8.psicologia Do Desporto
8.psicologia Do Desporto
8.psicologia Do Desporto
Em psicologia, a prática desportiva tem sido investigada em duas vertentes, por vezes
pouco diferenciadas nos estudos realizados. Uma das vertentes é a psicologia do
exercício físico, que é definida pela tentativa de compreensão dos comportamentos dos
indivíduos relacionados com a actividade física de lazer, não competitiva, que pode ser
iniciada com o objectivo da melhoria da condição física, da aparência ou tendo em
conta as preocupações do indivíduo com a sua saúde e bem estar (Gouveia, 2001). Por
outro lado, existe a psicologia do desporto, na qual se procura compreender as
cognições, emoções e comportamentos dos indivíduos em contexto competitivo,
centrada nos atletas e no seu rendimento desportivo (Gouveia, 2001).
Contudo, a psicologia do desporto e as temáticas que têm sido investigadas, não têm
sido eficazes na clarificação de uma das grandes questões da psicologia do desporto:
“Porque é que todos os atletas não se tornam ou não são “Cristianos Ronaldo”?”. A
verdade é que continuam a existir dificuldades na explicação de determinados
comportamentos dos atletas, como por exemplo o abandono da prática desportiva por
parte de jovens atletas (Gouveia, 2001).
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A História da Psicologia do Desporto
É pois nesta perspectiva que entendemos a psicologia do desporto, isto é, uma área da
psicologia, estabelecida em função de uma actividade que, segundo Brito (1994b;
1996b) e Alves, Brito e Serpa (1996), vai estudar o comportamento dos indivíduos em
situação de prática desportiva bem como todos os fenómenos da vida consciente que a
ela se podem associar.
Uma outra questão que nos parece importante e que segundo Brito (1996a: 168)
é “um problema que ainda hoje se discute” é a que diz respeito à pertinência da
existência de uma psicologia do desporto como ciência e ramo independente da
psicologia geral. Relembremos que os autores pioneiros desta nova temática,
estabeleceram fortes ligações com outras áreas científicas, em especial com a
psicofisiologia, a medicina psicossomática, a psicologia clínica e a psicopedagogia
(Brito, 1996a) e que a diminuta clarificação da sua identidade, gerou uma certa
dificuldade de afirmação no que se refere ao seu objecto de estudo. Todavia, como disse
Gueron (1977, cit. por Brito, 1996a: 67) “nenhuma ciência definiu logo à nascença o
seu objecto. A história do pensamento científico prova que as ciências se separam pouco
a pouco umas das outras, nascendo no seio de outras ciências”. A psicologia do desporto
não é excepção.
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Assim, seguindo o raciocínio apresentado por Brito (1996a), e porque o desporto é,
por si só, dotado de características particulares, específicas, como o são as regras, os
espaços de prática, o vestuário, as motivações, os dirigentes, os juízes, o público, a
imprensa e outras, “o estudo da vida consciente e do comportamento dos seus
participantes e de todas os que nele participam justificam a existência de uma área
específica da psicologia” (Brito, 1996b: 69).
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De facto, os primeiros trabalhos conhecidos e realizados nesta área datam do final do
séc. XIX, Fitz em 1895 nos EUA, Schultze em 1897 na Alemanha e Tripllet em 1898,
também nos EUA, conquistaram o seu lugar na história ao realizar as primeiras
investigações na área da psicologia do desporto (Brito, 1990; Weinberg e Gould, 1995;
Alves, Brito e Serpa, 1996; Cruz, 1996 e Fonseca, 2001). Se bem que o grande e o
verdadeiro impulsionador deste novo domínio do conhecimento, de acordo com os
mesmos autores, tenha sido Pierre de Coubertin, ao lançar “no mundo do desporto, a
primeira chamada de atenção para este tema” (Brito, 1990: 5), patrocinando e
promovendo um Congresso Internacional de Psicologia e Fisiologia Desportivas, em
1913.
Existe um certo consenso, que foi após a 2ª Grande Guerra que começou o «boom»
generalizado em torno da psicologia do desporto. Na realidade, o desenvolvimento do
desporto como ciência bem como da metodologia do treino, originados em grande parte,
pela “oposição entre os blocos capitalistas e comunistas” (Alves, Brito e Serpa, 1996:
8), que intensificaram a “luta pelas medalhas” (Brito, 1990: 6), vieram contribuir para
esta expansão.
Segundo Brito (1990), foi de facto a partir da 2ª Grande Guerra que o interesse na área
da psicologia do desporto se desenvolveu. Esta fase, que viria a ser conhecida
por “Primeiro período” (Feige, 1977, cit. por Alves, Brito e Serpa, 1996: 8),
caracterizou-se pelas várias investigações realizadas a título individual.
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(de 1966 a 1977) que se tornou num ramo autónomo da Psicologia Geral (Raposo,
1996).
Para além dos congressos mundiais que registaram um grande interesse por parte das
instituições de ensino superior, atraindo psicólogos, professores de educação física,
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treinadores e técnicos desportivos, motivando assim, a inclusão de psicólogos
desportivos na preparação dos atletas a vários níveis, é de salientar ainda, a inclusão da
disciplina de psicologia do desporto em várias universidades, tanto de ciências do
desporto como de psicologia.
