Recomposição Da Aprendizagem
Recomposição Da Aprendizagem
Recomposição Da Aprendizagem
MAIS ALTO
Recomposição das Aprendizagens
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Governador Gerente MaisPaic dos Anos Finais do Ensino Fundamental
Camilo Sobreira de Santana Tábita Viana Cavalcante
Referências ………………………………………………....................................................………………………………..………….………………… 37
1 Aquecendo os motores
06
AUMENTO DA EVASÃO ESCOLAR
De acordo com o Cenário da Exclusão Escolar, relatório lançado pelo UNICEF, o número de crianças e
adolescentes com idade entre 4 e 17 anos sem acesso à educação no Brasil em 2019 foi de 1,1 milhão. Em
2020, essa cifra aumentou para cerca de 5,2 milhões, sendo 1,5 milhão de crianças e adolescentes fora da
escola e outros 3,7 milhões sem acessar nenhuma atividade escolar impressa ou digital, elevando os riscos de
evasão. [...]
07
PIORA NA SAÚDE MENTAL E EMOCIONAL
DE ESTUDANTES E PROFESSORES
coletados pelo Instituto Datafolha,
[...] Dados de julho de 2021, mostram o impacto na saúde mental
durante a pandemia: a maioria das crianças e adolescentes ganhou peso; 44% ficaram mais tristes; 41% ficaram
mais quietos; 40% ficaram mais nervosos; 38% sentiram mais medo; 34% perderam o interesse pela escola. [...]
Além disso, relatos de crianças e adolescentes coletados pela força tarefa da Fundação Lemann e do Instituto
Natura por meio dos grupos de escuta ou de visitas in loco mostram que os alunos demandam neste momento
apoio psicológico e emocional executado de forma profissional e intencional nas escolas, e de projetos que
trabalhem na prevenção e na promoção de saúde e bem-estar. E o problema ainda tem uma outra face: a dos
educadores. Forçados a trabalhar em regime de teletrabalho, muitos ainda passaram por situações tristes de
luto dentro de casa ou viram sua família ter perdas financeiras significativas. Se antes da pandemia o debate
sobre saúde mental nas escolas era algo pouco discutido, hoje ele se torna absolutamente central. Por este
motivo, é bastante possível que em 2022 as redes de ensino precisem implementar alternativas de acolhimento
e saúde mental nas escolas, tanto para alunos quanto para educadores.
(UNDIME, 2022, p. 9 e 10)
44% ficaram mais tristes
09
1.2 A importância da rotina pedagógica para
o desenvolvimento das habilidades
Para que todos os nossos alunos e alunas continuem tendo o direito de aprender garantido durante todo o
ensino fundamental, precisamos organizar bem as atividades e trabalhar cotidianamente de maneira
sistematizada (WEISZ, 2006). Para isso, devemos prezar pela racionalidade de tempo e proporcionar ao
professor tranquilidade para seguir um ritmo preestabelecido e sem improvisos durante a aula. Libâneo (2008)
defende que o processo de ensino é o conjunto de atividades organizadas pelo professor na busca de obter
determinados resultados.
A condução desse processo requer uma compreensão clara e segura do processo de aprendizagem, para
que sejam bem definidos os caminhos que devem ser percorridos para se chegar aos objetivos pretendidos.
Assim, nos deparamos com a importância da construção, apropriação e efetivação de rotinas pedagógicas que
possam estruturar o tempo, as ações e organização estrutural da aula. Para assegurar, nessa recomposição das
aprendizagens, o desenvolvimento da criança, a rotina se faz necessária, pois com ela garantimos segurança
emocional, pois a criança saberá o tempo que ocorrerá cada atividade e gerência de tempo pedagógico fazendo
de toda ação uma oportunidade para (re)aprender.
