A Reinvenção Da Alfabetização-Magda Soares

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Artigo: A reinveno da alfabetizao Magda Soares

Este artigo retoma a discusso sobre alfabetizao e seus mtodos.

A reinveno da alfabetizao
Magda Soares* Vou tentar aqui defender a especificidade da alfabetizao e a sua importncia na escola, ao lado do letramento. O que poderamos chamar de acesso ao mundo da escrita num sentido amplo o processo de um indivduo entrar nesse mundo, e isso se faz basicamente por duas vias: uma, atravs do aprendizado de uma "tcnica". Chamo a escrita de tcnica, pois aprender a ler e a escrever envolve relacionar sons com letras, fonemas com grafemas, para codificar ou para decodificar. Envolve, tambm, aprender a segurar um lpis, aprender que se escreve de cima para baixo e da esquerda para a direita; enfim, envolve uma srie de aspectos que chamo de tcnicos. Essa , ento, uma porta de entrada indispensvel. A outra via, ou porta de entrada, consiste em desenvolver as prticas de uso dessa tcnica. No adianta aprender uma tcnica e no saber us-la. Podemos perfeitamente aprender para que serve cada boto de um forno de microondas, mas ficar sem saber us-lo. Essas duas aprendizagens aprender a tcnica, o cdigo (decodificar, usar o papel, usar o lpis etc.) e aprender tambm a usar isso nas prticas sociais, as mais variadas, que exigem o uso de tal tcnica constituem dois processos, e um no est antes do outro. So processos simultneos e interdependentes pois todos sabem que a melhor maneira para aprender a usar um forno de microondas aprender a tecnologia com o prprio uso. Ao se aprender uma coisa, passa-se a aprender a outra. So, na verdade, processos indissociveis, mas diferentes, em termos de processos cognitivos e de produtos, como tambm so diferentes os processos da alfabetizao e do letramento. Que significa isso? Significa que a alfabetizao, aprendizagem da tcnica, domnio do cdigo convencional da leitura e da escrita e das relaes fonema/grafema, do uso dos instrumentos com os quais se escreve, no pr-requisito para o letramento. No preciso primeiro aprender a tcnica para depois aprender a usla. E isso se fez durante muito tempo na escola: "primeiro voc aprende a ler e a escrever, depois voc vai ler aqueles livrinhos l". Esse um engano srio, porque as duas aprendizagens se fazem ao mesmo tempo, uma no pr-requisito da outra. Mas, por outro lado, se a alfabetizao uma parte constituinte da prtica da leitura e da escrita, ela tem uma especificidade, que no pode ser desprezada. a esse desprezo que chamo de "desinventar" a

