Justiça Social

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 47

Contextualizaçao da disciplina: Que contribui ao perfil profissional da titulação?

Esta disciplina, dirigida aos estudantes de direito responde a um dos princípios


essencias das instituições Católicas do ensino superior: a formação dos estudantes
não só como profissionais competentes, mas como também como pessoas de
valores (pessoas com principios éticos). Mais em concreto, como pessoas
específicas, e construir um mundo mais humano, justo, verdadeiro e solidário.
O actual momento caracterizado pelo dominio da tecnologia, no qual o poder do
homem atingiu uma dimensão e uma implicação incalculàveis, exige uma
consciência ética a possibilidade de alterar ou até destruir a via natural faz
necessário que a magnitude do ilimitado pode da ciência tenha que ser
acompanhado pelo princípio da responsabilidade.
Desde este enfoque, a disciplina pretende que o estudante reflita criticamente sobre
o mundo global e o desenvolvimento das tecnologias e tome consciência dos
próprios desafios éticos da sociedade angolana. A questão de responsabilidade
serà, nesta disciplina, o conceito chave, pois, como futuros juristas têm a
responsabilidade da construção dum mundo onde a vossa acção seja de realização
do respeito da dignidade da pessoa humana e a realização da justiça para todos.

COMPETENCIAS – OBJECTIVOS
Competencias especificas da disciplina e resultados da aprendizagem
C.G. Saber com rigoroso e critico, contributo para a defesa e desenvolvimento da
dignidade humana e para herança cultural mediante a investigação, o ensino e os
diversos prestados a comunidades locais, nacionais e internacionais.
Introdução Geral
O.E 1- Saber quem elabora a D.S.I
C. 1- no final da aula o estudante tem que compreender como quais são os que
elaboram a D.S.I
Cap 1. Epistemologia
O.G1- Neste capitulo deve-se conhecer os antecedentes e evolução, conceitos,
objecto, finalidade e as enciclicas sociais.
C.1- Tem dominio da historia da D.S.I e ter a capacidade a partir das noções basicas
1
da disciplina compreender que o foco é “o homem” chamado à salvaçãa; a ser
orientado e a formação da sua consciência.
Cap.2- Os principios da D.S.I
O.G1- Conhecer os principios permanentes na D.S.I que constituem os verdadeiros
e proprios gonzos do ensinamento social catolico e têm um caracter geral e
fundamental, pois se refere a realidade social do seu conjunto.
C.1- Pretende-se que o estudante no seu perfil de saida tenha o dominio não dos
principios da D.S.I não só teorico, todavia no seu agir tenha em conta estes valores
na sua vida quotidiana.
Cap. 3- A igreja em Angola nas questões sociais
O.G1 – saber o contributo da Igreja local a nivel social.

Conteùdos

SEMESTRE
Introdução Geral
Questão prévia: quem faz a doutrina na Igreja Católica?

Capitulo I: Introdução Geral


1.1- Relações e implicações entre Justiça Social, Cristianismo e Doutrina Social
da Igreja
1.2- Introdução à Doutrina Social da Igreja
1.2.1. Historia
1.2.2. Aspectos Epistemologicos:Conceito, Sujeito, Objecto, Finalidade, Método,
interdisciplinaridade

Capitulo II – Quadro Conceptual

2.1. Fontes documentais da D.S.I: tipologia e breve apresentação


cronologica
2.2. Pretinencia da D.S.I à luz de documentos universais e locais
2.2.1. Rerum Novarum e seu contexto de surgimento
2.2.2. Constituição Dogmatica Gaudium et Spes e seu contexto de
surgimento
2
2.2.3. Cartas Postais dos Bispos da CEAST: breve apresentação e
seu contexto de surgimento

Capitulo 3: Princípios Fundamentais da D.S.I


2.1- A Dignidade da Pessoa Humana (Conc. Vaticano II)
2.1.1- O agir Humano
2.1.2- Para que a Moral
2.1.3- A vida moral da sociedade
2.1.4- A relação do homem com a natureza (Laudate Si)
2.2- O Princípio do bem comum (C.D.S.I pag.101)
2.3- Destino universal dos bens (C.D.S.I. pag.104)
2.3- A Propriedade Privada
2.4- A Solidariedade (a igreja e a evolução) C.D.S.I pag. 116
2.5- A Subsidiariedade pag. 111
2.6- O Trabalho Huamano, pag.154
2.7- A Familia pag.129
2.8- A Comunidade Politica, pag. 218
2.9- desenvolvimento e ecologia

3
Capitulo I: Introdução Geral

1.3- Relações e implicações entre Justiça Social, Cristianismo e Doutrina Social da


Igreja
1.4- Introdução à Doutrina Social da Igreja
1.2.1. Historia

1.2.2. Aspectos Epistemologicos:Conceito, Sujeito, Objecto, Finalidade, Método,


interdisciplinaridade

Capitulo II – Quadro Conceptual

2.3. Fontes documentais da D.S.I: tipologia e breve apresentação


cronologica
2.4. Pretinencia da D.S.I à luz de documentos universais e locais
2.4.1. Rerum Novarum e seu contexto de surgimento
2.4.2. Constituição Dogmatica Gaudium et Spes e seu contexto de
surgimento
2.4.3. Cartas Postais dos Bispos da CEAST: breve apresentação e seu
contexto de surgimento
4
5
Capitulo I – Introdução Geral

1.1. Relações e implicações entre Cristianismo, Justiça Social e


Doutrina Social da Igreja

Diferente de outras religiões da antiguidade, que eram nacionais, o cristianismo


nasce como religião de individuos que nao se define como pertença de um estado,
mas por sua fé num único Deus. As demais religiões antigas a divindade relaciona-
se com a comunidade social e policamente organizada.

O cristianismo tem no centro da sua missão o homem, é por esta razão que o
homem cristão relaciona-se com os indivíduos que nele creem, a vida ética do
cristão não é definida por sua relação com a sociedade, mas por sua relação
espiritual e interior com Deus. Por esta razão, o cristianismo introduz uma
concepção diferente de ética:

O valor do livre-arbitrio – somos dotados de vontade livre. Em decorrência da


desobediência do primeiro homem aos mandamentos divinos, nossa vontade se
perverteu e nossa liberdade dirige-se expontaneamente para o mal e para o pecado,
isto é, para a transgressão das leis divinas. O cristianismo considera, portanto, que,

6
em decorrência do pecado original, o ser humano tornou-se uma natureza fraca,
incapaz de realizar o bem e as virtudes apenas pela força de sua própria vontade.

A vontade era uma faculdade racional capaz de dominar e controlar a desmedida


passional de nossos apetites e desejos, havendo uma força interior a vontade
consciente que nos tornava morais, para o cristianismo, a vontade está pervertida
pelo pecado e precisamos do auxilio divino para nos tornarmos morais.

O valor da fé – a filosofia grega subestimara a fé ou crença (pístis) do ponto de


vista cognoscitivo, pois dizia respeito às coisas sensíveis, mutáveis sendo, portanto
uma forma de opinião (doxa). Em verdade, Platão valorizou como componente do
mito, mas em seu conjunto, o ideial da filosofia grega a epistemé, o conhecimento.
E, como vimos, todos os pensadores gregos viam no conhecimento a virtude por
excelência do homem e a realização da essência do próprio homem. Pois a nova
mensagem exige do homem precisamente uma superação dessa dimensão,
invertendo os termos do problema e pondo a fé acima da ciência. Essa mensagem
subversiva de todos os esquemas tradicionais dá origem inclusive a uma nova
antropologia: o homem não é mais simplesmente “corpo”, “alma”, isto é, duas
dimensões, mas em três dimensões: “corpo”, “alma” e “espírito” é exactamente essa
participação no divino através da fé, abertura do homem para a Palavra divina e
para a Sabedoria divina.

O valor do amor e a graça de Deus – a doutrina cristã do amor (agapé,


charitas) opera uma revolução estrutural em relação à concepção grega eros. Para o
grego Deus não pode amar pressupõe falta e, portanto imperfeição.

Para Platão, por exemplo, o eros deriva da falta do belo e do desejo de possuí-lo
e, portanto, em dimensão aquisitiva e ascensiva, é próprio do homem e não de
Deus. Mesmo para Aristóteles o Motor imóvel é amado e não amante (move como
objecto de amor).

O amor cristão é, ao contrário, primeiramente próprio de Deus, que ama em


dimensão donativa, como superabundância do bem. A carta de S. João resume
muito bem o arco da temática cristã: ... Amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de
Deus e aquele que ama nasceu de Deus. Aquele que não ama não conheceu a
Deus, porque Deus é amor.

7
Os valores da pureza e a humildade – a mensagem cristã assinalou sem
dúvida a mais radical revolução de valores da história humana. Nietzsche chegou a
falar até mesmo de total subversão dos valores antigos, subversão que tem sua
formulação prográmatica no “Sermão da Montanha”, que podemos ler no Evangelho
de Mateus (5, 1-12): o evangelho das Bem-aventuranças.

E aquele que receber uma criança como esta por causa do meu nome é a mim
que recebe. Também S. Marco, acrescenta “se alguém quiser ser o primeiro, seja o
último e aquele que serve todos”.

Por conseguinte, a concepção cristã introduz a novidade ética também ideia de


dever, isto é, a ideia de que a virtude é a obrigação cumprir o que está orientado
pele lei divina. Para obedecer a lei divina três virtudes são necessárias: fé,
esperança e caridade. São as virtudes teologais, isto é, referente a nossa relação
com Deus. Como diz a Biblia, “o homem virtuoso é aquele cujo coração está cheio
com a Lei de Deus”.

