INTERAÇÃO
INTERAÇÃO
INTERAÇÃO
”:
interação verbal e
comunicação humana
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Índice
Classificados por muitos como signos naturais, uma vez que
nao são exatamente criados pela intervengao humana, os indices
indicam relagoes de causa e efeito que percebemos no mundo que
nos rodeia, como a nuvem carregada que indicia chuva.
Ícone
Os icones estabelecem uma relação de identidade entre a re-
presentação criada pelo homem e o elemento do mundo repre-
sentado, em uma relação direta. A placa que costuma aparecer
nas portas de banheiros masculinos refere-se, de forma imediata,
ao ser humano de gênero masculino que pode utilizar o banheiro.
Uma fotografia 3 x 4 é outro exemplo de icone, pois representa
diretamente o retratado.
Simbolo
Já o simbolo é um tipo de representagdo mais complexa,
contex-
uma vez que metonimicamente representa um conceito
definida.
tualmente situado, a partir de uma orientagéo cultural
é possivel
A balanga, por exemplo, é o simbolo da justiga, mas
constatar que a representagdo não consegue alcancar a totali-
ba. O simbolo
dade do que o conceito abstrato de justiga englo
aquela que se refere
representa apenas uma parte do conceito,
partes envolvidas em um
à necessidade de igualdade entre as
lembrar que 0 simbolo
determinado caso. Também é importante
tura em que ele se situa. Em
é interpretado de acordo com a cul
do luto é a cor preta, mas,
muitos paises do Ocidente, o simbolo
éo, é a cor b ranca que sim-
para paises do Oriente, como 0 Jap
boliza o mesmo estado.
”n
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O Conesdo lal | lntroduçõo gy,
Signo linguistico
O elementos almbólicos como on algnon verbaln nÃo nho n 6x.
prossão de uma relação direta o Imediata entre algo do mundo o n
unidade que 0 6VOCA, COMO UMA palavra ou um morfema, por exem.
plo. As palavras, como algnos verbale, são representngbon nio do
objetos reais e únicos no mundo, mas sim de concoltos, do Imagons
conceptualg, resultantes de categorlzagées que a linguagem verbal
taz do mundo, Ou seja, vomos o mundo por melo de nosso flitro
cognitivo, nosso conhecimento de mundo: a nossa visao do quo
é o mundo, seus elementos, suas propriedades, eventos e agoes,
tudo categorizado por meio de nosso olhar, inserido, no entanto, em
uma coletividade social e cultural da qual nos sentimos parte. Por
exemplo, o signo verbal “brincadeira” é formado de uma associagao
insepardvel entre uma parte material que o expressa (os sons ou
as letras da escrita) - o significante/imagem acustica - e um con-
ceito mental do que seja uma brincadeira - o significado/contetdo.
Porém, o signo néo se refere, por ele mesmo, a um tipo único de
brincadeira no mundo, pois cada usuério que se apropriar do signo
em um contexto especifico irá, a partir de um significado denotativo
basico, compartilhado por todos os usuérios da lingua, atribuir sen-
tidos a palavra “brincadeira”. Sentidos que podem coincidir com o
significado do dicionério denotativo ou sentidos que definam o que
é brincadeira, tendo em vista a experiéncia particular do falante, seu
conhecimento de mundo e sua categorizagéo cognitiva.
Mensagem
(função poética)
—
Desunatárlo
-
láuca)
o eo função g; conativa)
(fun
(lunça
Con
função expressiva
Códlgo
(função metalinguistica)
s.
comunicação e suas fungoe
Figura 1 - Elementos da Acesso
ns/codlgo.]pg>.
paadllmflge
Fonte: Disponivel em: <http://acd.ufr|.br/~
em: dez. 2011.
pelos usuari; os
ona das par a us o
As formas linguisticas seleci guagem, pelas dife-
a visão sob re a lin
estão condicionadas, ness
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Coleção Conexão Inicial 1 - Introdução à Pragi
ná,
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LER O MUNDO E SEUS SENTID
1 A abordagem sobre enunciação é feita com base em Benvenisto (1989, 1991) e F»ofl"‘(‘ 999)vol
No site da UnivespTV, há uma apresentação da enunciação feita por José Luiz Fiorin,
Di iponi
em: : <hitp:/lunivespty.cmais.
