14468-Texto Do Trabalho-45011-1-10-20180522

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OS EFEITOS VASCULARES DA ACUPUNCTURA

Joana Catarina Esteves da Rosa1

1
Escola de Medicina Tradicional Chinesa

RESUMO
Este estudo pretende observar os efeitos da punctura distal e local, ao nível da
vasodilatação e vasoconstrição, através da medição dos valores da tensão arterial; e
relacionar os resultados com estudos que afirmam que a acupunctura provoca
vasoconstrição e consequente subida da tensão arterial.
Este consistiu na medição e registo dos valores da tensão sistólica, diastólica e
frequência cardíaca - antes e após procedimento - numa amostra de vinte e quatro
pessoas distribuídas por três grupos. No grupo 1, com acupunctura local, puncturou-
se o 7P, 9P e 6MC. No grupo 2, com acupunctura distal, o 6BP, 3R e 39VB. O terceiro
grupo - grupo de controlo - não foi puncturado. A retenção de agulhas fez-se durante
dez minutos. Repetiu-se a experiência três vezes, com intervalos de uma semana.
O grupo 1 registou um aumento da pressão diastólica em metade dos casos e a
pressão sistólica baixou em 75% dos casos. O grupo 2 apresentou uma descida
generalizada nas três variáveis. O grupo de controlo teve um decréscimo da sistólica e
da frequência cardíaca em 62,5% dos indivíduos, a par de um aumento da diastólica
em 62,5% dos casos.
Os resultados obtidos não permitem inferir uma alteração vascular após a
acupunctura local ou distal. Era esperado um aumento da diastólica nos dois grupos
com acupunctura e um decréscimo das três variáveis estudadas no grupo de controlo –
tal não foi observado.

Palavras-chave: acupunctura, vasoconstrição, vasodilatação, efeitos vasculares, distal,


local.

1
ABSTRACT
This study aims for a better understanding of the effects of both proximal and distal
acupuncture in its relation with vasodilation and vasoconstriction in the circulatory
system. It also brings results into context with previous studies that claim acupunture
to cause vasoconstriction and consequently to raise blood pressure.
This study monitored the blood pressure - before and after procedure - of 24
individuals distributed randomly in three groups. Proximal acupuncture was applied in
Group 1 to points 7L, 9L and 6PC. Distal acupuncture was applied in Group 2 to points
6SP, 3K and 39GB. Group 3 - the control group - was not punctured. Needle retention
time was ten minutes and the procedure was repeated three times, with one-week
intervals.
Group 1 saw an increase in diastolic pressure in half of the cases, while sistolic
pressure diminished in 75% of the individuals. Group 2 registered a generalized
decrease in all three variables (systolic and diastolic pressure, and heart rate). The
sistolic pressure went down in 62,5% of the control group, along with an increase in
diastolic pressure and decrease in the heart rate of 62,5% of individuals.
The finals results don't support the idea of any vascular effect after applying proximal
or distal acupuncture. The expected outcome would include an increase in the diastolic
pressure in both groups where acupuncture was applied and a decrease on all three
variables monitored in the control group, which was not registered.
Keywords: acupuncture, vasoconstriction, vasodilation, vascular effects, proximal,
distal.

INTRODUÇÃO
Neste trabalho propõe-se estudar e observar os efeitos que a biomedicina atribui à
acupunctura, com enfoque nos efeitos vasculares que esta surte no organismo.
Em primeiro lugar, convém salientar que, no contexto histórico e cultural, as
comunidades ocidentais tendem a conferir validade a estudos que seguem os cânones
da metodologia científica, enquanto as comunidades orientais valorizam e validam a
experiência e transmissão empírica (ex. de mestre para discípulo).
Hoje em dia, existem diversos estudos sobre os efeitos que a inserção de agulhas no
corpo tem na fisiologia humana. Assim sendo, é importante a recolha e a organização

2
das várias fontes de informação de forma a compilar as suas explicações para este
fenómeno. É igualmente importante que os indivíduos da comunidade da Medicina
Tradicional Chinesa (MTC) tenham conhecimento da perspectiva científica do seu
trabalho para que se possam relacionar com os seus pares, falando na mesma
linguagem. Por outro lado, é também uma forma de poder explicar aos pacientes e
interessados mais cépticos ou curiosos, o funcionamento científico do seu tratamento
(sobre o qual somos várias vezes confrontados). Será igualmente útil para que os
alunos de MTC possam integrar desde cedo a explicação convencional do seu trabalho
e ter uma maior segurança em relação ao seu envolvimento na arte da MTC. Este
estudo seria uma mais-valia, como complemento, do que já é lecionado nas escolas de
MTC, podendo ser englobado nas cadeiras de anatomia, fisiologia, patologia, biologia
celular, mecanismo da doença, análises clínicas, entre outras.
Finalmente, é importante referir que as teorias científicas não substituem o
conhecimento nem as doutrinas da MTC. Da mesma forma, não alteram os métodos
de diagnóstico e tratamento na MTC, apenas os complementam e os integram no
contexto predominante.

REVISÃO DA LITERATURA
A acupunctura é uma intervenção clínica com recurso à introdução e manipulação de
agulhas filiformes em pontos específicos, e tem como objectivo reequilibrar sistemas
fisiológicos e órgãos afectados. Esta prática é actualmente recomendada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) no tratamento de diversas patologias, com
resultados comprovados e sem efeitos secundários adjacentes1.

