Andressa
Andressa
Andressa
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
VITÓRIA
2017
ANDRESSA PADOVANI GIL
VITÓRIA
2017
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. André Luiz Nascentes Coelho
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientador
__________________________________________
Profª. Drª. Ana Christina Wigneron Gimenes
Universidade Federal do Espírito Santo
__________________________________________
Prof. Msc. André Luis Demuner Ramos
Doutorando / PPGG - UFES
Examinador externo
Ao vô Padovani, com muitas saudades. Por
todo o, aqui, indizível.
AGRADECIMENTOS
São muitos...
A primeira pessoa pela qual sinto gratidão neste momento é meu orientador,
professor André Coelho. André, muito obrigada, mais uma vez, por todos os
ensinamentos, pelo incentivo, apoio, paciência, a disponibilidade de sempre e a
confiança desde a etapa da iniciação científica. Por acreditar na minha capacidade e
me ajudar a acreditar também. Pelo bom exemplo de ética e por incentivar que nós,
alunos, caminhemos com nossas próprias pernas. Obrigada!
Ao Cainã... e as várias madrugadas lutando pra ficar acordado só pra estar ao meu
lado e me ajudar nessa luta também. Por me ouvir falar de coisas que você não
entendia. Pela paciência nos momentos de estresse e por estar sempre presente.
Enfim... por embarcar nessa junto comigo. Por tudo. Sua companhia me fez mais
forte.
Aos meus Professores, com P maiúsculo. Todos eles, desde o ensino fundamental à
graduação, das atividades extras, dos esportes praticados. Pois infelizmente, aqui
no Brasil, vocês não têm o seu valor merecido. E eu agradeço imensamente por
ainda assim persistirem.
Aos meus amigos, por dividirem os melhores e piores momentos e fazerem tudo
valer a pena. Em especial, Pedro, Thaliá, Nati...
Ao meu tio Carlinho, pelo incentivo desde o começo da graduação e pela ajuda
absolutamente desmedida sempre que precisei.
A minha mãe, minha maior fã, por aguentar todas as barras imagináveis pra fazer
tudo dar certo. E deu. Desculpe vir parar tão longe de você. Te amo sem limites.
RESUMO
Historically, the flat areas and closest to the rivers were the first occupied, given their
ease of construction and access, as well as the various water uses available to
society. In urban areas, the dynamics of surface water are profoundly altered, due to
the modification of the environments and the insertion of new elements, as well as
the interventions carried out directly in the water courses. So, events occurring within
a river basin cause a direct or indirect impact on its watercourses, and types of land
use can intensify erosion processes and aggravate river siltation. This is the reality of
the Doce river basin, located in the states of Minas Gerais and Espírito Santo, with a
drainage area of approximately 83,000 km², whose occupation process caused a
significant deforestation of the native vegetation. Based on the hypothesis that the
sedimentation of the Doce river bed has intensified in the last decades, especially in
its low course, this research had as main objective to analyze the transformations
occurred in the fluvial corridor of the river Doce, in Linhares / ES, where the river
flows into the ocean, through the delimitation and analysis of its banks and the
depositional features present in its bed in 1987 and 2011. The analyzes were done
with the aid of Landsat 5 satellite images in GIS environment, from which the
supervised classification Maximum Likelihood was carried out to differentiate and
later quantify the two types of depositional features identified in the bed: vegetated
islands and sandy banks. The results of the research confirmed the initial
hypothesis, demonstrating that there was an expressive reduction in the fluvial
corridor area of this section of the Doce river: the river bed area decreased from
96.15km² in 1987 to 93.75km² in 2011; while the area of depositional features of the
"vegetated islands" type increased from 13.814km² in 1987 to 21.61km² in 2011. The
methodology used, combining remote sensing techniques in a GIS environment, was
satisfactory to reach the proposed objectives, allowing a broad view of the fluvial
section analyzed.
Key words: Doce river basin, sedimentation, depositional features, remote sensing.
LISTA DE FIGURAS
Figura 23 - Segmento 3: Delimitação das margens do rio Doce, Linhares, para 1987
(em azul) e 2011 (em vermelho)................................................................................64
Figura 26 - Segmento 4: Delimitação do leito do rio Doce, Linhares, para 1987 (em
azul) e 2011 (em vermelho)........................................................................................68
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Média vazão anual histórica do rio Doce, na estação de Colatina, de 1983
a 2013.........................................................................................................................73
TM - Thematic Mapper
Introdução.................................................................................................................13
2 Materiais e métodos..............................................................................................32
4 Resultados e discussões......................................................................................55
Considerações finais...............................................................................................82
Referências...............................................................................................................84
Anexos.......................................................................................................................87
Anexo A......................................................................................................................87
Anexo B......................................................................................................................88
Anexo C......................................................................................................................89
Anexo D......................................................................................................................90
INTRODUÇÃO
Historicamente, as áreas planas e mais próximas aos rios são as primeiras a serem
ocupadas, devido a sua facilidade de construção e acesso, bem como os diversos
tipos de usos que lhe dispõem, tais como o preparo de alimentos, higiene,
navegação, irrigação, entre outros (JORGE, 2011). Botelho (2011) também
evidencia que as intervenções antrópicas nos recursos hídricos ocorrem desde o
surgimento das primeiras comunidades humanas, contudo, as maiores intervenções
têm sido registradas em tempos historicamente mais recentes, notadamente nas
margens dos rios e em linha de costa.
Essa realidade atinge grande parte das bacias hidrográficas brasileiras, do mesmo
modo que ocorre com a bacia do rio Doce, que possui uma área expressiva, de
83.465 km², localizada nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. O processo de
ocupação da bacia levou a um intenso desmatamento das florestas nativas, por
meio da urbanização e das diversas atividades econômicas, repercutindo direta ou
indiretamente no leito do rio Doce.
Os eventos recentes de severa estiagem pela qual a região sudeste do país vem
enfrentando, incluindo o Espírito Santo, denunciaram a fragilidade hídrica e a falta
de sustentabilidade na qual muitas bacias hidrográficas brasileiras enfrentam. Além
disso, o episódio do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana
13
(MG) que atingiu diretamente o rio Doce, é apenas um dos exemplos de negligência
e despreparo com o qual a sociedade tem tratado as bacias e seus cursos d’água.
14
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONCEITUAL
15
O ciclo hidrológico não é igual em todo o planeta, e a disponibilidade de água doce
varia de acordo com sua localização geográfica (dependendo de sua latitude e
altitude), o clima e o tipo de ambiente em que se encontra, que afetará diretamente
os processos que o compõem.
Botelho (2011) explica que a entrada da água nos sistemas terrestres, na forma de
precipitação, desencadeia uma série de processos e possíveis trajetos que
dependem das características da própria precipitação e também, sobretudo, dos
atributos e condições das diferentes esferas por onde irá circular. Parte da água é
interceptada pela vegetação: seja por gramíneas ou pela copa das árvores, sendo
que uma parcela dessa água volta à atmosfera por evaporação, e outra parte chega
ao solo, por gotejamento das folhas ou escoando pelo tronco. A ação direta das
gotas de chuva causa a erosão por salpicamento (ou splash) (GUERRA, 2001).
Outra parcela de água precipitada pode, ainda, atingir diretamente os cursos d’água,
se convertendo diretamente em vazão (POLETO, 2014), ou atingir superfícies
impermeabilizadas pelo homem.
16
Nesse sentido, fica evidente o papel da água como agente modelador da superfície
terrestre. A água erode, transporta e deposita a carga detrítica de acordo com as
características ambientais de cada local. A seguir, serão discutidos alguns
processos e características que ocorrem nos sistemas fluviais e o importante
trabalho que os rios executam.
17
média das águas, rugosidade do leito, concentração de sedimentos, entre outros
(CUNHA, 2001), interferindo diretamente na configuração do corredor fluvial dos
rios.
Cunha (2001) ainda destaca que um perfil típico em equilíbrio possui formato
côncavo, com as maiores declividades nas nascentes, assumido quando há uma
relação de igualdade entre a atuação da erosão, do transporte e da deposição.
Neste sentido, a forma do perfil longitudinal do rio procura atingir o estado de
18
equilíbrio, que ocorre quando existe um balanço entre a descarga líquida, o
transporte de sedimentos, a erosão e a deposição, de tal modo que o rio mantenha
uma proporcionalidade do tamanho de sua calha, da nascente até a foz.