Existentem virtudes que se refere a qualidade da nossa alma ou do nosso


espírito devem adquirir para se aperfeiçoar e merecer a salvação prometida por
Deus. A lei divina define quatro virtudes principais – as virtudes cardeais – das
quais todas as outras dependem: fortaleza, justiça, temperança e prudência. Para
além dessas, o cristianismo define virtudes que concernem ao nosso comportamento
exterior ou a nossa conduta, isto é, as virtudes morais: sobriedade, prodigalidade,
trabalho, castidade, mansidão, modéstia e generosidade.

Aos humanos cabe reconhecer a vontade e a lei divina, cumprindo-as


obrigatoriamente, isto é, por actos de dever. Este é o único que torna morais um
sentimento, uma intenção, uma conduta ou uma acção.

Outro conceito fundamental para a ética é a justiça sendo aquela que é universal
em todos saberes axiológicos, porquanto também torna-se imperativo descorrermos
sobre o seu conteúdo.

Quanto à Justiça Social, primeiro convém sublinhar as modalidades da justiça:

a) Modalidades de justiça

8
Da herança grega também se recolhe a distinção clássica entre as várias
modalidades ou tipos de justiça, a saber:

a) Justiça comutativa: o seu fim é corrigir os desiquilíbrios que se verifiquem nas


relações contratuais e nos actos involuntários e ilícitos interpessoais.
Assegura a equivalência entre prestações, ou entre dano e indemnização,
atribuindo a cada o que é seu. É a justiça das relações de coordenação e
pertence ao direito privado;
b) Justiça distributiva: regula a repartição dos bens comuns pelos membros da
sociedade, segundo o critério de igualdade proporcional que atende á
finalidade da distribuição consoante os méritos e as necessidades, portanto,
pertence ao direito público;
c) Justiça geral ou legal: regula a participação dos membros da sociedade nos
encargo comuns, porém segundo o critério da igualdade proporcional
Por fim temos a justiça social que é a ultima modalidades das três:
d) Justiça social: todos e cada um dos membros da sociedade, enquanto estão
em sociedade, regula toda a sociedade humana. Refere-se ao “bem comum
partilhado pelos membros da comunidade”, como por exemplo, o bem-estar.
A justiça social tem como o termo formal, todos e cada um dos membros da
sociedade, enquanto estão em sociedade; ao passo que a justiça legal tem o
termo formal, toda a sociedade colectiva considerada. Além disso, a justiça
legal concerne a obrigações numa “sociedade civil em particular”, enquanto a
justiça social “regula toda a sociedade humana”. Porém, a sociedade
concretamente considerada, coincidem a justiça social e a justiça legal , visto
ser o dever da autoridade reforçar, por meios de leis, as obrigações sociais. A
concepção exacta da justiça social e da sua extensão é aquele que se segue
paralelamente a doutrina da Igreja sobre as relações entre o Estado e a
sociedade económica.

A doutrina social é parte intragrante do ministério da integração de


evangelização da Igreja. Daquilo que diz respeito a comunidade dos homens –
situações e problemas refentes à justiça, à liberdade, ao desenvolvimento, às
relações entre os povos, à paz – nada é alheio à evangelização, e esta não seria
completa se não levasse em conta recíproco apelo que continuamente se fazem o
evangelho e vida concreta, pessoal e social do homem. Entre evangelização e

9
promoção humana há laços profundos: “laços de ordem antropologica, dado que o
homem que há de ser evangelizado não é um ser abstrato, mas é um ser
condicionado pelo conjunto de problemas sociais económico; laços de ordem
teologica, porque nunca se pode dissociar o plano de criação e da Redenção, um e
outro a abrangerem situações bem concretas de injustiça, que há de ser combatida e
a justiça que há ser restaurada; laços eminentemente evangélicos, qual é a ordem
da caridade: como se poderia proclamar o mandamento novo, sem promover na
justiça e na paz o verdadeiro e autêntico progresso do homem?

O Cristianismo propõe-se em assistir o homem promovendo os valores que


elevam a dignidade do homem na sociedade, uns destes valores é a Justiça Social;
na sua missão utiliza a doutrina social como valor de um instrumento do evangelho.

Segundo Leão XIII, na sua enciclica fundadora da doutrina social – Rerum


Novarum, o papa diz, que a justiça social serve o bem comum, o papa volta a dar
relevância no termo: “é lícito tender para um futuro melhor, em conformidade com a
justiça”. A justiça é uma norma muito geral que ultrapassa a dimensão dos contratos.

A doutrina social da Igreja é o pronunciamento dos papas, a fim fixar


principios, criterios e directizes gerais é um convite à acção. A doutrina social da
igreja uns dos temas fundamentais é o primado da justiça sobre a caridade que é
uma das virtudes do cristianismo, que o papa na enciclica fundadora ao falar da
relação e implicação da justiça social e cristianismo diz, Sublinha Leão XIII: a justiça
seja religiosamente guardada, de modo que nunca mais sejam uns impunemente
esmagados pelos outros. A justiça é também a regra das reformas e do progresso.

Por conseguinte, a relação e a interdependência é de plena cumplicidade, o


cristianismo é fundador da doutrina social da igreja e da justiça social. A missão do
cristianismo é de ter um olhar crítico à luz do evangelho emitir a sua voz social a
partir dos vários pontífices, estes por sua vez, fica documento, para ser doutrina
social da igreja sempre a procura não violência da justiça social. Compete a igreja
pronunciar-se sempre e por toda a parte os princípios éticos mesmo referente a
justiça social. A igreja rejeita no seu fundamento da D.S.I a regulação da economia
exclusivamente através do planejamento centralizado perverte na base os vínculos
sociais, sua regulamentação unicamente pela lei do mercado vai contra a justiça

10
social, pois há muitas necessidades humanas que não podem ser atendidos pelo
mercado.

1.2. Introdução à doutrina social da Igreja

Questão prévia – quem faz doutrina na Igreja Católica?

A doutrina da igreja tem a sua origem nos primordios do


cristianismo. A toda a doutrina fundamental da Igreja católica é
elaborada nos Concílios. Um Concílio é a reunião de todos os
bispos do mundo católico e só pode ser convocado por um papa .
Um Sínodo é uma reunião restrita de um grupo de bispos. Por
zonas geográficas – Sínodo Africano; Sínodo do Médio Oriente
etc ou por temática especifica Sínodo sobre a Justiça, Sínodo
sobre a Palavra de Deus, Sínodo sobre a Evangelização etc.

Desde o ano de 325 a 1962, os historiadores identificam


baseando-se em vários critérios 21 Concílios Ecuménicos. Isto é,
concílios que são reconhecidos pelo conjunto das Igrejas Cristãs.
O último que se realizou foi o Concílio Vaticano II (1962 -1965).

As Encíclicas – inauguradas como instrum ento de governo


universal dos papas – iniciaram-se com o papa Gregório XVI em
1832. Desde então os papas publicaram encíclicas sobre os mais
variados assuntos. Neste curso só se fazem ref erências às
encíclicas sociais que não ultrapa ssam a dúzia.

1.3. Nascimento de uma doutrina

11
A industrialização iniciada na Inglaterra nos inícios do século XIX,
levantando inúmeras questões laborais e sociais vai precipitar nos
meios cristãos a formação de associações de operários e depois de
patrões que procuram introduzir os princípios do Evangelho nas
questões da vida.

Os patrões desse tempo não tinham o menor respeito pelas


condições de trabalho e de vida dos seus empregados. Toda a
problemática social na segunda metade do século XIX se vivia à volta
da chamada “questão operária ”.

As experiências de socialismos utópicos, e de comunismos


cristãos também provocam a reflexão dos pastores da Igreja. São
exemplo desses socialismos cristãos os projectos de Saint -Simon
(1760-1825): Charles Fourie r (1772-1837); Loius Blanc (1811 -1886).

O papa Leão XIII eleito em 1878 vai procurar dialogar com a


sociedade de então, e toma alguma distância face à atitude de
permanente recusa do mundo mantida pelos seus predecessores, os
papas, Pio IX e Gregório XVI.

Esta nova atitude dará lugar à publicação da primeira encíclic a social


da Igreja intitulada Rerum Novarum – “Coisas novas” .

Do ponto de vista da história da Igreja Católica, considera -se que a


chamada Doutrina Social da Igreja, nasc eu com a publicação da
encíclica Rerum Novarum publicada pelo papa Leão XIII em 1891.

1.4. O texto oficial da DSI – Doutrina Social da Igreja

João Paulo II, depois da publicação do Catecismo da Igreja Católica,


em 1992, sobre os fundamentos da fé cristã e católica, decidiu publicar
também sob a sua chancela um Compêndio da Doutrina Social da
Igreja.

12
Esta obra, publicada em 2004, e cuja edição esteve a cargo do
Conselho Pontifício “Justiça e Paz”, representa de certa maneira o
discurso oficial da Igreja sobre a Doutrina Social .

1.5. Conceito da Doutrina Social da Igreja

A doutina social da Igreja é o conjunto de declarações oficiais do magisterio da


Igreja, que diz respeito as relações sociais. É uma doutina que pretende dar
soluções sociais aos conflitos provocados pela economia capilalista.