O reconhecimento desta terapêutica no Ocidente ganhou força nas últimas décadas


com a normalização da nomenclatura da MTC; com a integração dos padrões e
critérios para os trabalhos experimentais segundo a STRICTA (Standards for Reporting
Interventions in Clinical Trials of Acupuncture); e com o desenvolvimento das técnicas
de placebo com agulhas (denominada Sham Acupuncture) para a realização de estudos
aleatorizados, controlados e duplo-cegos.

3
Este trabalho incide sobre os mecanismos vasculares accionados durante a aplicação
da acupunctura, apresentando a visão da MTC e a visão biomédica.
Efeitos vasculares – visão da MTC
O Xue, o Qi e os Líquidos Orgânicos (Jin Ye), são os elementos básicos do corpo
humano. Estes devem a sua produção, vitalidade e circulação às vísceras (Zang Fu), e
servem de suporte à actividade das mesmas.
O conceito de Xue engloba uma variedade de significados, acções e efeitos, que a
denominação de “sangue” na medicina convencional não abrange. A medicina chinesa
considera o Xue como um fluido corporal que circula nos vasos sanguíneos e actua no
Qi - força vital e propulsora - ganhando impulso com este.
A circulação sanguínea é produto da acção coordenada de certas actividades
fisiológicas dos Zang Fu: Coração, Baço-Pâncreas, Pulmão e Fígado.
Qualquer perturbação do Qi destes órgãos poderá ter consequências na circulação
sanguínea.
Verifica-se por isso uma relação directa entre o Qi e Xue: o Qi é o comandante do Xue
e o Xue é mãe do Qi. Ambos têm uma origem comum, provêm da essência dos
alimentos e da essência do Rim. O Qi, como comandante do Xue, tem a capacidade de
o reter nos vasos, de o fazer circular e de o produzir. O Xue como mãe do Qi suporta-o;
se o Qi não se associasse ao Xue dispersava-se e perdia-se. O Qi é Yang e o Sangue é
Yin, e em conjunto são um exemplo do balanço de Yin e Yang do nosso organismo.
A acupunctura actua no Qi e, de acordo com a relação anteriormente descrita, actua
indirectamente no Xue, no sentido de nutri-lo, movê-lo ou arrefecê-lo, consoante o
diagnóstico e respectivos princípios de tratamento. As técnicas de acupunctura e a
escolha de pontos específica permitem assim produzir diferentes efeitos no Xue.
Efeitos vasculares – visão biomédica
A resposta do organismo à inserção de uma agulha é idêntica à resposta a qualquer
invasão de um corpo estranho. Isto é, devido a lesões intrusivas nos tecidos moles
existe uma activação de processos de restabelecimento do equilíbrio interno. As
agulhas passam a pele, quebrando a primeira linha de defesa do corpo e propagam
micro-lesões em todos os tecidos moles que encontram, desde fibras musculares,
terminações nervosas, vasos sanguíneos, fáscias, tendões, ligamentos, até ao periosso.
Estes pequenos danos permanecem mesmo após a retirada das agulhas.

4
Naturalmente, os especialistas utilizam agulhas esterilizadas para diminuir o risco de
uma infecção significativa.
A partir daqui o sistema biológico desencadeia um rol de mecanismos fisiológicos em
resposta à lesão provocada pela agulha, coordenando os sistemas nervoso, imunitário,
endócrino e cardiovascular, que por sua vez activam mecanismos centrais e
periféricos.
Os mecanismos desenvolvem-se em três etapas:
- Inflamação e reacção imunitária: a resposta imunitária e o processo de
coagulação libertam factores biológicos activos (ex. plaquetas, glóbulos
brancos, macrófagos). Este mecanismo é acelerado com o aumento do fluxo
sanguíneo à zona lesionada;
- Regeneração celular e diferenciação;
- Reconstrução dos tecidos lesionados.
Segundo Birch2, os efeitos vasculares no organismo englobam a vasoconstrição,
seguida da vasodilatação e do bombeamento de sangue nos capilares.
O dano provocado nas células produz um efeito eléctrico imediato, transmitindo sinais
nervosos ao cérebro que por sua vez responde com uma vasoconstrição. Este
fenómeno visa diminuir a perda sanguínea, facilitar o processo de coagulação e
minimizar o risco de infecção. Tem uma duração média de 20 minutos. Em seguida,
ocorre o mecanismo de vasodilatação, que facilita a afluência de glóbulos brancos,
nutrientes e de factores de regeneração ao local afectado. Elimina também os
produtos residuais produzidos. A vasodilatação dura em média duas a três horas. O
terceiro mecanismo activado denomina-se efeito vasomotor. Consiste num
movimento nos vasos que bombeia sangue nos capilares - inundando as células
lesionadas - para se acumular posteriormente na periferia da lesão e promover a
cicatrização. Este movimento dura cerca de uma hora e meia.
De acordo com Sheng-Hsiung Hsiao3, a inserção de agulhas eleva a produção de Óxido
Nítrico (NO), responsável pela modulação do tónus muscular e consequentemente do
fluxo sanguíneo local. No contexto cardiovascular, o NO é geralmente libertado por
células do endotélio - estrato de células achatadas que forram o interior dos vasos
sanguíneos e linfáticos - em resposta a shear stress (rasgo nos tecidos), através da

