Caderno Mapeado - CNU - Noções de Direito

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Patrícia Monteiro Moreno - [email protected] - CPF: 723.676.602-04


Seja muito bem-vindo!

Você acaba de adquirir o material: Caderno Mapeado para o Concurso Nacional Uni-
ficado – 2024.

Esse material é totalmente focado no certame e aborda ponto a ponto do edital da


disciplina de Noções de Direito.

Nele foi inserido toda a teoria sobre a matéria cobrada no certame, para facilitar a sua
compreensão, e marcações das partes mais importantes.

Assim, trabalharemos os assuntos mais importantes para a sua prova com foco na
banca Cesgranrio.

Caso tenha qualquer dúvida, você pode entrar em contato conosco enviando seus
questionamentos para o suporte: [email protected] e WhatsApp.

Bons Estudos!

Rumo à Aprovação!!

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Patrícia Monteiro Moreno - [email protected] - CPF: 723.676.602-04
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................... 8
DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ................................................................................................ 9
1) Introdução.................................................................................................................................................. 9
2) Direitos e Garantias Fundamentais ...................................................................................................... 9
3) Direitos e Deveres Individuais............................................................................................................. 10
3.1) Direito à Vida ....................................................................................................................................... 11
3.2) Direito à Liberdade ............................................................................................................................. 11
3.3) Direito à Igualdade ............................................................................................................................. 11
3.4) Direito à Segurança ............................................................................................................................ 12
3.5) Direito à Propriedade ........................................................................................................................ 12
4) Direitos Sociais........................................................................................................................................ 13
5) Direitos de Nacionalidade .................................................................................................................... 15
5.1) Brasileiros Natos ................................................................................................................................. 15
5.2) Brasileiros Naturalizados .................................................................................................................. 15
5.3) Perda e Renúncia da Nacionalidade ............................................................................................... 18
6) Remédios Constitucionais .................................................................................................................... 19
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................................................................................... 20
1) Introdução................................................................................................................................................ 20
2) Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 20
3) Administração Pública .......................................................................................................................... 21
3.1) Sentidos da Administração Pública ................................................................................................ 22
3.2) Poderes do Estado .............................................................................................................................. 23
4) Organização Administrativa ................................................................................................................ 24
5) Entidades políticas e administrativas ................................................................................................ 25
5.1) Entidades políticas .............................................................................................................................. 25
5.2) Entidades administrativas ................................................................................................................. 25
6) Órgãos Públicos ...................................................................................................................................... 26
6.1) Criação e extinção dos órgãos ......................................................................................................... 27
7) Entidades da Administração Pública Indireta ................................................................................. 27
7.1) Autarquias ............................................................................................................................................ 28
7.1.1) Autarquias corporativas ou profissionais .................................................................................. 29
7.1.2) Agências reguladoras e executivas ............................................................................................. 30
7.2) Fundações ............................................................................................................................................. 30
7.3) Empresa pública e Sociedade de economia mista (Lei n. 13.303/2016) ................................ 31

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7.2.1) Aspectos comuns das estatais ...................................................................................................... 32
7.3.1) Sociedade de Economia Mista (SEM).......................................................................................... 32
7.3.2) Empresa Pública ............................................................................................................................... 32
8) Quadro esquematizado das entidades da administração indireta ............................................. 33
PRINCÍPIOS ................................................................................................................................................... 35
1) Introdução................................................................................................................................................ 35
2) Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 35
3) Princípios expressos .............................................................................................................................. 35
3.1) Princípio da legalidade ...................................................................................................................... 36
3.2) Princípio da impessoalidade ............................................................................................................ 37
3.3) Princípio da moralidade .................................................................................................................... 37
3.4) Princípio da publicidade ................................................................................................................... 39
3.5) Princípio da eficiência ........................................................................................................................ 39
AGENTES PÚBLICOS ................................................................................................................................... 41
1) Introdução................................................................................................................................................ 41
2) Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 41
3) Regime Jurídico Único – Lei nº 8.112/90.......................................................................................... 41
4) Abrangência e Linha do Tempo .......................................................................................................... 42
4.1) Concurso Público ................................................................................................................................ 42
4.2) Provimento ........................................................................................................................................... 42
4.3) Posse ...................................................................................................................................................... 44
4.4) Exercício ................................................................................................................................................ 44
4.5) Estágio Probatório .............................................................................................................................. 45
4.6) Estabilidade .......................................................................................................................................... 45
4.7) Vacância ................................................................................................................................................ 45
5) Remoção ................................................................................................................................................... 47
6) Redistribuição ......................................................................................................................................... 48
7) Substituição ............................................................................................................................................. 49
8) Prerrogativas do Servidor Público Federal ...................................................................................... 50
8.1) Vencimento e Remuneração ............................................................................................................ 51
8.2) Indenizações......................................................................................................................................... 52
8.3) Gratificações e Adicionais ................................................................................................................. 53
8.3.1) Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e Assessoramento ................... 54
8.3.2) Gratificação Natalina ...................................................................................................................... 54
8.3.3) Adicional pelo Exercício de Atividades Insalubres, perigosas ou penosas ........................ 54
8.3.4) Adicional pela Prestação de Serviço Extraordinário ............................................................... 55
8.3.5) Adicional Noturno ........................................................................................................................... 55

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8.3.6) Adicional de Férias .......................................................................................................................... 55
8.3.7) Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso ..................................................................... 55
9) Das Férias ................................................................................................................................................. 56
10) Licenças .................................................................................................................................................. 56
10.1) Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família ............................................................. 57
10.2) Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge ou Companheiro..................................... 57
10.3) Licença para o Serviço Militar ....................................................................................................... 58
10.4) Licença para Atividade Política ..................................................................................................... 58
10.5) Licença para Capacitação ................................................................................................................ 58
10.6) Licença para Tratar de Interesses Particulares .......................................................................... 58
10.7) Licença para Desempenho de Mandato Classista ..................................................................... 58
10.8) Licença para Tratamento de Saúde .............................................................................................. 59
10.9) Licença à Gestante, à Adotante e Paternidade .......................................................................... 59
10.10) Licença por Acidente em Serviço................................................................................................ 59
11) Afastamentos ........................................................................................................................................ 60
12) Concessões............................................................................................................................................. 61
13) Do Direito de Petição .......................................................................................................................... 61
13.1) Prescrição ........................................................................................................................................... 62
14) Regime Disciplinar ............................................................................................................................... 63
PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO ......................................................................................... 69
1) Introdução................................................................................................................................................ 69
2) Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 70
3) Deveres da administração .................................................................................................................... 70
4) Abuso de poder ...................................................................................................................................... 71
5) Poderes Administrativos ...................................................................................................................... 72
5.1) Poder vinculado .................................................................................................................................. 73
5.2) Poder discricionário ........................................................................................................................... 73
5.3) Poder disciplinar ................................................................................................................................. 74
5.4) Poder hierárquico ............................................................................................................................... 74
5.5) Poder regulamentar ou normativo................................................................................................. 75
5.6) Poder de polícia .................................................................................................................................. 77
5.6.1) Atributos do Poder de Polícia ...................................................................................................... 78
ATOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................................................................... 80
1) Introdução................................................................................................................................................ 80
2) Noções iniciais ........................................................................................................................................ 80
2) Requisitos dos Atos Administrativos................................................................................................. 83
2.1) Teoria dos motivos determinantes ................................................................................................. 84

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2.2) Discricionariedade .............................................................................................................................. 84
3) Classificações ........................................................................................................................................... 85
3.1) Ato vinculado e discricionário ......................................................................................................... 85
3.2) Atos gerais e individuais ................................................................................................................... 85
3.3) Atos simples, complexo e composto ............................................................................................. 86
3.4) Atos de império, gestão e expediente ........................................................................................... 86
3.5) Ato perfeito, válido e eficaz ............................................................................................................. 87
4) Atributos dos atos administrativos.................................................................................................... 87
4.1) Presunção de legitimidade e veracidade ...................................................................................... 87
4.2) Autoexecutoriedade ........................................................................................................................... 88
4.3) Tipicidade ............................................................................................................................................. 88
4.4) Imperatividade .................................................................................................................................... 88
5) Agente putativo e agente necessário ................................................................................................ 89
6) Extinção dos atos administrativos ..................................................................................................... 89
7) Convalidação ........................................................................................................................................... 91
8) Espécies de Atos Administrativos....................................................................................................... 92
9) Pareceres .................................................................................................................................................. 93
10) Licenças, autorizações e permissões ............................................................................................... 93
SERVIÇOS PÚBLICOS .................................................................................................................................. 94
1) Introdução................................................................................................................................................ 94
2) Conceito.................................................................................................................................................... 94
3) Características do serviço público ...................................................................................................... 95
4) Princípios do serviço público .............................................................................................................. 96
5) Formas de prestação do serviço público .......................................................................................... 98
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................... 99
1) Introdução................................................................................................................................................ 99
2) Classificação das formas de controles ............................................................................................. 100
3) Controle administrativo...................................................................................................................... 102
4) Controle judicial ................................................................................................................................... 103
5) Controle legislativo.............................................................................................................................. 104
RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO ............................................................................ 106
1) Introdução.............................................................................................................................................. 106
2) Conceito e Fundamento constitucional .......................................................................................... 106
3) História e Teorias da Responsabilidade Civil da Administração Pública ................................ 106
3.1) Teorias da Responsabilidade Civil ................................................................................................ 107
4) Excludentes ............................................................................................................................................ 109
5) Responsabilidade do Estado .............................................................................................................. 110

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6) Direito de regresso .............................................................................................................................. 111
7) Prazo Prescricional ............................................................................................................................... 112
8) Sanções Aplicáveis aos Atos de Improbidade Administrativa ................................................. 113
LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO .................................................................................................. 114
1) Introdução.............................................................................................................................................. 114
2) Considerações Iniciais ......................................................................................................................... 114
3) Competência.......................................................................................................................................... 115
4) Partes Interessadas .............................................................................................................................. 117
5) Impedimentos e Suspeição ................................................................................................................ 117
6) Comunicação dos atos ........................................................................................................................ 118
7) Fases do Processo Administrativo .................................................................................................... 119
8) Motivação .............................................................................................................................................. 119
9) Desistência e Extinção do Processo Administrativo .................................................................... 119
10) Recurso Administrativo e Revisão ................................................................................................. 120

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Pessoal!

Antes de iniciarmos o estudo de Noções de Direito, apresentaremos os assuntos que são cobra-
dos no edital. Siga firme com os estudos que a aprovação virá!!

CONTEÚDO

I – DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: Direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liber-
dade, à igualdade, à segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania; garantias consti-
tucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos.

II – A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: Administração pública (artigos de 37 a 41, da Constituição Federal de


1988).

III - DIREITO ADMINISTRATIVO:

1 Direito administrativo: conceito, fontes e princípios.

2 Organização administrativa da União; administração direta e indireta.

3 Agentes públicos: poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; Regime Jurídico
Único (Lei nº 8.112/1990 e suas alterações): provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição;
direitos e vantagens; regime disciplinar; responsabilidade civil, criminal e administrativa.

4 Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso
e abuso do poder.

5 Ato administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, desfazimento e sanatória; classificação, espécies
e exteriorização; vinculação e discricionariedade.

6 Serviços Públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; delegação: concessão, permissão,


autorização.

7 Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legisla-


tivo; responsabilidade civil do Estado. Sanções aplicáveis aos atos de improbidade administrativa (Lei nº
8.429/1992 e suas alterações).

8 Lei do Processo Administrativo (Lei no 9.784/1999 e suas alterações).

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DIREITO E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

1) Introdução

Vamos iniciar os estudos sobre a matéria de Direito Constitucional, focado nos direitos e garantias
fundamentais:

1 – Direito e Garantias Fundamentais: Direitos e deveres individuais e coletivos; direito à


vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade; direitos sociais; naciona-
lidade; cidadania; garantias constitucionais individuais; garantias dos direitos coleti-
vos, sociais e políticos.

2) Direitos e Garantias Fundamentais

Os direitos e garantias fundamentais são um conjunto de princípios e normas para assegurar a


dignidade da pessoa humana, garantindo-lhe a liberdade, igualdade, e proteção contra os abuso
do poder estatal. Estes direitos são fundamentais para o exercício da cidadania e para a organização
e funcionamento da sociedade brasileira. A Constituição Federal define os direitos e deveres a partir
do art. 5º, os quais são subdivididos em 5 grandes grupos, quais sejam:

Direitos e
Deveres
Individuais

Partidos
Direitos Sociais
Políticos

Direitos Direitos de
Políticos Nacionalidade

Entretanto, iremos focar nos direitos e garantias fundamentais cobrados no edital – os direitos e
deveres individuais (direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade), direitos
sociais, direitos de nacionalidade, cidadania, as garantias constitucionais individuais, bem como as
garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos.

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3) Direitos e Deveres Individuais

Na Carta Magna do Brasil de 1988, o artigo inaugural do Título II, intitulado "Dos Direitos e Garantias
Fundamentais", é o artigo 5º. Este artigo delineia, em sua redação, cinco direitos fundamentais que
servem como alicerces para a formulação dos demais e para todo o ordenamento jurídico brasi-
leiro. A passagem estabelece:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade...

A partir dessa disposição, constatamos que os seguintes elementos constituem os pilares dos direi-
tos fundamentais na Constituição Federal:

Direito à vida;
Pilares dos Direitos Fundamentais

À liberdade;

À igualdade;

À segurança; e,

À propriedade.

Esses direitos representam garantias individuais asseguradas a todos os cidadãos brasileiros pela
Constituição Federal. A inviolabilidade desses direitos funciona como a garantia de que a relação
entre o indivíduo e o Estado permanece íntegra, sustentando o Estado Democrático de Direito.

O artigo 5º, § 2º, da Constituição Federal reconhece que a enumeração de direitos na Constituição
não é exaustiva (rol exemplificativo). Mesmo que um direito específico não esteja claramente men-
cionado neste dispositivo, ele pode ser reconhecido e protegido, desde que esteja alinhado com os
princípios e o sistema jurídico adotado pela Constituição.

Além disso, a inclusão da referência aos tratados internacionais destaca a importância do compro-
misso internacional do Brasil.

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regime e dos princípios
adotados pela Constituição
direitos e garantias NÃO excluem outros
expressos na decorrentes (rol
Constituição Federal exemplificativo) tratados internacionais em que
a República Federativa do Brasil
seja parte.

Aprofundaremos, a seguir, de maneira mais detalhada, cada um dos cinco principais direitos funda-
mentais mencionados.

3.1) Direito à Vida

O direito à vida, possivelmente o fundamento mais crucial para a existência em sociedade, não se
limita apenas à prerrogativa de a pessoa deter controle sobre sua própria vida e existência. Ele
abrange, igualmente, a condição de viver de maneira digna, preservando a integridade física e
moral de cada indivíduo dentro da nação.

Além do direito à vida, práticas que possam humilhar fisicamente e psicologicamente o indivíduo
são proibidas. Coação e tortura, por exemplo, são exemplos de ações que violam diretamente o
direito à vida e, portanto, são proibidas conforme estabelecido no artigo 5º:

Art. 5º, II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.

3.2) Direito à Liberdade

O direito à liberdade, semelhante ao direito à vida, não se restringe à liberdade física, isto é, a não
ser preso ou detido sem motivo ou sem ter infringido a lei.

Ele engloba o direito de ir e vir, a livre expressão e pensamento, a liberdade religiosa, a liberdade
intelectual, filosófica e política, além da liberdade de manifestação, entre outras.

3.3) Direito à Igualdade

Dentro dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, o direito à igualdade aborda
principalmente o tratamento igualitário entre os membros da sociedade.

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Questões relacionadas a gênero, classe, etnia, raça, crença religiosa, entre outras, são tratadas na
Constituição com o propósito de oferecer respaldo legal à possibilidade de as pessoas serem trata-
das como iguais, considerando suas diferenças.

Outro aspecto relacionado à igualdade na Constituição Federal abrange questões materiais, onde as
pessoas devem ter acesso a certos bens e condições materiais com base na classe social, visando
combater a desigualdade social e econômica.

Além da preservação do direito à igualdade, os direitos fundamentais e garantias fundamentais es-


tabelecem mecanismos de punição para aqueles que violam o direito à igualdade alheio.

3.4) Direito à Segurança

Dos direitos fundamentais, o direito à segurança está intrinsecamente ligado à atuação do Estado
na vida individual dos cidadãos que compõem a nação.

Incluído no direito à segurança está a capacidade do Estado em punir aqueles que não respeitam
as leis, além de proporcionar segurança para que o indivíduo se defenda do Estado quando este age
de maneira contrária à Constituição Cidadã.

O inciso XXXIX do artigo 5º da Constituição Federal, por exemplo, estabelece que ninguém pode
ser responsabilizado por crimes que não estejam tipificados em lei, nem podem ser penalmente
responsáveis sem um julgamento justo e legal.

3.5) Direito à Propriedade

No contexto do ordenamento jurídico e dos direitos fundamentais, o direito à propriedade destaca-


se como um dos mais relevantes para garantir que todos tenham a possibilidade de morar e sub-
sistir de forma digna.

Esse direito assegura que todos possam usufruir de propriedades privadas, estabelecendo normas
protetivas (como registros para regularizar a propriedade de maneira legal) e instituindo formas de
distribuir propriedades para aqueles que não têm condições de garantir moradia e subsistência.

A usucapião, por exemplo, fundamenta-se no inciso XXIII do artigo 5º da Constituição Federal, que
determina que toda propriedade deve ter uma função social.

Esse mecanismo foi criado para garantir o direito à propriedade a todos, além de estabelecer que a
propriedade deve cumprir uma função social específica (como moradia, trabalho, alimentação, entre
outras).

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Momento da Questão

Questão inédita – Em um Estado democrático de direito, os Direitos e Deveres Individuais são


pilares fundamentais para a construção de uma sociedade justa. Considerando o contexto
constitucional brasileiro, analise a seguinte situação:

Um cidadão brasileiro, após manifestar publicamente suas opiniões políticas em uma rede so-
cial, foi alvo de uma investigação policial que visava coibir suas manifestações. Diante desse
cenário, qual princípio fundamental dos Direitos e Deveres Individuais está sendo potencial-
mente violado?

a) Direito à vida.

b) Direito à liberdade de expressão.

c) Direito à igualdade perante a lei.

d) Dever de pagar impostos.

e) Dever de prestar serviço militar obrigatório.

Gabarito: Letra B.

Comentário: A situação apresentada destaca a importância do direito à liberdade de expressão,


um dos pilares dos Direitos e Deveres Individuais. Esse direito assegura a todos o direito de mani-
festar suas opiniões, ideias e pensamentos, sem censura ou repressão por parte do Estado.

4) Direitos Sociais

Os direito sociais são a garantias e benefícios estabelecidos na Constituição, visando a promoção


do bem-estar e a justiça social. De acordo o art. 6º, os direitos sociais são:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o trans-
porte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a as-
sistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Os direito sociais são importantes para garantir a cidadania! Por isso, anote esse mnemônico: TAS EM
SALPPT (Isso vai te salvar na hora da prova).

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•Trabalho
T

•Alimentação
A

•Saúde
S

•Educação
E

•Moradia
M

•Segurança
S

•Assistência aos desamparados


A

•Lazer
L

•Previdência
P

•Proteção à Maternidade e a Infância


P

•Transporte
T

Tome nota

Alguns dos direitos sociais não são originários da CF/88, sendo obra do Poder Constituinte Deri-
vado Reformador. Ou seja, são direitos que foram introduzidos no texto Constitucional por meio de
Emenda Constitucional.

Moradia → EC 26/2000;

Alimentação → EC 64/2010;

Transporte → EC 90/2015.

Momento da Questão

Questão inédita – Em um esforço para promover a inclusão social e reduzir as desigualdades,


um governo decide implementar políticas que garantam o acesso universal à educação de
qualidade. Diante desse contexto, qual direito social está sendo priorizado por essa ação?

a) Direito à propriedade.

b) Direito à alimentação.

c) Direito à moradia.

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d) Direito à saúde.

e) Direito à educação.

Gabarito: Letra E.

Comentário: A situação descrita destaca a iniciativa governamental em assegurar o acesso uni-


versal à educação de qualidade, priorizando o direito social relacionado à educação.

5) Direitos de Nacionalidade

O direito de nacionalidade um aspecto fundamental do direito civil que estabelece a relação jurí-
dica entre o indivíduo e um Estado, conferindo-lhe a qualidade de nacional desse país. No con-
texto brasileiro, as regras sobre nacionalidade estão principalmente previstas na Constituição Federal
de 1988 e na legislação infraconstitucional, como o Código Civil.

Conforme Pedro Lenza, “nacionalidade pode ser definida como o vínculo jurídico-político que
liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo
desse Estado e, por consequência, desfrute de direitos e se submeta a obrigações”. Nessa linha, a
legislação brasileira adota dois critérios para a aquisição da nacionalidade: o jus solis e o jus san-
guinis.

5.1) Brasileiros Natos

O jus solis é o critério que confere a nacionalidade brasileira a todas as pessoas nascidas em terri-
tório nacional, independentemente da nacionalidade de seus pais. Esse princípio é conhecido como
"direito do solo". Dessa forma, uma pessoa que nasce em solo brasileiro é considerada brasileira
nata, mesmo que seus pais sejam estrangeiros.

Já o jus sanguinis é o critério que confere a nacionalidade brasileira aos filhos de brasileiros nas-
cidos no exterior. Esse princípio é conhecido como "direito do sangue". Ou seja, a nacionalidade
brasileira é transmitida aos filhos de brasileiros, independentemente do local de nascimento. Além
desses dois critérios, a Constituição Federal também prevê outras formas de aquisição da nacio-
nalidade, como a naturalização e a concessão de asilo político.

5.2) Brasileiros Naturalizados

Há ainda a possibilidade de estrangeiros se tornarem brasileiros, através do processo de naturali-


zação. A naturalização é a forma de aquisição de nacionalidade brasileira. Existem três formas de
aquisição da nacionalidade brasileira em relação aos estrangeiros: nativos de países de língua por-
tuguesa, os nativos de Portugal e os estrangeiros de qualquer nacionalidade.

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Brasileiros Naturalizados

Nativos de países de língua Nativos de Portugal Estrangeiros de qualquer nacionalidade


portuguesa

Residência por 1 ano ininterrupto Residência permanente Residência há mais de 15 anos ininterrup-
e idoneidade moral no Brasil tos e sem condenação penal, com a requi-
sição da nacionalidade brasileira.

O processo de naturalização ocorrerá com algumas etapas especificas. O interessado inicia o pro-
cesso protocolando um pedido junto ao Ministério da Justiça, órgão responsável pela análise de
naturalizações. O Ministério da Justiça analisa o pedido, verificando se o requerente atende a todos
os requisitos legais. Após a aprovação, o pedido é publicado no Diário Oficial da União, abrindo-se
um prazo para eventuais impugnações.

Superado o prazo e consideradas eventuais impugnações, o Ministério da Justiça emite uma decisão
final sobre a naturalização. Em caso de aprovação, o naturalizando realiza um juramento de fideli-
dade à Constituição e às leis brasileiras. O ato de naturalização é formalizado por meio de decreto
presidencial.

Por fim, com a naturalização concedida, o estrangeiro torna-se cidadão brasileiro, adquirindo plena-
mente os direitos e deveres inerentes a essa condição. Além disso, o Brasil permite a dupla naciona-
lidade em determinadas situações, permitindo que o naturalizado mantenha a sua nacionalidade de
origem.

crime comum - praticado antes da


naturalização
Nenhum brasileiro será
Salvo o naturalizado
extraditado
comprovado envolvimento em
tráfico

Importante lembrar que, existem alguns cargos que são privativos de brasileiros natos, ou seja, so-
mente os brasileiros natos podem exercer as funções do cargo.

O rol taxativo dos cargos privativos dos brasileiros natos é um tema simples, mas que despenca nas
provas! Por isso, anote esse mnemônico: MP3.COM (Isso vai te salvar na hora da prova).

