Libras e o Atendimento Ao Cliente Surdo No Âmbito Da

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LIBRAS E O ATENDIMENTO AO CLIENTE SURDO NO ÂMBITO DA

SAÚDE
LIBRAS AND THE ATTENDANCE OF DEAF PATIENTS IN THE
HEALTHCARE SETTING
Raiene Teixeira Cardoso Lessa1, Erci Gaspar da Silva Andrade2.

Como citar:
Lessa RTC, Andrade EGS. Libras e o atendimento ao cliente surdo no âmbito da saúde.
Rev. Cient. Sena Aires. 2016; 5(2): 95-104.

RESUMO
O presente estudo objetiva analisar de acordo com opinião
do deficiente auditivo a utilização da Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e o atendimento ao mesmo no âmbito da saúde.
Utilizou-se pesquisa de campo qualitativa, realizada através de
uma entrevista para aplicação de questionário aos deficientes
auditivos, com finalidade de coletar dados, em diversos lugares
respeitando a disponibilidade dos entrevistados. De acordo com
resultados coletados a utilização da LIBRAS é a mais
requisitada, seja pela comunicação entre profissionais e
paciente deficiente auditivo ou com a presença de um
intérprete. O atendimento ao deficiente auditivo, depende de
fatores relacionado a comunicação, como a utilização da libras
ou outros. A partir de então se estabelece um bom vínculo ou
não com o deficiente auditivo. O domínio dos profissionais em
relação a LIBRAS é de fundamental importância para o bom

ORIGINAL
desempenho do atendimento ao deficiente auditivo no âmbito da
saúde.
Descritores: LIBRAS; Atendimento ao Surdo; Surdez.

ABSTRACT
The study aims to analyze according to opinion of the
hearing impaired the use of the Brazilian Sign Language (LBS)
and the service even in health. We used qualitative field
research, performed through an interview administered
questionnaire for the hearing impaired, with the purpose of
collecting data, in several places respecting the availability of
respondents. According to results collected using the LBS is the
most requested, is for communication between professionals
and patient hearing impaired or the presence of an interpreter.
The attendance for the hearing impaired, depends on factors
related to communication, such as the use of pounds or more.
The domain of professionals regarding the LBS is of
fundamental importance for the proper performance of the
service to the hearing impaired in health.
Descriptors: LBS; Caring for Deaf; Deafness.

Rev. Cient. Sena Aires.2016 Jul-Dez; 5(2): 95-104.


Lessa RTC, Andrade EGS.

INTRODUÇÃO

Atualmente no Brasil segundo censo do IBGE 2010 existe cerca de 45


milhões de pessoas portadoras de deficiência. Destes 1,7 milhão de pessoas
têm grande dificuldade de ouvir.1 Segundo padrões estabelecidos pela American
National Standards Institute deficiência auditiva “é considerada como a
diferença existente entre o desempenho do indivíduo e a habilidade normal
para detecção sonora”.2 Ou seja, a capacidade que o indivíduo tem para ouvir
de maneira dificultada ou ausência da percepção de sons.
Segundo decreto Nº 5.626, de dezembro de 2005, parágrafo único.
Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências
de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. De acordo com este decreto língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) deve ser inserida nos cursos de licenciatura, nos
cursos normais de nível superior, nas diferentes áreas de conhecimento
podendo ser optativa em cursos de educação superior e na educação de
profissionais, e outros.3
Já no art. 25 IX dá direito a “atendimento às pessoas surdas ou com
deficiência auditiva na rede de serviços do SUS e das empresas que detêm
concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por
profissionais capacitados para o uso de LIBRAS ou para sua tradução e
interpretação; e no inciso X - apoio à capacitação e formação de profissionais
da rede de serviços do SUS para o uso de LIBRAS e sua tradução e
interpretação”.4 Sendo de competência não só dos profissionais do SUS e, mas
de todo os outros profissionais da esfera da saúde, uma vez que esses
profissionais mais cedo ou mais tarde poderá ter contato com os deficientes
auditivo.
Para suprir as necessidades dos deficientes auditivos na área da saúde,
é necessário a utilização da comunicação. Podendo esta ser pela escrita,
leitura labial, com a presença de um profissional para tradução da língua
brasileira para língua de sinais e vice-versa, ou pela utilização da LIBRAS por
profissionais na conversação direta com o deficiente auditivo.4
Portanto a comunicação é ferramenta de fundamental importância no
atendimento em locais que promovem saúde. A falta ou falha na mesma
impedem o trabalho dos profissionais, dificultando assim um atendimento
humanizado.4
Com base nestas questões, o objetivo deste estudo foram analisar
através da opinião do cliente surdo a utilização da Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e o atendimento ao mesmo no âmbito da saúde, isto é, através desta
pesquisa realizada por questionários que profissionais da saúde poderá
analisar a comunicação entre os deficientes auditivos e profissionais. E a
partir de então melhorar o atendimento humanizado.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa de campo qualitativa. Foi realizada uma


