 e 2003 os homicídios com arma de fogo cresceram 7,8% ao ano,
até atingir 36.115 mortes” (ALESSI, 2015). “O Distrito do Jardim Ângela, bairro da
zona sul da cidade de SP, no ano de 1996, chegou a ser eleita pela ONU a região
mais perigosa do planeta, registrando a taxa anual de 116,23 assassinatos para
cada 100 mil habitantes.” (REDAÇÃO DO MIGALHAS, 2021).
Até 1997, o porte ilegal de arma de fogo era enquadrado apenas como uma
contravenção penal. “Em 1997 o Brasil passou a controlar o acesso às armas, sendo
sancionada a lei 9.437/97, que instituiu o Sinarm - Sistema Nacional de Armas como
o responsável pelo controle de armas de fogo em poder da população” (REDAÇÃO
DO MIGALHAS, 2021). Mas apesar do controle os índices de violência continuaram
a aumentar, sobrevindo o Estatuto do Desarmamento quatro anos após.
Dois anos depois da publicação, em 2005, foi realizada uma pesquisa com a
população por meio de referendo, onde lhes foi questionado se concordavam ou não
com a restrição de armas imposta pela norma. Nessa consulta popular mais de 63%
dos cidadãos foram contrários aos termos do estatuto, perpetuando-se o comércio,
com certas restrições e devida burocracia, de armas de fogo e munição em todo o
território nacional até a presente data.
I - polícia federal;
IV - polícias civis;
“De uns tempos pra cá, observa-se um desgaste da cidadania que levas as
pessoas a criarem mecanismos de autodefesa, independentes de
instituições responsáveis pela segurança pública. Ao lado disto, verifica-se o
aparecimento de novos comportamentos sociais como o isolamento (em
especial das camadas mais altas), a desconfiança e o individualismo”
7. CONCLUSÃO
A discussão acerca do porte e da posse das armas de fogo costuma ser pautada
pelos convincentes argumentos do direito de se defender, o que nos remete a idéia
de que este se trata de um assunto de direitos individuais.
Embora as armas sejam meros instrumentos, muitas vezes utilizados como meio
para o cometimento de crimes, a finalidade de sua criação é única. Armas foram
criadas para matar, ainda que esta escolha caiba somente ao portador do utensílio.
De todo modo uma arma que não efetua disparos não é um instrumento eficiente, e
se um indivíduo não possuí a intenção de atirar com ela, não há razão para tê-la.
Suponha então que um individuo, dentro da atual legislação, possua uma arma
de fogo e, ao revidar a uma injusta agressão atinja um transeunte que passava por
ali. É evidente que ele será abarcado pelo instituto da legítima defesa, não por ter o
direito individual de se defender, mas porque a hipótese trata de uma excludente de
ilicitude, uma espécie de direito subjetivo que pode ser invocado desde que
presentes todos os requisitos necessários para tanto. No cenário de sua aplicação, é
33
usado uma analise causalistica. Sendo assim, não deve o agente iludir-se com sua
existência, acreditando que poderá aplicar a exceção a todos os incidentes que
ocorram.
Por sua vez o exercício arbitrário das próprias razões é uma afronta ao
monopólio da jurisdição do Estado. E conceder ao cidadão comum o direito de
autotutelar seus direitos não é muito diferente de apagar a referida hipótese de
nosso Ordenamento, invalidando o dever do Estado e tornando-o inútil.
“Se uma sociedade se move mais em direção da violência da que da paz, isso
significa a perda de vidas humanas e materiais, custos econômicos, impossibilidade
de construção de uma ordem política e erosão de valores de convivência e
integração sociais” (CENTRO INTERNACIONAL DE INVESTIGAÇÃO E
INFORMAÇÃO DA PAZ; UNIVERSIDADE PARA A PAZ DAS NAÇÕES UNIDAS,
2002)
35
8. REFERÊNCIAS
ALESSI, Gil. Como era o Brasil quando as armas eram vendidas em shoppings
e munição nas lojas de ferragem. El País. São Paulo, p. 1-1. 31 out. 2017.
Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/25/politica/1508939191_181548.html. Acesso
em: 15 abr. 2021.
AZAMBUJA, Darcy. Teoria Geral do Estado. 34. ed. São Paulo: Globo, 1995. 397
p.
GOMES, Pedro Henrique. Decretos das armas: saiba o que está em vigor após
rosa weber ter suspendido trechos. 2021. G1. Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/04/13/decretos-das-armas-saiba-o-que-
esta-em-vigor-apos-rosa-weber-ter-suspendido-trechos.ghtml. Acesso em: 13 maio
2021.
FRAGA, Lorena. 68% dos brasileiros são contra flexibilização do uso e compra
de armas de fogo. 2021. Poder360. Disponível em:
https://www.poder360.com.br/pesquisas/68-dos-brasileiros-sao-contra-flexibilizacao-
do-uso-e-compra-de-armas-de-fogo/. Acesso em: 16 abr. 2021.
FAVORETTO, Affonso Celso. Exercício arbitrário das próprias razões (art. 345,CP).
In: FAVORETTO, Affonso Celso (ed.). DIREITO PENAL: parte geral e parte
especial. São Paulo: Rideel, 2014. p. 413-414. Disponível em:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/182324/pdf/432. Acesso em: 12
maio 2021.
TELES, Ney Moura. DIREITO PENAL: parte geral. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
540 p.
37
9. ANEXOS
ANEXO 1
ANEXO 2
ANEXO 3
ANEXO 4
39
ANEXO 5
ANEXO 6
40
ANEXO 7
ANEXO 8
41
ANEXO 9
ANEXO 10
42
ANEXO 11
ANEXO 12
43
ANEXO 13
ANEXO 14
44
ANEXO 15
ANEXO 16
45
ANEXO 17
ANEXO 18
46
ANEXO 19
ANEXO 20
47
ANEXO 21
ANEXO 22
48
ANEX0 23