19
Figura 3 - Tipos de leitos fluviais.
Fonte: Adaptado de Christofoletti (1980).
Christofoletti (1981) destaca que duas forças externas principais atuam sobre a água
que flui em canais abertos: a gravidade e a fricção. A força da gravidade possibilita o
escoamento das águas das partes mais altas para as mais baixas, de acordo com as
declividades ao longo do perfil longitudinal dos rios. Por outro lado, ao escoar, o
contato da água com a superfície delimitante do canal (leito e margens) sofre a ação
da fricção, promovendo uma ação de retardamento, cuja direção é contrária à do
fluxo. A fricção tende a separar as partículas de água, e, portanto, recebe o nome de
força de cisalhamento. Nesse sentido, em canais abertos, ocorrem diversos tipos de
fluxos de escoamento de água, cujos principais são do tipo laminar ou turbulento.
Segundo o autor, o fluxo laminar ocorre quando a água escoa por um canal reto,
suave, a baixas velocidades, fluindo em camadas paralelas acomodadas umas
sobre as outras, não havendo difusão nem mistura entre elas.
Quando a velocidade das águas excede determinado valor crítico, o fluxo torna-se
turbulento, caracterizado por uma variedade de movimentos caóticos, heterogêneos,
com diversas correntes secundárias que são contrárias ao fluxo principal que segue
a jusante. Neste tipo de fluxo, as velocidades das camadas são mutáveis ao longo
do tempo nos perfis transversal e longitudinal, flutuando de maneira aleatória e
20
causando uma mistura constante entre si, com partículas de menor velocidade
penetrando nas camadas mais rápidas, e vice-versa. Os fatores que afetam a
velocidade crítica, permitindo que o fluxo se torne turbulento, são a viscosidade e a
densidade do fluido, a profundidade da água e a rugosidade da superfície do canal.
Quanto maior for a viscosidade do fluido, maior será a velocidade necessária para
tornar o fluxo turbulento.
Cunha (2001, p. 227) destaca que a velocidade das águas, por sua vez, depende de
fatores como a declividade do perfil longitudinal, o volume das águas, a forma do
perfil transversal, o coeficiente de rugosidade do leito e a viscosidade da água. Além
disso, a velocidade das águas se distribui de um lugar para o outro, no sentido
vertical, transversal e longitudinal, e de modo geral, ela diminui da superfície para o
fundo e do centro para as margens (CHRISTOFOLETTI, 1981). Estas noções são
importantes, pois a velocidade e a turbulência das águas estão intimamente
relacionadas com o trabalho que o rio executa, como será abordado a seguir.
Todo o material erodido e transportado pelo rio compõem a sua carga detrítica.
Christofoletti (1981) destaca que uma parcela da carga detrítica dos cursos d’água é
obtida pela ação erosiva das águas sobre as margens e o fundo do leito, entretanto,
a maior parte é fornecida pela remoção detrítica das vertentes.
A erosão no leito fluvial pode ocorrer através de três processos diferentes: corrosão,
corrasão (ou abrasão) e cavitação. A corrosão engloba todo processo químico que
21
se realiza a partir da reação do contato entre a água e as superfícies do canal fluvial.
A corrasão, por sua vez, é o desgaste que ocorre pelo atrito mecânico da água
sobre o canal, através do impacto das partículas carregadas pela água, tendendo a
reduzir a rugosidade do leito. Já a cavitação ocorre apenas sob condições de
velocidades elevadas do fluxo de água, quando as variações de pressão sobre as
paredes do canal facilitam o intemperismo. Sendo assim, a capacidade de erosão
das águas no leito depende da velocidade e turbulência, do volume e das partículas
(CHRISTOFOLETTI, 1980; CUNHA, 2001; NOVO, 2008).
22
suspensão são relativamente pequenos, sendo que as bacias Platina e do rio Doce
são as de valores mais elevados (CHRISTOFOLETTI, 1981).
Já a carga do leito do rio é composta por partículas de maior granulometria, como
areia e cascalhos. São transportadas por saltação, deslizamento ou rolamento no
fundo, em uma velocidade menor que a do fluxo, devido a seu volume e densidade
maiores, sendo deslocados de modo intermitente (CHRISTOFOLETTI, 1981).
23
1.2.4 Tipos de canais fluviais
Como apontam Christofoletti (op. cit.) e Cunha (2001), vários foram os autores e as
classificações propostas para os tipos de padrões de canal ao longo da evolução
desta área de conhecimento. Eles apontam a interessante classificação proposta por
Chitale (1970, apud CHRISTOFOLETTI, 1981), que procura solucionar o problema
da divisão clássica entre os três padrões (retilíneo, anastomosado e meandrante).
Segundo este autor, as características de cada um destes tipos não são exclusivas,
e a característica que distingue um do outro trata de variáveis diferentes: enquanto
os termos retilíneo e meandrante referem-se à direção do canal, anastomosado se
refere a multiplicidade de canais. Neste sentido, Chitale (op. cit.) propõe uma
classificação em três categorias: canais únicos, canais múltiplos, e uma categoria
transicional entre as duas primeiras. Christofoletti (1981), considerando as diversas
classificações, adota a seguinte tipologia:
24
o Sinuosos;
o Meandrantes;
o Tortuosos (ou irregulares).
Canais transicionais, uma categoria que fica entre as duas primeiras, no qual
o curso d’água pode exibir uma tendência de se alterar do padrão único para
canais múltiplos.
25
moderadamente baixos; fluxos contínuos regulares; cargas em suspensão e de
fundo em quantidades mais ou menos equivalentes. Dadas as condições, o
estágio inicial do meandramento ocorre pela formação da sequência de
depressões e umbrais ao longo do leito.
26
do material detrítico para além da capacidade de transporte do rio. Entretanto, ele
destaca algumas condições básicas para o estabelecimento deste padrão:
a) Disponibilidade de carga do leito, sendo o pré-requisito essencial, com
grande quantidade de carga grosseira;
b) Variabilidade do regime fluvial, que pode ser um fator atuante, em regiões
que apresentam variações acentuadas na precipitação;
c) Existência de um contraste topográfico acentuado. A junção de áreas com
topografias altas e baixas promove a deposição detrítica e a ramificação
dos canais sobre a superfície aluvial.
Uma vez formadas, estas barras arenosas podem ser estabilizadas pela
deposição de sedimentos mais finos em fase subsequente a um período de
enchente. Em etapa posterior pode-se estabelecer uma cobertura vegetal
que, além de dificultar a erosão, favorece a deposição de mais sedimentos
finos.
Cunha (op. cit.) destaca ainda a bacia, enquanto unidade hidrogeomorfológica, como
um sistema aberto, que recebe impulsos energéticos externos (das forças climáticas
atuantes sobre sua área) e perde energia por meio da água e dos sedimentos. As
relações de entrada e saída de matéria e energia são influenciadas pelas
características da bacia e drenagem (GREGORY; WALLING, 1973, apud CUNHA,
2001), de modo que alterações no suprimento destas variáveis conduzem a um
28
autoajuste das formas e processos da bacia. Neste sentido, fica evidente a
interdependência das variáveis da bacia.
Ao longo da história da humanidade, as áreas planas e mais próximas aos rios são
as primeiras a serem ocupadas, devido a sua facilidade de construção e acesso,
bem como os diversos tipos de usos que lhe dispõem, tais como o preparo de
alimentos, higiene, navegação, irrigação, entre outros. Somado a isso, o processo
de urbanização brasileiro acelerado e desordenado repercute em diversas escalas
espaciais e em curtos períodos de tempo, causando desequilíbrios ambientais
(JORGE, 2011). Botelho (2011) também evidencia que as intervenções antrópicas
nos recursos hídricos ocorrem desde o surgimento das primeiras comunidades
humanas, contudo, as maiores intervenções têm sido registradas em tempos
historicamente mais recentes, notadamente nas margens dos rios e em linha de
costa.
Botelho e Silva (op. cit.) destacam que não apenas a dinâmica das águas é alterada
no ciclo urbano, mas também a sua qualidade fica bastante comprometida, cujas
principais fontes de poluição são a emissão de esgoto (poluição orgânica), lixo
(poluição por resíduos sólidos) e indústrias, cujos despejos são os mais poluentes,
devido a presença de substâncias tóxicas.
