02 Estado

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Ciência Política – ALERS

Tópicos do edital:

2. Estado: Conceito e evolução do Estado moderno; Estado, governo e aparelho de


Estado.

8. Federalismo: Estado unitário e Estado federativo; relações entre esferas de governo


e regime federativo.

 Teoria do Estado

O conceito de Estado vem sendo estudado e aprimorado desde a Antiguidade. Algumas teorias
procuraram estudar a origem do Estado, sobre o seu surgimento, vejamos as principais:

Teoria da origem familial

De acordo com essa teoria, que também pode ser chamada de patriarcal ou matriarcal,
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o Estado se origina a partir da ampliação e desenvolvimento da família. Seria a reunião de inúmeras
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famílias. A justificação do poder público da entidade estatal estaria espelhada na autoridade social do
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chefe familiar. Baseado na Bíblia, no Direito Romano e em Aristóteles.
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Teoria da origem contratual

Os filósofos contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau) foram determinantes para a formação


do ideário de povo e Estado. A partir das perspectivas desenvolvidas por cada autor, a ideia do povo
como uma unidade, fonte de direito e de poder se fortalece e reconhece-se a existência de uma vontade
geral e de direitos sociais, situados na base de toda a organização social.

Para o contratualismo, o Estado surgiu a partir de um contrato social firmado entre os membros
da sociedade humana, formando um grande pacto entre os homens, que cederiam parcela de sua
liberdade e direitos em troca de proteção estatal. Surgimento da legitimidade do Estado em definir
regras sociais.

Hugo Grotius (1538-1645) defendia a existência de um direito natural e de que os indivíduos


se associaram por um pacto voluntário, com finalidade de regulamentação do direito e de consecução
do bem-estar coletivo.

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Teoria da origem patrimonial

Essa teoria decorre da crença de que o direito de propriedade é um direito natural, anterior ao
Estado. Um exemplo seria o Estado feudal, da Idade Média, pois apresentava uma organização
essencialmente de ordem patrimonial. Dessa forma, a posse da terra resultou no poder público e deu
origem à organização estatal. Expoentes como Platão, Cícero e Haller.

Teoria da origem violenta

Para Jean Bodin, o Estado se origina a partir da violência dos mais fortes. Para Marx e Engels,
o surgimento do poder político e do Estado é fruto da dominação econômica do homem pelo homem.
O grande expoente foi Gumplowicz, que considerava o Estado como um fenômeno social, produto de
ações naturais como a subjugação e a dominação de um grupo social por outro.

Os princípios que conhecemos hoje foram estabelecidos a partir da Paz de Westfália (1648) e
refere-se a qualquer país soberano, com território, povo e com estrutura própria e politicamente
organizada, além disso, é dotado de um conjunto de instituições que controlam e administram a
Nação. O termo, no sentido utilizado na contemporaneidade,
Vagner apareceu, pela primeira vez, no livro “A
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Arte da Guerra”, do general estrategista Sun Tzu e, posteriormente, na obra “O Príncipe”, de autoria
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de Maquiavel. 03333234084
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O Estado é a expressão institucional da Nação. Embora seja encontrado na literatura o uso dos
termos “Estado” e “Nação” como sinônimos, possuem diferenças. “Nação” reside mais
especificamente na ideia de povo que compartilha mesmas ideias, valores, origens, histórias e
sentimentos, noção de comunidade. Por outro lado, Estado refere-se ao conjunto de instituições, é
pessoa jurídica com soberania e participa como ator no cenário internacional e sujeito do Direito
Internacional Público.

NAÇÃO= PESSOA MORAL


ESTADO = PESSOA JURÍDICA

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A formação do conceito de Estado moderno foi obra de juristas e teóricos do Direito, enquanto
que conceitos como nação e o nacionalismo foram obras de movimentos intelectuais e acadêmicos.

É importante o reconhecimento por parte da sociedade internacional da existência de um


Estado, principalmente em relações às instituições multilaterais e ganhos políticos, porém, não é
indispensável. Um Estado não precisa ser reconhecido para ser considerado Estado. No entanto, é
necessário que o Estado soberano tenha capacidade de manter relações internacionais com seus pares.