alfabetizao. abandonar, esquecer, desprezar a especificidade do processo de alfabetizao. A alfabetizao algo que deveria ser ensinado de forma sistemtica, ela no deve ficar diluda no processo de letramento. Acredito que essa uma das principais causas do que vemos acontecer hoje: a precariedade do domnio da leitura e da escrita pelos alunos. Estamos tendo a prova disso atravs das avaliaes nacionais. O ltimo SAEB mostrou um resultado terrvel: aproximadamente 33% dos alunos com quatro anos de escolaridade ainda so analfabetos. Quais so as causas dessa perda da especificidade da alfabetizao? muito difcil analisar os fatos recentes, por um lado, por estarmos participando do processo; por outro, temos de faz-la porque a questo grave. No podemos deixar esses milhes de alunos, crianas e jovens, sarem da escola semi-alfabetizados, quando no saem analfabetos. O que poderamos levantar como hiptese? Primeiro, uma concepo de alfabetizao que, coincidentemente, chegou ao Pas na mesma poca que o conceito de letramento, nos anos 80; segundo, uma nova organizao do tempo da escola, que consiste na diviso em ciclos, trazendo junto a questo da progresso continuada da noreprovao. Essa concepo de alfabetizao est, de certa maneira, associada ao construtivismo. No estou afirmando que essa concepo seja errada, mas a maneira como ela se difundiu no sistema que pode ser uma das causas da perda de especificidade do processo de alfabetizao. A mudana conceitual que veio dos anos 80 fez com que o processo de construo da escrita pela criana passasse a ser feito pela sua interao com o objeto de conhecimento. Interagindo com a escrita, a criana vai construindo o seu conhecimento, vai construindo hipteses a respeito da escrita e, com isso, vai aprendendo a ler e a escrever numa descoberta progressiva. O problema que, atrelada a essa mudana de concepo, veio a idia de que no seria preciso haver mtodo de alfabetizao. A proposta construtivista justa, pois assim mesmo que as pessoas aprendem, no apenas a ler e escrever, mas assim que se aprende qualquer coisa: interagindo com o objeto de conhecimento. Mas os mtodos viraram palavres. Ningum podia mais falar em mtodo fnico, mtodo silbico, mtodo global, pois todos eles caram no purgatrio, se no no inferno. Isso foi uma conseqncia errnea dessa mudana de concepo de alfabetizao. Por equvocos e por inferncias falsas, passou-se a ignorar ou a menosprezar a especificidade da aquisio da tcnica da escrita. Codificar e decodificar viraram nomes feios. "Ah, mas que absurdo! Aprender a ler e escrever no aprender a codificar e decodificar". A que est o erro. Ningum aprende a ler e a escrever se no aprender relaes entre fonemas e grafemas para codificar e para decodificar. Isso uma parte especfica do processo de aprender a ler e a escrever. Lingisticamente, ler e escrever aprender a codificar e a decodificar. Esse modo de ver as coisas fez com que o processo de ensinar a ler e escrever como tcnica ficasse desprestigiado. As alfabetizadoras que

ficam pelejando com os meninos para eles aprenderem a ler e escrever so vistas como retrgradas e ultrapassadas. Mas, na verdade, elas esto ensinando aquilo que preciso ensinar: codificar e decodificar. As alfabetizadoras podem at estar ensinando pelos caminhos inadequados, mas isso precisa ser feito. Nas concepes anteriores, as alfabetizadoras tinham um mtodo fosse esse ou aquele que vinha concretizado na chamada cartilha, acompanhado de um manual do professor (da alfabetizadora) dizendo detalhadamente o que ela deveria fazer. No estou discutindo a impropriedade dos fundamentos dessa cartilha, seja do ponto de vista lingstico, seja do ponto de vista da prpria escrita, dos gneros de escrita, do tipo de texto etc. Mas era isso que as professoras tinham. No tinham uma teoria, porque aquele mtodo era tudo: se adotassem o silbico, mantinham-se no silbico, pois no tinham uma teoria lingstica ou psicolgica que justificasse ser aquele o melhor mtodo ou aquela a melhor seqncia de aprendizado. A verdade era exclusivamente o que dizia a cartilha. Havia um mtodo, mas no uma teoria. Hoje acontece o contrrio: todos tm uma bela teoria construtivista da alfabetizao, mas no tm mtodo. Se antigamente havia mtodo sem teoria, hoje temos uma teoria sem mtodo. E preciso ter as duas coisas: um mtodo fundamentado numa teoria e uma teoria que produza um mtodo. Existe tambm a falsa inferncia de que, se for adotada uma teoria construtivista, no se pode ter mtodo, como se os dois fossem incompatveis. Ora, absurdo no ter mtodo na educao. Educao , por definio, um processo dirigido a objetivos. S vamos educar os outros se quisermos que eles fiquem diferentes, pois educar um processo de transformao das pessoas. Se existem objetivos, temos de caminhar para eles e, para isso, temos de saber qual o melhor caminho. Ento, de qualquer teoria educacional tem de derivar um mtodo que d um caminho ao professor. uma falsa inferncia achar que a teoria construtivista no pode ter mtodo assim como falso o pressuposto de que a criana vai aprender a ler e escrever s pelo convvio com textos. O ambiente alfabetizador no suficiente. Minha hiptese a seguinte: o construtivismo alis, o construtivismo constitui uma teoria mais complexa do que a que est presente no senso comum nos trouxe algo que no sabamos. Permitiu-nos saber que os passos da criana, em sua interao com a escrita, so dados numa direo que permite a ela descobrir que escrever registrar sons e no coisas. Ento, a criana vai viver um processo de descoberta: escrevemos em nossa lngua portuguesa e em outras lnguas de alfabeto fontico registrando o som das palavras e no aquilo a que as palavras se referem. A partir da a criana vai passar a escrever abstratamente, colocando no papel as letras que ela conhece, numa tentativa de, realmente, escrever "casa", sem o recurso de utilizar desenhos para dizer aquilo que quer. Ento, depois que a criana passa pela fase silbica para registrar o som (o som que ela percebe primeiro a slaba), ela vai perceber o som do fonema e chega o momento em que ela se torna alfabtica. Esse foi um grande esclarecimento proporcionado pelo construtivismo. S que, quando a criana se torna alfabtica, est na hora de comear a entrar no processo de alfabetizao, de aprender a ler e a escrever. Por qu? Porque quando se torna alfabtica, surge o problema da apropriao, por parte da criana, do sistema alfabtico e do sistema

