Relatorio Final de Acupuntura

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FACULDES INTEGRADAS ESPÍRITA – FIES

CURSO SUPERIOR DE FORMAÇAO ESPECÍFICA EM


NATUROTERAPIA
ÊNFASE EM TERAPIAS ORIENTAIS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE

ACUPUNTURA

CELIA REGINA ROCHA

Curitiba – PR
2021
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE ACUPUNTURA

Relatório Técnico de Estágio Supervisionado apresentado como


requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina de
Acupuntura, no Curso Superior de formação Específica em
Naturoterapia, ênfase em terapias Orientais – Curso Sequencial das
Faculdades Integradas “Espírita”.

Professor Supervisor: Leonardo Régio Vilela da Silveira.

Curitiba – PR
2021
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INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO

O presente relatório é referente ao estágio final supervisionado em acupuntura,


de fevereiro a julho de 2021, passou-se na clínica escola localizada dentro da
instituição de ensino superior da Faculdades Integradas “Espírita”, com o
funcionamento típico de consultório clínico, sempre às quintas feiras, das 19 até
22:30 horas ou por aulas EAD nos lockdown da pandemia;
A clínica escola das Faculdades Integradas Espirita tem o intuito de promover
o desenvolvimento prático dos estagiários e prestar um serviço à comunidade e aos
alunos, promovendo a união entre a população e a faculdade.
Durante o período em que estagiei, não tivemos pacientes da comunidade,
devido ao surto de pandemia de covid e, o número de atendimentos médio por
dia/estagiário é em torno de um caso com os próprios alunos do curso. Nesse
período acompanhei e fiz atendimento a pacientes, sendo também atendida.
A rotina consentia em chegarmos, prepararmos as salas, sempre atentos às práticas
de biossegurança, mantermos a área de trabalho limpa e organizada e cuidar do
material necessário para o atendimento, após esse manejo inicial o estagiário fica
disposição para as consultas.
Ao chegar algum paciente para consulta, logo é, por nós conduzido, a um dos
consultórios onde o atenderemos, sempre em dupla. Após ser feita a anamnese,
onde se preenche manualmente uma ficha clínica, na qual constam os dados
pessoais do paciente, um breve histórico clínico do mesmo, e é feito o exame físico
específico, tomada de pulso, auscultação e palpação, a observação dos aspectos
da língua, a cor e aspectos da pele, deixamos o paciente acomodado na maca e
levamos o caso para discussão junto com o professor. Após chegarmos ao
diagnóstico e tratamento, voltamos com o paciente e aplicamos o procedimento
escolhido, o deixamos na maca pelo tempo de 30 minutos, tempo esse suficiente
para que o fluxo de energia “QI” complete seu ciclo, logo após voltamos, retiramos
as agulhas e o liberamos, orientando para que retorne após uma semana para
observarmos sua evolução ao tratamento.
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1.2. FUNDAMENTOS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