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mecanotransdução, o mecanismo pelo qual as células convertem estímulos em
respostas químicas.
Resumindo, a acupunctura despoleta mecanismos nervosos e bioquímicos que
modulam o fluxo sanguíneo local. O efeito modulatório no sistema cardiovascular e
simpático assenta sobre reflexos somatoautonómicos. A acupunctura provoca uma
breve actividade nervosa simpática nos tecidos, que tem uma consequência vascular.
Coloca-se uma questão importante no tratamento com a acupunctura: segundo a
biomedicina, as alterações estudadas estão circunscritas ao local danificado, enquanto
a MTC afirma que a punctura num certo local tem reacções distais, assim como
reacções vasculares. Hsiao, por um lado, afirma que esta teoria completa a teoria dos
nervos reflexos com uma componente vascular sistémica. Yoshio Manaka e Kazuko
Itaya4 conduziram experiências em animais para corroborar este facto, obtendo
resultados após a colocação de agulhas nas costas com a repercussão na circulação nas
orelhas dos mesmos. Está estudado que o ponto de acupunctura escolhido altera os
efeitos vasculares esperados, como exemplifica o estudo de Watanabe, Takayama,
Hirano, Seki e Yaegashi5 acerca da diferença entre o ponto 3F e o 36E no fluxo da
circulação sanguínea.
Tensão arterial
A componente experimental da investigação requer uma breve explicação de como
medir os efeitos vasculares decorrentes da acupunctura. O método mais simples e
acessível é o aparelho medidor de tensão. Os valores da tensão fornecem informações
sobre a circulação sanguínea, sobre o estado dos vasos sanguíneos e sobre o estado do
coração.
Pressão arterial ou Tensão arterial mede a força exercida pela circulação do sangue
sobre as paredes dos vasos sanguíneos na circulação sistémica. A sistólica é o valor
máximo da tensão arterial e corresponde à pressão nas paredes das artérias quando o
músculo do coração está contraído; a diastólica é o valor mínimo da tensão arterial e
equivale à pressão existente nas artérias entre batimentos cardíacos, isto é, quando o
músculo cardíaco está relaxado e o sangue arterial entra no coração. A tensão arterial
considerada dentro dos parâmetros normais tem como mínima 70 mm Hg e como
máxima 120 mm Hg.

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Os valores da tensão máxima dependem dos valores da tensão mínima. A tensão
mínima indica o estado dos vasos e da vascularização, enquanto a diferença entre a
máxima e a mínima representa o esforço do coração. Existe a tendência para atribuir
maior significado à tensão arterial sistólica, apesar da importância da tensão arterial
diastólica na resistência periférica total dos vasos. As variáveis nesta resistência são a
viscosidade do sangue, o comprimento do vaso e o seu raio. Sendo que a viscosidade
do sangue e o comprimento do vaso não se alteram facilmente, a resistência periférica
é influenciada primariamente pelo raio do vaso, que se expande e contrai com maior
facilidade devido à elasticidade das suas paredes.
A vasodilatação é a dilatação dos vasos sanguíneos e a vasoconstrição é o
estreitamento dos mesmos. Da vasoconstrição resulta um aumento na pressão arterial
e a vasodilatação leva ao decréscimo da pressão arterial. Quando o vaso sanguíneo
dilata, o fluxo de sangue aumenta devido à diminuição da resistência vascular, o que
leva ao decréscimo da pressão arterial, enquanto a vasoconstrição abranda o fluxo
sanguíneo e cria uma maior resistência sistémica.
A medição da tensão arterial não é uma avaliação muito certa, antes pelo contrário. A
tensão arterial é altamente volátil e facilmente influenciada por vários factores que
alteram os seus valores. Cada aparelho para medir a tensão é também falível e, apesar
de se considerar que os aparelhos digitais são menos precisos que os aparelhos
manuais, considera-se também que estes são mais práticos e acessíveis à população
em geral.
Ao observar valores da tensão arterial antes e após um procedimento pode considerar-
se uma consequência vascular quando a tensão arterial aumenta ou diminui. A subida
dos valores evidencia uma vasoconstrição e a sua descida indica vasodilatação.
Por fim, pode-se afirmar que a prática da acupunctura está actualmente disseminada e
integrada no contexto científico ocidental. Hoje em dia, não só os especialistas de MTC
a praticam mas também os médicos convencionais, sendo cada vez mais importante a
pesquisa e o desenvolvimento dos mecanismos fisiológicos e biomédicos
intervenientes.
Este estudo, do tipo correlativo, pretende verificar que fenómenos vasculares
decorrem da inserção da agulha e se estes fenómenos têm uma acção localizada e/ou

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generalizada. Ambiciona-se relacionar a inserção da agulha com as variações da
pressão arterial que expressam uma alteração vascular.
Assim sendo, a questão de investigação resume-se a: quais os efeitos da punctura
distal e local na vasodilatação e vasoconstrição?

1
Documento Lista do relatório oficial da OMS de patologias tratadas eficazmente com acupuntura,
Anexo A, pág. 32
2
Birch, S., Felt, R.(2002), Entendendo a Acupunctura, Editora Roca Lda, Brasil.
3
Hsiao, Sheng-Hsiung, A neurovascular blood flow modulation model via acupuncture induced nitric
oxide, Division of Informatics, National Research Institute of Chinese Medicine, Taipei, Taiwan.