ESTADO SOBERANO =
TERRITÓRIO + POVO + GOVERNO

Território: espaço geográfico onde reside determinada população, servindo de limite de atuação dos
poderes do Estado. Dessa forma, não é legítimo dois Estados exercerem seu poder num mesmo
território;
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Soberania: capacidade de [email protected]
o poder de forma suprema. Um Estado soberano é aquele que em
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esfera doméstica, nenhuma outra força pode exercer influência e, no cenário internacional, o Estado
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soberano possui relações/cooperações com outro Estados soberanos, não há subordinação nem
dependência e sim igualdade. Alguns teóricos desenvolveram seus estudos em torno do conceito.
Bodin considera a soberania como fator essencial para sustentação da base política e da unidade
republicana, defendia a autoridade monárquica, porém esse poder seria limitado pelo Direito natural e
pelas leis divinas. Em regra, o soberano não está sujeito a nenhuma lei humana, apenas às naturais e à
lei divina, e pode dar a lei aos súditos, cassá-la ou anulá-la para refazê-las.

Para Hobbes, a soberania residia em cada indivíduo, após o contrato e criação do Estado, este
passa a possuir toda a soberania, dessa forma, o soberano possui poderes ilimitados em todos os
assuntos. Segundo Grotius, a questão da soberania está relacionada à ação sem limitações e não ao
poder de intervir ou controlar, é soberano aquele que não tem algo ou alguém limitador.

Para Locke, o detentor da soberania é sempre o povo que a exerce por meio do Parlamento,
portanto, somente a ele cabe a capacidade de criar as leis e a representação da sociedade. Dessa forma,
a soberania não reside no Estado, mas sim na população. Embora admita a supremacia do Estado na
prática, defende que este deve respeitar as leis natural e civil. Rousseau entende que soberania se

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caracteriza pelo exercício da vontade geral, inalienável, e que o soberano é um ser coletivo. A
soberania seria uma convenção de todos os membros da comunidade e não um convênio entre o
superior e os inferiores.

Povo: conjunto de indivíduos ligados a um determinado território por um vínculo denominado


nacionalidade, compartilha costumes, valores, origens, história, idiomas, entre outros aspectos. Estão
sujeitos às mesmas leis e são detentores de direitos e deveres.

População: reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a um poder central. Considera-
se os natos, os naturalizados, os estrangeiros e os apátridas.

Sociedade: coletivo de cidadãos de um país governado por instituições nacionais que lidam com o
bem-estar cívico. Indivíduos reunidos em torno de um objetivo comum, independente de qual tipo.

Governo: autoridade governante de uma unidade política, possui como objetivo estabelecer regras
para uma sociedade política e exercer autoridade.

A existência do Estado, como mecanismo normativo e político de governo, pressupõe o


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controle sobre o território, a sustentação dos Santos
da autoridade Pires
por meio de um sistema legal e a capacidade de
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utilizar a força militar, quando necessário.
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Há outros agrupamentos de indivíduos que não são caracterizados como Estados, alguns
critérios influenciam nessa definição. No Estado, é determinante o grau e a intensidade do poder, além
da organização política complexa, da existência de um sistema de normas organizado, de hierarquia e
a capacidade de força militar.

De acordo com Bobbio (1987), a relação entre o conjunto das instituições políticas e o sistema
social no seu todo é representada como uma relação demanda-resposta (input-output). A função das
instituições políticas é a de oferecer respostas às demandas provenientes do ambiente social, ou seja,
de converter as demandas em respostas. As respostas das instituições são dadas sob a forma de decisões
coletivas vinculatórias para toda a sociedade.

É muito difundido o conceito weberiano de Estado, instituição detentora do monopólio da força


legítima. O Estado detém um poder que lhe é próprio e dominante, do qual derivam os demais poderes.
Esse autor analisa o Estado como uma associação política e Estado como uma empresa, esse último
seria os Estados modernos.

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Os Estados por meio dos exércitos permanentes, procuram manter a integridade das fronteiras
territoriais contra ameaças externas. E, por meio da política e da justiça, procuram preservar a ordem
interna.

