Pedruzzi. C Simulacao Computacional de Pluma Do Rio Doce

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 99

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

CHRISTIAN VASCONCELLOS PEDRUZZI

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA PLUMA DO RIO DOCE E


USO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA AVALIAR
RESULTADOS

VITÓRIA
2011
CHRISTIAN VASCONCELLOS PEDRUZZI

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA PLUMA DO RIO DOCE E


USO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA AVALIAR
RESULTADOS

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Ambiental, do Centro
Tecnológico da Universidade
Federal do Espírito Santo, como
requisito parcial para a obtenção
do Grau de Mestre em Engenharia
Ambiental.
Área de Concentração: Recursos
Hídricos
Orientador: Prof. Dr. Daniel Rigo

VITÓRIA
2011
1
CHRISTIAN VASCONCELLOS PEDRUZZI

SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DA PLUMA DO RIO DOCE E


USO DE IMAGENS DE SATÉLITE PARA AVALIAR
RESULTADOS

Dissertação apresentada em 14/07/2011

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________
Prof. Dr. Daniel Rigo
Universidade Federal do Espírito Santo
Orientador

__________________________________
Prof. Dr. Edmilson Costa Teixeira
Universidade Federal do Espírito Santo
Examinador Interno

__________________________________
Prof. Dr. Moacyr Cunha de Araujo Filho
Universidade Federal de Pernambuco
Examinador Externo

2
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos


meus pais, Esther e Celso, a
minha irmã, Vivian, e a
todos meus familiares e
antepassados.

3
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, familiares, amigos e antepassados por me darem força nos momentos
de dificuldade e felicidade.

Agradeço aos grandes professores do PPGEA, em especial ao Prof. Julio Chacaltana,


por muitas vezes ter acreditado mais em nós do que nós mesmo; ao Prof Edmilson
Teixeira, pelo sincero esforço e dedicação ao nos passar seus conhecimentos; ao Prof.
Antonio Sérgio, pela infindável paciência e disponibilidade; e principalmente ao Prof.
Daniel Rigo, por acreditar em meu potencial como mestrando e me orientar.

Agradeço a toda equipe do GEARH, e especialmente a Msc. Mônica S. M. Castro pelo


interesse e pelos incontáveis debates sobre este trabalho, que ajudaram em minha
evolução.

Agradeço a todos os funcionários do PPGEA, como a querida e paciente Rose, e a todos


os colegas e amigos do mestrado, especialmente aos mestrandos Pedro Cassini e
Lorenza Uliana Zandonadi.

Agradeço a CAPES, pelo financiamento da bolsa de mestrado, a PETROBRAS, por


disponibilizar os dados de campo, ao projeto Reanalysis da National Centers for
Environmental Predictions –NCEP/ NOAA e ao INPE, por disponibilizarem os dados
gratuitamente e assim permitirem a realização desta pesquisa.

Muito obrigado a todos!

4
RESUMO

A bacia hidrográfica do Rio Doce abriga em sua parte baixa a região norte do Espírito
Santo e tem suas águas requeridas para diferentes usos, o que a torna cada vez mais
economicamente e ambientalmente importante. Na região costeira norte do Espírito
Santo deságua, no oceano, a pluma fluvial desta bacia, que influência grande parte das
características ambientais no entorno da foz.

O objetivo do presente estudo foi simular a pluma fluvial do Rio Doce e estudar seu
comportamento no oceano, utilizando o sistema de modelos computacionais SisBsHiA,
com a aplicação do modelo 2DH e do modelo lagrangeano. O modelo 2DH foi
utilizado para geração dos campos de velocidade, enquanto o modelo Lagrangeano foi
utilizado na simulação do comportamento da pluma do rio em diferentes cenários, nos
quais foram analisados seus principais padrões comportamentais e processos
hidrodinâmicos, associados as forçantes naturais.

O modelo 2DH foi calibrado com o uso de dados de maré e de correntometria e seus
resultados foram utilizados nos estudos das forçantes ambientais e foram acoplados ao
modelo lagrangeano para o estudo da dinâmica da pluma. Os resultados do modelo
lagrangeano foram contrastados com imagens de satélite, para análise do modelo e
estudo da pluma.

A análise dos resultados indicou que o vento tem atuação predominante sobre a
dinâmica da pluma, entretanto sua importância é sobrepujada pela vazão do rio e maré
quando sua intensidade diminui. Foram identificados um padrão de comportamento da
pluma associado a incidência de ventos NE e um padrão associado a ventos SE, ambos
com alta intensidade. O uso do modelo lagrangeano em conjunto com imagens de
satélites permitiu a identificação de características da dinâmica de plumas, em geral e da
pluma do Rio Doce, observadas na revisão de literatura. Entretanto, os resultados
obtidos foram considerados com ressalvas, pois o modelo apresentou melhor
aplicabilidade para condições de vento de alta intensidade. Este fato possivelmente
ocorre devido às limitações do método 2DH, as características dos dados de entrada do
modelo e as simplificações adotadas quanto às características ambientais da pluma e da
região costeira.

5
ABSTRACT

The Doce River hydrographic basin houses in its lower part the northern part of Espírito
Santo and has its water required for different uses, which increases the economic and
environmental importance of these river over time. In the northern coast of Espírito
Santo discharges its fluvial plume , which highly influences the surrounding river mouth
natural characteristics.
The aim of this study is to simulate the Doce River fluvial plume and study its behavior.
The study is carried out through 2DH model and a lagrangean model. 2DH model was
calibrated and its results were employed to study the mechanism which controls the
plume. Lagrangean model results were compared with satellite images to analyze the
model and plume behavior.

Results indicated that wind effect figures as the main mechanism controlling plume
behavior, however its importance is overwhelmed by the river outflow and tide effect,
when its intensity diminishes. Two behavior patterns were observed associated with NE
wind incidence and SE wind incidence, both with high intensity. The application of
lagrangeano model associated with satellites images allowed the characterization of
plume dynamics, has observed in the literature about this issue. However, better results
were achieved for high wind conditions, thus caution is needed to result interpretation.
Such results can be explained due to 2DH method limitations and environmental
characteristics simplifications.

6
LISTA DE FIGURAS

Figura.3.1 - Classificação de deltas fluviais, com deltas dominados pelo rio, por ondas e
por maré. Fonte: Adaptado de Galloway, (1975, apud DAVIS JR e FITZGERALD,
2004). ......................................................................................................................... 18

Figura 3.2- Plot vermelho: série temporal das componentes Leste (superior) e Norte
(inferior) dos vetores de correntes medidas por ASA (2003) a 2m de profundidade nas
coordenadas 19º 41,7’S e 39º 49,8’W. Plot azul: mesma série temporal subtraída da
forçante maré (componentes M2 e S2). Período dos dados: 12/10 a 14/11/2002, dt= 20
min.Fonte: ASA, 2003 apud Campos, 2011. ................................................................ 24

Figura 3.3- Imagem aérea da foz do Rio Doce, Linhares, Espírito Santo.
Fonte:INPE,2010 ........................................................................................................ 27

Figura 4.1- Imagem de satélite com contorno terrestre do domínio do modelo.Fonte:


INPE-2010. Organização e Geoprocessamento: Christian V. Pedruzzi- 2011O contorno
de mar foi definido através da analise de imagens da banda 2 dos satélites LANDSAT5,
CBERS 2 e CBERS 2B. Salienta-se que esta banda (com intervalo espectral de 0,52-
0,60 µm) apresenta sensibilidade à presença de sólidos em suspensão, servindo como
um indicador da do espalhamento pluma no oceano. ................................................... 37

Figura 4.2- Representação do domínio modelado. ....................................................... 38

Figura 4.3- Representação da malha de elementos quadrangulares do domínio


modelado. ................................................................................................................... 39

Figura 4.4- Mapa batimétrico gerado pela interpolação de dados de cartas náuticas e
campanha de levantamento batimétrico. ...................................................................... 40

Figura 4.5- Localização do ponto de medição maregráfica e do ADCP. ....................... 41

Figura 4.6 - Contorno fechado com localização da imposição da vazão do rio, e


contorno aberto representados no domínio do modelo ................................................. 46

Figura 4.7- Processo de definição de cenários e obtenção de resultados para comparação


com imagem de satélite. .............................................................................................. 50

Figura 5.1- Rosa dos ventos referentes aos dados do período entre 2000 e 2010 para

7
região da foz do Rio Doce. .......................................................................................... 52

Figura 5.2- Dados maré simulados e medidos in situ, para campanha de medição
maregráfica de 19/03/2010 a 24/03/2010 ..................................................................... 54

Figura 5.3- Dados do módulo da velocidade simulados e medidos in situ, para duas
campanhas: A) de 09/03/2009 a 16/03/2010; B) 29/05/2008 a 05/06/2008. .................. 55

Figura 5.4- Dados de direção das correntes simulados e medidos in situ, para duas
campanhas: A) de 09/03/2009 a 16/03/2010; B) 29/05/2008 a 05/06/2008................... 56

Figura 5.5- Série temporal da variação da elevação da superfície da água simulados nos
cenários 1 e 2. ............................................................................................................. 57

Figura 5.6-Série temporal, com dados a cada seis horas, do módulo da velocidade do
vento, gráfico A, e ângulo do vento, gráfico B, utilizados na simulação do cenário 2. . 58

Figura 5.7 –Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de


sizígia, na preamar (instante t=226800), com isolinhas do módulo da velocidade para
A)Cenário 1 e B) Cenário 2. *vetores em escala fixa. ................................................. 60

Figura 5.8 – Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de


sizígia, na vazante (instante t=237600), com isolinhas do módulo da velocidade para
A)Cenário 1 e B) Cenário 2. *vetores em escala fixa. ................................................. 61

Figura 5.9 – Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de


quadratura, na preamar (instante t=777600), com isolinhas do módulo da velocidade
para A)Cenário 1 e B) Cenário 2. *vetores em escala fixa. .......................................... 62

Figura 5.10– Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de


quadratura, na vazante (instante t=788400), com isolinhas do módulo da velocidade
para A)Cenário 1 e B) Cenário 2. *vetores em escala fixa. .......................................... 63

Figura 5.11- Campo vetorial* evidenciando a formação de vórtices nos cenários 1 e 2,


em diferente condições de maré.*vetores em escala fixa ............................................. 65

Figura 5.12- Série temporal do módulo da velocidade do vento e velocidade das


correntes para o cenários 1 e 2 resultantes das simulações. .......................................... 66

Figura 5.13- Série temporal do ângulo dos vetores de vento e ângulo dos vetores de
velocidade da corrente, a cada seis horas, resultantes das simulações. ......................... 66

8
Figura 5.14 - Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 3, com indicação
circular quanto a principal observação. Quadro abaixo - distribuição das particulas no
instante 15:00:00 do dia 7/5/2001. ............................................................................... 69

Figura 5.15 - Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
5/5/2001. Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
6/5/2001. ..................................................................................................................... 70

Figura 5.16-Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 4, com indicações


circulares quanto as principais observações. Quadro abaixo - distribuição das particulas
no instante 15:00:00 do dia 1/10/2005. ........................................................................ 72

Figura 5.17- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
29/9/2005. Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
30/9/2005. ................................................................................................................... 73

Figura 5.18- Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 5, com indicção
linear quanto a principal observação. Quadro abaixo - distribuição das particulas no
instante 15:00:00 do dia 14/4/2009. ............................................................................. 76

Figura 5.19- Quadro acima - imagem de satélite do dia 19/04/2009 obtidas pelo satélite
Cbers. Quadro abaixo - imagem de satélite do dia 19/01/2004 obtidas pelo satélite
Cbers. ......................................................................................................................... 77

Figura 5.20- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
12/4/2009. Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
13/4/2009. ................................................................................................................... 78

Figura 5.21- Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 6, com indicações
circulares quanto as principais observações. Quadro abaixo - distribuição das particulas
no instante 15:00:00 do dia 5/4/2005. .......................................................................... 80

Figura 5.22- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
3/4/2005. Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
4/4/2005...................................................................................................................... 81

Figura 5.23-Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 7. Quadro abaixo -


distribuição das particulas no instante 15:00:00 do dia 18/7/2005. Ambos com
indicações quanto as principais observações. .............................................................. 84

9
Figura 5.24- Quadro acima - imagem de satélite do dia 16/08/2000 obtidas pelo satélite
Landsat 5. Quadro abaixo - imagem de satélite do dia 23/05/2001 obtidas pelo satélite
Landsat 7. ................................................................................................................... 85

Figura 5.25- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
16/7/2005. Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
17/7/2005. ................................................................................................................... 86

Figura 5.26- Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 8 , com indicações
quanto as principais observações. Quadro abaixo - distribuição das particulas no
instante 15:00:00 do dia 11/4/2006. ............................................................................. 88

Figura 5.27- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
9/4/2006. Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia
10/4/2006. ................................................................................................................... 89

10
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1- Vazão media mensal do Rio Doce referentes. Fonte: Coelho (2007) .......... 28

Tabela 4.1 - Significado da simbologia utilizadas nas equações básicas. ...................... 34

Tabela 4.2 - Vazões do Rio Doce na estação de Colatina e em sua foz. ........................ 42

Tabela 4.3 - Constantes harmônicas da Barra do Rio Doce impostas no contorno aberto.
................................................................................................................................... 45

Tabela 4.4 - Resumo das condições de contorno consideradas nas simulações. ............ 46

Tabela 5.0- Resultados do critério de comparação entre os erros médios obtidos, para
maré e correntes(magnitude), segundo Cawley & Hartnett (1992) e critério de avaliação
da direção de corrente, segundo Odd & Murphy
(1992)...............................................................................................................................53
Tabela 5.1- Cenários e respectivas imagens de satélite e condições ambientais. ........... 67

Tabela 5.2 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 3. ................... 68

Tabela 5.3- Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 4. .................... 71

Tabela 5.4 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 5. ................... 75

Tabela 5.5 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 6. ................... 79

Tabela 5.6 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 7 .................... 83

Tabela 5.7- Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 8. .................... 87

11
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14

2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 16

2.1 Objetivos gerais............................................................................................. 16

2.2 Objetivos específicos: .................................................................................... 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 17

3.1 Plumas .......................................................................................................... 17

3.2 Estuários ....................................................................................................... 17

3.3 Modelagem computacional ........................................................................... 19

3.4 Estudo dos estuários e plumas através de modelos computacionais ............... 20

3.5 Estudo dos estuários e plumas através de imagens de satélite ........................ 24

3.6 Área de estudo .............................................................................................. 27

3.6.1 Vazão do rio doce .................................................................................. 28

3.6.2 Clima ..................................................................................................... 28

3.6.3 Ondas .................................................................................................... 29

3.6.4 Maré ...................................................................................................... 29

3.6.5 Geomorfologia ....................................................................................... 30

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 31

4.1 Considerações iniciais ................................................................................... 31

4.2 O modelo computacional sisbahia ................................................................. 31

4.2.1 O modelo hidrodinâmico ....................................................................... 32

4.2.2 Equações básicas do modelo hidrodinâmico ........................................... 33

4.2.3 O modelo lagrangeano ........................................................................... 34

12
4.2.4 Equações básicas do modelo lagrangeano ............................................... 35

4.3 Implementação do modelo ............................................................................. 36

4.3.1 Definição do domínio modelado ............................................................ 36

4.3.2 Construção da malha .............................................................................. 38

4.4 Batimetria ..................................................................................................... 39

4.5 Dados maregráficos ...................................................................................... 40

4.6 Dados de correntometria ............................................................................... 41

4.7 Dados de vazão do rio doce ........................................................................... 42

4.8 Dados de vento .............................................................................................. 43

4.9 Rugosidade ................................................................................................... 43

4.10 Contornos do modelo ..................................................................................... 44

4.11 Condições iniciais ......................................................................................... 47

4.12 Calibração do modelo ................................................................................ 47

4.13 Cenários para o estudo das forçantes ......................................................... 49

4.14 Cenários de simulação da pluma e uso das imagens de satélite ................... 49

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 51

5.1 Geomorfologia .............................................................................................. 51

5.2 Calibração..................................................................................................... 52

5.3 Estudo das forçantes oceanográficas ............................................................. 57

5.4 Simulação da pluma e uso de imagens de satélite .......................................... 67

6 CONCLUSÕES .................................................................................................. 92

7 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................... 93

8 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 94

13
1 INTRODUÇÃO

O oceano costeiro pode ser considerado um receptor de água doce e materiais drenados
trazidos pela contínua descarga dos rios. Do ponto de vista físico o local onde este
fenômeno ocorre, os estuários, pode ser considerado uma fonte de liberação de um
fluido mais leve em um fluido mais denso, resultando em uma pluma de águas do rio
sobre o oceano, também chamadas de plumas (LIU et al.,2008). As plumas atuam no
transporte de sedimentos, nutrientes, materiais orgânicos e poluentes do continente para
os oceanos. Em contrapartida, os oceanos, devido às forçantes naturais como maré e
vento, percolam suas águas em parte das bacias hidrográficas dos rios afetando
processos naturais e atividades antrópicas nos estuários (STACEY, 1999).

