Legislação Sobre A Gestão de Resíduos em Angola

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REPÚBLICA DE ANGOLA

MINISTÉRIO DO AMBIENTE

LEGISLAÇÃO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS EM ANGOLA

Por: Dr. Miranda Cândido Kiala


Consultor para Área Jurídica
da Ministra do Ambiente
LEGISLAÇÃO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS EM ANGOLA

 Introdução
 Legislação Angolana sobre os Resíduos
 Recomendações
 Conclusão
O quadro jurídico Angolano em matéria de gestão de
resíduos define de modo global e preciso a disciplina
jurídica aplicável ao sector dos resíduos no País, com os
princípios e normas internacionais, nos termos de
convenções internacionais a que Angola aderiu ou ratificou
de boa fé.
LEGISLAÇÃO DOS RESÍDUOS
A legislação nacional sobre os resíduos, é composta por
regimes jurídicos assentes, por um lado, no Princípio da
hierarquia das operações de gestão de resíduos,
nomeadamente a reutilização, reciclagem e outras formas de
valorização, na política de desenvolvimento sustentável, na
protecção e conservação do Ambiente, estabelecendo um
quadro legal que previne e combate os danos sérios e
irreversíveis ao ambiente e a saúde pública, e por outro lado,
para as necessidades de desenvolvimento da economia
circular em Angola.
As suas bases começam por ser estabelecidas na Lei
Magna(CRA), ao consagrar na alínea m), do artigo 21º.
que, constituem tarefas fundamentais do Estado
“Promover o desenvolvimento harmonioso e sustentado
em todo o território nacional, protegendo o ambiente, os
recursos naturais e o património histórico, cultural e
artístico nacional.
Do mesmo modo, no seu artigo 39.º, consagra como um
Direito Fundamental, o direito de todos viverem num
ambiente sadio e não poluído, bem como o dever de o
defender e preservar, e ao Estado impõe o dever de
adoptar as medidas necessárias à protecção do ambiente
e das espécies da flora e da fauna em todo o território
nacional.
Em 1998 foi aprovada em Angola a Lei n.º 5/98, de 19 de
Junho, Lei de bases do Ambiente, que por sua vez, no n.º
2 do artigo 19.º impõe ao Governo, o dever de fazer
publicar e cumprir a legislação de controlo da
produção, emissão, depósito, transporte, importação e
gestão de poluentes gasosos, líquidos e sólidos.
O Estado por sua vez atribui esta missão a Agência
Nacional de Resíduos que, sob tutela do Ministério do
Ambiente – MINAMB, executa a Política Nacional de
Gestão de Resíduos na base da hierarquia dos princípios
de gestão aplicáveis a prevenção da produção,
reutilização, reciclagem, valorização e eliminação dos
resíduos, com critérios de protecção ambiental,
assegurando assim a nível nacional a política sobre a
gestão de resíduos no âmbito da normação, regulação e
fiscalização, nos termos dispostos no Decreto
Presidencial n.º 181/14 de 28 de julho, que aprova o
seu Estatuto Orgânico
ATRIBUIÇÕES DA ANR

 Executar a política de gestão de resíduos, na base da


hierarquia dos princípios de gestão aplicáveis a prevenção
da produção, reutilização, reciclagem, valorização e
eliminação de resíduos, com critérios de protecção
ambiental, viabilidade económica, qualidade e eficiência
do serviço;

 Contribuir para elaboração dos Planos Nacionais


estratégicos por área específica de actividade geradora de
resíduos;
 Emitir parecer sobre a elaboração dos Planos Provinciais,
de forma a garantir a consistência e articulação com o
PESGRU;

 Analisar e emitir pareceres sobre os Planos de Gestão de


Resíduos de entidades, operadoras e empresas geradoras
de resíduos, associados aos fluxos de resíduos urbanos;

 Cooperar no controlo operacional e administrativo das


transferências de em todo território Nacional, emitindo
pareceres sobre a emissão das respectivas autorizações…
Decreto Presidencial n.º 196/12, de 30 de Agosto,
Plano Estratégico para a Gestão de Resíduos
Urbanos (PESGRU).