Doutrina: esta palavra diferencia-se de ensinamento, doutrina fala de um


conjunto de verdades cristãs sobre a sociedade.

A expressão Doutrina, fala dum conjunto de verdades cristãs sobre a sociedade,


implica também um conjunto de ensinamento que se dão em forma sistemática.

Segundo a Enciclica Sollicitudo rei socialis: a doutrina social da Igreja pertence,


não ao campo da ideologia, mas ao da teologia e precisamente na teologia moral.
Ela não é definível segundo parametros socioeconômico. É a formulação acurada
dos resultados de uma reflexão atenta sobre as complexas realidades da existência
do homem, na sociedade e contexto internacional, à luz da fé e da tradição ecclesial.
A sua finalidade principal é interpretar estas realidades, examindo a sua
conformidade ou desconformidade com as linhas do ensinamento do Evangelho
sobre o homem e sobre a sua vocação terrena e ao mesmo tempo transcendente;
visa, pois, orientar o comportamento cristão.

Portanto, a doutrina social é de natureza teológica e especificamente teológico-


moral, tratando-se de uma doutrina, destina a orientar o comportamento das
pessoas. Ela situa-se no cruzamento da vida e da consciência cristã com as
situações do mundo e exprime-se nos esforços que individuos, famílias, agentes
culturais e sociais politicos e homens de Estado realizam para lhe dar forma e
aplicação na história.

1.6. Interdisciplinaridade

13
A doutrina social da Igreja se vale de todos os contributos cognoscitivos,
qualquer que seja o saber de onde provenham, e tem uma importante dimensão
interdisciplinar. A doutrina social vale-se dos contributos de significados descritivos
das ciências humanas.

Essencial é, em primeiro lugar; o contributo da filosofia, já mencionado ao se


evocar a natureza humana como fonte, e a razão como via cognoscitiva da própria
fé.

A filosofia é, efectivamente, instrumento apto e indispensável para uma correcta


compreensão de conceitos basilares da doutrina social – como a pessoa, a
sociedade, a liberdade, a consciência, a ética, o direito, a justiça, o bem comum, a
solidariedade, a subsidiariedade, o Estado – compreensão tal que inspire uma
convivência social harmoniosa. É a filosofia ainda a ressaltar a plausibilidade
racional da luz que o evangelho projeta sobre a sociedade e a exigir de cada
inteligência e consciência a abertura e o assentimento à verdade.

1.7. Objecto

Esta ciência social católica, é fruto da investigaçao empreendidas por católicos,


no campo da sociologia, e da economia investigações largamente estimuladas pelas
afirmações doutrinais de Leão XIII e do magistério em geral. Pio XI subentende que
o seu objecto é mais vasto e também mais contingente, do que a da «doutrina»
promulgada pelo magistério. A ciência social cresce e enriquece-se de dia em dia
em função de novas exigências e novos problemas. Os trabalhos realizados pelas
semanas socais é posto por Pio XI no plano «ciência sociais católica», por meio da
«acção ». O objecto da doutrina social da Igreja é essencialmente o mesmo que
constitui e motiva a sua razão de ser: o homem chamado à salvação e como tal
confiado por Cristo à cura e à responsabilidade da Igreja. Ela se detem sobre as
principais e inseparaveis dimensoes da pessoa humana.

1.8. Métodos

A doutrina social reflecte os três níveis do ensinamento teologico-moral: o nivel


fundante das motivações; o directivo das normas do viver social; o deliberativo das

14
consciências, chamada a mediar as normas objectivas e gerais nas situações sociais
concretas e particulares.

CAPITULO II – Quadro Conceptual

2.1. Fontes Documentais da Doutrina Social da Igreja: tipologia e breve


apresentação cronologica

2. 2. Fontes

A doutrina social tem o seu fundamento essencial na Revelação biblica e na


Tradição da Igreja.

A fé e a razão constituem as duas vias cognoscitivas da doutrina social, em sendo


duas fontes as fontes nas quais esta haure: a revelação, Deus que se revela ao
homem e a natureza humana, o homem compreender a racionalidade do mundo.

2.3. Critérios para entender e ler a DSI

❖ A moderna Doutrina Social da Igreja, surge como uma resposta a


questões que o desenvolvimento das sociedades liberais e
industrializadas colocou ao nível da organização da vida e da
construção da própria sociedade;

❖ A DSI não pode entender -se como um conjunto de princípios


imutáveis ou isolados ne m como uma ideologia;

❖ Sendo que a DSI é um património da Igreja universal, nem todos


os pronunciamentos em matéria social por parte das comunidades
cristãs ou Igrejas locais, podem ser considerados parte integrante
da Doutrina Social da Igreja;

15
❖ A DSI não pode ser analisada exclusivamente pelo discurso
produzido, devendo procurar -se a interacção com a dinâmica
ecclesial e social em que se inscreve.

DSI – questões epistemológicas

• Desde a Rerum Novarum até João XXIII domina o direito


positivo e as explicações a partir da concepção cristão do
direito natural.
• Com João XXIII o pensamento social da Igreja começa a
fundamentar-se na Bíblia e num certo diálogo com a cultura
contemporânea.
• Paulo VI transforma a questão social numa questão do
desenvolvimento mundial
• Bento XVI na sua última encíclica propõe que a Populorum
Progressio passe a ser considerada a referência da DSI nos
tempos de hoje. Depois de se celebrar Rerum Novarum
durante um século, o actual papa diz claramente: “A
Populorum Progressio é a Rerum Novarum da época
contemporânea” (§ 8 da Caridade na Verdade)

❖ Qual o significado das variações semânticas:


Magistério social

Pensamento social católico

Ensino social cristão

Ensino social da Igreja

Doutrina Social da Igreja

Ao longo do século XX, teólogos e doutrina oficial, utilizaram várias


expressões para dizer a DSI. Esta variedade tem de ver com escolas
teológicas, mas também com caract erísticas de cada país.
16
Em 1989, numa encíclica social, João Paulo II retomou a terminologia
de Doutrina Social da Igreja d ando-lhe a seguinte definição:

“A DSI não é uma “terceira via” entre o capitalismo liberal e


colectivismo marxista, nem se quer uma possível alternativa a outras
soluções menos radicalmente contrapostas; constitui por si mesma uma
categoria. Não é uma ideologia, mas a formulação apurada dos
resultados de uma reflexão atenta sobre as complexas realidades da
existência humana, n a sociedade e no contexto internacional, à luz da
fé e da tradição e cclesial. A sua finalidade principal é interpretar estas
realidades, examinando a sua conformidade ou desconformidade com
as linhas de ensinamento do Evangelho sobre o homem, e sobre a sua
vocação terrena e ao mesmo tempo transcendente; visa pois orientar o
comportamento cristão. Ela pertence, por conseguinte, não ao domínio
da ideologia, mas da teologia e especialmente da teologia moral”

(João Paulo II, Sollicitude Rei Socialis nº 41)

Síntese sobre a DSI:

A Doutrina Social da Igreja, propõe um humanismo integral e


solidário, que diz respeito ao h omem todo e a todos os
homens. Faz parte intrínseca da Evangelização cristã e
assenta num princípio personalista que supõe o
reconhecimento da liberdade e o valor insubstituível dos
direitos humanos.

2.5. Cronograma dos documentos do magistério sobre as


questões sociais

Rerum Novarum Leão XIII 15 de Maio de 1891

17
Marx e Leao XIII partindo da verificaçao da gritante desigualdade
economica entre plutocracia e proletariado, queriam realçar a classe
dos operarios, oprimida pelo liberalismo econó mico que consagrava a
opressão do mais forte para com o mais fracos ou se desinteressava da
luta social.

Quadragesimo Anno Pio XI 15 de Maio de 1931

É sobre a restauraçao e aperfeiçoamento da ordem social , em


conformidade com a Lei Evangelica, no 40° aniversario da enciclica de
Leao XIII, Rerum Novarum.

O papa, realça restauraçao do principio dirigente da economia baseado


na unidade do corpo social (colabo ração de classes).

Condena o comunismo e o soci alismo, é incompativel com a prá tica e a


fé. A caridade e a justiça devem ser a alma da nova ordem.

Mater et Magistra (Mae e Mestra), João XXIII 1961

Aniversario da enciclica Rerum Novarum no seu septuagésimo


ano (Mae e Mestra),

Pacem in Terris João XXIII 1963

Realça o tema da paz, numa época marcada pela proliferação


nuclear. A “Pacem in ter ris”, é a enciclica da paz e da dignidade
humana.

Constituição Gaudium et Spes Concílio Vaticano II 1965

Populorum Progressio Paulo VI 1967

18
Dedica-se no seu conteúdo sobre a cooperação entre os povos e ao
problema dos países em via de desenvolvimento. Critica o agravamento
do desequilíbrio entre países ricos e pobres, o neocolonialismo e
afirma o direito de todos os povos ao bem estar.

A encíclica denuncia o liberalismo sem freio que conduziu ao


imperialismo internacional d o dinheiro, como a coletivização integral e
a planificação arbitraria, que priva os homens da liberdade e dos
direitos fundamentais da pessoa humana. Ainda o autor, admite o
direito dos povos à insurreição revolucionaria no caso de tirania que
ofenda os direitos fundamentais.