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•Ministro do STF
M

•Presidente e Vice Presidente da República


P

•Presidente da Câmara dos Deputados


P

•Presidente do Senado Federal


P

•Carreira Diplomática
C

•Oficial das Forças Armadas


O

•Ministro de Estado e de Defesa


M

Agora que analisamos as possibilidades de aquisição da nacionalidade brasileira, fizemos um es-


quema sobre o direito de nacionalidade para você gabaritar na prova!

nascidos no Brasil

nascidos no estrangeiro de pai e


Natos mãe brasileiros - esteja a serviço
da República Federativa do Brasil

Nascidos no estrangeiro de pai


ou mãe brasileiros registrados ou
residentes
Nacionalidade residência por 1
ano ininterrupto no
Brasil
estrangeiros originários de
países de língua portuguesa
Idoneidade moral

Naturalizados
residência
inimterrupa por 15
anos
estrangeiros de qualquer
nacionalidade
sem condenação
penal

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5.3) Perda e Renúncia da Nacionalidade

No que diz respeito à possibilidade de revogação da naturalização por meio de decisão judicial de-
vido a atividades prejudiciais ao interesse nacional, a Emenda Constitucional 131 trouxe uma mu-
dança significativa ao redefinir esse conceito indeterminado. Agora, essa revogação é permitida so-
mente nos casos de fraude no processo de naturalização ou de ações que atentem contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático de Direito.

fraude relacionada ao
processo de
naturalização
cancelada a
Perda da Nacionalidade naturalização por
sentença judicial
atentado contra a ordem
constitucional e Estado
Democrático

Além disso, a emenda apresenta a possibilidade de renúncia da nacionalidade brasileira por meio de
um pedido expresso feito perante uma autoridade competente do país. No entanto, é importante
ressaltar que tal renúncia não deve acarretar a condição de apátrida, ou seja, não pode deixar o
indivíduo sem nenhuma nacionalidade. Detalhes específicos sobre as cláusulas "a" e "b" do parágrafo
4º foram revogados, indicando a exclusão de disposições anteriores relativas a esse assunto.

Com a Emenda Constitucional 131, a possibilidade de perda da nacionalidade brasileira devido à


aquisição de nacionalidade estrangeira é eliminada, passando a requerer um pedido explícito por
parte do cidadão perante a autoridade brasileira competente. Tal solicitação só poderá ser concedida
se não resultar em estado de apátrida.

pedido expresso oerante a


Perda da Nacionalidade
autoridade brasileira

No parágrafo 5º, a emenda assegura que a renúncia da nacionalidade brasileira, conforme estabele-
cido no inciso II do parágrafo 4º, não impede o indivíduo de readquirir sua nacionalidade brasi-
leira original, desde que esteja em conformidade com a legislação vigente.

Esta emenda à Constituição, de acordo com o artigo 2º, entrou em vigor na data de sua publicação,
conferindo validade legal imediata às alterações introduzidas no artigo 12 da Constituição Federal.
Este ato constitucional, fruto do exercício legislativo, serve como um marco regulatório para os casos
de perda e renúncia da nacionalidade brasileira, buscando equilibrar a proteção dos direitos indivi-
duais com os interesses do Estado.

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Momento da Questão

Questão inédita – Maria, nascida em solo brasileiro, filha de pais estrangeiros que residem no
Brasil há mais de uma década, manifestou interesse em obter a nacionalidade brasileira. Diante
desse cenário, qual base legal se aplica ao direito de nacionalidade de Maria?

a) Princípios gerais da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

b) Acordos bilaterais entre o Brasil e o país de origem de seus pais.

c) Constituição Federal de 1988.

d) Tratados internacionais sobre imigração.

e) Código Civil Brasileiro.

Gabarito: Letra C.

Comentário: O direito de nacionalidade no Brasil é regido pela Constituição Federal de 1988,


que estabelece as condições para a aquisição da nacionalidade brasileira.

6) Remédios Constitucionais

Os remédios constitucionais são instrumentos jurídicos previstos na Constituição Federal para pro-
teger os direitos fundamentais dos cidadãos, garantindo-lhes meios efetivos de defesa e reparação
em caso de violação.

Originam-se dos direitos e garantias fundamentais, conforme estabelecido no artigo 5º da Consti-


tuição, os quais são fundamentais para proteger e garantir, a todos os cidadãos brasileiros e es-
trangeiros, os direitos à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade privada.

Esquematizando...

Remédio Constitucional Bem Tutelado

Habeas Corpus – HC Direito de locomoção – ir, vir e ficar

Habeas Data – HD Direito de informação de caráter pessoal

Mandado de Segurança – MS Direito líquido e certo, não amparado por HC/HD

Mandado de Injunção – MI Sanar omissões legislativas

Ação Popular – AP Combater atos lesivos

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Ação Civil Pública – ACP Danos causados ao meio ambiente, consumidor, bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Momento da Questão

Questão inédita – Maria, nascida em solo brasileiro, filha de pais estrangeiros que residem no
Brasil há mais de uma década, manifestou interesse em obter a nacionalidade brasileira. Diante
desse cenário, qual base legal se aplica ao direito de nacionalidade de Maria?

a) Princípios gerais da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

b) Acordos bilaterais entre o Brasil e o país de origem de seus pais.

c) Constituição Federal de 1988.

d) Tratados internacionais sobre imigração.

e) Código Civil Brasileiro.

Gabarito: Letra C.

Comentário: O direito de nacionalidade no Brasil é regido pela Constituição Federal de 1988,


que estabelece as condições para a aquisição da nacionalidade brasileira.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre o tema de Organização do Estado – Administração Pública:

1 – Administração pública (artigos de 37 a 41, da Constituição Federal de 1988).

2) Considerações Iniciais

O Direito Administrativo é um ramo do Direito Público que regulamenta a organização, funciona-


mento e atividade da Administração Pública. Ele estabelece as normas e princípios que orientam a
atuação dos órgãos e agentes públicos, visando a busca do interesse público nas relações entre o
Estado e os cidadãos.

O Direito Administrativo é essencial para assegurar a legalidade, transparência e eficiência na atu-


ação do Estado, protegendo os direitos dos cidadãos e contribuindo para o bom funcionamento da
Administração Pública.

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Você pode perceber que as matérias do direito brasileiro são codificadas, ou seja, as normas jurídicas
básicas são organizadas em um código, como por exemplo – o direito civil tem sua base no Código
Civil.

No entanto, ao abordar o direito administrativo, é notável a ausência de um "Código de Direito


Administrativo". Diversas leis e atos normativos contêm disposições relacionadas ao direito adminis-
trativo, mas não há uma compilação centralizada dessas normas. Quando menciono direito adminis-
trativo, é comum pensar na Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos), na Lei 8.429/1992 (Lei de
Improbidade Administrativa), na Lei 8.112/1990 (Estatuto dos Servidores da União), na Lei 9.784/1999
(Lei de Processo Administrativo) e em outras legislações específicas. Percebe-se, portanto, que di-
versas leis tratam desse tema de forma separada. Isso sem mencionar os decretos regulamentares,
instruções normativas e demais normas que também se aplicam.

Assim, o direito administrativo não é codificado, uma vez que as normas que o regem estão dispersas
em diferentes leis, atos normativos e princípios administrativos.

3) Administração Pública

A Administração Pública refere-se ao conjunto de órgãos, entidades e agentes que exercem as ati-
vidades administrativas do Estado para a realização do interesse público. Essa atuação abrange
desde a elaboração e execução de políticas públicas até a prestação de serviços à sociedade. A Ad-
ministração Pública pode ser dividida em diferentes esferas, como a administração federal, estadual
e municipal.

Existem dois grandes aspectos na Administração Pública:

órgãos que integram a


estrutura central do
estado e exercem as
funções de forma direta
União, Estados, DF e
Direta
Municípios
possuem autonomia
administrativa, financeira,
orçamentária e política
Administração
Pública
engloba atividades que,
mesmo integrando a
autarquia, fundação,
estrutura do Estado,
empresa pública,
Indireta possuem autonomia
sociedade de
administrativa e
economia mista
financiera em relação à
Administração Direta.

A atuação da Administração Pública é guiada por princípios fundamentais que buscam garantir a
transparência, responsabilidade e adequação das ações estatais. Por fim, a Administração Pública

21
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está sujeita a controle, seja interno, externo ou judicial, para assegurar que suas atividades estejam
de acordo com as normas legais e constitucionais. Esse controle contribui para a proteção dos direi-
tos dos cidadãos e a promoção do bem comum.

As prerrogativas da administração são típicas do direito público, fato que não existe no direito pri-
vado, no qual predomina a igualdade entre as partes.

De acordo com Marçal Justen Filho, “o regime jurídico de direito público consiste no conjunto de
normas jurídicas que disciplinam o desempenho de atividades e de organizações de interesse cole-
tivo, vinculadas direta ou indiretamente à realização dos direitos fundamentais, caracterizado pela
ausência de disponibilidade e pela vinculação à satisfação de determinados fins.”

3.1) Sentidos da Administração Pública

De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Administração Pública é "o conjunto de órgãos,
serviços e agentes do Estado que exercem a atividade administrativa, isto é, que desempenham fun-
ções públicas de forma direta ou indireta".1 Esse conceito, além do que trataremos no próximo pa-
rágrafo, pode ser dividido em dois sentidos:

Esse conceito, além do que trataremos no próximo parágrafo, pode ser dividido em dois sentidos:

Sentido amplo: A Administração Pública no sentido amplo "é o conjunto de órgãos, entidades
e agentes públicos incumbidos da realização das atividades administrativas, ou seja, de imple-
mentar as políticas públicas";2

Sentido estrito: Já a Administração Pública no sentido estrito é "a parte da estrutura do Estado
que tem por função realizar as tarefas executivas e materiais que lhe são atribuídas, mediante o
exercício direto ou indireto de atividades de natureza administrativa".3

Sentido amplo Sentido estrito

Conjunto de órgãos responsáveis por atividades Apenas atividades de natureza administrativa.


administrativas e políticas públicas.

Esses conceitos são importantes para entendermos a abrangência e a função da Administração


Pública no Estado, seja na implementação de políticas públicas ou na execução de atividades admi-
nistrativas específicas.

1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Atlas, 2019, p. 62.
2
JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 7ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 150.
3
DI PIETRO, p. 65.

22
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Além destes sentidos, para o completo entendimento do Direito Administrativo, no que refere-se ao
sentido estrito da Administração Pública, ainda entende-se em dois outros sentidos, os quais preci-
sam estar fixados na memória – o sentido objetivo e o sentido subjetivo!

Sentido Objetivo, Material ou Funcional: Diz respeito à atividade administrativa em si, inde-
pendentemente dos sujeitos que a realizam. Nesse contexto, a Administração Pública refere-se ao
conjunto de atividades que o Estado desempenha para a consecução do interesse público, incluindo
a elaboração e execução de políticas, a prestação de serviços públicos e a edição de normas.

Sentido Formal, Orgânico ou Subjetivo: Refere-se ao conjunto de órgãos, entidades e agentes


que compõem a estrutura estatal e que exercem as atividades administrativas. Nesse sentido, a
Administração Pública é composta por órgãos como ministérios, secretarias, autarquias, empresas
públicas, entre outros.

Administração Pública - Administração Pública -


subjetiva/formal/orgânica (Quem?) objeitiva/material/funcional (O que?)

orgãos públicos fomento

entidadades públicas poder de polícia

agentes públicos serviços públicos

intervenção

3.2) Poderes do Estado

Os poderes do Estado referem-se às funções essenciais desempenhadas pelo Estado para garantir o
bom funcionamento da sociedade e a realização dos fins previstos na Constituição. Esses poderes
são divididos em três: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Essa divisão tem
como base a teoria da separação dos poderes, proposta por Montesquieu no século XVIII, que busca
evitar a concentração excessiva de poder nas mãos de um único órgão ou indivíduo.

Vamos explorar cada um desses poderes, no quadro funcional abaixo:

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Poder Função Típica Funções Atípicas

Exercer atividade legislativa, como na elaboração de medidas


provisórias ou decretos autônomos.

Executivo Administrar
Desempenhar função jurisdicional, como nos casos de julga-
mentos pelo CADE relacionados à possível formação de cartéis ou
outras violações à concorrência.

Desempenhar atividades legislativas, como a elaboração de Re-


gimentos Internos.
Judiciário Julgar
Exercer funções administrativas, envolvendo a gestão dos ser-
vidores.

Exercer função jurisdicional, processando e julgando as autori-


dades designadas pela Constituição (art. 52).
Legislativo Legislar e fiscalizar
Desempenhar atividades administrativas, envolvendo a gestão
dos servidores.

O Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Defensoria Pública não estão subordinados a nenhum dos
Poderes. Possuem autonomia nas esferas administrativa, funcional e orçamentária-financeira.

4) Organização Administrativa

A organização administrativa refere-se à estrutura e distribuição das entidades e órgãos que com-
põem a administração pública em um determinado contexto governamental. Essa estrutura tem
como objetivo facilitar o funcionamento eficiente do Estado, permitindo a implementação e execu-
ção das políticas públicas.

Este modelo, que consiste na organização administrativa dividida entre Administração Direta e In-
direta, será examinado a seguir. É crucial destacar que, atualmente, a atividade administrativa pode
ser desempenhada não apenas por entidades inseridas na estrutura da Administração Pública, mas
também por pessoas jurídicas sujeitas a regime privado. Estas fornecem serviços públicos, como
concessionárias ou permissionárias de serviços públicos, ou colaboram com o Estado na consecução
de seus objetivos, como os entes de cooperação, por meio de diversos vínculos jurídicos. Este as-
pecto também será explorado em momento oportuno.

24
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5) Entidades políticas e administrativas

As entidades políticas e administrativas referem-se a diferentes organizações e estruturas presentes


em uma sociedade ou em um sistema político-administrativo. Essas entidades desempenham papéis
específicos na condução dos assuntos públicos e na implementação de políticas.

5.1) Entidades políticas

As entidades políticas são os entes federativos, compondo a Administração Direta, assim, detém
uma parcela de poder político, sendo regidas pelo Direito Constitucional. As entidades que com-
põem a Administração Direta são: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Autoadministração

Capacidade de autonomia
Auto-organização
política

Autogoverno

5.2) Entidades administrativas

As entidades administrativas são organizações jurídicas, seja de direito público ou privado, esta-
belecidas pelas entidades políticas com o propósito de exercer uma porção de sua capacidade de
autoadministração. Em outras palavras, essas entidades são criadas pelas entidades políticas com a
finalidade específica de prestar serviços conforme os deveres conferidos a elas pela Constituição
Federal.

As entidades administrativas são entidades que compõem a administração indireta, vinculadas às


entidades políticas, as quais são regidas pelo Direito Administrativo.

Momento da Questão

Questão inédita – Considerando o tema da Organização Administrativa, assinale a alternativa


correta:

a) A atividade administrativa pode ser desempenhada apenas por entidades na estrutura da Admi-
nistração Pública, excluindo pessoas jurídicas sujeitas a regime privado.

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b) As entidades políticas, como União, Estados, Distrito Federal e Municípios, integram a Adminis-
tração Indireta e são regidas pelo Direito Administrativo.

c) Entidades administrativas, como concessionárias de serviços públicos, fazem parte da Administra-


ção Direta e são regidas pelo Direito Constitucional.

d) As entidades administrativas são criadas pelas entidades políticas com o propósito de exercer
uma parcela de sua capacidade de autoadministração, sendo regidas pelo Direito Administrativo.

e) A Organização Administrativa não tem relação direta com a implementação e execução de políti-
cas públicas, sendo focada apenas na estrutura burocrática do Estado.

Gabarito: Letra D.

Comentário: Esta opção aborda conceitos fundamentais sobre a Organização Administrativa.


Ela destaca que as entidades administrativas são criadas pelas entidades políticas, como União, Es-
tados, Distrito Federal e Municípios, para que exerçam funções específicas no âmbito da administra-
ção pública. A expressão "capacidade de autoadministração" ressalta a descentralização administra-
tiva, na qual as entidades políticas delegam parte de suas competências para as entidades adminis-
trativas. Além disso, ao mencionar que tais entidades são regidas pelo Direito Administrativo, enfa-
tiza a normatização legal que rege suas atividades e relações, incluindo princípios e normas especí-
ficas aplicáveis à administração pública. Essa opção representa, assim, uma compreensão acertada
sobre a organização e funcionamento da Administração Pública.

6) Órgãos Públicos

Órgãos públicos são centros de competências – sem personalidade jurídica – instituídos para o
desempenho de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurí-
dica a que pertencem. Órgãos públicos estão organizados em uma estrutura hierárquica e podem
estar sujeitos a relações de subordinação. A hierarquia facilita a coordenação e o controle das ativi-
dades administrativas.

Cada órgão público possui competências e atribuições específicas, definidas por lei. Suas funções
estão relacionadas às atividades do respectivo poder ou entidade a que pertencem.

Ex.: Ministérios, suas secretarias, coordenadorias e departamentos.

26
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Centros de competências

Sem personalidade jurídica

Órgãos públicos

Instituídos para o desempenho de funções


estatais

Atuação é imputada à pessoa jurídica a que


pertencem.

6.1) Criação e extinção dos órgãos

A criação e extinção de órgãos na administração pública são processos regulados por normas legais
e administrativas. Esses procedimentos são essenciais para adequar a estrutura administrativa às
demandas e mudanças nas políticas públicas, garantindo eficiência na prestação de serviços.

A criação dos órgãos ocorrem através da desconcentração. Dessa forma, a criação e extinção de
órgãos demandam a edição de uma lei; contudo, para regulamentar a estrutura e operação, é
possível utilizar um instrumento normativo de hierarquia inferior à lei: o decreto.

7) Entidades da Administração Pública Indireta

Este tema é de extrema importância para as provas de concursos públicos, uma vez que a base da
Administração Indireta.

Por isso, anote esse mnemônico: F – A – S – E (Isso vai te salvar na hora da prova).

•Fundações Públicas
F

•Autarquia
A

•Sociedade de Economia Mista


S

•Empresas Públicas
E

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O fundamento jurídico relacionado ao tema encontra-se estabelecido no artigo 5º do Decreto-lei
nº 200/67 e, para facilitar os estudos, transcrevemos o artigo:

Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se:

I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram,
para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.

II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com


patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência
administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito.

III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito


privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
Administração Indireta.

IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem


fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de ativi-
dades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funciona-
mento custeado por recursos da União e de outras fontes.

7.1) Autarquias

As autarquias são entidades da administração pública indireta que possuem personalidade jurídica
própria e autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Elas são criadas por lei específica para
desempenhar atividades de interesse público que demandam uma gestão mais flexível e especiali-
zada. A principal característica das autarquias é a descentralização de funções do Estado, permitindo
uma atuação mais eficiente em determinadas áreas.

Possuem as seguintes características:

28
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Criadas e extintas por lei específica: como a criação se dá por lei, não é
necessário registrar nos órgãos de registros públicos.

Dotadas de autonomia gerencial, orçamentária e patrimonial.

Não exercem atividade econômica.

Tem capacidade de autoadministração.

Possuem imunidade tributária.

Têm bens públicos.

Características da Regime normal de contratação é estatutário.


Autarquia
Possuem prerrogativas da fazenda pública.

Devem realizar licitações.

Responsabilidade objetiva e direta.

Devem observar as regras de contabilidade pública.

Seus dirigentes ocupam cargos em comissão de livre provimento e


exoneração.

Controle finalístico (ou “tutela” ou "supervisão ministerial") exercido pelo


ente que a criou: essa supervisão é exercida pelo ente que criou a pessoa
jurídica e visa à verificação da realização dos objetivos que justificaram a
criação da autarquia.

7.1.1) Autarquias corporativas ou profissionais

As autarquias corporativas ou profissionais são os órgãos de fiscalização das profissões regula-


mentadas, conhecidos como Conselhos de Fiscalização. Esses conselhos são classificados como
autarquias corporativas, conferindo-lhes o status de pessoas jurídicas de direito público. A contrata-
ção de agentes para esses conselhos requer a realização de concurso público, embora estes pro-
fissionais possam adotar o regime celetista.

Importante!

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A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é uma entidade peculiar, sendo considerada sui generis,
pois não está sujeita à exigência de concurso público para a contratação de seus membros.

7.1.2) Agências reguladoras e executivas

Agências reguladoras e agências executivas são tipos de entidades governamentais com funções
específicas e características distintas.

I) agências reguladoras

As agências reguladoras desempenham um papel fundamental na regulação setorial e fiscalização.


Elas são incumbidas da responsabilidade de regular setores específicos da economia, ao mesmo
tempo em que monitoram e fiscalizam as atividades das empresas e entidades que atuam nessas
áreas, com o objetivo de garantir o cumprimento de normas e padrões estabelecidos.

Além disso, essas agências detêm autonomia técnica, permitindo-lhes tomar decisões fundamen-
tadas em critérios técnicos, em detrimento de considerações políticas. Isso assegura imparcialidade
em suas ações. Essas entidades são essenciais para promover a eficiência, transparência e conformi-
dade nas áreas específicas que regulamentam

. Ex.: ANVISA, ANP, ANCINE, ANAC, ANS e CADE.

II) agências executivas

A agência executiva é uma autarquia ou fundação pública que recebe uma qualificação jurídica
para alcançar maior autonomia, sendo um título atribuído pelo governo federal. Esta qualificação é
aplicável a autarquias, fundações públicas e órgãos que celebram contrato de gestão para ampliação
de sua autonomia, mediante a fixação de metas de desempenho. A qualificação é estabelecida por
meio de Decreto do Presidente da República ou portaria do Ministro de Estado.

Requisitos para a qualificação como agência executiva incluem:

Celebração de um contrato de gestão com o Ministério supervisor.

Existência de um plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional.

7.2) Fundações

Na Administração Indireta, as fundações são entidades que fazem parte do conjunto de instituições
criadas para atuar em nome do Estado, mas com certa autonomia em relação à Administração Direta.
A característica central das fundações reside na personificação do patrimônio, com a finalidade é
não lucrativa. Compete à lei complementar estabelecer as áreas de atuação específicas dessas
entidades. As Fundações públicas podem ter natureza jurídica de direito privado ou de direito pú-
blico.

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Quando são de direito público, podem, também, ser chamadas de fundação autárquica, são efeti-
vamente criadas por lei. Dessa forma, elas ganham a personalidade jurídica no momento da vigência
da lei instituidora.

No que diz respeito aos bens, as fundações públicas de direito público se distinguem por possuírem
bens públicos. Consequentemente, desfrutam dos benefícios da impenhorabilidade, imprescriti-
bilidade e inalienabilidade.

Por outro lado, as fundações Públicas de direito privado recebem autorização legislativa para cria-
ção, mas dependem do registro do ato constitutivo no registro civil de pessoas jurídicas para
que adquiram a personalidade jurídica. As Fundações públicas de direito privado não fazem jus à
isenção das custas processuais, somente as entidades com personalidade de direito público.

As fundações públicas de direito privado geralmente detêm bens de natureza privada. Entretanto,
caso esses bens estejam sendo diretamente utilizados na prestação de serviços, podem adquirir cer-
tas prerrogativas associadas aos bens públicos, como, por exemplo, a impenhorabilidade.

direito público lei cria

natureza

direito privado lei autoriza


atividade de
caráter social - não
exclusiva do
estado
Características da servidores
direito público
Fundação estatutários
regime pessoal

direito privado CLT


Imunidade
tributário - em
ambas as
modalidades

7.3) Empresa pública e Sociedade de economia mista (Lei n. 13.303/2016)

A Lei n.º 13.303/2016, conhecida como Lei das Estatais, estabelece normas específicas para a go-
vernança, a transparência e a gestão das empresas públicas, sociedades de economia mista e de suas
subsidiárias no Brasil. A Empresa Pública é uma pessoa jurídica de Direito Privado, seu capital é
exclusivamente público, além disso, poderá ser constituída em qualquer forma das modalidades em-
presariais.

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Já a Sociedade Economia Mista é uma estatal com capital misto, contudo, a maior parte do capital
deverá pertencer a um ente da Administração Pública. Além disso, por determinação legislativa a
SEM deverá ser constituída na forma de Sociedade Anônima (SA).

7.2.1) Aspectos comuns das estatais

Ambos os tipos de empresas desempenham atividades de natureza econômica, e, por isso, estão
sujeitos ao regime aplicável às empresas privadas, abrangendo obrigações civis, comerciais, traba-
lhistas e tributárias.

Dessa forma, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, nesses casos, não têm o
privilégio de usufruir de benefícios fiscais não estendidos ao setor privado. No entanto, ao pres-
tarem serviços públicos, essas empresas predominam sob regras de direito público.