Além do caráter específico do Estado de possuir o monopólio da força legítima, esse ente
apresenta uma racionalização do Direito com as suas consequências próprias, que são a especialização
dos Poderes legislativo e judiciário, a instituição de uma polícia encarregada de proteger a segurança
dos indivíduos e de assegurar a ordem pública. Em relação à administração, busca por racionalização
baseada em regulamentos explícitos que lhe permitem intervir nos campos mais diversos, desde a
educação até a saúde, a economia e até mesmo a cultura.

Para Bobbio, é possível definir legitimidade como sendo um atributo do Estado, que consiste
em um grau de consenso capaz de assegurar a obediência, em uma parcela significativa da população,
sem a necessidade de recorrer ao uso da força, ou somente em casos específicos.

Weber considera resquícios do patrimonialismo no Estado como um obstáculo à eficiência da


máquina pública, pois a racionalidade impessoal seria prejudicada. Portanto, no Estado em que não há
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impessoalidade, os interesses públicos são sempre prejudicados em favor dos interesses privados.
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Governo e aparelho de Estado: 03333234084
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Em uma democracia, os governos são transitórios, formados a partir da eleição pelo povo.

Os aparelhos de Estado compreendem o Governo, a Administração, o Exército, a Polícia, os


Tribunais, as prisões e outras instituições. Possuem capacidade de legislar e tributar sobre a população
de um determinado território.

Classificação dos Estados

Forma simples: Estado Unitário. A grande característica é a unicidade do poder, ainda que haja
divisão administrativa, apenas existe a autoridade nacional e apenas um centro de decisões e funções
políticas.

Em relação ao Brasil, somente durante o Império vigorou como forma de organização o


Estado unitário, de centralização concentrada. No entanto, a partir da Constituição de 1824, o Estado

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unitário do Brasil passou a ter seu território dividido em províncias, porém, sem autonomia. Todavia,
por conta do tamanho do território surgiu a necessidade de certa descentralização política.

Ainda com a Constituição de 1824, a descentralização política passou a ser viabilizada e,


posteriormente com o Ato Adicional que delegou novas atribuições aos presidentes das províncias e
autorizou cada província a eleger suas próprias Assembleias Legislativas.

A partir da promulgação da Constituição de 1891, foi estruturado o federalismo brasileiro,


conferiu-se grande autonomia aos municípios e às antigas províncias, que passaram a ser
denominadas “estados”. Inspiração na Constituição dos Estados Unidos da América.

Estados compostos:

Nesta forma, há uma organização do poder que cria dois planos distintos de governo, um central
e outro regional, cada qual com sua autonomia política, administrativa e judiciária. O Estado composto
pode ser Regional, Confederação ou Federação.
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Estado Regional é uma forma [email protected]
de Estado que agrega ideia de unidade, com descentralização e
autonomia. Com esse propósito, constitui unidades estatais, denominadas de regiões, as quais recebem
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um conjunto de competências legais que permitem o desenvolver de uma autonomia mais localizada,
tanto legislativa quanto política. Um exemplo é o modelo italiano, pois a Constituição Italiana de 1947
dividiu suas unidades geográficas em regiões, províncias e municípios (art. 114), permitindo que estas
regiões ganhassem um maior grau de autonomia.

Confederação de Estados é a união permanente de Estados independentes, baseada em um pacto,


com o fim de proteger o território de ataques exteriores e garantir em seu interior a paz coletiva. É
mantida a soberania política dos estados envolvidos. Cada Estado tem o direito de secessão pelo qual
pode romper o pacto e retirar-se da união.

Estado Federal / Federativo é um Estado formado pela união de vários Estados que perdem a
soberania em favor da União Federal, assim, os outros entes federados possuem apenas autonomia.
É uma organização jurídica baseada numa Constituição.

Esse tipo de Estado é uma organização formada sob a base de uma repartição de competências
entre o governo nacional e os governos estaduais, em uma configuração na qual a União tenha

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supremacia sobre os Estados-Membros e estes sejam entidades dotadas de autonomia constitucional
perante a mesma União.

Entre Estado Unitário e Estado Federal a principal diferença está no nível de descentralização.
Enquanto no Estado Unitário há apenas descentralização administrativa, no Estado Federal vigoram
as descentralizações política e administrativa.

Federalismo

O Federalismo surgiu na experiência histórica das antigas Colônias Inglesas da América do


Norte e foi adotado na primeira Constituição Brasileira da República de 1889. É uma forma de partilhar
o poder do Estado dentre vários entes em um determinado território.

