2020 - Chapila, Amélia Gilberto
2020 - Chapila, Amélia Gilberto
2020 - Chapila, Amélia Gilberto
Inhambane, 2020
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Inhambane, 2020
ii
Declaração
Declaro que este trabalho de fim do curso é resultado da minha investigação pessoal, que todas as
fontes estão devidamente referenciadas, não contendo nenhum plágio, e que nunca foi
apresentado para a obtenção de qualquer grau nesta Universidade, Escola ou em qualquer outra
instituição.
Assinatura
_____________________________________
Data: ____/____/______
iii
Inhambane, _____/_____/2020
________________________________________ _____________
Categoria, Grau e Nome completo do Presidente Rúbrica
________________________________________ _____________
Categoria, Grau e Nome completo do Supervisor Rúbrica
________________________________________ _____________
Categoria, Grau e Nome completo do Arguente Rúbrica
iv
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha mãe Laura Alberto Banze em memória, pelos longos momentos de
conversa e conselhos sobre a importância da academia para a vida.
v
Agradecimentos
A realização deste trabalho não teria sido possível sem a colaboração de diversas pessoas. Em
primeiro lugar, agradecer a Deus pela força que me concedeu para a realização do mesmo, e em
segundo aos meus pais Sr. Gilberto Chapila e a Sr.ª Laura Alberto Banze, pelo carinho, confiança
e incentivo nos momentos mais difíceis, apoio incondicional financeiro, dado durante todo o
percurso académico. Aos meus irmãos Nilton, Jaime, Beatriz, Artur, pela motivação e
participação directa, desde o primeiro ano até à realização deste trabalho. Ao meu estimado
namorado Armindo Macanze pela disponibilidade para ajudar em qualquer situação sem
condicionalismo.
Os meus profundos e sinceros agradecimentos são direccionados ao meu supervisor dr. Augusto
Nombora, por todo auxílio, conselhos, disponibilidade e ensinamentos dados durante a
elaboração do trabalho.
Aos meus amigos, tanto novos quanto antigos, que me estimulam sempre a crescer e alcançar
voos mais altos rumo à novos horizontes.
vi
RESUMO
O estudo faz a abordagem da Análise da Acessibilidade Para Pessoas Com Deficiência Motora nos
Empreendimentos Turísticos no Município de Inhambane, com objectivo geral, Analisar as condições criadas nos
empreendimentos turísticos do MI para facilitar o acesso de pessoas com deficiência motora, e é operacionalizado
por quatro objectivos específicos: i) Identificar as condições criadas nos empreendimentos turísticos no MI para
facilitar o acesso de pessoas com deficiência motora; ii) Descrever as medidas adoptadas nos empreendimentos
turísticos para potenciar a acessibilidade de pessoas com deficiência motora; iii) Relacionar as condições de
acessibilidade criadas nos empreendimentos turísticos e o fluxo de pessoas com deficiência motora; e iv)
Diagnosticar os desafios nos empreendimentos turísticos do MI para facilitar o acesso de pessoas com deficiência
motora. Em termos metodológicos, o trabalho caracteriza-se numa pesquisa exploratória e explicativa por basear-se
na revisão bibliográfica e aplicando entrevistas aos trabalhadores dos empreendimentos turísticos sobre as condições
de acessibilidade nos empreendimentos turísticos do MI, e foi aplicada a observação das condições de acesso para
pessoas com deficiência motora. Os dados, foram analisados por método descritivo e indutivo. Os resultados indicam
que, maior parte dos empreendimentos turísticos no MI, não reúne condições que facilitam o acesso de pessoas com
deficiência motora. Os trabalhadores dos empreendimentos turísticos não possuem capacitação específica para lidar
com pessoas com deficiência motora. O fluxo de turistas com deficiência motora nos empreendimentos turísticos é
menor. Foram diagnosticados os seguintes desafios: i) Adquirir um número significativo de cadeiras de roda para
facilitar a circulação no interior do empreendimento turistico; ii) Montar elevadores para o acesso mais eficiente aos
quartos dos pisos acima para pessoas com deficiência motoa; iii) Colocar rampa e corrimão na entrada do
empreendimento turistico, no acesso aos quartos e em todos os espaços de lazer e diversão; iv) Recrutar os
profissionais com idoneidade para ajudar as pessoas com deficiência motora na circulação em todo o espaço do
empreendimento turístico; e v) Desenvolver programas de capacitação contínua aos trabalhadores, sobre boas
práticas de prestação de serviço para pessoas com deficiência motora; Concluiu-se que, ainda não existem condições
completas nos empreendimentos turísticos no MI, para o acesso de pessoas com deficiência motora. No entanto,
continua sendo desafio o reforço de medidas e criação de condições por parte dos empreendimentos para a satisfação
plena das necessidades deste público.