31
2 MATERIAIS E MÉTODOS
1
O Shapefile/shape/shp é um formato popular, desenvolvido e regulamentado pela empresa americana
especializada na produção de soluções para a área de informações geográficas Esri - Environmental Systems
Research Institute contendo dados geoespaciais em forma de vetor que descrevem geometrias de pontos (ex.:
localidades), linhas (ex.: rios, estradas), e polígonos (ex.: limites territoriais) com cada shape possuindo uma
tabela de atributos / banco de dados geográfico que descrevem, por exemplo campos/características criadas
pelo usuário do SIG como: nome do município, código da estrada, a quantidade de população, etc.
32
Mapeamentos da bacia, tais como: mapeamento de uso e cobertura da terra
realizado em 2006 (EPE, 2007), mapa de suscetibilidade à erosão da bacia
(EPE, 2007), mapeamento geomorfológico do Espírito Santo realizado em
2012 junto ao junto ao Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN, 2016a e
2016b);
33
Imagens orbitais gratuitas junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE, 2016a) através da plataforma DGI - Divisão de Geração de Imagens.
Foram utilizadas imagens do satélite Landsat 5, sensor TM, de resolução
espacial de 30 metros, para os dois períodos analisados: uma imagem com data
de passagem em 28 de julho de 1987, e outra em 30 de julho de 2011, ambas no
mesmo quadrante de órbita/ponto 215/074.
A escolha do período de análise foi feita após criterioso levantamento das imagens
disponíveis de 1985 a 2013 no satélites Landsat 5, e cruzamento com os dados de
vazão registrados no dia da passagem das imagens, da estação Colatina. O primeiro
passo realizado foi verificar as imagens disponíveis com baixa cobertura de nuvens,
permitindo assim uma boa visualização dos alvos de interesse, anotando as datas
de passagem das imagens em uma tabela (Tabela 1). A Figura 7 mostra uma
captura do catálogo de imagens do satélite Landsat 5, onde se observam as várias
imagens inutilizáveis por conta da alta cobertura de nuvens.
35
mar, em Linhares. A escolha foi motivada para compreender a evolução dos
depósitos sedimentares em condições normais, sem influência do rompimento da
barragem.
36
É importante destacar que os dados dos anos de 1983 e 1989 devem ser
considerados com cautela, pois não estão disponibilizados em sua totalidade. O ano
de 1983 possui dados de seis meses do ano, de julho a dezembro, enquanto 1989
possui apenas dois meses: março e abril. Entretanto, optou-se por deixar os dados
nas tabelas e gráficos, ainda que com essa ressalva.
Optou-se por utilizar a banda 2 (verde) para realizar a classificação dos depósitos
sedimentares no leito do rio Doce, por apresentar grande sensibilidade à presença
de sedimentos, conforme informações contidas na Tabela 2, obtidas no Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2016b).
37
TABELA 2 - Principais características e aplicações das bandas dos satélites Landsat 5 e 7.
Intervalo Resolução Principais características e aplicações das bandas TM e
Banda
espectral espacial ETM. Satélites LANDSAT 5 e 7
Apresenta grande penetração em corpos de água, com elevada
transparência, permitindo estudos batimétricos. Sofre absorção
1 0,45 - pela clorofila e pigmentos fotossintéticos auxiliares
azul 0,52 µm (carotenóides). Apresenta sensibilidade a plumas de fumaça
oriundas de queimadas ou atividade industrial. Pode apresentar
atenuação pela atmosfera.
Apresenta grande sensibilidade à presença de sedimentos em
2 0,52 -
suspensão, possibilitando sua análise em termos de quantidade
verde 0,60 µm
e qualidade. Boa penetração em corpos de água.
A vegetação verde, densa e uniforme, apresenta grande
absorção, ficando escura, permitindo bom contraste entre as
áreas ocupadas com vegetação (ex.: solo exposto, estradas e
3 0,63 -
áreas urbanas). Apresenta bom contraste entre diferentes tipos
vermelho 0,69 µm
de cobertura vegetal. É a banda mais utilizada para delimitar a
30 m mancha urbana, incluindo identificação de novos loteamentos.
Permite a identificação de áreas agrícolas.
Os corpos de água absorvem muita energia nesta banda e
ficam escuros, permitindo o mapeamento da rede de drenagem
e delineamento de corpos de água. A vegetação verde, densa e
4
0,76 - uniforme, reflete muita energia nesta banda, aparecendo bem
infravermelho
0,90 µm clara nas imagens. Apresenta sensibilidade à rugosidade da
próximo
copa das florestas. Permite a visualização de áreas ocupadas
com macrófitas aquáticas. Permite a identificação de áreas
agrícolas.
Apresenta sensibilidade ao teor de umidade das plantas,
5 servindo para observar estresse na vegetação, causado por
1,55 -
infravermelho desequilíbrio hídrico. Esta banda sofre perturbações em caso de
1,75 µm
médio ocorrer excesso de chuva antes da obtenção da cena pelo
satélite.
6 Apresenta sensibilidade aos fenômenos relativos aos contrastes
10,4 -
infravermelho 120 m térmicos, servindo para detectar propriedades termais de
12,5 µm
termal rochas, solos, vegetação e água.
Apresenta sensibilidade à morfologia do terreno, permitindo
7 obter informações sobre Geomorfologia, Solos e Geologia. Esta
2,08 -
infravermelho 30 m banda serve para identificar minerais com íons hidroxilas.
2,35 µm
médio Potencialmente favorável à discriminação de produtos de
alteração hidrotermal.
Fonte: Adaptado de INPE (2016b).
Embora a banda 4 seja a mais indicada para delimitação de corpos d’água, ela é
insatisfatória para a análise dos tipos de depósitos de sedimentos no leito do rio,
pois não distingue a diferença entre eles (bancos arenosos e ilhas com vegetação
fixada): ainda que a rugosidade apresentada nos depósitos com vegetação seja bem
característica, a tonalidade de todas as feições depositadas fica a mesma, variando
entre cinzas claros, como pode ser observado na Figura 8.
38
A banda 3, embora também possibilite a visualização e distinção entre os tipos de
depósitos no leito do rio, apresenta resposta também da turbidez da água, dos
sedimentos que estão em suspensão no leito, submersos sobre a lâmina d’água, e
portanto inviabiliza a análise desejada. Sendo assim, a banda 2 foi a que apresentou
melhor resposta para diferenciá-los, onde os depósitos com vegetação
apresentaram tons escuros e os depósitos sedimentares tonalidades bem claras,
próximas ao branco. Além da banda 2, foi utilizado como auxílio uma imagem
composta pelas bandas 1, 2 e 3 na cor natural, composição R(3) G(2) B(1), por
possibilitar uma boa visão dos diferentes alvos na imagem, como pode se observar
na Figura 9.
39
cada classe, sendo criadas três classes: uma para as ilhas, vegetadas, uma para os
bancos arenosos e uma para a água.
O arquivo matricial gerado pela classificação foi convertido para polígono, através da
ferramenta Conversion Tools - From Raster - Raster to Polygon, e posteriormente
exportado para o formato vetorial. Com o Plano de Informação de classificação dos
depósitos, foi realizada a correção manual dos polígonos através da ferramenta
“Editor”, e excluída a classe da “água”, visto que os alvos importantes eram os
depósitos sedimentares. Os polígonos das classes “bancos arenosos” e “ilhas
vegetadas” podem ser observados na Figura 9.
Figura 9 - Polígonos criados na classificação das feições deposicionais no leito do baixo curso do rio
Doce e delimitação de suas margens em 2011.
Para quantificar a área (em km²) dos depósitos sedimentares nos dois períodos
analisados, realizou-se o agrupamento de todos os polígonos de cada classe
através da ferramenta Dissolve, na aba Geoprocessing. Após isso, no banco de
40
dados do Plano de Informação foi criada uma coluna e calculada a área total dos
depósitos, em quilômetros quadrados, através da ferramenta Calculate Geometry.
Além disso, foi criado um Plano de Informação no formato de polígono para cada
período e vetorizado manualmente o leito do rio Doce, através da delimitação de
suas margens, desde o limite do município de Linhares até o seu deságue no
oceano e posterior cálculo de sua área em quilômetros quadrados. Este processo foi
feito com a imagem composta na cor natural e o auxílio da banda 4 por distinguir
melhor o corpo d’água das áreas continentais. A delimitação das margens do rio
Doce pode ser observada na Figura 9.