Octagesima Adveniens Paulo VI 14 de Maio de 1971

É comemorativa dos 80 anos da Encí clica Rerum Novarum, trata


sobretudo do compromisso socio -político dos cristãos. Analisa as
varias ideologias: as correntes soci alistas, a marxista e a liberal, que
exigem um discernimento cristão. Fala também do renascimento das
utopias com as suas virtudes e os seus riscos. Ela apela para a
sensibilidade cada vez maior em busca duma maior justiça, não só
meio da comunidade cristã, mas também no mundo inteiro.
Considerando que a principal causa dos problemas sociais é a
desigualdade.

Laborem exercens João Paulo II 14 de Setembro de


1981

Sollicitude rei socialis João Paulo II 1987

O papa comemora o vigésimo aniversario da populorum


progressio e aborda novamente o tema do desenvolvimento, para
sublinhar dois dados fundamentais : “Por um lado, a situação dramática
do mundo contemporâneo, sob o aspecto do desenvolvimento que falta
do Terceiro Mundo, e por outro lado, o sentido, as condições e as
exigências dum desenvolvimento digno do homem. A Encíclica introduz
a diferença entre progresso e desenvolvimento, afirma que “o
19
verdadeiro desenvolvimento não pode limitar -se à multiplicação dos
bens e dos serviços , isto é, aquilo que possui, mas deve contribuir para
a plenitude do “ser” do homem. Deste modo pre tende-se delinear com
clareza a natureza moral do verdadeiro desenvolvimento.

Centesimus annus João Paulo II 1991

No centésimo aniversário da “Rerum novarum”, João Paulo II


promulga a sua terceira encíclica social, a “Centesimus annus”, retoma
um dos princípios basilares da concepção cristã da organização politica
e social, o papa escreve: “o principio que designamos de
solidariedade... várias vezes Leão XIII o enuncia com o nome de
“amizade”..., desde Pio XI designava por a expressão mais significativa
“caridade social”, enquanto Paulo VI o seu conceito falava de
“civilização do amor”. João Paulo II realça como o ensinamento social
da Igreja corre ao longo da reciproci dade entre Deus e o homem:
reconhecer a Deus em cada homem é a condição de um autêntico
desenvolvimento humano .

Caridade na Verdade Bento XVI 2009

A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e
sobretudo com a sua morte e ressurreiçao, é a força propulsora principal para o
verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. O amor
(caritas), é uma força extraordinaria, que impele as pessoas a comprometerem-se,
com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. A caridade é a via
mestra da doutrina social da Igreja.

Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro


vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultua sem
verdade; acaba prisioneira das emoções e opiniões contingentes dos individuos.
Com efeito, a verdade é “logos” que cria “dia-logos” e, consequentemente,
comunicaçao e comunhao. Viver a caridade na verdade leva a compreender que a
adesão aos valores do Cristianismo é um elemento útil e mesmo indispensável para

20
a construção duma boa sociedade dum verdadeiro desenvolvimento humano
integral.

LAUDATE SI ( Louvado Seja) “sobre o cuidado da casa comum” Papa Francisco


18 de Junho de 2015

O papa critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsavel e faz um apelo à


mudança e à unificação global para combater a degração ambiental e as alterações
climáticas. É uma resposta as expectativas das comunidades religiosas, ambientais
e cientificas internacionais, bem como de lideranças politicas, economicas e dos
meios de comunicação social, acerca da crise representada pelas mudanças
climáticas. Espera-se que a Enciclica influencie a politica energética económica, e
que estipule um movimento global por mudanças, para deter a “deterioração global
do ambiente”.

Fratelli Tutti ( todos irmãos) Papa Francisco de 14 de Outubro de 2020

O seu subtítulo: sobre a fraternidade a amizade social.

O pontifice indica a fraternidade e a amizade social para construir um mundo melhor,


pacífico e com mais justiça, com compromisso de todos: pessoas e instituições.

2.6. Pertinência da Doutrina Social da Igreja à luz de documentos


universais e locais

A doutrina social remonta desde a genese do cristianismo, para o Pio XI


designava o corpus doutrinal refente à sociedade, que a partir da Enciclica
Rerum Novarum de Leão XIII, se desenvolve na Igreja através do Magistério
Pontifices e dos Bispos locais em comunhão com eles. Convém aqui sublinhar
que a solicitude social não teve inicio com tal documento, porque a Igreja nunca
se desinteressou pela sociedade, apesar da Rerum Novarum, dar inicio de novo
caminho.

2.6.1. A Rerum Novarum e seu contexto de surgimento


21
Os acontecimentos do século XIX, ligados as questões da revolução industrial
submeteram a organização primária da sociedade, provocando vários problemas de
justiça na sociedade, tendo o primeiro problema social, a questão operária, suscitado
pelo conflito entre capital e trabalho. Por conseguinte, a Igreja advertiu a
necessidade de intervir de um modo novo, “res novae”, ela examina as condições
dos trabalhadores assalariados, condições penosas para os operarios da industria,
afligido por uma indigna miseria. A questão operária é tratada em todas as suas
articulações sociais e politicas, para ser adequadamente avaliada à luz dos
princípios doutinais baseado na revalação, na lei e na moral natural.

Segundo Leão XIII, na sua enciclica fundadora da doutrina social – Rerum Novarum,
o papa diz, que a justiça social serve o bem comum, o papa volta a dar relevância
no termo: “é lícito tender para um futuro melhor, em conformidade com a justiça”. A
justiça é uma norma muito geral que ultrapassa a dimensão dos contratos.

A doutrina social da Igreja é o pronunciamento dos papas, a fim fixar


principios, criterios e directizes gerais é um convite à acção. A doutrina social da
igreja uns dos temas fundamentais é o primado da justiça sobre a caridade que é
uma das virtudes do cristianismo, que o papa na enciclica fundadora ao falar da
relação e implicação da justiça social e cristianismo diz, Sublinha Leão XIII: a justiça
seja religiosamente guardada, de modo que nunca mais sejam uns impunemente
esmagados pelos outros. A justiça é também a regra das reformas e do progresso.

Por conseguinte, a relação e a interdependência é de plena cumplicidade, o


cristianismo é fundador da doutrina social da igreja e da justiça social. A missão do
cristianismo é de ter um olhar critico à luz do evangelho emitir a sua voz social a
partir dos vários pontífices, estes por sua vez, fica documento, para ser doutrina
social da igreja sempre a procura não violência da justiça social. Compete a igreja
pronunciar-se sempre e por toda a parte os princípios éticos mesmo referente a
justiça social. A igreja rejeita no seu fundamento da D.S.I a regulação da economia
exclusivamente através do planejamento centralizado perverte na base os vínculos
sociais, sua regulamentação unicamente pela lei do mercado vai contra a justiça
social, pois ha muitas necessidades humanas que não podem ser atendidos pelo
mercado.

22
Por conseguinte, a Rerum Novarum enumera os erros que fazem mal a
sociedade, exclui o socialismo como remédio e expõe, precisando-a, actualizando-a,
“a doutrina católica acerca do trabalho, direito de propriedade, do principio de
colaboração contraposto à luta de classe como meio fundamental para a mudança
social, sobre o direito dos fracos, sobre a dignidade dos pobres e sobre a obrigação
dos ricos, sobre o aperfeiçoamento da justiça mediante a caridade, sobre o direito a
ter associações profissionais.

2.6.2. Constituição Dogmática Gaudium et Spes e seu contexto


de surgimento

A Gaudium et Spes (Alegria e Esperança), trata fundamentalmente das relações


entre a Igreja e o mundo onde ela está e actua. Constitui a resposta da Igreja às
expectativas do mundo contemporâneo. Se reflecte numa nova concepção de ser
comunidade dos crentes e do povo de Deus. A Gaudium et Spes traça o rosto de
uma Igreja “verdadeiramente solidária com o género humano e com a sua história,
que caminha juntamente com a humanidade inteira e experimenta com o mundo a
mesma sorte terrena, e ao mesmo tempo” é como que o fermento e a alma da
sociedade humana destina a ser renovada em Cristo transformada na família de
Deus.

Portanto, a Gaudium et Spes, aborda os temas fundamentais da cultura, da vida


economico-social, do matrimonio e da familia, da cominidade politica, da paz e da
comunidade dos povos, à luz da visão antropologica cristã e da missão da Igreja.
Tudo é considerado a partir da pessoa e em vista da pessoa.

2.6.3. Cartas Pastorais dos Bispos da CEAST: breve apresentação


e seu contexto de surgimento

Os bispos da CEAST, em vários contextos da nossa vida social pronunciaram-se em


diversas cartas Pastorais a fim de se construir uma sociedade mais humana e justa.

Assim sendo, eis algumas mensagens Pastorais:

23
1. Mensagem Pastoral sobre as eleições dia 24 a 30 de Março de 2017, os
bispos começam a sua mensagem dizendo, gostariamos de dizer uma
palavra que ilumine e ajude a superar o cepticismo, a desconfiaça e a
indiferença diante dos acontecimentos importantes que marcam o nosso país
neste ano das eleições. Sabemos e compreendemos que pertence à politica a
construção de uma sociedade justa. Como lembra o papa Francisco, “a igreja
não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Todos os cristãos
incluindo os pastores, são obrigados a preocurpar-se com um mundo melhor”,
(Evangelho Gaudium). A fé cristã não diminui a nossa condição de cidadãos,
que vai se transformando na força do amor.
2. A eleição e a busca do bem-comum, passaram-se 40 anos desde a
independencia de Angola. Todavia, continuamos a sonhar com um país
próspero, democratico, sem corrupção, socialmente justo e economicamente
sustentavel. Angola precisa que quem governa seja compentente e governe
para todos e não apenas aqueles, e pior, ainda, para uma elite de
privilegiados. Precisa também de uma oposição forte que “obrigue” quem
governa a dar o melhor de si em prol do bem todos. A democracia não é a
“ditadura da maioria”, deve procurar o consenso, e mesmo que se decida pelo
voto da maioria, deve se valorizar o voto da minoria cujos direitos devem ser
sempre respeitado no quadro do Estado do democrático e de direito.