Nessa mesma perspectiva, Madalena Freire (2008) nos diz que a rotina é o pulsar do coração vivo de um ato
de aprendizagem e que a cadência sequenciada de atividades diferenciadas possibilitam o desenvolvimento
num ritmo próprio em cada grupo, Para isso, apostamos nas atividades diversificada e em ações que atinjam os
mais diversos estilos de aprendizagens das crianças que temos em sala, a qual lembramos de três tipos,
segundo a Neurolinguística: alunos que são auditivos, aprendem ouvindo, portanto a importância de momento
de oralidade, rodas de conversas, debates, articulação da fala; alunos que são visuais, os que aprendem por
meio dos materiais semióticos, como cartazes, tarjetas, anotações na lousa entre outros recursos que estimulem
o visual do aluno; e, por fim, alunos que são cinestésicos que aprendem a partir dos movimentos e
movimentações em sala, como trabalhos em grupos, elaboração de atividades na prática e com desafios que
estimulem a pesquisa, a leitura, o debate, a criação e outras possibilidades pedagógicas.
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Ainda sob essa ótica, destacamos que uma rotina pedagógica precisa atentar-se para a flexibilidade dos
tempos e das ações, bem como da sua sistematização. Com a BNCC (2018), temos como trabalho pedagógico
a(s) habilidade(s) que precisa(m) ser desenvolvida(s), a partir das necessidades da turma, para isso, sugerimos
a priorização dessas habilidades, tendo como referência o Documento Curricular Referencial do Ceará (DCRC),
assim é necessário definir bem o método.
Entendendo-se a palavra método segundo sua etimologia – do grego meta- (em direção a) + hódos
(caminho) –, método é caminho em direção a um fim. O fim é a criança leitora e produtora de textos, e,
para levá-la a esse fim, é preciso orientá-la no percurso desse caminho, conhecendo seu curso, seus
meandros, as dificuldades que podem se interpor. Para isso, professoras/es fundamentam-se nos
processos cognitivos e linguísticos de desenvolvimento e aprendizagem da língua escrita, por eles
orientam seus próprios passos e os passos das crianças: é o que se denomina ensinar com método,
ensinar conhecendo e orientando com segurança os processos de aprendizagem da escrita e de seus
usos, o que se diferencia fundamentalmente de ensinar trilhando caminhos predeterminados por
convencionais métodos. (SOARES, 2021, p. 290)
A partir desse conceito de método – caminho em direção a um fim –, temos como premissa que o nosso fim
é que nossas crianças sejam alfabetizadas na idade certa, sendo capazes de ler e produzir textos. Mas, para
que isso aconteça, é preciso que as habilidades que a serem desenvolvidas nas crianças estejam bem
organizadas em um caminho – em uma rotina pedagógica – coerente com o fim, de modo que o tempo da
criança seja bem aproveitado em momentos de interação e de aprendizado. Essas habilidades, que tomamos
como metas de aprendizagem, diante da dinamicidade em que ocorre o processo de ensino-aprendizagem,
“devem ser revistas periodicamente, à medida que as práticas pedagógicas vão sugerindo mudanças que as
tornem mais adequadas à criança em contínuo desenvolvimento e aprendizagem”. (SOARES, 2021, p. 291)
Assim, o planejamento das práticas pedagógicas dos professores
depende fundamentalmente de se ter clareza das metas – habilidades e conhecimentos – a alcançar,
para que haja continuidade no desenvolvimento e aprendizagem das crianças e para que as habilidades
e os conhecimentos sejam desenvolvidos e aprendidos com integração das metas em cada ano.
(SOARES, 2021, p. 293)
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O material pedagógico do Mais Paic apresenta sugestões de rotinas pedagógicas com indicação de
atividades permanentes, como acolhida diária e agenda do dia, bem como atividades de sistematização de
Língua Portuguesa e Matemática do nosso Novo Material Estruturado, produzido em parceria com a Associação
Nova Escola.
Outro ponto que merece atenção nas sugestões de rotina é a presença da Literatura. Propomos diariamente
um momento para as crianças apreciarem o ato de ler, através de leituras espontâneas, sendo este momento
intitulado de Aconchego Literário. Sugerimos também a vivência do Alforje de Histórias, ambos orientados pelo
nosso Eixo de Literatura e Formação do Leitor.
As rotinas pedagógicas têm como referência o Documento Curricular Referencial do Ceará (DCRC), com
orientações pedagógicas para o professor, apresentando, dessa forma, uma proposta didática clara, objetiva e
inovadora. Para concluir, apresentamos também rotinas para o contraturno com foco na recuperação da
aprendizagem, que buscam trabalhar as possíveis dificuldades apresentadas pelos alunos em Língua
Portuguesa e Matemática.