41
Figura 10 - Segmentos 1 a 4 no trecho analisado no baixo curso do rio Doce, no município de Linhares, ES.
42
3 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Figura 11 - Localização da área de estudo: baixo curso do rio Doce no município de Linhares, ES.
43
trecho de um rio em um determinado momento, como parte de um sistema aberto e
dinâmico, que é o sistema fluvial, é preciso considerar a bacia hidrográfica em sua
totalidade, identificando os diversos elementos e agentes que a compõem e a
modificam ao longo do tempo, em seus aspectos socioambientais. Sendo assim,
este capítulo abordará aspectos da caracterização da bacia do rio Doce, na maioria
dos casos, identificando os diferentes aspectos dos setores alto, médio e baixo da
bacia, por conta de sua extensa dimensão.
O rio Doce se forma a partir do encontro dos rios Piranga e do Carmo, entre os
municípios mineiros de Ponte Nova, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado. O rio
Piranga possui suas nascentes nas serras da Mantiqueira e do Espinhaço, no
extremo sudoeste da bacia, e o rio do Carmo nasce no município de Ouro Preto,
extremo oeste da bacia. O canal do rio Doce possui padrões geomorfológicos
diferenciados, com segmentos de meandros, retilíneos e anastomosados e ainda
presença de ilhas, principalmente no médio curso (ANA, 2015).
Strauch (1955) observa que, apesar de se encontrar em uma região brasileira que
caracteriza os rios das encostas do planalto atlântico, e embora conte com inúmeras
corredeiras e pequenas quedas, o curso do rio Doce é geralmente lento, com
44
margens baixas e alagadiças. Ele destaca, entretanto, que o mesmo não ocorre em
seus maiores afluentes, como o Piracicaba, Manhuaçu, Santo Antônio, Saçuí
Grande, principalmente em seus altos cursos, que se apresentam geralmente
encaixados, com cachoeiras sucessivas. Estas características refletem o nível de
base superior desses afluentes em relação ao rio principal, o Doce.
45
O setor do alto rio Doce, caracterizado pelas morfoesculturas 1 - serras limites da
bacia do rio Doce e 2 - planaltos alto rio Doce (Figura 12), é marcado por serras e
cristas em complexo Gnáissico-Magmático ocorrendo falhamentos nas direções NO-
SE e NE-SO. A porção a montante do rio Piracicaba, um dos principais da bacia, é
marcada por um conjunto de relevos acidentados, com colinas alongadas conferindo
ao modelado um aspecto de “mares de morros”, destacando a Serra do Caraça, com
2.064m.
46
Já o setor baixo rio Doce, caracterizado pela morfoescultura 5 - planícies e
tabuleiros costeiros do baixo rio Doce, sendo a menor da bacia, encontra-se
totalmente inserida no estado do Espírito Santo, marcada por uma morfologia que
varia de oeste para leste de colinas, tabuleiros e planície litorânea. Destaca-se em
vermelho na Figura 12 o município de Linhares, cujas unidades geomorfológicas
podem ser observadas em maior escala na Figura 13. São elas:
Figura 13- Unidades geomorfológicas do baixo curso do rio Doce no município de Linhares, ES.
Fonte: Coelho (2007).
47
Planície fluvio-lacustre, que pode ser compreendida como um prolongamento
da planície costeira, formada, porém, a partir do processo de elaboração
predominante do rio, pela sedimentação fluvial.
48
A Figura15 apresenta o perfil longitudinal do canal principal do rio Doce, indicando a
cota altimétrica para alguns municípios, destacando Linhares com a seta vermelha.
Figura 15 - Perfil longitudinal no canal do rio Doce, destacando em vermelho o recorte da área
de estudo, no município de Linhares, ES.
Fonte: Coelho (2007).
49
3.3 Aspectos climáticos
A bacia do rio Doce possui uma diversidade climática considerável por conta de um
conjunto de fatores, dada a sua expressiva dimensão, sua posição geográfica, suas
características de relevo e da atuação das massas de ar em seu interior. É possível
diferenciar os aspectos climáticos para cada um dos setores da bacia: alto, médio e
baixo rio Doce, conforme estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética
(EPE, 2007).
O alto rio Doce se enquadra no tipo climático Cwb segundo classificação de Köppen:
clima subtropical de altitude, com inverno seco e verão ameno e chuvas de verão.
Este setor é marcado pela topografia acidentada e de elevadas altitudes,
favorecendo a ocorrência de chuvas orográficas e a formação de eventos chuvosos
intensos. A precipitação se distribui em períodos bem definidos durante o ano: mais
de 80% da precipitação ocorre entre os meses de outubro a março, em que os
índices pluviométricos variam entre 1.200mm a 1.500mm por ano, podendo
apresentar valores maiores que isso. A temperatura apresenta variações
significativas, aumentando no sentido de sudoeste para nordeste, sendo as máximas
em torno dos 36ºC e as mínimas 1,2ºC. A umidade fica em torno de 75%, com
valores extremos entre 65 a 80%.
O médio rio Doce enquadra-se nos tipos climáticos Cwa (subtropical de inverno seco
e verão quente, com chuvas de verão) e Aw (clima tropical com verão quente
chuvoso e inverno seco) da classificação de Köppen. A amplitude térmica desta
unidade é pequena, em que as temperaturas médias ficam em torno de 33ºC nos
meses mais quentes e 25ºC nos meses mais frios. A umidade relativa fica em torno
de 70 a 81% e a precipitação pode ser superior a 1.200 mm/ano na maior parte
deste setor, exceto pela faixa leste, na região próxima a Aimorés (MG), onde a
precipitação pode atingir valores de aproximadamente 870 mm/ano (COELHO,
2007). O período de seca é bem definido, de abril a setembro.
O baixo rio Doce também se enquadra nos tipos climáticos Cwa e Aw, segundo
Köppen. Entretanto, este setor sofre uma forte influência marítima, pela proximidade
50
da costa. A variação de temperatura é pequena, no sentido norte-sul, normalmente
em torno de 2ºC (22ºC a 24ºC), sendo janeiro o mês mais quente e as mínimas
variando entre 16ºC a 18ºC na região litorânea. A precipitação chega até 1.220
mm/ano (COELHO, 2007), ficando abaixo de 1.500 mm/ano por conta de sua
posição geográfica, localizada em uma região que recebe correntes com menos
frequência.
51
TABELA 5 - Classes de suscetibilidade à erosão na bacia do rio Doce.
Suscetibilidade à erosão Percentual da área
Muito forte 10,18
Forte/muito forte 13,11
Forte 15,35
Moderada/Forte 48,23
Moderada 9,45
Ligeira/moderada 0,57
Ligeira 0,33
Nula/ligeira 0,88
Nula 1,48
Água 0,42
Total 100,00
Fonte: Adaptado de EPE, 2007.
52
Figura 16 - Mapa de suscetibilidade à erosão da bacia do rio Doce. . Em vermelho destacando o
município de Linhares, ES.
Fonte: Adaptado de EPE (2007).
Sintetizando a obra de Strauch (op. cit.), Coelho (2007) destaca que a ocupação e a
transformação da paisagem no entorno do canal principal do rio Doce ocorreu de
forma definitiva apenas no ano de 1901, a partir da construção da Estrada de Ferro
Vitória-Minas (EFVM). Até então, a bacia possuía apenas 26 municípios, sendo 22
em Minas Gerais e 4 no Espírito Santo.
53
À época, a paisagem da bacia era coberta por mata nativa, com o predomínio da
mata atlântica e extensa cobertura de mata ciliar. Os autores destacam que o
processo de extinção da mata ocorreu de modo mais intenso no baixo rio Doce, a
partir da derrubada de árvores com as atividades do ciclo madeireiro, cujo período
marcante foi de 1910 a 1960, com a instalação de inúmeras serrarias e indústrias
madeireiras de grande porte. Assim, em menos de quatro décadas, grande parte das
matas nativas do rio Doce foram dando lugar a uma paisagem de café a pastagem,
impulsionada, inclusive, pela chegada da ferrovia como importante via de
escoamento da madeira.