A maneira mais simples de definir Estado Federal é caracterizá-lo como uma forma
de organização e de distribuição do poder estatal em que a existência de um
governo central não impede que sejam
Vagner dos divididas
Santos responsabilidades
Pires e competências
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entre governo central e os Estados-membros.
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 Formação dos Estados nacionais

Estado Antigo

Formação dos Impérios e excedente econômico a partir de práticas de agricultura, com forte
influência da religião. Grande confusão das esferas de família com o poder público, esse último ainda
pouco desenvolvido. Não havia divisão clara entre moral, religião, filosofia e doutrinas econômicas.
Era formado por muitos povos, isso dificultava a criação de uma identidade cultural, religiosa e até
mesmo linguística.

A natureza unitária era uma das características desse Estado, não possuía qualquer subdivisão

interna, territorial ou funcional, eram pouco organizados. Portanto, não havia ordem dos diferentes
setores dentro do mesmo Estado.

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Estado Grego

O Estado grego já apresentava maior complexidade organizacional, a sua maior característica


era a formação da polis, onde eram tomadas as decisões de organização do Estado. Os indivíduos desta
sociedade participavam ativa e diretamente da organização de seu Estado, a representação era direta.

Eram autossuficientes e possuíam suas leis próprias, assim, as polis tinham liberdade e
autonomia política e econômica, de forma que uma polis não dependia e não era regida conforme as
outras polis. Exemplos de cidades-Estados: Esparta, Atenas, Tebas e Troia.

Estado Romano

O Estado tinha como estrutura a base familiar. Grande expansão territorial, obtida por
conquistas ou golpes militares que exigiu expansão também da estrutura política. Houve maior
complexidade da sociedade e das instituições de tomadas de decisões. O governante tinha cargo
vitalício e o controle das províncias era feito por Roma.
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Estado Medieval
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Também conhecido como Estado feudal, seu desenvolvimento ocorreu após a queda do Império
Romano. Submissão do Estado em relação à Igreja, maior aumento da influência do catolicismo.
Forma monárquica de governo, confusão entre público e privado.

Após invasões dos bárbaros, foi necessária descentralização feudal. Para administração de um
território extenso, eles hierarquizaram a administração de forma que porções territoriais (feudos)
eram regidas por uma autoridade, o senhor feudal, figuras que deviam lealdade ao rei, seja militar
ou em pagamento de tributos. A base da economia era agrária e a sociedade de caráter estamental,
sem mobilidade entre reis, clero, nobres e servos.

Estado Moderno

A Era Moderna iniciou após o colapso da estrutura medieval; com os feudos, surgiram
manifestações de sentimento de nacionalidade e restauração do Estado como autoridade do Direito
Público. Após o fim da Idade Média, surgiu uma fase onde o poder monárquico foi extremamente

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absolutista. Além disso, fator de forte influência foi o desenvolvimento do capitalismo mercantil,
segundo Weber, o capitalismo precisava do Estado Moderno para se difundir.

O processo de centralização política nas mãos do Rei foi o símbolo da formação dos Estados
Modernos na Europa, os exemplos mais clássicos desse processo foram Espanha, Portugal e França.
As mudanças na forma de governar tornaram mais claras as diferenças entre o mundo moderno e o
mundo feudal.

O mundo viveu as consequências da Revolução Inglesa (1640-1680), da Revolução Industrial


(1760-1840), da Revolução Francesa (1789-1799) e fortalecimento da burguesia e do Iluminismo
(século XVI – XVIII). Momentos históricos marcantes para o Estado e suas configurações. O Estado
de caráter liberal ganhou força.

O Estado nacional surgiu da decadência do absolutismo e de sua substituição pelo liberalismo


como doutrina política.

Neste Estado, o poder político se caracteriza separado da propriedade, surgirá a defesa dos
direitos individuais, assim, os cidadãos vão exigir
Vagner dos do Estado Pires
Santos o respeito à sua liberdade, e, com o passar
dos anos, irão definir seus [email protected]
direitos de cidadania que o Estado deve garantir: além dos direitos
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civis, os direitos políticos, os direitos sociais e os direitos republicanos. Objetivos fundamentais das
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nações e dos Estados-nação modernos: a busca do desenvolvimento econômico, da liberdade
individual e da justiça social.