CI – Cidade de Inhambane
MI – Município de Inhambane
Lista de Figuras
Figura 1 - Rampas e corrimãos para pessoas com deficiência motora nos destinos turísticos…...12
Figura 5 - Exemplo do acesso com rampa para pessoas com deficiência motora.........................20
Lista de Tabelas
Lista de Quadros
Conteúdos Páginas
Folha de Rosto…………………………………………………………………………………………………………..i
Declaração .................................................................................................................................................... ii
Folha de Avaliação……………………………………………………………………………………………………iii
Dedicatória ...................................................................................................................................................iv
Agradecimentos .............................................................................................................................................. v
RESUMO .......................................................................................................................................................vi
Listas de Siglas e Abreviaturas ................................................................................................................... vii
Lista de Figuras ......................................................................................................................................... viii
Lista de Tabelas ............................................................................................................................................ix
Lista de Quadros ...........................................................................................................................................ix
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 1
1.1. Contextualização .....................................................................................................................................1
1.2. Problematização ......................................................................................................................................3
1.3. Hipóteses .................................................................................................................................................4
1.4. Justificativa..............................................................................................................................................4
1.5. Objectivos ...............................................................................................................................................5
1.6. Metodologia ............................................................................................................................................6
1.6.1. Classificação da pesquisa .....................................................................................................................6
1.6.2. Fases da pesquisa .................................................................................................................................6
1.6.2.1.Fase da escolha do tema e revisão bibliográfica ................................................................................6
1.6.2.2. Fase de colecta de dados ...................................................................................................................7
1.6.2.3. Fase de análise e interpretação de dados ...........................................................................................9
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................ 10
2.1. Discussão dos Conceitos Básicos ..........................................................................................................10
2.2. Condições Criadas Nos Destinos Turísticos Para Facilitar a Acessibilidade de Pessoas Com
Deficiência Motora.......................................................................................................................................12
2.3. Medidas Adoptadas Nos Destinos Turísticos Para Potenciar a Acessibilidade de Pessoas Com
Deficiência Motora.......................................................................................................................................17
2.4. Relação Entre as Condições de Acessibilidade nos Empreendimentos Turísticos e o Fluxo de Pessoas
Com Deficiência Motora ..............................................................................................................................18
2.5. Desafios dos Destinos Turísticos Face a Acessibilidade de Pessoas Com Deficiência Motora ............19
3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................... 21
3.1. Características Gerais do Município de Inhambane ..............................................................................21
3.2. Condições Criadas Pelos Empreendimentos Turísticos no MI Para Facilitar o Acesso de Pessoas Com
Deficiência Motora.......................................................................................................................................22
3.3. Medidas Adoptadas Pelos Empreendimentos Turísticos do MI Para Potenciar a Acessibilidade de
Pessoas Com Deficiência Motora ................................................................................................................23
3.4. Relação Entre as Condições de Acessibilidade Criadas Pelos Empreendimentos Turísticos e o Fluxo
de Pessoas Com Deficiência Motora ............................................................................................................24
3.5. Desafios dos Empreendimentos Turísticos do MI Para Facilitar a Acessibilidade de Pessoas Com
Deficiência Motora.......................................................................................................................................25
4.1. Considerações Finais .............................................................................................................................27
4. 2. Recomendações ....................................................................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 29
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
Segundo Devile (2009), o turismo tem vindo a ser considerado como um bem social de primeira
necessidade, e com isto tem-se notado a necessidade de adaptar os serviços e actividades
turísticas, de modo a ser do alcance de todos.
Ao longo de anos, a questão da acessibilidade no turismo tem tido cada vez mais importância e
deve ser abordado como uma necessidade de tornar os serviços turísticos mais acessíveis e
focados nas necessidades específicas dos indivíduos tanto para os destinos como para as
empresas de modo geral (DEVILE, 2009).
Para Sassaki (2003), uma perspectiva histórica referente à utilização da palavra acessibilidade
revela que a amplitude do conceito e divulgação desta política ocorreu nos anos 80, mediante
várias campanhas com o intuito de alertar a sociedade em relação às barreiras encontradas pelas
pessoas com deficiência motora). De lá pra cá, teóricos e pesquisadores vêm desenvolvendo
conceitos, a respeito da deficiência motora e suas respectivas necessidades e desafios.