12
1.3 O papel da avaliação diagnóstica
O cuidado imprescindível com a rotina pedagógica evita que a ação pedagógica seja improvisada e os
direitos de aprendizagem das crianças desrespeitados, por isso é importante sempre levar em consideração:
o que as crianças já sabem? O que elas precisam saber? Quais os passos necessários para que elas
cheguem a esse conhecimento? As respostas para essas perguntas perpassam pela avaliação diagnóstica.
Nessa perspectiva, o acompanhamento pedagógico é mais seguro quando se faz por meio de diagnósticos,
pois estes têm a missão de, por meio da identificação das dificuldades dos estudantes, dar subsídios aos
professores para realizar intervenções consistentes. Ou seja, a avaliação deve ser vista como parte do
processo de ensino-aprendizagem e não como uma simples atribuição de notas que rotula os alunos, como
se esse processo não fosse dinâmico, daí a necessidade de diagnósticos recorrentes.
[...] Na palavra diagnóstico está presente a palavra gnosis, que significa “conhecimento”, com o
prefixo dia-, que acrescenta a essa palavra o sentido de “através de”, “por meio de”. [...] Para
ampliar a compreensão de diagnóstico no processo ensino-aprendizagem, uma analogia com o
uso da palavra na área médica é esclarecedora: quando o médico faz um diagnóstico, busca
identificar a doença por meio de sintomas revelados pelo cliente, e assim pode definir o
tratamento. Da mesma forma, usamos diagnósticos com o objetivo de identificar dificuldades que
a criança esteja enfrentando por meio de seus erros, que são os “sintomas” que nos permitem
definir e orientar a intervenção, como o médico define o tratamento identificando a doença por
meio dos sintomas. (SOARES, 2021, p. 310)
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É, a partir dos diagnósticos, que as metas são definidas. E, quando são realizados de forma processual,
conseguem verificar se as crianças estão, de fato, alcançando essas metas ao longo do processo de ensino-
aprendizagem, para que completem o ciclo de alfabetização de forma satisfatória. Se o diagnóstico não for
pautado em metas e se, com base nele, não houver intervenção, a avaliação se torna um momento injusto e
inútil da rotina pedagógica.
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Assim, destacamos que o modo de alfabetizar anterior às pesquisas de Ferreiro (2003) considerava que os
alunos adquiriam a aprendizagem através da memorização do Sistema de Escrita Alfabética (SEA), sem que os
educadores se preocupassem com a reflexão sobre o sistema. Os alunos da turma eram vistos como
homogêneos, sem considerar que cada indivíduo não aprende da mesma forma e no mesmo ritmo. Com isso, a
heterogeneidade dos níveis de alfabetização tem sido um assunto evidente nos últimos anos, quando se trata de
educação, principalmente, após a implantação dos ciclos de aprendizagem. As turmas consideradas como
heterogêneas se tornam um desafio para o professor, pois requerem uma atenção mais significativa no processo
de planejamento e de execução das atividades pedagógicas.
Diante do exposto, é preciso analisar o aluno individualmente para diagnosticar seu estágio de alfabetização.
A esse respeito, Ferreiro (2011) salienta que a criança faz explorações para entender a natureza da escrita,
podendo ser vista através do que a mesma criança produz de forma espontânea. Sendo assim, esses
documentos valiosos das crianças precisam ser interpretados para que sejam avaliados, explorados, que,
segundo a mesma autora (2011), possuem hipóteses, ideias, teorias sobre a escrita. Na obra “Alfabetização: a
questão dos métodos”, Magda Soares (2021) nos apresenta essas hipóteses. Vamos revisitá-las, pois o
diagnóstico desses níveis é o ponto de partida do Projeto Paic Voando Mais Alto para a Língua Portuguesa:
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Nível 1: diferenciação entre: o desenho e a escrita; uso de grafismos que imitam as formas básicas
de escrita: linhas onduladas – garatujas, se o modelo é a escrita cursiva, linhas curvas e retas, ou
combinação entre elas, se o modelo é a escrita de imprensa –; reconhecimento da arbitrariedade e
da linearidade.