Capitulo III – Os principios da Doutina Social da Igreja

3.1. O principio do bem comum

A pessoa comporta, por si mesma, e por tudo que ela é, um certo de universo de
direitos fundamentais, assim também a sociedade – igualdade dotada de existência
natural e necessária – vê esta existência expressa no bem comum da sociedade. Se
a sociedade está intrinsecamente relacionada com a pessoa, assim, o bem comum
está na mesma relação com os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum é a
garantia dos direitos fundamentais.

A Doutrina Social da Igreja sempre destacou o bem comum, como garantia e


condição pra a realização dos direitos fundamentais das pessoas. Assim como
estes são o ponto de partida da ordem ética, originada numa antropologia
24
personalística, do mesmo modo, o bem comum é a expressão concretizada na
ordem ética. A ordem moral, segundo Pio XII, “exige que o bem comum, enquanto
condição de vida digna, pacificamente garantida para todas as classes do povo, se
mantenha como norma constante”.

Não é suficiente, referir-se a esta força, com a qual o bem comum se impõe. É
fundamental conhecer a própria significação. A noção de uma garantia, natural e
necessária, dos direitos fundamentais da pessoa, desenvolve-se, assim, através de
um autêntico valor ético. O bem comum tem uma verdadeira dignidade moral.

Este bem comum não consiste apenas nas vantagens materiais enquanto tais,
mesmo quando repartidas ou harmonizadas, mas consiste também na mesma
harmonia, na paz social, no equilíbrio das relações sociais, na estabilidade e na
segurança de todos os elementos, muitas vezes espirituais que contribuem esta
tranquilidade e para esta ordem. O bem comum é o bem do «todo»; usando um
vocabulário psicológico, portanto dir-se-ia que o bem comum consiste na
«satisfação» social.

3.2. O principio do destino universal dos bens

Este princípio é a consequência do princípio do bem comum, Deus destinou a terra,


contudo que ela contém para o uso todos os homens e todos os povos, de tal modo
que os bens criados devem bastar a todos, com equidade, segundo a regra da
justiça, inseparável da justiça, inseparável da caridade. A base deste princípio está
no livro de Géneses (1,28-29). Deus deu a terra a todo género humano, para que ela
sustente todos os seus membros sem excluir nem privilegiar ninguém. Está aqui a
raiz do universal dos bens da terra.

O princípio do destino universal dos bens da terra está na base do direito universal
ao uso dos bens. Todo homem deve ter a possibilidade de usufruir do bem-estar
necessário para o seu pleno desenvolvimento: o princípio do uso comum dos bens é
o primeiro princípio de ordem ético-social e típico da doutrina cristã. Trata-se, antes
de tudo, de um direito natural, inscrito na natureza do homem e não somente de um
direito positivo, ligado a contingência histórica, ademais tal direito é original. É um
direito inerente à pessoa e é prioritário em relação a qualquer intervenção humana
sobre os bens, tanto na ordem jurídica e económica.

25
Este principio convida a cultivar uma visão económica inspirada em valores morais
que permitam nunca perder de vista nem a origem, nem a faculdade de tais bens, de
modo a realizar um mundo equitativo e solidário em que a formação da riqueza
possa assumir uma função positiva.

A destinação universal dos bens comporta, portanto, um esforço comum que mira
obter para toda a pessoa e para todos os povos as condições necessárias ao
desenvolvimento integral, de modo que todos possam contribuir para a promoção de
um mundo mais humano, onde cada um possa dar e receber, e onde o progresso de
uns não seja mais um obstáculo ao desenvolvimento dos outros nem um pretexto
para a sua sujeição.

3.1.1. Destino universal dos bens e propriedade privada

Mediante o trabalho, o homem, usando a sua inteligência, consegue dominar


a terra e torná-la sua digna morada: “deste modo, ele apropria-se, de uma parte da
terra, adquirida com o trabalho. Está aqui a origem da propriedade individual. A
propriedade privada é elemento essencial de uma política económica
autenticamente social e democrática e é garantida de uma recta ordem social. Os
bens criados sejam acessíveis para todos.

A tradição cristã nunca reconheceu o direito à propriedade privada como


absoluto e intocável: Pelo contrário, sempre o entendeu no contexto mais vasto do
direito comum de todos a utilizarem os bens da criação inteira: o direito à
propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, subordinado à
destinação universal dos bens.

O ensinamento social da Igreja exorta a reconhecer a função social de


qualquer forma de posse privada, com a clara referência às exigências
imprescindível do bem comum. O homem que possui legitimamente as coisas
materiais não as deve ter só como próprias dele, mas também aos outros. A
destinação universal dos bens comporta vínculos ao seu uso por parte dos legítimos
proprietários.

Actualmente à disposição da sociedade bens novos, de todos desconhecido,


que impõe uma releitura do destino universal dos bens a fim de estendê-lo para a
26
área do progresso económico e tecnológico. Pois, a riqueza dos países
industrializados funda-se muitos mais sobre este tipo de propriedade e não nos
recursos naturais. Por isso, os novos conhecimentos técnicos e científicos devem
ser postos ao serviço das necessidades primário do homem, para que se possa
acrescer gradualmente o patrimônio comum da humanidade.

3.2. Principio de Subsidiariedade

A subsidiariedade está presente desde a primeira enciclica social, é


impossivel promover a dignidade da pessoa sem que se cuide da família, dos
grupos, das associações, das realidades territoriais locais em outras palavras,
daquelas expressões agregativas de tipo economico, social, cultural, desportivo as
quais as pessoas dão vida espontanea e tornam efectivo o crescimento um efectivo
crescimento social. A sociedade civil é entendida como o conjunto de relações entre
individuos e entre sociedades intermédias, que se realizam de forma originária e
graças à “subjectividade criadora”. Constitui a base de uma verdadeira comunidade
de pessoas.

Portanto, o principio da subsidiariedade é indicado como principio


importantíssimo da filosofia social. O fim natural da sociedade e da sua acção é
coadjuvar os seus membros e não destuí-los nem absolvê-los.

Com este princípio, todas as sociedades de ordem superior devem pôr-se em


atitude de ajuda “subsidium” – de apoio, promoção e incremento em relação a
menores.

À subsidiariedade entendida em sentido positivo, como ajuda econômica,


institucional legislativa oferecida às entidades sociais menores, correspondentes
uma série de implicações em negativo, que impõem ao Estado abster-se de tudo o
que, de facto, venha a restringir o espaço vital das células menores e essenciais da
sociedade.

O principio da subsidariedade protege as pessoas dos abusos das instâncias


sociais superiores e solicita estas ajudarem os individuos e os corpos intermédios a

27
desempenhar as próprias funções. Este principio impõe-se porque cada pessoa,
familia e corpo intermédio tem algo de originário para oferecer a comunidade.

Este principio a sua actuação correspondem: o respeito e a promoção efectiva


do primado da pessoa e da familia; a valorização das associações e das
organizações intermédias, nas próprias opções fundamentais e em todas as que
pode ser delegadas ou assumidas por outros; o incetivo oferecido à iniciativa
privada, de tal modo que cada organismo social, com as próprias peculiaridades,
permaneça ao serviço do bem comum; a savaguarda dos direitos humanos e da
minoria, a descentralização burocratica e administrativa; o equilibrio da esfera
publica e privada, uma adequada particiapação do cidadão por ser parte da
realidade politica e social do país.

A doutrina da rerum novarum, sobre a intervenção do estado, que tem não só


o direito e o dever.

3.3. Participação

A participação é a consequência do principio da subsidiariedade, por


intermédio da representação o cidadão participa directamente ou por meio de
representante, contribui para a vida cultural, econômica, social a que pertence. A
participação é um dever a ser conscientemente exercitado por todos, de modo
responsável e em vista do bem comum.

3.3.1. Participação e Democracia

A participação na vida comunitária não é somente uma das maiores


aspirações do cidadão, chamado a exercer livre e responsavelmente o próprio papel
cívico com e pelos outros, mas também uma das pilastras de todos os
ordenamentos democráticos, além de ser uma das maiores garantias de
permanencia da democracia.

A democracia salva-se só com a participação efectiva do povo com acção do


governo. O povo não governa directamente, mas mediante represenrantes: só em
alguns casos o povo decide directamente o referendum.
28
O povo governa por intermédio do voto: se o voto elege os representantes, os
quais, depois, por sua vez, governam, temos o voto indirecto ou electivo; se o voto
decide imediatamente sobre uma questão, por exemplo, a forma de governo:
monarquia ou república “ temos o voto directo ou deliberativo”.

O voto é, por isso, um elemento essencial da democracia e aqueles que têm


direito de voto formam o corpo eleitoral.

O governo democrático, com efeito, é definido a partir da atribuição por parte


do povo de poderes e funções, é evidente, portanto que toda a democracia deve ser
participativa.