Lopes (2017), defende que o tempo de lazer e a realização de actividades nos tempos livres, tem
tido cada vez mais importância numa sociedade que aposta cada vez mais numa vida activa. Hoje
em dia existem cada vez mais indivíduos com mobilidade reduzida, quer por condição de doença
que reduz a sua capacidade motora, quer por idade, que devem ter à sua disposição actividades e
serviços preparados para os receber, permitindo que sejam turistas independentes.
Segundo Lopes (2017), existem vários aspectos a ter em conta nos destinos turísticos, de forma a
potenciar a acessibilidade a pessoas com deficiência motora.
i) Necessidade de que a sua situação de deficiência seja entendida e aceite com naturalidade e
que a pessoa seja tratada como outro qualquer cliente; ii) necessidade de possuir a cadeira de
rodas, ou outro auxílio de marcha para a pessoa com deficiência motora; iii) Não ser
discriminado devido a sua incapacidade; iv) necessidade do profissional lhe prestar apoio mas
2
sem impor a sua ajuda; v) necessidade de que o profissional entenda as suas preocupações e
receios perante os serviços turísticos.
Por sua vez, a Assembleia Geral das Nações Unidas em 1999, aprovou o Código de Ética
Mundial para o Turismo que alerta para a prática do turismo, de forma ética, como forma de
compreensão internacional, um exercício da paz, da liberdade, tolerância e respeito à diversidade,
promovendo o desenvolvimento individual e colectivo, sem excepção.
Num contexto em que o Município de Inhambane, configura-se entre os destinos turísticos mais
visitados anualmente, por diferentes classes sociais incluindo pessoas com deficiência motora,
surge ideia sobre o tema Análise da Acessibilidade dos Empreendimentos Turísticos no
Município de Inhambane Para Pessoas Com Deficiência Motora, com objectivo de analisar as
condições criadas nos empreendimentos turísticos do MI para facilitar o acesso de pessoas com
deficiência motora.
O trabalho está estruturado em quatro (4) capítulos sendo: (I) Introdução, onde fez-se o
enquadramento, problema, justificativa, objectivos e metodologia; (II) Revisão Bibliográfica, que
apresenta o quadro teórico; (III) Apresentação e Discussão de Resultados; (IV) Conclusão, que
inclui as considerações finais e recomendações.
3
1.2. Problematização
Acessibilidade congregar tudo que é necessário para a promoção de adaptação entre o indivíduo e
as condições ambientais do espaço edificado. Assim, a acessibilidade completa ao meio físico é
fundamental para que pessoas com deficiência tenham a oportunidade de participarem da
sociedade com autonomia e qualidade de vida. (GUIMARÃES, 2007).
Durante muito tempo, a acessibilidade para pessoas com deficiência motora nos
empreendimentos turísticos foi negligenciada relegando somente a responsabilidade à família e
entidades especializadas responsáveis pelos cuidados e pelo direccionamento de suas vidas
(COELHO, 2014). Todavia, acessibilidade é um tema presentes no quotidiano das pessoas e nas
diversas esferas da sociedade actual.
Para Benevides (1998) o preconceito e a decorrente discriminação vivida com mais intensidade
pelos turistas com deficiência motora impedem de vivenciar seus direitos como cidadãos.
Segundo Adams et al (1995) a pessoa com deficiência embora tenha limitações, possui as
mesmas necessidades básicas de uma pessoa normal, reconhecimento, aprovação e
independência, sucesso, auto confiança, lazer e outras. Portanto, não dotar os equipamentos
turísticos de condição para que as pessoas com deficiência tenham autonomia, segurança e
beneficio quanto aos atractivos é uma maneira de dificultar a inclusão dos mesmos.
Todas as pessoas com deficiência, têm os seus direitos assegurados pela Constituição da
República de Moçambique. Nos termos do número 4 do artigo 125, o Estado promove a criação
de condições necessárias para a integração económica e social dos cidadãos com deficiência, e na
a) do mesmo número, prevê-se a criação de condições tendentes a evitar o isolamento desse
grupo inclusos os deficientes motores, e a marginalização social.
produtos a todos, sem restrições e com respeito à diversidade e diferenças de necessidades entre
as pessoas. Desta feita, surge a seguinte questão de pesquisa:
Que condições de acessibilidade para pessoas com deficiência motora existem nos
empreendimentos turísticos no Município de Inhambane?
1.3. Hipóteses
H1: Os empreendimentos turísticos no MI, não estão providos de condições que possam permitir
o acesso de pessoas com deficiência motora.
H2: Os empreendimentos turísticos no MI, têm condições de acessibilidade para pessoas com
deficiência motora, pois foram concebidos com equipamentos que facilitem a mobilidade destes,
como rampas, elevadores, corrimão.
