Didactica de Literatura Ernesto
Didactica de Literatura Ernesto
Didactica de Literatura Ernesto
Disciplina: Psicolinguística
O tutor:
ii
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Índice 0.5
Aspectos Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais Discussão 0.5
Conclusão 0.5
Bibliografia 0.5
Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
Exploração dos
2.0
dados
Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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1 Introdução
O presente trabalho, tem como o seu tema de estudo‘’ Teorias de Desenvolvimento da Leitura’.’
Portanto, o desenvolvimento das teorias sobre a leitura acompanha o desenvolvimento da própria
linguística. Para respondermos à pergunta “o que fazemos quando lemos?”, examinamos as
várias propostas de modelos de leitura, desde aquela que a vê apenas como um acto de
decodificação sonora até aquelas que a vêem como um acto de identificação das intenções do
autor e de recontrução do planeamento do seu discurso considerando que a leitura revelasse como
uma condição essencial para que o cidadão participe efectivamente da construção de uma
sociedade mais justa, igualitária, crítica e solidária.
Conceituar a leitura;
Identificar os vários modelos que sustentam o desenvolvimento da leitura;
Apresentar fundamentos básicos de cada uma das terias.
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INTRODUÇÃO
Na escola atual, faz-se cada vez mais necessário um trabalho criativo com a leitura de textos
literários ou não. Interpretar textos é uma exigência da sociedade e do mercado, ficando a cargo
da escola a formação desse cidadão-leitor. Em relação aos textos literários, tal trabalho se faz
mais urgente, devido a falta de espaço de tais textos no âmbito escolar ou a mera restrição do
trabalho a perspectivas estruturalistas que pouco ou nada analisam da linguagem literária.
Os alunos estão chegando e saindo do Ensino Médio brasileiro com imensas dificuldades de
leitura e interpretação de textos, o que fica mais evidente quando se vê que as aulas de Língua
Portuguesa privilegiam o ensino da gramática e não o da leitura. A abordagem do texto literário
em sala de aula, geralmente, dá-se somente com o modelo proposto pelo material de referência
utilizado pela escola (livro didáctico ou material apostilado) e se restringe a análise de
fragmentos de textos e a pretexto para o ensino da gramática ou de produção textual.
Diante desse panorama, este trabalho pretende discutir percepções e estratégias de “ensino” para
a leitura do texto literário no espaço da sala de aula, reconhecendo que tais
estratégias objectivam fazer com que o aluno interaja com o texto literário e reconheça as
possibilidades de (re) conhecimento do mundo que tal texto lhe propõe. Para tanto, é importante
discutir como a leitura e a literatura estão inseridas nas aulas de Língua Portuguesa; qual o
tratamento dado à literatura no planejamento do professor; e quais estratégias são mais comuns
no “ensino” da literatura.
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Texto
Texto é entendido como lugar de manifestação da linguagem e dos sentidos, estrutura única ou
aberta de significados (CEIA, 1999: 114). Se o conceito de texto adquire o sentido de realização
ou manifestação de linguagem, então pode-se de prender que só pode ser produzido pelo Homem,
porque este é o único que goza da faculdade de linguagem.
Por outro lado, e considerando que a língua pode ter realizações orais e escritas, parece
consensual afirmar-se que os textos podem ser orais e escritos, pois tanto a linguagem oral como
a escrita têm o mesmo objectivo, o de transmitir uma mensagem.
É a partir destes termos que o Dicionário de termos linguísticos (1990:) desenvolve o conceito de
texto, especificando a distinção texto-discurso nestes termos:
[…] unidade de linguagem escrita ou oral considerada do ponto de vista da sua estrutura e/ou das
suas funções e das regras seguidas na sua organização. Um texto é uma unidade semântica (e não
uma mera sucessão de frases) e é delimitado pela intenção comunicativa do falante. Sendo, tal
como o discurso, uma unidade supra-frásica, o texto distingue-se daquele por ser encarado como
produto e não como processo, decorrente das potencialidades do sistema linguístico.