Os estuários podem ser descritos como a interação entre os recursos hídricos


continentais - os rios - e costeiros - os oceanos - caracterizando uma foz litorânea. A
complexidade e vulnerabilidade à influência do homem são características comuns a
todos os estuários. Em condições naturais, os estuários são biologicamente mais
produtivos do que os rios e oceanos adjacentes por apresentarem altas concentrações de
nutrientes e circulação de água, constituindo o habitat ideal para reprodução de aves,
mamíferos, peixes, etc. Da mesma forma, o crescimento da atividade econômica sempre
esteve intimamente relacionado aos estuários por serem adequados para instalação de
portos, por serem uma via de acesso importante para o interior do continente, por
produzirem grandes quantidades de pescado e por terem suas águas renovadas
periodicamente sob a influência da maré (MIRANDA, CASTRO e KJERFVE ,2002).

A interação entre os recursos hídricos continentais e costeiros é reconhecida como


importante tema de pesquisa e fundamental para o gerenciamento costeiro e de bacias
hidrográficas. Fato demonstrado pelo desenvolvimento de estudos científicos e pela
promulgação, no Brasil, de legislação que preconiza a integração da gestão das bacias
hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras (BRASIL, 1997).

O estudo de plumas é de grande complexidade devido à ocorrência mútua de vários


processos físicos, químicos e biológicos em um só ambiente. Segundo Rosman (2001) a
complexidade dos corpos d'água naturais torna inquestionável a necessidade da
aplicação de modelos computacionais para estudos, projetos de pesquisa e auxílio à

14
gestão de recursos hídricos. Dentro deste escopo, diversos modelos são encontrados e
vastamente aplicados como, por exemplo, o Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental
(SISBAHIA). Diante da aplicabilidade deste e de outros modelos computacionais a
ambientes estuarinos, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos como ferramentas de
análise acadêmica e gestão ambiental (AMARAL, 2003; NOGUEIRA, 2006;
PEREIRA, 2006; DIAS, 2007; SALDANHA, 2007; BARBOSA, 2008; ARENTZ,
2009).

Os modelos computacionais são, portanto, ferramentas integradoras que permitem o


melhor conhecimento dos fenômenos naturais e propiciam uma visão dinâmica dos
processos físicos em sistemas ambientais complexos (ROSMAN, 2001).

Assim como os modelos computacionais, a utilização do sensoriamento remoto tem


demonstrado múltiplas aplicabilidades, havendo interfaces entre estudos geográficos,
biológicos, químicos e físicos.

A região de estudo do presente trabalho contempla a foz da bacia hidrográfica do Rio


Doce e oceano adjacente, que está situada na região costeira norte do Espírito Santo.
Esta bacia abrange uma área de drenagem de cerca de 83.400 km², dos quais 86%
pertencem ao Estado de Minas Gerais e 14% pertencem ao Estado do Espírito Santo
(ANA, 2005). Sendo está um a região de grande importância econômica e ambiental
para ambos os Estados.

Na foz do Rio Doce e sua região costeira adjacente foram realizadas algumas pesquisas
de modelagem computacional e processamento de imagens de satélite. No tocante a este
ultimo, destacam-se os estudos de Coelho (2007), Zoffoli (2011) e Campos (2011), onde
o primeiro analisou a dinâmica sedimentar da foz do Rio Doce, e os demais
pesquisaram a pluma fluvial do Rio Doce e sua distribuição no oceano. No que tange a
modelagem computacional, destaca-se o estudo de ASA (2003, apud. Campos, 2011)
que analisou a hidrodinâmica da pluma do Rio Doce, utilizando também a avaliação de
dados coletados in situ.

Nesse contexto, foram definidos os objetivos do presente trabalho, os quais são


descritos no capítulo a seguir.

15
2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVOS GERAIS

Simular o comportamento da pluma do Rio Doce ao desaguar na zona costeira, através


do emprego de um modelo computacional.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Avaliar o emprego do modelo 2DH, do SisBAHIA, na representação do


comportamento da pluma do Rio Doce na região costeira adjacente.

Analisar a influência do vento sobre o comportamento da pluma.

Analisar a influência da vazão fluvial sobre o comportamento da pluma.

Analisar a influência da maré sobre o comportamento da pluma.

Verificar a existência de padrões de comportamento da pluma.

Comparar os resultados do modelo computacional com imagens de satélite a fim


de avaliar a aplicabilidade do modelo na representação do comportamento da
pluma.

16
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 PLUMAS

De acordo com Kourafalou (1996) uma pluma pode ser definida como uma estrutura
dinâmica resultante da descarga de um fluido de menor densidade em um fluido de
maior densidade, que contribui como uma fonte de momentum. Do ponto de vista de
estudos costeiros as plumas são o resultado da descarga de rios, material continental
drenado, nos oceanos.

De acordo com Mann & Lazier (2006) as plumas costeiras podem ser classificadas
como plumas fluviais e estuarinas. Na primeira há um domínio da descarga do rio sobre
os efeitos de marés resultando em uma liberação direta de água doce continental em
direção ao mar. Na segundo, os efeitos das marés dentro do estuário promovem a
mistura da maior parte da água provinda da drenagem continental. Apesar desta
classificação, uma série de variações do termo foi observada na literatura científica:
pluma do rio (MESTRES, 2007); pluma boiante ou pluma flutuante (YANKOVSKY, et.
al, 2001); pluma estuarina ( KOURAFALOU, 1996) e pluma de água doce ( XING &
DAVIES, 1999). A ampla variação de termos para se definir um mesmo fenômeno se
explica pela diversidade de profissionais que estudam as plumas.

3.2 ESTUÁRIOS

Estuário é definido como um corpo de água parcialmente fechado, ligado livremente ao


mar adjacente. Sua área estende-se rio acima até o limite da influência da maré. Em seu
interior a água do mar é mensuravelmente diluída pela água doce, oriunda da drenagem
continental (DYER, 1997 apud MIRANDA, CASTRO e KJERFVE,2002).

De maneira geral, a definição do que é um estuário pode variar de acordo com o foco de
estudo ou até mesmo com o profissional que realiza o estudo. Os profissionais da área
ambiental adotam o termo para definir a região interior de um ambiente costeiro que se
estende rio acima até o limite de influência da maré, sendo marcante a característica de

17
interação das águas do rio com a do mar. Esta interação pode estender-se até a
plataforma continental adjacente, caracterizando a chamada pluma estuarina, levando
muitos pesquisadores a também considerar essa região como parte do estuário
(MIRANDA, CASTRO e KJERFVE, 2002).

Como a definição de estuários pode abranger ambientes com características distintas,


Pritchard (1982 apud MILLERO, 2006) propõe formas de classificação baseada na
distribuição das propriedades da água: estuário verticalmente misturado; estuário
moderadamente estratificado; estuário altamente estratificado e o estuário de cunha
salina

Galloway (1975, apud DAVIS JR e FITZGERALD, 2004) propõe um esquema de


classificação baseado na geomorfologia associada as forçantes ambientais: vazão do rio,
onda e/ou maré, como apresentado na Figura 3.1.

Figura.3.1 - Classificação de deltas fluviais, com deltas dominados pelo rio, por ondas e por
maré. Fonte: Adaptado de Galloway, (1975, apud DAVIS JR e FITZGERALD, 2004).

18
3.3 MODELAGEM COMPUTACIONAL

A descrição dos processos hidrodinâmicos nos ambientes costeiros pode ser expressa
por equações diferenciais. Estas equações baseiam-se nas leis de conservação de massa
(equação da continuidade), conservação de substâncias (equação da difusão de
substâncias, e.g. sal), transporte de calor (equação da condução de calor) e conservação
de momentum (equação do movimento) (HOLZ e SUNDERMAN, 1980). O conjunto
destas equações é chamado de modelo matemático.

A solução de modelos matemáticos de fenômenos de circulação de água é


extremamente complexa e raramente possui soluções analíticas. Para a solução das
equações representativas dos modelos matemáticos recorre-se a métodos numéricos,
sendo este processo chamado de modelagem numérica (ROSMAN, 1989). De acordo
com Wrobel (1989) a modelagem numérica consiste na solução das equações
diferenciais parciais através de uma aproximação numérica com o intuito de reduzir o
problema físico contínuo a um problema discreto.

Dentre os métodos numéricos aplicados na modelagem numérica podemos destacar o


das diferenças finitas e dos elementos finitos. Neles o domínio da geometria a ser
estudado é representado por uma malha ou grade computacional, composta por células,
que são constituídas por nós onde as variáveis interagem. Entretanto, no método da
diferenças finitas os valores nos nós são obtidos através da expansão truncada em série
de Taylor, enquanto, no método para os elementos finitos os valores são obtidos por
meio de polinômios de interpolação, validos para cada sub-região ou elemento da malha
(WROBEL, 1989).

O primeiro objetivo de um modelo numérico é descrever algum fenômeno


comportamental do mundo real em termos numérico. O segundo objetivo é que esta
descrição seja feita de maneira que o valor da informação dada pelo modelo seja
importante o suficiente para ser modelada. Ou seja, o modelo deve ser funcional,
eficiente e de baixo custo. Como os modelos numéricos podem descrever praticamente
qualquer modelo matemático com pouca perda de informações de forma eficiente, estes
modelos se tornaram os mais utilizados no estudo de corpos d’água como lagos,
19
reservatórios, águas costeiras, estuários e rios (HOLZ e SUNDERMAN, 1980;
ROSMAN, 2009). Entretanto a complexidade dos modelos numéricos demanda a
associação destes as ferramentas computacionais e técnicas de programação, que
permitiram o surgimento de modelos computacionais para o estudo de corpos d’água.

3.4 ESTUDO DOS ESTUÁRIOS E PLUMAS ATRAVÉS DE MODELOS


COMPUTACIONAIS

Apesar da complexidade dos ambientes e das plumas estuarinas a compreensão desses


sistemas tem se desenvolvido nos últimos anos através de análise de dados de campo e
modelagem computacional (MESTRES, 2007; GARCIA BERDEAL et al.,2002;
GARVINE, 1999; XING & DAVIES, 1999; COOPER, 2001; KOURAFALOU,1996).

A aplicação de modelos computacionais para estudos hidrodinâmicos de estuários e


plumas deve levar em consideração diversos fatores, havendo, portanto, diferentes
enfoques. Muitos estudos de modelagem focaram seus trabalhos na dinâmica das
plumas considerando domínios de modelagem costeira simplificados, analisando assim
o papel que cada uma das forçantes ambientais desempenha (MESTRES, 2007).

Os resultados de modelos idealizados de plumas demonstram que as plumas tendem a se


espalhar radialmente a partir de sua fonte, sendo defletadas pela força de Coriolis
(O’DONELL, 1990). Em baixas latitudes a força de Coriolis permite que as plumas
alcancem regiões mais distais à costa enquanto em altas latitudes a deflexão provocada
por ela espalha a pluma longitudinalmente à costa (GARVINE, 1999). Apesar de sua
importância, a advecção e deflexão provocada pela força de Coriolis pode ser
facilmente suprimida por ouras forçantes, como vórtices, correntes de maré e vento
(CHAPMAN, 1994)

Yankovisky & Chapman (1997) propuseram que a estrutura das plumas pode ter uma
variedade de formas dependendo da circulação do ambiente. Entretanto, a maioria das
plumas pode ser categorizada pelas formas de interação com o fundo. Diante dessa
premissa, as plumas podem ser classificadas em pluma advectada pelo fundo (PAF),
pluma superficialmente advectada (PSA) e pluma intermediária (PIN). As PAF
acompanham as corrente costeiras mantendo o contato com o fundo, com densidade
20
igual em toda a coluna de água. Nas PSA mantêm-se na camada superficial da água
formando uma camada fina. Este tipo de pluma pode se espalhar por longas distâncias
sobre a plataforma continental e tem pouco ou nenhum contato com o fundo. As PIN
ocorrem com freqüência, principalmente quando se espalham no sentido da plataforma
continental, mantendo contato com o fundo por certa distância e posteriormente
perdendo contato com o substrato do fundo. Portanto, a parte da pluma próxima ao
continente será uma PAF e parte distal será uma PSA. No mesmo estudo, Yankovisky e
Chapman (1994) sugerem que a geometria da plataforma continental adjacente a foz e a
geometria da desembocadura influenciam diretamente no tipo de pluma a ser formada.
Valores elevados de declividade da plataforma continental geralmente formam PSA.
Valores baixos de declividade formam PAF. Profundidades de desembocaduras
superiores a profundidade de seu oceano adjacente formam PSA. Apesar das valiosas
informações desse estudo, a complexidade morfológica dos ambientes estuarinos e
costeiros exige que outros parâmetros sejam também adotados para a compreensão do
comportamento das plumas.

A variação da vazão do rio é um dos fatores que podem modificar a dinâmica de uma
pluma. Vazões elevadas propiciam a criação de vórtices que se desprendem da pluma,
pois nessas situações as plumas atingem longas distâncias e possuem quantidades
elevadas de água menos densa. Vazões altas e baixas propiciam a formação de vórtices
ao redor da pluma e próximos a costa. Os vórtices, por sua vez, dominam a dinâmica na
região de descarga do rio, provocando a advecção da água do entorno da pluma. Estes
processos tendem a se intensificar dramaticamente quando há ocorrência correntes
costeiras.

Xing & Davies (1999) ao estudarem o Rio Ebro, via modelagem e dados de campo,
observaram que a corrente superficial gerada por ventos possui forte influência sobre a
circulação da pluma e altera significativamente o seu comportamento. Contudo, sua
atuação limita-se a uma camada superficial, cuja espessura esta relacionada a
intensidade do vento. Os estudos de Liu et al. (2008) no Rio Danshui e de Yankovisky
et al.(2001) corroboram com Xing & Davie (1999) e indicam que o comportamento da
pluma pode estar diretamente relacionado a direção e intensidade do vento, entretanto, a
variedade de padrões de comportamento da pluma para um mesmo vento pode estar
associada a diferentes anomalias de densidade (provocadas principalmente pela vazão

21
do rio) e variação de maré, que apesar de possuírem menor influência que o vento,
fomentam o aumento a área da pluma.