1.4. Justificativa
Segundo a Lei 4/2004 que aprova a Lei do turismo, no seu artigo 16 no ponto 2 alínea c)
determina o seguinte: adequar os estabelecimentos turísticos e seus equipamentos ao uso de
pessoas com deficiência física. Conciliando os pressupostos da prática do turismo, durante o
exercício da actividade não se deve separar as pessoas com deficiência motora dos outros turistas.
Para o turismo representar uma parte do desenvolvimento e bem-estar integral das pessoas com
deficiência pessoas, deve ser realizado no mesmo espaço em que convivem todas pessoas. Assim
5
A escolha do tema reside no facto de o Município de Inhambane ser um dos maiores pólos
turísticos do país, com muitos empreendimentos turísticos que prestam diversos serviços
(hospedagem, restauração e entretenimento), e em diferentes épocas do ano tem recebido turistas
de diferentes extractos sociais incluindo pessoas com deficiência motora. É neste contexto que o
presente trabalho, procura analisar as condições de acessibilidade criadas nos empreendimentos
turísticos do MI para pessoas com deficiência motora, a fim de fazer a comparação com a
literatura, sua previsão no plano normativo e o seu cumprimento no plano efectivo real.
Do ponto de vista académico, a realização deste trabalho justifica se pela escassez de estudos
direccionado à acessibilidade nos empreendimentos turísticos para pessoas com deficiência
motora em particular na província de Inhambane, que possui considerável número de
empreendimentos turísticos. Por outro lado, visa contribuir na ampliação de publicações que
versam sobre o tema e servir de instrumento de apoio aos estudantes e profissionais da área.
1.5. Objectivos
Geral
Específicos
1. Identificar as condições físicas criadas nos empreendimentos turísticos para facilitar o acesso
de pessoas com deficiência motora.
2. Descrever as medidas adoptadas nos empreendimentos turísticos para potenciar a
acessibilidade de pessoas com deficiência motora.
3. Relacionar as condições de acessibilidade criadas nos empreendimentos turísticos e o fluxo
de pessoas com deficiência motora.
4. Diagnosticar os desafios dos empreendimentos turísticos do MI para facilitar o acesso de
pessoas com deficiência motora.
6
1.6. Metodologia
De acordo com Oliveira (2011), na metodologia deve-se apresentar como se pretende realizar a
investigação, deve-se descrever a classificação quanto aos objectivos da pesquisa, à natureza, a
escolha do objecto de estudo, a técnica de colecta e análise de dados. Neste trabalho, foram
aplicados os procedimentos metodológicos abaixo:
Do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa é qualitativa, baseou-se em entrevistas para colher
opiniões de trabalhadores dos empreendimentos turísticos dos três pontos turísticos no MI
(cidade de Inhambane, Tofo e Barra) e observação directa das condições de acessibilidade para
pessoas com deficiência motora.
Do ponto de vista dos objectivos, é uma pesquisa exploratória e explicativa, pois na óptica de Gil
(1999) a pesquisa exploratória tem como objectivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vista a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses, e a pesquisa é explicativa
quando a preocupação central é identificar os factores que determinam ou que contribuem para a
ocorrência dos fenómenos. Neste sentido, esta pesquisa procura analisar as condições de
acessibilidade de pessoas com deficiência motora nos empreendimentos turísticos no MI.
De acordo com Gil (2008), a metodologia compreende nove etapas a destacar: formulação do
problema; construção de hipóteses ou determinação dos objectivos; delineamento da pesquisa;
operacionalização dos conceitos e variáveis; selecção da amostra; elaboração dos instrumentos de
colecta de dados; colecta de dados; análise e interpretação dos resultados; redacção do relatório.
A presente pesquisa, resumiu-se em três (3) fases, nomeadamente:
A revisão bibliográfica, segundo Denker (2002) assume-se como um processo de leitura e recolha
de informação existente sobre o assunto em análise nas diferentes obras de literatura e
documentos. Este processo pressupõe a conjugação de fontes primárias e secundárias.
7
A colecta de dados foi realizada no Mês de Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020, nos três pontos
turísticos no MI (Cidade de Inhambane, Tofo e Barra) por via da técnica de entrevista1 e
observação2.
a) Entrevista
b) Observação
Foram verificadas as condições de acessibilidade para pessoas com deficiência motora nos
empreendimentos turísticos no MI.
Amostra
1
Segundo Gil (2008), pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao
investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que interessam à investigação.
2
Gil (Op. Cit) defende que a observação é feita para apurar os factos reais no local onde ocorre o fenómeno.