4
Itaya, K., Manaka, Y., Ohkubo, C., Asano, M. (1987), Effects of acupuncture needle application upon
4
cutaneous microcirculation of rabbit ear lobe, Journal of Acupuncture & electro-therapeutics research.
Takayama S., Seki T., Watanabe M. et al (2010), Brief effect of acupuncture on the peripheral
arterial system of the upper limb and systemic hemodynamics in humans, Journal of
alternative and complementary medicine, Nova Iorque.

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METODOLOGIA
Este trabalho pertence ao nível III de investigação, e é um estudo do tipo correlacional.
Desenho experimental
Experiência para verificar a existência de alterações vasculares através da
acupunctura.
G1 Oi1 XL Of1 Oi2 XL Of2 Oi3 XL Of3
G2 Oi1 XD Of1 Oi2 XD Of2 Oi3 XD Of3
GC Oi1 - Of1 Oi2 - Of2 Oi3 - Of3

G1 – Grupo Experimental 1, com acupunctura local (no pulso).


G2 – Grupo Experimental 2, com acupunctura distal (no tornozelo).
GC – Grupo de Controlo
Oi – Observação inicial (imediatamente antes do tratamento) – leitura da tensão
arterial e da frequência cardíaca com aparelho medidor de tensão do pulso.
Of – Observação final (imediatamente depois do tratamento) – leitura da tensão
arterial e da frequência cardíaca com aparelho medidor de tensão do pulso.
XL– Punctura dos pontos 7P, 9P e 6MC.
XD – Punctura dos pontos 3R, 39VB e 6BP.

Amostragem
A amostragem é não-probabilística, acidental e por redes.
Os três grupos foram constituídos por 8 pessoas cada, num total de 24 pessoas
distribuídas aleatoriamente pelos grupos.
A amostra compreendeu indivíduos entre os 17 e os 50 anos do género masculino e
feminino sem responder a critérios de selecção nem de rejeição.
Foi feito um questionário que teve em conta os factores principais que afectam a
tensão arterial da pessoa. O questionário foi desenvolvido de raiz e é do tipo
estruturado, isto é, o cooperador estará limitado às questões formuladas sem ter a
capacidade de as alterar ou especificar o seu raciocínio.
Procedimentos
1. Aplicou-se o questionário de caracterização da amostra, na primeira sessão de
experimentação, com fim de caracterizar a amostra e de verificar alguns dos

9
factores que influenciam a tensão arterial como a idade, o género, fumadores,
gravidez, prática de exercício físico, patologias e medicação. O questionário foi
preenchido pelos participantes.
2. Deitou-se o indivíduo em decúbito dorsal.
3. Mediu-se a tensão arterial do paciente registando-se os valores da pressão
sistólica, diastólica e frequência cardíaca.
4. Realizaram-se os seguintes procedimentos ao participante, dependendo do
grupo em que se encontrava inserido:
4.1 Grupo de controlo: pediu-se ao indivíduo para permanecer deitado e calmo
na marquesa, durante 10 minutos.
1.1 Grupo 1: puncturaram-se os pontos 7P, 9P e 6MC e fez-se a retenção das
agulhas durante 10 minutos, sem se proceder à realização de nenhuma
técnica de manipulação.
1.2 No grupo 2, puncturaram-se os pontos 3R, 39VB e 6BP e fez-se a retenção
das agulhas durante 10 minutos, sem se proceder à realização de nenhuma
técnica de manipulação.
2. Mediu-se a tensão arterial do paciente registando-se os valores da pressão
sistólica, diastólica e frequência cardíaca.
3. Repetiram-se os passos 2, 3 e 4 em outros dois momentos, com uma semana
de intervalo.
O procedimento realizado respeita as normas internacionais de experimentação com
humanos.
A tabela seguinte caracteriza os pontos de acupunctura utilizados de acordo com as
normas recomendadas pela STRICTA 2010, que regulamenta os ensaios experimentais
com acupunctura.

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Unilateral/Bilate
Ponto Localização Inserção Tipo de agulha Tempo de retenção
ral

A 1,5 cun proximais


da prega transversal
distal do punho, no
0,5-0,8 cun perpendicular Unilateral (lado agulha filiforme
7P bordo externo do 10 min
ou oblíquo. esquerdo) 0.26x25 mm
longo supinador,
entre este e o longo
extensor do polegar.

Na prega transversal
distal do punho, no
lado radial do osso
Unilateral (lado agulha filiforme
9P trapézio, por fora da 0,2-0,3 cun perpendicular. 10 min
esquerdo) 0.26x25 mm
artéria radial, contra o
tendão do pequeno
extensor do polegar.

A 2 cun proximais da
prega transversal
distal do punho, entre
Unilateral (lado agulha filiforme
6MC os tendões do 0,5-1 cun perpendicular. 10 min
esquerdo) 0.26x25 mm
músculo longo palmar
e o músculo flexor
radial do carpo.

No ponto médio entre


a proeminência do Unilateral (lado agulha filiforme
3R 0,5-1 cun perpendicular. 10 min
maléolo interno e o esquerdo) 0.26x25 mm
tendão calcâneo.

A 3 cun proximais à
proeminência do
0,5 – 0,8 cun Unilateral (lado agulha filiforme
39VB maléolo interno, junto 10 min
perpendicular. esquerdo) 0.32x40 mm
ao bordo anterior do
perónio.