De acordo com Rennie (1999 apud FONG & GEYER, 2002), devido a sua sensibilidade
a forçantes ambientais, as plumas naturais muitas vezes não se assemelham a plumas
idealizadas, como as plumas flutuantes estudadas em laboratório e em experimentos
numéricos. Plumas reais têm seu destino fortemente influenciado por forçantes como
vento e correntes costeiras, pois estes fatores dominam seu comportamento
macroscópico. Portanto, qualquer estudo que pretenda prever o transporte de água de
uma pluma deve levar em consideração a influência dos ventos e fluxos ambientais

James (2002) ressalta que alguns fatores não incluídos nos modelos computacionais,
como os sólidos em suspensão e a floculação provocada por interação de partículas,
podem ser significativos no estudo de ambientes costeiros. Se a concentração de sólidos
em suspensão é muito alta a densidade relativa da água pode fluir como uma corrente de
densidade influenciando na hidrodinâmica. Contudo, a inclusão desses fatores torna-se
difícil devido a complexidade de sua parametrização.

O método de rastreamento de partículas é uma alternativa aos modelos que consideram


a presença de sólidos em suspensão. Entretanto, se as partículas são consideradas
passivas, as equações que governam a hidrodinâmica não são afetadas pela variação da
concentração de sólidos em suspensão. Neste caso, o cálculo do fluxo residual e
correntes de maré pode ser feito apenas uma vez para diferentes cenários de número de
partículas. Idealmente, modelos que consideram sólidos em suspensão também
requerem alta definição na vertical, para contemplar as estratificações e camadas de
contorno, e na horizontal, para representar frentes de turbiditos e plumas (JAMES,
2002).

Na revisão bibliográfica nacional destacam-se os estudos de Leite(2007), Silva et al


(2009), Trochimczuk & Schettini (2003) e ASA (2003 apud CAMPOS, 2011).

Leite (2007) utilizou o sistema de modelos SisBaHiA para analisar a influência do


cisalhamento eólico sobre a circulação da região do estuário de Guamaré (Rio Grande
do Norte,Brasil) evidenciando a influência predominante do vento sobre a circulação
das águas costeiras. Sugerindo que, de maneira geral, a direção e intensidade das
correntes predominantes variam com as mudanças sazonais do vento, com atuação

22
ainda mais evidente durante os períodos de maré de quadratura.

Silva et al. (2009) ao estudarem a descarga do rio Amazonas, através de dados


hidrográficos e os resultados do modelo computacional ATL-6, relatam que a
distribuição da pluma de água de baixo valor de salinidade está diretamente relacionada
à variabilidade sazonal e espacial das correntes costeira. Há deslocamento sazonal da
pluma no norte do Brasil segundo a direção dos alísios e as correntes de fronteiras. Há
maior predominância da pluma de água Amazônica próximo da foz do rio Amazonas no
primeiro semestre do ano, coincidente com a maior vazão do rio e dos ventos alísios de
nordeste. De março a maio se tem maior deslocamento da pluma para sudeste da foz do
rio Amazonas, ao longo e próximo da costa. Resultados do modelo mostram também a
formação de anéis, em conseqüência da retroflexão da Corrente Norte do Brasil, com
influência de água Amazônica em sua volta de agosto a setembro, tendendo a diminuir
nos meses subseqüentes e desaparecendo em dezembro, associado com a variabilidade
sazonal e espacial das correntes de fronteiras e vazão do rio Amazonas.

Trochimczuk & Schettini (2003) que estudaram a pluma do estuário do Rio Itajai (SC),
afirmam que as variações de descarga fluvial do rio proporcionam a formação tanto de
plumas fluviais como de estuarinas. Os autores sugerem também que a concentração de
material particulado em suspensão e a proporção de água doce na pluma costeira são
proporcionais a descarga fluvial, e que independentemente da descarga fluvial o desvio
da pluma ocorre sempre em direção norte-nordeste, evidenciando a predominância de
correntes oceânicas sobre a dinâmica da pluma.

No tocante a trabalhos de modelagem na região do Rio Doce destaca-se o estudo de


ASA (2003 apud CAMPOS, 2011). Seus resultados indicam que na região da
desembocadura do Rio Doce as duas componentes de maré predominantes (M2 e S2)
possuem baixa influência na magnitude das correntes costeiras, com a forçante maré
respondendo por cerca de 20%, em média, da magnitude das velocidades das correntes
da região. A Figura 3.2 apresenta as corrente medidas e corrente modeladas sem a
atuação da maré. A velocidade média obtida para a série de dados das correntes medidas
por ASA (2003 apud CAMPOS, 2011) foi de 0.24 m/s, enquanto as velocidades de
corrente ocasionadas apenas pela maré apresentaram média de 0,05 m/s para toda a série
de dados, com valores máximos atingindo 0,12 m/s nas marés de sizígia.

23
Figura 3.2- Plot vermelho: série temporal das componentes Leste (superior) e Norte (inferior)
dos vetores de correntes medidas por ASA (2003) a 2m de profundidade nas coordenadas 19º
41,7’S e 39º 49,8’W. Plot azul: mesma série temporal subtraída da forçante maré (componentes
M2 e S2). Período dos dados: 12/10 a 14/11/2002, dt= 20 min.Fonte: ASA, 2003 apud Campos,
2011.

3.5 ESTUDO DOS ESTUÁRIOS E PLUMAS ATRAVÉS DE IMAGENS DE


SATÉLITE

O Sensoriamento Remoto pode ser definido como a obtenção de informações de uma


área por um sensor que não está em contato com esta. As informações registradas pelo
sensor durante esse processo são os dados quantitativos e qualitativos da energia
eletromagnética refletida e emitida pelo objeto alvo, portanto, os dados capturados
variam de acordo com as interações entre a energia eletromagnética e os objetos em
estudo (MCCOY, 2005).

A escolha de diferentes faixas espectrais da energia eletromagnética (bandas) propicia a


possibilidade de criação de imagens de uma área, para o estudo de seus fenômenos
naturais e suas principais características ambientais. Os sensores remotos como
satélites, portanto, permitem a formulação de imagens de indispensável valor para a
realização de estudos ambientais (MCCOY, 2005).

Processos naturais terrestres e costeiros apresentam grande variabilidade espacial e


24
temporal. Assim, a utilização de imagens de satélites representa uma ferramenta
singular nos estudo de padrões de comportamento das plumas estuarinas.

A partir da confrontação de imagens de satélite e dados hidrológicos é possível analisar


mudanças, de origem natural e antrópica, na morfologia e dinâmica sedimentar das
desembocaduras de rios e praias costeiras adjacentes a estes. Atividades como a
construção de hidrelétricas, o desmatamento, a captação desregrada de água e mudanças
climáticas provocam alterações deletérias no regime de vazão, que por sua vez, altera a
dinâmica de energia do rio. Um dos principais resultados dessas modificações são o
aumento da deposição de sedimentos com estreitamento da foz e aumento da área
emersa das barras (COELHO, 2007).

A análise de imagens de satélite indica que, de maneira geral, as maiores concentrações


de sedimentos em suspensão são encontradas numa faixa contínua próxima a linha de
costa, sugerindo que as concentrações observadas próximas a região da foz de um rio
não são apenas determinadas pela descarga do mesmo. Este fato esta relacionado à
atuação de processos de ressuspensão de sedimentos por efeito da turbulência causada
pelos vento, correntes de marés e ondas (LORENZZETTI et al ,2007).

De acordo com Zoffoli (2011) a análise das reflectâncias nas diferentes bandas
espectrais permite a identificação e a determinação da distribuição espacial de alguns
constituintes das plumas costeiras. Em seu estudo sobre a pluma do Rio Doce a análise
dos espectros de reflectância demonstrou que os constituintes dominantes da pluma de
sedimentos foram o fitoplâncton e substâncias dissolvidas havendo uma relação entre a
intensidade da vazão do rio e a área da pluma.

Campos (2011), que analisou a variabilidade espacial e temporal da pluma do Rio Doce,
também através de sensoriamento remoto, observou que a vazão do rio Doce é a
principal forçante que controla a área do núcleo da pluma, porém esta área não é
diretamente proporcional a vazão, pois outros fatores, como o vento, também
influenciam na dimensão da área.

ASA (2003 apud CAMPOS, 2011) ao realizar o levantamento dos perfis de salinidade e
temperatura em estações oceanográficas na região estuarina do Rio Doce (no dia 18 de
março de 2002, com vazão do rio igual a 948 m³/s) concluiu que a estrutura termohalina
vertical da coluna de água indicava que a pluma se espalha no ambiente costeiro em

25
uma fina camada superficial sobre a água oceânica. Com isso, o vento atua
principalmente no espalhamento das regiões periféricas da pluma, sendo efetivo mesmo
em baixas velocidades. Estas informações corroboraram para os estudos de Campos
(2011) que constatou padrões da pluma do Rio Doce, apresentados a seguir: presença de
circulação ciclônica ao sul da desembocadura, típicos dos meses de baixa vazão
(outono-inverno), estando associados a presença de ventos constantes de N-NO com
intensidades superiores a 5 m/s; presença de protuberância circular orientada entre SE e
S que ocorrem em períodos de vazões médias e altas e em diversas situações de vento;
e para vazões extremas o padrão de distribuição mostra uma dispersão radial a partir da
desembocadura.

26
3.6 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo contempla a foz do Rio Doce, região norte do litoral do Espírito Santo,
incluindo parte da zona estuarina da bacia hidrográfica do Rio Doce e sua zona costeira
adjacente (Figura 3.3).

Figura 3.3- Imagem aérea da foz do Rio Doce, Linhares, Espírito Santo. Fonte:INPE,2010

27
3.6.1 VAZÃO DO RIO DOCE

Por ser de grande importância social, ambiental e econômica para os estados de Minas
Gerais e Espírito Santo o Rio Doce possui uma ampla rede de estações hidrográficas,
com aproximadamente cinqüenta e dois postos pluviométricos e cinqüenta e oito postos
fluviométricos, todos pertencentes à ANA -Agência Nacional de Águas- (ANA , 2005).

Coelho (2007) calculou a vazão média (Qmédia) de longa duração, período entre 1939 e
2005, utilizando dados da estação fluviométrica de Colatina-ES e obteve valores iguais
a 918m³/s. No mesmo estudo são apresentadas as vazões médias para cada mês, como
demonstrado na Tabela 3.1.

Tabela 3.1- Vazão media mensal do Rio Doce referentes. Fonte: Coelho (2007)

Mês Vazão média(m³/s) Meses considerados


Janeiro 1800,04 60
Fevereiro 1365,7 60
Março 1238,17 61
Abril 916,47 61
Maio 680,51 60
Junho 570,3 60
Julho 514,94 61
Agosto 457,72 61
Setembro 435,64 60
Outubro 540,69 60
Novembro 952,26 60
Dezembro 1632,82 59

3.6.2 CLIMA

A região da foz do Rio Doce encontra-se em zona caracterizada por chuvas tropicais de
verão, com estação seca durante o outono e inverno. A temperatura média anual é de
22°C, ficando a média das máximas entre 28° e 30° C, enquanto que as mínimas
apresentam-se em torno de 15°C. De acordo com dados do Centro Tecnológico de

28
Hidráulica da Universidade de São Paulo (CTH/USP), entre fevereiro e 1972 e janeiro
de 1973, os ventos de maior freqüência são os provenientes do quadrante nordeste (NE)
e os ventos de maior intensidade são do quadrante sudeste (SE). Os primeiros estão
associados aos ventos alísios, que sopram durante a maior parte do ano, enquanto os
últimos estão relacionados às frentes frias que chegam periodicamente à costa capixaba
(BANDEIRA et. al. 1975 apud ALBINO, 1999).

3.6.3 ONDAS

Assim como os ventos as ondas procedem de dois setores principais, NE e SE, com
predominância do primeiro. As ondas do setor SE, associadas às frentes frias, embora
sejam menos freqüentes, são mais energéticas do que as do quadrante NE, associadas
aos ventos alísios (Bandeira et al., 1975 apud ALBINO, 1999).

A análise das ocorrências de onda para a costa do Espírito Santo, considerando 45 anos
de dados de ondas do ECMWF, realizada por Piumbini (2010) mostra a predominância
de ondas com períodos entre 7,0s e 8,0s para as estações do verão e primavera, e 8,0s e
9,0s para o outono e inverno. No mesmo estudo, a análise da altura significativa as
ondas apresenta ocorrência em torno de 1,0m a 2,0m.

3.6.4 MARÉ

De acordo com o dados da Fundação de Estudos do Mar (FEMAR) na região da foz do


Rio Doce as marés variam entre 1,25m e 0,09 m, sendo o nível médio do mar igual a
0,67m com relação ao nível de redução. Estas características demonstram que a região
de estudo possui regime de micro maré.

29
3.6.5 GEOMORFOLOGIA

De acordo com Martin et. al. (1996) a foz do Rio Doce localiza-se na região em que os
depósitos do quaternário tiveram seu maior desenvolvimento. Estando este processo
associado às desembocaduras fluviais.

Na evolução geológica da planície deltaica do Rio Doce, e ainda atualmente, destaca-se,


além do volumoso aporte sedimentar, a atuação do fluxo do rio no bloqueio de
sedimentos transportados pela corrente longitudinal (ALBINO, 1999).

O Rio Doce é a principal área fonte de sedimentos terrígenos para a região marinha
norte do estado do Espírito Santo, isto se deve a sua grande capacidade no transporte de
sedimentos desde a bacia hidrográfica até o mar. A pluma formada por sua descarga de
sólidos em suspensão inicialmente apresenta concentrações de 4mg/l, diminuindo
rapidamente a concentração para 2 e 1mg/l. A redução da concentração de partículas
suspensas na coluna d’água indica a deposição deste material ao longo da pluma,
recobrindo de lama os depósitos de areias terrígenas até a profundidade de 20-25m
(SUMMERHAYES et al., 1976 apud PRATA,2007).

Coelho (2007) constatou modificações da morfologia da desembocadura, do canal


fluvial e da linha de costa, decorrentes da ação antrópica, ao longo dos anos, na bacia
hidrográfica. O mesmo estudo indica que estas alterações somadas à dinâmica marinha
estão aos poucos provocando acúmulo considerável de sedimentos no flanco sul da foz
e erosão no flanco norte. Esta nova dinâmica de transporte de sedimentos pode, com o
passar dos anos, desencadear processos erosivos mais intensos nas margens do canal
fluvial e nas praias adjacentes ao Rio Doce.

30
4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A ferramenta computacional utilizada na modelagem foi o Sistema Base de


Hidrodinâmica Ambiental (SISBAHIA). Nos itens a seguir serão apresentadas de
maneira sucinta algumas características do modelo SISBAHIA e a metodologia para
construção da simulação e obtenção dos resultados. Cabe ressaltar, que o presente
trabalho não pretende diretamente manipular ou testar as equações matemáticas que
governam o escoamento de fluidos.

Seguiu-se a metodologia propostas por Rosman (2009) para aplicação do modelo.


Dados ambientais disponíveis como batimetria, maré, regime de vazão do rio e vento
foram reunidos, tratados e fornecidos ao modelo dentro de um domínio pré-definido.
Outras informações sobre a região como geomorfologia, sedimentologia e clima foram
levantadas. Estas, apesar de não terem sido utilizadas diretamente no modelo
computacional, permitiram melhor compreensão dos principais agentes físicos
envolvidos nos processos hidrodinâmicos da região em questão.

Todos os dados georreferenciados empregados e apresentados no presente trabalho


possuem datum horizontal WGS-84 e sistema de projeção de Mercartor (UTM-
Universal Transverse Mercartor) zona 24S. No que tange a temporalidade adotou-se a
hora local.

4.2 O MODELO COMPUTACIONAL SISBAHIA

O modelo computacional SISBAHIA é um sistema de modelagem em ambiente


Windows, desenvolvido pela área de Engenharia Costeira e Oceanográfica do Programa
de Engenharia Oceânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e se encontra em
contínuo desenvolvimento desde 1987.