55
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Segmento 1
Neste primeiro segmento houve alterações no leito do rio de 1987 para 2011, com
estreitamento do perfil transversal a partir de alguns pontos de agradação tanto na
margem esquerda quanto na direita, como pode ser observado na Figura 17. O Perfil
transversal 1 (P1) que em 1987 media 1,12km de largura passou para 0,94 km em
2011; assim como o Perfil transversal 2 (P2) que passou de 1,68 km em 1987 para
1,47 km em 2011.
56
Figura 17 - Segmento 1: Delimitação da área do leito do rio Doce, Linhares, para 1987 (em azul) e 2011 (em vermelho). 57
Figura 18 - Segmento 1: Alterações observadas nas feições deposicionais no rio Doce, Linhares.
58
Imagens do Google Earth (GOOGLE, 2016) registradas em agosto de 2016
demonstram que a ilha vegetada do Segmento 1 apresentada no ponto 3 da Figura
18 se encontra ainda mais próxima da margem esquerda do rio, separada do
continente apenas por um filete de água (Figura 19), o que reforça a tendência de
anexação ao continente.
Imagem de 08/2016
Figura 19 - Ilha vegetada apontada no segmento 1 crescendo em direção à margem esquerda do rio
Doce.
Fonte: GOOGLE, 2016.
59
4.2. Segmento 2
60
Implantação de
enrocamento
Figura 20 - Segmento2: Delimitação da área do leito do rio Doce, Linhares, para 1987 (em azul) e 2011 (em vermelho). 61
Imagem de 07/2011
Figura 21 - Foto aérea do enrocamento na margem côncava do rio Doce, Linhares, no segmento 2.
Setas indicam os locais da estrutura construída.
Fonte: GOOGLE, 2016.
Imagem de 03/2012
62
4.3. Segmento 3
63
implantação de
enrocamento
Figura 23 - Segmento 3: Delimitação da área do leito do rio Doce, Linhares, para 1987 (em azul) e 2011 (em vermelho).
64
Imagem de 09/2009
Imagem de 04/2012
Figura 24 - Foto aérea de antes e depois da implantação do enrocamento na margem do rio Doce,
Linhares, no segmento 3. Setas indicam o local da estrutura construída.
Fonte: GOOGLE, 2016.
Mais uma vez, as alterações observadas nas feições deposicionais do leito do rio
foram semelhantes às dos segmentos anteriores, com o aumento das feições de
ilhas vegetadas a partir da conexão com bancos arenosos, aumento de bancos
arenosos a partir da conexão com outros bancos e surgimento de novos bancos
arenosos. Estas alterações podem ser observadas na Figura 25.
65
Figura 25 - Segmento 3: Alterações observadas nas feições deposicionais no leito do rio Doce,
Linhares.
66
4.4. Segmento 4
67
26 (B)
26 (A)
Implantação de
enrocamento
26 (C)
Praia de
Povoação
Praia de Regência
Figura 26 - Segmento 4: Delimitação da área do leito do rio Doce, Linhares, para 1987 (em azul) e 2011 (em vermelho). Em amarelo,
Fdestaca-se trecho com alterações mais expressivas. 68
Imagem de 09/2009
Imagem de 04/2012
Figura 27 - Foto aérea de antes e depois da implantação do enrocamento na margem do rio Doce,
Linhares, no segmento 4. Setas indicam o local da estrutura construída.
Fonte: GOOGLE, 2016.
Suguio et. al. (1982) destacam que as variações eustáticas desempenharam papel
fundamental na construção da planície costeira do rio Doce. Através de cartografia
detalhada e datações de rabiocarbono, os estudos realizados nesta área
evidenciaram a existência de dois grupos de terraços arenosos de idades diferentes,
cuja construção de cada um se associa aos dois últimos episódios transgressivos
que ultrapassavam o nível atual do mar (120.000 e 5.000 anos antes do presente).
Os terraços se separavam por uma antiga zona lagunar, que provavelmente ficou
isolada do oceano pela formação de ilhas-barreira, onde o rio Doce construiu um
delta típico, caracterizado pela presença de inúmeros distributários.
69
É importante destacar que, durante toda a fase lagunar antes do rebaixamento do
nível do mar cerca de 5.000 anos antes do presente, os sedimentos carreados pelo
rio Doce, por estarem presos na laguna, não contribuíram com a construção dos
cordões litorâneos que foram acrescidos, posteriormente, às ilhas barreiras. Para os
autores, embora hoje o rio Doce transporte sedimentos para o mar, o volume do
material transportado é insuficiente para explicar as dimensões da zona progradante
holocênica, portanto, ficando claro o papel das transgressões e regressões marinhas
na construção da planície quaternária do rio Doce.
Ainda considerando seu processo de evolução até o estágio dos níveis de hoje,
Muehe (2001 e 2002) classifica o paleodelta do rio Doce como destrutivo, sugerindo
que ao longo do período Terciário e no início do Quaternário o delta passou por um
processo de construção por conta de seu grande aporte sedimentar, e que
atualmente, possui características de um estuário com uma foz única, onde o papel
da vazão e sedimentação fluvial não se sobrepõe ao trabalho das ondas e correntes
costeiras. Nesse sentido, Coelho (2007) destaca que pesquisas recentes registram a
ocorrência de relativa progradação da linha de costa na porção sul à
desembocadura, ainda que de forma menos expressiva que no passado; enquanto
na porção norte observa-se processos de erosão costeira, sugerindo o final do
70
processo de transição de construtivo para destrutivo, que mais uma vez reforçaria a
erosão observada no período aqui analisado.
Aprile et. al. (2004) realizaram monitoramento dos sedimentos na foz do rio Doce
entre 1993 e 1998 e posterior análise química e granulométrica a fim de avaliar a
influência da dinâmica costeira e dos processos erosivos na geomorfologia da foz do
rio. Os resultados mostraram um acelerado processo de erosão das margens do rio
em sua foz, com grande capacidade de transporte de material dissolvido e em
suspensão, principalmente durante as chuvas. Os autores compararam o diâmetro
das partículas depositadas com a velocidade da corrente fluvial na foz, onde
observaram que ocorreu uma deposição praticamente imediata do material em
suspensão, formando uma barra com extremidade voltada para o sul (Figura 28),
forçando o rio a deslocar sua foz nesta direção.
Eles destacam, ainda, que a partir daí se iniciou a ação do mar, que removeu o
material mais fino e depositou o material grosseiro ao longo da costa, formando os
cordões litorâneos na planície. Sendo assim, eles sugerem que o sedimento
presente na calha principal do rio Doce seja proveniente de duas fontes distintas: as
frações de maior diâmetro seriam de origem marinha, e as de menor diâmetro
71
provenientes dos processos erosivos na bacia de drenagem e nas próprias margens
do rio.
Com os dados organizados na Tabela 7, observa-se que a área do leito do rio sofreu
uma redução de 2,4 km² de 1987 para 2011. Além deste valor, a área de depósitos
de ilhas vegetadas presentes no leito de 1987 para 2011 cresceu de 13,81 km² para
21,61 km², uma diferença de 7,8 km².
Por outro lado, também se observaram pontos de erosão marginal do rio, onde
houve aumento da largura do perfil transversal; bem como a instalação pontual de
enrocamentos nos segmentos 2, 3 e 4, a maioria na margem côncava do rio, a fim
de conter a erosão em trechos em que foram construídas rodovias a uma curta
distância do leito do rio.
A análise dos dados hidrológicos apontou uma queda na vazão média anual do rio
Doce de 1983 a 2013, como se observa no Gráfico 1, com a tendência linear.
Gráfico 1 - Média vazão anual histórica do rio Doce, na estação de Colatina, de 1983 a 2013.
Fonte: ANA (2016b), elaborado pela autora.
73
como se observa no Gráfico 2. Estes dados demonstram que queda na vazão média
registrada neste período não pode ser atribuída diretamente ao regime de
precipitação local, visto que esta se manteve linear.
Gráfico 2 - Comparação entre média vazão anual do rio Doce e precipitação anual acumulada na
estação de Colatina, de 1983 a 2013.
Fonte: ANA (2016b), elaborado pela autora.
Além disso, uma análise dos valores mínimos anuais para este mesmo período
também apresentou uma tendência de queda de 1983 para 2013, conforme se
observa no Gráfico 3. Isso indica que os valores mínimos de vazão do rio Doce têm
atingido, cada vez mais, menores valores.