entrevista através de questionário aos deficientes auditivos com intuito de
conhecer através da opinião do DA a utilização da LIBRAS (Língua Brasileira
de Sinais) e o atendimento ao mesmo no âmbito da saúde. Este foi composto
por 17 questões objetivas e 2 subjetivas, aplicados a 30 deficientes auditivos.
Foram inclusos na amostra os DA que aceitaram participar da
pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e
excluído os que se recusaram a assinar o termo citado. Os entrevistados foram
informados quanto aos objetivos da pesquisa, a disponibilidade de
participação e o sigilo das informações. Após a assinatura do TCLE foi

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aplicado o questionário individualmente, em vários locais, respeitando a


disponibilidade e os horários de cada indivíduo.
De acordo com Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
contendo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo
Seres Humanos, o projeto desta pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética
e Pesquisas (CEP) cumprindo todos os requisitos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos dados e o objetivo da pesquisa, foram estabelecidas as


seguintes categorias: Utilização da língua Brasileira de sinais (LIBRAS) e
Atendimento ao Deficiente Auditivo.

Utilização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

De acordo com resultados coletados a utilização da LIBRAS é a mais


requisitada, seja pela comunicação entre profissionais e paciente deficiente
auditivo ou com a presença de um intérprete. No desenvolver das questões
percebe-se que o conhecimento dos DA é excelente nos sinais interrogados, os
deficientes podem ser usuários da LIBRAS, porém, se não conhecem os sinais
da saúde a comunicação é prejudicada.
Apesar de ser requisitada pelos deficientes a LIBRAS é pouco infundido
no ambiente hospitalar, pois dispõe-se de poucos profissionais que possuem
conhecimento em língua de sinais e poucos intérpretes, uma vez que, a lei que
dispõe sobre os direitos dos deficientes auditivos incluindo o atendimento em
determinados locais tem menos de vinte anos.

Questão – 5: Conhece os sinais?


Sinais: saúde, gripe, dor, câncer, DST, depressão, pressão alta, diabete,
vacina, estomago, coração, pulmão, veia, rins, fígado, bexiga, vagina, pênis,
médico, enfermeira, fisioterapeuta, farmacêutico, osso, remédio, exame,
cirurgia, doente.

Conhecimento dos Surdos Acerca dos Sinais na


Área da Saúde
2 Surdos
Todos os Sinais (100%)
4 Surdos 8 Surdos
Maioria dos Sinais
(70%)
16 Surdos Metade dos Sinais (50%)

Poucos Sinais (27%)

Durante o questionário alguns deficientes auditivos por não ter total


habilidade com a escrita do português se mostravam receosos, após explicação
afirmavam conhecer ou não os sinais da área da saúde. Entre os entrevistados
8 dos deficientes auditivos afirmaram conhecer 100% (26) sinais a mostra, 16
conhecem 70% (18) sinais referentes a saúde, 4 conhecem 50% (13) sinais, e 2
DA conhecem 27% (7) sinais.
Percebe-se a partir dos dados, que vinte quatro dos trinta deficientes
auditivos entrevistados tem conhecimento dos sinais citados, restando uma
minoria que conhece poucos sinais.
A língua define um povo. Linguagem, um indivíduo. Assim, do mesmo

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modo como o povo brasileiro é definido por uma língua ou idioma em comum,
o Português (que o distingue dos povos de todos os países com os quais o
nosso faz fronteira), a comunidade surda brasileira é definida por uma língua
em comum, a Língua Brasileira de Sinais.5 O indivíduo que não possui
conhecimento da própria Língua ou Linguagem dificulta a interação entre
profissionais e clientes portadores de deficiência auditiva.

Questão 6: A LIBRAS contribui no atendimento hospitalar?