Tunis i
com.br/enuncincan >>. Acesen am: . dez 2011
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“fuerm N30 5e COMUNKA 4
.* interação verbal é Ccomunicação õ
human a
O apar ho
da enunci
formalel ação
Berveníste (1999 estabelecey a noção de que as linguas pos-
suem um apareiho formal da enunciagdo, isto é, um conjunto sistêmi-
co de undades inguisticas que formalizam as categorias de pessoa,
espaco e tempo. Quando o falante, na posição de enunciador, coloca
a ingua em funcionamento em um ato de enunciagio, palavras va-
Des da Ínqua, como eu, aqui e agora, tormam-se significativas, pos-
sbiltando a Iocalzação das referências de pessoa, espaço e tempo.
m—mmwmmam—
f=goras de pessoa, de espaço e de tempo, que são centrais
ro exercico da Íngua. Os elementos dessas categorias foram
Sencminadcs embreadores, termo trado da mecânica. Em-
breagem é um mecanismo
que penmite unir um motor em
roftação 20 Sisterra de rodas que não estão girando. Pala-
was como “eu”, "W, “aqui”, “aí”, “al”, *agora”, “então” são
chamados embreadores, embreantes ou déiticos, porque só
genhem referência quando se conecta a Éngua & stuação de
comurnicação. Se lermos, num quadro de recados, o seguinte
terto: *Estve procurando-o hoje. Esteja lá amanhã sem faita”,
nêo szberemos quem é que esteve procurando, quem ele es-
teve buscando, quando esteve fazendo isso, quando e onde a
pessoa procur
deve estar
adasem falta. Isso, porque alguém
deve ter apagado os elementos da situação de comunicação
que permitiriam ancorar os déticos: nome do destinatário do
recado, local e data em que a mensagem foi escrita, nome do |
destinador. Esses dados são obrigatérios, por exemplo, numa |
carta, exatamente para que possamos saber os referentes dos
déiticos que aparecem no texto (FIORIN, 2011).
Enunciativo e enuncivo
Como ocorre com a categoria de pessoa,
as categorias de tem-
po e espaço podem ser utilizadas para transmitir efeitos
de ob-
jetividade ou subjetividade. Se há a utiliz
agao de categorias que
ancoram o enunciado em processo
comunicativo localizado e es-
pecifico, temos efeitos de proximida
de e comprometimento maior
com o dito, como em “Hoje eu não vou ao
mercado” e “Aqui, nesta
sala, não é possivel respirar”. As formas hoje, aqu
i e nesta sala
situam obrigatoriamente o espaço e o tem
po do enunciador em
contextos definidos,
Entretanto, se utilizamos categorias que não
ancoram o enun-
ciado em situações específicas de enunciaçã
o, produz-se um efeito
de distanciamento e objetividade, como em “No séc
ulo XIX, houve
muito avanço industrial” e “Em planetas
perto do Sol, faz muito
calor”. Esses enunciados, para produzirem seus efeitos de sen
tido,
não ancoram necessariamente o enunciador no século
XIX nem em
outros planetas do sistema solar,
pebreagem e embreagem
os
A instalagao das categorias da enunciagao nos enunciad
al
& reconhecida como debreagem actancial (de pessoa), tempor
,
(de tempo) e espacial (de espago). A debreagem ocorre quando
o
na lingua, são definidas as referéncias por meio da utilizagé de
categorias do aparelho formal da enunciagao. Devemos lembrar
ad e, de )distanciamento
e ,
de se nt id os de pr ox im id Á
rome da produção esentificagao, de anteriori-
de pr
de subjetividade,
de oRetviCade.
udº.
dade Ou p«wvd em que, por exemplo,
em br ea ge m ac ta nc ia l,
Temos. então, a
pessoa e coloca-se
um eu que fala nega SuA instância de primeira
uma professora, ao dar bronca
em terceira pessoa. Por exemplo,
o quero barulho aqui”, diz
em uma classe, em vez de dizer “Na
sor a ndo que r bar ulh o na sala ”. Nesse caso, houve em-
*A profes
ncia l enu nci va na util izag ao de uma terceira pessoa,
breagem acta
se esp era va uma prim eira , e tam bém na utilizagdo de uma
quendo
nci a esp aci al no luga r de uma categoria enunciativa como
referd
. A esc olh a rel aci ona -se ao des ejo de criagao de um efeito de
2qw
papel social e a autori-
dstenciamento, de objetividade, em que 0
dade da professora são destacados.
uma ca-
Quanto 2 embreagem espacial, poderia haver uso de
o uso de uma
tegoria enunciva no momento em que se esperava
, ao ver um
categoria enunciativa. Por exemplo, quando uma mae
Sho que não a visita ha muito tempo, diz “Venha cá, me traga de lá
um beio”. O filho e a mãe são enunciador e enunciatário num mes-
mo espaço e tempo, dessa forma ela poderia ter utilizado não um
lá (categoria do distanciamento), mas uma categoria enunciativa,
de proximidade. Mas não é, naturalmente, um erro; ha sim o desejo
de instalar um efeito de sentido. O uso de um elemento enuncivo
como o lá intensifica uma distancia e torna o encontro mais forte.
Uma embreagem temporal pode ser exemplificada quando uma
crianga, brincando com bonequinhos que imitam o cenário faroes-
: :‘;2’;:;"?“"“3:“‘0 pegar um boneco com uma arma: “Agora
3 . contexto, a crianga poderia dizer algo como
ador
m::a: :ª'gº';- : que agora ind.ica a presenca do enunci
ó po utilizado cria o espaço da imaginação e
S : F
da bribri ncadeira, distante da realidade imediata em que se instaura
o enunciador.
E”
Em suma...