O PESGRU assenta sobre a necessidade do País definir


uma estratégia para a resolução da problemática da
gestão dos resíduos urbanos, tendo em vista reforçar a
responsabilização dos produtores na melhoria dos seus
resíduos, contribuindo para a minimização dos impactes
ambientais e para a melhoria da saúde pública e
subsidiariamente para a criação de oportunidades
económicas.
Para o efeito, o Plano Estratégico para a Gestão de
Resíduos Urbanos (PESGRU) definiu 7 Eixos
estratégicos que definem matérias passíveis de impactar
a eficácia e a eficiência da Gestão de Resíduos em
Angola, isto é, definem metas realistas e monitorizáveis,
iniciativas específicas a implementar, constituindo assim
toda base estratégica para a política de gestão de
resíduos em Angola.
PESGRU - EIXOS ESTRATÉGICOS
Eixos de Acções Principais/Pilares Programáticos

Recolha indiferenciada
(Alargamento e optimização da recolha
indiferenciada)
Formação e
Sensibilização

Recolha selectiva e
reciclagem Modelo
Institucional e
Fluxos específicos de Resíduos Organização do
(Lançamento da recolha selectiva e estruturação dos fluxos Sector
específicos)

Tratamento, deposição e Modelo de


valorização de resíduos Financiamento
(Implementação de modelos de tratamento, valorização e
deposição de RU)
MINAMB POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS
(Parceiros)

PROVÍNCIA
MUNICIPIO/DISTRITO

POPULAÇÃO CONCEPCIONÁRIA/
OPERADOR INFRAESTRURAS

- Educação Ambiental -Sistema de Esgotos, ETARS


-Urbanização
-Gestão das infraestruturas -Ponto de Tranferências,
Adequada, de Saneamento;
-Industrias de
-Separação de -Recolha indifereciada/
-Reciclagem
resíduos Selectiva
Reaproveitamento
Decreto Presidencial n.º 190/12 de 24 de Agosto, o
Regulamento sobre a Gestão de Resíduos

O Regulamento sobre a Gestão de Resíduos é um


importante instrumento jurídico norteador das actividades
desenvolvidas por todas as pessoas singulares ou
colectivas, públicas ou privadas susceptíveis de produzir
resíduos ou envolvidas na gestão de resíduos.
O Regulamento tem por objectivo estabelecer as regras
gerais relactivas a produção, depósito no solo e no subsolo,
ao lançamento para água ou para atmosfera, ao
tratamento, recolha, armazenamento e transportação de
quaisquer resíduos, excepto os de natureza radioactiva ou
sugeitos a regulamentação específica, de modo a prevenir
ou minimizar os seus impactes negactivos sobre a saúde
das pessoas e sobre o ambiente.
Decreto Presidencial n.º 190/12 de 24 de Agosto, o
Regulamento sobre a Gestão de Resíduos

O diploma define os “Resíduos” como “substâncias ou


objectos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou
a obrigação legal de se desfazer, que contêm características
de risco por serem inflamáveis, explosivas, corrosivas,
tóxicas, infeciosas ou radioactivas ou apresentam qualquer
outra características que constitua perigo para a vida ou
saúde das pessoais e para o ambiente”, e classifica-os de
modo geral em Perigosos e não Perigosos.
O mesmo diploma também define a Lista Angolana de
Resíduos, fixa as característica ou a composição dos
resíduos perigosos, define os métodos de transporte de
resíduos perigosos e fixa as operações que podem conduzir
a recuperação, reciclagem, regeneração, reutilização directa
ou usos alternativos de lixo ou resíduos.
Nos termos da alínea k) do citado Regulamento, Gestão de
Resíduos são todos os procedimentos viáveis com vista a
assegurar uma gestão ambientalemente segura, sustentável e
racional dos resíduos, tendo em conta a necessidade da sua
redução, reciclagem e reutilização, incluíndo a separação,
recolha, transporte, armazenamento, tratamento e valorização
e eliminação de resíduos, bem como a posterior protecção dos
locais de eliminação, de forma a proteger a saúde humana e o
ambiente.
No mesmo diploma vem definido “OPERADORAS” como sendo
as entidades públicas ou privadas, que realizem qualquer das
operações de gestão de resíduos, sejam ou não produtoras dos
mesmos.
REGISTO E LICENCIAMENTO
O registo e licenciamento para o exercício de actividades de
Gestão de Resíduos, Tratamento de Águas e Àguas Residuais,
decorre dos imperativos legais constantes:

 Da alínea d) do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto Presidencial


n.º 190/12, de 24 de Agosto, que aprova o Regulamento
sobre a Gestão de Resíduos; conjugado com o
 Decreto Executivo n.º 24/15, de 29 de Janeiro, que aprova o
Regulamento do Processo de Registo e Licenciamento de
empresas que exercem actividades nas áreas de Gestão de
Resíduos, Tratamento de Águas e Águas Residuais;
 Despacho n.º 199/12 de 29 de Fevereiro, que fixa os
documentos exigidos para o Registo de Empresas que
exercem actividade na área dos resíduos, tratamento de
águas e águas residuais.