No que diz respeito à imunidade tributária, empresas públicas, sociedades de economia mista e suas
subsidiárias que prestam serviços públicos constituem uma exceção à regra, podendo, nesses ca-
sos, usufruir de benefícios fiscais.

Quanto ao regime de pessoal, há um contrato de emprego público na relação de trabalho. No en-


tanto, a contratação permanente demanda concurso público, sem direito à estabilidade no cargo.

As sociedades estão obrigadas a realizar licitações, mas têm a capacidade de estabelecer, por meio
de lei própria, as condições para o cumprimento dessa obrigação. Em resposta a essa possibilidade,
a Lei n.º 13.303/2016 regulamentou o procedimento licitatório para essas empresas.

7.3.1) Sociedade de Economia Mista (SEM)

As Sociedades de Economia Mista são entidades jurídicas de direito privado, sendo, portanto, cri-
adas mediante autorização legal. Geralmente, essas sociedades têm a capacidade de se envolver na
exploração de atividades de natureza econômica em geral e, em determinadas circunstâncias, na
prestação de serviços públicos.

Ao contrário das empresas públicas, que podem adotar diversas formas jurídicas, as sociedades de
economia mista são constituídas como sociedades anônimas. Nesse formato, a maioria das ações
com direito a voto deve pertencer à União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou a entidades da
administração indireta.

Exemplificando, o Banco do Brasil e a Petrobras são casos representativos de Sociedades de Econo-


mia Mista, ilustrando a presença dessas entidades no cenário econômico nacional.

7.3.2) Empresa Pública

As Empresas Públicas são entidades de direito privado, criadas mediante autorização legal e po-
dendo adotar qualquer forma jurídica adequada à sua finalidade. Elas têm a prerrogativa de exercer

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atividades de natureza econômica em geral, e em determinadas circunstâncias, realizar a prestação
de serviços públicos.

O patrimônio das empresas públicas é integralmente pertencente à União, Estados, Distrito Federal
e Municípios. Contudo, é admissível a participação de outras pessoas jurídicas de direito público
interno. A composição do patrimônio de uma empresa pública, por exemplo, pode envolver a União,
um Estado e uma autarquia.

Exemplificando, temos Empresas Públicas notáveis, como os Correios, a Caixa Econômica Federal e
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destacando a presença dessas
entidades no cenário institucional brasileiro.

8) Quadro esquematizado das entidades da administração indireta

Autarquia Fundação SEM Empresa Pública

Natureza Jurí- Direito Público Definição por lei: di- Direito privado Direito privado
dica reito público (autár-
quicas) ou privado.

Criação Criada por lei espe- Fundação pública - Autorizada por lei Autorizada por lei
cífica Criado por lei

Fundação privada –
autorizada por lei

Finalidade Serviço Público; po- Serviços de interesse Atua no domínio Atua do domínio
der de polícia; fo- da Administração e econômico ou econômico ou
mento coletivo presta serviços pú- presta serviços pú-
blicos blicos

Regime de bens Direito Público: im- Direito público: im- Direito privado. Direito privado.
penhoráveis, inalie- penhoráveis, inalie- bens são penhorá- Bens são penhorá-
náveis e imprescrití- náveis e imprescrití- veis veis
veis. veis.

Contratos Licitação Licitação Não precisa de li- Não precisa de lici-


citação para ativi- tação para ativida-
dades-fim des-fim

Administração Autonomia adminis- Autonomia adminis- Autonomia admi- Autonomia admi-


trativa e financeira trativa e financeira nistrativa e finan- nistrativa e finan-
ceira ceira

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Privilégios Imunidade tributária Privilégios próprios Sem privilégios Sem privilégios
e privilégios da Fa- da Fazenda pública
zenda

Regime de pes- Estatutários Estatutários Celetistas (em- Celetistas (emprego


soal prego público) público)

Constituição do Descentralização do Descentralização do Capital misto: a Capital 100% pú-


capital capital público capital público maioria tem que blico
ser público

Forma jurídica Autarquias comuns, Fundação de Direito Sempre será soci- Qualquer forma
agências regulado- Público (autárquica) edade anônima
ras, agências execu- ou direito privado
tivas (contratos de
gestão)

Momento da Questão

Questão inédita – Considerando a administração pública federal no Brasil, marque a alterna-


tiva correta acerca das entidades da administração pública indireta:

a) As autarquias e empresas estatais não possuem personalidade jurídica própria, sendo meros de-
partamentos dos órgãos governamentais.

b) As fundações públicas federais, por não visarem lucro, são classificadas como entidades da admi-
nistração pública direta, atuando sob a supervisão direta dos Ministérios.

c) Empresas públicas e sociedades de economia mista, por serem controladas pelo Estado, não estão
sujeitas aos princípios da administração pública.

d) Agências reguladoras integram a administração pública indireta e são entidades autônomas, re-
gidas por normas próprias, visando a fiscalização e regulação de setores específicos.

e) As autarquias, por não possuírem autonomia financeira, dependem integralmente de recursos


orçamentários provenientes da administração pública direta.

Gabarito: Letra D.

Comentário: A opção correta destaca a natureza e a função específica das agências reguladoras,
que compõem a administração pública indireta federal no Brasil. Elas são entidades autônomas, com
normas próprias, responsáveis pela fiscalização e regulação de setores estratégicos, como telecomu-
nicações, energia e transporte. Essa autonomia permite que as agências atuem de forma técnica e
imparcial na regulação desses serviços, contribuindo para o desenvolvimento e a eficiência desses
setores.

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PRINCÍPIOS

1) Introdução

Seguiremos os estudos sobre os princípios que regem o Direito Administrativo:

1 – Princípios: considerações iniciais; princípios expressos; princípios implícitos; supraprincí-


pios do Direito Administrativo.

2) Considerações Iniciais

Toda ciência, para produzir seus efeitos de maneira equitativa a todos os interessados, necessita de
postulados fundamentais que sustentem sua atuação. O Direito Administrativo não foge a essa regra.
Portanto, os princípios podem ser definidos como as normas fundamentais que baseiam toda a
atuação da Administração Pública para alcançar seus objetivos.

Conforme sugere seu próprio nome, os princípios têm a característica de serem o "início", a "base",
a "pedra fundamental". É por meio deles que todo o ordenamento jurídico se organiza, conferindo
à Administração uma série de prerrogativas e sujeições que devem ser respeitadas para assegurar
o bem-estar da coletividade.

A doutrina majoritária entende que os princípios, por serem normas gerais e dotados de alto grau
de abstração, possuem uma hierarquia superior, inclusive em relação às demais normas jurídicas.
Segundo o STF, violar um princípio é mais grave do que violar uma lei, visto que desrespeitar um
princípio significa desobedecer a todo o ordenamento jurídico vigente.

O Direito Administrativo é regido por princípios expressos na Constituição Federal e princípios


implícitos. Os princípios expressos são aqueles que estão claramente definidos em dispositivos le-
gais, enquanto os princípios implícitos são aqueles que são inferidos a partir da interpretação de
normas e da própria natureza do sistema jurídico-administrativo.

3) Princípios expressos

Os princípios da Administração Pública expressos estão descrito no artigo 37 da CF:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:(...)

Este dispositivo constitucional é de extrema importância para as provas de concursos públicos, uma
vez que apresenta os princípios da Administração Pública.

Por isso, anote esse mnemônico: L – I – M – P – E (Isso vai te salvar na hora da prova).

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•Legalidade
L

•Impessoalidade
I

•Moralidade
M

•Publicidade
P

•Eficiência
E

Agora, dedicaremos uma análise mais aprofundada a cada um dos princípios.

3.1) Princípio da legalidade

O princípio da legalidade estabelece que a administração possui a obrigação e autorização para


realizar apenas aquilo que está expressamente previsto em lei. Ao contrário do âmbito privado,
onde os indivíduos têm liberdade para agir em tudo que não é proibido por lei, na esfera pública, a
atuação é estritamente balizada pela legislação. Nenhuma ação ou omissão pode ocorrer, a menos
que esteja fundamentada em disposição legal.

O princípio da legalidade não exclui a atuação discricionária do agente público, uma vez que a lei
não pode prever todas as situações na atuação administrativa. Em determinadas circunstâncias, é
possível realizar uma análise de conveniência e oportunidade para escolher a conduta mais ade-
quada ao caso concreto, respeitando, é claro, os demais princípios administrativos, especialmente a
razoabilidade e proporcionalidade.

É importante ressaltar que o conceito de legalidade difere entre o agente público e o cidadão co-
mum. Para este último, também há o princípio da legalidade, indicando que suas ações são permiti-
das desde que não proibidas por lei.

O princípio da legalidade pode ser analisado sob dois sentidos:

Aos particulares: ninguém é obrigado a fazer algo, senão em virtude de lei. É dizer: o particular
pode fazer tudo que não for proibido pela lei (trata-se do princípio da autonomia da vontade)

À Administração Pública: a Administração Pública apenas pode agir quando houver previsão
legal (princípio da legalidade estrita).

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3.2) Princípio da impessoalidade

A atuação da Administração Pública é caracterizada pela imparcialidade. Em nenhuma circunstância,


é permitido ao agente público proporcionar tratamento diferenciado com o intuito de favorecer
pessoas específicas. Esse princípio também visa evitar que o administrador realize ações com pro-
pósitos distintos daqueles estabelecidos pela lei, garantindo que o interesse público seja a finali-
dade primordial do ato administrativo. Este princípio determina que o Estado tem o dever de realizar
o interesse público sem a promoção do servidor público ou autoridade que realizou o ato.

Importante!

Cuidado com a pegadinha das bancas!

O princípio da finalidade decorre do princípio da legalidade e não da impessoalidade. Nesse


sentido, o princípio da finalidade, relacionado ao interesse público, estabelece que os atos adminis-
trativos devem orientar-se pelo propósito público e pela finalidade explicitada na legislação.

O princípio da impessoalidade possui quatro sentidos ou subprincípios como alguns doutrinadores


entendem, vejamos:

Princípio da igualdade (= isonomia): atender todos os administrados sem discriminação inde-


vida.

Vedação à promoção pessoal: os agentes públicos atuam em nome do Estado. Assim, não po-
derá haver pessoalização ou promoção pessoal dos agentes nos atos praticados.

Impedimento e suspeição: visa evitar que as pessoas atuem com parcialidade

Validação dos atos dos agentes de fato: entende-se como agente de fato aquele cuja investi-
dura no cargo ou seu exercício esteja maculada por algum vício.

Ex.: Agente que não possui formação universitária exigida em cargo público, etc.

3.3) Princípio da moralidade

O princípio da moralidade administrativa é aplicado nas relações entre a Administração e seus


administrados e também às atividades exercidas internamente. A moralidade administrativa é um
conceito jurídico indeterminado.

Em termos simples, o princípio da moralidade exige que a atuação do setor público vá além do
simples cumprimento das leis e regulamentos. Ele implica em considerar a ética, a honestidade e a
justiça como aspectos fundamentais na tomada de decisões e na execução de atividades adminis-
trativas. Esse princípio busca garantir que as práticas da administração pública não apenas se en-
quadrem nos limites legais, mas também estejam alinhadas com padrões éticos aceitáveis.

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Diante disso, o princípio da moralidade visa prevenir comportamentos que possam ser legalmente
aceitáveis, mas que, do ponto de vista ético, são reprováveis. Ele destaca a importância de uma
gestão pública transparente, íntegra e que promova o bem comum, contribuindo para a construção
de uma sociedade mais justa e ética.

A moralidade administrativa representa, atualmente, um requisito fundamental para a validade de


qualquer ato administrativo. Não basta que o ato seja realizado estritamente de acordo com a lei; é
igualmente necessário que esteja em conformidade com princípios éticos.

Consiste no respeito da Administração a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e


probidade. O princípio da moralidade administrativa tem estreita ligação com a probidade admi-
nistrativa.

Ex.: Organizações Sociais que, apesar de não precisarem fazer concurso público para contratar
pessoal, devem adotar um processo de seleção imparcial e moral.

Dentro do princípio da moralidade, precisamos no atentar a Súmula Vinculante 13, que tem o pro-
pósito de coibir o nepotismo no serviço público, estabelecendo critérios e restrições específicas para
as nomeações em cargos de confiança.

Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta
e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.

Vamos esquematizar as informações importantíssimas trazidas pela Súmula Vinculante 13:

Cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afini-


dade até o terceiro grau da autoridade responsável pela nomeação.
Também, o cônjuge, companheiro ou parente de servidor da mesma
Quem não pode ser nomeado
entidade pública que já ocupa cargo de direção, chefia ou assessora-
mento, torna-se impedido de ser nomeado quando o servidor já detém
cargo em comissão ou função de confiança.

A nomeação é proibida para cargos em comissão ou designação para


funções de confiança.
Funções vedadas
Vale ressaltar que não há restrições para a nomeação em cargos efetivos
obtidos por meio de concurso público.

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As restrições mencionadas aplicam-se à Administração Pública direta e
Abrangência indireta, em todos os poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios.

Observações:

A Súmula Vinculante 13 não abrange os cargos ou agentes políticos.

O cargo de Conselheiro de Tribunal de Contas não é considerado político, mas sim técnico, sendo, por-
tanto, sujeito à aplicação da Súmula Vinculante 13.

Esta súmula veda expressamente o nepotismo cruzado, entendido como as designações recíprocas entre
autoridades nomeantes ou servidores de uma mesma pessoa jurídica.

3.4) Princípio da publicidade

O princípio da publicidade diz respeito a divulgação dos atos praticados pela Administração Pú-
blica, pois o poder público tem o dever de agir com transparência para que a população tenha ciência
de todos os atos praticados. A publicidade não constitui um elemento formador do ato; ao contrário,
é um requisito essencial para sua eficácia e observância da moralidade. Nesse sentido, a publicidade
é uma condição necessária para a produção de efeitos do ato, uma vez que sua divulgação pelo
órgão oficial é indispensável sempre que a lei assim determinar.

“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.

Além do mais, existe a possibilidade de mitigação desse princípio diante de situações excepcionais
e justificadas: quando o sigilo for imprescindível à segurança do estado e da sociedade ou para
intimidade dos envolvidos (art. 5º, X, da CF).

Princípio intimamente ligado à perspectiva de transparência, dever da administração pública e di-


reito da sociedade.

3.5) Princípio da eficiência

Nas palavras de Hely Lopes Meirelles “a eficiência é um dos deveres da Administração Pública, se
impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento fun-
cional”. O princípio da eficiência passou a ser um direito com sede constitucional.

Tome Nota!

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O princípio da eficiência é o mais recente dos princípios constitucionais da Administração Pública
brasileira, tendo sido adotado a partir da promulgação, da EC nº 19/98 – Reforma Administrativa.

Quando se fala em eficiência na administração pública, significa que o gestor público deve gerir a
coisa pública com efetividade, economicidade, transparência e moralidade visando cumprir as
metas estabelecidas.

Segundo Alexandre de Moraes, o princípio da eficiência é o que impõe à administração pública direta
e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competên-
cias de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca
da qualidade, primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para melhor utilização
possível dos recursos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e garantir-se maior rentabili-
dade social.

Momento da Questão

Questão inédita – No âmbito federal, o Ministério da Saúde decide implementar um novo sis-
tema de informatização para gerenciar os dados de pacientes em hospitais públicos. Diante
dessa situação, surge uma discussão sobre a possibilidade de contratação direta de uma em-
presa de tecnologia da informação sem a realização da licitação. Considerando a situação des-
crita, qual o princípio fundamental constitucional da administração pública federal estaria em
risco, caso o Ministério da Saúde optasse pela contratação direta, sem licitação?

a) Princípio da eficiência.

b) Princípio da legalidade.

c) Princípio da moralidade.

d) Princípio da impessoalidade.

e) Princípio da publicidade.

Gabarito: Letra A.

Comentário: A contratação direta, sem a devida licitação, fere o princípio da eficiência, que
busca garantir que a administração pública alcance resultados positivos de forma célere e utilizando
os recursos de forma otimizada. A licitação é um instrumento que promove a concorrência, contri-
buindo para a escolha da opção mais vantajosa para a administração pública.

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AGENTES PÚBLICOS

1) Introdução

Seguiremos os estudos do Concurso Nacional Unificado sobre os conhecimentos cobrados no bloco


de nível médio:

1 – Agentes públicos: considerações iniciais; Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas
alterações).

2) Considerações Iniciais

Os agentes públicos são pessoas que desempenham atividades em nome do Estado. Essas ativida-
des podem variar desde funções administrativas até o exercício do poder de polícia ou prestação de
serviços públicos.

Agente público é toda pessoa que presta serviço ao Estado. A Lei 8.429/1992, conceitua agente
público, vejamos:

Art. 2º. Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função [...]

Tome Nota!

É importante lembrar que agente público e servidor público não são sinônimos. O servidor público
é uma das espécies de agente público.

3) Regime Jurídico Único – Lei nº 8.112/90

A Lei n. 8.112/1990 institui o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autar-
quias federais, incluindo as em regime especial e das fundações públicas federais.

Na lei são encontradas disposições que definem os direitos e garantias, além dos requisitos para o
exercício dos servidores federais estatutários.

Além disso, as disposições da Lei n. 8.112/1990 não se aplicam a todos os agentes públicos, ape-
nas aos servidores públicos civis federais, ou seja, os empregados públicos federais, regidos pela
CLT, não estão incluídos.

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4) Abrangência e Linha do Tempo

A linha do tempo do serviço público possui as seguintes fases: concurso, provimento, posse, exer-
cício, estágio probatório, estabilidade e vacância.

Vacância
Estabilidade
Estágio
Probatório
Exercício
Posse
Provimento
Concurso

4.1) Concurso Público

O concurso público é um processo seletivo utilizado pela administração pública para preencher
cargos efetivos ou empregos públicos. Ele é regido por princípios constitucionais e legais, visando
garantir a igualdade de oportunidades, a impessoalidade e a seleção dos candidatos mais qualifica-
dos para ocupar os cargos públicos.

A principal finalidade do concurso público é assegurar que o acesso aos cargos públicos seja
realizado de forma transparente e meritocrática, baseado no princípio da igualdade de condições a
todos os concorrentes. Isso significa que qualquer pessoa que preencha os requisitos estabelecidos
em edital pode participar do concurso, desde que atenda aos critérios de qualificação e realize as
etapas de seleção previstas.

É importante ressaltar que a realização de concurso público é obrigatória para o preenchimento de


cargos efetivos na administração pública, exceto em casos específicos previstos em lei, como con-
tratações temporárias para necessidades urgentes e temporárias.

4.2) Provimento

Após a realização do concurso, a administração chamará os candidatos aprovados. O provimento


dos cargos se dá por meio de ato da autoridade competente, o qual observará as regras anteri-
ormente estabelecidas em edital. É importante destacar que existe um limite mínimo de provimen-
tos para as pessoas portadoras de deficiência. O limite, atualmente, é de até 20% das vagas ofere-
cidas no concurso.

Em relação aos estrangeiros ocuparem o cargo público, a Constituição traz a seguinte regra:

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.

Além disso, o art. 8º da Lei n. 8.112/1990 estabelece algumas formas de provimento de cargo
público, são elas:

Art. 8º São formas de provimento de cargo público:

I – nomeação;

II – promoção;

III – Revogado;

IV – Revogado;

V – readaptação;

VI – reversão;

VII – aproveitamento;

VIII – reintegração;

IX – recondução.

Apenas a nomeação é forma originária de provimento, as demais são consideradas derivadas. Veja-
mos características de cada uma:

Nomeação: a nomeação far-se-á em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de pro-
vimento efetivo ou de carreira; em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de con-
fiança vagos. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nome-
ado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do
que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o
período da interinidade.

Promoção: a promoção ocorre quando o servidor é elevado para outra classe no âmbito da
mesma carreira.

Readaptação: a readaptação é a investidura do servidor em cargo de atribuições e responsabili-


dades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verifi-
cada em inspeção médica.

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Reversão: a reversão é o retorno à atividade de servidor aposentado por invalidez, quando
junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou no interesse da admi-
nistração, desde que: a) tenha solicitado a reversão; b) a aposentadoria tenha sido voluntária; c)
estável quando na atividade; d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicita-
ção; e) haja cargo vago.

Aproveitamento: o retorno à atividade de servidor em disponibilidade far-se-á mediante apro-


veitamento obrigatório em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente
ocupado.

Reintegração: a reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo anteriormente


ocupado, ou no cargo resultante de sua transformação, quando invalidada a sua demissão por
decisão administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

Recondução: a recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e


decorrerá de: I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; II - reintegração do ante-
rior ocupante.

4.3) Posse

A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os
deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alte-
rados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei.

A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publicação do ato de provimento.

Contados da publicação do
POSSE Prazo de 30 dias
ato de provimento

4.4) Exercício

O exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança.


No contexto do serviço público, o exercício refere-se ao desempenho efetivo das atividades ineren-
tes ao cargo ou emprego público pelo servidor. Durante o exercício, o servidor está em pleno de-
senvolvimento de suas atribuições e responsabilidades, colocando em prática suas competências
e contribuindo para o cumprimento das finalidades da instituição pública.

O exercício do cargo público ocorre em diferentes fases, que podem variar dependendo das carac-
terísticas do cargo e da estrutura organizacional da instituição.

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4.5) Estágio Probatório

A partir do momento que o servidor entra em exercício inicia-se o estágio probatório, o qual é
um período de avaliação onde são analisados alguns fatores para verificar a aptidão e a capacidade
do agente público.

O estágio probatório é uma fase específica do exercício do cargo público destinada a avaliar o de-
sempenho e a aptidão do servidor durante os primeiros anos de sua nomeação. Ele é aplicado aos
servidores efetivos, ou seja, aqueles que passaram por concurso público e foram nomeados para
ocupar cargos públicos permanentes.

O estágio probatório tem como objetivo verificar se o servidor possui as qualificações necessárias
para o pleno exercício do cargo, avaliando sua capacidade técnica, ética, disciplina, responsabilidade
e adaptação ao ambiente de trabalho.

4.6) Estabilidade

A estabilidade é uma garantia concedida aos servidores públicos efetivos após o período de estágio
probatório, com base no princípio da segurança no emprego. Ela assegura que o servidor não
poderá ser demitido sem justa causa, oferecendo-lhe uma maior proteção contra possíveis arbitra-
riedades ou pressões políticas.

Para adquirir a estabilidade, o servidor público deve cumprir o período de estágio probatório, que
geralmente tem a duração de três anos. Durante esse período, o servidor é avaliado quanto ao seu
desempenho, comportamento, assiduidade, produtividade e outros critérios definidos pela legisla-
ção específica.

4.7) Vacância

A vacância de um cargo público desencadeia um processo para que ele seja novamente ocupado.
Esse processo pode envolver a abertura de um novo concurso público para provimento do cargo, a
nomeação de um servidor aprovado em concurso público anteriormente realizado, a redistribuição
de servidores de outros órgãos ou a designação temporária para a função.

A vacância do cargo público decorrerá de:

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exoneração

demissão

promoção

A vacância decorre readaptação

aposentadoria

posse em outro cargo inacumulável

falecimento

A gestão da vacância é fundamental para a continuidade e o bom funcionamento dos serviços


públicos, garantindo a substituição adequada dos servidores e evitando a interrupção ou atraso das
atividades desempenhadas pela administração pública.

A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servidor, ou de ofício. A exoneração de ofício


dar-se-á: I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; II - quando, tendo tomado
posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.

A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função de confiança dar-se-á: I - a juízo da


autoridade competente; II - a pedido do próprio servidor.

Momento da Questão

Questão inédita – Considerando a complexidade do processo de ingresso e consolidação no


serviço público, qual fase se destaca como uma etapa crítica, demandando avaliação rigorosa
do desempenho do servidor antes de garantir sua estabilidade no cargo?

a) Fase de Posse, marcando o início formal do vínculo entre o servidor e a administração pública.

b) Período de Exercício, quando o servidor começa a desempenhar suas funções diárias.

c) Fase de Vacância, indicando o momento em que um cargo público fica vago.

d) Etapa de Estágio Probatório, período de avaliação intensiva do servidor após sua posse.

e) Fase de Provimento, marcando o momento da nomeação do candidato aprovado no concurso.

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Gabarito: Letra D.