A Medicina Tradicional Chinesa é fundamentada no conceito filosófico de


integridade e unidade do todo, ou seja, a unidade do corpo humano com a natureza.
O ser humano vive na natureza e ela representa uma condição vital para sua
sobrevivência, assim sendo, o nosso corpo é influenciado direta ou indiretamente
por seus movimentos e mudanças, e o grau de harmonia e saúde é determinado
pela qualidade da relação entre ambos. (CINTRA, et. al., 2010).
A constituição da humidade, em sua, também estão sempre interrelacionadas,
formando uma unidade, onde emoções e pensamentos (abstrato) influenciam o
funcionamento dos diferentes sistemas orgânicos (concreto) do corpo e vice-versa,
sendo assim, a integração mente-corpo é vista como um círculo de energia e
substâncias vitais em constante interação com os sistemas, de modo a formar o
organismo, e se a energia estiver em equilíbrio, tende-se à uma harmonia física e
mental, porém, em desequilíbrio são consumidos o corpo e a mente. (CINTRA, et.
al., 2010).
A teoria do Yin-Yang é utilizada para explicar os tecidos e estruturas, fisiologia
e patologia do corpo humano, e a dirigir o diagnóstico clínico e o tratamento. O Yin
(produz forma, cresce, substancial, matéria, contração, descendência, água,
lentidão, conservação) e o Yang (produz energia, gera, não substancial, energia,
expansão, ascendência, acima, fogo, rapidez, mudança) são condições contrárias
de uma mesma energia, dentro do corpo humano, que podem ser alteradas por
diversos tipos de influências, como alimentar, comportamental, entre outras. Essa
energia deve percorrer os meridianos, e sua falta ou seu excesso podem ser
reequilibrados através da manipulação de pontos determinados, marcados por
regiões cutâneas sensíveis dos canais, que tem seu trajeto definido ao longo do
corpo. (CINTRA, et. al., 2010)
A circulação energética no corpo humano é executada através da atividade
combinada e harmônica de órgãos e vísceras (sistema zang-fu), canais e colaterais,
unidades energéticas que processam e desempenham várias tarefas, seguindo a
ordem de um a outro, de um Yin a um Yang que o complementa, e daqui a outro
movimento, cumprindo os princípios de alternância energética, e assim, através do
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acoplamento yin-yang surgem os Cinco Elementos ou Movimentos. (CINTRA, et. al.,


2010)
As desarmonias ou fenômenos que ocorrem nos órgãos apresentam-se por
meio de síndromes, definidos como um grupo de fatores patológicos de origem
interna ou externa ao organismo, que mostram como a base energética da existência
e a expressão da matéria, a força vital (QÌ), está circulando no sistema de órgãos e
vísceras da pessoa (Zang Fu). Os sintomas das síndromes são verificados por oito
princípios ou critérios de diagnóstico: quanto à localização: (1) interno/profundo ou
(2) externo/superficial; quanto à natureza: (3) frio ou (4) calor; quanto à intensidade:
(5) vazio/deficiência ou (6) plenitude/excesso; quanto ao princípio: (7) yin ou (8)
yang. É, de muita importância também, no diagnóstico, a observação do meio em
que a pessoa se encontra e as condições de vida, sendo fundamentais, o aspecto
emocional, os hábitos alimentares, os hábitos sexuais e a atividade física, todos já
descritos acima. (CINTRA, et. al., 2010)

2. ACUPUNTURA

É um procedimento de saúde milenar baseado na Medicina Tradicional Chinesa,


que consiste no uso de agulhas finíssimas para estimular pontos e linhas (meridianos)
ao longo do corpo humano, estabelecendo uma relação entre órgãos, vísceras e os
meridianos, com o intuito de restabelecer e equilibrar o fluxo natural de energia
regulando assim, as funções orgânicas corpóreas. (CINTRA, et. al., 2010)
No ocidente é bastante conhecida pela sua eficiência no tratamento das dores
musculoesqueléticas, porém, muitas outras condições clínicas podem se beneficiar do
tratamento. (CINTRA, et. al., 2010)
A acupuntura clássica chinesa, emprega tradicionalmente o uso de agulhas
filiformes, moxabustão, ventosa e sangrias, e acompanhando o avanço dos recursos
tecnológicos, associaram-se a esta técnica tão antiga, estímulos elétricos através das
agulhas nos acupontos, compondo uma variante chamada de eletroacupuntura.
(SILVÉRIO-LOPES, 2013)

2.1. DIFERENTES TÉCNICAS DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA


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APLICADAS JUNTO À ACUPUNTURA

MOXABUSTÃO

Também chamada de moxa, esta técnica consiste na utilização de um charuto


feito com folhas secas de Artemísia, o qual é aceso e aproximado do ponto a tratar,
ativando o fluxo de energia a fim de expulsar o frio dos canais. A queima da moxa
produz estímulos de calor que são passados aos canais de energia (meridianos) e
colaterais e, ao se aprofundarem pelas camadas da pele, ajudam a regularizar o
equilíbrio das funções fisiológicas do corpo. Pode ser aplicada diretamente sobre a
pele (moxa direta: com ou sem cicatriz) ou indiretamente (moxa indireta: sobre uma
fina fatia fresca de gengibre, ou ainda, sobre uma camada de sal grosso,
intensificando o efeito). Importante, não usar em síndrome de calor. (WEGNER, et.
al., 2013)