Contribuição da LIBRAS no atendimento Hospitalar


4 Surdos
1 Surdo
SIM
3 Surdos 18
Surdos NÃO
PARCIALMENTE
4 Surdos
INTEGRALMENTE
RECUSOU RESPONDER

Apenas 4 surdos afirmam que a LIBRAS não contribui no atendimento


hospitalar, a maioria respondeu que contribui, 1 recusou-se responder, o
restante afirmou contribuir parcialmente ou integralmente no atendimento
hospitalar.
A LIBRAS é reconhecida como um sistema linguístico de comunicação
gesto-visual, diferentes temáticas podem ser alvo de discussão entre
deficientes auditivos e pessoas com audição normal que seja usuário da língua
de sinais. Para que haja contribuição absoluta na comunicação é necessário
que ambos, cliente portador de DA e profissionais da saúde dominem a
LIBRAS.6
Somente através da comunicação plena o profissional poderá ajudar o
paciente a enfrentar seus problemas, demonstrá-los, e juntos encontrar
alternativas para solucioná-los. Visando melhor comunicação entre os
pacientes e profissionais é necessário que a equipe conheça e sempre busque
mecanismos de comunicação que facilite o relacionamento entre os mesmos.6

Questão 7: Você prefere atendimento com:

Preferência do Surdo no Atendimento


3 Surdos 1 Surdo
LIBRAS
16
Surdos ESCRITA
8 Surdos
INTÉRPRETE

LEITURA LABIAL
2 Surdos LIBRAS E INTÉRPRETE

Verifica-se através dos dados coletados que a opção LIBRAS sobressaiu


das demais, a segunda opção mais selecionada foi o atendimento com
intérprete, apenas 2 pessoas portadoras de deficiência auditiva preferem
atendimento com escrita, e 1 DA tem duas opções como preferência LIBRAS e
intérprete.
O universalismo que queremos hoje é aquele que tenha como ponto em

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comum a dignidade humana. A partir daí, surgem muitas diferenças que


devem ser respeitadas. Temos direito de ser diferentes quando a igualdade nos
descaracteriza.7 De acordo com os princípios doutrinários do Sistema Único de
Saúde (SUS) a universalidade é a garantia de atenção á saúde, por parte do
sistema, a qualquer cidadão. A equidade: todo cidadão é igual perante o SUS e
será atendido conforme suas necessidades, até o limite que o sistema pode
oferecer. E integralidade: o estado tem o dever do atendimento integral, com
prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais7 em relação ao acesso que todos e qualquer cidadão tem direito.
Assim para atender todos iguais, é necessário tratar os desiguais de
forma desigual priorizando os mais necessitados, neste caso os deficientes
auditivos são os indivíduos desigual e mais necessitado no que diz respeito a
comunicação. Para que suas necessidades sejam atendidas, os profissionais
utilizam a forma que considera mais eficaz na comunicação levando em
consideração as limitações de cada DA, o grau de escolaridade, se tem
domínio com LIBRAS ou utiliza gestos isolados (mímica utilizada pela família
ou própria), a preferência por intérprete ou utilização da leitura labial.

Questões 11. Você consegue se comunicar através da escrita? e 12. Você


consegue entender através da leitura labial?

COMUNICAÇÃO PELA COMUNICAÇÃO PELA


ESCRITA LEITURA LABIAL
4
Surdos 9 5
9 SIM
SIM Surdos Surdos
Surdos
14
NÃO 11 NÃO
Surdos
Surdos
POUCO
POUCO
3
Surdos 5 GRANDE
GRANDE DIFICULDAE
Surdos DIFICULDADE

Ao observar a tabela nota-se que os valores são similares, os deficientes


auditivos que conseguem comunicar através da escrita, também entendem a
leitura labial. Entre os entrevistados 9 afirmaram entender perfeitamente a
leitura labial e a comunicar através da escrita, 3 não se comunica pela escrita,
5 não entende leitura labial, 14 se comunica pouco, já 11 dos entrevistados
entendem pouco leitura labial, 4 conseguem comunicar com grande
dificuldade e 5 entende leitura labial com grande dificuldade. Essa relação
depende da familiaridade que o DA possui com a escrita, e escolaridade de
cada indivíduo.

Questão 19 - Você acredita que a LIBRAS irá ajudar na comunicação entra


profissionais da área da saúde e o deficiente auditivo?

CONTRIBUIÇÃO DA LIBRAS NA COMUNICAÇÃO


1 Surdo
4 Surdos
SIM
1 Surdo
NÃO
POUCO
24 Surdos RECUSOU RESPONDER

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No que diz respeito a pergunta relacionada ao futuro, 1 deficiente


auditivo que possui curso superior completo se negou a responder, alegando
que “o futuro é incerto”. Outros 24 afirmaram melhorar a comunicação, 1
respondeu não, apenas 1 se recusou responder.
Sabe-se que a LIBRAS se tem integrado a práticas educacionais e a
programas destinados a pessoas surdas, permitindo, dessa forma, o
estabelecimento efetivo de contatos, até então, no mais das vezes, total ou
parcialmente bloqueados1. Confirmando em conjunto com os 24 deficientes
entrevistado que poderá ser de grande ajuda na comunicação futuramente.