Por outro lado, as vazões máximas anuais apresentaram uma tendência de aumento
de 1983 para 2013, como se observa no Gráfico 4, indicando que os valores
máximos de vazão tem atingido valores maiores.
74
Gráfico 3 - Mínima vazão anual histórica do rio Doce, na estação de Colatina, de 1983 a 2013.
Fonte: ANA (2016b), elaborado pela autora.
Gráfico 4 - Máxima vazão anual histórica do rio Doce, na estação de Colatina, de 1983 a 2013.
Fonte: ANA (2016b), elaborado pela autora.
75
Os Gráficos 3 e 4 indicam que o rio Doce, nesse setor, vem apresentando um
regime de vazão bem instável, com valores de máximas e mínimas cada vez mais
intensificados, refletindo as condições geomorfológicas do canal.
76
A leitura dos estudos já realizados na bacia do rio Doce evidencia que o baixo curso
é o trecho mais impactado pelo assoreamento. Estes impactos são preocupantes,
visto que a região possui grande importância socioambiental. Do ponto de vista
ambiental, destaca-se, primeiramente, o grande valor hídrico da região, em virtude
do rio Doce e do grande complexo lacustre na região, além da importante função
ecológica destes ambientes (ZANCOPÉ, 2012).
Ainda, a região conta com uma unidade de conservação (UC), a Reserva Biológica
(REBIO) de Comboios, a sul da desembocadura do rio Doce, bem como a presença
do Projeto Tamar, onde ocorre desova de tartarugas marinhas. Um estudo realizado
por Moreira e Mendes (2010) sobre a diversidade de mamíferos em ecossistemas
costeiros do estado do Espírito Santo indicou que o litoral norte do estado abriga o
maior número de espécies registrado, com destaque para a região próxima à
Linhares, com a praia de Povoação, a norte da desembocadura do rio, registrando
20 espécies, e a de Regência, a sul da desembocadura, com 12 espécies. Trata-se,
portanto, de uma região de altíssima riqueza, complexidade e importância ambiental.
Uma matéria recente publicada agosto de 2016 no jornal local G1 Espírito Santo
(G1, 2016), afirma que o rio Doce atingiu a cota de 3 cm no município de Colatina
(segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Águas). Segundo a matéria, o
Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear), órgão
responsável pelo abastecimento de água no município, afirma que a dificuldade em
captar a água do rio se dá por conta dos bancos de areia em sua calha, que dificulta
o acesso à água. Por isso, o órgão realizou obras de abrimento de valas ao longo do
rio para conseguir realizar a captação. Isso denuncia que o problema de
77
assoreamento do rio já tem comprometido o abastecimento dos municípios pelos
quais o rio percorre.
Na pesquisa de Abdon (op. cit.) também são levantados os tipos de solos da bacia e
suas potencialidades e fragilidades ambientais, indicando as pastagens plantadas
em áreas inadequadas, segundo as condições de aptidão dos solos e as condições
topográficas, e acusando as áreas de maior erodibilidade, os principais tipos de
erosão e perdas de solo. Estas são sugestões de medidas válidas que poderiam
contribuir para a melhor compreensão dos processos erosivos da bacia do rio Doce
e, assim, traçar estratégias para minimizá-los.
No relatório executivo do PIRH da bacia do rio Doce (ANA, 2013), são listadas as
metas e objetivos principais traçados para o plano, cujas temáticas se dividem
basicamente em:
1. Qualidade da água;
2. Disponibilidade de água;
3. Suscetibilidade a enchentes;
4. Universalização do Saneamento;
78
5. Incremento de Áreas Legalmente Protegidas.
79
Figura 29 - Áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade na bacia do rio Doce, destacando
em vermelho o recorte de estudo, na planície costeira do rio Doce, Linhares.
Fonte: ANA (2013).
80
CONSIDERAÇÕES FINAIS
81
muito a contribuir com o planejamento de bacias, por possibilitar análises que
integram os diversos elementos da bacia e compreenda a relação entre eles. Ainda
que o planejamento integrado de bacias esteja previsto na Política Nacional de
Recursos Hídricos, sabe-se que, na prática, o planejamento das cidades raramente
considera a escala de bacias, e o desafio é ainda maior quando se trata de uma
bacia interestadual, com a do rio Doce.
82
REFERÊNCIAS
ANA - Agência Nacional das Águas. Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia
Hidrográfica do Rio Doce: relatório executivo. Agência Nacional das Águas. Brasília:
ANA, 2013.
ANA - Agência Nacional das Águas. Encarte especial sobre a Bacia do Rio Doce:
Rompimento da barragem de Mariana/MG. 2015. Disponível em <
http://arquivos.ana.gov.br/RioDoce/EncarteRioDoce_22_03_2016v2.pdf>. Acesso em 14
dez. 2016.
83
CARNEIRO, P. R. F.; MIGUEZ, M. G. Controle de Inundações em Bacias
Hidrográficas Metropolitanas. 1 ed. São Paulo: Annablume, 2011.
CUNHA, S.B. Canais fluviais e a questão ambiental. In: CUNHA, S.B; GUERRA, A.J.T.
(orgs.) A Questão Ambiental: Diferentes Abordagens. 1 ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2003. p. 219-238.
CUNHA, S.B. Geomorfologia Fluvial. In: GUERRA, A.J.T.; CUNHA, S.B. (orgs.)
Geomorfologia: Uma Atualização de Bases e Conceitos. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
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CUNHA, S.B.; GUERRA, A.J.T. Degradação ambiental. In: GUERRA, A.J.T. e CUNHA,
S. B. (orgs). Geomorfologia e meio ambiente. 4ª.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2003, p.337 - 376.
84
GOOGLE. Google Earth. Versão 7.1.7.2602. 2016. Disponível em: <https://
support.google.com/earth/answer/168344?hl=pt-BR>. Acesso em: 30 nov. 2016.
IJSN - Instituto Jones dos Santos Neves. Dados vetoriais no formato Shapefile e
Mapeamento do Uso e Cobertura da Terra. Disponível em:
<http://www.ijsn.es.gov.br/mapas/>. Acesso em 10 jul. 2016a.
Nível do Rio Doce cai e chega a 3 cm em Colatina, ES. 2016. G1 ES, Vitória, 25 de
agosto de 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2016/08/nivel-
do-rio-doce-cai-e-chega-3-cm-em-colatina-es.html>. Acesso em 15 dez. 2016.
85
NETTO, A. L. C. Hidrologia de Encosta na Interface com a Geomorfologia. In: GUERRA,
A. J. T.; CUNHA, S. B. (orgs.). Geomorfologia: Uma Atualização de Bases e Conceitos.
4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. p. 93-148.
STRAUCH, N. A Bacia do Rio Doce: estudo geográfico. Rio de Janeiro: IBGE, 1955.
TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. Recursos hídricos no século XXI. São Paulo: Oficina
de Textos, 2011.