Nível 2: uso de letras sem correspondência com seus valores sonoros e sem correspondência com
as propriedades sonoras da palavra (número de sílabas), em geral respeitando as hipóteses da
quantidade mínima (não menos que três letras) e da variedade (letras não repetidas), nível a que se
tem atribuído a designação pré-silábico.
Nível 3: uso de uma letra para cada sílaba da palavra, inicialmente letras reunidas de forma
aleatória, sem correspondência com as propriedades sonoras das sílabas, em seguida letras com
valor sonoro representando um dos fonemas da sílaba: nível silábico.
Nível 4: passagem da hipótese silábica para a alfabética, quando a sílaba começa a ser analisada
em suas unidades menores (fonemas) e combinam-se, na escrita de uma palavra, letras
representando uma sílaba e letras já representando os fonemas da sílaba: nível silábico-alfabético.
Nível 5: escrita alfabética que, segundo Ferreiro e Teberosky (1986:213; ênfase acrescentada), é o
final do processo de compreensão do sistema de escrita: a escrita alfabética constitui o final desta
evolução. Ao chegar a este nível, a criança já franqueou a “barreira do código”; compreendeu que
cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a sílaba, e realiza
sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai escrever.
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São objetivos específicos:
Organizar os alunos em
agrupamentos produtivos de acordo
com os níveis de escrita e os níveis
de matemática; Como metodologia do Projeto Paic Voando Mais
Trabalhar com atividades de Alto, temos o projeto sendo realizado em quatro
relevância cognitiva, social e afetiva, etapas:
que sejam adequadas aos alunos
dos anos iniciais; Definindo o plano de voo
Desenvolver a escrita e a leitura dos
alunos, a partir de atividades Avaliações diagnósticas dos níveis de escrita e de
estruturantes diversificadas, de matemática: realização de Testes de Psicogênese e Teste
acordo com os níveis de escrita dos Diagnóstico de Matemática no público-alvo, para que cada
agrupamentos produtivos; professor(a) conheça os níveis de escrita e matemática dos
Desenvolver o pensamento seus alunos.
matemático dos alunos, a partir de OBS: O SPAECE Diagnóstico também faz parte dessa
atividades contextualizadas etapa, pois, a partir da realização dessa avaliação
diversificadas, de acordo com os diagnóstica em larga escala em março, serão emitidos
níveis matemáticos dos boletins pedagógicos sobre os resultados de Língua
agrupamentos produtivos. Portuguesa e Matemática do 2º e 5º ano, que nortearão a
continuidade do projeto.
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Ligando os motores
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Embarcando nas conexões
Quando um voo faz conexão, alguns passageiros permanecem, outros desembarcam, outros
embarcam… No nossos voos, sempre teremos três conexões, que são os três níveis de dificuldade a
partir dos quais os cadernos foram elaborados. Em cada voo, alguns alunos embarcarão ainda na
conexão I; outros na II; outros já na III. Devido às especificidades, temos orientações diferenciadas para
as séries:
Ciclo de Alfabetização (1° e 2º anos): as conexões serão realizadas dentro da própria sala de aula de
cada turma, com o(a) professor(a) separando os alunos em três grupos, um para cada nível de
dificuldade. Se a escola tiver um(a) Professor(a) Assistente, é importante que participe desse momento.
Caso não tenha, outros parceiros da escola podem ser convidados a auxiliar com o nível III, para que
o(a) professor(a) possa dar uma maior atenção aos níveis I e II.
3º ao 5º ano: a dinâmica das atividades diversificadas pode ocorrer dentro da própria sala de aula,
assim como será desenvolvido pelo Ciclo de Alfabetização, porém, se for possível, as conexões podem
ser realizadas em salas diferentes, mediante uma ação conjunta entre gestão e professores(as) desses
anos. Por exemplo: no horário destinado ao Projeto Paic Voando Mais Alto de Língua Portuguesa, as
turmas de 3º a 5º ano teriam aula de Língua Portuguesa no mesmo horário, para que a permuta de sala
pudesse acontecer, de modo que os alunos ficariam na sala (conexão) correspondente ao seu nível de
dificuldade e receberiam a atividade específica daquele nível. Cada sala seria acompanhada por um(a)
dos(as) professores(as) disponíveis (o nível I ficaria com o professor do 3º ano; o nível II com o
professor do 4º; e o nível III com o professor do 5º ano), potencializando os resultados do processo de
recomposição da aprendizagem.
