02 Estado
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Tópicos do edital:
Teoria do Estado
O conceito de Estado vem sendo estudado e aprimorado desde a Antiguidade. Algumas teorias
procuraram estudar a origem do Estado, sobre o seu surgimento, vejamos as principais:
De acordo com essa teoria, que também pode ser chamada de patriarcal ou matriarcal,
Vagner dos Santos Pires
o Estado se origina a partir da ampliação e desenvolvimento da família. Seria a reunião de inúmeras
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famílias. A justificação do poder público da entidade estatal estaria espelhada na autoridade social do
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chefe familiar. Baseado na Bíblia, no Direito Romano e em Aristóteles.
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Para o contratualismo, o Estado surgiu a partir de um contrato social firmado entre os membros
da sociedade humana, formando um grande pacto entre os homens, que cederiam parcela de sua
liberdade e direitos em troca de proteção estatal. Surgimento da legitimidade do Estado em definir
regras sociais.
Essa teoria decorre da crença de que o direito de propriedade é um direito natural, anterior ao
Estado. Um exemplo seria o Estado feudal, da Idade Média, pois apresentava uma organização
essencialmente de ordem patrimonial. Dessa forma, a posse da terra resultou no poder público e deu
origem à organização estatal. Expoentes como Platão, Cícero e Haller.
Para Jean Bodin, o Estado se origina a partir da violência dos mais fortes. Para Marx e Engels,
o surgimento do poder político e do Estado é fruto da dominação econômica do homem pelo homem.
O grande expoente foi Gumplowicz, que considerava o Estado como um fenômeno social, produto de
ações naturais como a subjugação e a dominação de um grupo social por outro.
Os princípios que conhecemos hoje foram estabelecidos a partir da Paz de Westfália (1648) e
refere-se a qualquer país soberano, com território, povo e com estrutura própria e politicamente
organizada, além disso, é dotado de um conjunto de instituições que controlam e administram a
Nação. O termo, no sentido utilizado na contemporaneidade,
Vagner apareceu, pela primeira vez, no livro “A
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Arte da Guerra”, do general estrategista Sun Tzu e, posteriormente, na obra “O Príncipe”, de autoria
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de Maquiavel. 03333234084
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O Estado é a expressão institucional da Nação. Embora seja encontrado na literatura o uso dos
termos “Estado” e “Nação” como sinônimos, possuem diferenças. “Nação” reside mais
especificamente na ideia de povo que compartilha mesmas ideias, valores, origens, histórias e
sentimentos, noção de comunidade. Por outro lado, Estado refere-se ao conjunto de instituições, é
pessoa jurídica com soberania e participa como ator no cenário internacional e sujeito do Direito
Internacional Público.
ESTADO SOBERANO =
TERRITÓRIO + POVO + GOVERNO
Território: espaço geográfico onde reside determinada população, servindo de limite de atuação dos
poderes do Estado. Dessa forma, não é legítimo dois Estados exercerem seu poder num mesmo
território;
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Soberania: capacidade de [email protected]
o poder de forma suprema. Um Estado soberano é aquele que em
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esfera doméstica, nenhuma outra força pode exercer influência e, no cenário internacional, o Estado
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soberano possui relações/cooperações com outro Estados soberanos, não há subordinação nem
dependência e sim igualdade. Alguns teóricos desenvolveram seus estudos em torno do conceito.
Bodin considera a soberania como fator essencial para sustentação da base política e da unidade
republicana, defendia a autoridade monárquica, porém esse poder seria limitado pelo Direito natural e
pelas leis divinas. Em regra, o soberano não está sujeito a nenhuma lei humana, apenas às naturais e à
lei divina, e pode dar a lei aos súditos, cassá-la ou anulá-la para refazê-las.
Para Hobbes, a soberania residia em cada indivíduo, após o contrato e criação do Estado, este
passa a possuir toda a soberania, dessa forma, o soberano possui poderes ilimitados em todos os
assuntos. Segundo Grotius, a questão da soberania está relacionada à ação sem limitações e não ao
poder de intervir ou controlar, é soberano aquele que não tem algo ou alguém limitador.
Para Locke, o detentor da soberania é sempre o povo que a exerce por meio do Parlamento,
portanto, somente a ele cabe a capacidade de criar as leis e a representação da sociedade. Dessa forma,
a soberania não reside no Estado, mas sim na população. Embora admita a supremacia do Estado na
prática, defende que este deve respeitar as leis natural e civil. Rousseau entende que soberania se
População: reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a um poder central. Considera-
se os natos, os naturalizados, os estrangeiros e os apátridas.
Sociedade: coletivo de cidadãos de um país governado por instituições nacionais que lidam com o
bem-estar cívico. Indivíduos reunidos em torno de um objetivo comum, independente de qual tipo.