Texto Literário
No que concerne ao conceito de texto literário, um dos indicadores do nosso objecto de estudo, as
discussões que se travam acerca do mesmo não são consensuais. Sendo assim, tentaremos
apresentá-lo, ainda que não na profundidade, tomando como suporte teórico as discussões de arte
ou obra literária e de literatura.
Aristóteles, citado por Kassel (1968: 10-12), define a arte literária como imitação ou “mimese.
Este autor considera que a mimese está a três pontos afastada da natureza, logo distante da
verdade. Considerando-se a arte literária como mimese ou imitação, e o texto literário como
produto dessa arte, então o texto literário é, em si, uma imitação.
Quando Kassel (1968) afirma que a imitação da natureza reproduzida pela arte literária está
distante da verdade, leva-nos a concluir que o texto literário é produto da representação de algo
que não é real. No mesmo sentido, Coutinho (1978: 9-10) afirma que a literatura,
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como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e
retransmitida através da língua para as formas, que são os géneros2 , e com os quais ela toma
corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autónoma, independente do autor e da
experiência de realidade de onde proveio.
Nestes dois conceitos está presente a ideia de imitação de Aristóteles e a de recriação, do próprio
Coutinho. Se um dá primazia àquilo que é simplesmente perfeito, associado à transmissão de
melhores valores morais à sociedade, o outro, ao considerar a literatura uma transfiguração e
recriação do real, através do espírito do artista, alarga o conceito aristotélico de imitação, ao não
delimitar o que deve ser imitado ou recriado.
Dessa perspectiva, o texto literário pode ser entendido como produto de imitação ou recriação da
realidade, isto é, é ficção. Nesse processo de recriação ou ficcionalização, ele compreende
aspectos culturais, sociais e políticos de tal forma que um leitor que não tem conhecimento desse
mundo de ficção pode chegar a pensar que o que é veiculado pelo texto constitui algo real.
Muitos estudiosos apontam que o trabalho com a leitura ainda está centrado na decodificação da
escrita e não no diálogo com o texto. É fato que o trabalho com a leitura que daí deriva constitui-
se de cópia literal de expressões do texto, leitura em voz alta, respostas a questionários de
interpretação, extração dos significados das palavras, ordenação de fatos e ideias, dentre outros
modelos comuns de atividades.
Para Kleiman (2004), no âmbito escolar, ou o texto é visto como depósito de mensagens ou é
visto como um conjunto de elementos gramaticais. Dificilmente, a leitura é diferente de acordo
com o gênero textual que está sendo trabalhado. As especificidades de cada gênero, em especial o
gênero literário, muitas vezes, são colocadas de lado, mediante perguntas e respostas utilitaristas
que seguem modelos pré-estabelecidos.
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Quanto ao texto literário, este tem uma linguagem específica, a conotativa. Em relação à
linguagem literária, percebe-se que, devido ao pequeno trabalho com ela, os adolescentes e
jovens apresentam muitas dificuldades na compreensão. Esse fato simplesmente reflete a falta de
conhecimento das especificidades do texto literário e deixa evidente a abordagem tradicional e
autoritária da Literatura e da leitura literária.
Muitos estudantes reconhecem a importância da leitura e dizem que gostam de ler, no entanto, os
trabalhos realizados pela escola frente aos livros literários os afastam dos livros. Diante dos fatos,
fica evidente que não há interacção entre o aluno e o texto literário.
A falta de familiaridade por parte dos alunos e de muitos professores com o texto literário está
pautada na falta de reflexão sobre a natureza da literatura, seu carácter ficcional, poético e
artístico. O ensino de Literatura merece ser repensado, tanto em seu viés histórico quanto
ideológico, e desvinculado de práticas pedagógicas que apresentem receitas e modelos que não
levam em consideração o carácter específico da linguagem que está sendo trabalhada.