VENTOSATERAPIA

Técnica de sucção de determinadas regiões do corpo ou em um acuponto,


através de recipientes especiais (ventosas), indicada para a redução de dor crônica,
com o objetivo de expulsar toxinas, purificar o sangue e ativar a circulação sangüínea
local. (Moura, et. al., 2018)

AURICULOTERAPIA

Técnica em que o pavilhão auricular reflete um microssistema do corpo humano,


com todos seus órgãos e membros, utilizando pontos específicos da orelha para tratar
várias desordens do corpo. Cada região reflete um órgão distinto. É indicada para o
tratamento de muitas enfermidades, e quando o órgão ou membro estiver
desequilibrado (yin/yang) a região correspondente na orelha manifesta sinais de que
ele precisa de cuidados e atenção. Pode-se empregar como instrumentos agulhas
semipermanentes ou sistêmicas para fazer a estimulação desses pontos, as
sementes, imãs magnéticos, cristais de quartzo, esferas de aço, prata e ouro,
aparelhos elétricos, até equipamentos dotados de emissão de raio laser, também
podem ser utilizados para realizar a estimulação. Seu objetivo principal é estimular a
orelha para obter um efeito terapêutico positivo na parte doente do corpo, ou meridiano
em desequilíbrio. (OLIVEIRA, et. al., 2014)
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ELETROACULPUTURA

Os princípios terapêuticos da eletroterapia encontram sua fundamentação nas


interações provocadas em níveis celular, tecidual e sistêmico; consequentemente, no
âmbito fisiológico. O fluxo da corrente elétrica através de um meio condutor biológico
desencadeia efeitos fisiológicos, envolvendo fenômenos eletroquímicos, eletrofísicos
e eletrotérmicos. Dentre os parâmetros físicos mais relevantes e estudados na
eletroacupuntura, desponta a frequência estimulatória, em especial, suas relações
com a liberação de opioides endógenos em processos analgésicos e anti-
inflamatórios. (NOHAMA, et. al., 2008)

SANGRIA
Métodos de inserção de agulha filiforme que propositadamente causam a
sangria. Técnica mais antiga da acupuntura e tem muitas funções de acordo com a
Medicina Chinesa, dentre as mais importantes estão: liberar e circular fluxo, eliminar
a estagnação e limpar o Calor do Sangue (Xue), além de outras numerosas funções
secundárias tais como: sangramento nasal, dores de cabeça, estagnação, dor
lombar, doenças cardíacas entre outras. (BORTOLIN, 2017)
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3. OBJETIVOS

3.1. GERAL

Obter conhecimento prático e teórico por meio dos atendimentos.

3.2. ESPECÍFICOS

- Compreender a rotina do atendimento clínico em Acupuntura;

- Efetuar diagnóstico segundo métodos da Medicina Tradicional Chinesa;

- Aplicar as técnicas da Medicina Tradicional Chinesa;

4. ESTUDO DE CASO

4.1 Patologia: Asma Aguda na medicina Ocidental


A asma, também denominada de asma brônquica ou bronquite asmática, é das doenças
respiratórias crónicas mais comuns em todo o mundo aumentando a incidência nos
últimos trinta anos. Estima-se que uma em cada vinte pessoas sofra de asma. É
provocada por uma complexa relação entre fatores genéticos e ambientais, tais como:
infeções víricas, alérgenos e agentes ocupacionais que influenciam não só o seu
aparecimento como a sua progressão.

As causas ou “gatilhos” que desencadeiam frequentemente as crises são as seguintes:

• Infeções víricas (constipações);


• Exercício físico;
• Exposição a alérgenos;
• Mudanças no clima;
• Risos;
• Substâncias irritantes (fumo, poluição ou cheiros fortes).

Tipos de asma
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A asma é uma doença heterogénea com diferentes processos subjacentes. O conjunto de


características demográficas, clínicas e/ou fisiopatológicas são frequentemente
chamadas de fenótipos de asma. No entanto, até à data, não foi estabelecida uma relação
forte entre as características patológicas específicas e os padrões clínicos específicos
com a resposta ao tratamento.