Governo: autoridade governante de uma unidade política, possui como objetivo estabelecer regras
para uma sociedade política e exercer autoridade.
De acordo com Bobbio (1987), a relação entre o conjunto das instituições políticas e o sistema
social no seu todo é representada como uma relação demanda-resposta (input-output). A função das
instituições políticas é a de oferecer respostas às demandas provenientes do ambiente social, ou seja,
de converter as demandas em respostas. As respostas das instituições são dadas sob a forma de decisões
coletivas vinculatórias para toda a sociedade.
Além do caráter específico do Estado de possuir o monopólio da força legítima, esse ente
apresenta uma racionalização do Direito com as suas consequências próprias, que são a especialização
dos Poderes legislativo e judiciário, a instituição de uma polícia encarregada de proteger a segurança
dos indivíduos e de assegurar a ordem pública. Em relação à administração, busca por racionalização
baseada em regulamentos explícitos que lhe permitem intervir nos campos mais diversos, desde a
educação até a saúde, a economia e até mesmo a cultura.
Para Bobbio, é possível definir legitimidade como sendo um atributo do Estado, que consiste
em um grau de consenso capaz de assegurar a obediência, em uma parcela significativa da população,
sem a necessidade de recorrer ao uso da força, ou somente em casos específicos.
Forma simples: Estado Unitário. A grande característica é a unicidade do poder, ainda que haja
divisão administrativa, apenas existe a autoridade nacional e apenas um centro de decisões e funções
políticas.
Estados compostos:
Nesta forma, há uma organização do poder que cria dois planos distintos de governo, um central
e outro regional, cada qual com sua autonomia política, administrativa e judiciária. O Estado composto
pode ser Regional, Confederação ou Federação.
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Estado Regional é uma forma [email protected]
de Estado que agrega ideia de unidade, com descentralização e
autonomia. Com esse propósito, constitui unidades estatais, denominadas de regiões, as quais recebem
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um conjunto de competências legais que permitem o desenvolver de uma autonomia mais localizada,
tanto legislativa quanto política. Um exemplo é o modelo italiano, pois a Constituição Italiana de 1947
dividiu suas unidades geográficas em regiões, províncias e municípios (art. 114), permitindo que estas
regiões ganhassem um maior grau de autonomia.
Estado Federal / Federativo é um Estado formado pela união de vários Estados que perdem a
soberania em favor da União Federal, assim, os outros entes federados possuem apenas autonomia.
É uma organização jurídica baseada numa Constituição.
Esse tipo de Estado é uma organização formada sob a base de uma repartição de competências
entre o governo nacional e os governos estaduais, em uma configuração na qual a União tenha
Entre Estado Unitário e Estado Federal a principal diferença está no nível de descentralização.
Enquanto no Estado Unitário há apenas descentralização administrativa, no Estado Federal vigoram
as descentralizações política e administrativa.
Federalismo
A maneira mais simples de definir Estado Federal é caracterizá-lo como uma forma
de organização e de distribuição do poder estatal em que a existência de um
governo central não impede que sejam
Vagner dos divididas
Santos responsabilidades
Pires e competências
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entre governo central e os Estados-membros.
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Estado Antigo
Formação dos Impérios e excedente econômico a partir de práticas de agricultura, com forte
influência da religião. Grande confusão das esferas de família com o poder público, esse último ainda
pouco desenvolvido. Não havia divisão clara entre moral, religião, filosofia e doutrinas econômicas.
Era formado por muitos povos, isso dificultava a criação de uma identidade cultural, religiosa e até
mesmo linguística.
A natureza unitária era uma das características desse Estado, não possuía qualquer subdivisão
interna, territorial ou funcional, eram pouco organizados. Portanto, não havia ordem dos diferentes
setores dentro do mesmo Estado.
Eram autossuficientes e possuíam suas leis próprias, assim, as polis tinham liberdade e
autonomia política e econômica, de forma que uma polis não dependia e não era regida conforme as
outras polis. Exemplos de cidades-Estados: Esparta, Atenas, Tebas e Troia.
Estado Romano
O Estado tinha como estrutura a base familiar. Grande expansão territorial, obtida por
conquistas ou golpes militares que exigiu expansão também da estrutura política. Houve maior
complexidade da sociedade e das instituições de tomadas de decisões. O governante tinha cargo
vitalício e o controle das províncias era feito por Roma.
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Estado Medieval
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Também conhecido como Estado feudal, seu desenvolvimento ocorreu após a queda do Império
Romano. Submissão do Estado em relação à Igreja, maior aumento da influência do catolicismo.
Forma monárquica de governo, confusão entre público e privado.