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Voando mais alto
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2.2 Materiais pedagógicos Mais Paic
Dessa forma, a proposta pedagógica de 2022 para os anos iniciais do Ensino Fundamental, nomeada Projeto
Paic Voando Mais Alto, tem como foco a recomposição das aprendizagens, visando contribuir com os
professores cearenses em prol de uma maior qualidade do tempo pedagógico e oportunizando metodologias
diversificadas que atendam os diferentes níveis de aprendizagem, possibilitando a garantia da aprendizagem na
idade certa.
Nessa perspectiva, a formação continuada estará centrada no estudo do material estruturado, bem como dos
demais produtos pedagógicos que compõem a rotina didática para a qualificação do tempo em sala de aula. No
processo de formação, também iremos propor metodologias que contribuam para o processo de ensino-
aprendizagem, na busca por desenvolver as habilidades de Língua Portuguesa e de Matemática do ano
corrente, além de recompor as dos anos anteriores que não foram desenvolvidas a contento durante o ensino
remoto.
Pensando nisso, elaboramos para a Língua Portuguesa o Caderno de Alfabetização Paic Voando Mais Alto,
que se compõe de oito atividades voltadas para a recomposição das habilidades iniciais de Alfabetização.
Ademais, elaboramos rotinas didáticas que também contribuam para a recuperação da aprendizagem, que além
das atividades supracitadas, propomos atividades do Material Estruturado.
Da mesma forma, em Matemática, optamos por desenvolver habilidades focadas na recuperação das
aprendizagens. Os cadernos de Matemática estão organizados em três níveis, em ordem crescente de
dificuldade. Tomando como norte as habilidades do Material Estruturado, objetivamos minimizar ou mesmo
sanar as dificuldades que os estudantes apresentam em relação ao que foi ofertado em 2020 e 2021.
O nosso propósito é cooperar com o professor através da oferta de material, bem como oferecer orientações
pedagógicas que o auxiliem no trabalho em sala de aula. Por esse motivo, a CEFAE tem como principal objetivo
cooperar efetivamente com os professores cearenses para que juntos possamos garantir que toda criança
cearense tenha o seu direito à aprendizagem respeitado.
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Cadernos Voando Mais Alto
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Proposta Pedagógica Fortalecendo Aprendizagens
Interventiva
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3 Estratégias e possibilidades
ii. Para os(as) alunos(as) do 2º ano do ensino fundamental, por meio de agrupamentos
produtivos, propomos, além da utilização dos materiais estruturados previstos para a
série/ano e de outros materiais didáticas, a utilização das sequências de atividades do
Caderno de Sistematização do 1º ano do novo material do Estado.
iii. Para os(as) alunos(as) do 3º ano do ensino fundamental, por meio de agrupamentos
produtivos, além da utilização dos materiais estruturados previstos e de outros materiais
didáticos, sugerimos a utilização das sequências das atividades do Caderno de
Sistematização 2º ano do novo material do Estado.
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3.2 Matemática 1º ao 3º ano
Trazer uma discussão sobre matemática em qualquer contexto social, nos coloca a reflexão sobre uma
sociedade cada vez mais matematizada, assumindo que embora a matemática seja parte do cotidiano presente,
ela é ainda interpretada e vivenciada em moldes que se enquadram em reprodução, mecanização e respostas a
expectativas assertivas e finalizadoras do conhecimento.