ortogrfico de escrita, os quais so sistemas convencionais constitudos de regras que, em grande parte, no tm fundamento lgico algum. E a criana tem de aprender isso. Ela tem de passar por um processo sistemtico e progressivo de aprendizagem desse sistema. Nesse campo, a grande colaborao da Lingstica, ao tratar das relaes entre sistema fonolgico e sistema ortogrfico. Assim podemos determinar qual o melhor caminho para a criana se apropriar desses sistemas e de suas relaes. a isso que eu chamo da especificidade do processo de alfabetizao. No basta que a criana esteja convivendo com muito material escrito, preciso orient-la sistemtica e progressivamente para que possa se apropriar do sistema de escrita. Isso feito junto com o letramento. Mas, em primeiro lugar, isso no feito com os textos 'acartilhados' "a vaca voa, ivo viu a uva" , mas com textos reais, com livros etc. Assim que se vai, a partir desse material e sobre ele, desenvolver um processo sistemtico de aprendizagem da leitura e da escrita. Essa aprendizagem no est acontecendo. Visito muitas escolas e tenho visto o que est de fato acontecendo. Alm disso, venho acompanhando nos testes SIMAVE, SAEB e outros o fracasso, a falta de orientao sistemtica da criana para se apropriar do sistema de escrita. Quando digo que se "desinventou" a alfabetizao, a essa falta de especificidade da alfabetizao que me refiro. Um sistema convencional tem de ser aprendido de forma sistemtica. Desde que a criana tenha descoberto que o sistema alfabtico, est apta a aprender esse sistema. E acaba aprendendo porque, felizmente, criana bastante esperta. Mas ela leva muito mais tempo para aprender, e enfrenta muito mais dificuldades, se deixarmos que o processo ocorra de maneira aleatria e esparsa. A Lingstica fornece elementos para se saber como devem ser trabalhadas essas correspondncias fonema/grafema com a criana. Quando isso no observado, o resultado o fracasso em alfabetizao, sob nova vestimenta. No estou dizendo que o fracasso de agora seja novidade, pois sempre tivemos fracassos em alfabetizao. Antes, a criana repetia a mesma srie por at quatro vezes e havia o problema da evaso. Agora, e talvez isso seja mais grave, a criana chega 4a srie analfabeta. E por que talvez isso seja mais grave? Porque, quando a criana repetia o ano pois tnhamos mtodos que no estavam fundamentados em teorias psicolgicas, psicolingsticas nem lingsticas ela no aprendia. Ento ela repetia, mas, pelo menos, ficava claro para ela que havia o "no sei". Agora, ela chega 8a srie, pensa que tem um nvel de Ensino Fundamental e no tem. Na minha opinio, os alunos, os pais desses alunos e a sociedade esto sendo desrespeitados. Estamos iludindo-os ao dizer que essas crianas e esses jovens esto aprendendo a ler e a escrever, quando na verdade no esto. Tratemos agora da reinveno da alfabetizao. primeira vista, essa reinveno pode parecer uma esperana, mas no propriamente a soluo do problema. Entendo-a como um movimento que tenta recuperar a especificidade do processo de alfabetizao. Agora, mais que nunca, temos que ficar de olhos abertos para saber como esse movimento est sendo feito e em que direo ele est sendo feito.