Comentário: O Estágio Probatório é uma fase crucial no serviço público, representando um


período de avaliação aprofundada do desempenho do servidor após sua posse. Durante esse está-
gio, são analisadas suas aptidões, conduta e capacidade, com o objetivo de assegurar que o servidor
atenda aos requisitos necessários para adquirir estabilidade no cargo. As demais opções referem-se
a outras fases do processo, mas é no Estágio Probatório que ocorre essa avaliação crítica do desem-
penho antes da estabilidade ser conferida.

5) Remoção

A remoção refere-se à movimentação do servidor de um órgão ou entidade para outro, no âmbito


do mesmo Poder, com o objetivo de ajustamento de lotação e da força de trabalho, atendendo
aos interesses da administração.

A remoção pode ocorrer por diversos motivos, tais como por pedido do próprio servidor, por mo-
tivo de saúde, por permuta entre servidores, por processo seletivo interno, entre outros. Além disso,
a remoção poderá ocorrer por solicitação do servidor ou por solicitação da administração pública.

Tome nota!

A legislação considera a estabilidade do servidor como um fator relevante no processo de remoção,


protegendo-o contra mudanças arbitrárias.

A remoção é um procedimento simples, mas que precisa da sua atenção nos estudos. Dessa forma
fizemos um quadro esquematizando os principais tópicos sobre o assunto:

Remoção

A remoção geralmente é condicionada à existência de vaga no órgão de destino e à


Requisitos e compatibilidade entre os cargos envolvidos. A legislação estabelece os requisitos e cri-
critérios térios específicos para a realização da remoção, como tempo de serviço, habilitação pro-
fissional, classificação em processo seletivo interno, entre outros.

O servidor interessado em ser removido deve manifestar seu interesse junto à adminis-
Manifestação tração pública, geralmente por meio de requerimento formal. É importante destacar que
de interesse a remoção depende da existência de vaga no órgão ou entidade de destino e da aceita-
ção por parte do servidor responsável pela vaga.

Prioridades A legislação pode estabelecer prioridades na remoção, considerando critérios como a


situação de saúde do servidor, a necessidade de reunificação familiar, a aproximação do

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cônjuge ou companheiro, a promoção da qualidade de vida, entre outros fatores rele-
vantes.

A administração pública, por meio dos setores de recursos humanos, é responsável por
coordenar e conduzir o processo de remoção. Isso pode envolver a análise dos requisi-
Processo de re-
tos, a verificação da existência de vaga, a avaliação de critérios de prioridade, a elabora-
moção
ção de lista de classificação, a negociação com os órgãos envolvidos e a formalização da
remoção por meio de ato administrativo.

Ao ser removido para outro órgão ou entidade, o servidor passa a exercer suas atividades
Efeitos da re-
no novo local de trabalho. Podem ocorrer alterações na remuneração, benefícios e van-
moção
tagens, dependendo das regras estabelecidas para o novo órgão ou entidade.

A remoção é uma forma de movimentação dos servidores públicos que visa a atender às demandas
da administração pública e promover a eficiência na distribuição de recursos humanos, considerando
as necessidades e interesses tanto da instituição como dos servidores envolvidos.

6) Redistribuição

A Redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito


do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação
do órgão central do SIPEC.

Diferentemente da remoção, que ocorre com a concordância do servidor, a redistribuição é uma


medida de interesse da administração pública e pode ser realizada mesmo sem o consentimento
do servidor. A redistribuição visa a atender às demandas de pessoal de forma mais ampla e abran-
gente, buscando um melhor aproveitamento dos recursos humanos disponíveis.

Redistribuição

Motivos para a A redistribuição pode ocorrer por diferentes razões, como reestruturação administrativa,
redistribuição extinção ou fusão de órgãos, necessidade de pessoal em outro órgão ou entidade, ade-
quação do quadro de servidores, entre outros motivos de interesse público.

Autoridade A redistribuição é realizada por ato da autoridade competente, que pode ser o chefe do
competente órgão ou entidade de origem ou a autoridade de nível superior responsável pela gestão
de pessoal.

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Processo de re- O processo de redistribuição envolve a análise das necessidades e justificativas para a
distribuição redistribuição, a identificação de servidores disponíveis para a movimentação, a defini-
ção dos critérios de seleção, a formalização da redistribuição por meio de ato adminis-
trativo e a comunicação aos servidores envolvidos.

Direitos e van- O servidor redistribuído mantém seus direitos e vantagens adquiridos no órgão ou en-
tagens tidade de origem, tais como remuneração, férias, licenças e benefícios. O órgão ou enti-
dade de destino é responsável por garantir esses direitos e por realizar a transposição
do servidor, assegurando sua integração ao novo ambiente de trabalho.

Requisitos e A redistribuição pode ser condicionada a requisitos e critérios estabelecidos em legisla-


critérios ção específica, como compatibilidade entre os cargos, similaridade de atribuições, for-
mação acadêmica, tempo de serviço, entre outros.

Além disso, a redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de lotação e da força de trabalho
às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou
entidade.

A redistribuição é uma medida adotada pela administração pública com o intuito de promover a
otimização dos recursos humanos, ajustar o quadro de pessoal e atender às necessidades e inte-
resses da instituição. Ela contribui para a eficiência e a qualidade dos serviços prestados pela admi-
nistração pública.

7) Substituição

A substituição decorre do princípio da continuidade dos serviços públicos. Os servidores investi-


dos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente designados pelo
dirigente máximo do órgão ou entidade.

O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exer-
cício do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impedi-
mentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar
pela remuneração de um deles durante o respectivo período.

Substituição

Caráter temporário A substituição é uma medida de caráter temporário, destinada a suprir a ausência
temporária de um servidor. Assim que o servidor titular retorna às suas atividades,
o servidor substituto retorna à sua função original.

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Designação A designação para substituição é feita por meio de ato administrativo, geralmente
emitido pela autoridade competente. Nesse ato, são especificados o período de
substituição, as atribuições a serem desempenhadas e outros detalhes relevantes.

Responsabilidades Durante o período de substituição, o servidor designado assume as atribuições e


responsabilidades do cargo ou função do servidor ausente. Ele deve desempenhar
as tarefas e cumprir as obrigações pertinentes ao cargo, seguindo as normas e
procedimentos estabelecidos.

Remuneração Em alguns casos, a substituição pode implicar o recebimento de uma remunera-


ção adicional, conhecida como substituição remunerada. Isso ocorre quando o
servidor substituto assume as atribuições de um cargo de nível superior ao seu
cargo efetivo.

Requisitos e qualifi- O servidor designado para a substituição deve possuir os requisitos e qualifica-
cações ções necessários para o desempenho das atribuições do cargo ou função a ser
substituído. É importante que ele tenha o conhecimento e as habilidades adequa-
das para realizar as tarefas de forma competente.

Prestação de contas Durante o período de substituição, o servidor substituto é responsável por prestar
contas de suas atividades, seguindo os procedimentos e normas estabelecidos
pela instituição. Ele deve registrar e informar sobre o trabalho realizado, as deci-
sões tomadas e outros aspectos relevantes.

O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo ou função de direção ou chefia ou de
cargo de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, superi-
ores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, que excederem
o referido período.

8) Prerrogativas do Servidor Público Federal

Os servidores regidos pela lei possuem uma série de prerrogativas que regem a sua vida profissi-
onal, visando garantir condições adequadas de trabalho, valorização profissional e bem-estar no
exercício de suas atividades. Vejamos os direitos e vantagens que o servidor público civil federal
poderá ter:

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vencimento e remuneração

indenizações

gratificações e adicionais

Direitos e vantagens do
servidor público férias

licenças

concessões

direito de petição

8.1) Vencimento e Remuneração

A remuneração e o vencimento termos relacionados à forma de pagamento dos servidores públicos,


mas possem significados distintos.

Remuneração: A remuneração é o conjunto de valores pagos ao servidor público em contra-


partida ao trabalho desempenhado. Ela engloba não apenas o vencimento, mas também outras par-
celas de caráter remuneratório, como gratificações, adicionais, auxílios e benefícios. Em outras pala-
vras, a remuneração é o montante total recebido pelo servidor, incluindo todas as parcelas de natu-
reza pecuniária.

A remuneração pode variar de acordo com o cargo, a jornada de trabalho, os níveis salariais, as
classes e os padrões de progressão previstos para cada categoria de servidores. Geralmente, a re-
muneração é definida em uma tabela salarial, que estabelece os valores básicos para cada cargo ou
nível hierárquico.

Tome nota!

Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário-mínimo, assim dispõe o art. 41, §5º da
Lei n. 8.112/90.

Vencimento: O vencimento, por sua vez, é a parcela básica da remuneração do servidor. Ele
representa a parte fixa do salário, sem considerar as demais parcelas adicionais, como gratificações
e benefícios. O vencimento é calculado com base no cargo, a qualificação e a jornada de trabalho
do servidor.

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O vencimento é o elemento principal da remuneração, pois é o valor base que serve de referência
para os cálculos e para a progressão do servidor dentro da tabela salarial. É importante destacar que
o vencimento é o valor mínimo garantido ao servidor, sem considerar eventuais adicionais ou be-
nefícios a que ele possa ter direito.

O servidor perderá a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo justificado ou a
parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, ausências justificadas, ressalvadas as con-
cessões de que trata o art. 97 da Lei 8.112/90, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de com-
pensação de horário, até o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia ime-
diata.

Além disso, as faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de força maior poderão ser com-
pensadas a critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício. Salvo por
imposição legal, ou mandado judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento.

O vencimento, a remuneração e o provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora,


exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de decisão judicial.

8.2) Indenizações

A indenização no contexto do serviço público refere-se a um pagamento realizado ao servidor para


compensar determinadas situações ou despesas às quais ele esteve exposto ou incorreu no exercício
de suas funções. Diferentemente da remuneração, a indenização é uma compensação financeira
específica e não faz parte da estrutura salarial regular do servidor.

São quatro indenizações expressamente previstas no estatuto federal:

Indenizações

Transporte É uma compensação financeira destinada a cobrir despesas de deslocamento do servidor


no exercício de suas atribuições, quando não é fornecido transporte pelo órgão ou en-
tidade. Essa indenização pode ser concedida em forma de auxílio-transporte, reembolso
ou outra modalidade prevista na legislação.

Ajuda de Custo É uma verba com caráter compensatório. A ajuda de custo destina-se a compensar as
despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício
em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pa-
gamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que
detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.

Diária A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade quando o
deslocamento não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União custear, por meio
diverso, as despesas extraordinárias cobertas por diárias, como dispõe o art. 58 da Lei.

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Auxílio Mora- O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realiza-
dia das pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado
por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo ser-
vidor.

Será concedido auxílio-moradia quando o servidor atender os requisitos descritos no art. 60-B da
Lei:

Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes requisitos:

I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor;

II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel funcional;

III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou tenha sido proprietário, promi-
tente comprador, cessionário ou promitente cessionário de imóvel no Município aonde for
exercer o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, nos doze
meses que antecederem a sua nomeação;

IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba auxílio-moradia;

V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou


função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de
Natureza Especial, de Ministro de Estado ou

VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função de confiança não se enqua-


dre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou domicílio do servidor;

VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido no Município, nos últimos doze
meses, aonde for exercer o cargo em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se
prazo inferior a sessenta dias dentro desse período; e

VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração de lotação ou nomeação para
cargo efetivo.

IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.

Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o prazo no qual o servidor
estava ocupando outro cargo em comissão relacionado no inciso V.

8.3) Gratificações e Adicionais

Além do vencimento e das vantagens previstas no estatuto federal, os servidores poderão ter grati-
ficações e adicionais, vejamos:

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retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
assessoramento

gratificação natalina

adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou


penosas

adicional pela prestação de serviço extraordinário


Gratificações e adicionais
adicional noturno

adicional de férias

outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho

gratificação por encargo de curso ou concurso.

8.3.1) Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e Assessoramento

Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em função de direção, chefia ou assessoramento,


cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu exercício.

8.3.2) Gratificação Natalina

A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fazer
jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. A fração igual ou superior a 15
(quinze) dias será considerada como mês integral.

Além disso, a gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês de dezembro de cada ano. A
gratificação natalina não será considerada para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.

O servidor exonerado perceberá sua gratificação natalina, proporcionalmente aos meses de exercí-
cio, calculada sobre a remuneração do mês da exoneração.

8.3.3) Adicional pelo Exercício de Atividades Insalubres, perigosas ou penosas

Os servidores que desempenham suas funções de forma regular em ambientes insalubres ou que
mantenham contato constante com substâncias tóxicas, radioativas ou apresentem risco à vida têm
direito a um acréscimo no salário referente ao cargo efetivo.

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Caso o servidor tenha direito aos adicionais de insalubridade e periculosidade simultaneamente,
será necessário optar por apenas um deles. O direito a esses adicionais cessa assim que as condi-
ções ou riscos que motivaram a concessão forem eliminados.

Haverá um controle contínuo das atividades dos servidores em operações ou locais considerados
penosos, insalubres ou perigosos.

No que diz respeito à concessão dos adicionais de atividades penosas, insalubres e perigosas, o
adicional de atividade penosa será concedido aos servidores em serviço em zonas de fronteira
ou em localidades que justifiquem devida consideração, conforme estabelecido nos regulamen-
tos, termos e limites aplicáveis.

Os locais de trabalho e os servidores que lidam com Raios X ou substâncias radioativas serão con-
tinuamente monitorados, garantindo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem os limi-
tes máximos estabelecidos na legislação correspondente.

8.3.4) Adicional pela Prestação de Serviço Extraordinário

O serviço extraordinário será remunerado com um aumento de 50% (cinquenta por cento) em
relação à hora normal de trabalho. A prestação de serviço extraordinário só será permitida para
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitando-se o limite máximo de 2 (duas) ho-
ras por jornada.

8.3.5) Adicional Noturno

O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e
5 (cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
computando-se cada hora como cinquenta e dois minutos e trinta segundos.

8.3.6) Adicional de Férias

O adicional de férias decorre de uma previsão constitucional. Independentemente de solicitação,


será pago ao servidor, durante as férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da remu-
neração do período de férias.

8.3.7) Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso

A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso é devida ao servidor que, eventualmente:

Atuar como instrutor em curso de formação, desenvolvimento ou treinamento regularmente


instituído no âmbito da administração pública federal;

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Participar de banca examinadora ou comissão para exames orais, análise curricular, correção
de provas discursivas, elaboração de questões de provas ou julgamento de recursos interpostos por
candidatos;

Participar da logística de preparação e realização de concurso público, envolvendo atividades


de planejamento, coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultados, quando essas ativi-
dades não estiverem incluídas entre suas atribuições permanentes;

Participar da aplicação, fiscalização ou avaliação de provas de exame vestibular ou concurso


público, ou supervisionar essas atividades.

9) Das Férias

O direito de férias não é um privilégio dos servidores públicos, ela é direito de todos os traba-
lhadores. As férias no contexto do serviço público referem-se ao período de descanso remunerado
a que os servidores têm direito após determinado tempo de trabalho. O objetivo das férias é pro-
porcionar o descanso necessário para a recuperação física e mental, promovendo o bem-estar e a
qualidade de vida dos servidores.

Vejamos o que diz a Constituição Federal:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:

XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal;

O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica. Para
o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de exercício.

É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.

As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde que assim requeridas pelo servidor, e
no interesse da administração pública.

10) Licenças

As licenças estão dispostas a partir do art. 81 da Lei 9.112/90, quais sejam:

Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:

I - por motivo de doença em pessoa da família;

II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;

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III - para o serviço militar;

IV - para atividade política;

V - para capacitação;

VI - para tratar de interesses particulares;

VII - para desempenho de mandato classista.

§ 1º A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem como cada uma de suas prorrogações
serão precedidas de exame por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta Lei.

§ 2º Revogado

§ 3º É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período da licença prevista no inciso


I deste artigo.

A lei do regime jurídico dos servidores públicos da União estabelece que, durante o período de
licença por motivo de doença em pessoa da família, é proibido ao servidor exercer qualquer ati-
vidade remunerada. Essa restrição visa garantir que o servidor possa dedicar-se integralmente ao
cuidado do membro da família enfermo, sem a distração ou comprometimento de suas responsabi-
lidades com outras atividades remuneradas.

Além disso, a norma especifica que a concessão de uma nova licença por motivo de doença em
pessoa da família, dentro de 60 dias após o término de uma licença anterior do mesmo tipo,
será considerada uma prorrogação. Essa regra busca evitar possíveis abusos, assegurando que as
licenças para o mesmo motivo, concedidas em curto intervalo de tempo, sejam tratadas como uma
continuação, em vez de licenças independentes.

10.1) Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família

É uma licença que poderá ser concedida ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou compa-
nheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas
expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica ofi-
cial, assim dispõe o art. 83 e parágrafos da lei.

10.2) Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge ou Companheiro

É uma licença que poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou compa-
nheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exer-
cício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. Além disso, a licença será por prazo
indeterminado e sem remuneração.

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10.3) Licença para o Serviço Militar

O servidor convocado para o serviço militar receberá licença, seguindo as disposições da legislação
específica. Após completar o serviço militar, o servidor terá um período de até 30 (trinta) dias sem
remuneração para retornar ao exercício de suas funções no cargo.

10.4) Licença para Atividade Política

Conforme estabelece a legislação, o servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o
período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e
a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.

O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e que exerça
cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir
do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia
seguinte ao do pleito.

A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.

10.5) Licença para Capacitação

A lei estabelece que após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse
da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até
três meses, para participar de curso de capacitação profissional.

10.6) Licença para Tratar de Interesses Particulares

A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde
que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo
de até três anos consecutivos, sem remuneração.

É importante destacar que a licença poderá ser interrompida, a qualquer tempo, a pedido do
servidor ou no interesse do serviço.

10.7) Licença para Desempenho de Mandato Classista

O artigo 92 da lei 8.112/90 estabelece que é assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
muneração para o desempenho de mandato em confederação, federação, associação de classe
de âmbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profis-
são ou, ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída
por servidores públicos para prestar serviços a seus membros.

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10.8) Licença para Tratamento de Saúde

Será concedida ao servidor licença para tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em
perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.

10.9) Licença à Gestante, à Adotante e Paternidade

A servidora gestante terá o direito a uma licença de 120 (cento e vinte) dias consecutivos, com
remuneração integral, conforme estipulado pelo art. 207 da Lei:

Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias consecu-
tivos, sem prejuízo da remuneração.

§ 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de gestação, salvo antecipação
por prescrição médica.

§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a partir do parto.

§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do evento, a servidora será submetida


a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o exercício.

§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá direito a 30 (trinta) dias
de repouso remunerado.

Em caso de nascimento ou adoção de filhos, o servidor gozará de licença-paternidade pelo período


de 5 (cinco) dias consecutivos.

Para a servidora lactante que precisa amamentar seu próprio filho até os seis meses de idade, será
concedido, durante a jornada de trabalho, um intervalo de uma hora para descanso, podendo esse
tempo ser dividido em dois períodos de meia hora.

No caso de adoção ou obtenção da guarda judicial de uma criança com até 1 (um) ano de idade,
a servidora terá direito a uma licença remunerada de 90 (noventa) dias.

10.10) Licença por Acidente em Serviço

Será licenciado, com remuneração integral, o servidor acidentado em serviço. Configura acidente
em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediata-
mente, com as atribuições do cargo exercido.

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11) Afastamentos

Os afastamentos dos servidores públicos federais podem ocorrer por diversas razões, as quais vamos
estudar abaixo, de acordo com o que estabelece a lei:

a) Afastamento para servir em outro órgão ou entidade: Nesta hipótese, o servidor poderá ser
cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade, desde que para o desempenho de alguma
das seguintes atribuições: I – para exercício de cargo em comissão, função de confiança ou, no caso
de serviço social autônomo, para o exercício de cargo de direção ou de gerência; II – em casos pre-
vistos em leis específicas.

b) Afastamento para o exercício de mandato eletivo: Caso o servidor público seja eleito para o
desempenho de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:

I – tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará afastado do cargo;

II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela
sua remuneração;

III – investido no mandato de vereador:

a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo, sem prejuízo


da remuneração do cargo eletivo;

b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do cargo, sendo-lhe facultado op-
tar pela sua remuneração.

c) Afastamento para estudo ou missão no exterior: o servidor não poderá ausentar-se do País
para estudo ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, Presidente dos Órgãos
do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.

A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
período, será permitida nova ausência.

Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será concedida exoneração ou licença para
tratar de interesse particular antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipó-
tese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.

d) Afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe


ou com o qual coopere: nessa hipótese de afastamento, o servidor perderá a remuneração total
durante o respectivo período de concessão.

e) Afastamento para participar de programa de pós-graduação no país: o servidor poderá, no


interesse da Administração, e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com

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o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-se do exercício do cargo
efetivo, com a respectiva remuneração, para participar em programa de pós-graduação stricto sensu
em instituição de ensino superior no País.

12) Concessões

De acordo com a Lei n. 8.112/1990, o servidor público federal poderá se ausentar do serviço, sem
desconto na sua remuneração. As concessões referem-se à autorização ou permissão formal dada
por uma autoridade competente para que algo seja realizado, usufruído ou obtido. Essas autoriza-
ções podem abranger diversas áreas e situações. Iremos nos aprofundar, no quadro esquematizado,
os seguintes casos descritos no art. 97:

Concessões

1 dia Doação de sangue

Período comprovadamente ne- Alistamento e recadastramento eleitoral


cessário – limitado por 2 dias

8 dias consecutivos Casamento

falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto,


filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.

13) Do Direito de Petição

O direito de petição do servidor público federal refere-se à prerrogativa concedida aos servidores
para formalizar solicitações, requerimentos, reclamações, denúncias ou pedidos junto à admi-
nistração pública federal. Esses pleitos são endereçados à autoridade competente para análise e
são encaminhados por intermédio daquela à qual o requerente está imediatamente subordinado.

Há a possibilidade de apresentar pedido de reconsideração à autoridade que emitiu o ato ou pro-


feriu a primeira decisão, sendo vedada a sua renovação. Tanto o requerimento inicial quanto o
pedido de reconsideração, conforme abordado nos artigos anteriores, devem ser despachados no
prazo de 5 (cinco) dias e decididos no período de 30 (trinta) dias.

O recurso será dirigido à autoridade imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido
a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. O recurso será encami-
nhado por intermédio da autoridade a que estiver imediatamente subordinado o requerente.

São objetos de recurso:

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indeferimento do pedido de
reconsideração

Cabimento do Recurso

das decisões sobre os recursos


sucessivamente interpostos

O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a


contar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.

O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo da autoridade competente.

13.1) Prescrição

A prescrição do direito de petição refere-se ao prazo legal estabelecido para que uma pessoa exerça
o seu direito de apresentar uma petição ou requerimento junto à administração pública. No contexto
jurídico, a prescrição é o instituto que determina o tempo máximo durante o qual um direito pode
ser exercido, após o qual esse direito é considerado extinto ou "prescrito".

Prescrição

em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou


que afetem interesse patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;

em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.

O prazo de prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência
pelo interessado, quando o ato não for publicado. O pedido de reconsideração e o recurso,
quando cabíveis, interrompem a prescrição. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
relevada pela administração. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos neste Capítulo,
salvo motivo de força maior.

Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do processo ou documento, na repartição,


ao servidor ou a procurador por ele constituído. A administração deverá rever seus atos, a qual-
quer tempo, quando eivados de ilegalidade.

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14) Regime Disciplinar

O regime disciplinar no contexto do serviço público refere-se ao conjunto de normas, procedimen-


tos e sanções aplicáveis aos servidores em caso de infrações ou transgressões cometidas no exer-
cício de suas funções. O objetivo do regime disciplinar é garantir a ordem, a eficiência e a moralidade
no serviço público, bem como preservar a qualidade dos serviços prestados à sociedade.

a) Deveres

Conforme estabelecido no estatuto federal, os servidores públicos regidos por essa norma estão
sujeitos a uma série de deveres. É importante destacar que a lista de deveres apresentada não é
exaustiva, mas sim exemplificativa. Portanto, o servidor não pode alegar o não cumprimento de
alguma obrigação com base na ausência de previsão expressa no texto normativo que governa sua
categoria funcional.