A 3 cun proximais à
proeminência do
maléolo interno, a
Unilateral (lado agulha filiforme
6BP meia distância entre o 1-1,5 cun perpendicular. 10 min
esquerdo) 0.32x40 mm
bordo interno da tíbia
e o bordo anterior do
tendão de Aquiles.

Tabela a) Acupontos puncturados

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Material
- agulhas filiformes 0.32x40 mm e 0.26x25 mm
- álcool 70%
- algodão
- aparelho medidor de tensão arterial do pulso da marca Omron, modelo R3
intellisense

Análise de dados
Os dados obtidos na investigação foram analisados estatisticamente com o programa
SPSS (versão 20.0). Os registos foram introduzidos, codificados e trabalhados, sendo
que foi necessário transformar o conjunto dos valores obtidos da pressão sistólica, da
pressão diastólica e da frequência cardíaca iniciais e finais, nas três sessões
experimentais, para cada participante, em novas variáveis denominadas tensão
sistólica média inicial, tensão sistólica média final, tensão diastólica média inicial,
tensão diastólica média final, batimentos por minuto média inicial e batimentos por
minuto média final, que reflectem a média dos valores registados inicialmente e no
final dos três momentos de medição.
Procedeu-se à análise descritiva da amostra, focando-se na média, mediana, quartis,
máximo, mínimo, desvio-padrão e erro-padrão. Construíram-se as respectivas tabelas
e boxplots.
Posteriormente pretendeu-se verificar a normalidade da distribuição das variáveis em
estudo, aplicando-se o teste Kolmogorov-Smirnov One Sample (KS- test). Utilizou-se o
teste de Wilcoxon incluído nos testes não paramétricos, com o objectivo de discernir a
significância do estudo e de seguida aplicou-se o teste 2 Related Sample para comparar
as diferenças dos valores das variáveis iniciais e finais. Estas últimas foram sujeitas ao
teste de correlação de Pearson. Por fim, com o objectivo de predizer futuros
acontecimentos no mesmo âmbito utilizou-se a ferramenta da correlação linear,
construindo-se as respectivas equações.

APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

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A experiência conduzida teve como objectivo observar os efeitos da acupunctura em
termos vasculares. A forma mais simples de verificar as alterações a esse nível
realizou-se através da medição da pressão arterial, pois como foi referido, esta pode
indicar-nos se houve uma vasoconstrição ou uma vasodilatação.
De acordo com o que foi estipulado, compararam-se três grupos diferentes. Um grupo
de controlo em que não foi praticada acupunctura e dois grupos experimentais, um em
que as agulhas foram inseridas localmente, isto é, junto à artéria radial, por onde se
mediu a tensão – denominado Grupo Experimental 1; e um grupo em que se realizou
acupunctura distal, no tornozelo, longe da artéria radial – nomeado Grupo
Experimental 2. A tensão foi medida antes e depois do procedimento designado e
teve-se em consideração a tensão diastólica e sistólica inicial (antes da punctura), a
tensão diastólica e sistólica final (depois da punctura) e a frequência cardíaca inicial e
final.
Tomou-se notas dos valores da pressão arterial dos indivíduos participantes em três
momentos diferentes e foi considerado para o estudo a média dessas três medições,
relativamente às seguintes medidas: tensão arterial sistólica inicial (TASi), tensão
arterial sistólica final (TASf), tensão arterial diastólica inicial (TADi), tensão diastólica
final (TADf), batimentos por minuto inicial (BPMi) e batimentos por minuto final
(BPMf).
Analisando-se as médias aproximadas das variáveis estudadas registou-se que a média
da pressão sistólica inicial no grupo de controlo foi aproximadamente 119 e a final foi
118. No grupo experimental 1 foi de 115 inicialmente e 112 no final. No grupo
experimental 2 foi 112 e passou para 113.
A média da pressão diastólica no grupo de controlo passou de 72 para 71, no grupo 1
começou em 73 e manteve-se após o procedimento (apesar de que se analisado o seu
valor real este aumentou de 72,750 para 73,208), já no grupo 2 passou de 73 para 72.
No grupo de controlo a média inicial de batimentos cardíacos foi de 73 e baixou para
70, no grupo 1 a média manteve-se nos 67bpm antes e depois do procedimento e no
grupo 2 baixou de 73 para 70bpm.
Segundo a análise decritiva denotou-se que todas as variáveis estudadas têm valores
de desvio-padrão elevados, entre os 7,1 e os 10,7 para os grupos de controlo e
experimental 2; e no grupo experimental 1 os valores são mais baixos, encontrando-se