31
O SISBAHIA tem discretização espacial via elementos finitos e adota diferenças finitas
na discretização temporal. Oferecendo os seguintes módulos: hidrodinâmico, transporte
advectivo-difusivo euleriano, transporte advectivo-difusivo Lagrangeano, qualidade de
água e geração de ondas. Além disso, possui um módulo tridimensional e um módulo
bidimensional. Este ultimo, utiliza as equações da continuidade e quantidade de
movimento pro mediadas na vertical (ROSMAN, 2009).

O presente estudo utilizou o módulo hidrodinâmico 2DH e o módulo Lagrangeano


2DH, ambos no modo barotrópico. Utilizaram-se os resultados do primeiro para
calibração e validação do modelo e análise das forçantes que atuam na região em
estudo, enquanto os do segundo foram utilizados para comparar o comportamento da
pluma do Rio Doce com as imagens de satélite da região.

4.2.1 O MODELO HIDRODINÂMICO

O modelo hidrodinâmico do SISBAHIA é de linhagem FIST (Filtered in Space and


Time), onde a modelagem da turbulência do modelo hidrodinâmico é baseada em
técnicas de filtragem. Mais especificamente, o modelo hidrodinâmico adotado a versão
3D do FIST (FIST3D) que é um modelo numérico hidrodinâmico tridimensional para
escoamentos de grande escala e homogêneos, que resolve as equações de Navier- Stokes
considerando a aproximação da pressão hidrostática (ROSMAN, 2009)..

A técnica numérica do FIST3D divide-se em dois módulos: o 2DH e o 3D. O primeiro


calcula os valores de elevação da superfície livre através de uma modelagem
bidimensional integrada na vertical e, em seguida, calcula o campo de velocidades. O
segundo, dependendo dos dados de entrada, pode ser computado de modo
tridimensional. Neste caso, a discretização vertical da coluna de água usa diferenças
finitas com transformação sigma, com a discretização completa do domínio resultando
em uma pilha de malhas de elementos finitos, uma para cada nível Z da transformação
sigma (ROSMAN, 2009 ; ROSMAN e MARTINS, 1999).

A discretização temporal ocorre, implicitamente, através de diferenças finitas. A


discretização espacial é feita de forma preferencial por elementos finitos quadrangulares
biquadráticos, podendo também ser feita por elementos finitos triangulares quadráticos
32
ou ambos (ROSMAN, 2009).

O modelo hidrodinâmico representa a circulação hidrodinâmica, determinando a


quantidade de movimento da água e o direcionamento do escoamento, sendo a base
primordial para um modelo de analise de circulação em corpos de água.

4.2.2 EQUAÇÕES BÁSICAS DO MODELO HIDRODINÂMICO

Existem três equações básicas governantes do módulo 2DH, originadas da integração


vertical analítica das equações governantes do modelo hidrodinâmico tridimensional,
necessárias para determinar as três incógnitas de circulação hidrodinâmica (ζ, U,V) em
um escoamento 2DH integrado na vertical, onde as dimensões do problema são
reduzidas ao plano horizontal.

A primeira é a equação de quantidade de movimento 2DH para um escoamento


integrado na vertical, na direção x:

(1)

A segunda é a equação de quantidade de movimento 2DH para um escoamento


integrado na vertical, na direção y:

(2)

A terceira é a equação da continuidade (do volume) integrada ao longo da vertical:

33
(3)

O significado da simbologia utilizada nas equações básicas de circulação hidrodinâmica


de um escoamento integrado na vertical (2DH) é apresentado na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Significado da simbologia utilizadas nas equações básicas.

Simbologia Significado
Velocidade promediada na vertical na
U
direção x
Velocidade promediada na vertical na
V
direção y
t Tempo

x,y,z Direções do sistema de coordenadas


g Gravidade
ζ Elevação da superfície livre
H Altura instantânea da coluna de água
ρ° Densidade constante de referência
Densidade da água promediada na
vertical
Tensões turbulentas

Tensões de atrito na superfície livre


Tensões de atrito no fundo

2Ф senϴ Aceleração de coriolis


Balanço dos fluxos (precipitação,
infiltração e evaporação)

4.2.3 O MODELO LAGRANGEANO

O modelo Lagrangeano é utilizado na simulação de transporte advectivo-difusivo, com


reações cinéticas, podendo ser considerado nas dimensões 3D ou 2DH. Este tipo de
modelo é freqüentemente utilizado na simulação de transporte de escalares que possam

34
estar flutuando, misturados ou ocupando apenas uma camada na coluna d’água.

O modelo Lagrangeano utiliza os campos de velocidade gerados pelo modelo


hidrodinâmico sem estar restrito as limitações de escala impostas pela grade de
discretização (ROSMAN, 2009).

O modelo representa as escalares de interesse por um número finito de partículas


lançadas na região fonte, e dispostas aleatoriamente, sendo carreadas pelas correntes
(advecção) computadas através do modelo hidrodinâmico. O lançamento das partículas,
assim como a vazão, pode ser constante ou variável no tempo (ROSMAN, 2009).

4.2.4 EQUAÇÕES BÁSICAS DO MODELO LAGRANGEANO

As equações básicas do modelo Lagrangeano buscam a determinação da posição de


partículas dentro do domínio do modelo a cada passo de tempo. A trajetória de cada
partícula no instante seguinte ( ) é calculada através da expansão em série de Taylor

a partir da posição anterior conhecida ( ), como demonstrado pela equação 4.

(4)

Sendo T.A.D os termos de alta ordem desprezados. As derivadas temporais da posição p


são obtidas a partir do campo de velocidades resultantes do modelo hidrodinâmico,
como demonstrado nas equações 5 e 6. Entretanto, para tal consideração admiti-se que,
nas escalas resolvíveis, as velocidades para o transporte advectivo das partículas,
, são as mesmas das velocidades das correntes do modelo hidrodinâmico

(ROSMA,2009).

35
(5)

(6)

4.3 IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO

4.3.1 DEFINIÇÃO DO DOMÍNIO MODELADO

A definição do domínio modelado depende de seus contornos limites. No presente


estudo estes contornos foram definidos utilizando-se imagens da banda 2 e 4, dentre os
anos 2000 e 2010, dos satélites CBERS 2, CBERS 2B e LANDSAT5 disponíveis no
sítio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com INPE (2008)
Cada pixel das imagens (banda 2 e 4) LANDSAT5, CBERS 2, CBERS 2B possuem
resolução espacial de respectivamente 30 e 20 metros.

Foram determinados dois contornos limites: o contorno de terra e o contorno de mar.


Para o contorno de terra foi utilizada uma imagem georreferenciada da banda 4 do
satélite CBERS 2B, com data de 24 de fevereiro de 2010 (Figura 4.1). A escolha dessa
imagem justificou-se pela data da campanha batimétrica, que foi realizada no dia 19 de
fevereiro de 2010.

No limite sul deste contorno encontra-se a praia de Barra do Riacho e no limite norte
encontra-se a praia de Cacimbas. Através do programa Surfer o contorno foi
digitalizado para criar a linha de costa e margens e limites do Rio Doce.

36
Figura 4.1- Imagem de satélite com contorno terrestre do domínio do modelo.Fonte: INPE-
2010. Organização e Geoprocessamento: Christian V. Pedruzzi- 2011O contorno de mar foi
definido através da analise de imagens da banda 2 dos satélites LANDSAT5, CBERS 2 e
CBERS 2B. Salienta-se que esta banda (com intervalo espectral de 0,52-0,60 µm) apresenta
sensibilidade à presença de sólidos em suspensão, servindo como um indicador da do
espalhamento pluma no oceano.

As análises das imagens corroboraram com os estudos de Coelho (2007) e Prata (2007),
demonstrando que os processos hidrodinâmicos mais relevantes, quanto à pluma do rio,
ocorrem em um raio de aproximadamente 30Km a partir de sua desembocadura.

Com definição dos contornos limites determinou-se o domínio da modelagem, tendo


este uma área total de aproximadamente 2.749 km² (Figura 4.2).

37
Figura 4.2- Representação do domínio modelado.

4.3.2 CONSTRUÇÃO DA MALHA

Uma vez definido o domínio da modelagem os dados de contorno foram exportados


para o programa Argusone para construção da malha. Desenvolveu-se uma malha de
elementos finitos quadrangulares com diferentes densidades de pontos de cálculo. Na
plataforma continental, os elementos quadrangulares possuem área de aproximadamente
4 km², enquanto no estuário possuem área aproximada de 0,16 Km2 . A malha foi então
importada para o modelo SISBAHIA, obtendo-se uma malha representativa de todo o
domínio de interesse (Figura 4.3) com 1081 elementos e 4479 nós, sendo 4171 nós
internos, 207 nós de fronteira de terra e 103 nós de fronteira aberta.

38
Figura 4.3- Representação da malha de elementos quadrangulares do domínio modelado.

4.4 BATIMETRIA

Os dados batimétricos da área de estudo foram obtidos a partir de cartas náuticas e


levantamento batimétrico na região.

Foram obtidas cartas náuticas digitais da Diretoria de Hidrografia e Navegação da


Marinha do Brasil (http://www.mar.mil.br/dhn.htm). As cartas foram importadas para o
programa Surfer, georreferenciadas e tiveram os dados batimétricos e suas respectivas
coordenadas geográficas digitalizados para uma Tabela de dados batimétricos.

As seguintes cartas foram digitalizadas:

Carta Náutica °140201, denominada “DO PONTAL DE REGÊNCIA À PONTA


DO UBU” , com levantamentos efetuados em 1976.

Carta Náutica n° 2280001, denominada ”DE CONCEIÇÃO DA BARRA A


VITÓRIA”, com levantamentos efetuados em 1976.

A campanha para levantamento de dados batimétricos foi realizada no dia 19 de

39
fevereiro de 2010. O levantamento batimétrico realizado foi feito em parte do Rio Doce
e em parte da foz do Rio Doce (oceano adjacente), uma vez que as cartas náuticas da
DHN não possuíam dados batimétricos detalhados nessas regiões.

Todos os dados batimétricos foram então referenciados ao nível médio do mar (Z 0).
Utilizando o programa Surfer os dados batimétricos foram interpolados, pelo método
Kriging, gerando um grid de informações (dados X,Y,Z). Estas informações foram então
inseridas no modelo SISBAHIA. A Figura 4.4 representa o mapa batimétrico resultante.

Figura 4.4- Mapa batimétrico gerado pela interpolação de dados de cartas náuticas e campanha
de levantamento batimétrico.

4.5 DADOS MAREGRÁFICOS

As variações do nível d’água devido à maré, atuantes como uma forçante física do
modelo, foram consideradas na fronteira aberta do mesmo a partir de constantes
harmônicas.

As constantes harmônicas para a área de estudo foram obtidas no Catálogo de Estações


Maregráficas Brasileiras -folha 159- disponível no sítio eletrônico da Fundação de
40
Estudos do Mar –FEMAR- (www.fundacaofemar.org.br).

Além das marés obtidas através das constantes harmônicas foram utilizados dados
maregráficos medidos in situ, para calibração do modelo hidrodinâmico. A maré foi
medida em um ponto dentro do estuário em estudo (Figura 4.5), na posição aproximada
de 413707 E e 7828415 S, onde foram realizadas três medições entre fevereiro de 2010
e março de 2010.

4.6 DADOS DE CORRENTOMETRIA

Os dados de magnitude e direção das correntes foram obtidos de estudos realizados pela
PETROBRAS(PETROBRAS, 2010). Estes foram registrados a cada 3 horas e medidos
em sete campanhas de medição durante os anos 2008 e 2009. As medições foram feitas
com uso de um ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler) instalado na posição
aproximada de 427488 E e 7838531 S, em profundidade aproximada de 20m, com
relação ao nível médio do mar (PETROBRAS, 2010). A Figura 4.5 apresenta a
localização dos pontos de medição do marégrafo e do ADCP.

Figura 4.5- Localização do ponto de medição maregráfica e do ADCP.


41
4.7 DADOS DE VAZÃO DO RIO DOCE

Os dados de vazão do Rio Doce foram aplicados na representação da vazão afluente do


rio no domínio modelado. Duas fontes de dados de vazões do Rio Doce foram adotadas:
dados obtidos no sítio eletrônico da ANA (www.ana.gov.br) para estação de Colatina e
dados da PETROBRAS (PETROBRAS, 2010).

Os dados de vazão da primeira fonte foram utilizados durante a simulação dos cenários,
enquanto os da segunda fonte foram utilizados no processo de calibração do modelo.
Mesmo havendo uma distância de aproximadamente 107 km, entre a foz do rio e a
estação fluviométrica de Colatina, a magnitude da escala modelada e a escassez de
dados justificaram a utilização dos dados da estação de Colatina. A Tabela 4.2 apresenta
os dados das vazões do Rio Doce da estação de Colatina e das campanhas feitas na foz
do rio.

Sete campanhas de levantamento correntométricos, com medição conjunta da vazão do


Rio Doce, foram realizadas pela PETROBRAS. Entretanto foram escolhidas duas
campanhas para terem seus dados utilizados durante o processo de calibração do
modelo: campanha referente a 29/5/2008 e campanha referente a 18/3/2009. Esta
escolha deveu-se ao fato destas campanhas apresentarem os maiores períodos de
registro de dados e, conseqüentemente, maior quantidade de dados, tornando melhor e
mais válido o processo de calibração

Tabela 4.2 - Vazões do Rio Doce na estação de Colatina e em sua foz.

Foz do Rio Estação de


Data
Doce (m³/s) Colatina (m³/s)

*29/5/2008 386 306


10/7/2008 309 230
9/9/2008 246 185
6/11/2008 189 264
4/1/2009 3264 3074
*18/3/2009 904 746
28/7/2009 332 368
*campanhas utilizadas na calibração do modelo
42
4.8 DADOS DE VENTO

Os dados de ventos utilizados na modelagem da circulação hidrodinâmica foram


selecionados a partir da série de dados do projeto Reanalysis, que consiste em um
modelo de previsão de direção e intensidade de ventos, obtidos no sítio eletrônico da
National Centers for Environmental Predictions -NCEP- pertencente ao National
Oceanic & Atmospheric Administration -NOAA- (www.cdc.noaa.gov/cdc/reanalysis).
A resolução dos dados escolhidos é de 25 km (posição 435225,24E e 7862175,72S)
com valores referentes à altitude de 10m e a periodicidade de 6 horas. Esta fonte de
dados de vento foi utilizada com sucesso por Marques (2009) para a modelagem
numérica da pluma do estuário da Lagoa do Patos, e por Siminato (2006) para a
modelagem da pluma do Rio da Prata.

Após a escolha do período (entre os anos de 2000 e 2010) os dados foram processados e
inseridos no modelo, de acordo com o período desejado, como forçante variável no
tempo e uniformes no espaço. Sendo, estes dados também adotados para verificação do
vento predominante durante os registros das imagens de satélite.

4.9 RUGOSIDADE

A amplitude da rugosidade equivalente do fundo (ε), ou simplesmente rugosidade, tem a


função de reproduzir as perdas de energia no escoamento de corpos hídricos devido à
influência do atrito entre camada d’água e substrato, podendo ser especificada no
modelo de forma uniforme em todo o domínio, ou informada nó a nó.

A amplitude da rugosidade equivalente do fundo (ε) varia com o material componente


do leito. Rosman (2009) propõe valores inicias de rugosidade iguais a 0,0300m,
entretanto este parâmetro pode variar não só devido ao tipo de material do fundo, mas
também por ser muitas vezes utilizado na calibração do modelo.