De acordo com a Lei 8.112/90, são deveres do servidor:

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exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;

ser leal às instituições a que servir;

observar as normas legais e regulamentares;


a) ao público em geral, prestando as
informações requeridas, ressalvadas
cumprir as ordens superiores, exceto quando
as protegidas por sigilo;
manifestamente ilegais;

b) à expedição de certidões
atender com presteza: requeridas para defesa de direito ou
esclarecimento de situações de
levar as irregularidades de que tiver ciência em razão interesse pessoal
Deveres dos Servidores

do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou,


Públicos Federais

quando houver suspeita de envolvimento desta, ao c) às requisições para a defesa da


conhecimento de outra autoridade competente para Fazenda Pública.
apuração;

zelar pela economia do material e a conservação do


patrimônio público;

guardar sigilo sobre assunto da repartição;

manter conduta compatível com a moralidade


administrativa;

ser assíduo e pontual ao serviço;

tratar com urbanidade as pessoas;

representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de


poder.

b) Proibições

As proibições impostas ao servidor público são elencadas como condutas vedadas, visando garan-
tir a ética, a eficiência e a integridade no desempenho das funções públicas. Segue uma descrição
detalhada das proibições:

Proibições dos Servidores Públicos Federais

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Ausentar-se do Serviço ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do
Sem Autorização chefe imediato

Retirar Documentos ou Ob- retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer docu-
jetos sem Autorização mento ou objeto da repartição

Recusar Fé a Documentos recusar fé a documentos públicos


Públicos

Opor Resistência Injustifi- opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou


cada execução de serviço

Manifestações Inapropria- promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição


das no Ambiente de Traba-
lho

Delegar Atribuições a Pes- cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o
soas Estranhas: desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado

Coação ou Aliciamento coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação pro-


para Filiação a Associações fissional ou sindical, ou a partido político
ou Partidos

Nomeação de Parentes manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, côn-
juge, companheiro ou parente até o segundo grau civil

Uso Indevido do Cargo valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detri-
para Proveito Pessoal mento da dignidade da função pública

Participação em Atividades participar de gerência ou administração de sociedade privada, personifi-


Privadas cada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário

Atuação como Procurador atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas,
ou Intermediário salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais
de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro

Recebimento de Propina receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie,


ou Vantagens Indevidas em razão de suas atribuições

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Aceitação de Comissão, aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro
Emprego ou Pensão de
Estado Estrangeiro

Prática de Usura praticar usura sob qualquer de suas formas

Usura: prática de cobrar juros excessivamente altos sobre empréstimos ou


financiamentos, geralmente em condições consideradas abusivas ou des-
proporcionais em relação ao valor principal do empréstimo.

Desídia no Cumprimento proceder de forma desidiosa


de Deveres

Uso Indevido de Recursos utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou ativida-
Públicos des particulares

Delegação de Atribuições cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, ex-
Estranhas ao Cargo ceto em emergências e transitórias

Atividades Incompatíveis exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do
com o Cargo e Horário de cargo ou função e com o horário de trabalho
Trabalho

Recusa em Atualizar Dados recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado
Cadastrais

c) Acumulação de Cargos

Conforme estabelecido na Constituição Federal de 1988, a norma primária é a proibição da acumu-


lação remunerada de dois ou mais cargos públicos. Essa vedação abrange cargos, empregos e
funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. Mesmo nos casos em que
a acumulação é permitida, está sujeita à demonstração da compatibilidade de horários.

A acumulação é considerada proibida quando implica a percepção simultânea de vencimento de


cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, exceto nos casos em que os cargos
que geram essas remunerações são acumuláveis na atividade.

As exceções, nos casos expressamente autorizados pela Constituição, permanecem condicionadas


à compatibilidade de horário entre os dois cargos públicos ocupados. Essas exceções compreen-
dem:

A acumulação de dois cargos de professor;

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A acumulação de um cargo de professor com outro de natureza técnica ou científica;

A acumulação de dois cargos ou empregos destinados a profissionais de saúde, cujas profissões


são regulamentadas;

A permissão de acumulação para os vereadores, desde que atendidos os requisitos legais;

A permissão para que juízes e membros do Ministério Público exerçam à docência.

d) Responsabilidades

De acordo com as disposições da Lei 8.112/1990, os servidores públicos federais estão sujeitos a três
esferas de responsabilidade:

Responsabilidades

Civil Administrativa Penal

A responsabilidade civil surge quando o servidor, seja por ação ou omissão, intencional ou negli-
gente, causa prejuízo ao erário ou a terceiros. Abrangem-se nesse conceito todas as ações ou omis-
sões do servidor que, ao agir em nome da administração, resultem em danos a particulares ou ao
próprio Poder Público. Nesse contexto, a teoria da imputação faz com que as ações do servidor
sejam atribuídas ao órgão ou entidade em que ele exerce suas funções. Inicialmente, a responsabi-
lidade pelos danos causados cabe ao Poder Público, que pode, após indenizar o particular prejudi-
cado, propor uma ação regressiva contra o servidor. Se condenado, o servidor deve restituir os cofres
públicos, podendo ser parcelado o pagamento, desde que as parcelas não sejam inferiores a 10% de
sua remuneração, pensão ou proventos.

A responsabilidade penal engloba os crimes e contravenções atribuídos ao servidor no exercício


de suas funções, conforme estabelecido no artigo 123 da Lei 8.112/1990:

Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor,


nessa qualidade.

Por fim, a responsabilidade administrativa decorre de ato, seja por ação ou omissão, praticado
pelo servidor no desempenho de seu cargo ou função. As três esferas de responsabilização são

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independentes, o que significa que é possível acumular duas ou mais delas, sendo atribuídas ao
servidor conforme as circunstâncias e a gravidade da conduta.

e) Penalidades

De acordo com a Lei n. 8.112/1990 são as seguintes as penalidades passíveis de aplicação aos
servidores públicos federais:

Penalidades

advertência É a penalidade mais branda, consistindo em uma repreensão por escrito ao


servidor. A advertência tem o objetivo de chamar a atenção do servidor para
a irregularidade cometida e orientá-lo para a correção de seu comporta-
mento.

suspensão É a penalidade em que o servidor é afastado temporariamente de suas fun-


ções por um período determinado. A suspensão pode variar de 1 a 90 dias,
dependendo da gravidade da infração disciplinar. Durante o período de sus-
pensão, o servidor fica sem remuneração.

demissão É a penalidade mais severa, resultando na exoneração do servidor de seu


cargo público. A demissão é aplicada em casos de infrações graves, como
corrupção, abandono de cargo, improbidade administrativa, entre outras
condutas que atentem gravemente contra os princípios da administração pú-
blica.

cassação de aposentado- É uma penalidade aplicada aos servidores inativos, que tenham se aposen-
ria ou disponibilidade tado ou estejam em disponibilidade, quando cometem infrações disciplina-
res graves. A cassação de aposentadoria ou disponibilidade implica na perda
dos benefícios e vantagens decorrentes da inatividade.

destituição de cargo em É uma penalidade aplicada aos servidores ocupantes de cargos em comissão
comissão quando cometem infrações disciplinares. A destituição implica na perda do
cargo em comissão e do status de ocupante de cargo de confiança.

Importante!

As penalidades são um rol taxativo, ou seja, não poderão ser aplicadas outras penalidades além
dessas mencionadas na lei.

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Momento da Questão

Questão inédita – Maria é uma servidora pública federal exemplar, conhecida por seu compro-
metimento e dedicação ao trabalho. No entanto, em um determinado período, ela enfrenta
situações pessoais desafiadoras que afetam temporariamente seu desempenho. Em decorrên-
cia disso, ela comete pequenas infrações no cumprimento dos prazos de algumas tarefas. Ao
perceber a irregularidade, o superior hierárquico de Maria decide iniciar um processo discipli-
nar. Diante desse contexto, de acordo com o Regime Disciplinar dos Servidores Públicos Fe-
derais, qual alternativa representa uma abordagem correta diante das circunstâncias?

a) Maria deve ser imediatamente demitida, visto que suas ações violaram as normas estabelecidas,
independentemente de seus problemas pessoais.

b) A administração deve ignorar as circunstâncias pessoais de Maria, focando exclusivamente nas


infrações cometidas, e aplicar uma advertência formal.

c) Devido às dificuldades pessoais de Maria, o superior hierárquico deve arquivar o processo disci-
plinar, considerando as circunstâncias temporárias que afetaram seu desempenho.

d) A administração deve oferecer a Maria a oportunidade de apresentar sua versão dos fatos, possi-
bilitando sua defesa e considerando possíveis medidas corretivas, como um plano de acompanha-
mento.

e) Maria deve ser transferida para outro setor, evitando assim possíveis conflitos e mantendo seu
histórico funcional sem registros disciplinares.

Gabarito: Letra D.

Comentário: A situação apresenta um conflito entre o desempenho funcional de Maria e suas


dificuldades pessoais. O Regime Disciplinar dos Servidores Públicos Federais preconiza o direito à
ampla defesa e contraditório, bem como a consideração das circunstâncias. A alternativa que melhor
reflete a abordagem correta diante desse cenário é aquela que reconhece as dificuldades pessoais
de Maria, mas também propõe a oportunidade de defesa e medidas corretivas.

PODERES E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO

1) Introdução

Seguimos o nosso estudo com o assunto Poderes Administrativos. Para iniciarmos são necessárias
algumas informações importantes.

1 – Poderes da administração pública: considerações iniciais, deveres da administração;


abuso de poder; poderes administrativos.

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2) Considerações Iniciais

Os poderes e deveres da Administração Pública estão relacionados ao exercício das atividades es-
tatais, visando o interesse público e o correto funcionamento da máquina administrativa.

A Administração Pública detém certas prerrogativas para a condução de suas atividades, conhecidas
como poderes. Por conta da indisponibilidade do interesse público, o administrador encontra-se
sujeito ao que a legislação determina. Essas responsabilidades são designadas como deveres ad-
ministrativos.

3) Deveres da administração

Os deveres da Administração Pública são conjuntos de obrigações éticas, legais e constitucionais


que norteiam a atuação do Estado no exercício de suas funções. De maneira geral existem os se-
guintes deveres:

Poder dever de agir

Dever de probidade
Deveres da
administração

Dever de prestar contas

Dever de eficiência

Poder dever de agir: significa que ao mesmo tempo que a Administração Pública possui com-
petência para atuar e atender as necessidades públicas, ela possui o dever de agir, ou seja, tem uma
obrigação em benefício da coletividade.

Dever de probidade: o administrador público deve desempenhar suas funções com ética, ho-
nestidade e boa-fé.

Dever de prestar contas: esse dever é imposto a qualquer órgão ou agente que tenha respon-
sabilidade pela conservação ou gestão de bens públicos, inclusive particulares que tenham respon-
sabilidade por algum recurso público.

Dever de eficiência: tem relação com a qualidade na prestação do serviço, deve prezar pela
celeridade, economicidade e perfeição técnica.

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Este tema é de extrema importância para as provas de concursos públicos, uma vez que constitui os
deveres da Administração Pública.

Por isso, anote esse mnemônico: P – E – P – A (Isso vai te salvar na hora da prova).

•Dever de Prestar Contas


P

•Dever de Eficiência
E

•Dever de Probidade
P

•Dever de Agir
A

Em contrapartida, é fundamental que o exercício dos poderes administrativos seja conduzido de


maneira apropriada, a fim de evitar o cometimento de abuso de poder por parte do agente pú-
blico.

4) Abuso de poder

No estudo dos Poderes da Administração Pública, é essencial compreender termos importantes,


sendo um deles o "Abuso de Poder".

O abuso de poder refere-se à utilização irregular das prerrogativas administrativas, constituindo


um vício que invalida o ato administrativo. Esse abuso manifesta-se por condutas do gestor marca-
das pela ilegalidade, podendo se desdobrar em: falta de competência, ausência de interesse público
e omissão.

Quadro comparativo entre excesso de poder e desvio de poder:

ABUSO DE PODER (gênero)

Excesso de poder (espécie) Desvio de poder (espécie)

Agente competente Agente competente

Exorbitância de competência: o agente vai além da Ato visando interesse diverso do interesse pú-
sua competência. blico.

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Desproporcionalidade entre situação de fato e a con- Defeito na finalidade
duta praticada

Defeito no motivo e/ou objeto Não pode ser convalidado

Admite convalidação quando considerado efeito na


competência

5) Poderes Administrativos

Para iniciarmos propriamente o assunto poderes, vejamos alguns conceitos trazidos por doutrina-
dores renomados:

Para José dos Santos Carvalho Filho poderes é o “conjunto de prerrogativas de direito público que
a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance
seus fins”.

Para Hely Lopes Meirelles cada agente público “é investido da necessária parcela de poder público
para o desempenho de suas atribuições”. É este poder “que empresta autoridade ao agente público
quando recebe da lei competência decisória e força para impor suas decisões aos administrados”.

Após a explanação dos doutrinadores, podemos identificar que os poderes administrativos refe-
rem-se às prerrogativas e instrumentos concedidos à Administração Pública para que ela possa de-
sempenhar suas funções de forma eficiente e atender ao interesse público. Existem diversos poderes
administrativos, e cada um possui características específicas.

Este tema é de extrema importância para as provas de concursos públicos, uma vez que constitui os
seis principais poderes da Administração Pública.

Por isso, anote esse mnemônico: HI – PO – DI DI – VI – NO (Isso vai te salvar na hora da prova).

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•Hierárquico
HI

•Polícia
PO

•Disciplinar
DI

•Discricionário
DI

•Vinculado
VI

•Normativo / regulamentar
NO

5.1) Poder vinculado

A lei atribui competência e define todos os aspectos da conduta a ser praticada. Não há margem
de liberdade para o agente escolher a melhor forma de agir (competência, forma e finalidade são
requisitos sempre vinculados; motivo e objeto, não);

De acordo com Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a lei
estabelece os requisitos e condições de sua realização”.

Ex.: Uma licença para funcionamento de um estabelecimento. Quando particular cumpre todos
os requisitos trazidos na lei, a Administração Pública é obrigada a conceder a licença, não há margem
de escolha.

5.2) Poder discricionário

A lei atribui competência, mas reserva certa margem de discricionariedade para que, diante da
situação concreta, o agente possa selecionar a opção mais apropriada para a defesa do interesse
público. Essa discricionariedade só pode residir no motivo ou no objeto do ato administrativo.

Para Hely Lopes Meirelles, “discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade
de escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua oportunidade e de seu
modo de realização”.

O Poder Discricionário está ligado, inclusive com a revogação, pois quando um ato discricionário é
praticado e em seguida a administração considera que não é mais conveniente ou oportuno, poderá
haver a revogação desse ato.

73
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Além disso, é importante frisar que o poder discricionário também encontra limites na lei, caso um
ato seja praticado com alguma ilegalidade disfarçada de discricionariedade, poderá haver a anula-
ção, a esse procedimento dá-se o nome de controle de legalidade.

5.3) Poder disciplinar

É a possibilidade de a Administração aplicar punições aos agentes públicos que cometem infrações
funcionais. Esse poder tem relação com a natureza, a gravidade da infração e com os danos que ela
causar ao serviço público. Características do poder disciplinar:

Poder interno: só se aplica aos particulares quando eles forem contratados da Administração;

Não permanente: só se aplica quando o servidor cometer falta funcional;

É discricionário: a Administração pode escolher, com margem de liberdade, a punição mais


apropriada.

Diante do mencionado, podemos dividir a aplicação de sanções disciplinares em duas classes: os


servidores públicos e os particulares com vínculo específico com a Administração, ou seja, não é
qualquer particular.

O poder disciplinar pode ser aplicado ao particular que celebrou contrato com a Administração,
particular que participa de licitação, presidiários, estudantes de escola pública, pacientes de hospital
público, concessionários, permissionários e autorizatários de serviço público.

Já para o servidor, pode ser aplicado o poder disciplinar quando o servidor comete infrações fun-
cionais que são punidas com: advertência, suspensão, demissão, destituição de cargo comissionado,
cassação de aposentadoria, cassação de disponibilidade.

Tome Nota!

Constatada a infração, a Administração é obrigada a punir, mas tem o poder discricionário de ajustar
a pena.

5.4) Poder hierárquico

É o poder da administração para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e ordenar e rever
a atuação de seus agentes, estabelecendo relação de subordinação entre os servidores do seu qua-
dro de pessoal.

a) Poder interno: só se manifesta dentro da mesma pessoa jurídica. Lembrando que não há hierar-
quia entre administração direta e indireta.

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b) Permanente: trata-se de exercício constante e permanente dos agentes públicos.

De acordo com Hely Lope Meirelles “O Poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, con-
trolar e corrigir as atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública (...) Do
poder hierárquico decorrem faculdades implícitas para o superior, tais como a de dar ordens e fis-
calizar o seu cumprimento, a de delegar e avocar atribuições, e a de rever os atos dos inferiores (...)
Fiscalizar é vigiar permanentemente os atos praticados pelos subordinados, com o intuito de mantê-
los dentro dos padrões legais e regulamentares instituídos para cada atividade administrativa.”

Além disso, a manifestação do Poder Hierárquico pode ocorrer das seguintes maneiras: dar ordens
aos subordinados, controle de atividades de órgãos inferiores, delegação de atribuições, avocação
de atribuições, aplicação de sanções aos servidores e edição de atos normativos.

É importante salientar que hierarquia não deve ser confundida com disciplina, elas apenas caminham
juntas na base de organização do Estado.

Principais características do poder hierárquico e poder disciplinar:

Poder Hierárquico Poder disciplinar

Apura infrações
Subordinação entre agentes e órgãos
Aplica sanções
Há distribuição de funções
Sujeitos internos da Administração
Apenas âmbito interno
Servidores públicos Particulares com vínculo espe-
Ordena e revisa a atuação dos agentes.
cífico

5.5) Poder regulamentar ou normativo

Segundo a doutrina o poder normativo é mais amplo e mais genérico do que o "poder regulamen-
tar", pois permite a edição de todas as categorias de atos (regimentos, instruções, deliberações, re-
soluções e portarias).

É um poder que apenas complementa a lei, não podendo alterar ou modificar o seu entendimento.
De maneira geral o poder regulamentar é mais restrito que o "poder normativo", pois é a possibili-
dade de edição de decretos e regulamentos, tidos como atos administrativos gerais.

Importante!

Esse poder dispensa previsão na lei a ser regulamentada.

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Além disso, decorre do poder hierárquico; se estende aos chefes do executivo federal, estadual e
municipal. O agente não pode alterar a lei. Ele deve apenas regulamentá-la.

O Poder Regulamentar se formaliza por Decreto, nos termos do art. 84, inc. IV da Constituição
Federal, conforme o artigo transcrito abaixo:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: (...)

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos
para sua fiel execução;

Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro (2008, p. 256):

“O poder regulamentar como uma das formas pelas quais se expressa a função normativa do
Poder Executivo pode ser definido como o que cabe ao Chefe do Poder Executivo da União,
dos Estados e dos Municípios, de editar normas complementares à lei, para sua fiel execução”.

Existem variadas situações em que o Poder Regulamentar está presente na Administração Pública,
vejamos:

Decretos regulamentares ou de execução: via de regra, as leis são editadas de maneira geral,
necessitando de uma complementação posterior. Nesse sentido, é que funcionam os decretos regu-
lamentares ou de execução, para garantir a execução das leis. Lembrando que os decretos não tra-
zem inovações para a lei, são atos secundários.

Decretos autônomos: são atos normativos primários, tem validade e fundamento na Constitui-
ção. Não servem para regulamentar uma norma, eles trazem inovações ao ordenamento jurídico.
Lembrando que, em regra, a Administração não pode inovar no ordenamento, mas o Decreto Autô-
nomo é uma figura sui generis. A emenda Constitucional 32/2001 autorizou Presidente da Repú-
blica a expedir decretos autônomos, para dispor unicamente sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa


nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

Regulamentos autorizados ou delegados: são autorizações dadas pela Lei para que o Poder
Executivo regule situações do texto legal. Esses regulamentos são utilizados para editar normas téc-
nicas, por exemplo.

Resoluções, Portarias, Deliberações, Instruções e Regimentos: o alcance desses atos é limi-


tado a esfera de atuação do órgão normatizado.

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5.6) Poder de polícia

Antes de adentrar nos estudos específicos sobre o poder de polícia, é relevante destacar que este é
o poder da administração mais frequentemente abordado em concursos!

Segundo o doutrinador Hely Lopes Meirelles: “Poder de polícia e a faculdade de que dispõe a admi-
nistração pública para condicionar e restringir o uso de gozo de bens atividades e direitos individuais
em benefício da coletividade ou do próprio Estado”.

Dessa maneira, podemos dizer que poder de polícia é a imposição de limites à liberdade e propri-
edade dos particulares. Trata-se de poder do Estado utilizado para condicionar, restringir, limitar,
frenar o exercício das atividades particulares em busca do interesse público.

A base legal do poder de polícia encontra-se no artigo 78 do Código Tributário Nacional:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à dis-
ciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à proprie-
dade e aos direitos individuais ou coletivos.

O poder de polícia, por norma, é de natureza preventiva. Em situações de emergência, contraditó-


rio e ampla defesa podem ser adiados. Sua titularidade não é exclusiva do chefe do Executivo; ao
contrário, estende-se por toda a administração. Os atos emanados desse poder não são concretos,
mas sim normativos, não sendo direcionados a destinatários específicos. A imposição de penalidades
está vedada, uma vez que isso é matéria sujeita à reserva legal.

Tome nota!

Atente para a distinção entre o poder de polícia e o poder da polícia. O poder da polícia refere-se
ao tipo de poder voltado para a segurança pública, enquanto o poder de polícia consiste na prerro-
gativa preventiva que orienta toda a atividade administrativa, independentemente da área de atua-
ção.

O exercício do poder de polícia pode se manifestar por meio de diversas formas, envolvendo a
regulação, fiscalização e restrição de atividades para preservar a ordem pública, segurança e interes-
ses coletivos.

Formas de exercer o poder de polícia

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Estabelecimento de leis, decretos e regulamentos que determinam normas e
Leis e atos normativos padrões a serem seguidos pela sociedade para garantir a ordem pública e o
interesse coletivo.

Emissão de atos administrativos específicos direcionados a indivíduos ou enti-


Atos individuais
dades, impondo obrigações ou restrições em conformidade com a legislação.

Realização de ações de monitoramento e inspeção para verificar o cumprimento


Ato de fiscalização
das normas estabelecidas, assegurando a conformidade com a legislação.

Aplicação de penalidades e sanções quando ocorre o descumprimento das nor-


Atos de sanção mas, visando dissuadir comportamentos inadequados e manter a ordem pú-
blica.

5.6.1) Atributos do Poder de Polícia

O poder de polícia é um conjunto de prerrogativas concedidas à Administração Pública para regular,


fiscalizar e, se necessário, restringir atividades em prol do interesse público e da ordem coletiva. O
poder de polícia possui três atributos.

Por se tratar de um tema de grande relevância dos poderes administrativos, os atributos do poder
de polícia precisam estar afiados na sua mente. Por isso, anote esse mnemônico: DI – C – A (Isso vai
te salvar na hora da prova).

•DIscricionariedade
DI

•Coercitibilidade
C

•Autoexecutoriedade
A

Discricionariedade: Razoável liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade e conve-


niência de sua prática.

Coercibilidade: Possibilidade de imposição coercitiva, ou seja, o poder de polícia será cum-


prido mesmo com o uso da força pública – segurança pública.

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Autoexecutoriedade: Possibilidade de executar diretamente suas decisões sem necessidade
de autorização do Judiciário.

Importante!

A delegação do poder de polícia aos particulares é vedado. Essa restrição ocorre porque, ao praticar
os atos decorrentes do poder de polícia, o Estado age com seu poder de império e sua supremacia.
Os particulares não detêm essa prerrogativa, e permitir tal delegação equivaleria a transferir a enti-
dades privadas a autoridade e o poder de império inerentes ao Estado.

Quadro resumo entre polícia administrativa e judiciária (extraído das explicações do Prof. Cyonil Bor-
ges):

PODER DE POLÍCIA

ADMINISTRATIVA JUDICIÁRIA

Natureza Preventiva Repressiva

Incidência Bens, direitos e atividades Pessoas

Finalidade Proteção do interesse público em geral Diz respeito basicamente à apuração de


crimes

Competência Toda a Administração Pública de direito Corporações específicas


público

Sanções Administrativas Criminais (CP e CPP)

Momento da Questão

Questão inédita – Considerando os poderes administrativos na esfera federal no Brasil, assinale


a alternativa correta:

a) O poder hierárquico é utilizado pelo Presidente da República para criar normas que regem a
Administração Pública federal.

b) O poder disciplinar, atribuído aos Ministros de Estado, possibilita a edição de medidas provisórias
para regulamentar condutas dos servidores públicos.