Asma - sintomas

Existem sinais e sintomas respiratórios típicos de asma e quando presentes, aumentam


a probabilidade de estarmos na presença de um doente asmático:

• Mais de um sintoma (sibilos, falta de ar, tosse, aperto no peito), especialmente em


adultos. Os sibilos são popularmente denominados de “pieira”, “chiadeira”, “gatos”,
“farfalheira”, entre outros;
• Os sintomas, muitas vezes, pioram à noite ou no início da manhã; daí ser muitas
vezes denominada por asma nocturna;
• Os sintomas variam ao longo do tempo e de intensidade;
• Os sintomas são desencadeados por infeções víricas (constipações), exercício
físico, exposição a alérgenos, mudanças no clima, risos e substâncias irritantes
(fumo, poluição ou cheiros fortes).

Todavia, as características que a seguir apresentamos reduzem a probabilidade de que


se tratem de sintomas respiratórios associados à asma:

• Tosse isolada, sem outros sintomas respiratórios;


• Produção crónica de expectoração - a tosse asmática é caracteristicamente seca;
• Falta de ar associada a tonturas, sensação de desmaio ou formigueiro nas mãos e
nos pés (parestesia). Esta situação associa-se mais a asma emocional ou crise
histérica;
• Dor no peito;
• Dispneia induzida pelo exercício com a inspiração ruidosa (diferente da asma
induzida pelo exercício físico).

Asma - diagnóstico
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O diagnóstico da asma é baseado na identificação da associação de um padrão


característico de sintomas respiratórios como pieira, falta de ar (dispneia), aperto torácico
e tosse, com a documentação de uma limitação do fluxo aéreo expiratório variável (através
de um exame de espirometria).

A asma não é contagiosa, ou seja, não se “pega” ou não é transmitida de pessoa para
pessoa, porem existe uma forte componente genética familiar na transmissão da asma.
Ou seja, a doença poderá ser transmitida de pais para filhos.

Perante uma asma não tratada, em que o doente já teve uma crise grave com necessidade
de cuidados intensivos, ou recorreu à urgência no último ano com agudização ou
problemas psiquiátricos existe um risco acrescido de ataque de asma fatal. Além das
crises de asma as consequências de uma asma mal controlada centram-se sobretudo na
qualidade de vida, qualidade laboral, prática desportiva, no sono. Uma das complicações
da asma mal controlada por longos períodos e com múltiplas agudizações centra-se no
agravamento irreversível da função respiratória.

4.2 Asma na Medicina Tradicional Chinesa

Na Medicina Chinesa, é importante conhecer muito bem a teoria dos Cinco

Movimentos que afirma que a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água são os

materiais básicos que constituem o mundo material. Na teoria dos Cinco

Movimentos, existem quatro sequencias: Sequência de Geração, Sequência de

Controle, Sequência de Supersaturação e Sequência de Afrontação. De acordo com

a Medicina Chinesa, existem três principais órgãos envolvidos na asma, que são o

Pulmão, o Rim e o Baço. Existem várias causas que podem desencadear a asma,

sendo as principais a formação da Fleuma e do Calor, invasão de Vento ou a

deficiência de um ou mais órgãos citados. O tratamento da asma é feito em conjunto

com a Medicina Ocidental. O tratamento pela acupuntura segue o princípio de

reequilibrar o corpo, dispersando os fatores causadores quando existem e/ou

fortalecendo os órgãos que estão em deficiência.


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Para Maciocia (1996), a asma manifesta-se através da Fleuma (Tan yin) -

Calor Obstruindo o Pulmão (Fei).

Assim como Filshie e White (2002), Ross (2003), descreve a asma como

síndrome ocidental e a justapõe com a síndrome chinesa chamada Xiao Chuan, que

tem como significado a respiração difícil e sibilante.

4.3.1 Etiologia

Segundo Maciocia (1996), a etiologia pode ser decorrente da ingestão

excessiva de alimentos quentes e gordurosos, como por exemplo, carne frita e

alimentos picantes e oleosos, levando à formação da Fleuma (Tan yin) e do Calor.