86
ANEXO A - Média vazão mensal (m³/s) - Rio Doce - Estação Colatina - código 56994500
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA ANUAL
1983 745,3 645,8 676,0 1193,9 1371,4 2740,5 1228,8
1984 1189,7 829,9 848,9 907,6 611,5 498,1 466,1 480,5 588,9 577,0 812,4 2470,5 856,8
1985 3430,0 2207,0 2172,7 1363,5 1054,5 870,9 773,4 714,8 646,6 748,9 986,2 1446,3 1367,9
1986 2424,1 1129,8 718,5 590,7 546,2 490,1 443,0 490,3 388,6 340,6 482,5 851,7 741,3
1987 977,8 556,1 947,3 736,0 464,9 402,7 321,7 293,4 316,6 315,5 599,9 1750,0 640,2
1988 1605,3 1205,1 868,5 640,4 503,9 426,9 319,1 319,8 286,8 373,4 578,8 648,0
1989 775,6 403,1 589,3
1990 748,5 535,5 442,1 388,1 364,2 279,1 305,7 264,8 326,9 313,2 462,5 496,7 410,6
1991 1547,8 1503,3 1600,5 970,2 647,9 490,6 410,7 384,7 323,2 468,1 982,1 891,5 851,7
1992 2505,0 2880,8 1138,6 798,5 727,2 558,4 514,5 462,6 485,5 752,7 1912,2 2037,4 1231,1
1993 1804,0 1002,0 696,6 741,6 580,9 572,1 584,8 538,9 484,1 563,8 560,9 1147,6 773,1
1994 2355,1 837,1 1603,6 1159,4 769,3 622,3 514,4 428,6 360,8 328,5 675,9 1298,7 912,8
1995 208,6 300,8 252,6 274,3 334,9 489,5 780,2 559,0 447,8 739,4 610,5 1855,4 571,1
1996 368,1 311,2 306,6 415,8 349,1 399,8 531,5 628,5 710,5 1672,4 1645,5 1916,7 771,3
1997 3538,9 2103,6 1974,8 540,0 1058,1 1063,5 743,0 495,5 647,6 391,1 517,6 401,9 1123,0
1998 1226,7 1355,9 1211,7 1080,1 835,7 621,3 528,9 560,0 437,0 395,7 430,7 316,3 750,0
1999 1647,9 1251,3 1057,4 1158,0 529,3 534,1 292,3 376,7 294,2 285,4 254,1 236,7 659,8
2000 1651,5 1607,1 1376,3 878,7 1184,4 794,2 405,3 494,5 386,6 358,0 273,3 313,2 810,3
2001 1207,1 998,2 1118,7 452,5 478,3 329,7 303,7 275,3 274,8 229,2 215,1 201,3 507,0
2002 2453,2 2172,6 1393,2 1116,8 872,1 427,9 366,9 644,7 520,5 458,5 386,1 315,7 927,4
2003 3438,1 814,9 1215,4 819,5 661,1 447,5 326,9 487,6 405,8 319,8 348,5 323,4 800,7
2004 2244,9 1728,9 1686,6 1625,7 1763,6 913,4 696,9 638,2 453,3 536,3 367,2 363,3 1084,9
2005 1812,0 2045,6 2808,6 1137,4 928,1 789,8 613,3 549,1 539,0 462,1 1262,9 2063,6 1251,0
2006 844,0 575,1 1215,6 852,4 537,1 394,9 357,2 395,0 374,4 617,6 1151,9 2849,3 847,1
2007 2495,3 2612,9 976,1 704,1 572,5 464,9 394,0 344,1 384,9 344,4 325,2 638,9 854,8
2008 495,8 1100,1 794,1 710,4 386,3 256,5 229,8 182,8 182,5 212,3 737,9 1898,6 598,9
2009 3058,1 1389,2 905,8 1390,4 577,9 484,7 413,4 317,7 686,3 1042,0 1314,4 1052,7
2010 962,2 338,0 692,3 576,9 408,7 304,9 244,7 164,5 110,4 200,1 892,2 1372,1 522,2
2011 1875,6 398,3 1513,1 797,8 399,6 309,7 245,6 183,0 128,7 294,4 852,1 2490,9 790,7
2012 2946,5 1041,6 755,3 690,0 681,0 553,4 469,3 411,9 358,3 334,8 935,3 775,9 829,4
2013 805,7 961,1 672,6 794,8 457,8 476,4 343,7 282,3 247,2 368,0 398,9 3012,9 735,1
MÉDIA 1788,54 1234,23 1124,66 823,83 665,03 526,46 456,17 433,82 415,79 489,48 735,73 1303,14 830,3
MÍNIMA 208,64 300,79 252,62 274,3 334,9 256,5 229,8 164,5 110,4 200,1 215,1 201,26 410,6
MÁXIMA 3538,9 2880,8 2808,6 1626,0 1764,0 1064,0 780,2 714,8 710,5 1672,0 1912,0 3012,9 1367,9
Fonte: ANA (2016b), organizado pela autora.
87
ANEXO B - Máxima vazão mensal (m³/s) - Rio Doce - Estação Colatina - código 56994500
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÁXIMA ANUAL
1983 809,2 732 973,2 2160 2040 4754,5 4754,5
1984 1644 1240 1184 1446 676,2 564,4 510,6 682,4 732 751,2 2260 3761 3761,0
1985 4837 3187,5 3353 1725 1184 937,2 835,6 770,4 751,2 1096 1960 2946 4837,0
1986 4363 1716 835,6 719,6 670 542,4 553 809,2 587,2 392,2 862 1788 4363,0
1987 1617 987,6 2060 1788 575,8 500 387,4 349 489,6 448 1500 3084 3084,0
1988 3130 2444 1689 802,6 598,6 531,8 412,3 340 331 521,2 902,8 3130,0
1989 1374 510,6 1374,0
1990 1320 862 694,8 510,6 500 322 349 308,5 402,1 622 896 688,6 1320,0
1991 3245 2454,5 4498 1960 1056,6 526,5 453,2 437,8 882,4 564,4 2010 1347 4498,0
1992 4673,5 5341 1725 1002 868,8 628 564,4 500 598,6 1080 4125 3647,5 5341,0
1993 3341 1329 868,8 868,8 628 610 689,5 631 568 802 810 2137 3341,0
1994 3732 1474 3238 1645 914 727 624 487,2 450 450 1510 2549 3732,0
1995 234,7 458,4 299,8 295,6 402,1 966 1536 1064,4 646 1072,2 848,8 5282 5282,0
1996 505,8 335,7 325,2 638 418,5 481 787 787 842 5012 3008 4291 5012,0
1997 8687 3966 3862 1852 1402 1384 1096 874 727 610 575 462,4 8687,0
1998 2972 2159 1812 1384 1186 772 757 682 596 533 474,8 381,3 2972,0
1999 3420 2819 2258 1802 727 631 540 487,2 375,6 352,8 320,4 282 3420,0
2000 2786 2632 2522 2137 2016 1002 652 603 456,2 418,5 405,9 369,9 2786,0
2001 3368 2830 2610 1060 624 450 364,2 358,5 341,4 320,4 291,6 244,4 3368,0
2002 4698 3472 2960 1852 1402 978 898 882 667 568 462,4 381,3 4698,0
2003 6992 2137 1932 1744 787 742 631 554 474,8 387 375,6 352,8 6992,0
2004 5312 3862 2996 2948 2500 1339 866 818 779,5 617 462,4 450 5312,0
2005 3140 2852 6692 1636 1204 1186 727 624 1037 994 3420 4538 6692,0
2006 1422,6 911,4 2082,0 1186,2 712,4 482,2 482,2 422,6 482,2 1351,0 1922,0 4782,0 4782,0
2007 3719 4166 1598,2 820,8 733,7 557,5 506,8 399,5 393,8 446,1 519,3 1220,2 4166,0
2008 1198,9 2401,0 1359,8 1156,7 554,2 296,7 284,0 216,7 271,5 304,4 1782,0 5004,5 5004,5
2009 6489,5 2164,5 1912,0 2996,0 740,8 603,2 551,0 365,8 3296,5 2830,0 3238,0 6489,5
2010 2588,0 446,1 1486,4 1306,9 510,0 402,4 289,0 209,9 162,4 330,6 1867,0 5492,0 5492,0
2011 6377,0 586,7 3478,5 1468,1 538,3 365,8 309,6 266,5 156,3 640,0 3979,0 4656,0 6377,0
2012 6459,4 1655,6 1012,4 869,0 1128,2 650,9 517,8 455,2 455,2 420,0 1981,6 2032,2 6459,0
2013 2177,8 2256,3 1350,1 1357,4 616,7 622,3 440,0 357,2 293,5 533,9 806,3 9195,8 9495,8
MÉDIA 3601,7 2177,5 2135,6 1382,9 892,2 682,8 614,1 549,2 549,1 903,1 1506,9 2736,5 3601,7
MÍNIMA 234,7 335,7 299,8 295,6 402,1 296,7 284 209,88 156,3 304,37 291,6 244,4 402,1
MÁXIMA 8687 5341 6692 2996 2500 1384 1536 1064,4 1037 5012 4125 9195,8 9195,8
Fonte: ANA (2016b), organizado pela autora.