Agora, quando pensamos nessa discussão no contexto atual Pandêmico, percebemos que o alcance
cotidiano da Matemática é possível, mas limitado as possibilidades interativas e distantes do que consideramos
como ação de matematizar: “que significa, em princípio, formular, criticar e desenvolver maneiras de
entendimento [...] de forma democrática” (SKOVSMOSE, 2001)
Essa perspectiva sugere que a aprendizagem da matemática não ocorre por repetições e mecanizações,
mas se trata de uma prática social que requer o envolvimento do aluno em atividades significativas . (CURI,
2006)
Desta forma, as relações que são estabelecidas no contexto de recomposição das aprendizagens precisa
assumir que as fragilidades interativas entre os sujeitos e espaços envolvidos, deverão ser consideradas em
prol de um cotidiano que possibilite:
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Neste sentido, algumas ações e estratégias podem ser utilizadas no cotidiano planejados junto aos
estudantes, tais como:
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i. Para os(as) alunos(as) do 1º ano do ensino fundamental, sugerimos que: i) a composição
da rotina contenha os caminhos discursivos com diferentes registros (orais, escritos,
imagéticos, pictográficos) utilizando os diferentes materiais – Novo Material Estruturado, PNLD,
Voando mais Alto (Nível 1) – buscando por meio dos acompanhamentos a identificação de
grupos produtivos e a adequação de atividades a partir das habilidades do 1° ano, em
consonância com processo de Transição das crianças com a Educação Infantil, nas quais
produzem matemática por meio de interações nos mais variados campos de experiência.
ii. Para os(as) alunos(as) do 2º ano do ensino fundamental, sugerimos que: a composição
da rotina contenha os caminhos discursivos com diferentes registros (orais, escritos,
imagéticos, pictográficos) utilizando os diferentes materiais – Novo Material Estruturado,
PNLD, Voando mais Alto (Nível 1 e 2) – buscando por meio dos acompanhamentos a
identificação de grupos produtivos e a adequação de atividades a partir das habilidades do 1°
ano e 2° ano, em consonância com processo de aprendizagem construído no ciclo de
alfabetização, traçando estratégias que possibilite ver a continuidade progressiva das
habilidades nos diferentes eixos temáticos.
iii. Para os(as) alunos(as) do 3º ano do ensino fundamental, sugerimos que a composição
da rotina contenha os caminhos discursivos com diferentes registros (orais, escritos,
imagéticos, pictográficos) utilizando os diferentes materiais – Novo Material Estruturado, PNLD,
Voando mais Alto (Nível 1 e 2) – buscando por meio dos acompanhamentos a identificação de
grupos produtivos e a adequação de atividades a partir das habilidades do 1°, 2° e 3° ano, em
consonância com processo de aprendizagem construído no ciclo de alfabetização, traçando
estratégias que possibilite ver a continuidade progressiva das habilidades nos diferentes eixos
temáticos.
29
3.3 Língua Portuguesa 4º e 5º ano
Este documento surge a partir da reflexão da organização das práticas de ensino da Língua Portuguesa.
Assim, partimos do pressuposto de que, ao pensarmos em como efetivar as aulas desse componente
curricular nos anos iniciais, voltando-se para crianças do 4º e 5º anos dos anos iniciais do ensino
fundamental, devemos considerar diversas iniciativas que buscam a construção de uma escola mais
formadora e com foco na aprendizagem de todos, proporcionando protagonismo desde cedo.
Em âmbito nacional, podemos destacar, com base em Antunes (2003), várias iniciativas que trabalham em
torno do desenvolvimento das competências textuais: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN); o
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB); o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
Essas ações privilegiam as dimensões interacional, funcional, social e discursiva da linguagem, preconizando
o trabalho da língua com base no texto. Seguindo essa mesma linha teórica, acrescentamos a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), o Documento Curricular Referencial do Ceará (DCRC) e as Orientações
Curriculares Prioritárias do Ceará (OCPC) que norteiam o trabalho pedagógico, hoje, por meio das
habilidades e competências.
No Estado do Ceará, essa concepção de ensino e de aprendizagem para Língua Portuguesa é o que tem
embasado as avaliações externas, pois o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará
(SPAECE) está organizado com base em competências e habilidades avaliadas em textos situados em
contextos específicos. Por isso, o Programa Aprendizagem na Idade Certa – MAIS PAIC e agora, fortalecido
por Pacto pela Aprendizagem oferece formação continuada, acompanhamento e atividades estruturadas,
considerando o desenvolvimento das competências textuais.