 Deste registo é emitida a competente Licença de operador de


gestão de resíduos sólidos urbanos, ou a Licença para
tratamento de águas e águas residuais, habilitando-o a
actuar nos sectores não petrolífero, petrolífero, mineiro e
hospitalar, consoante o caso concreto, com prazo de 5 anos,
constituíndo infracção passível de multa o exercício da
actividade sem a competente Licença.
OBRIGAÇÕES DAS OPERADORAS

 As obrigações das operadoras vêm descritas no artigo 9º do


regulamento sobre a gestão de resíduos:
 Minimizar a produção e a perigosidade de resíduos de
qualquer categoria;
 Garantir o tratamento dos resíduos antes da sua deposição;
 Assegurar a proteção de todos os trabalhadores que
manuseiam directamente os resíduos, contra acidentes e
doenças resultantes da sua exposição;
 Garantir que todos os resíduos a transportar comportem um
risco mínimo de contaminação, para os trabalhadores, o
público em geral e o ambiente;
 Garantir que todos os resíduos a transportar comportem um
risco mínimo de contaminação, para os trabalhadores, o
público em geral e o ambiente;
 Capacitar os seus trabalhadores em matéria de saúde,
segurança e higiene no trabalho;
 Garantir que a eliminação dos resíduos dentro e fora do local
de produção não tenha impacto negativo sobre o ambiente
ou sobre a saúde pública;
 Efectuar um registo minucioso com caráter anual das
proveniências, quantidades e de resíduos manuseados,
transbordos e tipos de resíduos manuseados.
A legislação nacional consagra ainda no artigo 7.º do DP n.º
190/12, de 24 de Agosto, a obrigatoriedade de todas as
entidades públicas ou privadas que produzem resíduos ou que
desenvolvem actividades relacionadas com a gestão de
resíduos, elaborarem um Plano de Gestão de Resíduos a ser
submetido a aprovação da Agência Nacional de Resíduos.
No entanto, os resíduos de construção e demolição, bem
como de resíduos hospitalares, a sua gestão deve também
obediência a uma legislação específica, nomeadamente:

 Decreto Executivo n.º 17/13 sobre a gestão de resíduos


de construção e demolição.
 Decreto Presidencial n.º 160/14, de 18 de Junho,
Aprova o Regulamento sobre a Gestão de Resíduos
Hospitalares e de Serviço de Saúde.
A LEGISLAÇÃO ANGOLA DOS RESÍDUOS

 Decreto Executivo n.º 234/13, de 18 de Julho: Aprova


as Normas Orientadoras para Elaboração dos Planos
Provinciais de Gestão de Resíduos Urbanos;
 Decreto Presidencial n.º 83/14, de 22 de Abril: que
aprova o Regulamento de Abastecimento de águas e
saneamento de águas residuais, vem regulamentar a Lei
n.º 6/02, de 21 de Junho, Lei de Àguas;
 Decreto Presidencial n.º 106/16, de 20 de Maio: que
aprova o Plano Provincial de Limpeza Urbana;
 Decreto Presidencial n.º 265/18, de 15 de Novembro:
Regulamento de Transferência de Resíduos Destinados
à Reutilização, Reciclagem e sua Valorização;
 Decreto Presidencial n.º 203/19 de 25 de Junho:
Aprova o Regime Jurídico dos Aterros;
 Decreto Executivo Conjunto n.º 527/21 de 15 de
Outubro dos Ministérios das Finanças e Cultura,
Turismo e Ambiente, que aprovada o Regime Jurídico
das Taxas e emolumentos a serem cobrados pelos
serviços prestados pela ANR.
Concluimos que o Executivo Angolano fez um grande
esforço na área da produção legislativa em matéria de
gestão de resíduos no País.
Recomendamos a aprovação pelo executivo Angolano da
legislaão sobre fluxos especificos dos resíduos e do Plano
Estratégico sobre resíduos Hospitalares e de Serviços de
Saúde.
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DO AMBIENTE

LEGISLAÇÃO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS EM ANGOLA

MUITA OBRIGADO PELA VOSSA ATENÇÃO

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