Alguns aspectos caracterizam esse Estado: burocracia administrativa, que ganhou um corpo de
funcionários que tinham a função de desempenhar tarefas de administração pública, tentativa de
impessoalidade; sistema burocrático, marcou o surgimento das tarifas e tributos cobrados pela nobreza
para sustentar as despesas públicas; força militar, que gerou a necessidade de criação de um exército
nacional e centralizado para conter possíveis invasões ou confrontos com outros países e também para
estabelecer ordem pública na sociedade; leis e justiças unificadas, que foram responsáveis pela
formação de normas que possuíam caráter da manutenção da ordem, além de melhor proteger os
direitos e deveres dos cidadãos.

No Estado moderno, desde o princípio, há uma tentativa de racionalização da administração


pública. A associação política moderna se diferenciaria da associação política estamental à medida
que, nesta última, não havia clara distinção entre público e privado.

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Weber associava o desabrochamento dos Estados modernos com o fortalecimento da
revolução burguesa e das consequências do novo sistema econômico implantado. O capitalismo
necessitava, para ganhar vida, que o Estado apresentasse um funcionalismo especializado e um direito
racional, aspectos que não floresceram no Oriente.

Desse modo, a tendência ao avanço da economia em direção às formas modernas da empresa


racional foi acompanhada de uma convergência ao progresso da política em direção às formas
modernas do Estado racional. Portanto, política e economia foram racionalizadas.

Estado Contemporâneo

Esse tipo de Estado se fortaleceu após a Segunda Guerra Mundial, momento de catástrofes para
humanidade que alimentou o surgimento de outras gerações de direito, direitos preocupados com a
coletividade e voltados à solidariedade entre os povos. O fator social fica evidente, altera-se a
compreensão da função do Estado, de que, em muitos momentos, deveria intervir em benefício da
igualdade entre todos os indivíduos por meio
Vagner de políticas
dos Santospúblicas.
Pires Ganha força o multilateralismo,
surgimento de diversas instituições e novos debates em torno da globalização e papel dos Estados
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nesse cenário. 03333234084
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 Estados nacionais na América Latina

A formação dos Estados nacionais na América Latina possui relação direta com força e
violência, pois são ex-colônias da Espanha, Portugal e França. A consolidação dos Estados nacionais
hispano-americanos ocorreu a partir do século XIX.

De acordo com Nunes (2023), no caso das Américas, o processo de crise e desintegração do
sistema colonial europeu foi duplo: por um lado, significou uma luta continental para emancipar as
colônias das metrópoles; por outro, uma luta paralela e violenta para formar os novos Estados-nação
independentes.

Não havia noção de nacionalidade desenvolvida nos territórios, a luta contra a dominação
espanhola foi feita, em grande parte, em busca da libertação dos americanos e não de nações
específicas, as quais não existiam e nem sequer tinham denominações. Não havia identidade e

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separações de povos ainda bem determinadas no século XIX, somente nas próximas décadas ocorreu
a consolidação de cada Estado-nação.

O caso brasileiro foi de libertação da metrópole portuguesa, processo que perdurou décadas e
envolveu lutas de independência dentro do solo brasileiro. Temática aprofundada no próximo módulo
desse material.

Uma grande diferença da independência das ex-colônias espanholas para o Brasil, é que no
caso daquelas, surgiram Repúblicas após o processo e no caso brasileiro, mesmo após a Independência,
continuou o Império e na mesma linhagem familiar. O Brasil era a única Monarquia em meios às
Repúblicas, fato que influenciou no relacionamento e foi causa de atritos com os países vizinhos.
Nosso país foi o último país das Américas a abolir a escravidão.

No século XXI, os países latino-americanos podem se deparar com ameaças à sua soberania
por conta das ingerências dos países potência (países mais desenvolvidos e com maior poder de
influência e capital financeiro). Essas ingerências ocorrem por meio da penetração de capitais
estrangeiros, do aumento das dívidas externas, do controle do sistema financeiro, da tecnologia,
Vagner dos Santos Pires
exploração de recursos ambientais e, acima de tudo, pelo poderio militar, entre outras formas.
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Bons estudos!

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