Considero que ns estamos vivendo, na rea de alfabetizao, um momento grave. Primeiro, por causa do fracasso que a est, gritante, diante de ns. No possvel continuar dessa forma. Segundo, porque esto aparecendo tentativas, em princpio muito bem-vindas, de recuperar a especificidade da alfabetizao, mas bom vermos qual caminho vo tomar. Vamos lembrar a conhecida "teoria da curvatura da vara", muito em voga nos anos 70. Se temos uma vara encurvada e queremos que ela fique reta, curvamos a vara para o lado contrrio para que ela fique depois na posio vertical. Isso uma metfora para mostrar um movimento que acontece com freqncia se no sempre na educao. Fomos para o lado do construtivismo, nada de mtodo etc, depois vimos que no nada disso. A tendncia pode ser curvar a vara para o outro lado, espera de que ela fique reta. Mas preciso saber se isso mesmo o que teria de ser feito. preciso saber o que significa esse curvar para o outro lado. Pode significar voltar ao antigo e o que tem acontecido. As pessoas dizem: "Ah isso no funciona, e os meninos no esto aprendendo a ler e a escrever, ento vou voltar quele meu velho mtodo silbico, alfabetizar na cartilha, porque tudo corria muito bem..." Entretanto, voltar para o que j foi superado no significa que estamos avanando. Avanamos quando acumulamos o que aprendemos com o passado, juntando a ele as novidades que o presente traz. Estamos no momento crtico desse avano. As pessoas esto insatisfeitas com o construtivismo, as denncias j esto sendo feitas e comeam a surgir iniciativas no sentido de corrigir essa situao. Estamos na fase de reinveno da alfabetizao. A revista Educao do ano passado, cuja chamada de capa Guerra de Letras, diz: "Adversrios do construtivismo garantem que o antigo mtodo fnico mais eficaz no processo de alfabetizao". Esse um sinal que indica um momento de reinveno da alfabetizao. Um outro sinal um texto da revista Ensaio, de abril de 2002, que traz um artigo com o seguinte ttulo: "Construtivismo e alfabetizao: um casamento que no deu certo". O que considero preocupante, porm, que esse movimento est indo em direo ao mtodo fnico. Por qu? Para corrigir os problemas que estamos enfrentando, ser que a soluo voltar a usar esse mtodo? Por que essa nfase no fnico? Quando falo em mtodo fnico, refirome quele mtodo do 'casado', em que vinha uma letra de um lado e casava com a letra de outro lado, como aquelas antigas cartilhas fnicas. Mas certamente no disso que os especialistas esto falando: o que se pretende voltar a orientar as crianas na construo das relaes fonema / grafema. Nos Estados Unidos houve tambm o movimento do construtivismo, que l chamavam de whole language, ou seja, lngua total. Ele consistia em fazer o aluno conviver de maneira total com a lngua. Essa foi a traduo da orientao construtivista nos Estados Unidos, e os resultados foram os mesmos: as crianas no estavam aprendendo a ler e escrever. O pas se apavorou e o governo central encarregou um grupo de cientistas de fazer um levantamento das pesquisas produzidas at ento no pas a respeito da alfabetizao, na tentativa de se descobrir como resolver o problema. O relatrio, chamado de Reading Panel, ou "Painel da Leitura", analisou aproximadamente