8
3
Segundo Gil (2008) a amostra por acessibilidade e conveniência o pesquisador selecciona os elementos a que tem
acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo. Aplica-se este tipo de amostragem em
estudos exploratórios ou qualitativos, onde não é requerido elevado nível de precisão.
4
Foi com auxílio do bloco de nota e esferográfica em que foram registadas as respostas.
5
Usou-se a máquina fotográfica para a captação das imagens e registo no bloco de notas os aspectos constatados.
9
Nesta fase, fez-se a codificação das variáveis pelo aplicativo informático Microsoft Office Word
2007 pelo que foram sistematizadas as respostas. A análise dos resultados foi qualitativa, pelo
facto da pesquisa cingir-se nas explicações, opiniões e comentários dos trabalhadores, o que
permitiu fazer uma descrição dos factos em textos explicativos, quadros e imagens.
Para Gil (2002) a análise qualitativa depende de muitos factores, tais como a natureza dos dados
colectados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que
nortearam a investigação.
Para a redacção deste trabalho, foi usado o aplicativo informático Microsoft Office Word 2007
obedecendo à metodologia de elaboração de trabalhos científicos prevista no Regulamento de
Culminação do Curso da ESHTI (2016).
10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Turismo
“Turismo compreende as actividades que as pessoas realizam durante as suas viagens e estadias
em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano com
finalidade de lazer, negócios ou outros” (OMT, 2001, p. 38).
Para Cunha e Abrantes (2013, p. 17) “turismo é o conjunto de actividades desenvolvidas pelos
visitantes em razão das suas deslocações, as atracções e os meios que as originam, as facilidades
criadas para satisfazer as suas necessidades e os fenómenos resultantes de umas e de outras”. Esta
definição foca os seguintes aspectos: Atracções, facilidades e a satisfação das necessidades.
Do exposto, percebe-se que o turismo compreende as viagens realizadas por pessoas para um
determinado espaço físico, fora de rotina habitual, com motivo de praticar actividades de lazer,
negócios e a satisfação das suas necessidades, por um período de permanência temporária.
Acessibilidade
Segundo Brasil (2006) a acessibilidade é a condição para utilização, com segurança e autonomia,
total ou assistida dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços
de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida.
11
Neste contexto, a acessibilidade pode ser entendida como um ambiente edificado que seja
acessível à todos, permitindo a mobilidade de pessoas com deficiência, independentemente da
sua deficiência.
Deficiência
Por outro lado a Organização Pan-Americana (2003) define a deficiência, como qualquer perda
ou anormalidade de uma estrutura ou função corporal incluindo a função psicológica.
Deficiência Motora
Nesta lógica percebe-se que a deficiência motora é alteração funcional que limita a capacidade
motora do ser humano e a consequente dificuldade de ultrapassar barreiras arquitectónicas.
12
2.2. Condições Criadas Nos Destinos Turísticos Para Facilitar a Acessibilidade de Pessoas
Com Deficiência Motora
Fig. 1 - Rampas e corrimãos para pessoas com deficiência motora nos destinos turísticos
Fonte: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/18240/1/2016.04.021
Coelho (2014) apresenta um quadro que descreve as condições para oferecer boa acessibilidade
para as pessoas com deficiência motora (quadro 3).
13
O quadro apresentado, coelho (Op. Cit) defende que as empresas turísticas devem criar todas as
condições para garantir boa acessibilidade aos turistas com deficiência motora. Por exemplo, a
pessoa com deficiência motora viaja para libertar-se da dependência social, desligar-se e refazer
energias, desfrutar da independência, estabelecer novos contactos, descansar, viver a liberdade e
procurar felicidades (KRIPPENDORF, 2001).
Para Kaufman (1995) as empresas turísticas devem oferecer serviços aos turistas com deficiência
motora, mantendo a oferta de bens e serviços acessíveis.
Para o caso de rampas o mesmo decreto estabelece no artigo5, número 2,4 e 9 que: As rampas
devem ter uma largura mínima de 1,50m, uma inclinação máxima de 6% e a extensão máxima, de
um só lanço, de 6m. A cada lanço seguir-se-á um patamar de nível para descanso com a mesma
largura da rampa e um comprimento mínimo de 1,50m. Ambos os lados da rampa devem dispor
de um duplo corrimões, a uma altura, respectivamente, de 0,90m e 0,75m, da superfície da
15
rampa. Os corrimões devem prolongar-se, pelo menos, 0,30m do início e ao topo da rampa, com
as extremidades arredondadas, Pode ser dispensada a exigência de corrimãos quando o nível a
vencer pelas rampas for inferior a 0,40m.