De acordo com Albino (1999), Prata (2007) e Coelho (2007) a planície deltaica do Rio
Doce possui um volumoso aporte sedimentar com praias extensas compostas por areias
litoclásticas grossas e médias provenientes dos rios Doce, São Mateus e Itaúnas.
43
Considerou-se, portanto, que o domínio do modelo possui leito com transporte
sedimentar, cuja rugosidade recomendada varia entre 0,0070m e 0,0500m.

4.10 CONTORNOS DO MODELO

As equações de águas rasas, que forma o modelo hidrodinâmico do SISBAHIA,


necessitam do estabelecimento de condições de contorno para o campo de velocidade e
elevação da superfície livre da água.

O modelo SISBAHIA admite condições de contorno abertas e fechadas. A imposição da


elevação da superfície livre, ou níveis de água é geralmente o principal forçante
prescrito ao longo dos contornos abertos. Os contornos fechados representam margens e
seções de rios ou canais que estejam incluídos no domínio de modelagem.

Além dos contornos aberto e fechado são também consideradas as condições de


contorno de superfície e fundo. A condição de contorno no fundo é a imposição de
velocidade nula e escolha da rugosidade pertinente a composição do leito. No limite
superior da coluna da água, a condição é a atuação da tensão cisalhante do vento.

As condições impostas no contorno aberto foram as elevações da superfície livre da


água de acordo as constantes harmônicas para a Barra do Rio Doce. A Tabela 4.4
apresenta as constantes utilizadas.

44
Tabela 4.3 - Constantes harmônicas da Barra do Rio Doce impostas no contorno aberto.

Componente Período (s) Amplitude (m) Fase (graus)


Mm 2380713,1375 0,094 76
MSf 1275721,3880 0,04 76
Q1 96726,0840 0,018 72
O1 92949,6300 0,085 95
M1 89399,6936 0,001 358
P1 86637,2046 0,015 143
K1 86164,0908 0,045 143
J1 83154,5164 0,007 306
OO1 80301,8671 0,01 69
2N2 46459,3481 0,005 42
mu2 46338,3275 0,009 88
N2 45570,0537 0,039 68
nu2 45453,6159 0,008 68
M2 44714,1644 0,391 94
L2 43889,8327 0,035 248
T2 43259,2171 0,011 103
S2 43200,0000 0,189 103
K2 43082,0452 0,051 103
MO3 30190,6907 0,003 30
M3 29809,4429 0,005 125
MK3 29437,7039 0,002 280
MN4 22569,0261 0,003 67
M4 22357,0822 0,019 106
SN4 22176,6940 0,006 197
MS4 21972,0214 0,015 117

Não foram consideradas áreas alagáveis referentes a planícies de maré e manguezais,


devido à inexistência manguezais e a reduzida área alegável do estuário do Rio Doce.

A condição de contorno de terra foi considerada impermeável, portanto com fluxo


normal nulo. A velocidade e direção foram impostas nos nós que compõem a seção do
rio para simular a vazão afluente no domínio. A Figura 4.6 ilustra os dois tipos de
contorno para o domínio do modelo e mostra onde a condição de vazão do rio é imposta
no contorno fechado. Na Tabela 4.5 apresenta-se resumidamente as condições de
contorno adotadas nas simulações do presente trabalho. Ressalta-se ainda, que foi

45
considerada no domínio do modelo a atuação da força de Coriolis.

Figura 4.6 - Contorno fechado com localização da imposição da vazão do rio, e contorno aberto
representados no domínio do modelo

Tabela 4.4 - Resumo das condições de contorno consideradas nas simulações.

Contorno Característica Condições

Variável temporalmente e
Superfície Cisalhamento eólico
uniforme espacialmente

Constante temporalmente e
Rugosidade
uniforme espacialmente
Fundo
Batimetria Constante temporalmente

Variação da superfície livre


Aberta através de constantes
harmônicas
Fronteiras
Contorno de Terra
Fechada impermeável e vazão afluente
do rio constante

46
4.11 CONDIÇÕES INICIAIS

As condições iniciais utilizadas no modelo numérico foram do tipo partida a “frio”,


onde o modelo inicia a simulação considerando o campo de componentes do vetor de
velocidade 2DH, U e V, nulo em todos os pontos da malha, e considerando o campo de
elevação da superfície livre (ζ) em qualquer ponto do ciclo de maré.

As simulações realizadas no presente estudo foram iniciadas com a escolha de


momentos de preamar. Sendo esta elevação inicial uniforme em todo o domínio do
modelo. Outras condições iniciais foram a imposição de intensidade e direção do vento
variáveis com o tempo, mas espacialmente uniforme, e a imposição da velocidade e
direção do escoamento do Rio Doce em sua seção.

4.12 CALIBRAÇÃO DO MODELO

O processo de calibração pode ser definido como a etapa em que parâmetros do modelo
são ajustados com o intuito de reproduzir os dados medidos in situ, sendo um processo
interativo de comparação entre os valores medidos em campo e os valores gerados na
modelagem. Esse processo depende fortemente da disponibilidade de dados de campo
confiáveis e da experiência do modelador, pois geralmente os ajustes são feitos nos
fatores incertos conhecidos, como coeficiente de rugosidade de fundo, passo de tempo e
condições de contorno (ROSMAN,2009).

Foram executadas simulações utilizando-se como parâmetros: a vazão do Rio Doce, as


marés geradas pelas constantes harmônicas e intensidade e direções dos ventos.

A calibração do modelo baseou-se na comparação dos valores calculados através das


simulações com os dados de elevação da superfície livre (maré) e os dados de direção e
intensidade das correntes medidos in situ. Para tanto foram criados duas estações de
monitoramento dentro do domínio modelado, denominadas “estação maregráfica” e
“estação ADCP”, com posições equivalentes aos pontos de medição in situ ,
anteriormente apresentados na Figura 4.5.

A avaliação das marés simuladas, para a Estação maregráfica, utilizou dados de uma
47
campanha devido à maior disponibilidade de dados desta, medidos entre 19 e 24 de
março de 2010. Já a avaliação dos resultados de magnitude e direção das correntes, para
a Estação ADCP, utilizou dados de duas campanhas, medidos entre 29 de maio a 5 de
junho de 2008, para primeira campanha, e entre 9 a 16 de março de 2009, para a
segunda. Durante a calibração foram adotados os valores de correntometria referentes a
60% da coluna de água, para a seleção dos dados provenientes das medições com
ADCP. A utilização de dados com diferentes datas para diferentes parâmetros físicos
justificou-se pela escassez de dados medidos em concomitância para região estudada.

Para avaliação da resposta do modelo e seu grau de confiabilidade considerou-se os


métodos propostos por Cawley & Harnett (1992) e Odd & Murphy (1992). Os primeiros
sugerem que a precisão de um modelo hidrodinâmico é medida comparando-se os dados
coletados e os simulados tanto para elevação, quanto para velocidade, através do erro
médio de estimação E, dado pela equação 8, sendo considerados aceitáveis os seguintes
valores: para o módulo da velocidade o erro médio de estimação deve ser menor que
20% e para marés, em torno de 5%.

N
1
E i 100 (8)
N 1i 0

onde: i diferença entre o dado medido e o simulado

N número de observações.

De acordo Odd & Murphy (1992) muitos modelos não obtêm sucesso, pois não foram
escolhidos adequadamente, ou então, foram calibrados com dados inadequados e
metodologias impróprias. Estes autores sugerem que no mínimo 80% das diferenças
entre a direção medida e a simulada estejam dentro da faixa de 20 , para a e calibração
de modelos hidrodinâmicos computacionais.

Durante o processo de calibração foram ajustados os seguintes fatores: passo de tempo,


coeficiente de rugosidade de fundo, ajustes de profundidade e condições de contorno.
Após atingida uma aproximação aceitável entre os dados simulados e medidos o modelo
hidrodinâmico foi considerado aplicável as simulações dos cenários, para assim
alcançar os objetivos do presente trabalho.

48
4.13 CENÁRIOS PARA O ESTUDO DAS FORÇANTES

Com o propósito de analisar as forçantes atuantes na circulação hidrodinâmica da região


em estudo foram conFigurados dois cenários para simulação, apresentados a seguir:

Cenário 1 - simulação hidrodinâmica desconsiderando o vento e considerando a


maré.

Cenário 2 - simulação hidrodinâmica considerando o vento e maré.

Nas simulações, cenários 1 e 2, foi considerada a maré entre os dias 10/03/2009 e


25/03/2009, simulada pelo modelo computacional. Os dados de vento, referentes à
mesma data, foram implementados apenas no cenário 2. A vazão do Rio Doce foi
mantida constante, com valor igual a sua média (918m³/s), proposta por Coelho (2007).

4.14 CENÁRIOS DE SIMULAÇÃO DA PLUMA E USO DAS IMAGENS DE


SATÉLITE

A construção dos cenários baseou-se na análise de imagens de satélite e as condições


ambientais típicas (vazão, maré e vento predominante) da data de capitação destas.

Através da análise das imagens dos satélites LANDSAT5, CBERS 2 e CBERS 2B


foram escolhidas imagens da foz do Rio Doce em que a pluma deste era visível, ou
imagens em que fenômenos hidrodinâmicos, como vórtices próximos a foz, eram
visíveis, devido a existência de material em suspensão. Após esta etapa foi executado o
modelo hidrodinâmico com as condições ambientais relativas a data da imagem.

Uma vez executado o modelo hidrodinâmico este foi acoplado ao modelo Lagrangeano
onde a pluma do Rio Doce foi simulada através da inserção de uma fonte de
lançamentos de partículas com região fonte retangular, na seção do rio.

Ressalta-se que o presente trabalho não pretendeu simular nenhum tipo específico de
substância, sendo o lançamento de partículas apenas uma forma de “marcar” a água
proveniente da vazão do rio. Foi adotado o módulo advectivo e difusivo e não foram
adotadas taxas de decaimento para as partículas.

49
A pluma gerada pelo modelo Lagrangeano foi então comparada a imagem de satélite.
Destaca-se que apesar das limitações devido à disponibilidade de dados do banco de
imagens utilizado, as imagens escolhidas procuraram representar as condições típicas de
vazão e vento para região modelada. Na Figura 4.7 são apresentadas as etapas da
metodologia empregada.

ESCOLHA DA IMAGEM

>>
DEFINIÇÃO DO CENÁRIO COM CONDIÇÕES
AMBIENTAIS DETERMINADAS PELA DATA DA IMAGEM
>> >> >>
EXECUÇÃO DO MODELO HIDRODINÂMICO

EXECUÇÃO DO MODELO LAGRANGIANO

OBSERVAÇÃO DA PLUMA SIMULADA


>>

COMPARAÇÃO COM A IMAGEM DE SATÉLITE

Figura 4.7- Processo de definição de cenários e obtenção de resultados para comparação com
imagem de satélite.

50
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 GEOMORFOLOGIA

Considerando a classificação proposta por Galloway (1975, apud DAVIS JR e


FITZGERALD, 2004) quanto à forçante dominante sobre a geomorfologia de estuários,
observa-se que a desembocadura do Rio Doce e sua região costeira adjacente indicam a
dominância das ondas sobre a morfologia local. Entretanto, ao analisarmos as barras
sedimentares da foz nota-se que a seção transversal do rio ao desaguar no oceano está
voltada para o sul, com o comprimento da barra arenosa norte muito superior a barra
sul. Este fato evidencia que o transporte predominante de sedimento ao longo da costa
ocorre no sentido norte-sul.

De acordo com Campos (2011) na região em estudo observa-se uma correlação entre os
ventos e correntes superficiais, onde as correntes das áreas mais rasas se orientam na
direção aproximada do vento, principalmente quando provenientes do quadrante S-SE.
Na maioria das situações de vento do quadrante N-NE também há correlação entre
direção dos ventos e correntes, entretanto, em algumas situações as correntes não
acompanham a direção do vento.

Na Figura 5.1 são apresentados os dados de ventos utilizados no presente trabalho


(previamente caracterizados no item 4.7) onde se observa a ocorrência predominante de
vento NE, corroborando com as observações de Bandeira et. al.(1975 apud ALBINO,
1999). A análise estatística destes dados apresentou média igual 5,76 m/s. A
confrontação dos dados geomorfológicos com as observações feitas por Campos (2011)
indicam que a geomorfologia da costa é possivelmente sobrepujada não só pela ação das
ondas como também pela ação dos ventos.

No que tange ao estudo da pluma do Rio Doce as considerações expostas na presente


seção são de extrema relevância, pois apontam a importância do vento na hidrodinâmica
da região em estudo e a tendência natural da pluma do Rio Doce a se propagar para o
sul e sudeste, uma vez que a seção do rio pode orientar seu fluxo para estas direções.

51
Figura 5.1- Rosa dos ventos referentes aos dados do período entre 2000 e 2010 para região da
foz do Rio Doce.

5.2 CALIBRAÇÃO

Através da comparação entre os resultados simulados e medidos in situ avaliou-se a


precisão do modelo na reprodução de dados de elevação e corrente através de análise
quantitativa e qualitativa. Para o ultimo utilizou-se a análise gráfica, e para o primeiro
utilizou-se os critérios de avaliação de marés e magnitude de correntes propostos por
Cawley & Hartnett (1992), e no caso da direção de corrente os critérios estabelecido por
Odd & Murphy (1992), como previamente descrito no item 4.12.

Na Tabela 5.0 são apresentados valores referentes aos erros médios obtidos para
elevação e magnitude de corrente, e os percentuais obtidos para direção de corrente.

52
Tabela 5.0 – Resultados do critério de comparação entre os erros médios obtidos, para maré e
correntes (magnitude), segundo Cawley & Hartnett (1992) e critério de avaliação da direção de
corrente, segundo Odd & Murphy (1992).
Estação Maregráfica

Campanha
19/03/2010

Erros médios de Erro satisfatório


7,60%
elevação(maré) ≤5%

Campanha Campanha
Estação ADCP

29/5/2008 9/3/2009
Erros médios de
Erro satisfatório
corrente 51,40% 35,30%
≤20%
(magnitude)
Direção da Percentual satisfatório
60,34% 64,44%
corrente* ≥80%
*Percentuais obtidos das diferenças entre direções medidas e simuladas que variaram entre 20º

Cawley & Hartnett (1992) consideraram que para os dados de maré o erro satisfatório
podem ter limites superiores a 5%, portanto, os dados apresentados demonstram que o
modelo teve boa reprodução de dados de elevação, mesmo tendo alcançado um valor
2,6% acima do prescrito como satisfatório. Já para o caso dos resultados de magnitude
e direção de corrente, estes apresentaram valores bem superiores aos estabelecidos pela
literatura.

O gráfico comparativo dos resultados da maré simulada e medida para a “Estação


maregráfica” é apresentado na Figura 5.2.

53
Figura 5.2- Dados maré simulados e medidos in situ, para campanha de medição maregráfica de
19/03/2010 a 24/03/2010

Apesar deste parâmetro não ter sido quantificado, a análise gráfica indica que a
oscilação da maré apresenta uma boa concordância de fase entre os dados medidos e
simulados. Entretanto, observam-se diferenças de valores durante os períodos de maior
amplitude de maré. Esta disparidade pode estar relacionada a variações da vazão do Rio,
adotada como constante no período das simulações, e/ou imprecisão dos dados
batimétricos utilizados.

Os resultados de magnitude das correntes simuladas (módulo da velocidade) e os dados


medidos para a “Estação ADCP” são apresentados na Figura 5.3, para dois períodos
considerados.

Os resultados de direção das correntes simuladas e os dados medidos para a “Estação


ADCP” são apresentados na Figura 5.4, para dois períodos considerados. Ressalta-se
que os ângulos apresentados nos dados de direção são referenciados ao eixo “x”, ou
seja, partindo-se do eixo “x” variam de 0 a 180° no sentido anti-horário e de 0 a -180°
no sentido horário.