Após invasões dos bárbaros, foi necessária descentralização feudal. Para administração de um
território extenso, eles hierarquizaram a administração de forma que porções territoriais (feudos)
eram regidas por uma autoridade, o senhor feudal, figuras que deviam lealdade ao rei, seja militar
ou em pagamento de tributos. A base da economia era agrária e a sociedade de caráter estamental,
sem mobilidade entre reis, clero, nobres e servos.
Estado Moderno
A Era Moderna iniciou após o colapso da estrutura medieval; com os feudos, surgiram
manifestações de sentimento de nacionalidade e restauração do Estado como autoridade do Direito
Público. Após o fim da Idade Média, surgiu uma fase onde o poder monárquico foi extremamente
O processo de centralização política nas mãos do Rei foi o símbolo da formação dos Estados
Modernos na Europa, os exemplos mais clássicos desse processo foram Espanha, Portugal e França.
As mudanças na forma de governar tornaram mais claras as diferenças entre o mundo moderno e o
mundo feudal.
Neste Estado, o poder político se caracteriza separado da propriedade, surgirá a defesa dos
direitos individuais, assim, os cidadãos vão exigir
Vagner dos do Estado Pires
Santos o respeito à sua liberdade, e, com o passar
dos anos, irão definir seus [email protected]
direitos de cidadania que o Estado deve garantir: além dos direitos
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civis, os direitos políticos, os direitos sociais e os direitos republicanos. Objetivos fundamentais das
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nações e dos Estados-nação modernos: a busca do desenvolvimento econômico, da liberdade
individual e da justiça social.
Alguns aspectos caracterizam esse Estado: burocracia administrativa, que ganhou um corpo de
funcionários que tinham a função de desempenhar tarefas de administração pública, tentativa de
impessoalidade; sistema burocrático, marcou o surgimento das tarifas e tributos cobrados pela nobreza
para sustentar as despesas públicas; força militar, que gerou a necessidade de criação de um exército
nacional e centralizado para conter possíveis invasões ou confrontos com outros países e também para
estabelecer ordem pública na sociedade; leis e justiças unificadas, que foram responsáveis pela
formação de normas que possuíam caráter da manutenção da ordem, além de melhor proteger os
direitos e deveres dos cidadãos.
Estado Contemporâneo
Esse tipo de Estado se fortaleceu após a Segunda Guerra Mundial, momento de catástrofes para
humanidade que alimentou o surgimento de outras gerações de direito, direitos preocupados com a
coletividade e voltados à solidariedade entre os povos. O fator social fica evidente, altera-se a
compreensão da função do Estado, de que, em muitos momentos, deveria intervir em benefício da
igualdade entre todos os indivíduos por meio
Vagner de políticas
dos Santospúblicas.
Pires Ganha força o multilateralismo,
surgimento de diversas instituições e novos debates em torno da globalização e papel dos Estados
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nesse cenário. 03333234084
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A formação dos Estados nacionais na América Latina possui relação direta com força e
violência, pois são ex-colônias da Espanha, Portugal e França. A consolidação dos Estados nacionais
hispano-americanos ocorreu a partir do século XIX.
De acordo com Nunes (2023), no caso das Américas, o processo de crise e desintegração do
sistema colonial europeu foi duplo: por um lado, significou uma luta continental para emancipar as
colônias das metrópoles; por outro, uma luta paralela e violenta para formar os novos Estados-nação
independentes.
Não havia noção de nacionalidade desenvolvida nos territórios, a luta contra a dominação
espanhola foi feita, em grande parte, em busca da libertação dos americanos e não de nações
específicas, as quais não existiam e nem sequer tinham denominações. Não havia identidade e
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O caso brasileiro foi de libertação da metrópole portuguesa, processo que perdurou décadas e
envolveu lutas de independência dentro do solo brasileiro. Temática aprofundada no próximo módulo
desse material.
Uma grande diferença da independência das ex-colônias espanholas para o Brasil, é que no
caso daquelas, surgiram Repúblicas após o processo e no caso brasileiro, mesmo após a Independência,
continuou o Império e na mesma linhagem familiar. O Brasil era a única Monarquia em meios às
Repúblicas, fato que influenciou no relacionamento e foi causa de atritos com os países vizinhos.
Nosso país foi o último país das Américas a abolir a escravidão.
No século XXI, os países latino-americanos podem se deparar com ameaças à sua soberania
por conta das ingerências dos países potência (países mais desenvolvidos e com maior poder de
influência e capital financeiro). Essas ingerências ocorrem por meio da penetração de capitais
estrangeiros, do aumento das dívidas externas, do controle do sistema financeiro, da tecnologia,
Vagner dos Santos Pires
exploração de recursos ambientais e, acima de tudo, pelo poderio militar, entre outras formas.
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Bons estudos!
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