Maciocia (1996) cita o fumo como um fator que pode conduzir a este padrão,

uma vez que o tabaco apresenta uma energia quente do ponto de vista da Medicina

Chinesa.

Este padrão pode também ser precipitado ou agravado pela invasão do

Vento-Calor-Exterior (MACIOCIA, 1996).

Diferente de Maciocia (1996), Ross (2003) cita três principais fatores que

causam a asma: a) Deficiência; b) Invasão de Vento; c) estresse emocional.

De acordo com Ross (2003), a deficiência de três principais órgãos pode

predispor à asma, são eles: (a) Pulmão; (b) Rim; (c) Baço.

Uma Deficiência no Pulmão, segundo Ross (2003), pode facilitar a invasão de

Vento Frio ou haver uma falha em dispersar a Fleuma, fazendo com que esta se

acumule, agravando a asma.

A Deficiência do Rim pode falhar em manter a respiração na parte de baixo do

corpo de forma adequada, ocorrendo a respiração curta, ou contribuir para a

fraqueza do Qi Defensivo e infecções respiratórias de repetição (ROSS, 2003).

Mike (1995) concorda com Ross (2003), e explica que a asma pode ser

causada por deficiência do Pulmão, ou deficiência do Rim, os quais falham no


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desempenho de sua função de receber Qi (ar). Esse tipo de asma para o autor, é

uma asma do tipo deficiência.

De acordo com Ross (2003), pode haver o agravamento da asma se o Baço

não estiver transformando a Umidade adequadamente e a Fleuma se acumular no

corpo, dessa forma haverá a obstrução das vias aéreas.

A invasão de vento, segundo Ross (2003), é um conceito da Medicina

Chinesa que inclui a asma precipitada por vento frio propriamente dito, por infecções

agudas ou por reações a agentes alergênicos presentes no ar ou nos alimentos e

bebidas.

Para Maike (1995), também existe a asma do tipo excesso que resulta da

disfunção descendente do Pulmão, devido a invasão de vento-frio exógeno ou

distúrbio do fleuma-calor.

Ross (2003) expõe que a asma pode ser originada por um estresse

emocional, como o medo do Rim ou ansiedade e excesso de entusiasmo do

Coração. Para o tratamento da asma emocional, a eficácia estaria na estabilização

do Rim ou do Coração.

4.3.2 Fisiopatologia:

Para Maciocia (1996), a condição básica é uma Deficiência do Qi do Baço (Pi)

conduzindo à formação da Fleuma (Tan yin). O autor enfatiza que do ponto de vista

dos Oitos Princípios, esta é uma condição de Excesso-Calor-Interior.

As manifestações clínicas, segundo Maciocia (1996), são: a) tosse em forma

de latido; b) expectoração de coloração amarela, verde ou escura e profusa com um

odor desagradável; c) dispnéia; d) plenitude torácica; e) língua é vermelha, com

saburra de coloração amarela, aparecendo de forma espessa e pegajosa; f) o pulso

é escorregadio-rápido-cheio.

Para Ross (2003), os sintomas durante as crises são: a) retenção de fleuma e


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frio no pulmão; b) retenção de fleuma e calor no pulmão; c) retenção de fleuma no

pulmão; d) deficiência do Pulmão e do Rim.

De acordo com Ross (2003), os sintomas entre as crises são: a) deficiência

do Qi do Pulmão e deficiência do Qi defensivo; b) deficiência do Qi do Pulmão e

deficiência do Yin do Pulmão; c) deficiência do Qi do Baço e acúmulo de fleuma; d)

deficiência do Qi do Pulmão e deficiência do Qi do Rim.

Segundo Maike (1995), cada tipo de asma tem um sintoma diferente.

A asma do tipo excesso, para Maike (1995), apresenta os seguintes sintomas

se for originada de vento frio: tosse com secreção rala, respiração ofegante. Em

geral, existem os sintomas de febre, calafrios, anidrose, revestimento da língua

branco e pulso forte e rápido. Se a asma for originada de flegma-calor, os sintomas

são: respiração rápida e grosseira, sensação de sufocamento no peito, catarro

purulento e espesso, revestimento da língua espesso e amarelado, pulso rápido,

rolante e forçado.