Os resultados de magnitude das correntes simuladas apresentaram-se, de maneira geral,


inferiores aos dados medidos, corroborando com os resultados da análise quantitativa.
Entretanto, a similaridade no formato das linhas do gráfico (Figura 5.3), em ambos os
períodos considerados, demonstra que o modelo responde aos processos físicos que

54
regem a circulação hidrodinâmica da região. Esta suposição é corroborada pelos os
dados de direção de correntes (Figura 5.4) que também apresentam alguma similaridade
entre os dados medidos e simulados, apesar de não terem obtido valores satisfatórios na
análise quantitativa.

A)

B)

Figura 5.3- Dados do módulo da velocidade simulados e medidos in situ, para duas
campanhas: A) de 09/03/2009 a 16/03/2010; B) 29/05/2008 a 05/06/2008.
A)

55
B)

Figura 5.4- Dados de direção das correntes simulados e medidos in situ, para duas campanhas:
A) de 09/03/2009 a 16/03/2010; B) 29/05/2008 a 05/06/2008

As divergências observadas nos gráficos das Figuras 5.3 e 5.4 possivelmente estão
relacionadas à resolução temporal dos dados de vento, a não consideração de atuação de
ondas e/ou a imprecisões na batimetria. Outras explicações cabíveis para ocorrência das
dissemelhanças observadas podem ser atribuídas à natureza do processo de modelagem,
que adota simplificações nas equações que governam o processo hidrodinâmico, bem
como aproximações feitas para as condições de contorno.

56
Durante o processo de calibração definiram-se os fatores que propiciaram uma melhor
resposta do modelo hidrodinâmico, expostos a seguir: valores de coeficiente de
rugosidade de fundo iguais 0,004m e passo de tempo igual a 60s e (demonstrando
número de Courant médio igual a 3). Além disso, foram ajustadas a diferenças de fase
nos contornos abertos.

Considerando os resultados até aqui apresentados, as características dos dados


empregados e as simplificações adotadas nas simulações, avaliou-se como
qualitativamente satisfatória a resposta do modelo. Portanto, considerou-se plausível a
utilização deste para estudos ambientais da região em pauta.

5.3 ESTUDO DAS FORÇANTES OCEANOGRÁFICAS

Nas simulações dos cenários 1 e 2 foram observados os resultados gráficos para o ponto
de monitoramento “Estação ADCP” e os resultados espaciais para toda a região
modelada. O gráfico mostrado na Figura 5.5 apresenta a série temporal de elevação da
superfície livre da água, demonstrando as marés de sizígia e quadratura consideradas em
ambos os cenários. Na Figura 5.6 são apresentados os dados de vento, módulo e
direção, utilizados na simulação do cenário 2.

Figura 5.5- Série temporal da variação da elevação da superfície da água simulados nos
cenários 1 e 2.

57
A)

B)

Figura 5.6-Série temporal, com dados a cada seis horas, do módulo da velocidade do vento,
gráfico A, e ângulo do vento, gráfico B, utilizados na simulação do cenário 2.

58
Para ilustrar o padrão espacial de correntes em diferentes situações de maré e comparar
os diferentes cenários foram criados mapas com os padrões de correntes (isolinhas do
módulo da velocidade e direção) para a região modelada. Na maré de sizígia os valores
para a preamar (Figura 5.7) foram obtidos no instante t=226800s e para a vazante
(Figura 5.8) foram obtidos três horas adiante, no instante t=237600s. Na maré de
quadratura os valores para a preamar (Figura 5.9) foram obtidos no instante t=777600s e
para a vazante (Figura 5.10) foram obtidos três horas adiante, no instante t=788400s.

Nas Figuras dos dois cenários observa-se uma forte influência da vazão do Rio Doce
nas adjacências de sua foz, condizendo com as observações de Campos (2011).

Na maré de sizígia os campos de velocidades mostram-se mais intensos que nas marés
de quadratura no dois cenários, corroborando com o observado por ASA (2003 apud
CAMPOS, 2011). Os valores de velocidade de corrente observados para o cenário 2
são, de forma geral, superiores aos valores observados no cenário 1. Além disso, na
comparação entre cenários, para o mesmo instante de tempo, notam-se drásticas
mudanças no padrão de escoamento da região.

Observa-se em ambos os cenários que a região norte da área modelada apresenta


maiores valores de velocidade de corrente, tanto na preamar e vazante da maré de
sizígia quanto na preamar e vazante da maré de quadratura. Esta intensificação
possivelmente está associada a batimetria local que apresenta menores valores ao norte
da região modelada.

59
A) Cenário 1

B) Cenário 2

Figura 5.7 –Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de sizígia, na


preamar (instante t=226800), com isolinhas do módulo da velocidade para A)Cenário 1 e B)
Cenário 2. *vetores em escala fixa.
60
A) Cenário 1

B) Cenário 2

Figura 5.8 – Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de sizígia, na


vazante (instante t=237600), com isolinhas do módulo da velocidade para A)Cenário 1 e B)
Cenário 2. *vetores em escala fixa.
61
A) Cenário 1

B) Cenário 2

Figura 5.9 – Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de quadratura, na


preamar (instante t=777600), com isolinhas do módulo da velocidade para A)Cenário 1 e B)
Cenário 2. *vetores em escala fixa.
62
A) Cenário 1

B) Cenário 2

Figura 5.10– Campo de correntes* no domínio do modelo em situação de maré de quadratura,


na vazante (instante t=788400), com isolinhas do módulo da velocidade para A)Cenário 1 e B)
Cenário 2. *vetores em escala fixa.
63
Na Figura 5.11 são apresentados com maior detalhamento da desembocadura os
resultados expostos nas Figuras 5.7 a 5.10, a fim de se destacar a presença de vórtices
observados em ambos os cenários. Nota-se que os vórtices formados no cenário 2
ocorreram sempre ao sul da foz enquanto no cenário 1 ocorreram ao sul ou ao norte da
foz.

A presença de vórtices no entorno da foz demonstra que a vazão do rio domina a


dinâmica na região próxima a sua descarga, assim como descrito por Yankovsky et al.
(2001). Entretanto, a ocorrência dos vórtices ao sul da foz, para o cenário 2, evidência
a importante atuação do vento na hidrodinâmica local, concordando com os estudos de
pluma de outros rios como o de Xing & Davies (1999) e de LIU et al.(2008), e o
estudo da pluma do Rio Doce feito por Campos (2011).

Na Figura 5.12 são apresentados os valores do módulo da velocidade do vento e


módulo da velocidade das correntes para o cenário 1 e cenário 2. Observa-se que a
presença do vento intensifica a velocidade das correntes. Contudo, valores de vento
abaixo de 5 m/s (aproximadamente) ou com intensidade inconstantes, levam a
intensidade das correntes do cenário 2 a valores próximos as correntes do cenário 1,
condizendo com o observado por Campos (2011).

Na Figura 5.13 são apresentados os ângulos do vetor vento e os ângulos dos vetores de
velocidade das correntes para o cenário 1 e cenário 2, a cada seis horas, permitindo a
análise da direção das correntes e comparação entre cenários. Nota-se no gráfico, que os
ângulos para o cenário 2 respondem as mudanças de direção do ventos enquanto os
dados do cenário 1 apresentam inversão de sentido praticamente regular, demonstrando
a influência da maré sobre estes.

As informações apresentadas nas Figuras 5.12 e 5.13 corroboram com os mapas de


campo de corrente previamente expostos. A análise dos dados de intensidade e ângulo
das correntes para os cenários apresentados na presente seção demonstram que o vento,
quando comparada a maré, tem maior influência sobre a circulação hidrodinâmica da
região, principalmente nas regiões distais à desembocadura, permitindo-se afirmar que
os padrões de escoamento da pluma do Rio Doce têm forte associação com o vento
predominante, concordando com os resultados de Campos (2011) e ASA (2003, apud
CAMPOS, 2011).
64
CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
QUADRATURA
VAZANTE
QUADRATURA
PREAMAR
VAZANTE
SIZÍGIA
PREAMAR
SIZÍGIA

Figura 5.11- Campo vetorial* evidenciando a formação de vórtices nos cenários 1 e 2, em


diferente condições de maré.*vetores em escala fixa

65
Figura 5.12- Série temporal do módulo da velocidade do vento e velocidade das correntes para o
cenários 1 e 2 resultantes das simulações.

Figura 5.13- Série temporal do ângulo dos vetores de vento e ângulo dos vetores de velocidade
da corrente, a cada seis horas, resultantes das simulações.

66
5.4 SIMULAÇÃO DA PLUMA E USO DE IMAGENS DE SATÉLITE

Na presente seção são comparados os resultados do modelo Lagrangeano com as


imagens de satélite. Os resultados da modelagem Lagrangeano foram obtidos através de
simulações computacionais (cenários) com as condições ambientais (maré, vento e
vazão do Rio Doce) referentes à data da imagem de satélite. Na Tabela 5.1 são
apresentados os cenários simulados com respectivas imagens de satélite (data, hora e
satélite) as condições de vento predominante e vazão do Rio Doce.

Tabela 5.1- Cenários e respectivas imagens de satélite e condições ambientais.


Data da Vento
Cenário Hora local Satélite Vazão (m³/s)
imagem predominante
Cenário 3 7/5/2001 15:28:50 L7 SW 243
Cenário 4 1/10/2005 15:20:00 L5 SE 786
Cenário 5 14/4/2009 15:02:42 C2B SE 1642
Cenário 6 5/4/2005 15:38:20 C2 NE 1577
Cenário 7 18/7/2005 15:47:50 C2 NE 603
Cenário 8 11/4/2006 15:30:00 L5 NE 882

Os resultados das simulações apresentadas na presente seção consideraram o período


inicial de simulação igual a, aproximadamente, 72 horas antes da data de capitação da
imagem.

No intuito de comparar as imagens com os resultados das simulações são apresentadas a


imagem de satélite e o respectivo mapa de distribuição de partículas (do instante de
tempo de simulação equivalente ao momento da captação da imagem). Para
caracterização dos principais padrões de comportamento da pluma são também
apresentadas imagens de satélite, obtidas durante condições ambientes similares às
imagens utilizadas no cenários, e mapas das distribuições das partículas durante alguns
períodos da simulação dos cenários.

67
Os dados de intensidade e direção do vento para o cenário 3 são apresentados na Tabela
5.2. Na Figura 5.14 são apresentadas a imagem de satélite e mapa de distribuição de
partículas (sobreposta a imagem) referente ao cenário 3. Nota-se na imagem de satélite
a presença de sólidos em suspensão bem próximos a linha de costa e ao longo de sua
extensão, que evidenciam forte ocorrência de processo de ressuspensão na linha de
costa, corroborando como observado por Lorenzzetti et al (2007). Entretanto, percebe-
se que há maior presença destes ao norte da foz do rio (indicação circular vermelha no
quadro superior da Figura 5.14).

As partículas mostradas no mapa localizam-se ao norte da foz, demonstrando pouca


influência da baixa vazão do rio na advecção das partículas e a predominante influência
de correntes, possivelmente geradas pelo vento sudoeste, na advecção da pluma. Esta
afirmação é corroborada pelos dados apresentados na Figura 5.15 que demonstram o
deslocamento das partículas no sentido sul-norte entre os instantes 15:00 do dia
5/5/2001 e 6/5/2001 do tempo de simulação. Portanto, considera-se que a comparação
dos resultados da simulação com a imagem de satélite apresentou boa similaridade para
este cenário.

Tabela 5.2 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 3.


Instante Velocidade Ângulo Classificação
4/5/2001 15:00 10,00 -78 N
4/5/2001 21:00 8,00 -89 N
5/5/2001 03:00 4,47 -117 NE
5/5/2001 09:00 0,89 153 SE
5/5/2001 15:00 3,62 62 SW
5/5/2001 21:00 3,52 83 S
6/5/2001 03:00 4,12 174 S
6/5/2001 09:00 4,03 67 SW
6/5/2001 15:00 7,00 44 SW
6/5/2001 21:00 4,74 44 SW
7/5/2001 03:00 5,20 60 SW
7/5/2001 09:00 5,20 45 SW
7/5/2001 15:00 6,38 66 SW

68
Figura 5.14 - Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 3, com indicação circular
quanto a principal observação. Quadro abaixo - distribuição das particulas no instante 15:00:00
do dia 7/5/2001.
69
Figura 5.15 - Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 5/5/2001.
Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 6/5/2001.

70
Os dados de intensidade e direção de vento para o cenário 4 são apresentados na Tabela
5.3. Na Figura 5.16 são apresentadas a imagem de satélite e mapa de distribuição de
partículas (sobreposta a imagem) referente ao cenário 4. Nota-se na imagem de satélite
a retenção de parte da pluma na região frontal da foz do rio, apresentando um formato
protuberante pouco definido que se espalha para o norte da foz (indicação circular
vermelha no quadro superior da Figura 5.16), além disso, observa-se um possível
processo de recirculação ao sul da foz (indicação circular amarela no quadro superior da
Figura 5.16). Os resultados da simulação demonstram que a vazão do rio, próxima a
vazão média, atua na advecção da pluma permitindo que esta atinja posições distais à
linha de costa, contudo, a influência de correntes geradas pelo vento SE parece conter
este processo advectivo. Na Figura 5.17 observa-se a formação de vórtices na região sul
da foz, com retenção da pluma e deslocamento das partículas no sentido sul-norte.
Diante do exposto, considera-se que a comparação dos resultados da simulação com a
imagem de satélite apresentou pouca similaridade no cenário 4.

Tabela 5.3- Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 4.

Instante Velocidade Ângulo Classificação


28/9/2005 15:00 9,08 154,56 SE
28/9/2005 21:00 8,28 151,89 SE
29/9/2005 03:00 8,22 143,41 SE
29/9/2005 09:00 8,99 147,72 SE
29/9/2005 15:00 7,27 148,50 SE
29/9/2005 21:00 7,44 173,83 S
30/9/2005 03:00 6,04 167,57 S
30/9/2005 09:00 5,86 143,33 SE
30/9/2005 15:00 5,81 130,82 SE
30/9/2005 21:00 2,19 136,85 SE
1/10/2005 03:00 3,30 89,83 S
1/10/2005 09:00 4,74 108,43 SE
1/10/2005 15:00 6,14 102,23 E

71
Figura 5.16-Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 4, com indicações circulares
quanto as principais observações. Quadro abaixo - distribuição das particulas no instante
15:00:00 do dia 1/10/2005.

72
Figura 5.17- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 29/9/2005.
Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 30/9/2005.

73
Os dados de intensidade e direção para o cenário 5 são apresentados na Tabela 5.4. Na
Figura 5.18 são apresentadas a imagem de satélite e mapa de distribuição de partículas
(sobreposta a imagem) referente ao cenário 5. A retenção da pluma na região frontal da
foz do rio demonstra-se ainda mais marcante quando comparada ao cenário 4,
apresentando protuberância bem definida (indicação linear vermelha no quadro superior
da Figura 5.18), condizendo com o padrão de comportamento observado por Campos
(2011).

A vazão alta do rio atua fortemente na advecção da pluma e há influência de correntes,


possivelmente geradas por vento, na contenção parcial deste processo advectivo. Ao
contrario do observado na imagem de satélite, a pluma mostrada no mapa não está
adjacente a linha de costa, ao sul da foz. Tal fato pode ser explicado pela diferença de
geometria da foz que contribui no direcionamento e alcance da pluma. Entretanto,
mesmo diante desta limitação, o modelo demonstra boa representatividade espacial,
com o mapa de partículas apresentando dimensões de sua pluma muito similar as
dimensões da pluma da imagem.