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c) O poder legislativo, conferido ao Chefe do Executivo, permite a supervisão e controle das ativida-
des do Poder Legislativo.

d) O poder normativo, inerente aos órgãos de fiscalização, concede a prerrogativa de editar decretos
autônomos que regulamentam a organização e funcionamento da Administração Pública federal.

e) O poder de polícia, exercido por agentes federais, concede a autoridade para intervir nas relações
particulares dos cidadãos, regulando suas condutas para garantir a ordem pública.

Gabarito: Letra D.

Comentário: A alternativa correta destaca o poder normativo como um atributo inerente aos
órgãos de fiscalização, como a Controladoria-Geral da União (CGU). Esses órgãos têm a prerrogativa
de emitir decretos autônomos para regulamentar aspectos relacionados à organização e funciona-
mento da Administração Pública federal. Essa atribuição é crucial para a eficiência e eficácia na ges-
tão pública, permitindo a adaptação rápida às necessidades e mudanças na administração federal.
Os demais poderes mencionados nas outras alternativas não correspondem às atribuições específi-
cas na esfera federal.

ATOS ADMINISTRATIVOS

1) Introdução

Iremos iniciar o estudo dos atos administrativos:

1 – Atos administrativos: noções iniciais; diferenciação; classificação; elementos dos atos ad-
ministrativos; atributos dos atos administrativos; agente putativo e agente necessário; conva-
lidação; extinção dos atos administrativos; espécies de atos administrativos; pareceres; licen-
ças, autorizações e permissões.

2) Noções iniciais

Os atos administrativos são todas as expressões de vontade da Administração Pública materializa-


das por meio de decretos, resoluções, portarias, instruções, ordens de serviço, circulares, entre outros
documentos. De maneira mais técnica, um ato administrativo é uma declaração unilateral de von-
tade do Estado ou de seu representante, no exercício da função administrativa, subordinada à legis-
lação, com o propósito de atender ao interesse público. Seu objetivo é criar, restringir, declarar ou
extinguir direitos, estando sujeito ao controle judicial.

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Manifestação unilateral de vontade

Ato administrativo

Impõe obrigações, cria direitos, aplica


penalidades

Ao empregar essa manifestação unilateral, a Administração Pública utiliza as prerrogativas do direito


público, valendo-se de sua superioridade. Nem toda ação realizada pela administração pública con-
figura um ato administrativo; este somente se configura quando a administração atua com suas
prerrogativas de direito público.

Os atos administrativos são praticados (exarados) pela:

Administração Pública (direta – função administrativa – e indireta)

Particulares – atividade administrativa

No sentido de conceituar ato administrativo podemos citar algumas definições dos principais auto-
res, vejamos:

Hely Lopes Meirelles: “Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administra-
ção Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, mo-
dificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.”

Celso Antônio Bandeira de Mello: “Declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por
exemplo, um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas, manifestada
mediante providências jurídicas complementares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a
controle de legitimidade por órgãos jurisdicional.”

De maneira geral o conceito de ato administrativo, envolve declaração unilateral de vontade; von-
tade da administração; finalidade de interesse público.

Tome Nota!

Para a doutrina majoritária, o silêncio não é propriamente ato administrativo, mas sim fato adminis-
trativo, o qual pode gerar consequências jurídicas, como a prescrição e a decadência. E, realmente,
não é ato, pois falta, ao silêncio, a declaração de vontade, algo que é essencial ao conceito de ato
administrativo. O silêncio é o oposto disso: é ausência de manifestação. E não há ato sem a decla-
ração de vontade.

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Vamos esquematizar os atos administrativos?

A administração pratica sem as prerrogativas públicas.


Atos da administração
Ex.: compra e venda e locação.

É a manifestação de vontade do Estado, com o objetivo de criar, modificar e


Atos administrativos
extinguir direitos, com a finalidade de satisfazer o interesse público.

Ato administrativo abdi- É aquele pelo qual, mediante autorização legal, o titular renuncia a um di-
cativo reito. A peculiaridade desse ato é seu caráter incondicional e irretratável.

Formalismo moderado Meras irregularidades não geram nulidade de atos do processo;

Poder extroverso É o poder de o ato atingir 3ºs independentemente de sua vontade;

É a vontade pessoal e psíquica que move o agente público na elaboração dos


atos administrativos.
Móvel dos atos adminis-
trativos Ex. de como foi cobrado (considerado errado): "o MÓVEL DOS ATOS AD-
MINISTRATIVOS é a situação real que justifica a edição legítima do ato ad-
ministrativo".

Controle de juridicidade É a possibilidade, em caso de violação da razoabilidade e da proporcionali-


dade, de o Judiciário rever a conveniência e a oportunidade dos atos discri-
(sindicabilidade) cionários. Esse controle acarreta a nulidade do ato e nunca a sua revogação.

Atos de administradores de empresa estatal também podem ter natureza de ato administrativo.

Ex.: decisões que indeferem requerimento de informações sobre os serviços públicos prestados pela em-
presa.

Tome nota!

Para a administração pública, temos os tipos de manifestações de vontade – ato unilateral e ato
bilateral. O ato unilateral é emitido por uma única parte, enquanto o ato bilateral resulta do acordo
e da vontade de duas partes.

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2) Requisitos dos Atos Administrativos

São os chamados requisitos de validade. Requisitos que devem ser observados para que o ato seja
válido. Requisitos que se não forem observados o ato será inválido. Por se tratar de um tema com
grande relevância no concurso públicos, anote esse mnemônico: CO – FI – FO – MO - OB (Isso vai
te salvar na hora da prova).

•Competência
CO

•Finalidade
FI

•Forma
FO

•Motivo
MO

•Objeto
OB

Competência: A competência é o poder atribuído ao agente ocupante de cargo, emprego ou


função pública para desempenhar suas atividades. Pode ser entendido como sujeito competente
para a prática de atos administrativos.

Sujeito é a pessoa que possui atribuição legal para a prática do ato.

Finalidade: A finalidade está ligada ao objetivo, o qual, o interesse público pretende atingir.
Todo ato administrativo é praticado necessariamente com um fim público. Além disso, é importante
deixar claro que podem existir vícios na finalidade e esses vícios são chamados de desvio de finali-
dade ou desvio de poder.

Não se pode praticar o ato com fins privados, nem para beneficiar amigos e prejudicar inimigos. A
finalidade que deve ser observada é aquele prevista em lei para o ato.

Forma: A forma é a manifestação do ato no mundo externo, ou seja, o jeito como o ato é prati-
cado. Como regra, o ato é formal e escrito.

Motivação: representa a exteriorização / exposição / apresentação dos motivos. De maneira mais


simples de explicar seria dizer que “a motivação é a demonstração dos motivos, seria coloca-los no
papel”.

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Motivo: O motivo é a situação de direito ou de fato, o qual, autoriza a realização do ato admi-
nistrativo. Além disso, o motivo pode ser um elemento vinculado, previsto em lei, ou discricionário,
a critério do administrador.

No caso da vinculação o ato será praticado de acordo com as diretrizes legais, a lei descreverá exa-
tamente como o ato deverá ser praticado e na discricionariedade, a lei traz diversos objetos e que
serão escolhidos a critério do administrador.

Situação fática (fatos – o que aconteceu no caso concreto) e jurídica (o que está na lei) que justifica
a prática do ato.

Objeto: O objeto, o qual, também pode ser chamado de conteúdo, é o efeito jurídico produzido
pelo ato administrativo. Seria o que o ato enuncia, prescreve ou dispõe. São os efeitos produzidos.
Trata-se do próprio ato.

Ex.: Demissão, exoneração.

Em resumo o objeto pode ser definido como: conteúdo, de efeito imediato, pode ser vinculado ou
discricionário, lícito, possível e certo.

2.1) Teoria dos motivos determinantes

A Teoria dos motivos determinantes entende que uma vez motivado o ato, a validade está vincu-
lada aos motivos que o fundamentam. Dessa maneira, se os motivos indicados não existirem, o ato
será nulo. Portanto, os motivos alegados para prática do ato devem ser verdadeiros.

A Teoria se aplica aos atos discricionários ou vinculados e quando a motivação for ou não obrigató-
ria.

Tome Nota!

Nem todo ato precisa ser motivado. Ex.: exoneração do titular de um cargo em comissão. A mo-
tivação neste caso não é exigida, mas, se por acaso a motivação for feita, aplica-se esta teoria.

2.2) Discricionariedade

A discricionariedade no ato administrativo está presente nos elementos motivo e objeto. A com-
petência, finalidade e forma são elementos vinculados, enquanto o motivo e o objeto podem ser
vinculados ou discricionários.

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3) Classificações

Os atos administrativos podem ser classificados de várias formas, levando em consideração diferen-
tes critérios.

3.1) Ato vinculado e discricionário

Ato vinculado: É aquele praticado pela Administração Pública sem qualquer margem de liber-
dade / escolha. Uma vez que os requisitos legais forem preenchidos a Administração é obrigada a
praticar o ato nos exatos termos da lei. É praticado apenas no aspecto da legalidade.

Ex.: Licença para tratar da própria saúde.

Ato discricionário: É aquele em que o administrador tem certa margem de escolha. Escolha:
análise do mérito administrativo (juízo de conveniência e oportunidade) – interesse público

A discricionariedade jamais é presumida. Ela está prevista na lei ou em conceitos jurídicos indeter-
minados ( ex.: conduta escandalosa na repartição).

É praticado apenas no aspecto da legalidade. Mas, além disso, também deve ser observado o aspecto
de mérito.

Ex.: Licença para tratar de interesses particulares

3.2) Atos gerais e individuais

Atos gerais: Os atos gerais ou normativos são aqueles que possuem destinatários indetermina-
dos, ou seja, não sabemos as pessoas que serão atingidas por aquele ato.

Por possuir caráter genérico, atingem todos aqueles que se enquadrarem na situação descrita. Em
resumo, possuem caráter normativo, natureza genérica e conteúdo abstrato.

Ex.: Decretos, instruções normativas, resoluções.

Atos individuais: Os atos individuais ou especiais são aqueles que possuem destinatários, certos,
determinados, ou seja, sabemos quem serão os atingidos pelo ato.

Além disso podemos dizer que produzem efeitos nos casos concretos.

Ex.: Nomeação, demissão, licença.

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3.3) Atos simples, complexo e composto

Ato simples: É aquele ato formado pela manifestação de vontade de um órgão, podendo ser
unipessoal ou colegiado. O número de agentes que participa do ato não é relevante, desde que se
trate de uma vontade unitária. Um ato simples poderá ser um despacho manifestando a vontade do
colegiado de um órgão, por exemplo.

Ato complexo: É aquele formado pela manifestação de vontade de dois ou mais órgãos, produ-
zindo um ato.

Ex.: Aposentadoria (manifestação de vontade do órgão no qual a pessoa trabalha + manifestação


de vontade do respectivo tribunal de contas = formam um único ato da aposentadoria).

Ato composto: É aquele formado pela manifestação de vontade de um órgão (ato principal).
Porém, é necessário a aprovação da vontade (ato acessório / instrumental), que é feita por outro
órgão. Neste caso, há dois atos distintos, ou seja, um ato principal e um ato acessório.

Ex.: Homologação.

Ato simples Ato ou órgão unitário ou colegiado. Ex.: exoneração de servidor

Dois atos, sendo um principal e outro acessório; o ato principal depende do aces-
Ato composto
sório para a produção de efeitos. Ex.: homologação.

Ato complexo Manifestação de dois ou mais órgãos; único ato. Ex.: Portaria interministerial.

3.4) Atos de império, gestão e expediente

Ato de império: Atos de império ou de autoridade são os praticados com prerrogativas e de


uma autoridade e impostos de maneira unilateral e coercitiva ao particular, ou seja, não são de obe-
diência facultativa.

Ato de gestão: É aquele ato que a administração pratica sem utilizar a sua supremacia, são atos
praticados em situação de igualdade com os particulares.

Ato de expediente: São aqueles atos internos, que não possuem conteúdo decisório, apenas se
destinam a dar andamento aos processos. Além disso, os atos de expediente não geram efeitos
vinculantes nem possuem forma específica.

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Ex.: Entrega de certidão, expedição de ofício.

3.5) Ato perfeito, válido e eficaz

Ato perfeito: É aquele que completou o seu ciclo de formação, ou seja, todas as etapas foram
realizadas. Se o ato não completou o seu ciclo de formação ele será imperfeito.

Ato válido: É aquele que está em conformidade com o ordenamento jurídico (lei). Caso o ato
não esteja de acordo com a lei ele será inválido.

Ato eficaz: É aquele ato que está apto para produção de efeitos, é um ato que independe de
evento posterior para produzir seus efeitos.

Se o ato não está apto a produzir os seus efeitos ele será ineficaz.

4) Atributos dos atos administrativos

Os atributos ou características do ato administrativo são as peculiaridades que os fazem ser diferen-
tes dos atos privados.

São atributos do ato administrativo a presunção de legalidade (legitimidade, veracidade); a impera-


tividade (coercibilidade ou poder extroverso); a autoexecutoriedade (executoriedade e exigibilidade);
e a tipicidade.

Por se tratar de um tema com grande relevância no concurso públicos, anote esse mnemônico: P –
A – T – I (Isso vai te salvar na hora da prova).

•Presunção de Legitimidade e Veracidade


P

•Autoexecutoriedade
A

•Tipicidade
T

•Imperatividade
I

4.1) Presunção de legitimidade e veracidade

De acordo com esse atributo pressupõe-se que os atos estão de acordo com a lei, até que se prove
o contrário, ou seja, são legítimos, legais, lícitos ou válidos.

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Presunção de legitimidade: presume que o ato está de acordo com a lei.

Presunção de veracidade: presume que os fatos narrados são verdadeiros.

Obs. 1: Presunção universal: presente em todos os atos administrativos

Obs. 2: Presunção relativa: admite prova em contrário

Obs. 3: Ônus da prova é do destinatário do ato e não da administração pública.

4.2) Autoexecutoriedade

Atributo que permite a Administração Pública executar as suas decisões de forma direta, imediata.
Sem necessidade de intervenção judicial, inclusive com o uso da força, caso seja necessário. A auto-
executoriedade existe em duas principais situações, quando estiver expressamente prevista em lei e
quando se tratar de medida urgente (medida que deve ser adotada de imediato).

Ex.: Interdição de estabelecimento, apreensão de mercadorias, demolição de obra irregular.

Nem todo ato possui o atributo da autoexecutoriedade. As situações em que o ato administrativo
não tem este atributo: cobrança de multa, tributos, desapropriação, servidão administrativa.

4.3) Tipicidade

Nem todo doutrinador entende que a tipicidade é um atributo. Esse atributo está presente na obra
de Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Segunda a doutrinadora, tal atributo deve corresponder a figuras
definidas em lei para que produzam resultados. Ou seja, a tipicidade exige que haja uma previsão
legal do ato administrativo. Deve ser previsto em lei.

Em resumo a tipicidade é regida pelo princípio da legalidade. Todo ato administrativo unilateral
possui esse atributo. Se for ato administrativo bilateral, há doutrina que diga que não possui esse
atributo.

4.4) Imperatividade

É decorrente do poder de império / extroverso, ou seja, o poder público pode editar atos que estão
relacionados a terceiros e não somente para o sujeito que o emitiu.

Como impõe obrigações a terceiros, os atos administrativos são impostos de forma unilateral pelo
Estado independente da anuência (concordância) dos administrados.

Nem todo ato possui o atributo da imperatividade, como, por exemplo, os atos negociais.

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5) Agente putativo e agente necessário

Os agentes putativos são sujeitos que desempenham uma atividade pública presumindo que seja
legítima, mesmo que a investidura no cargo não tenha sido dentro do procedimento exigido. Já os
agentes necessários, são aqueles que praticam atos em situações excepcionais, em emergências,
por exemplo.

Agente putativo Agente necessário

É aquele que está investido irregularmente. É aquele convocado em situações emergenciais.

Ex.: entrou em exercício sem tomar posse e ninguém Ex.: bombeiro pede ajuda para cidadão ajudá-lo.
percebeu. Logo, não assinou a posse.

Os atos são válidos perante terceiros de boa-fé - Atos praticados: Estado responde

Tome Nota!

Usurpador de função: fingindo ser agente público com uma finalidade ilícita. Os atos por ele prati-
cados não são ilegais, mas inexistentes.

6) Extinção dos atos administrativos

A extinção é o desfazimento do ato administrativo. Retirada do ato do mundo jurídico. O ato deixa
de existir. Poderá ser extinto das seguintes formas:

Anulação (invalidação): A anulação também pode ser chamada de invalidação e é o desfazi-


mento de um ato ilegal / inválido.

Critério de legalidade: verifica se o ato está em conformidade com a lei.

Pode ser decretada pela própria administração (autotutela) – de ofício ou a requerimento. Mas
como a lei foi violada, o ato também pode ser anulado pelo Poder Judiciário, que deverá ser provo-
cado (princípio da inércia).

A anulação poderá incidir tanto em atos vinculados quanto discricionários – não olha o mérito, ape-
nas os aspectos de sua legalidade.

A anulação possui efeitos retroativos – retroage a data da prática do ato. Trata-se do efeito “ex tunc”.

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Qual o prazo que a administração pública tem para anular seus atos?

Prazo decadencial de 5 anos, quando o destinatário estiver de boa-fé. Caso esteja de má-fé, a anu-
lação do ato poderá ser feita a qualquer momento.

Revogação: O ato é válido. Não há ilegalidade, pois foi praticado conforme a lei. No entanto, a
administração pública fez o juízo de conveniência e oportunidade e verifica que o ato não coaduna
mais com o interesse público.

Critério de mérito: a administração faz a análise do mérito administrativo.

Decretada apenas pela própria Administração Pública (autotutela – controle dos próprios atos)

A revogação apenas incide sobre os atos discricionários.

A revogação possui efeitos não retroativos (prospectivos). Trata-se do efeito “ex nunc”.

Qual o prazo que a administração pública tem para revogar seus atos?

A revogação poderá ser feita a qualquer momento.

Ato vinculado
Impossibillidade de revoção do ato

Atos que já geraram direito adquirido


administrativo

Atos consumados / exauridos

Atos que integrem um procedimento

Mero ato administrativo

O Poder Judiciário não revoga ato dos outros. Mas revoga seus próprios atos quando atua em sua
função administrativa.

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Cassação: Trata-se de uma penalidade, aplicada em razão do descumprimento de alguma con-
dição.

Ex.: Licença para construir que descumpre alguma regra.

Caducidade: Ocorre quando o ato é incompatível com a nova legislação.

Ex.: tinha licença para jogar entulho no terreno, vem nova lei proibindo tal prática.

É diferente da caducidade dos serviços públicos.

Contraposição: Ato novo com efeitos contrapostos (opostos)

Ex.: a nomeação chama e a exoneração “deschama”.

EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Anulação Ilegal

Revogação Interesse público

Cassação Penalidade

Caducidade Incompatível com lei nova

Contraposição Ato novo oposto

7) Convalidação

A convalidação dos atos administrativos refere-se ao processo pelo qual a Administração Pública,
reconhecendo a existência de um vício ou irregularidade em um ato que praticou, busca corrigi-lo,
conferindo-lhe validade e eficácia. Os seus efeitos são retroativos – “ex tunc”, ou seja, sana o vício
desde sua origem.

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Vício sanável (ato anulável)

Requisitos para a
Ato ainda não foi impugnado
convalidação

Não gerar prejuízos para o interesse público e


terceiros

Ao Poder Judiciário cabe anular atos administrativos ilegais e não a sua convalidação.

Tome Nota!

Como regra, se o vício for no elemento competência (salvo competência exclusiva, que não pode
ser delegada, e competência em razão da matéria) ou na forma (salvo se a forma for essencial à
validado do ato) poderá ser convalidado.

“FoCo na convalidação”.

8) Espécies de Atos Administrativos

Os atos administrativos podem ser categorizados em diversas espécies, levando em conta suas
características e finalidades específicas.

Por se tratar de um tema com grande relevância no concurso públicos, anote esse mnemônico: N –
O – N - E – P (Isso vai te salvar na hora da prova).

•Normativos
N

•Ordinário
O

•Negociais
N

•Enunciativo
E

•Punitivo
P

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Normativos: Atos gerais (destinatários indeterminados – caráter genérico e abstrato)

Ex.: Resolução, Decreto, Regulamentos, Regimentos

Ordinário: Atos internos (ordens que a administração pública profere para ser órgãos e servido-
res subordinados. Decorre do poder hierárquico. Aqueles que disciplinam o funcionamento da Ad-
ministração Pública, incluindo as condutas dos seus agentes.

Ex.: ordens de serviço, memorando, circulares internas, instruções, avisos, portaria.

Negociais: São casos em que o particular precisa da anuência da administração pública. Não são
imperativos, coercitivos, autoexecutórios.

Ex.: Licenças, autorizações, permissões, homologação, visto.

Enunciativo: É aquele ato que não representa uma manifestação de vontade propriamente dita.
A administração pública simplesmente emite uma opinião (juízo de valor). Apenas declara uma situ-
ação.

Ex.: atestado, parecer, certidão, apostila. Externam ou declaram uma situação existente em regis-
tros, processo ou arquivos públicos sem qualquer manifestação de vontade original da Administra-
ção).

Punitivo: Tem o objetivo de punir a prática de infrações administrativas. Pode estar punindo um
servidor, particular ou particular com vínculo.

9) Pareceres

Os pareceres podem ser facultativos (meramente opcional), obrigatórios (exige-se o parecer para a
realização do ato, mas é mera opinião, podendo a autoridade dele divergir) ou vinculantes (a auto-
ridade não pode divergir dele, nesse caso deixa de ser mera opinião).

10) Licenças, autorizações e permissões

Quando se fala em atos negociais, temos:

Licença Autorização Permissão

Ato vinculado Ato discricionário Ato discricionário

Não pode revogar Poder revogar Pode revogar

Ex.: licença para dirigir

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Momento da Questão

Questão inédita – No contexto da Administração Pública federal no Brasil, assinale a alterna-


tiva correta acerca dos atos administrativos:

a) A nomeação de servidores públicos é um exemplo de ato administrativo discricionário, pois per-


mite ampla liberdade de escolha ao agente público responsável.

b) O ato administrativo vinculado é aquele em que a Administração Pública possui margem de es-
colha na sua prática, podendo decidir conforme seu juízo de conveniência e oportunidade.

c) A revogação de um ato administrativo ocorre quando a Administração Pública anula os efeitos do


ato retroativamente, mesmo que este tenha sido praticado em conformidade com a lei.

d) O ato administrativo complexo é aquele que resulta da manifestação de vontade de um único


órgão, sem a necessidade de concorrência de vontades de outros órgãos.

e) A delegação de competência é um ato administrativo que permite à autoridade superior transferir


a execução de determinada atividade a órgão hierarquicamente subordinado.

Gabarito: Letra E.

Comentário: A alternativa correta destaca a delegação de competência como um ato adminis-


trativo que possibilita à autoridade superior transferir a execução de uma atividade específica a ór-
gão subordinado. Essa prática é essencial para a eficiência da Administração Pública, permitindo a
descentralização de funções sem perda de controle. As demais alternativas apresentam conceitos
incorretos ou incompletos sobre atos administrativos na esfera federal.

SERVIÇOS PÚBLICOS

1) Introdução

A partir de agora estudaremos o assunto Serviços Públicos.

1 – Serviços públicos: conceito; características dos serviços públicos; princípios do serviço pú-
blico; titularidade do serviço público; formas de prestação de serviços públicos; formas de
delegação.

2) Conceito

O serviço público refere-se as atividades ou funções realizadas pelo Estado ou por entidades por
ele autorizadas para atender às necessidades da sociedade. Estes serviços visam proporcionar o bem-
estar coletivo, garantir os direitos fundamentais e promover o interesse público. A sua finalidade não
é a obtenção de lucro, mas o benefício coletivo.