Atendimento ao Deficiente Auditivo

O atendimento ao deficiente auditivo, depende de fatores relacionado a


comunicação, como a utilização da LIBRAS, seja com um profissional
intérprete ou conversação profissional-deficiente, a percepção da leitura labial,
e a prática com a escrita. A partir da comunicação se estabelece um bom
vínculo ou não com o DA.
Poucos deficientes auditivos já usufruíram de atendimento com
profissionais que utilizassem a LIBRAS como meio de comunicação. A
satisfação deles é animadora, porque no passado não muito distante não se
encontrava profissionais que tinham conhecimento da língua de sinais, cabe
ressaltar que, todos DA reclamaram que esses profissionais precisam ter
domínio com língua de sinais.

Questão 8 – Já ocorreu algum problema pela falha e/ou falta de


comunicação?

PROBLEMAS PELA FALHA E/OU FALTA DE


COMUNICAÇÃO
1 Surdo
NÃO 4 Surdos
SIM 13 Surdos
SIM, MAS NÃO EXPLICOU 12 Surdos
O ACONTECIMENTO
RECUSOU RESPONDER

A pergunta 8 do questionário é a primeira discursiva, onde 13 dos DA


negaram problemas pela falha e/ou falta na comunicação, 1 recusou-se
responder, 4 afirmaram ocorrer problemas, porém não citou o ocorrido. Doze
dos entrevistados afirmaram problemas.
Com relação as respostas dos deficientes auditivos, 6 desabafaram que
o problema maior é a falta de conhecimento por parte dos profissionais com
relação aos sinais da LIBRAS. Alguns citam que é necessário ter intérprete ou
familiares os acompanhando, as vezes não é possível o intérprete ou familiar
estar presente, pois os mesmos tem suas obrigações.
Os relatos dos deficientes auditivo abrange problemas simples ate os
mais complexos, como: o surdo ser encaminhamento ao lugar ou ao médico
errado; o surdo foi puncionado e não era necessário; o deficiente auditivo
possuía alergia tentou explicar ao profissional, mas o mesmo não entendeu e
aplicou o medicamento; os demais problemas são lamentos por não
conseguirem ler os lábios dos profissionais que usavam barbas, as letras não
eram legíveis, e mais uma vez não conseguiram comunicar-se por terem
dificuldade com o português, e profissionais que não sabiam ou não
dominavam a LIBRAS.
Cabe citar que na questão catorze, 8 dos entrevistados afirmaram ter

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feito uso de medicamento errado por não compreender o que lhe foi
transmitido. Confirmando outro erro por falha na comunicação. A
comunicação é indicativo de qualidade de vida,4 quando esta é falha
compromete relações do cotidiano.

Questão 9 – Você já foi atendido por algum profissional de saúde que


sabia LIBRAS?

ATENDIMENTO COM PROFISSIONAIS QUE


SABIAM LIBRAS

8 Surdos
SIM
22 Surdos NÃO

Ao serem questionados se já foram atendidos por profissionais que


sabiam LIBRAS 8 entre eles afirmaram e 22 negaram já serem atendidos por
profissionais que sabiam a língua de sinais.
Para os surdos que marcassem a alternativa SIM, lhes eram avaliados o
grau de satisfação. 1 entre eles afirmou ótimo atendimento, 2 relatou bom
atendimento, 2 citou que o atendimento foi satisfatório (poderia melhorar), e 3
dos entrevistados avaliou como ruim o atendimento prestado, restando 22 que
não obtiveram atendimentos com profissionais que sabiam LIBRAS.
De acordo com o Código de Ética do Profissional Enfermeiro em seu Art.
2º é direito do enfermeiro “Aprimorar seus conhecimentos técnicos, científicos
e culturais que dão sustentação a sua prática profissional”. Logo em seu Art.
14 é dever do enfermeiro “Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos,
éticos e culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e do
desenvolvimento da profissão”. Não só o enfermeiro, mas todos os
profissionais da saúde devem adquirir conhecimento e instruções para o
cuidado do deficiente auditivo.

Questão 13 – Alguma vez você já voltou do hospital para casa sem


atendimento porque não conseguiu se comunicar?