Capitulo IV - Os Valores Fundamentais da Vida Social

Para além dos princípios que devem prescindir à edificação de uma


sociedade digna do homem, indica também os valores fundamentais. A relação entre
princípios e valores é indubitavelmente de reciprocidade, na medida em que os
valores expressam o preço que se deve atribuir àqueles aspectos do bem moral que
os princípios se propõe um condução ordenada da vida social. Os valores requem,
potanto querem a prática dos principios da vida social que o exercicio pessoal das
virtudes.

Todos os valores sao essenciais para a dignidade da pessoa humana, eles


favorecem o autentico desenvolvimento: a verdade, a liberdade, a justiça, o amor. A
sua pratica constituem a via segura e necessaria para alcançar um aperfeiçoamento
pessoal e uma convencia social mais humana.

2.7. A verdade

Para a filosofia, a vedade nasce da decisão e da deliberação de encontrá-la,


da consciência da ignorância, do espanto, da admiração e do desejo de saber.
Nessa busca, a filosofia é herdeira de três grandes concepções da verdade: a do
ver-perceber, a do falar-dizer e o do crer-confiar.

29
As concepções da verdade

Nossa ideia de verdade foi construída ao longo dos séculos com base em três
concepções diferentes, vindas da língua grega, latina e da hebraica.

Em grego, a verdade se diz alétheia, palavra composta do prefixo a (que em


grego indica negação) e de léthe (que significa “esquecimento”). Alétheia significa o
não “esquecido” a verdade é aquilo que é lembrado ou não esquecido. Aquilo que
não está escondido ou não esquecido. Como não escondido, não dissumula, não
esquecido a verdade é o que vemos numa contemplação, o que se manifesta ou se
mostra para os olhos do corpo e do espírito.

Assim, a verdade é uma automanifestação da realidade ou a manifestação


dos seres à visão intelectual dos humanos. Ela é uma qualidade das próprias coisas
e o verdadeiro está nas própria coisas, quando o que se manifestam é sua realidade
própria. Por isso na concepção grega o verdadeiro (o que algo realmente é) e o falso
(pseudos) é o parecer (o que algo aparenta ser e não é).

Em latim verdade se diz veritas e se refere à precisão, ao rigor da precisão


de um relato no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que realmente
aconteceu. O verdadeiro se refere, portanto, a linguagem como narrativa de factos
acontecidos, refere-se a enunciados que dizem fielmente as coisas tais como foram
ou aconteceram. Um relato é veraz ou dotado de veradicidade quando a linguagem
enuncia os factos reais.

A verdade depende, de um lado, da veracidade, da memória e da ecuidade


mental de quem fala e, de outro, de que o enunciado corresponda aos factos
acontecidos. A verdade não se refere às próprias coisas e aos próprios factos (como
acontece na alétheia), mas ao relato e ao enunciado, à linguagem. Seu oposto,
portanto não é aparência (como na concepção grega), e sim a mentira ou a
falsificação. As coisas e os factos ou são reiais ou imaginárias; os relatos e
enunciados sobre eles é que são verdadeiros ou falsos.

Em hebraico, diz-se emunah e significa “confiança”. Agora são as pessoas e


Deus quem são verdadeiros. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são
aqueles quem cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada ou a um pacto
feito; enfim, não traem a confiança.

30
A verdade se relaciona com a presença de alguém (Deus ou o humano) e com a
espera de que aquilo que foi prometido ou pactuado vai cumprir-se ou acontecer.
Emunah é uma palavra da mesma origem que “amém” e significa “assim seja”. A
verdade é uma crença fundada na esperança e na confiança em uma promessa
estando referido ao futuro, que será ou virá. A sua forma mais elevada é a revelação
divina e sua expressão mais perfeita é a profecia.

A nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes e por isso se refere
à percepção reais (como na alétheia), à linguagem que relata factos passados (como
na veritas) e à expectativa de coisas futuras (como no emnah). Ou seja, nossa
concepção da verdade abrange o que é (a realidade), o que foi (os acontecimentos
passados) e o que será (acontecimentos futuros). Refere-se, portanto, à própria
realidade (como na alétheia), à linguagem (como na veritas) e à confiança-
esperança (como na emunah).

A visão cristã sobre a verdade sustenta que Os homens estão obrigados de


modo particular a tender continuamente à verdade, a respeitá-lo, e a testemunhá-lo
responsavelmente. Viver na verdade tem um significado especial nas relações
sociais: a convivencia entre os seres humanos em uma comunidade efectivamente
ordenada, fecunda e condizente com a sua dignidade de pessoas quando se funda
na verdade.

Nos nossos dias exige-se uma educaçao na verdade. Este é um empenho


para todos para que a investigaçao da verdade nao redutivel ao conjunto de
opiniões. Seja promovida em todos âmbitos, e preveleça sobre toda tentativa de
relativizar-lhe.

O papa emerito Bento XVI na enciclica, Caridade na Verdade, a verdade é


«logos» que cria «dia-logos» e, consequentemente, comunicação e comunhão. A
verdade, fazendo sair os seres humanos das opiniões e sensações subjectivas,
permite-lhes permite ultrapassar determinações culturais e históricas para se
encotrarem na avaliação valor e da susbtância das coisas.

31
2.8. A liberdade

Na história das ideias ocidentais exite três grandes concepções filosóficas da


liberdade. As teorias éticas procuraram sempre enfrentar o duplo problema da
necessidade e da contigência, definindo o campo da liberdade possível.

2.8.1. As concepções de Aristóteles e de Sartre

A primeira teoria filosofica acerca da liberdade é de Aristoteles encontramo-la


na obra a Ética a Nicômaco permanece através dos séculos chegando até o século
XX, quando foi retomada por Sartre. Nessa concepção, a liberdade se opõe ao que
é condicionado externamente (necessidade) e ao que acontece sem escolha
deliberada (contingência).

Diz Aristóteles que é livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir
ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua acção ou da decisão de não
agir. A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para
determinar a si mesma, ou seja, para autodeterminar-se. É pensada também como
ausência de constrangimento externo e interno, isto é, aquele que é causa interna
de sua acção ou da decisão de não agir. A liberdade é concebida como o poder
pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesmo, ou seja, a
autodeterminar-se. É pensada, também, como ausência de constrangimento
externos e internos, isto é, como uma capacidade que não encontra obstáculos para
se realizar nem é forçada por coisa alguma para agir.

Além de distinguir entre o necessário e o contigente, Aristoteles distingue


entre o necessário e o contingente e o possível: na concepção aristotélica, a
liberdade é o princípio para escolher entre alternativas possíveis, realizando-se
como decisão e acto voluntário. Contrariamente ao necessário ou à necessidade e a
contingência, sob as quais o agente sofre acção de uma externa que o obriga a agir
de uma determinada maneira, no acto voluntário livre o agente é a causa si. Poder-
se-ia dizer que a vontade livre é determinada pela razão ou pela inteligência e,
nesse caso, seria preciso que não é a causa de si incondicionada, mas que é
cuasada pelo raciocínio ou pelo pensamento.

Os filosofos posteriores a Aristoteles, a inteligência inclina a vontade para


uma certa direcção, mas nem a obriga nem a constrange, podemos agir na direcção

32
contrária a indicada pela inteligência ou razão. É por ser e incondicionada que
vontade pode seguir ou não o conselho da consciência. A liberdade será ética
quando o exercício da vontade estiver em harmonia com a direcção apontada pela
razão.

Em sua obra O ser e o nada, o filósofo frânces Jean-Paul Sartre levou essa
concepção ao ponto limite. Para ele, a liberdade é a escolha incondicional que o
próprio homem faz de seu ser e do seu mundo. Quando julgamos estar sob o poder
da força externas mais poderosas do nossa vontade, esse julgamento é uma
decisão livre, pois outros homens nas mesmas circunstâncias, poderia decidir não se
sentir cansada e agir. Dali afirmação paradoxal “estamos condenados à liberdade”.
Para os humanos a liberdade é como a necessidade e a fatalidade, ou seja, não
podemos escapar dela. É essa ideia que se encontra no poema de Vicente de
Carvalho, quando nos diz que a felicidade “está sempre apenas onde a pomos” e
“nunca a pomos onde nós estamos”. Somos agentes livres tanto para ter como para
perder a felicidade.

2.8.2. Concepção ética que une necessidade e liberdade

A segunda concepção da liberdade foi, inicialmente, desenvolvida por uma


escola de filosofia do período helenístico, o estoicismo. Essa concepção modificada
em vários aspectos, ressurge no século XVII com Espinosa e, no século XIX, com
Hegel. Nela é conservada a ideia aristotélica de que a liberdade é autodeterminação,
assim como é conservada a ideia de que é livre aquele que age sem ser forçado
nem constrangido por nada nem por ninguém é, portanto, age impulsionado
espontaneamente por uma força interna própria. No entanto, diferentemente de
Aristóteles e de Sartre, esses filósofos não situam a liberdade no acto da escolha
realizado pela vontade individual separada da necessidade e oposta a ela, mas a
colocam na actividade de cada um enquanto parte de um todo necessário, o qual
age livremente porque age necessariamente.

O que é, então, a liberdade humana enquanto o homem é uma parte


constituida pelo todo e que age no interior do todo?