88
ANEXO C - Mínima vazão mensal (m³/s) - Rio Doce - Estação Colatina - código 56994500
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÍNIMA ANUAL
1983 713,4 616 553 719,6 987,6 1256 553,0
1984 802,6 664 587,2 664 537,1 453,2 417,4 407,2 526,5 505,3 442,9 1329 407,2
1985 2000 1437 1617 1128 909,6 822,4 732 670 587,2 564,4 592,9 868,8 564,4
1986 1104 796 616 537,1 500 448 417,4 349 326,5 299,8 295,6 387,4 295,6
1987 510,6 412,3 402,1 468,8 392,2 317,5 262 262 242,5 242,5 295,6 526,5 242,5
1988 738,4 587,2 526,5 448 407,2 353,8 287,2 287,2 258,1 266,2 373 258,1
1989 382,6 353,8 353,8
1990 468,8 363,4 344,5 331 287,2 250,3 258,1 226,9 242,5 238,6 262 353,8 226,9
1991 453,2 829 757,6 634 510,6 437,8 392,2 317,5 278,8 335,5 335,5 652 278,8
1992 751,2 1312 796 682,4 598,6 500 448 432,7 422,5 610 994,8 994,8 422,5
1993 1009,8 796 553 570,1 500 484,4 481 493,4 437,4 405,9 381,3 499,6 381,3
1994 1528 568 596 890 682 568 424,8 375,6 282 235 291,6 712 235,0
1995 190,6 201,4 219,4 258,1 287,2 317,5 344,5 353,8 387,4 448 468,8 640 190,6
1996 286,8 286,8 291,6 315,6 315,6 358,5 375,6 499,6 582 596 749,5 794,5 286,8
1997 1222 1051 1026 352,8 794,5 858 652 315,6 596 330 474,8 358,5 315,6
1998 589 749,5 802 468,6 674,5 519 443,7 493,4 282 358,5 393,3 282 282,0
1999 930 645 282 603 424,8 462,4 195 272,6 219 227 203 203 195,0
2000 946 906 757 199 582 589 263,2 387 320,4 320,4 195 253,8 195,0
2001 272,6 424,8 603 263,2 282 227 227 195 223 179 171 171 171,0
2002 1123 1204 393,3 802 310,8 282 249,1 462,4 431,1 399,6 352,8 277,3 249,1
2003 1636 352,8 866 589 519 301,2 253,8 418,5 358,5 291,6 315,6 291,6 253,8
2004 962 667 1141 834 1141 749,5 596 554 347,1 456,2 291,6 301,2 291,6
2005 930 1474 1537 850 794,5 682 540 474,8 464 282 456,2 874 282,0
2006 434,3 399,5 482,2 563,9 322,6 286,5 296,7 325,4 275,0 275,0 354,9 1177,8 275,0
2007 1402 1398 616,5 494,5 470,0 354,9 338,6 276,4 252,2 263,6 251,9 333,3 251,9
2008 261,6 455,0 541,5 440,2 276,4 225,9 200,9 154,3 130,7 154,3 181,3 425,5 130,7
2009 1337,7 858,1 590,0 629,9 488,3 408,1 299,2 274,0 274,0 434,3 449,1 274,0
2010 476,1 261,6 365,8 341,3 327,9 240,0 205,4 130,7 72,2 103,4 256,8 464,0 72,2
2011 570,4 237,6 452,0 506,8 307,0 249,5 189,9 136,5 103,4 106,9 254,3 1280,6 103,4
2012 1205,4 727,2 572,0 583,1 539,3 481,0 371,4 343,2 306,8 289,1 289,1 400,3 289,0
2013 315,8 420,0 430,0 465,5 361,9 366,6 293,5 214,2 210,2 242,4 238,3 533,9 210,2
MÉDIA 843,4 706,4 638,2 542,3 501,5 434,3 372,3 357,3 335,1 334,0 386,2 589,4 334,0
MÍNIMA 190,6 201,4 219,4 199 276,4 225,9 189,9 130,7 72,22 103,4 171 171 72,2
MÁXIMA 2000 1474 1617 1128 1141 858 732 670 596 719,6 994,8 1329 596,0
Fonte: ANA (2016b), organizado pela autora.
89
ANEXO D - Precipitação acumulada (mm) - Estação Colatina - Corpo de Bombeiros - código 1940006
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL ANUAL
1983 341,2 161,8 103,5 30,4 31 3,9 23,9 0,6 123,2 98,2 231 357,5 1506,2
1984 74,5 33,4 127,8 29,2 0,7 10,5 4,8 83,6 79,7 113,1 159,4 304 1020,7
1985 396,1 42,7 69 55,4 30,4 6,7 17,1 21 72,3 121,9 164,2 121,9 1118,7
1986 131,7 26,4 27,2 51,3 5,8 48,6 5,7 99,6 10,3 7,6 40 146 600,2
1987 136,6 42,5 171,5 38,7 0,8 22,3 3,8 9,2 29,1 18 192,6 255,2 920,3
1988 239,3 45,6 111,1 17,3 36 18,2 20,1 3,7 33,7 73,8 145,9 176,2 920,9
1989 92,9 61,6 99,6 55,2 69 69,4 12,4 47,2 10,9 43 288,3 199,7 1049,2
1990 3,3 97,8 12,1 46,1 47 13,9 10,6 53 34,3 110,1 236,6 224,8 889,6
1991 216,2 63,2 336,6 11,3 29,4 22,5 55,2 55,6 48,9 60,9 163 93,7 1156,5
1992 276,7 145,8 106,9 37,1 3,1 51,5 55,9 22,8 110,3 284,2 178,1 218,4 1490,8
1993 62,7 80,8 19,1 81,3 83,5 5,9 2,6 19,8 36 46,3 87,8 276,9 802,7
1994 185,7 70,4 260,1 77 38,2 15,9 37,8 3,1 3 28,3 136,9 73,2 929,6
1995 26,1 75,2 77,1 93,5 64,4 0,4 78,5 41,1 16,4 113,3 188 368,1 1142,1
1996 37,8 7,8 89,2 66,4 43 19,3 19 9 73,7 109,8 345,1 134,4 954,5
1997 214,7 241,7 370,2 47,4 8,7 0,7 2,8 16,2 17,7 101,6 162,4 191,2 1375,3
1998 135,2 36 73,5 20,7 3,4 6,8 1,6 2,2 2,5 157,4 59 120,6 618,9
1999 73,1 36,7 197,9 56,9 15,8 25,1 6,4 7,8 4,4 71,6 187,6 144,5 827,8
2000 167,3 65,1 91,8 27,6 69,4 22,5 8,2 11,5 59,6 10,9 181 331,1 1046,0
2001 107,4 60,4 57,5 14,3 73,7 19,1 17,5 35 69,8 154,3 336,2 326,8 1272,0
2002 162,3 110,9 43,8 48,8 171,1 11,8 20 65,5 141,5 45 164,8 187,1 1172,6
2003 166,5 11,5 33,3 52,3 10,3 0,7 17 12,8 10,6 72,6 38,5 318,2 744,3
2004 206,5 145,4 135,3 65,8 9,2 71 18,6 8,6 12,7 102,2 95,3 163,9 1034,5
2005 189,1 219,4 82,4 56,5 229,5 149,5 38,8 24 32,7 41,9 215,1 170,9 1449,8
2006 28,6 43,6 304,2 38,8 0 30,3 8,1 6,5 59,5 102,5 289,2 322,7 1234,0
2007 116,6 101 36,7 48,1 0 24 0 24,8 52,7 3,3 89,2 115,5 611,9
2008 173,9 186,6 70,8 70,7 0 6 37,6 0 10 43,6 247,8 241,9 1088,9
2009 207,6 20,1 123,6 84,7 6,7 36,5 20,1 35,4 7,7 310,9 35,8 107,4 996,5
2010 42,1 52,6 59,2 97 68,1 0 58,9 1,4 3,3 28,7 277,8 225,9 915,0
2011 134 41,4 248,2 139,2 2,5 16 8,2 4,2 17,8 170 237,2 222,5 1241,2
2012 180,5 68,5 23,6 46,7 35,2 20,1 8,4 145,6 19,3 22,1 229,4 17,7 817,1
2013 107,2 66 157 74,3 16,6 52,9 3,1 12,9 20,9 131,1 108,5 507,4 1257,9
MÉDIA 149,5 79,4 120,0 54,2 38,8 25,9 20,1 28,5 39,5 90,3 177,8 215,0 1038,9
MÍNIMA 3,3 7,8 12,1 11,3 0 0 0 0 2,5 3,3 35,8 17,7 600,2
MÁXIMA 396,1 241,7 370,2 139,2 229,5 149,5 78,5 145,6 141,5 310,9 345,1 507,4 1506,2
Fonte: ANA (2016b), organizado pela autora.
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