A Literatura, apesar do tratamento escolarizado dado a ela, precisa ser vista como fenómeno
artístico, carregada de valores, crenças, ideias e pontos de vista de seus autores, que buscam
enriquecer as experiências dos leitores que os lêem. O ensino da literatura precisa ser prazeroso e
dedicado à formação humana do aluno, através da percepção da função poética da linguagem,
que recria e retrata problemas humanos universais em um trabalho que esteticamente transgride o
nosso quotidiano.
Segundo Candido (1995: 249), a humanização é o processo que confirma no homem aqueles
traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa
disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos
problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o
cultivo do humor. “A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos
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torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante” (CANDIDO,
1995: 249).
Kleiman (2004b) discute que o ensino de leitura pode ser viável se não privilegiar uma única
leitura autorizada. Destacando-se como uma proposta coerente, temos o ensino de estratégias de
leitura e o desenvolvimento de habilidades linguísticas, características de um bom leitor. Desse
modo, partindo de um modelo de leitor, o professor modelaria e exercitaria no aluno estratégias
de leitura, com o intuito de desenvolver as competências leitoras nesse indivíduo.
Seguindo essa perspectiva, é importante que, em uma aula de leitura, o professor faça
levantamentos sobre o texto a ser trabalhado a partir de conhecimentos prévios do seu público,
destacando para seus alunos que eles precisarão utilizar estratégias diferentes para a leitura e a
compreensão de textos literários.
ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-METODOLÓGICAS
Há algumas estratégias e metodologias que podem fazer com que os alunos se sintam
confortáveis com a leitura do texto literário e desenvolvam, a partir de leituras feitas na escola, o
gosto pelo literário e o potencial crítico e reflexivo necessários para o desenvolvimento do gosto
e do refinamento estético. Acima de toda e qualquer estratégia está o gosto leitor do professor.
O professor, enquanto leitor, precisa ser assíduo a este hábito e precisa conhecer um vasto
repertório de autores e textos que sirvam para a faixa etária com a qual trabalha. Infelizmente,
esta não é uma realidade nas escolas. Muitas pesquisas apontam que, no trabalho realizado em
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sala de aula, as concepções de transmissão e repetição de conteúdos ainda são o centro de todo o
trabalho.
Além disso, muitos professores demonstram pouco conhecimento da produção literária para
crianças e jovens e, portanto, não utilizam esses materiais de leitura em seu cotidiano. Para
Aguiar e Bordini (1993: 34), “o esvaziamento do ensino de literatura se acentua, portanto, não só
pelo pequeno domínio do conhecimento literário do professor, mas também pela falta de uma
proposta metodológica que o embase”.
Segundo Geraldi (2004), o sucesso da leitura teria como primeiro passo trazer para a
escola o prazer de ler e o respeito aos conhecimentos e leituras anteriores do aluno. É importante
que se reconheça que nenhum leitor inicia o seu percurso a partir dos clássicos, o que significa
que os professores devem instigar seus alunos a fazerem o maior número de leituras possíveis,
mesmo que eles ainda não correspondam a todas as expectativas do professor.
Desse modo, o trabalho com o texto literário passa pela constituição histórica da Literatura, suas
obras e composições, e as figuras do professor e do aluno. Para tanto, é preciso que o ensino
coloque tanto o aluno quanto o professor em contacto com os textos literários, de modo que eles
possam reflectir e recriar a linguagem literária, facilitando a formação de novos horizontes.
Sabemos da realidade educacional brasileira e também das dificuldades que o professor encontra
para diversificar suas aulas, no entanto, para amenizar este problema, a formação continuada e a
constante actualização ainda são as principais armas dos professores. Outra questão relevante é
que a maioria dos alunos de escolas públicas não possuem condições materiais de adquirir livros
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variados, ficando restritos às opções existentes nas bibliotecas escolares, que nem sempre estão
actualizadas, em bom estado ou disponíveis.