São duas as respostas a esta questão:

33
- A primeiro (é dada pelos estoicos e por Hegel) afirma que o todo é racional e que
suas partes também o são, sendo livres quando agirem em conformidade com as
leis do todo, para o bem da totalidade;

- a segunda (dada por Espinosa) afirma que as partes são da mesma essência que o
todo e, portanto, são racionais e livres como ele, dotadas de força interior para agir
por si mesmas, de sorte que a liberdade é tomar parte activa na actividade do todo.
Tomar parte activa significa, por um lado, conhecer as condições estabelecidas pelo
todo, conhecer suas e o modo como determinam nossas acções. Não somos livres
para escolher tudo, mas o somos para fazer tudo quanto esteja de acordo com
nosso ser e com nossa capacidade de agir, graças ao conhecimento que possuímos
de nós mesmos e das circunstâncias em que vamos agir.

Para os estoicos, ser livre é agir conforme a natureza (seguindo suas leis
necessárias) e conforme a natureza do agente (seguindo uma vontade pessoal
poderosa dirigida pela razão).

Para Espinosa, o homem livre é aquele que age como causa interna,
completa e total de sua acção. Esta não provém de uma escolha voluntária e sim do
desenvolvimento espontâneo da essência ou natureza racional do agente. O
individuo livre age por necessidade de sua própria essência. Somos, livre diz
Espinosa, quando somos uma potência interna para pluralidade simultânea de
afecto, ideias e acções que decorrem do nosso próprio ser e dos quais somos a
única causa. Nesta ordem de ideias, Espinosa não aceita a ideia Estoica da
liberdade como poderio ou império da vontade sobre as paixões. Diz ele que não
somos livres porque nossa vontade domina nossas paixões, mas é porque somos
livres que nossa razãoé um afecto alegre mais forte do que os afectos nascidos das
paixões.

Para Hegel, o homem livre é uma figura que aparece na história e na cultura
sob duas formas principais. Na primeira, a liberdade humana coincide com o
surgimento da cultura, ou seja, é livre o homem que não se deixa dominar pela força
da natureza e que a vence, dobrando-a à sua vontade por meio do trabalho, da
linguagem e as artes. A liberdade embora refere-se ao individuo é mais uma atitude
do homem universal.

34
Em outra forma, o homem livre como individuo livre faz sua aparição na
história em dois momentos sucessivos nos quais o segundo momento depende do
primeiro. O primeiro momento é o surgimento do homem cristão ou o surgimento da
interioridade cristã, que descobre a consciência de si; o segundo momento,
decorrente do desenvolvimento interno do cristianismo, é o do surgimento da
individualidade racional moderna ou do individuo como consciência de si reflexiva.

2.8.3. A liberdade como possibilidade objectiva

Essa terceira concepção da liberdade, que encontramos em pessadores


marxistas (como Geoge Lukacs e Lucien Goldman) e de pensadores vindo da
fenomenologia e do existencialismo (como Merleau-Ponty) introduz a noção de
possibilidade objectiva.

O possível não é provável. Este é o possível algo que podemos calcular e


antever, porque é uma probabilidade contida nos factos e nos dados que
analisamos. O possível, porém, é aquilo criado pela nossa própria acção. É o que
vem à existência graças ao nosso agir. No entanto, não surge como «árvore
milagrosa» e sim como aquilo que as circunstâncias para nossa acção.

A liberdade é a consciência das circunstâncias existentes e das acções que,


suscitadas por tais circunstâncias, nos permitem ultrapassá-las, dando-lhes outro
rumo e um novo sentido, que não teriam sem a nossa acção.

Para o cristianismo, a liberdade é no homem sinal altissimo imagem divina e,


consequentemente, sinal sublime da dignidade da pessoa humana. A liberdade se
exerce na relaçao entre os seres humanos. Atoda pessoa, criada à imagem
semelhança de Deus, tem o direito natural de ser reconhecida como ser livre e
responsavel. Todos devem a cada um esta obrigação de respeito. O direito ao
exercício da liberdade é uma exigência inseparavel da dignidade da pessoa
humana.

O valor da liberdade, enquanto expressão da singularidade de cada pessoa


humana, é respeitado e honrado na medida em que se consente a cada membro da
sociedade a realizar a propria vocaçao pessoal; buscar a verdade e professar as
proprias ideias religiosas, culturais e politicas; decidir o proprio estado de vida.
35
A liberdade deve desdobrar-se, como capacidade de recusa de tudo o que
moralmente é negativo. A plenitude da liberdade consiste na capacidade de dispor
de si em vista do autentco bem, no horizonte do bem comum universal.

2.9. A justiça

A justiça em S. Tomás de Aquino

S. Tomás, começa por observar que à justiça e ao direito pertence regular as


relações com outrem. A justiça realiza-se desde que a norma de igualdade ou
proporcionalidade seja efectivamente respeitada em relação a outrem. Assim determinado o
objecto da justiça, diz S. Tomás. que a virtude de justiça é uma constante e perpetua
vontade de atribuir a cada um aquilo que lhe é devido.

Por isso, que tem objecto próprio, distinto do das outras virtudes, a justiça é uma
virtude especial. A justiça é uma virtude geral, que subordina a si, não só as outras virtudes,
mas também os seus actos.

Nesta virtude especial, que é a justiça, convém distinguir dois aspectos, que
correspondem a aspectos distintos da relação de outrem. Esse outrem pode ser
considerado na sua individualidade. Mas também pode, e deve ser considerado
socialmente. Existem relações entre os homens considerado um por um: a justiça destas
relações chama-se justiça particular. Todavia, em virtude do segundo aspecto, é evidente
que as relações dos homens entre si são determinadas pelas relações de uns de outros,
para com o todo social. «O bem da parte deve ser subordinado ao bem do todo». Deste
modo, mesmo a justiça particular está subordinada à justiça, «enquanto ela ordena o
homem para o bem comum». Neste caso, designa-se a justiça como geral.

A expressão justiça geral designa a subordinação da virtude da justiça particular, que


impõe actos determinados nas relações com outrem, individualmente considerado, em
relação ao bem comum a que a justiça ordena. Do que agora se trata é de distinguir não os
objectos de virtudes diversas, mas sim os diversos aspectos da mesma virtude e do mesmo
objecto. Estes diversos aspectos – justiça particular e justiça geral – são indissoluvelmente
associados, porque as relações com outrem, individualmente consideradas, são
inseparáveis das diversas relações interindividual que a constituem. Os dois aspectos, que

36
assim nos aparecem distintos entre si, estão, contudo, subordinados um ao outro, como as
partes estão subordinadas ao todo, na sociedade.

Dadas as relações existentes entre o todo e as partes, segundo o sistema tomista, a


ordenação ao bem comum actualiza-se nas relações particulares dos homens com a
outrem, individualmente considerado. A justiça geral regula a relação com o bem comum. A
justiça geral concretiza-se num feixe de relações particulares, a propósito das quais é lícito
falar de justiça particular. É da rectidão de todas estas relações que, em certo sentido,
resulta a rectidão do conjunto, ou seja, a conformidade com o bem comum, que está
subordinado à justiça geral. Justiça geral ou legal não se bastam a si mesmas de modo
absoluto, e, na prática, só mediatamente regulam as relações entre pessoas individuais, por
intermédio do bem comum.

S. Tomás, também propôs que a justiça geral também se possa chamar «justiça
legal», uma vez que a lei – não só a lei positiva e humana, mas principalmente a lei divina e
a lei natural – tem precisamente a função de ordenar os actos de todas as virtudes para o
bem comum.

A Justiça na D.S.I

A justiça é um valor, que acompanha o exercicio da correspondente virtude


moral cardeal. Segundo a formulaçao mais classica, ela “consiste na vontade
constante e firme de dar a Deus e ao proximo o que lhe é devido”. Do ponto vista
subjectivo, a justiça se traduz na atitude determinada pela vontade de reconhecer o
outro como pessoa, ao passo que do ponto de vista, objectivo, ela constitui o criterio
determinante da moralidade no ambito inter-subjectivo e social.

O Magisterio social evoca a respeito das formas classicas de justiça: a


comutativa, a distributiva, a legal. Um relevo que o Magisterio dá é da justiça social.
Que represenra um grande relevo do proprio desenvolvimento justiça geral.
Reguladora das relaçoes sociais com base na observancia da lei. A justiça social,
exigencia conexa com a questao social, que hoje se manifesta em uma dimensao
mundial, diz respeito a dimensao social estrutural dos problemas e das respectivas
soluçoes.

Nos nossos dias, em que o valor da dignidade da pessoa e os seus direitos


sao ameaçados pelo criterio da utilidade e do ter. A justiça não é uma invenção
37
humana porque o é "justo” não é originariamente determinado pela lei, pela
identidade profunda do ser humano.

Deve-se abrir na justiça o horizonte da solidariedade e do amor, ela por si não se


basta. Ao valor da justiça a D.S.I aproxima o solidariedade enquanto via privilegiada
da paz. “hoje se poderia dizer com a mesma justeza e com a inspiração da bíblia
(Is.32,17; Tg. 3,18), Opus solidarietatis pax: a paz é fruto da solidariedade.

2.10. A Via da Caridade

De Sócrates em diante, os filósofos gregos sempre disseram que o homem


bom é aquele que sabe e conhece, e que o bem e a virtude são a ciência. Já S.
Agostinho diz , ao contrário o homem bom é aquele que ama: aquele que ama aquilo
que deve amar.