Actualmente este número pecará certamente por defeito (Fonseca, 2001) devido à
elevada quantidade de revistas existentes e livros editados, bem como à informação
veiculada através das várias jornadas, conferências e congressos que se realizam todos
os anos. Na última década, segundo o mesmo autor, os temas/áreas mais abordadas
foram: motivação; exercício, saúde e bem-estar; stress; treino mental; ansiedade;
liderança; personalidade; processamento da informação e tomada de decisão; avaliação
e metodologia; emoções.
Importância da Psicologia
Segundo Vanek & Cratty (1970) e Wiggins (1984), a primeira pessoa a reconhecer a
importância da psicologia para a atividade física e desta para a mente foi W A . Stearn,
em 1895. Em 1898 F A . Kellor defendia uma maior participação das pessoas nos jogos,
pois estes levavam a uma maior relexão, raciocínio e observação. A partir de 1895, com
o trabalho realizado por G.W. Fitz sobre tempo de reação, começaram a surgir estudos
sobre aspectos sociais, prática mental e transferência de força e de treinamento feitos
por N. Tripplet, W.W. Davis e W. Anderson. Tripplet foi o primeiro estudioso a
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investigar o comportamento de ciclistas em competição, relacionando seu desempenho
com a influência do público e de outros competidores.
O crescimento do esporte como fenômeno social, a realização cada vez mais constante
de eventos esportivos e o resgate dos Jogos Olímpicos, aumentaram o interesse pela
pesquisa no esporte e conseqüentemente o interesse pela psicologia do esporte. Todos
esses fatos tornaram necessária também a assistência a técnicos e atletas interessados
em saber o que a psicologia do esporte poderia fazer por eles e melhorar seu
desempenho (Krotee, 1980).
Na década de 20 a psicologia do esporte conheceu o seu período mais fértil para defini-
la como uma disciplina de cunho acadêmico e científico. Surgiram os primeiros
laboratórios de pesquisa em psicologia do esporte (Moscou e Lenigrado-Rússia em
1920; U. of Illinois-EUA em 1925 e Leipzig, exAlemanha Oriental em 1928) e as
primeiras publicações de grande vulto, editadas por Colleman Griffith, tido para muitos
como o pai da moderna psicologia do esporte.
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motivação para a realização, tentando determinar a magnitude, a direção e o
comportamento no domínio das atividades humanas.
Esta teoria aplica-se semente quando um indivíduo sabe que o seu desempenho será
avaliado por ele próprio, ou, por outra pessoa, sendo o resultado desta ação favorável
quando se atinge os objetivos (sucesso), ou será desfavorável quando não se atinge o
objetivo desejado (fracasso). - Skinner (1953) apoia-se no condicionamento para
determinar a continuidade do comportamento, assim, delineou que a motivação
influenciada por estímulos distingue-se entre os sentidos de saciedade e privação,
oriundos de forças biológicas ou vivências situacionais.
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atletas, para que juntos constituem um tríade de aperfeiçoamento da comunicação em
prol da equipe, tópico que será abordado na seqüência.
Seguindo nessa mesma pauta, Becker Jr (2002), apontou que é essencial conhecer que
para cada atleta, haverá uma forma de interpretação da linguagem diferente, cada
esportista absorve de maneira distinta o que é dito, e isso fará toda a diferença na
relação treinador, atleta, psicólogo e comissão técnica. A atuação do psicólogo esportivo
advém da necessidade dos campos de atuação: pesquisa – função de pesquisador; ensino
– papel de professor; e Intervenção – atribuição de consultor (ARAÚJO, 2002).
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Conclusão
A Psicologia do Esporte é tratada como sub-área da Psicologia Aplicada por alguns
autores e por outros, ela é tida como disciplina das Ciências do Esporte. Atualmente, ela
é uma disciplina científica independente, com teorias, métodos e programas de
treinamento próprios, uma vez que o esporte e as ações esportivas têm suas
especificidades (SAMULSKI, 2009).
Segundo Weinberg & Gould (1999, apud SAMULSKI, 2009) o psicólogo do esporte
deverá: Entender e ajudar os atletas de elite, crianças, atletas jovens, atletas portadores
de limitações físicas e mentais, pessoas da terceira idade e pessoas que praticam
atividades desportivas no seu tempo livre, com a finalidade de desenvolver uma boa
performance, uma satisfação pessoal e um bom desenvolvimento da personalidade por
meio da participação.
Segundo Cardoso; Gaya (2004), os estudos dos fatores motivacionais voltados à prática
esportiva se tornaram tópicos mais populares a partir de 1980 dentro da Psicologia do
Esporte. Dentro disso, a motivação servirá como primeiro passo para a procura do
indivíduo pela prática esportiva e em um segundo momento, será a base para a
permanência desse indivíduo, agora atleta, dentro de sua modalidade, evitando o
abandono do esporte de forma precoce e traumática. S
Segundo Weinberg & Gould (1999:57, apud SAMULSKI, 2009) sugerem um modelo
interacional para a prática esportiva em que a motivação para praticar uma determinada
modalidade parte de uma interação entre fatores pessoais (personalidade) e fatores
situacionais (meio ambiente). Dentro da personalidade estão os componentes:
expectativas, motivos, interesses e necessidades. Quanto ao meio ambiente, os
componentes são: as facilidades, desafios, tarefas atraentes e influências sociais.
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Referências bibliográficas
Antonelli, F.; SALVINI,A. Psicologia del deporte. Valladollid, Mignon, 1978.
Feltz,D.L. Theoretical research in sport psychology: from applied psychology toward
sport science. In: SKINNER, J.S., ed. Future directions in exercise and sport science
research. Champaign, 111., Human Kinetics, 1989. p.435-51.
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