13
entre os 5,1 e os 7,2. Isto é, o grupo experimental 1 tem uma menor dispersão de
dados, para todas as variáveis estudadas, que os outros dois grupos. Aqui, este valor
indica-nos que nos grupos de controlo e grupo experimental 2 houve uma maior
alteração da pressão arterial e frequência cardíaca do que houve no grupo
experimental 1.
Para a tensão sistólica média inicial obtiveram-se gráficos similares, apesar de se
encontrar no grupo 1 e no grupo 2 a distribuição assimétrica negativa. Para a tensão
arterial sistólica média final verifica-se que o grupo 1 tem os seus dados muito
concentrados e com um outlier presente e o grupo de controlo tem uma distribuição
assimétrica negativa.
Os valores da tensão diastólica média inicial voltam a estar muito pouco dispersos no
grupo 1 e mais uma vez com a presença de dois outliers. Para a variável da tensão
diastólica média final os dados para o grupo 1 e 2 estão muito concentrados e existem
outliers em ambos os grupos.
Os gráficos da frequência cardíaca inicial e final apresentam-se mais equilibrados,
exceptuando os valores do grupo 1 para os batimentos cardíacos médios finais, que
voltam a estar muito pouco dispersos.
Sabendo que os dados seguem a distribuição normal, realizaram-se os testes não
paramétricos 2 Related samples, aplicando-se o teste Wilcoxon. Para a investigação ser
significativa, o valor de ρ deveria ser menor que 0,05, o que não se verifica nos
resultados deste estudo. Comparando os dados entre a tensão arterial sistólica, a
tensão diastólica e a frequência cardíaca iniciais e finais, encontraram-se valores muito
superiores a 0,05 nos três grupos de análise, sendo o valor mais baixo de ρ = 0,183 e o
mais elevado de ρ = 1,000.
Utilizando o teste 2 Related Sample registou-se que nos elementos do grupo de
acupunctura local – grupo experimental 1, observaram-se as seguintes alterações (no
total das três sessões realizadas em oito pessoas): a diminuição dos valores da
sistólica em seis pessoas (75%), e o aumento dos valores em duas pessoas (25%); o
aumento dos valores da tensão diastólica verificou-se em metade dos sujeitos, na
outra metade obteve-se um decréscimo da mesma; em quatro pessoas a frequência
cardíaca acelerou (50%), em três abrandou (37,5%) e em um indivíduo manteve-se
(0,08%).

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No grupo experimental 2, a tensão sistólica desceu em cinco pessoas do grupo de oito
(62,5%) e nas restantes três pessoas (37,5%) a sistólica aumentou; a diastólica desceu
em 75% dos sujeitos e aumentou nos restantes 25%; e os BPM desceram em cinco
pessoas (62,5%) e subiram nas outras três (37,5%).
Por fim, no grupo de controlo, a sistólica desceu em cinco dos oito indivíduos (62,5%) e
nos restantes 37,5% subiu; em três dos oito (37,5%) sujeitos a tensão diastólica desceu
e nas restantes subiu (62,5%); e em cinco de oito sujeitos os BPM desceram e nos
restantes três subiram.
A análise estatística também incluiu a avaliação da correlação entre as variáveis. De
acordo com os resultados do teste de correlação de Pearson denotou-se que tanto
para o grupo de controlo como para os grupos experimentais, existe correlação entre
as variáveis iniciais e finais da tensão arterial sistólica, diastólica e da frequência
cardíaca. Para o grupo de controlo, r =0,821 (ρ = 0,012) para a relação entre a sistólica
inicial e final, r = 0,870 (ρ = 0,005) para a relação entre a diastólica inicial e final e r =
0,886 (ρ = 0,003) para o BPM inicial e final. Para o grupo 1 os valores de r, são
respectivamente, r = 0,534 (ρ = 0,173), r = 0,908 (ρ = 0,002) e r = 0,798 (ρ = 0,018). Por
fim, para o grupo 2, r = 0,534 (ρ = 0,173), r = 0,600 (ρ = 0,116) e r = 0,967 (ρ = 0,00).
Como os valores de r se encontraram todos muito próximos de 1 confirmou-se que as
variáveis estudadas apresentam uma correlação entre elas, apesar de se observar que
a significância teve um valor acima de 0,05 em algumas variáveis, considerando-se
pouco significativo, nomeadamente para a tensão sistólica do grupo 1 e do grupo 2 e
para a tensão diastólica também do grupo 2. Por outro lado os restantes valores de ρ
são baixos, notando-se que a frequência cardíaca do grupo 2 é mesmo 0,000 ou seja
muito significativa.
Utilizando-se a ferramenta da regressão linear, obtiveram-se alguns dados
importantes. Para o grupo experimental 1 verificou-se que comparando a tensão
sistólica inicial e final, r = 0,534, com uma significância de p = 0,173, em que TASf=
0,379 (TASi) + 69.Comparando a tensão diastólica inicial e final, obteve-se r = 0,908,
com uma significância de p = 0,002 em que TADf = 0,811 (TADi) + 14. Ainda,
relacionando a frequência cardíaca inicial e final, obteve-se r = 0,798 (p = 0,018), em
que BPMf = 0,376 (BPMi) + 42.