A partir de tudo isso, seleccionamos algumas ideias coerentes e de bons resultados no ambiente
escolar. Essas ideias consistem em algumas estratégias que partem, essencialmente, da produção
de uma sequência didática ou planejamento didáctico por parte do professor.
A primeira direccionada para o modo e lugar como os textos serão apresentados; a segunda para a
troca de conhecimentos entre professor e aluno; e a terceira para o registro das observações e
actividades. As três técnicas apresentam-se válidas para a interacção entre aluno - texto literário –
professor, pois possibilitam o diálogo e a troca de experiências entre os envolvidos.
A etapa da interpretação é vista como resultado das etapas anteriores e, para Cosson
(2006: 65),
Método Recepcional
Desenvolvido por Aguiar e Bordini (1993), e descrito no livro Literatura: formação do leitor:
alternativas metodológicas. Este método encontra-se baseado na Estética da Recepção, de Jauss
(1994) e exige que, por um lado, o professor esteja preparado para seleccionar textos referentes à
realidade do aluno e, ao mesmo tempo, romper com ela; e, por outro, aponta para a importância
do desenvolvimento da capacidade de reflectir sobre a literatura e seus factores estruturais.
Na última fase do processo, os alunos tomam consciência das alterações e aquisições obtidas
através da experiência com a literatura. O final dessa etapa é o início de uma nova aplicação do
método, que evolui, sempre permitindo aos alunos uma relação mais consciente com a literatura e
com a vida.
1) Leitura compreensiva (leitura inicial do texto e análise de sua expressão e de seu conteúdo);
2) Leitura interpretativa (confronto das leituras e impressões da primeira etapa; momento em que
se sobrepõe a leitura do texto e a experiência do leitor);
Segundo os autores (2006: 50), na primeira etapa, o leitor deverá estar apto para responder
“Como o texto diz aquilo que diz?”; na segunda etapa, “Qual o sentido do texto?”; e, na terceira
etapa, “Que diálogo há entre o texto e o contexto estético-histórico cultural actual e o momento
da produção?”
Cosson (2006), Saraiva e Mügge (2006) e Aguiar e Bordini (1993) não partiram do nada para o
desenvolvimento de suas metodologias, mas de outros teóricos, filósofos e pesquisadores que, por
falta de espaço, não foram contemplados nesse trabalho.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho com textos literários em sala de aula não deve acontecer de forma aleatória, sem
objetivos definidos, e centrado somente na figura do professor. Existem alternativas para a leitura
prazerosa do texto literário em sala de aula. Basta professores e alunos estarem dispostos a buscá-
las. Mesmo com a falta de recursos nas escolas brasileiras, o professor tem o dever de colocar o
seu aluno em contato com as diversas formas de comunicação ou gêneros que circulam em nossa
sociedade. O texto literário é somente uma dessas formas. Infelizmente, é uma das formas
relegadas a um segundo plano. A Literatura prevê a liberdade do homem e o seu poder de criação
criativa. Dar ao nosso aluno a possibilidade de trabalhar com essa forma de expressão artística é
abrir os olhos para o mundo a nossa volta e valorizar o conhecimento de mundo de nosso aluno,
que não vem à escola como uma página em branco, mas com uma história, um modo de vida, um
sentido pré-concebido para suas experiências. Fazer com que esse aluno respeite as suas formas
de pensar é um dos passos para que ele desenvolva estratégias próprias de compreensão da leitura
e da literatura.
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REFERÊNCIAS AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura: a formação
do leitor: alternativas metodológicas. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. CANDIDO,
Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. 3. ed. revista e ampliada. São Paulo: Duas
Cidades, 1995. p. 235-263. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo:
Contexto, 2006. GERALDI, Wanderley João (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática,
2004. JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria literária. Tradução
de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Ática, 1994. KLEIMAN, Ângela B. Leitura: Ensino e pesquisa.
São Paulo: Pontes, 2004. ––––––. Oficina de leitura: Teoria e Prática. São Paulo: Pontes, 2004b.
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