O mesmo diapositivo versa sobre os corredores no artigo 6, números 1, 9, 10, 11, 12 e 13.
Quando nas passagens desniveladas, houver recurso às escadas, estas devem ter largura mínima
de 1,50m, estar equipadas com guardas dos lados exteriores e corrimões de ambos os lados a uma
altura variando de 0,85m a 0,90m. Os corrimões devem ser contínuos, sem interrupção nas
plataformas das escadas e rampas, permitindo boa colocação e deslizamento das mãos.
O corrimão deve ter um diâmetro que varie de 0,04m a 0,05m para permitir uma boa aderência e
deslizamento das mãos; O corrimão deve prolongar-se, pelo menos, 0,30m do início ao topo da
rampa ou lance da escada. Deve ser deixado o espaço livre mínimo de 0,04m, entre a parede e o
corrimão. O parapeito deve ter uma altura mínima de 0,90m e neste ser afixado o corrimão. As
rampas ou escadas enclausuradas entre paredes devem ser guarnecidas com corrimão.
Nos termos do artigo 19, compete à Inspecção Geral de Obras Públicas e Recursos Hídricos,
fiscalizar o cumprimento das normas, sendo que no artigo 20 determina-se que a construção de
edifícios ou outras instalações de sistemas de serviços públicos sem os dispositivos técnicos
previstos no presente regulamento é punida:
a) Com multa de 8000,00 a 80.000,00 Meticais na Cidade de Maputo e nas cidades capitais de
províncias;
b) Com multa de 4000,00 a 40.000,00 Meticais nas restantes cidades e vilas;
c) Com multa de 2000,00 a 20.000,00 Meticais nas povoações ou localidades.
Os valores das multas cobrados ao abrigo do presente regulamento têm o seguinte destino:
a) 40% Para o Orçamento do Estado;
16
b) 40% Para Inspecção Geral de Obras Públicas entidade responsável pela sua cobrança;
c) 20% Para a Acção Social.
De acordo com Aguirre et al (2003) a plena acessibilidade ao meio físico é uma das condições
necessárias para a equiparação de oportunidades em toda a comunidade que se propõe a
desenvolver a qualidade de vida e o acesso ao turismo.
Para Trindade (2004) é necessário adequar toda a infra-estrutura, inclusive de apoio e serviços
tais como: As rampas de acesso, elevadores, corrimãos.
United Nations (1983) constata que as pessoas com deficiência devem ter as mesmas
oportunidade nas actividades recreativas que os outros cidadãos. Isto envolve a possibilidade de
frequentar restaurantes, cinemas, teatros, bibliotecas, assim como locais de lazer, estádios
desportivos, hotéis, praias e outros lugares de recreação.
A Lei do Turismo, apresenta uma lista de facilidades e serviços, bem como padrões a serem
observados pelo sector do turismo que facilitem o acesso ao consumo dos serviços turísticos
pelas pessoas com deficiência motora.
17
2.3. Medidas Adoptadas Nos Destinos Turísticos Para Potenciar a Acessibilidade de Pessoas
Com Deficiência Motora
Este código entrou em vigor em Outubro de 2009 e consiste num conjunto de 8 princípios
orientadores que os agentes turísticos devem seguir para serem certificados como agentes
turísticos que desenvolvem esforços para promover o turismo acessível.
O turista com deficiência motora o mapeamento da acessibilidade turística pode contribuir para o
livre deslocamento pelo destino turístico, além disso, o turista pode escolher visitar lugares
acessíveis.
19
2.5. Desafios dos Destinos Turísticos Para Acesso de Pessoas Com Deficiência Motora
Segundo Sassaki (2003), Coelho (2014) e Lopes (2017), actualmente os destinos turísticos
enfrentam vários desafios para acessibilidade de pessoas com deficiência motora tais como:
As empresas turísticas devem possuir cadeiras de roda que possam facilitar a circulação de
pessoas com deficiência motora para lugares de lazer e entretenimento, restauração, quartos e
balneários, tal como ilustra a imagem abaixo:
Figura 3 e 4 – Balneários com equipamento específico para o acesso de pessoas com deficiência motora
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/18240/1/2016.04.021
Figura 5 - Exemplo do acesso com rampa para pessoas com deficiência motora
Fonte: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/18240/1/2016.04.021
Os destinos turísticos têm desafios diversos na criação de condições que sejam favoráveis para a
satisfação plena das necessidades de pessoas com deficiência motora, e é necessário que se
observe rigorosamente todas as medidas impostas tanto na legislação de cada pais, quanto nas
normas universais.