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Existem alguns conceitos trazidos pelos doutrinadores que eventualmente podem ser cobrados em
prova, vejamos:

Maria Sylvia Zanella Di Pietro: “Toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça
diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às neces-
sidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público.”

Hely Lopes Meirelles - “Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus de-
legados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades sociais essenciais ou secun-
dárias da coletividade ou simples conveniências do Estado.”

Celso Antônio Bandeira de Mello - “Serviço público é toda atividade de oferecimento de utilidade e
comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pe-
los administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou
por quem lhe faça as vezes, sob regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas
de supremacia e de restrições especiais –, instituído em favor dos interesses definidos como públicos
no sistema normativo.”

De acordo com o texto Constitucional, o serviço público é de competência do Poder Público, art.
175, conforme transcrevemos para facilitar os estudos:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de conces-
são ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Exemplos de serviços públicos incluem saúde, educação, segurança pública, transporte coletivo,
energia, saneamento básico, entre outros. A gestão desses serviços pode ser realizada diretamente
pelo Estado ou por meio de concessões e parcerias público-privadas. A prestação eficiente de
serviços públicos é fundamental para o funcionamento adequado de uma sociedade e o atendi-
mento das demandas de seus cidadãos.

3) Características do serviço público

As características do serviço público são atributos distintivos que ajudam a definir e identificar as
atividades realizadas pelo Estado ou por entidades autorizadas para atender às necessidades da so-
ciedade. As principais características são:

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Imaterial

Natureza ampliativa

Características do Prestado pelo Estado ou por seus delegados


serviço público

Sob regime de Direito Público

Visa satisfação de necessidades da


coletividade

Imaterial: é uma tarefa do Estado que envolve as atividades normativas

Natureza ampliativa: é uma atividade ampliativa do Estado para o particular, oferece vantagens
aos usuários.

Prestado pelo Estado ou por seus delegados: pode ser prestada pelo Estado ou pelos seus
delegados, por meio, de concessão ou permissão.

Sob regime de Direito Público: os serviços são prestados sob a ótica normativa de Direito Pú-
blico.

Visa satisfação de necessidades da coletividade: são serviços públicos prestados para toda a
coletividade, como transporte público, iluminação pública, serviços de telefonia etc.

4) Princípios do serviço público

Dentro do tema de serviço público temos princípios específicos, os quais tem base no artigo 6º da
Lei n° 8.987/95 – regime de concessão e permissão da prestação dos serviços públicos:

Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno


atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no res-
pectivo contrato.

§1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência,


segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

Este tema é de extrema importância para as provas de concursos públicos, uma vez que constitui as
principais características da satisfação dos serviços públicos.

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Por isso, anote esse mnemônico: EFIGÊNIA, AMORECO DO GENERAL, SE CORTOU! (Isso vai te salvar
na hora da prova).

•Eficiência
EFI

•Atualidade
A

•Modicidade das tarefas


MO

•Regularidade
RE

•Continuidade
CO

GENER •Generalidade
AL

•Segurança
SE

•Cortesia na prestação
CORT

Vamos explorar de forma mais aprofundada as diretrizes fundamentais que orientam a atuação do
Estado na prestação de serviços à sociedade. Estes princípios visam garantir a eficiência, legalidade,
transparência e promoção do interesse público.

Princípio da regularidade: Por este princípio o serviço público deve ser prestado de acordo com
os melhores horários para a coletividade, devem ser evitados atrasos ou intermitências.

Ex.: Se o ônibus que passa todos os dias às 7hs no ponto começa a chegar 7h:30min, depois 8h,
outro dia não passa, está violando o princípio da regularidade.

Princípio da continuidade: Via de regra, os serviços públicos não podem ser interrompidos,
exceto, por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; por inadimplemento do usu-
ário, considerado o interesse da coletividade; emergência.

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Princípio da eficiência: O serviço público deve ser prestado com a melhor qualidade e proveito
possível. O serviço eficiente será aquele que atinge o resultado pretendido, seja em relação à quali-
dade, ou em relação a quantidade.

Princípio da segurança: O serviço deve ser prestado sem colocar a integridade física, ética e
moral da coletividade em risco. Reflete a necessidade de o serviço ser prestado sem riscos para a
vida, a saúde e o patrimônio dos usuários. A segurança é crucial, especialmente em setores como
transporte e saúde.

Princípio da atualidade: É conhecido também como modernidade, adaptabilidade ou mutabi-


lidade. Conforme explica MAZZA, “a técnica empregada na prestação do serviço público, embora
não tenha de ser a mais avançada disponível, precisa mostrar-se compatível com o estágio de de-
senvolvimento tecnológico vigente à época da prestação. Em termos práticos, o princípio da atuali-
zação proíbe o retrocesso da técnica. Assim, por exemplo, o princípio da atualidade proíbe a substi-
tuição, no serviço de transporte de passageiros, do ônibus por bondes com tração animal”.

Além disso, esse princípio está definido no § 2º do art. 6º da Lei n. 8.987/85: A atualidade compre-
ende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como
a melhoria e expansão do serviço.

Princípio da generalidade/universalidade: Esse princípio diz que o serviço público deve ser
prestado para o maior número de pessoas possíveis, sem discriminação ou privilégios.

Ex.: o transporte público de um bairro da periferia deve ter a mesma qualidade dos ônibus que
circulam em áreas nobres da cidade.

Princípio da cortesia na prestação: Esse princípio decorre da moralidade administrativa e exige


que o serviço seja prestado com gentileza, polidez e urbanidade. A cortesia contribui para uma ex-
periência positiva por parte dos usuários.

Princípio da modicidade das tarefas: Segundo esse princípio o valor das tarifas deve ser o me-
nor possível, deve ter um valor baixo para que mais pessoas sejam beneficiadas com prestação do
serviço.

5) Formas de prestação do serviço público

A prestação de serviços públicos pode ocorrer de diversas formas, e as modalidades adotadas po-
dem variar de acordo com as políticas públicas, a natureza do serviço e as características específicas.

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Conforme já estudamos anteriormente no art. 175, CF, a prestação do serviço público poderá se dar
diretamente pela Administração Pública ou mediante concessão ou permissão.

Assim, podemos sintetizar que o serviço público poderá ser prestado das seguintes maneiras:

a) Prestação direta e indireta: a prestação direta é aquela feita pela Administração Direta ou Indi-
reta; já a prestação indireta é aquela feita pelos particulares, por meio da autorização, concessão
ou permissão de serviço público.

b) Prestação centralizada ou descentralizada: a prestação centralizada é aquela feita pela Admi-


nistração Direta; já a prestação descentralizada, é aquela feita, por meio de outorga ou delegação.

Momento da Questão

Questão inédita – Em relação aos serviços públicos no Brasil, assinale a alternativa correta:

a) Serviços públicos são atividades exclusivas do Estado, não admitindo a participação de particula-
res na sua prestação.

b) A universalidade, um dos princípios dos serviços públicos, significa que esses serviços devem ser
oferecidos gratuitamente a todos os cidadãos, sem exceção.

c) Concessionárias de serviços públicos são sempre entidades estatais, sem a possibilidade de parti-
cipação de empresas privadas na gestão desses serviços.

d) A descontinuidade, como princípio dos serviços públicos, permite que o Estado interrompa a
prestação de um serviço a qualquer momento, sem aviso prévio.

e) A delegação de serviços públicos a particulares, mediante concessão ou permissão, é uma forma


de descentralização da execução dessas atividades, visando a eficiência na prestação.

Gabarito: Letra E.

Comentário: A opção correta destaca a possibilidade de delegação de serviços públicos a par-


ticulares como uma estratégia para promover a eficiência na prestação desses serviços. Essa descen-
tralização, por meio de concessão ou permissão, permite a participação de empresas privadas na
execução de atividades que antes eram exclusivas do Estado, promovendo a especialização e a busca
por melhores resultados. As demais alternativas apresentam conceitos incorretos ou incompletos
sobre serviços públicos no contexto brasileiro.

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1) Introdução

A partir desse momento estudaremos sobre o assunto Controle da Administração Pública:

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1 –Controle da Administração Pública: classificação das formas de controle; controle admi-
nistrativo; controle judicial; controle legislativo.

2) Classificação das formas de controles

Antes de adentrar na classificação das formas de controle, precisamos entender o conceito de con-
trole. A doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro dispõe que o controle da Administração Pública
pode ser definido “como o poder de fiscalização e correção que sobre ela exercem os órgãos dos
Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, com o objetivo de garantir a conformidade de sua atuação
com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico”.

O controle da Administração Pública representa tanto um poder quanto um dever de fiscalização


e revisão da atuação administrativa, assegurando sua conformidade com o ordenamento jurídico e
os princípios da boa administração pública. Isso implica que o controle vai além da mera verificação
de legalidade e legitimidade, abrangendo também aspectos relacionados à eficiência, eficácia e efe-
tividade.

O controle da Administração Pública pode ser qualificado de cinco formas, vejamos:

Quanto ao fundamento

Quanto a origem

Formas de controles Quanto ao órgão que exerce o controle

Quanto ao momento do controle

Quanto ao aspecto de controle

Quanto ao fundamento ou amplitude: o controle poderá ser hierárquico ou finalístico. O con-


trole hierárquico é fundamentado nas relações em que há subordinação. Para Marcelo Alexandrino,
esse controle decorre do “escalonamento vertical dos órgãos da administração direta ou do escalo-
namento vertical de órgãos integrantes de cada entidade da administração indireta”.

Tome Nota!

Não há controle hierárquico entre pessoas jurídicas diferentes, essa relação de subordinação existe
somente em uma mesma pessoa jurídica.

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Já o controle finalístico é a fiscalização e revisão, o qual, uma pessoa jurídica exerce sobre atos
praticados por outra pessoa jurídica. Geralmente, esse controle é exercido pela administração direta
sobre as entidades da administração indireta. Pode ser chamado também de supervisão ministerial
ou tutela administrativa.

Hierárquico Resulta de hierárquia

Amplitude

Finalístico Não resulta da hierarquia

Quanto à origem: o controle poderá ser interno, ou seja, o controle poderá ser feito por órgão
que seja da mesma estrutura do órgão que praticou o ato; externo, o qual, será exercido por órgão
de outra estrutura organizacional; ou controle popular, o qual é exercido pelos administrados ou
pela sociedade civil.

Quanto ao órgão que exerce o controle: em relação ao órgão controlador poderá ser adminis-
trativo, legislativo ou judicial. O controle administrativo é aquele exercido pela própria adminis-
tração pública que praticou o ato, está relacionado com o princípio da autotutela.

Já o controle legislativo ou parlamentar é o realizado pelo Poder Legislativo quando está exercendo
sua função fiscalizadora.

E por último, o controle judicial, o qual é exercido pelo Poder Judiciário em sua função típica de
julgar.

Administrativo Função administrativa

Órgão controlador Legislativo Função fiscalizadora

Judicial Função julgadora

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Quanto ao momento do controle: poderá ser prévio, concomitante ou posterior.

O controle prévio ou preventivo tem a finalidade de impedir a prática de atos ilegais ou que não
estejam de acordo com o interesse público. Já o controle concomitante é controle que ocorre
quando, por exemplo, há uma fiscalização in loco em um prédio em construção com recurso do
âmbito federal.

E por último, temos o controle posterior, o qual é exercido após a pratica do ato.

Quanto ao aspecto de controle: poderá ser de legitimidade ou legalidade e de mérito.

O controle de legitimidade/legalidade pode ser exercido pelos três poderes. Já o controle de


mérito é realizado pela própria administração ou em alguns momentos pode ser exercido pelo Po-
der Legislativo.

Veja abaixo um quadro esquematizado para facilitara sua memorização:

FUNDAMENTO ORIGEM ÓRGÃO QUE MOMENTO DO ASPECTO DO


EXERCE CONTROLE CONTROLE

Hierárquico Interno Poder Executivo Prévio Legalidade

Finalístico Externo Poder Legislativo Concomitante Mérito

Popular Poder Judiciário Posterior

3) Controle administrativo

De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, é possível conceituar controle da Administração
Pública como sendo o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais
se exerce o poder de fiscalização e revisão da atividade administrativa em qualquer das esferas de
Poder.

Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos,
a apreciação judicial.

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4) Controle judicial

O controle judicial é um princípio fundamental em sistemas legais que estabelece a autoridade dos
tribunais para revisar, avaliar e, se necessário, corrigir as ações, decisões e políticas tomadas por
outros poderes do governo, como o executivo e o legislativo. Esse conceito é central para a separa-
ção dos poderes e o Estado de Direito em muitos sistemas legais ao redor do mundo.

O controle judicial desempenha um papel crucial para garantir que o governo e seus agentes operem
de acordo com as leis e os regulamentos, evitando abusos de poder e protegendo os direitos e
liberdades dos cidadãos. Ele envolve a capacidade dos tribunais de analisar a legalidade, constitu-
cionalidade e justiça das ações governativas, bem como resolver disputas entre partes privadas.

Existem várias formas de controle judicial:

Isso permite que os tribunais revisem as decisões e ações administrati-


vas e legislativas para garantir que estejam em conformidade com a lei
Revisão Judicial
e a constituição. Isso pode incluir decisões anulares que princípios vio-
lentos.

Em muitos países, os tribunais têm o poder de revisar a constitucionali-


Jurisdição Constitucional dade das leis e atos do governo. Se uma lei for considerada inconstitu-
cional, ela pode ser anulada.

É uma ação judicial que permite a indivíduos ou entidades questionar a


Mandado de Segurança legalidade de atos do governo que preencheram seus direitos ou inte-
resses.

Ação Declaratória de Inconsti- Permite que os tribunais declarem a inconstitucionalidade de leis e nor-
tucionalidade mas, estabelecendo assim um padrão para futuras decisões.

É uma ação judicial que visa proteger os direitos dos indivíduos detidos,
Habeas Corpus garantindo que eles não sejam admitidos ilegalmente.

Os tribunais podem avaliar se uma ação do governo é proporcional aos


Controle de Proporcionali- objetivos que visa alcançar, especialmente quando se trata de limitar
dade
direitos individuais.

Os tribunais podem revisar decisões tomadas por autoridades governa-


Revisão de Decisões Adminis-
mentais para garantir que elas estejam de acordo com a lei e os proce-
trativas
dimentos jurídicos.

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O controle judicial é um componente essencial da democracia e do Estado de Direito, pois ajuda a
equilibrar os poderes do governo, evitando abusos e assegurando que as leis e os direitos dos cida-
dãos sejam respeitados.

5) Controle legislativo

O controle legislativo é um princípio fundamental em sistemas democráticos que estabelece o po-


der e a responsabilidade do poder legislativo para supervisionar, monitorar e influenciar as ações do
poder executivo e outras autoridades governamentais. Esse conceito é crucial para garantir a sepa-
ração dos poderes e a prestação de contas no governo.

O controle legislativo envolve várias atividades e negociação que permite ao poder legislativo exer-
cer supervisão e influência sobre as ações do poder executivo e outras entidades governamentais.
Alguns aspectos do controle legislativo incluem:

O poder legislativo tem a autoridade para criar, debater e aprovar leis e or-
Aprovação de Leis e Orça- çamentos governamentais. Esse processo garante que as políticas e ações do
mentos governo sejam consistentes com a vontade do legislativo, que represente os
interesses dos cidadãos.

Em sistemas parlamentaristas, o governo precisa manter a confiança do le-


Votação de Confiança e
gislativo para permanecer no poder. O legislativo pode votar moções de con-
Moções de Desconfiança
fiança ou desconfiança, influenciando a estabilidade do governo.

O poder legislativo pode criar comissões parlamentares para fiscalizar ques-


tões específicas, realizar e recolher informações sobre as ações do governo.
Comissões Parlamentares
Essas comissões têm o poder de convocar autoridades e testemunhas para
depoimentos.

Os legisladores podem fazer perguntas ao governo para obter informações


Perguntas Parlamentares sobre suas atividades, políticas e decisões. Isso ajuda a garantir transparência
e responsabilidade.

Os legisladores podem debater políticas, ações governamentais e questões


Debates e Discussões de interesse público em sessões parlamentares. Esses debates permitem que
os representantes expressem suas opiniões e exijam entusiasmo do governo.

Em muitos sistemas, o poder legislativo deve desenvolver aprovação inter-


Aprovação de Tratados e
nacional e nomeações para cargas importantes no governo, garantindo que
Nomeações
essas ações estejam em conformidade com os interesses do país.

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O poder legislativo pode revisar, alterar ou anular atos administrativos toma-
Controle de Atos Admi-
dos pelo governo, assegurando que eles estejam de acordo com as leis e
nistrativos
regulamentos.

O controle legislativo é essencial para garantir que o governo atue em nome do povo e dentro dos
limites pela lei. Ele contribui para a prestação de contas, a transparência e a responsabilidade no
governo, bem como para a proteção dos direitos e interesses dos cidadãos.

Momento da Questão

Questão inédita – Diante da necessidade de garantir a transparência e a legalidade na aplicação


dos recursos públicos federais, um cidadão decide monitorar a execução de um grande projeto
de infraestrutura conduzido pela Administração Pública federal. Considerando o tema do con-
trole da Administração Pública federal, assinale a alternativa correta:

a) O controle externo, exercido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), abrange apenas questões
contábeis e financeiras, não incluindo a fiscalização da execução de obras públicas.

b) O controle social, representado pela participação ativa da sociedade, é uma ferramenta relevante
para fiscalizar a gestão pública federal, incluindo a execução de obras, por meio de participação em
audiências públicas e consultas online.

c) A Controladoria-Geral da União (CGU) é responsável pelo controle legislativo da Administração


Pública federal, atuando em conjunto com o Congresso Nacional para aprovação das contas e orça-
mento.

d) A Advocacia-Geral da União (AGU) é o órgão responsável pelo controle interno da Administração


Pública federal, assegurando a legalidade e a regularidade dos atos praticados pelos agentes públi-
cos.

e) O Ministério Público Federal (MPF) exerce exclusivamente o controle jurisdicional sobre a Admi-
nistração Pública federal, não participando de atividades de fiscalização e auditoria.

Gabarito: Letra B.

Comentário: A participação ativa da sociedade por meio de audiências públicas e consultas


online contribui para a transparência e o acompanhamento dos projetos conduzidos pela Adminis-
tração Pública federal. As demais alternativas apresentam conceitos incorretos ou incompletos sobre
o controle da Administração Pública federal.

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RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO

1) Introdução

Neste momento estudaremos o assunto sobre a responsabilidade civil da Administração: Responsa-


bilidade civil do Estado:

1 – Responsabilidade Civil da Administração: conceito e fundamento constitucional; história e


teorias da responsabilidade civil da administração pública; excludente; responsabilidade do
Estado; direito de regresso; prazo; responsabilidade do Estado por atos omissivos; responsa-
bilidade por ato jurisdicional; Covid-19; responsabilidade por ato legislativo; situações espe-
cíficas; prescrição.

2) Conceito e Fundamento constitucional

A responsabilidade é de natureza civil, manifestando-se por meio do pagamento de indenizações.


O Estado, por intermédio de seus agentes, ao causar danos a um indivíduo, fica obrigado a com-
pensá-lo pelos prejuízos sofridos. É importante ressaltar que a responsabilidade pelos atos dos
agentes recai sobre o Estado, não sendo diretamente imputada aos próprios agentes.

O ressarcimento dos danos é inicialmente suportado pelo Estado, sendo posteriormente buscada
a recuperação dos valores junto ao servidor por meio de uma ação regressiva.

A responsabilidade civil do Estado é objetiva, ou seja, não há necessidade de demonstrar culpa ou


dolo do agente público para obrigar o Estado a indenizar o dano causado ao particular. Essa respon-
sabilidade está fundamentada no disposto constitucional art. 37, §6º, CF:

Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de


serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Dessa forma, o Estado será responsável, sem a necessidade de comprovação de intenção delibe-
rada ou negligência, sempre que, no exercício de uma atividade, ocasionar prejuízos a terceiros. É
suficiente que a vítima evidencie: a conduta, o dano e o vínculo causal.

3) História e Teorias da Responsabilidade Civil da Administração Pública

A história da responsabilidade civil da Administração Pública é marcada por uma evolução significa-
tiva ao longo do tempo. Inicialmente, nos sistemas jurídicos de alguns países, predominava a ideia
de que o Estado não poderia ser responsabilizado por danos causados aos cidadãos no exercício de
suas funções públicas. Esse princípio era conhecido como a "imunidade do príncipe".

No entanto, à medida que as atividades estatais foram se expandindo e se diversificando, tornou-se


evidente que a imunidade absoluta era injusta, pois deixava os cidadãos desamparados em casos de

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prejuízos causados pela Administração Pública. Com o tempo, a necessidade de equilibrar os inte-
resses públicos e privados levou ao desenvolvimento da teoria da responsabilidade civil do Estado.

A Revolução Francesa, no final do século XVIII, foi um marco importante nesse processo. Com o
advento do princípio da igualdade, cresceu a percepção de que o Estado deveria responder por seus
atos danosos, da mesma forma que qualquer outro agente privado. A França, então, promulgou a
Lei de 1790, que permitia que os cidadãos demandassem o Estado por danos.

Ao longo do século XIX e início do século XX, outros países europeus, como Alemanha e Itália, tam-
bém começaram a adotar princípios semelhantes, consolidando a ideia de que a Administração Pú-
blica deveria ser responsabilizada pelos danos que causasse.

No século XX, a responsabilidade civil da Administração Pública tornou-se um tema central nas dis-
cussões jurídicas e legislativas em todo o mundo. Diversos sistemas jurídicos desenvolveram normas
específicas para regular a responsabilidade do Estado, estabelecendo critérios como a existência de
conduta, dano e nexo causal para a responsabilização.

Essa evolução culminou em sistemas de responsabilidade objetiva, nos quais o Estado é responsa-
bilizado independentemente da presença de culpa, bastando a comprovação dos elementos objeti-
vos para a configuração da responsabilidade.

3.1) Teorias da Responsabilidade Civil

A base da responsabilidade civil do Estado está fundamentada em diversas teorias que procuram
elucidar os princípios e critérios pelos quais o Estado pode ser responsabilizado por danos infligidos
a terceiros. A evolução da responsabilidade estatal pode ser subdividida em três períodos distintos:
a fase de irresponsabilidade estatal, seguida pela responsabilidade subjetiva, e, atualmente, a pre-
dominância da responsabilidade objetiva. Dentre as teorias mais relevantes, merecem destaque:

Teoria da irresponsabilidade: Essa teoria foi adotada no período dos Estados Absolutistas onde
se tinha a ideia de que igreja e Estado eram considerados um só. De acordo com essa Teoria o Estado
não responde civilmente, pois é representante de DEUS, que não erra. No entanto, essa concepção
foi gradualmente abandonada em face da crescente demanda por justiça e igualdade.

Teorias civilistas: As teorias civilistas compreendem três abordagens distintas:

a) Atos de império X atos de gestão: De acordo com esta teoria, o Estado não é responsável por
atos de império, mas assume responsabilidade por atos de gestão. Nesse último caso, a responsa-
bilidade é subjetiva, requerendo a comprovação da culpa do agente público.

b) Culpa do servidor: Conforme esta teoria, a responsabilidade do Estado é subjetiva e depende da


comprovação da culpa do servidor público. O Estado responde pelos danos causados apenas quando
a conduta negligente, dolosa ou culposa do agente é estabelecida.

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c) Culpa do serviço (faut du service ou culpa anônima): Essa teoria dispensa a necessidade de
provar a culpa do agente público. O foco recai sobre a demonstração de que (i) o serviço não foi
prestado; (ii) foi prestado de maneira defeituosa; ou (iii) foi prestado com atraso. Em casos de falha
do serviço, a responsabilidade é imputada ao Estado de forma objetiva.