As imagens de satélite da Figura 5.19 foram obtidas durante condições ambientais


similares as do cenário 5, ou seja, vento predominantemente SE e vazão alta do rio.
Estas imagens apresentam grande similaridade aos resultados apresentados para o
cenário 5, demonstrando a existência um padrão no comportamento da pluma, para
estas condições ambientais, como evidenciado por Campos (2011).

A Figura 5.20 apresenta a distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia


29/9/2005 e do dia 30/9/2005. A distribuição das partículas da pluma em camadas com
formato “ziguezague” ocorre possivelmente devido a influência das marés,
corroborando com as observações de Liu et al (2008). Diante do exposto, considera-se
que a comparação dos resultados da simulação com a imagem de satélite apresentou boa
similaridade para o cenário 5.

74
Tabela 5.4 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 5.

Instante Velocidade Ângulo Classificação


11/4/2009 15:00 5,66 144,34 SE
11/4/2009 21:00 4,69 129,81 SE
12/4/2009 03:00 4,55 129,64 SE
12/4/2009 09:00 7,31 149,57 SE
12/4/2009 15:00 6,08 136,33 SE
12/4/2009 21:00 5,61 121,14 SE
13/4/2009 03:00 4,69 129,81 SE
13/4/2009 09:00 4,52 114,86 SE
13/4/2009 15:00 3,92 109,36 SE
13/4/2009 21:00 3,34 -171,38 E
14/4/2009 03:00 3,68 -157,62 NE
14/4/2009 09:00 2,18 -105,95 NE
14/4/2009 15:00 1,25 151,39 SE

75
Figura 5.18- Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 5, com indicção linear
quanto a principal observação. Quadro abaixo - distribuição das particulas no instante 15:00:00
do dia 14/4/2009.

76
Figura 5.19- Quadro acima - imagem de satélite do dia 19/04/2009 obtidas pelo satélite Cbers.
Quadro abaixo - imagem de satélite do dia 19/01/2004 obtidas pelo satélite Cbers.

77
Figura 5.20- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 12/4/2009.
Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 13/4/2009.

Os dados de intensidade e direção de vento para o cenário 6 são apresentados na Tabela


78
5.5. Destaca-se nesse cenário a baixa intensidade do vento. Na Figura 5.21 são
apresentadas a imagem de satélite e mapa de distribuição de partículas (sobreposta a
imagem) referente ao cenário 6. Nota-se na imagem de satélite a presença de uma
grande pluma paralela a linha de costa ao sul da foz (indicação circular vermelha no
quadro superior da Figura 5.21) e pluma bem marcante na frente da foz (indicação
circular amarela no quadro superior da Figura 5.21). Os resultados da simulação
indicam que os ventos, com baixa intensidade, permitem a livre atuação da alta vazão
do rio que desloca as partículas a grandes distâncias da linha de costa, assim como
permite o espalhamento da pluma dominado pela maré. Este fato é corroborado pelos
resultados apresentados na Figura 5.22. As diferenças observadas entre os resultados
possivelmente estão associadas a fatores como forma da foz e as limitações inerentes a
resolução dos dados e ao emprego do modelo 2DH. Diante do exposto, considera-se que
a comparação dos resultados da simulação com a imagem de satélite apresentou pouca
similaridade no cenário 6.

Tabela 5.5 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 6.

Instante Velocidade Ângulo Classificação


2/4/2005 15:00 3,67 101,00 E
2/4/2005 21:00 3,49 -113,63 NE
3/4/2005 03:00 2,89 -14,04 NO
3/4/2005 09:00 3,71 -117,26 NE
3/4/2005 15:00 3,94 -120,47 NE
3/4/2005 21:00 4,27 -73,69 N
4/4/2005 03:00 3,62 -65,56 N
4/4/2005 09:00 4,87 -109,18 NE
4/4/2005 15:00 4,91 -123,37 NE
4/4/2005 21:00 4,03 -82,87 N
5/4/2005 03:00 2,33 -43,26 N
5/4/2005 09:00 3,11 -146,82 NE
5/4/2005 15:00 4,68 -163,89 NE

79
Figura 5.21- Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 6, com indicações circulares
quanto as principais observações. Quadro abaixo - distribuição das particulas no instante
15:00:00 do dia 5/4/2005.

80
Figura 5.22- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 3/4/2005.
Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 4/4/2005.

81
Os dados de intensidade e direção de vento para o cenário 7 são apresentados na Tabela
5.6. Destaca-se nesta simulação a alta intensidade do vento NE. Na Figura 5.23 são
apresentadas a imagem de satélite e mapa de distribuição de partículas (sobreposta a
imagem) referente ao cenário 7. Nota-se na imagem de satélite a presença de
sedimentos em suspensão provenientes da região ao norte da foz (indicação retangular
vermelha), entretanto, é possível visualizar a pluma fluvial, com coloração mais escura
(indicada pela seta amarela), fenômenos como vórtices (indicados pelas setas
vermelhas) e recirculação (indicado pela seta azul no quadro superior da Figura 5.23).
No mapa resultante da simulação pode ser observada a presença dos vórtices (indicada
pelas setas verdes) e de processos de recirculação ao sul da foz (indicada pela seta azul
no quadro inferior da Figura 5.23), que demonstram a boa habilidade do modelo em
representar os principais processos ambientais para este cenário.

As imagens de satélite da Figura 5.24 foram obtidas durante condições ambientais


similares as do cenário 7, ou seja, vento predominantemente NE, com intensidade alta,
e vazão relativamente baixa do rio. Estas imagens apresentam grande similaridade com
os resultados apresentados para o cenário 7, demonstrando a existência de um padrão
no comportamento da pluma, para estas condições ambientais.

Na Figura 5.25 é demonstrado o deslocamento das partículas no sentido norte-sul


durante todo o tempo de simulação. A análise dos mapas resultantes da simulação
demonstra a predominância do vento na advecção da pluma, assim como sua
importância na formação dos vórtices. Nota-se que a pluma ao sair da foz é deslocada
para o sul da foz, após este processo parte das partículas são carreadas novamente pela
influência da vazão do rio e padrão de correntes gerado pelo vento, formando um
vórtice, que posteriormente se desloca no sentido norte-sul. A repetição deste padrão
permite a presença de vários vórtices, como observado nas imagens e nos mapas
resultantes, concordando com as observações de Campos (2011). Diante do exposto,
considera-se que a comparação dos resultados da simulação com a imagem de satélite
apresentou boa similaridade para o cenário 7.

82
Tabela 5.6 - Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 7

Instante Velocidade Ângulo Classificação


15/7/2005 15:00 5,79 -170,05 E
15/7/2005 21:00 4,70 -141,91 NE
16/7/2005 03:00 4,02 -145,12 NE
16/7/2005 09:00 5,83 -120,96 NE
16/7/2005 15:00 7,29 -136,67 NE
16/7/2005 21:00 7,84 -119,84 NE
17/7/2005 03:00 7,44 -83,83 N
17/7/2005 09:00 6,80 -88,32 N
17/7/2005 15:00 8,38 -125,78 NE
17/7/2005 21:00 8,01 -110,47 NE
18/7/2005 03:00 6,86 -82,46 N
18/7/2005 09:00 6,24 -125,22 NE
18/7/2005 15:00 6,08 -136,33 NE

83
Figura 5.23-Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 7. Quadro abaixo -
distribuição das particulas no instante 15:00:00 do dia 18/7/2005. Ambos com indicações
quanto as principais observações.

84
-

Figura 5.24- Quadro acima - imagem de satélite do dia 16/08/2000 obtidas pelo satélite Landsat
85
5. Quadro abaixo - imagem de satélite do dia 23/05/2001 obtidas pelo satélite Landsat 7.

Figura 5.25- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 16/7/2005.
Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 17/7/2005.

86
Os dados de intensidade e direção de vento para o cenário 8 são apresentados na Tabela
5.7. Na Figura 5.26 são apresentadas a imagem de satélite e mapa de distribuição de
partículas (sobreposta a imagem) referente ao cenário 8. Nota-se na imagem de satélite
a concentração da pluma na frente da foz (indicação circular vermelha), plumas de
sedimentos em suspensão um pouco mais fracas, paralelas a linha de costa e ao sul da
foz (indicações lineares verdes), e um pequeno vórtice ao norte da foz (indicação
circular amarela no quadro superior da Figura 5.26). Da mesma forma, o mapa de
distribuição de partículas demonstra a presença de maior quantidade de partículas em
frente a foz, a presença de plumas paralelas a costa ao sul da foz e a formação de um
pequeno vórtice.

Os mapas da Figura 5.27 demonstram o deslocamento das partículas no sentido norte-


sul, com formação de vórtices nos instantes inicias e intermediários da simulação,
entretanto a diminuição da intensidade do vento a partir do instante 21:00 do dia
10/4/2006 permite o acumulo da pluma na frente da foz. Diante do exposto, considera-
se que a comparação dos resultados da simulação com a imagem de satélite apresentou
boa similaridade para o cenário 8.

Tabela 5.7- Dados de vento utilizados durante a simulação do cenário 8.

Instante Velocidade Ângulo Classificação


8/4/2006 15:00 3,22 -126,16 NE
8/4/2006 21:00 5,22 -102,17 N
9/4/2006 03:00 5,69 -108,43 NE
9/4/2006 09:00 4,32 -103,39 N
9/4/2006 15:00 6,47 -129,35 NE
9/4/2006 21:00 7,32 -104,23 N
10/4/2006 03:00 5,20 -89,89 N
10/4/2006 09:00 7,65 -107,49 NE
10/4/2006 15:00 8,24 -95,57 N
10/4/2006 21:00 7,88 -81,97 N
11/4/2006 03:00 4,52 -54,90 N
11/4/2006 09:00 3,00 -89,81 N

87
11/4/2006 15:00 4,14 -81,67 N

Figura 5.26- Quadro acima - imagem de satélite referente o cenário 8 , com indicações quanto
as principais observações. Quadro abaixo - distribuição das particulas no instante 15:00:00 do
dia 11/4/2006.

88
Figura 5.27- Quadro acima - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 9/4/2006.
Quadro abaixo - distribuição das partículas no instante 15:00:00 do dia 10/4/2006.

89
A análise dos cenários demonstrou que o modelo apresenta melhores resultados nas
simulações em que os ventos variaram pouco em direção e intensidade, e em simulações
com intensidade alta de ventos. Este fato pode ser explicado pela possível existência de
estratificação da pluma do rio, que a torna mais suscetível a correntes geradas por vento,
assim como proposto por Campos (2011). Posto isso, ressalta-se que os dados de vento
adotados no presente trabalho consideram a escala de tempo sinótica (6h) e a
uniformidade espacial, impossibilitando o modelo de representar eventos com resolução
temporal inferiores há 6 horas. A adoção de dados de vento com baixa resolução
temporal (6h) não permite a representação de oscilações de curto período, entretanto
Marques (2009) ao comparar dados de campo com dados do Reanalyses verificou a boa
representação destes dados, contudo, estudos de Siminato et al.(2006) demonstraram
que os dados do Reanalyses subestimam em até 50% os eventos de alta intensidade.

Cabe ressaltar o fato do modelo 2DH desconsiderar a estratificação da coluna de água, o


que possivelmente compromete parcialmente a aplicabilidade deste tipo de modelo
hidrodinâmico na representação de cenários com ventos de baixa intensidade. Por outro
lado, os ventos com maior intensidade possivelmente diminuem a estratificação vertical
na região costeira, tornando possível a aplicação do modelo 2DH. Este fato, pode ser
evidenciadas pelos sucessos obtidos nas simulações dos cenários 5 e 7, que representam
bem os principais processos como a protuberância da pluma, com ventos de alta
intensidade de SE (cenário 5), e a formação dos vórtices, com ventos de alta intensidade
de NE (cenário 7), assim condizendo com os estudos de Campos (2011).

Os resultados indicam que a atuação da maré é fundamental no espalhamento da pluma,


mas possui papel secundário quando há atuação de ventos intensos, concordando com
os estudos de ASA (2003 apud CAMPOS, 2011) para o Rio Doce, e Leite (2007), Silva
et al. (2009) e Marques (2009) para outras plumas existentes na costa Brasileira.

Como nos cenários 1 e 2, quase todos os outros cenários formaram vórtices próximos ao
entorno da desembocadura. Este fato é supostamente explicado pela indução da vazão
do rio na formação dos vórtices, que são ainda mais intensos quando associados à
atuação dos ventos, corroborando com os resultados de Liu et al. (2008) e Yankovisky
et al.(2001). Quanto a variação da vazão observou-se que valores elevados, como nos
cenário 5 e 6, apresentaram propagação de plumas para regiões mais distais à linha de
90
costa, enquanto os demais cenários mantiveram a pluma bem próxima a costa e/ou
desembocadura. Entretanto, estas observações devem ser consideradas com ressalvas
devido à utilização de um mesmo formato de barra para diferentes vazões.

A utilização do modelo lagrangeano demonstrou boa aplicabilidade, uma vez que os


mapas apresentarem distribuições de partículas similares aos materiais sólidos em
suspensão observados nas imagens de satélite. Contudo, a ocorrência freqüente de
ressuspensão demonstra a importância da adoção de taxas de decaimento e ressuspensão
das partículas do modelo, para assim melhorar a representatividade dos resultados,
como exposto por James (2002). Não obstante, o modelo Lagrangeano utiliza os
campos de velocidade gerados pelo modelo hidrodinâmico 2DH, que pela análise dos
dados de calibração se apresentou quantitativamente inadequado quanto aos dados de
corrente. Portanto, tornando representação do modelo limitada ao desempenho deste e
principalmente as características de resolução dos dados adotados. Com isso, há de se
considerar a adoção de modelos com estratificação vertical (3D); de dados de vento com
resolução temporal inferiores a escala sinótica e não espacialmente uniformes; e de
anomalias de densidade acoplados aos modelos lagrangeanos para o melhoramento de
seu desempenho, como e evidenciado por Liu et al. (2008), Yankovisky et al.(2001) e
James (2002).

Diante do exposto, considera-se que as diferenças observadas entre os resultados dos


cenários e as respectivas imagens de satélite possivelmente estão associadas ao formato
da foz, que muda regularmente, mas foi mantida fixa para todos os cenários deste
trabalho; a precisão da batimetria, que foi mantida constante; a desconsideração da
estratificação da pluma; as limitações devido à comparação entre uma pluma de sólidos
em suspensão (imagens) e uma pluma de partículas (simulações) sem taxa de
decaimento e ressuspensão de sedimentos; e principalmente a adoção de dados de vento
com baixa resolução temporal.

91
6 CONCLUSÕES

O presente trabalho obteve sucesso na simulação do comportamento da pluma do Rio


Doce como comprovado pelas semelhanças entre os resultados obtidos e as observações
dos estudos científicos de plumas e estuários.

A modelagem computacional através de modelo 2DH demonstra boa aplicabilidade na


representação do comportamento da pluma do Rio Doce e da região oceânica adjacente
em condições de vento com alta intensidade. Entretanto, devem-se considerar os
resultados qualitativamente, uma vez que a calibração do modelo não apresentou
respostas quantitativas satisfatórias quanto as correntes, e não foram avaliadas as
dimensões das plumas e fenômenos como vórtices.

Ciente das ressalvas, conclui-se que o vento tem atuação predominante no padrão de
distribuição da pluma quando este ocorre com forte intensidade, a vazão do rio
influência na formação de vórtices no entorno da desembocadura, predominando no
movimento advectivo da pluma nas proximidades da foz. A maré, por sua vez, atua no
espalhamento da pluma podendo predominar em condições fracas de vento e em regiões
distais à foz.