Quando o amor do homem volta-se para Deus (amando os homens e as


coisas em função de Deus), é charitas; quando, porém, volta-se para si mesmo,
para o mundo e para as coisas do mundo, é cupiditas. Amar a si mesmo e aos
homens não segundo o juízo dos homens, mas segundo o juízo de Deus, significa
amar o modo justo. Agostinho apresenta também um critério para o amor, com
distinção entre o uti e frui. Os bens finitos devem ser usados como meios e não ser

transformados em objecto de fruição e deleite, como se fossem fins. A virtus é a ordo


amoris, ou seja, o amor a sim mesmo, os outros e as coisas segundo a dignidade
ontológica.

Os valores da verdade, da justiça, do amor e da liberdade nascem e se


desenvolvem do manancial interior da caridade. Na enciclica carita in veritate, o
Papa diz, somente através da caridade, iluminada pela luz da razão e da fé, é
possível alcançar o objectivo do desenvolvimento dotados de uma valência mais
humana e humanizadora. A partilha dos bens e recursos, da qual deriva o autêntico
desenvolvimento, não é assegurada pelo simples progresso técnico e por meras
relações de conveniência, mas pelo potencial de amor que vence o mal com o bem
(cf.Rm 12,21).

38
A caridade na verdade é um principio à volta da qual gira a doutrina social da
igreja, é um principio orientador da acção moral. O faz-nos lembrar dois
compromissos em do desenvolvimento numa sociedade em vias de globalização: a
justiça e o bem comum.

Em primeiro lugar, a justiça. Ubi societas, ibi ius: cada sociedade elabora
sistema próprio de justiça. A caridade supera a justiça, porque amar é dar, oferecer
ao outro que é “meu”; mas nunca existe sem a justiça, que induz dar ao outro o que
é “dele”, o que lhe pertence razão do seu ser e do seu agir. Não posso dar ao outro
do que é meu, sem antes lhe ter dado aquilo que lhe compete por justiça. Quem
ama os outros com caridade é, antes de mais nada, justo para com eles. A justiça é
o primeiro caminho da caridade, ou como dizia Paulo VI “a medida mínima”. A
caridade exige a justiça: o reconhecimento e o respeito dos legítimos direitos dos
individuos e dos povos. Aqueles empenha-se na construção da «cidade do homem»,
segundo o direito e a justiça. Por outro lado, a caridade supera a justiça e completa-
a com a lógica do dom e do perdão. A cidade do homem não se move apenas por
relações feita de direitos e deveres, mas antes e sobretudo por relações de
gratuidade, misercórdia e comunhão. A caridade manifesta-se, mesmo nas relações
humanas, o amor de Deus; dá valor teologal e salvífico a todo empenho da justiça
no mundo.

Outro compromisso das sociedades em via de globalização é o bem comum.


Amar alguém é querer o seu bem e trabalhar eficazmente pelo mesmo. Ao lado do
bem individual, existe um bem ligado à vida social das pessoas: o bem comum. É o
bem daquele «nós-todos», formado por individuos, familias e grupo intermédios que
se unem em comunidade social e que, só nela, podem realmente e com maior
eficácia obter o próprio bem. Querer o bem comum e trabalhar por ele é exigência de
justiça e de caridade.

2.11. Principio da Solidáriedade

As novas relaçõoes de interdepencia entre os homens e povos, estão em


formas de solidariedade, devem transfoemar-se em relações tendentes a uma

39
verdadeira e própeia solidariedade ético-social, que é a exigência moral inerente a
todas as relações humanas. Por conseguinte, a solidariedade apresenta-se em dois
aspectos complementares: o de principio social e o de virtude moral.

A solidariedade deve ser tomada, no seu valor de principio social ordenador


das instituições, com base no qual as “estruturas de pecado”, que dominam as
relações entre as pessoas e os povos, devem ser superadas e transformadas em
estrutura de solidariedade, mediante a criação, ou a oportuna modificação de leis,
regras do mercado, ordenamentos.

A solidariedade é também uma verdadeira e própria virtude moral, não um


sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males
sofridos por tantas pessoas próximas ou distantes. Pelo contrario, é a determinação
firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos
e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsável por todos nós
somos verdadeiramente responsáveis por todos. A solidariedade eleva-nos ao grau
de virtude social fundamental, pois se coloca na dimensão da justiça, virtude
orientada por excelência para o bem comum.

.2.11.1. Solidariedade e crescimento

A mensagem da doutrina social acerca da solidariedade realça o vinculo entre


a solidariedade e o bem comum, solidariedade e destino universal dos bens,
solidariedade e igualdade entre os homens e os povos, solidariedade e paz no
mundo. O termo “solidariedade”, é a exigência de reconhecer, no conjunto dos
liames que unem os homens e os grupos sociais entre si, o espaço oferecido à
liberdade humana para prover ao crescimento comum, partilhado por todos.

O principio da solidariedade implica que os homens do nosso tempo cultivem


uma maior consciência do débito que têm para com a sociedade em que estão
inseridos.

A
40
Bibliografia
41
1. Documentos doutrinais

CONCILIO VATICANO II, (1965), Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo

contemporâneo - Gaudium et Spes

LEÃO XIII, (1891), Encíclica Rerum Novarum

PIO XI, (1931), Encíclica Quadragesimo Anno

JOÃO XXIII, (1961), Encíclica Mater et Magistra

JOÃO XXIII, (1963), Encíclica Pacem in Terris

PAULO VI, (1967), Encíclica Populorum Progressio

PAULO VI, (1971), Carta Octagesima Adveniens

SÍNODO DOS BISPOS, (1971) A Justiça no Mundo , Roma

JOÃO PAULO II, (1981), Encíclica Laborem Exercens

42
JOÃO PAULO II, (1987), Encíclica Solicitude Social da Igreja

JOÃO PAULO II, (1989), Encíclica Centesimus Annus

BENTO XVI , (2009) , Encíclica Caridade na Verdade

COMISSÃO PONTIFICIA JUSTIÇA E PAZ (2004) – Compêndio da Doutrina Social


da

Igreja

2. Estudos

AMNISTIA, Internacional, ( 2006), Guia da Carta Africana dos Direitos do Homem


e dos

Povos

AMNISTIA, Internacional, ( 2006), Guia da Comissão Africana dos Direitos do


Homem e

Dos Povos

AURENCHE, Guy (1980) , A atualidade dos Direitos Humanos, S. Paulo, Edições


Loyola,

1984
43
BOBBIO, Norberto (1990), A Era dos Direitos, Editora Campus, 1992

CORREIA, António D., (1993), O Direito à Objecção de Consciência, Lisboa, Editora

Vega

COR UNUM, Conselho Pontifício (1996) – A fome no mundo. Um desafio para todos.

O desenvolvimento solidário

DAHL, Tove S. , ( 1987) O Direito das Mulheres – Uma introdução à Teoria do


Direito

Feminista, Lisboa, Edição da Fundação C. Gulbekian


(1993)

FONTES, Paulo (1994) , A Doutrina Social da Igreja numa Perspectiva Histórica


,Centro

de Estudos Sócio-Pastorais ,Lisboa, Universidade Católica

Portuguesa

FILIBECK, G.( 2000), Direitos do Homem desde João XXIII a João Paulo II, S. João
do

Estoril

HAARSCHER, Guy, (1993) , A Filosofia dos Direitos do Homem, Piaget, 1997

44
LAFER, Celso (1988) , A Reconstrução dos Direitos Humanos, São Paulo ,
Companhia

das Letras, 1991

MARTINO, Renato R., ( 2005) Paz e Guerra, Principia, 2006

MOSAIKO, Centro Cultural,(2004) , O Cidadão e a Política, II Semana Social


Nacional,

Luanda

MOSAIKO, Centro Cultural ,(2003) O Cidadão e a Política, Luanda

MOSAIKO, Centro Cultural ,(2005) Okalivulu ko Pulitika (Umbundo) ; Luanda

Mukwa-Cifuci Nyi Malinjekela (Cokwe), Luanda

Omunthu No Pulitika (Nyaneka) , Luanda

Mungutuki ye Luyalu ( Kikongo), Luanda

Mukwa Tyuti Na Pulitika ( Ngangela), Luanda

Omudalelwamo No Politika ( Osikwanyama),

Luanda

Mukwa . ‘Xi Ni Wanji ( Kimbundu) , Luanda

MOSAIKO, Centro Cultural , (2007) Caminhos de Paz – Dia Mundial da Paz 40 anos
de

45
Mensagens (1968-2007). Luanda

MOSAIKO, Centro Cultural ,(2000) Educação para a Paz, I Semana Social Nacional

MOSAIKO, Centro Cultural (2007), Justiça Social, III Semana Social Nacional,
Luanda

MOSAIKO, Centro Cultural, (1999) , Direitos Humanos – Guia de apoio a cursos de

formação Luanda, 2004, 2ª edição

OLIVEIRA, Manfredo et alia, (1994), Neoliberalismo e o Pensamento Cristão,


Petropólis

RAYO, José T. (2004) Educação aos Direitos Humanos –Rumo a uma Perspectiva

Global Porto Alegre, Artmed

STILWELL, Peter (Coord. ) (1989) – Caminhos da Justiça e da Paz . Doutrina Social


da

Igreja.

Documentos de 1891 a 1987. Lisboa, Rei dos


livros

SILVA, J. Dias da (2007) – Em nome de Jesus Cristo, Lisboa, Paulinas

46
ZAKARIA, Fareed, (2003), O Futuro da Liberdade – A democracia Iliberal nos
Estados

Unidos e no Mundo, Lisboa, Gradiva 2005

47

Você também pode gostar