21
Segundo Azevedo (2014), o MI situa-se na parte sudeste da província de Inhambane, ocupa uma
superfície de 195 km², limitando-se a norte pela Baía de Inhambane, no Oceano Índico; a sul,
pelo Distrito de Jangamo, pelo rio Guiúa; a leste, pelo Oceano Índico e a oeste, Município da
Maxixe, com clima tropical húmido e subdivide-se em 23 bairros6, conforme ilustra a figura 6.
6
Chalambe 1; Chalambe 2; Liberdade 1; Liberdade 2; Liberdade 3; Muelé 1; Muelé 2; Muelé 3; Guitambatuno;
Malembuane; Mucucune; Marrambone; Chamane; Salela; Machavenga; Sequiriva; Josina Machel; Conguiana;
Nhamúa; Ilha de Inhambane; Balane1; Balane 2 eBalane 3.
22
ITEM DESCRIÇÃO
79.724 mil habitantes, dos quais 41.858 do sexo feminino e 37.866 do
População sexo masculino
Etnia e língua Bitonga
Bebida tradicional sura, bolo de sura, prato Xiguinha e tapioca, dança
Hábitos e costumes tradicional Zore
Base económica A agricultura, pesca, turismo e o comércio informal
Telefonia móvel: Vodacom; Movitel e Tmcel.
Comunicação Mídias: Rádio Moçambique, Emissor Provincial de Inhambane;
Televisão de Moçambique delegação de Inhambane e Internet.
Pórtico dos escravos; locomotiva dos CFM; estátua de Vasco da
Atractivos turísticos Gama; Estátua de Samora Machel; Museu regional; Igreja velha;
Mesquita Velha; Burraco dos assassinatos. Paisagem da Baía de
Inhambane, Praia de Tofo, Tofinho, Barra e Rocha.
AZEVEDO (2014) e INE (2017)
A pesquisa revelou que a maior parte dos empreendimentos turísticos não reúne condições para
receber pessoas com deficiência motora, visto que alguns não têm rampas, corrimões, elevadores,
balneários para pessoas com deficiência motora. Entretanto, há empreendimentos que têm
algumas condições de acesso embora sejam poucos, nomeadamente: Hotel Casa do Capitão;
Manguela Light; Nhelendzi; Hotel Tofo Mar; Wagaya Barra Beach Inhambane e Sentidos Beach
Retreat. Tal como indica o quadro 7.
Acessibilidade Parcial
Vista do Mar Lodge Nenhuma Nenhum
Wagaya Barra Beach Inhambane Rampa Nível 2:
Acessibilidade Parcial
Sentidos Beach Retreat Rampa e Corrimão Nível 2:
Acessibilidade Parcial
Liquid Adventure Nenhuma Nenhum
Casa Barry Nenhuma Nenhum
Waryani Pariango Beach Motel Nenhuma Nenhum
Paraiso Massiney Corrimão Nível 3:
Reduzida acessibilidade
Fonte: A autora
Portanto, tendo-se notado que a maior parte dos empreendimentos turísticos não reúne condições
adequadas para receber turistas com deficiência motora, deduziu-se que esta fragilidade deriva da
negligência dos intervenientes do governo na avaliação das condições criadas para o acesso de
pessoas com deficiência motora.
Do exposto, propõe-se que para facilitar o acesso a pessoas com deficiência motora nos
empreendimentos turísticos, é necessário possuir equipamentos específicos, como rampas de
acesso, elevadores, corrimãos, tal como recomenda Trindade (2004).
disseram que tem dificuldades de lidar com esse grupo, por não possuir formação específica.
Essas dificuldades impossibilitam os turistas com deficiência motora, a aquisição de bens e
serviços, sendo necessário que os empreendimentos preparem os profissionais do atendimento
para tratar o público com presteza, cortesia e dignidade, oferecendo ajuda proactivamente em
lugar de difícil acesso às pessoas com deficiência motora conforme recomenda Burnett (1996).
Todos os trabalhadores dos empreendimentos turísticos, foram unânimes ao afirmar que, não
possuem uma capacitação específica para lidar com pessoas com deficiência motora. Face a esta
fragilidade, é necessário que os empreendimentos turísticos sigam recomendações do Código de
Boa Conduta da ENAT european network of accessible tourism (2009) que defende a promoção
do conhecimento, aquisição de competências e capacidades dos trabalhadores, sobre o respeito
pela diferença e diversidade e sensibilização para as necessidades e formas de comunicação com
as pessoas com incapacidade, com a finalidade de garantir que todos os clientes sejam recebidos
e tratados de maneira mais apropriada.
aderência deste grupo, em parte pode ser devido a falta de equipamentos adequados que facilitem
o acesso em alguns empreendimentos turísticos, tal como afirma Butler e Jones (2003).