1.800 pesquisas a respeito da alfabetizao feitas naquele pas. Os autores chegaram concluso de que as crianas aprendem quando se trabalham sistematicamente as relaes fonema / grafema. Ou seja, a aprendizagem do sistema de escrita, aquilo que chamo alfabetizao na sua especificidade. Houve, ento, uma determinao que causou impacto: todos teriam de ensinar o que eles chamam de fonics. Se fssemos traduzir para o portugus, seria alguma coisa como "fonismo", um substantivo. Usamos fnico como adjetivo, mas no temos um substantivo para esse adjetivo fnico. O que os especialistas americanos defenderam que era necessrio alfabetizar trabalhandose as relaes fonema / grafema. Eles no estabelecem mtodo, eles estabelecem os princpios. A escola que busque o mtodo, desde que esse mtodo trabalhe a aquisio do sistema alfabtico e ortogrfico, o chamado fonics. A tendncia que se tem fortalecido naquele pas a de retomar os trabalhos na linha das relaes fonema / grafema. a retomada da aquisio do sistema alfabtico e ortogrfico pela criana nas suas relaes com o sistema fonolgico. Esta a tecnologia da alfabetizao que eles pretendem aplicar. E no foram s os EUA que fizeram isso. Na Frana aconteceu a mesma coisa. Neste pais, um rgo chamado Observatrio Nacional da Leitura fez um estudo da alfabetizao e chegou concluso de que necessrio trabalhar na linha do fnico, mas no no mtodo antigo. Inglaterra e Canad tambm chegaram mesma concluso. importante saber o que vem acontecendo em outros pases para no acharmos que estamos fazendo bobagem. Todos estavam enfrentando esse problema, e os pases que se preocuparam com essa questo foram na mesma direo, qual seja, insistir na especificidade da alfabetizao como aprendizado do sistema alfabtico / ortogrfico e nas suas relaes com o sistema fonolgico. No Congresso Nacional formou-se uma equipe, da qual no fao parte, para estudar o problema da alfabetizao, levando em conta a literatura cientfica e a experincia internacional sobre o tema. Este fato j um indicador muito significativo. Uma vez pronto o relatrio dessa equipe, haver um ciclo de debates na Cmara dos Deputados, na segunda quinzena de agosto do corrente ano, o que significa que teremos alguma novidade nessa rea da alfabetizao No incio de minha exposio, levantei algumas questes polmicas, algumas preocupaes e dificuldades. Para terminar, proponho uma reflexo sobre o risco de reinventarmos a alfabetizao. Embora ela esteja mesmo precisando ser reinventada e seja preciso recuperar sua especificidade, no podemos voltar ao que j foi superado. A mudana no deve ser um retrocesso, mas um avano.

*Professora emrita da UFMG. Parte de palestra proferida na FAE UFMG, em 26/05/2003, na programao "Sexta na Ps". Transcrio e edio de Jos Miguel Teixeira de Carvalho e Graa Paulino. Referncias bibliogrficas CAPOVILLA, Alessandra & CAPOVILLA, Fernando. Alfabetizao e mtodo fnico. So Paulo: Mnemom, 2001

OLIVEIRA, Joo Batista Arajo. ABC da alfabetizao. Belo Horizonte: Alfaeducativa, 2002 SCLIAR-CABRAL, Leonor. Princpios do sistema alfabtico de portugus do Brasil. So Paulo: contexto, 2003. ______________ Guia Prtico de alfabetizao. So Paulo: Contexto,2003

in Revista Presena Pedaggica (Julho/Agosto 2003) retirado de http://www.editoradimensao.com.br/revistas/revista52_trecho.htm

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