RETORNOU DO HOSPITAL SEM


ATENDIMENTO

15 SIM
Surdos 15
Surdos
NÃO

Quanto ao retorno sem o devido atendimento, os surdos que marcaram


a alternativa SIM tinham reações quase iguais quando terminavam de ler a
questão, respondiam fazendo o sinal de “muitas vezes” ou com expressão
facial de desapontamento afirmavam com a cabeça. Os surdos que marcaram
a opção NÂO, justificaram que procuram atendimento hospitalar
acompanhado dos parentes, amigos que dominam a língua de sinais, ou
intérprete.
A inclusão social dos Deficientes Auditivos (DA) nos estabelecimentos de
saúde é essencial para a promoção e proteção de saúde. Porém, a falta da

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comunicação muitas vezes a impede, dificultando assim o atendimento


humanizado.8

Questão 15 – Você acha que ainda existe preconceito por parte dos
profissionais da área de saúde?

PRECONCEITO NO ÂMBITO DA SAÚDE


4 Surdos 1 Surdo
SIM
4 Surdos 8 Surdos
NÃO

POUCO
4 Surdos
QUASE NÃO SE ENCONTRA 9 Surdos
NÃO CONSIDERA PRECONCEITO

RECUSOU RESPONDER

De acordo com dados observados 8 afirmam que ainda existe


preconceito, 9 nega preconceito, 4 acredita que existe pouco, outros 4 afirmam
que existe mas quase não se encontra profissionais que tenham preconceito, 4
não acredita ser preconceito e sim receio do desconhecido, fazendo os
profissionais se afastarem e 1 recusou responder.
Quando não se consegue comunicação com o DA, aparentemente é
mais fácil tomar atitudes por eles, podendo essa atitude ser considerada como
descaso ou desinteresse por parte dos profissionais. Tais atitudes e outras
depreciativas contribuem para deduções por parte dos deficientes, como
preconceito.

Questão 18 – De acordo com sua opinião, explique como é a


acessibilidade nas instituições de saúde e/ou os serviços de atendimento
de primeiros socorros, como corpo de bombeiro e SAMU (Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência) para o deficiente auditivo.

Entre os entrevistados 3 relatam ter medo, um deles explica que


“desmaiou no local de serviço e quando acordou estava rodeado de pessoas
fardadas que o furava, amarravam-no em uma prancha, mexiam nele e não
lhe explicavam nada, ele seguiu com seu martírio até o hospital”.
Dentre eles 2 respondeu que o atendimento é bom, 5 relatou que fica a
desejar a comunicação entre os profissionais e a pessoa com deficiência
auditiva. Outros 7 expôs ideias de metodologias para atendimento ao surdo,
como mecanismo de mensagem para o mesmo conseguir contatar o serviços
do SAMU e alguma opção de tecla em orelhões próprios para os deficientes
auditivos solicitar serviços de primeiros socorros.
Entre os entrevistados 3 nunca usou os serviços citados, outros 4
demonstraram que precisa de intérprete para traduzir a conversa entre os
profissionais e os surdos, 6 recusou responder.
O interprete de língua de sinais é uma figura pouco conhecida no
âmbito acadêmico. Os estudos existentes no Brasil e no cenário mundial são
escassos, tanto no que diz respeito ao intérprete de maneira ampla, quanto a
pesquisas que remetam ao intérprete educacional especificamente9.

CONCLUSÃO

Diante da pesquisa realizada com os deficientes auditivos, observou-se


descontentamento quanto a utilização da LIBRAS no ambiente hospitalares.
Percebeu-se que 27% dos deficientes entrevistados presenciaram atendimento

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com profissionais que utilizassem a língua de sinais como instrumento para


comunicação. Restando 73% deficientes que nunca obtiveram atendimento
com LIBRAS.
Importante ressaltar que a maioria absoluta respondeu que a língua de
sinais contribui no relacionamento entre profissionais e deficientes auditivos,
já que o entendimento da escrita e leitura labial não foi muito satisfatório.
Apenas 30% dos DA entende perfeitamente a escrita e a leitura labial.
O domínio dos profissionais em relação a LIBRAS é de fundamental
importância para o bom desempenho da comunicação no âmbito da saúde.
Ambos, Língua de sinais e atendimento humanizado são aliados. Faz se
necessário a disponibilização de cursos profissionalizantes dentro do assunto
pertinente, treinamentos, e atualizações visando a educação continuada, bem
como fatores somáticos necessários aos avanços na assistência aos deficientes
auditivos, levando em consideração a assistência humanizada.

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