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Da mesma forma, para o grupo experimental 2, relacionando a sistólica inicial e final
teve-se que r = 534 (p = 0,173), em que TASf = 0,370 (TASi) + 71. Para a diastólica inical
e final r = 0,600 (p = 0,116), em que TADf = 0,304 (TADi) + 48.Comparando os
batimentos cardíacos iniciais e finais, obteve-se r = 967 (p = 0,000), em que BPMf =
0,984 (BPMi) – 0,059.
Segundo a análise da regressão linear das variáveis em estudo, no grupo 1 poderia ser
reproduzida a variável da tensão arterial diastólica pois a diastólica inicial e final
apresentam um nível de relação muito alto com uma significância bastante inferior a
0,05 e a frequência cardíaca também, mas com menor nível de confiança. No grupo 2
apenas a frequência cardíaca apresenta um nível de correlação forte para ser prevista
estatisticamente (p = 0,000).
As restantes variáveis em ambos grupos experimentais não têm significância
estatística.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Obtiveram-se alguns resultados contraditórios ao analisar os resultados, a análise
descritiva e o teste 2 Related Sample não coincidiram em alguns pontos importantes.
Como a média é uma medida estatística que é sensível a valores extremos, esta é
menos confiável que os resultados obtidos no teste 2 Related Sample, portanto os
resultados deste teste ganham força em relação ao anterior.
Segundo a análise dos resultados da estatística descritiva, com os valores que se
obtiveram para o grupo de controlo como referência, se a acupunctura não surtisse
qualquer efeito vascular, as médias da sistólica, da diastólica e da frequência cardíaca
teriam decrescido em ambos os grupos experimentais. No entanto, notou-se que no
grupo experimental 1, com a acupunctura local, a tensão diastólica média subiu, após a
inserção das agulhas de acupunctura, enquanto a tensão sistólica média baixou, isto é,
houve uma vasoconstrição, que era o efeito esperado conforme Birch e Hsiao, que
afirmam que há um afluxo de sangue ao local puncturado. A média dos batimentos
cardíacos por minuto manteve-se o que complementa a teoria. Se os batimentos
cardíacos tivessem valores muito diferentes poderiam ser um factor de influência na
pressão arterial, portanto a proximidade dos valores iniciais e finais, concede
veracidade ao mecanismo vascular observado.

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Segundo Birch e outros autores, a acupunctura também tem um efeito vascular
generalizado, no entanto esse facto foi menos visível. O grupo 2 não mostrou um
aumento da diastólica, no entanto verificou- se o aumento da sistólica. De acordo com
a informação mencionada na introdução, a alteração na sistólica é um pouco menos
significativa, ainda assim manifesta um efeito vascular. Estes resultados indicam que a
resposta mais forte é local.
No caso do grupo de controlo era esperado o resultado obtido, porque os
participantes mantiveram-se deitados em supinação, a repousar durante 10 minutos, o
que por si só tem um efeito de relaxamento do corpo, abranda o metabolismo e baixa
a tensão arterial. Assim, a média da sistólica, da diastólica e da frequência cardíaca
baixaram nos indivíduos deste grupo, pelas razões dadas anteriormente.
Os valores do teste 2 Related Sample, mostram que apesar dos valores das médias
coincidirem com os resultados esperados, os números de casos para cada relação
inicial e final não estavam dentro dos mesmos parâmetros. No grupo 1, apesar de se
verificar o aumento da média da diastólica, em apenas 50% dos casos se obteve um
aumento desta variável. Também a média dos batimentos cardíacos se manteve desde
o início até ao final da intervenção, mas apenas um caso em oito manteve realmente o
mesmo valor, observando-se a subida deste, de novo, em apenas 50% dos casos. No
grupo 2 os valores médios da sistólica aumentam um valor (de 112 para 113 mm Hg),
mas na realidade a sistólica decresceu em 62,5% dos casos. No grupo de controlo
verifica-se uma subida da tensão diastólica em 62,5%pessoas, mas a média dos valores
desceu de 72 para 71 mm Hg. Para as restantes variáveis a modulação dos valores da
média coincide com os resultados obtidos neste teste. A análise destes dados indica
que não se pôde verificar o mecanismo de vasoconstrição, porque um aumento da
diastólica em apenas metade dos sujeitos após a punctura (grupo 1) não é significativo.
A diminuição da mesma em 62,5% dos casos no grupo 2, também após punctura,
indica mais uma vez que não houve efeito vascular.
As seguintes tabelas resumem o que foi discutido acima:

Resultados obtidos Resultados esperados

Sistólica diminuiu em 75% dos participantes ↓ Aumento ligeiro da sistólica ↑

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Diastólica diminuiu em 50% dos participantes ↓ Aumento da diastólica ↑

Bpm aumentou em 50% dos participantes ↑ Conservação dos bpm =

Grupo experimental 1

Resultados obtidos Resultados esperados

Sistólica diminuiu em 62,5% dos participantes ↓ Aumento ligeiro da sistólica ↑

Diastólica diminuiu em 75% dos participantes ↓ Aumento ligeiro da diastólica ↑

Bpm diminuiu em 62,5% dos participantes ↓ Conservação dos bpm =

Grupo experimental 2

Resultados obtidos Resultados esperados

Sistólica diminuiu em 62,5% dos participantes ↓ Conservação ou diminuição da sistólica =

Diastólica aumentou em 62,5% dos participantes ↑ Conservação ou diminuição da diastólica =

Bpm diminuiu em 62,5% dos participantes ↓ Conservação ou diminuição dos bpm =

Grupo de controlo

O facto de haver outliers nas frequências absolutas pode explicar esta discordância,
enviesando assim os resultados obtidos na análise descritiva. No caso do grupo de
controlo, o aumento da sua pressão diastólica após 10 minutos de repouso indica a
existência de um ou mais factores que perturbaram as medições. O facto de os
indivíduos deste grupo estarem sem agulhas de acupunctura permitiu que estivessem
mais à vontade que os indivíduos dos grupos 1 e 2, tendo-se notado nas intervenções
que foram os participantes mais agitados, influenciando a posterior medição da
pressão arterial e consequentemente os resultados obtidos neste trabalho. O aparelho
de pulso, por ser bastante falível, também pode ter influenciado as medições.
Não foi possível observar o mecanismo de vasodilatação a que Birch se refere, devido
à falta de técnicas mais apropriadas para estudar alterações vasculares e também
devido ao tempo de retenção de agulhas. O autor afirma que após 20 minutos de
vasoconstrição inicia-se o processo de vasodilatação, mas a investigação decorrente
apenas leu os valores para 10 minutos de agulhas, sendo possível verificar o primeiro
fenómeno, mas não o segundo.