Atualmente, ao sistematizar uma aula em Língua Portuguesa, o principal desafio tem sido realizar a
integração entre teoria e prática, construída com base na linguagem como processo de interação social para
que possamos recompor as aprendizagens que ficaram lacunadas pelo contexto pandêmico. O texto, adotado
como objeto de ensino da Língua Portuguesa, e os gêneros textuais, entendidos como o ponto de partida
para as aulas de linguagem, devem ser compreendidos como eventos reais de interação social, a partir dos 30
quais se trabalha oralidade, leitura, produção de texto e análise linguística. A interação pode ser pensada a partir
do entendimento de que:
[...] toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada pelo de que procede de alguém, como pelo fato de
que se dirige para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda
palavra serve de expressão a um em relação ao outro, isto é, em última análise, em relação à coletividade
(BAKHTIN, VOLOSHINOV, 2010, p. 115).
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Assim, pensamos que se soubermos como melhor desenvolver as habilidades por meio das práticas de
linguagens e trabalharmos com os gêneros textuais obteremos resultados mais eficazes na recomposição da
aprendizagem. Para isso, detalharemos sugestões de práticas que podem ser exploradas por meio de cada
prática, independente da habilidade trabalhada. Primeiro, destacamos a oralidade que deverá desenvolver no
educando sua espontaneidade expressiva e reflexiva de modo a contribuir com seu desenvolvimento
cognitivo. Reflexionar sobre os usos das linguagens e os efeitos de sentido de diferentes recursos
expressivos, levando em conta as condições de recepção e produção dos mesmos, de modo a favorecer o
trabalho com os diversos gêneros orais (MARCUSCHI, 2010). Diante disso, precisamos desenvolver o
trabalho com os gêneros orais a partir das práticas linguísticas do cotidiano (texto); oficina com atividades
práticas para trabalhar os gêneros orais; uso dos textos para expor, argumentar, explicar, narrar, recontar,
além de escutar atentamente e opinar, respeitando a vez e o momento de falar (iniciar com textos do
cotidiano dos alunos, preparando-os para ter acesso a textos mais complexos e desconhecidos).
Ao pensarmos como trabalhar a leitura, buscamos diferentes meios para ampliar essa dinâmica, sendo que
as atividades de leitura devem ampliar os conhecimentos dos estudantes no que se refere à busca pela a
investigação, a procura de informações que venham ampliar seus saberes, a compreensão textual, ampliação
da linguagem verbal e escrita (BRASIL, 2015). Fica claro que a prática da leitura vem desenvolver no ser
aprendente capacidades de alto desenvolvimento no campo leitor. As práticas com leitura devem considerar
as crianças e suas interações com a leitura e a escrita, principalmente, no contexto (pós)pandemia no qual
nos deparamos com realidades ainda mais heterogêneas e que precisamos proporcionar mais diversidade
nas ações didáticas para atender essa pluralidade. É importante a construção de uma proposta de
planejamento que foque na aquisição da fluência e nos níveis de compreensão leitora, possibilitando ler para
aprender a fazer algo, aprender assuntos do seu interesse, informar-se sobre algum tema e ter prazer na
leitura; apresentação de novas possibilidades para constituição de ambientes leitores para as crianças;
Vivência prática com atividades que ampliem a competência leitora das crianças que estão nos anos iniciais
(4º e 5º anos) do Ensino Fundamental também fazem importantes.
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A produção textual requer uma prática socializada em relação ao ato de ler. Com a prática leitora o
desenvolvimento na produção textual será eficiente, pois a reescrita e/ou uma produção nos remete a uma
releitura de forma dinamizada tendo como foco um tema gerador que será escrito com informações prévias, com
sentidos globais, com conhecimento prévio e com conhecimento de causa. Portanto, a produção textual associada
à prática da leitura estabelecerá um aprendizado eficiente (BRASIL, 2015). Escrever de forma processual é
possível através de iniciativas como: discussões sobre a importância da escrita no mundo moderno; discutir a
escrita como um processo; construção de práticas de modelização textual; apresentação de atividades
estruturadas contemplando produção inicial, reescrita, revisão, produção final.