Existem diferentes padrões de distribuição da pluma do Rio Doce associados à


incidência de ventos com alta intensidade, provenientes tanto NE quanto de SE. O
primeiro induz a formação de vórtices ao sul da desembocadura, enquanto o segundo
atua na contenção da pluma formando uma protuberância junto à foz. Não foi possível
identificar padrões associados à vazão do rio ou atuação da maré.

O modelo Lagrangeano apresenta-se capaz de representar o comportamento da pluma


do Rio Doce, demonstrando, dentro das ressalvas, boa similaridade com os processos
hidrodinâmicos e comportamento da pluma observados através das imagens de satélite.
Contudo, para o seu efetivo sucesso estes modelos devem ser acoplados a modelos
hidrodinâmicos 3D, devem utilizar dados com alta resolução temporal e devem levar em
consideração parâmetros como densidade da água, e decaimento e ressuspensão de
partículas.

A associação de imagens de satélite e o modelo computacional apresenta-se como uma


metodologia para o estudo do comportamento da pluma do Rio Doce.
92
7 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

O estudo da estratificação da pluma do Rio Doce.

A utilização de dados de correntes, marés, vento e vazão, medidos


concomitantemente, para melhor calibração e validação do modelo.

Aplicação do modelo considerando taxas de decaimento e ressuspensão das


partículas, baseando-se em dados medidos in situ.

A modelagem considerando a influência do formato da foz no comportamento da


pluma do rio.

A modelagem hidrodinâmica considerando a estratificação vertical (3D) nas


simulações de distribuição da pluma do Rio Doce.

A utilização de série histórica de registro de ventos levantados na região e com


resolução temporal mais precisa.

Desenvolvimento de metodologia de validação de modelos através de imagens de


satélite.

93
8 REFERÊNCIAS

ALBINO, J. Morfodinâmica e processo de sedimentação atual das praias de


Bicanga à Povoação, ES. São Paulo – SP, 1999.Tese de doutoramento. Programa de
Pós- Graduação em Geologia Sedimentar. Instituto de Geociências. Universidade de
São Paulo (USP).
AMARAL, J. K. Estuário do rio Macaé: Modelagem computacional como
ferramenta para o gerenciamento integrado de recursos hídricos. Rio de Janeiro,
Brasil, 2003. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil- Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do rio de Janeiro.
COPPE/UFRJ.
ANA - Agência Nacional das Águas. Diagnóstico consolidado da Bacia hidrográfica
do Rio Doce 2005. 2005. Disponível em:
http://www.riodoce.cbh.gov.br/Diagnostico2005. Acessado em: 22 mar. de 2009.
ARENTZ, M. F. R. A Modelagem hidrodinâmica como auxílio à navegação no
Canal Norte do Estuário do Amazonas. Rio de Janeiro, Brasil, 2009.Dissertação de
Mestrado em Engenharia Occeânica- Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Oceânica da Universidade Federal do rio de Janeiro. COPPE/UFRJ.
BARBOSA, L. P. F. Aplicação da Modelagem Hidrodinâmica na Circulação do
Estuário do Rio Maracanã (do Pará). Belém, Brasil, 2008. Dissertação de
Mestrado em Geologia- Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade
Federal do Pará.
BRASIL, Lei n°9433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm.
Acessado em: 22 mar. 2009.
CAMPOS, A. P. M. Análise da variabilidade espacial e temporal da pluma do rio
doce (ES) através de sensoriamento remoto. Vitória, Brasil, 2011. Dissertação de
Mestrado em Oceanografia Ambiental- Programa de Pós-Graduação em
Oceanografia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo.
CAWLEY, A., M.; HARTNETT, M. Sensitivity od a 2-dimensional hydrodynamic
model to boundary conditions. Hydraulic and Environmental Modelling: Coastal
Waters. Ed. R. A. Falconer. Ashgate, p.157-171, 1992.
CHAPMAN, D.C.; LENTZ, S. J. Trapping of a coastal density front by the bottom
boundary layer. J. Phys. Oceanogr., v.24, p.1464-1479, 1994.
COELHO, A. L. N. C. Alterações hidrogeomorfologia do médio-baixo Rio Doce.
Niterói, Brasil, 2007. Tese de Doutorado em Geografia da Universidade Federal
Fluminense.
COOPER, J. A. G. The role of extreme floods in estuary-coastal behaviour:
contrasts between river- and tide-dominated microtidal estuaries. Sedimentary
Geology v.150 (2002), p. 123–137, 2001.

94
DAVIS JR, R. A.; FITZGERALD, D. M. Beaches and Coasts. 1ª ed. Blackwell
Publisinhg. Reino Unido, 2004.
DIAS, F. J. S. Hidrodinâmica das descargas fluviais para o estuário do Rio
Jaguaribe (CE). Fortaleza, Brasil, 2007. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-
Graduação em Ciências Marinhas Tropicais do Instituto de Ciências do Mar da
Universidade Federal do Ceará.
FEMAR- Fundação de Estudos do Mar. Catálogo de estações maregráficas brasileiras,
Folha 159. Disponível em: http://www.fundacaofemar.org.br. Acessado em: 22 mar.
2009.
FONG, D. M., GEYER, W. R. The alongshore transport of freshwater in a surface
trapped river plume. Journal of Physical Oceanography, v.32, p.957–972, 2002.
GARCIA BERDEAL, I.; HICKEY, B. M.; KAWASE, M. Influence of wind stress and
ambient flow on a high discharge river plume. Journal of Geophysical Research,
v.107 (C9), p.3130, 2002.
GARVINE, R. W. Penetration of buoyant coastal discharge onto the continental
shelf: a numerical model experiment. Journal of Physical Oceanography v.29,
p.1892–1909, 1999.
HOLZ, K. P.; SUNDERMANN, J. Mathematical Modelling of Estuarine Physics. 1ª
ed., Editora Springer-Verlag. Berlin,1980.
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.Manual do Usuário do Catálogo de
Imagens da DGI/INPE. DPI/INPE, 2008.
INPE - Intituto Nacional de Pesquisas Espaciais.Catálogo de Imagens. Disponível em :
http://www.dgi.inpe.br/CDSR/. Acessado em: 2010.
JAMES, I. D. Modelling pollution dispersion, the ecosystem and water quality in
coastal waters: a review. Environmental Modelling & Software v.17, p. 363-385,
2002.
KOWSMANN, R. O.; COSTA, M. A. Sedimentação quaternária da margem
continental brasileira e das áreas oceânicas adjacentes. In: Projeto REMAC -
Sedimentologia quaternária da margem continental brasileira e das áreas oceânicas
adjacentes. PETROBRÁS, Rio de Janeiro. Série Projeto REMAC, (8):1-55. 1979.
KOURAFALOU, V. H.; OEY, L. Y.; LEE, T. N.; WANG, J. D. The fate of river
discharge on the continental shelf. Modeling the river plume and the inner shelf
coastal current. Journal of Geophysical Research, v.10, p.3415-3434 ,1996.
LEITE, S. L. Análise da influência do cisalhamento eólico sobre a circulação na
região costeira de Guamaré-RN, Brasil. Recife, Brasil, 2007. Dissertação de
Mestrado Universidade Federal de Pernambuco..
LIU, W. B.; CHEN, W. B.; CHENG, R. T.; HSU, M. H. Modelling the impact of wind
stress and river discharge on Danshuei River Plume. Applied Mathematical
Modelling, v.32, p.1255-1280, 2008.
LORENZZETTI, J. A.; NEGRI, E., KNOPERS, B.; MEDEIROS, P.R.P. Uso de
imagens LANDSAT como subsídio ao estudo da dispersão de sedimentos na
região da foz do rio São Francisco. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento
Remoto (SBSR), 2007, Florianópolis. Anais. São José dos Campos: INPE, 2007.
95
Artigos, p. 3429-3436. Disponível em:
<http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2006/11.14.21.18/doc/3429-
3436.pdf >. Acesso em: 10 janeiro 2010.
MANN, K. H.; LAZIER, J. R. N. Dynamics of marine ecosystems : biological-
physical interactions in the oceans, 3ª edition. Blackwell Science, Boston, 2006.
MARQUES, W. C.; FERNANDES, E.H.; MONTEIRO, I. O.; MOLLER, O. O.
Numerical modeling of Patos lagoon coastal plume. Continental Shelf Research
v.29 (2009), p. 556-571, 2009.
MARTIN, L.; KENITIRO, S.; FLEXOR, J. M.; ARCHANJO, J. D. Coastal
Quaternary Formations of Southern part of the State of Espírito Santo (Brazil).
Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 68, p. 389-404, 1996.
MCCOY, R. M. Field methods in remote sensing. 1ª ed., Editora Guilford Press. Nova
York, 2005.
MESTRES, M.; SIERRA, J. P.; SANCHEZ-ARCILLA, A. Factors influencing the
spreading of a low-discharge river plume. Continental Shelf Research v.27 (2007),
p. 2116–2134, 2007.
MIRANDA, L. B.; CASTRO, B. M.; KJERFVE, B. Princípios de oceanografia física
de estuários, 1ª ed., São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo – EDUSP,
2002.
MILLERO, F. J. Chemical Oceanography. 3 ª ed. Taylor & Frank Group. Nova Iorque,
2006.
MUEHE, D. Caracterização físico-natural da plataforma continental interna e área
costeira adjacente. Relatório Interno. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal, Brasília, 70p. , 1995.
NCEP- National Centers for Environmental Predictions. Reanalysis data.
NOAA/OAR/ESRL PSD, Colorado, EUA. Disponível em:
http://www.esrl.noaa.gov/psd/ .Acessado em: 5 de nov. de 2010.
NOGUEIRA, R. M. Aspectos Hidrodinâmicos da lagoa dos patos na formação do
depósito lamítico ao largo da praia de Cassino – RS. Rio de Janeiro, Brasil, 2006.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Oceânica- Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do rio de Janeiro, COPPE/UFRJ.
ODD,N. V. M.; MURPHY, D. G. Experience ond recommended practice for the
construction and objective calibration of coastal pollution models. Hydraulic and
Environmental Modelling: Coastal Waters. Ed. R. A. Falconer. Ashgate, p.229-239,
1992.
O’DONNELL, J. The formation and fate of a river plume: a numerical model.
Journal of Physical Oceanography v.20, p.551–569, 1990.
PEREIRA,V. S. A. Proposta de uma metodologia para análise de outorgas de uso da
água em regiões sujeitas à influência de maré. Rio de Janeiro, Brasil, 2006.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil- Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do rio de Janeiro, COPPE/UFRJ.

96
PETROBRAS- Petróleo Brasileiro S/A. Subprojeto de Monitoramento da
Morfodinâmica Praial da Região da Praia de Cacimbas sob Influência da
Instalação do duto de Camarupim - Relatório Final EIA/RIAM. Vitória, Brasil,
2010.
PIUMBINI, P. P. Clima de Ondas de Gravidade e Estado de Agitação Marítima em
Ambientes Marinhos no Espírito Santo. Vitória, Brasil, 2010. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Ambiental- Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo, PPGEA/UFES.
PRATA, P. M. Caracterização do ambiente marinho do estado do Espirito Santo
utilizando dados do banco nacional de dados oceanográficos. Vitória, Brasil,
2007. Dissertação de Mestrado em Engenharia Ambiental- Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo,
PPGEA/UFES.
ROSMAN, P. C. C. MODELAÇÃO DE CIRCULAÇÃO EM CORPOS D’ÁGUA
RASOS – Capítulo 3 do livro Métodos Numéricos em Recursos Hídricos 3, pp 231-
343, Rio de Janeiro, RJ, Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 1989.
ROSMAN, P. C. C.; MARTINS, R. P. MODELO 3D PARA CORPOS DE ÁGUA
COM DENSIDADE VARIÁVEL VIA DIFERENÇAS FINITAS – Capítulo 3 do
livro Métodos Numéricos em Recursos Hídricos 4, pp 187-264, Rio de Janeiro, RJ,
Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 1999.
ROSMAN, P. C. C. Um Sistema Computacional de Hidrodinâmica Ambiental. In:
ROSMAN, P. C. C., MASCARENHAS, F. C. B., MIGUEZ, M. G. et al., Métodos
Numéricos em Recursos Hídricos 5, 1 ed., capítulo 1, Rio de Janeiro, RJ, Associação
Brasileira de Recursos Hídricos, 2001.
ROSMAN, P. C. C. Referência Técnica do SISBAHIA – SISTEMA BASE DE
HIDRODINÂMICA AMBIENTAL. Programa COPPE: Engenharia Oceânica, Área
de Engenharia Costeira e Oceanográfica, Rio de Janeiro, Brasil, 2009.
SALDANHA, J. C. S. Análise da influência do Rio Santa Maria da Vitória na Baía
de Vitória, através da modelagem computacional: uma contribuição ao processo
de enquadramento. Vitória, Brasil, 2007. Dissertação de Mestrado em Engenharia
Ambiental- Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade
Federal do Espírito Santo, PPGEA/UFES.
SIQUEIRA, J. M. Estudo do mecanismo de alagamento e secamento em modelo
computacional 2DH baseado em elementos finitos. Vitória, Brasil, 2007.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Ambiental- Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo, PPGEA/UFES.
SILVA, A. C.; SANTOS, M. L. S.; ARAUJO, M. C.; BOURLÈS, B. Observações
hidrológicas e resultados de modelagem no espalhamento sazonal e espacial da
pluma de água Amazônica . ACTA AMAZONICA, vol. 39, p. 361 - 370, 2009.
SIMINATO, C. G.; MECCIA, V. L.; DRAGANI, W. C.; NUN˜EZ, M. N.
Ontheuseofthe NCEP/NCAR surface winds for modeling barotropic circulation
in the Rio de La Plata estuary.Estuarine,CoastalandShelfScience, v.70, p.195–206,
2006.
STACEY, M. T. Plume dispersion in a stratified, near-coastal flow: measurements
97
and modeling. Continental Shelf Research, n.20, p.637-663, 1999.
SUMMERHAYES, C. P.; MELO, U.; BARRETTO, H. T. The influence of upwelling
on suspended matter and shelf sediments off southeastern Brazil. Jour.
Sedimentary Petrology, v.6(4), p.819-828, 1976.
TROCHIMCZUK, A.; SCHETTINI, C. A. F. Avaliação da dispersão espacial da
pluma do estuário do Rio Itajaí-açu em diferentes períodos de descarga. Notas
Técnicas Facimar, v.7, p. 83-96, 2003.
WISEMAN, W.; GARVINE, R. W. Plumes and coastal currents near large river
mouths. Estuaries, v.18 (3), p.509–517, 1995.
WROBEL,L. C. INTRODUÇÃO AOS MÉTODOS NUMÉRICOS – Capítulo 1 do
livro Métodos Numéricos em Recursos Hídricos 1, pp 1-81, Rio de Janeiro, RJ,
Associação Brasileira de Recursos Hídricos, 1989.
XING, J.; DAVIES, A. M. The effect of wind direction and mixing upon the
spreading of a buoyant plume in a non-tidal regime. Continental Shelf Research,
v.19 (11), p.1437–1483,1999.
YANKOVSKY, A. E.; CHAPMAN, D.C. A simple theory for the fate of buoyant
coastal discharges. J,. Phys. Oceanogr., v.27, p.1386- 1401, 1997.
YANKOVSKY, A. E.; HICKEY, B.; MUNCHOW, A. Impact of variable inflow on the
dynamics of a coastal buoyant plume. Journal of Geophysical Research, v.106
(C9), p.19809–19824, 2001.
ZOFFOLI, M. L.; KAMPEL, M.; FONSECA, L. M. G. Caracterização da pluma de
sedimentos do rio Doce (ES) utilizando dados TM –Landsat 5. XV Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Simpósio Brasileiro de Sensoriamento
Remoto, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.5025 INPE -
São José dos Campos - SP, Brasil, 2011.

98

Você também pode gostar