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Acrescenta-se por fim que a análise da correlação das variáveis acrescentou valor ao
estudo em questão, isto porque o teste de Pearson, confirmou a existência de uma
relação entre a pressão sistólica, a pressão diastólica e a frequência cardíaca iniciais e a
pressão sistólica, pressão diastólica e frequência cardíaca finais, respectivamente. Daí,
que com este trabalho foi possível formular algumas equações que preveem
acontecimentos vasculares após a inserção de agulhas de acupunctura, para
acupunctura local é possível reproduzir a tensão arterial diastólica e a frequência
cardíaca e para a acupunctura distal apenas a frequência cardíaca.

CONCLUSÕES
Considerações gerais
Concluiu-se que esta investigação não permite inferir quais os efeitos vasculares
decorrentes da acupunctura. Os resultados obtidos não coincidiram com os resultados
esperados. Após a acupunctura, esperava-se principalmente um aumento da tensão
arterial diastólica e secundariamente o aumento da tensão arterial sistólica,
acompanhados da manutenção ou ligeiro aumento da frequência cardíaca. Este
aumento seria mais notório no grupo 1 do que no grupo 2. No grupo de controlo os
valores da tensão arterial sistólica e diastólica e da frequência cardíaca deveriam
diminuir após o tempo em repouso. Verificou-se que tal não aconteceu, de acordo os
resultados apresentados anteriormente.

Limitações do Estudo
A preparação da componente teórica desta investigação evidenciou dificuldades no
acesso a literatura relativa aos mecanismos fisiológicos da acupunctura em Portugal.
Quanto ao material online, apesar da sua relativa abundância, não é claro quais deles
são válidos e aceites pela comunidade científica. A investigação dos efeitos da
acupuntura é um assunto relativamente recente e inexplorado, o que resulta na falta
de referências e pontos de partida claros.
A análise estatística da componente experimental demonstrou uma baixa significância
dos dados obtidos para as variáveis estudadas, com p entre o,183 e 1,000, não
permitindo a generalização destes nem a consequente verificação ou formulação de
uma teoria.

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Ao nível da amostragem pode se referir que esta não foi seleccionada aleatoriamente
e não é representativa da população geral (o que conduz ao enviesamento dos dados).
As condições em que foram efectuadas as medições deram a origem a alguns erros nos
valores obtidos. O procedimento foi feito num espaço amplo, onde os participantes se
encontravam em contacto uns com os outros e portanto a comunicação estava
facilitada. A comunicação é um veículo de alteração dos estados emocionais e
juntamente com as mudanças de postura são factores influentes na alteração dos
valores da tensão arterial e da frequência cardíaca (justificando alguns valores
anormais registados).
O aparelho de pulso para medir a pressão arterial também não é o método mais fiável
e preciso, mas o seu uso foi propositado. Como um dos objectivos do estudo era
verificar se a diferença entre a acupunctura distal e local repercutiam diferentes
efeitos vasculares, para tal escolheu-se estimular com agulhas uma artéria principal e
mensurável - a artéria escolhida foi a artéria radial – e relacionar os resultados obtidos
com a estimulação distal e, para controlo, sem estimulação alguma. Para esta análise
preferiu-se então utilizar o medidor de pulso, porque a avaliação seria a mais concisa à
artéria radial possível.

Recomendações
Seria importante desenvolver o mesmo estudo numa escala maior, com uma amostra
representativa, para se poderem extrapolar dados e formular uma teoria.
Também seria relevantes controlar alguns factores/variáveis estranhas que possam
levar a erros ou ao enviesamento dos dados, principalmente quando se analisa um
mecanismo biológico tão volátil como a tensão arterial:
- pedir aos participantes para terem alguns cuidados 30 minutos antes de começar o
procedimento como não comer, ter a bexiga vazia, não fumar ou fazer exercício;
- controlar a comunicação entre os indivíduos durante o tempo de repouso nas
marquesas.
Por fim, em futuras investigações seria interessante:
- comparar o efeito vascular de pontos de acupunctura com efeitos hipertensores ou
hipotensores com o efeito vascular de pontos de acupunctura sem estas funções
específicas;

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- comparar as diferenças dos efeitos vasculares da punctura em acupontos com a
punctura em pontos fora do sistema de meridianos da MTC;
- conduzir um estudo semelhante ao presente, mas em pessoas hipertensas e/ou
hipotensas, verificando se as alterações vasculares seriam mais evidentes.
BIBLIOGRAFIA
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Brasil, 1986.
 Birch, S., Felt, R., Entendendo a Acupunctura, Editora Roca Lda, 2002, Brasil.
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Acupuncture & electro-therapeutics research, 1987.
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Editado por Marcelo Saad, Editora InTech, 2011.
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Lusociência, Portugal, 2007.
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humans, Journal of alternative and complementary medicine. Nova Iorque,
2010.
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