As práticas de análise linguística e semiótica podem ser desenvolvidas através das diversas atividades aplicadas
em sala de aula, trabalhando de forma dinâmica, individual, coletiva e contextualizada, permitindo que o estudante
possa compreender os diferentes níveis de produção e interpretação analítica dos vários gêneros textuais. Os
aspectos gramaticais abordados como análise linguística podem ser trabalhados considerando: socialização de
práticas em análise linguística; possibilidades para realização de análise linguística a partir de textos produzidos
pelos próprios alunos; análise linguística como possibilidade de evidenciar o que os alunos precisam aprender;
construção de atividades estruturadas a partir de modelos que viabilizem o uso adequado das palavras nos textos;
apresentação de jogos e técnicas para trabalhar os elementos gramaticais.
Ao pensarmos em materiais didáticos para esse trabalho supracitado, podemos lembrar que para os(as)
alunos(as) do 4º e 5º ano do ensino fundamental, também por meio de agrupamentos produtivos, propomos, além
da utilização dos materiais estruturados previstos para a série/ano, como o material da Nova Escola, de outros
materiais didáticos, como PNLD, ainda sugerimos a utilização das sequências das atividades do Caderno de
Sistematização 3º ano do novo material do Estado. Ainda sob essa ótica, sugerimos a autonomia criativa docente
de escolhas do material usado para de acordo com sua realidade melhor intervir, preservando sempre a
multiplicidade de sua turma e proporcionando atividades diversificadas para que atendam cada nível encontrado
em sala.
33
3.4 Matemática 4º e 5º ano
A Matemática tem sido considerada, ainda nos últimos anos pelos
estudantes, como uma disciplina temida, com elevados níveis de dificuldade
e que sua aprendizagem se reserva a pessoas mais capazes (Tolentino;
Ferreira; Torisu, 2020). Além disso, nas avaliações externas, esta área
apresenta em comparação a Língua Portuguesa baixos índices de
desempenho, situação preocupante em muitas cidades brasileiras.
Infelizmente, com a pandemia do novo Coronavírus, que obrigou os
discentes a ficarem longe das salas de aula, essa realidade da Matemática
se agravou e está mais evidente a partir de diagnósticos já realizados no
retorno às aulas presenciais. Neste sentido, faz-se necessário,
urgentemente, reverter as lacunas na aprendizagem matemática das
crianças.
Para isso, devemos planejar e adotar estratégias de recomposição da
aprendizagem que é “a oportunidade de todas e todos os estudantes
adquirirem habilidades prioritárias, a fim de que progridem para os níveis de
aprendizagem subsequentes” (GUARALDO, 2022).
Diante disso, um estudo sobre a educação em diversos países
elaborado pela Vozes da Educação em parceria com a Fundação Lemann e
Instituto Natura em 2021 apresenta seis estratégias essenciais para a
recomposição da aprendizagem, das quais utilizaremos cinco como base
para serem empregadas no ensino da Matemática de 4º e 5º ano. São elas:
Adaptação do currículo, Avaliação diagnóstica, Adaptação de práticas
pedagógicas, Formação docente específica e Material didático apropriado.
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i. Adaptação do currículo: esta estratégia objetiva priorizar o currículo, ou seja, apenas as
habilidades consideradas prioritárias para o sucesso do estudante são consideradas, como
também as habilidades de outros anos/séries, se preciso. No caso da Matemática é crucial que
se recorra a essa adaptação, levando em consideração que discentes do 4º e 5º ano estavam
antes da pandemia em anos do ciclo de alfabetização.
ii. Avaliação diagnóstica: esta estratégia sempre foi fundamental em qualquer ano ou
componente, agora mais ainda, haja vista a necessidade de identificar os conhecimentos
prévios dos estudantes e indicar suas possíveis dificuldades de aprendizagem no intervalo de
quase dois anos longe da escola.
iii. Adaptação de práticas pedagógicas: no que diz respeito ao professor que ensina
matemática, deve ficar claro que nesse novo tempo mais do que em qualquer outro; é
necessário repensar as suas práticas pedagógicas, de modo que permitam aos estudantes
redescobrir a matemática a partir do acompanhamento constante do seu processo de
aprendizagem.
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iv. Formação docente específica: essa estratégia em questão, diz respeito à necessidade de
oportunizar ao professor de matemática formações continuadas com discussão de novas
técnicas, utilização de metodologias ativas, assim como procedimentos de avaliação e
monitoramento dos avanços dos estudantes.
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Referências