Neste sentido, para facilitar a acessibilidade de pessoas com deficiência motora nos
empreendimentos turísticos no MI, é necessário providenciar condições e acesso desse grupo em
todos os lugares incluindo a existência de pessoal especializado para o seu atendimento.
Adquirir um número significativo de cadeiras de roda para facilitar a circulação no interior dos 16
empreendimento turísticos que não dispõe de cadeiras de rodas;
26
Montar elevadores para o acesso mais eficiente aos quartos dos pisos acima para pessoas com
deficiência motora para o caso do Hotel Casa do Capitão, Hotel Inhambane, Casa Jensen, Anda
Ca Lodge, Bama Breeze, Barra 5;
Recrutar os profissionais com idoneidade explícita para ajudar as pessoas com deficiência motora
na circulação em todo o espaço dos empreendimento turístico entrevistados;
4. CONCLUSÃO
O fluxo de turistas com deficiência motora nos empreendimentos turísticos é menor. A fraca
aderência destes deve-se à falta de equipamentos específicos (rampa, corrimão e elevador) que
facilitam o acesso e circulação, há fraca divulgação de informação que incentive pessoas com
deficiência motora a praticar o turismo.
para pessoas com deficiência motora; iii) Colocar rampa e corrimão na entrada do
empreendimento, no acesso aos quartos e em todos os espaços de lazer e diversão; iv) Recrutar os
profissionais com idoneidade explícita para ajudar as pessoas com deficiência motora na
circulação em todo o espaço do empreendimento turístico; v) Desenvolver programas de
capacitação contínua dos trabalhadores, sobre boas práticas de prestação de serviço para pessoas
com deficiência motora de forma que o acesso deste grupo seja acompanhado pela cultura
adoptada pelos próprios empreendimentos; vi) Sensibilizar a outros grupos de visitantes no
respeito, valorização e não descriminação das pessoas com deficiência motora.
Em geral, percebeu-se que ainda não existem condições completas nos empreendimentos
turísticos no MI, para o acesso de pessoas com deficiência motora. No entanto, continua sendo
desafio o reforço de medidas e criação de condições por parte dos empreendimentos para a
satisfação plena das necessidades deste público. Desta forma, esta afirmação remete a aceitação
da H1 e rejeição da H2.
4. 2. Recomendações
Para facilitar a acessibilidade para pessoas com deficiências motora nos empreendimentos
turísticos no MI, sugere-se as seguintes acções:
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Fig 7 e 8 – Corrimão e Rampa que dá acesso aos quartos e Piscina do Hotel Casa do Capitão
Fonte: A autora (2020)
Fig 9 – Rampae Corrimão que dá acesso aos quartos, recepção e restaurante no SentidosBeachRetreat
Fonte: A autora (2020)
APÊNDICE C – Empreendimentos Turísticos da Cidade de Inhambane, Tofo e Barra onde foi realizada a entrevista
Designação do estabelecimento:____________________________________________________
Serviços prestados: ______________________________________________________________
Localização:____________________________________________________________________
1. Que condições foram criadas para facilitar o acesso de pessoas com deficiência motora no
empreendimento?
2. Os trabalhadores possuem alguma formação para atender a turistas com deficiência motora?
3. Quais são as medidas adoptadas para a preparação de trabalhadores para melhorar a recepção
de turistas com deficiência motora?
4. Que medidas foram adoptadas no empreendimento turísticos para potenciar a acessibilidade
de pessoas com deficiência motora no consumo dos serviços?
5. Qual é a relação entre as condições criadas no empreendimento com o fluxo de pessoas com
deficiência motora?
6. Como tem sido o tratamento de pessoas com deficiência motora durante a estadia?
7. Quais as recomendações dos turistas com deficiência motora, em relação ao atendimento e
condições de acessibilidade no estabelecimento?
8. Quais são os desafios dos empreendimentos para receber pessoas com deficiência motora?
Apêndice H: Guião de Observação
1. Os compartimentos que possuem acessibilidade para pessoas com deficiência são previstos no
Decreto n°53/2008 de 30 de Dezembro. a) Sim ____ b) Não ____
2. As condições de acesso aos empreendimentos para pessoas com deficiência, foram cumpridas
devidamente as obrigações estabelecidas pelo Decreto n°53/ 2008 de 30 de Dezembro.
Nome do empreendimento Condições de Acessibilidade