Para Maike (1995), a asma do tipo deficiência apresenta os seguintes

sintomas se for originada da deficiência do Pulmão: respiração ofegante, voz fraca e

baixa, hidrose, pulso fraco. Se for originada da deficiência do Rim, os sintomas

serão: asma, dispnéia devido o esforço, calafrios com extremidades frias, pulso

profundo, fino e fraco.

TRATAMENTO PELA MEDICINA OCIDENTAL

Estudos apontam para o tratamento de asma brônquica grave através


corticoterapia inalatória e sistêmicas, necessária ao controle imediato ou profilático da
doença, pois, a corticoterapia inalatória é bem estabelecida e usada como um meio
rápido de redução do quadro sintomático devido à redução da inflamação gerando
melhora da função pulmonar em poucos dias ou semanas, resultando também em
modificação da hiper responsividade no decorrer de meses. (Cristina et. al., 2011)
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O ajuste da dose mínima deve ser periódico e está relacionado a gravidade do


quadro apresentado, ressaltando a necessidade de associação de medidas de
prevenção de efeitos secundários como a osteoporose, através de uso de biofosfonatos
exercícios físicos regulares e dieta com suplementação cálcica e de vitamina. (JESSICA
et., al.,2015).

Além de tais medidas, recomenda-se a realização regular dos níveis glicêmicos e


da pressão arterial, a avaliação de complicações gastrointestinais como o refluxo
esofágico, e a avaliação de complicações oftalmológicas. (Corrigan et. al., 2003)

TRATAMENTO PELA MEDICINA ORIENTAL (ACUPUNTURA)

Maciocia (1996) descreve como princípio de tratamento resolver a Fleuma

(Tan yin), eliminar o Calor e estimular a função descendente do Pulmão (Fei).

Os pontos do tratamento, segundo Maciocia (1996), são: Chize P-5, Lieque P7, Yuji P-
10, Quchi IG-11, Zhongfu P-1, Feishu B-13, Zhongwan VC-12 e Fenglong

E-40. O método a ser usado nos pontos é a sedação, exceto para o VC-12.

Segundo Maciocia (1996), o P-5 elimina o Calor e a Fleuma (Tan yin) do

Pulmão (Fei); P-7 restaura a função de descendência do Pulmão (Fei) e cessa a

tosse; P-10 elimina o Calor do Pulmão (Fei); IG-11 elimina o Calor; P-1 restaura a

função de descendência do Pulmão (Fei) e elimina o Calor do Pulmão (Fei); B-13

pode eliminar o calor do Pulmão (Fei); VC-12 resolve a Fleuma (Tan yin) (com o

método de estimulação moderada) e E-40 resolve a Fleuma (Tan yin).

Maike (1995), explica que para a asma de tipo excesso devida ao vento-frio,

os pontos do Canal do Pulmão são utilizados como pontos principais para eliminar o

vento e o frio e acalmar a asma. Pode-se acompanhar a moxabustão nessa

condição de asma. A prescrição para vento-frio é aplicar as agulhas nos pontos:

Feishu B-13, que ativa o Qi do Pulmão; Lieque P-7 e Hegu IG-4, que eliminam o

vento e o frio.
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Para asma de tipo excesso causada pelo fleuma-calor, Maike (1995), afirma

que os pontos do Canal do Estômago são utilizados como pontos principais para

dissolver o fleuma e acalmar a asma. A prescrição para fleuma-calor é aplicar as

agulhas nos pontos: Fenglong E-40 e Tiantu VC-22, um ponto distal, combinado com

um ponto local, acalmam a respiração e dissolve o flegma; Chize P-5, ponto He -

Mar do Canal do Pulmão, que reduz o calor no Pulmão e acalma a asma;

Dingchuan, que deve ser usado como ponto extra, pois alivia a asma.