Teorias publicistas: As teorias publicistas, por sua vez, adotam a responsabilidade do Estado de
forma objetiva, sendo representadas por duas abordagens distintas:

a) Teoria do risco administrativo: embora a responsabilidade seja objetiva, admite-se a exclusão


do nexo causal em alguns casos (é a teoria adotada no Brasil, em regra). No entanto, o STJ e a
doutrina tradicional entendem que, em caso de omissão, a responsabilidade será subjetiva. O STF,
contudo, em alguns julgados, já disse que a responsabilidade será sempre objetiva, pois a CF (art.
37, §6º) não distingue ação de omissão.

b) Teoria do risco integral: A regra no Brasil é a teoria do risco administrativo, mas em casos ex-
cepcionais, é adotada a teoria do risco integral. De acordo com essa teoria o Estado é responsabi-
lizado e obrigado a indenizar, não podendo utilizar nenhuma excludente. Além disso, segundo a
doutrina existem três situações principais em que pode ser adotada a teoria do risco integral:

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Art. 21, XXIII, CF - É competência da União
explorar os serviços e instalações nucleares
de qualquer natureza e exercer monopólio
estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
Responsabilidade do
enriquecimento e reprocessamento, a
Estado por danos
industrialização e o comércio de minérios
nucleares nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições, a
responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa.

Lei 10.309/01, art. 1º - Fica a União


autorizada a assumir as responsabilidades
civis perante terceiros no caso de danos a
bens e pessoas no solo, provocados por
atentados terroristas ou atos de guerra
Danos decorrentes a contra aeronaves de empresas aéreas
ataques terroristas, brasileiras no Brasil ou no exterior.
atos de guerra ou
Exceções a teoria do
eventos correlatos Lei 10.744/03, art. 1º - Fica a União
risco administrativo
contra aeronaves de autorizada, na forma e critérios estabelecidos
empresas aéreas pelo Poder Executivo, a assumir despesas de
brasileiras responsabilidades civis perante terceiros na
hipótese da ocorrência de danos a bens e
pessoas, passageiros ou não, provocados por
atentados terroristas, atos de guerra ou
eventos correlatos, ocorridos no Brasil ou no
exterior, contra aeronaves de matrícula
brasileira operadas por empresas brasileiras
de transporte aéreo público, excluídas as
empresas de táxi aéreo.

Súmula 652, STJ: A responsabilidade civil da


Responsabilidade do Administração Pública por danos ao meio
Estado por dano ambiente, decorrente de sua omissão no
ambiental dever de fiscalização, é de caráter solidário,
mas de execução subsidiária.

4) Excludentes

As excludentes de responsabilidade civil são circunstâncias que, quando presentes, podem isentar
a Administração Pública ou seus agentes de responderem por danos causados a terceiros. Em-
bora a responsabilidade do Estado seja, em muitos casos, objetiva, existem situações em que certas
condutas ou eventos podem afastar essa responsabilidade. Aplicam-se normalmente todas as exclu-
dentes do nexo de causalidade (caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima). Na hipótese
de culpa concorrente, deve ser diminuído o valor da indenização.

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Culpa exclusiva da vítima •o dano é causado pela própria pessoa que se lesou;

•é o acontecimento involuntário, imprevisível e


Força maior
incontrolável;

•fato ou evento imprevisível ou de difícil previsão, que


Caso fortuito não pode ser evitado, que provocam consequências ou
efeitos para outras pessoas;

•quanto o ato foi praticado por outra pessoa (e não um


Culpa de terceiros
agente do público).

Tome Nota!

Nos termos do artigo 37, § 6º, da CF, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado
por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não
demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada. STF. Plenário. RE
608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020
(Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993).

Outro assunto bastante cobrado nas provas é a responsabilidade estatal em situações de con-
fronto entres policiais e criminosos. É relevante destacar também uma decisão do Supremo Tribu-
nal Federal (STF) que abordou o tema de bala perdida.

Informativo 1089: Segundo o STF, se uma pessoa é atingida por uma bala perdida durante
um confronto entre policiais e criminosos, o Estado pode ser condenado a indenizar, mesmo que
a parte autora não consiga comprovar que a bala partiu dos policiais. Nesse contexto, cabe ao Estado
apresentar evidências que excluam o nexo causal entre a ação e o dano, pois a responsabilidade civil
objetiva do Estado presume a conexão entre o ato estatal e o prejuízo. Essa posição foi ratificada
pelo STF, 2ª Turma, no julgamento do ARE 1.382.159 AgR/RJ, tendo como Relator o Ministro Nunes
Marques e como redator do acórdão o Ministro Gilmar Mendes, ocorrido em 28/03/2023.

5) Responsabilidade do Estado

Em 2019, o STF pacificou, em sede de repercussão geral, a teoria da dupla garantia, segundo a qual
a vítima só pode ajuizar a ação contra o Poder Público, e não contra o agente público causador do
dano, uma vez que o servidor tem, a seu favor, a garantia de só ser processado via ação de regresso
proposta pelo Estado.

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Para o STF, a necessidade de ação de regresso (Estado X agente) representa uma dupla garantia:

Em favor do particular: que ajuíza ação diretamente contra quem pode pagar;

Em favor do agente público: que somente responderá futuramente.

Quando há ato que possa gerar indenização, o trâmite é o seguinte:

1º passo: ação do cidadão contra o ente público (U/E/DF/M). Nessa ação, não se verifica se o agente
que causou o dano agiu com culpa ou dolo.

2º passo: ação de regresso: depois que ressarcir o cidadão, o Estado vai entrar com uma ação contra
o agente que praticou o ato e, nesse caso, irá verificar se ele agiu com culpa ou dolo. Se ele não teve
nem mesmo culpa, não vai pagar pelo erro.

Em resumo: primeiro o Estado paga o cidadão e depois tenta receber do agente público que come-
teu o erro.

Importante!

A responsabilidade do estado é objetiva, mas a do servidor é subjetiva.

6) Direito de regresso

No contexto da responsabilidade civil, o direito de regresso geralmente surge quando uma pessoa
ou entidade é obrigada a indenizar um terceiro por danos causados, mas existe uma relação
jurídica que justifica a transferência desse ônus para outra parte.

O Estado propõe ação regressiva contra o agente causador do dano, quando há dolo ou culpa. Nesse
tipo de ação, o Estado já foi processado pela vítima e condenado a pagar indenização. Dessa ma-
neira, é cabível ao Estado propor ação regressiva contra o agente público, para que ele ressarça o
Estado.

A ação de regresso perante a Fazenda Pública é obrigatória, ou seja, o Estado tem a obrigação de
mover a ação regressiva, conforme o princípio da indisponibilidade do interesse público, essa
obrigatoriedade está fundamentada no art. 122, §2º da Lei 8.112/92 – Estatuto dos Servidores Públi-
cos Federais, o qual transcrevemos abaixo:

Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo,
que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros.

§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na


forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela
via judicial.

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§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda
Pública, em ação regressiva.

§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada,
até o limite do valor da herança recebida.

Além disso, existe o instituto da denunciação da lide, o qual, se dá pelo ato de chamar o agente
público a integrar o processo original movido pela vítima contra a administração pública, entretanto,
o STJ entende que, processado apenas o Poder Público, não é obrigatória a denunciação da lide
em face do servidor.

7) Prazo Prescricional

No tocante à prescrição, é crucial observar que duas ações podem ser instauradas:

uma contra o Estado, movida pelo terceiro prejudicado;

uma ação regressiva contra o agente, nos casos de dolo ou culpa, promovida pelo Estado quando
condenado a reparar os danos causados.

Quanto ao prazo prescricional da ação intentada pelo terceiro prejudicado contra o Estado, há certa
divergência na jurisprudência, mas a inclinação atual é considerar um prazo de cinco anos, conforme
estabelecido no Decreto 20.910/32 e no art. 1º-C da Lei 9.494/97:

Lei 9.494/97, art. 1º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos
causados por agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviços públicos.

Dec. 20.910/32, art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim
todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for
a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se origina-
rem.

Contudo, é importante destacar que as ações de reparação de danos resultantes de atos de im-
probidade administrativa não estão sujeitas a prescrição.

Tema 897: São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato
doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.

As ações de compensação por danos morais e materiais resultantes de perseguição, tortura e


detenção por motivações políticas durante o regime militar não estão sujeitas a prescrição.

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Nesses casos, o prazo prescricional de 5 anos estipulado no art. 1º do Decreto 20.910/1932 não se
aplica. A natureza imprescritível dessas demandas decorre do contexto em que ocorreram, marcado
por uma desconsideração da ordem jurídica, a presença de legislação excepcional e uma série de
abusos e violações dos direitos fundamentais, com destaque para o direito à dignidade da pessoa
humana.

Súmula 647 do STJ: São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais
decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos du-
rante o regime militar.

8) Sanções Aplicáveis aos Atos de Improbidade Administrativa

As sanções aplicáveis aos atos de improbidade administrativa estão previstas na Lei de Improbidade
Administrativa (Lei nº 8.429/1992), e podem ser classificadas em três categorias: as sanções civis, as
sanções administrativas e as sanções penais. Cada uma delas tem o objetivo de punir ou prevenir
condutas ímprobas por parte dos agentes públicos ou particulares que praticam atos lesivos à ad-
ministração pública.

Além disso, a CF determina as sanções administrativas aos atos de improbidade administrativa, con-
forme a transcrição do artigo:

Art. 37, § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos


políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Como este dispositivo constitucional é de extrema importância para as provas de concursos públicos,
uma vez que apresenta as sanções dos atos de improbidade administrativa!

Por isso, anote esse macete: O servidor foi para PARIS! (Isso vai te salvar na hora da prova).

•Perda da função pública


P

•Ação penal cabível


A

•Ressarcimento ao erário
R

•Indisponibilidade dos bens


I

•Suspensão dos direitos políticos


S

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Momento da Questão

Questão inédita – Em um cenário de obras públicas realizadas pela Administração Pública fe-
deral, um cidadão sofre danos materiais em sua residência devido a deslizamentos de terra
causados por intervenções no solo. Considerando o tema da responsabilidade civil da Admi-
nistração Pública federal, assinale a alternativa correta:

a) A Administração Pública federal não pode ser responsabilizada pelos danos causados, uma vez
que a realização de obras públicas está isenta de qualquer responsabilidade civil.

b) A responsabilidade civil da Administração Pública federal, no caso de danos causados por obras
públicas, é subjetiva, exigindo a comprovação de culpa por parte dos agentes públicos envolvidos.

c) A Administração Pública federal possui responsabilidade civil objetiva pelos danos causados,
sendo suficiente a comprovação do nexo causal entre a obra pública e os prejuízos sofridos pelo
cidadão.

d) O cidadão prejudicado deve acionar diretamente os agentes públicos responsáveis pelas obras,
pois a responsabilidade civil da Administração Pública federal é sempre pessoal e individual.

e) A responsabilidade civil da Administração Pública federal, neste caso, é limitada aos danos emer-
gentes, não abrangendo lucros cessantes, ainda que diretamente relacionados aos prejuízos sofridos.

Gabarito: Letra C.

Comentário: Nesse contexto, basta comprovar o nexo causal entre a intervenção estatal e os
prejuízos sofridos pelo cidadão, sem a necessidade de demonstrar culpa por parte dos agentes pú-
blicos. Essa responsabilidade objetiva visa garantir a reparação dos danos causados, assegurando a
proteção dos direitos dos cidadãos afetados por ações estatais. As demais alternativas apresentam
conceitos incorretos ou incompletos sobre a responsabilidade civil da Administração Pública federal.

LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO

1) Introdução

Por fim, estudaremos sobre a Lei do Processo Administrativo:

1 – Lei do Processo Administrativo (Lei no 9.784/1999 e suas alterações): considerações Iniciais;


aspectos importantes da lei.

2) Considerações Iniciais

A lei do Processo Administrativo Federal estabelece as normas para o processo administrativo no


âmbito da Administração Pública Federal, publicada na Lei Nº 9.784/99.

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Importante!
Além disso, a Lei 9.784/99 é igualmente aplicável ao Poder Judiciário e ao Poder Legislativo quando
estes estiverem exercendo suas atividades administrativas atípicas.

Nos processos administrativos, diversos critérios são observados para assegurar a legalidade, trans-
parência e justiça nas decisões e procedimentos conduzidos pela Administração Pública. Os princi-
pais critérios a serem observados nos processos administrativos federais são:

Critérios a serem observados nos processos administrativos

Legalidade atuação conforme a lei e o Direito;

Impessoalidade vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;

Moralidade atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

Publicidade divulgação oficial dos atos, salvo exceções constitucionais;

Finalidade atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia a poderes ou


competências, salvo autorização em lei;

Proporcionalidade adequação entre meios e fins;

Motivação obrigatória indicação dos pressupostos de fato e de direito;

Informalismo adoção de formas simples;

Contraditório e ampla defesa garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais,
à produção de provas e à interposição de recursos;

Gratuidade proibição de cobrança de despesas processuais, salvo exceções legais;

Impulso oficial impulsão, de ofício, do processo administrativo;

Segurança jurídica (2 aspectos) observância das formalidades à garantia dos direitos (inciso VIII) e inter-
pretação da norma de forma que melhor atenda o fim público, vedada
a aplicação retroativa de nova interpretação (inciso XIII);

3) Competência

A competência é quem possui a atribuição legal para a prática do ato. No caso do processo admi-
nistrativo, a competência é irrenunciável, ou seja, o órgão público não pode abrir mão da respon-
sabilidade. Apesar de ser irrenunciável, a competência pode ser delegada ou avocada.

Vamos fazer um quadro comparativo sobre os tipos de alteração da competência:

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Tipos de Alteração de Competência

Delegação Avocação

A delegação de atribuições por um agente público Ocorre quando um superior assume para si as
ocorre quando ele transfere parte de suas responsabi- responsabilidades de um subordinado, exigindo
lidades. uma relação hierárquica.

A regra geral é a possibilidade de delegação, sendo ve- Trata-se de uma medida excepcional e tempo-
dada se houver impedimento legal. rária.

Impossibilidade de delegação:

Matéria de Competência Exclusiva;

Edição de atos NOrmativos;

Decisão de Recursos Administrativos

Tome Nota!

Macete - CENORA

Diferentemente da avocação, a delegação não exige


hierarquia e deve ser restrita a apenas parte das atri-
buições.

O ato de delegação, juntamente com sua revogação,


deve ser publicado no meio oficial. Esse ato deve es-
pecificar as matérias e poderes transferidos, os limites
da atuação do delegado, a duração e os objetivos da
delegação, além de indicar o recurso cabível.

É permitida a ressalva do exercício da atribuição dele-


gada. Importante ressaltar que a autoridade delegante
pode revogar o ato de delegação a qualquer momento.

Os atos praticados no exercício da delegação são con-


siderados como realizados pelo sujeito delegado,
aquele que recebe a atribuição.

A delegação pode ser realizada a outros órgãos ou autoridade ainda que não esteja subordinado.
A delegação poderá ocorrer de mesma hierarquia ou inferior. Além disso, tenha em mente que a
delegação poderá ser revogável a qualquer momento.

O ato de delegação deve detalhar as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do


delegado, a duração e os objetivos da delegação, além de especificar o recurso cabível. Pode ainda
conter ressalva quanto ao exercício da atribuição delegada e ser revogado a qualquer momento.

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Ex.: Por razões técnicas, o Presidente da República transferiu ao Ministro do Planejamento a com-
petência para autorizar a realização de concursos em âmbito federal.

4) Partes Interessadas

O art. 9º da Lei de Processo Administrativo Federal determina quem são os legitimados, ou seja, os
interessados no processo administrativo:
Art. 9º São legitimados como interessados no processo administrativo:

I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses indivi-
duais ou no exercício do direito de representação;

II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos ou interesses que possam ser
afetados pela decisão a ser adotada;

III - as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses cole-


tivos;

IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quanto a direitos ou interesses


difusos.

O direito coletivo fundamenta-se em uma relação jurídica base, cujos destinatários são pessoas
determinadas, como os proprietários de quiosques que podem ser afetados caso a autoridade com-
petente decida revogar as autorizações para uso de área pública. Nesse contexto, existe um título
jurídico (autorização de uso) que vincula todos os destinatários, ou seja, os próprios donos dos
estabelecimentos.

Por outro lado, o direito difuso refere-se a uma situação em que os destinatários são conectados
por uma circunstância de fato e são indeterminados, como no caso do direito ao meio ambiente.
Para ilustrar, considere a transformação de um parque em área residencial. Nesse cenário, há um
processo administrativo prévio, e uma associação que defende o meio ambiente pode participar,
representando titulares de direitos difusos.

5) Impedimentos e Suspeição

Os impedimentos e suspeições, no contexto da Lei nº 9.784/1999, que dispõe sobre o processo


administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, referem-se a situações em que um ser-
vidor público envolvido em um processo administrativo pode ter sua imparcialidade questionada.
Essas situações são fundamentais para garantir a lisura e a justiça no desenvolvimento dos procedi-
mentos administrativos.

Os impedimentos são as circunstâncias que tornam obrigatória a abstenção do servidor público


federal em participar do processo administrativo. As circunstâncias são:

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Tenha interesse na matéria (pode ser interesse direto
ou indireto);

Tenha participado (ou venha a participar) como


Impedimento do
perito, testemunha ou representante, ou se tais
Servidor Público
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro
Federal
ou parente e afins até o terceiro grau;

Esteja litigando com o interessado ou seu cônjuge ou


companheiro.

A suspeição ocorre quando há dúvida razoável sobre a imparcialidade do servidor público. Embora
não haja uma proibição absoluta de participar, a suspeição indica a possibilidade de influência inde-
vida. Na lei, é suspeito o servidor que tenha amizade intima ou inimizade notória com os interes-
sados ou seus cônjuges, companheiros, parentes e afins até o 3º grau.

Tome nota!
Cabe recurso (sem efeito suspensivo) da decisão que indeferir a suspeição.

6) Comunicação dos atos

As comunicações dos atos no âmbito da Lei nº 9.784/1999, que trata do processo administrativo no
contexto da Administração Pública Federal, são procedimentos destinados a informar e notificar as
partes envolvidas no processo sobre decisões, despachos, intimações e outros eventos relevantes.
Essas comunicações têm o objetivo de garantir a transparência, a ciência e a participação adequada
das partes interessadas.

As comunicações podem ocorrer por meio de publicação oficial, como no Diário Oficial da União,
ou mediante comunicação direta aos interessados, por correspondência, por exemplo.

A intimação deverá observar antecedência mínima de três dias úteis do comparecimento. Já o


comparecimento espontâneo do administrado supre a falta de intimação. Já as notificações podem
ocorrer para informar sobre decisões ou providências que devem ser tomadas pelas partes.

Além disso, no caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domicílio indefinido, as


comunicações serão feitas por meio de publicação oficial no caso de interessados indeterminados,
desconhecidos ou com domicílio indefinido.

Importante!
As intimações que não observam as prescrições legais são nulas.

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7) Fases do Processo Administrativo

O processo administrativo possui cinco etapas, são elas:

Instauração Instrução Defesa Relatório Decisão

A instauração marca o início do processo, podendo ocorrer de ofício pela Administração Pública ou
a pedido dos legitimados, ou seja, das partes interessadas. O pedido inicial deve ser formalizado
por escrito, e, em situações de pluralidade de interessados, os fundamentos devem ser apresentados
em um único requerimento.

Após a instauração, os requerimentos são encaminhados à autoridade competente, dando início à


fase de instrução. Neste estágio, realiza-se a apuração dos fatos por meio da produção de provas,
podendo incluir a apresentação de documentos, pareceres e solicitação de diligências. É importante
ressaltar que serão rejeitadas as provas consideradas ilícitas, impertinentes ou protelatórias.

Durante a instrução, há a possibilidade de manifestação por parte de terceiros, seja por meio de
consulta pública, um procedimento documental relacionado a assuntos de interesse geral, ou por
audiência pública, um procedimento presencial realizado em virtude da relevância da matéria em
discussão.

Posteriormente, o interessado tem o direito de apresentar sua defesa em um prazo de 10 dias.


Após a inclusão da defesa nos autos, o órgão de instrução elaborará um relatório final e o encami-
nhará à autoridade competente para proferir a decisão, respeitando o prazo de 30 dias.

Por fim, a etapa final do processo é a decisão colegiada, que requer a participação de três ou mais
setores, órgãos ou entidades quando há uma relevância justificável da matéria ou discordância
que possa prejudicar a agilidade do processo administrativo decisório.

8) Motivação

Como já estudamos, o ato administrativo deve ser motivado. A motivação deverá indicar os fatos e
fundamentos jurídicos. Essa motivação deverá ser explicita, clara e congruente.

9) Desistência e Extinção do Processo Administrativo

O processo administrativo pode ser encerrado por meio de duas formas específicas: desistência ou
extinção. A desistência ocorre quando a parte interessada decide, de forma voluntária, renunciar
ao prosseguimento do procedimento. Essa atitude é uma expressão de vontade por parte da parte
envolvida, sinalizando a escolha de não dar continuidade ao processo.

A desistência poderá ser total ou parcial, por manifestação escrita da parte.

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Por outro lado, a extinção do processo administrativo refere-se à sua conclusão, podendo ocorrer
por vários motivos, não necessariamente relacionados à vontade das partes. Alguns motivos comuns
que levam à extinção do processo incluem:

•Quando o objetivo do processo é plenamente


Cumprimento do Objeto
alcançado.

•Quando há a perda do direito de se manifestar ou a


Decadência ou Prescrição
exigência prescrita por lei não é observada.

•Quando a autoridade competente emite sua decisão,


Decisão Final
encerrando o processo.

10) Recurso Administrativo e Revisão

O recurso administrativo é o instrumento utilizado pelo interessado para impugnar as decisões da


Administração Pública. Ele permite que aqueles que se sintam prejudicados ou insatisfeitos com uma
decisão tenham a oportunidade de apresentar argumentos para a revisão ou modificação do ato
administrativo.

Poderá interpor o recurso por razões de legalidade ou mérito na decisão e, independente de cau-
ção, ou seja, trata-se de procedimento gratuito.

Tome nota!
Os recursos, em regra, não possuem efeito suspensivo, ou seja, a interposição do recurso não sus-
pende automaticamente a eficácia da decisão impugnada. Entretanto, se a decisão for de difícil ou
incerta a reparação, a autoridade poderá dar o efeito suspensivo.

Os legitimados para recorrer da decisão prolatada pela autoridade administrativa são as partes no
processo, os titulares de direitos que forem indiretamente afetados pela decisão e, por fim, os cida-
dãos, organizações e associações representativas de direitos e interesses coletivos e difusos.

O recurso não será conhecido se for interposto fora do prazo, perante órgão incompetente, por
agente que não seja legitimado ou ainda, após exaurida a esfera administrativa. Fique atento que a
autoridade administrativa pode rever de ofício o ato ilegal – desde que não preclusa a oportunidade.

Com a interposição do recurso, a autoridade que proferiu a decisão poderá reconsiderar o teor da
decisão, antes de remeter à autoridade superior dentro do prazo de 5 dias. Caso não seja reconsi-
derada, o processo é encaminhado ao órgão competente que poderá confirmar, modificar, anular
ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida.

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Momento da Questão

Questão inédita – Em um órgão da Administração Pública federal, um servidor público é alvo


de um processo administrativo disciplinar em virtude de supostas irregularidades em suas ati-
vidades. Considerando a Lei do Processo Administrativo Federal (Lei nº 9.784/1999), assinale
a alternativa correta:

a) O servidor, durante o processo administrativo, não tem direito à ampla defesa e ao contraditório,
uma vez que tais garantias são exclusivas de processos judiciais.

b) A Comissão responsável pelo processo administrativo disciplinar deve ser composta exclusiva-
mente por servidores do mesmo órgão, assegurando a imparcialidade na apuração.

c) A decisão administrativa disciplinar é sempre sigilosa, e o servidor não tem acesso ao teor da
decisão que o envolve.

d) O prazo para conclusão do processo administrativo disciplinar, de acordo com a Lei nº 9.784/1999,
não pode ser prorrogado, mesmo diante de complexidade na apuração dos fatos.

e) O servidor tem o direito de ser assistido por advogado durante todas as fases do processo admi-
nistrativo disciplinar, podendo apresentar defesa, impugnar provas e recorrer das decisões.

Gabarito: Letra E.

Comentário: A opção correta destaca o direito do servidor de ser assistido por advogado du-
rante todas as fases do processo administrativo disciplinar, conforme previsto na Lei nº 9.784/1999.
Essa garantia visa assegurar a plenitude da defesa, permitindo ao servidor apresentar argumentos,
impugnar provas e recorrer das decisões desfavoráveis. As demais alternativas apresentam conceitos
incorretos ou incompletos sobre o processo administrativo disciplinar e a legislação que o rege.

Parabéns por ter concluído o estudo da matéria!

Bora para cima!

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