Segundo Maike (1995), para a asma de tipo deficiência, deve-se reforçar o Qi

(energia vital) do Pulmão e do Rim. Devem-se inserir as agulhas com o método de

reforço e a moxabustão é aconselhável. A prescrição dos pontos para a asma do

tipo deficiência do Pulmão é: Feishu B-13, que reforça o Qi do Pulmão; Taiyuan P-9

e Zusanli E-36, que de acordo com a teoria dos cinco elementos, ambos estão

relacionados com a terra, e a incisão desses dois pontos visa fortalecer o Pulmão

(metal) através da revigoração do Baço (terra) e Estômago (terra)

Para asma do tipo deficiência do Baço, deve-se utilizar, segundo Maike

(1995), os pontos: Shenshu B-23 e Mingmen VG-4, que reforçam o Qi (energia vital)

do Rim; Qihai VC-6, é um ponto essencial para o fortalecimento do Qi; Shanzhong

VC-17, é o ponto de influência que domina o Qi (respiração), e visa regular o Qi e

acalmar a asma.

Maike (1995), ainda fala que para asma crônica persistente, devem-se usar

os pontos: Shenzhu VG-12 e Gaohuangshu B-43, esses pontos podem aliviar a

asma crônica e deve-se aplicar a moxabustão indireta com alho nesses pontos.

Para Ross (2003), a combinação básica dos pontos é: Dìngchuan, VC-17, B13, P-6, PC-
6, E-40 método de dispersão; R-3 método de tonificação.

Ross (2003) ressalta que durante uma crise, pode-se usar um método de

dispersão vigoroso em todos os pontos, exceto no ponto R-3. Já entre as crises,

usa-se o método de harmonização. Caso esses pontos não sejam suficientes,


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podem-se acrescentar os pontos P-1 e P-7 com o método de dispersão.

Ross (2003) adverte que esta combinação pode ser forte demais para

pacientes que possuem Deficiência do Qi do Pulmão e do Rim, que se encontram

cansados, abatidos e temerosos, principalmente em um primeiro tratamento.

Pacientes nessas condições podem desmaiar com esta combinação, uma alternativa

é a combinação do VC-17, P-6, PC-6, E-40 método de dispersão; R-3 método de

tonificação.

De acordo com Ross (2003), pode-se massagear o R-1 caso o paciente

esteja com medo.

De acordo com Ross (2003), em crianças pequenas a combinação P-6, PC-6,

E-40 com método de dispersão pode ser suficiente em uma crise moderada. Já entre

as crises são recomendadas a combinação de B-13, B-20 e B-23 acrescida de Moxa, de

forma a fortalecer o Qi Defensivo e evitando infecções respiratórias que

desencadeiam as crises asmáticas.

6. CONCLUSÃO GERAL

A Medicina Chinesa pode trazer grandes benefícios às pessoas asmáticas,


contribuindo para a redução da medicação farmacológica, mas raramente é usada como
método exclusivo de tratamento, pois a asma pode ser uma doença fatal, e não se deve
abandonar a medicina ocidental. Como foi exposto no trabalho, para a Medicina Chinesa,
a asma pode ser desencadeada pela formação da Fleuma (Tan yin) e do Calor, pelo
Vento-Calor Exterior, pelas deficiências de Rim, Baço ou Pulmão, e pelo estresse
emocional, sendo que para cada tipo, há um tratamento diferente pela acupuntura. A
Medicina Chinesa não cura a asma por completo, porém, pode melhorar muito a
qualidade de vida da pessoa, fazendo um importante trabalho entre as crises e durante
as crises em conjunto com a medicina ocidental.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2021.

MOURA, C. C., CHAVES, E. C. L., CARDOSO, A. C. L.R., NOGUEIRA, D. A., CORRÊIA,


H. P., CHIANCA, T. C.M., Cupping therapy and chronic back pain: systematic review
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<http://www.scielo.br/pdf/rlae/v26/pt_0104-1169-rlae-26-e3094.pdf>. Acesso em: 29 jul.
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WEGNER, F., DALLA COSTA, A., RIBEIRO, G. K. S., ANDOLFATO, K. M., COMPARIN,
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