Cidadania e Diversidade

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EXPEDIENTE TÉCNICO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE DE


MINAS GERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E


TECNOLÓGICA

ORGANIZAÇÃO: ANA PAULA QUINTINO ROCHA


MARIA APARECIDA COLARES MENDES

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: BRÁULIO QUIRINO SIFFERT

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Rocha, Ana Paula Quintino

R672c

Cidadania e diversidade: dialogando com as transformações / Ana Paula Quintino Rocha;

Maria Aparecida Colares Mendes. Montes Claros: IFNMG, 2020.

79 p., il.; livro digital.

Formato: PDF.

ISBN: 978-65-00-090-22-2

1. Diversidade sexual e de gênero – Cidadania. 2. Educação profissional e tecnológica. 3.

Cartilha educacional. I. Mendes, Maria Aparecida Colares. II. Título.

CDD 372.372

Catalogação na fonte: Angélica Renata de Castro - CRB/6 – 2746- Bibliotecária


Documentalista

O trabalho "Cidadania e Diversidade: dialogando com as


transformações", de Ana Paula Quintino Rocha e Maria Aparecida
Colares Mendes está licenciado com uma licença Creative Commons
- Atribuição Não Comercial 4.0 Internacional

1ª edição
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.....................................................................3

INTRODUÇÃO.........................................................................5

UNIDADE 1 - Conceitos, terminologias e expressões: um


mosaico em construção.......................................................8

UNIDADE 2 - Gênero e EPT - uma linha do tempo em


processo...............................................................................37

UNIDADE 3 - Práticas e reflexões sobre diversidade de


gênero e sexual na escola.................................................56

UNIDADE 4 - Datas que marcam: visibilizar para


conquistar............................................................................69

REFERÊNCIAS.......................................................................78
APRESENTAÇÃO

3
A cartilha Cidadania e Diversidade: Dialogando com as TransFormações surge como
produto educacional elaborado a partir da pesquisa de mestrado intitulada
“Educação, gênero e cidadania: a formação para a diversidade no ensino médio
integrado ao técnico da Educação Profissional e Tecnológica”, desenvolvida no
Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica em Rede
Nacional (ProfEPT) oferecido pelo Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
(IFNMG), Campus Montes Claros. A pesquisa, desenvolvida sob a orientação da Profa.
Dra. Maria Aparecida Colares Mendes, teve como propósito central a criação desta
cartilha, que se efetivou a partir da análise das concepções de múltiplos sujeitos do
espaço educativo sobre identidade sexual e de gênero, das políticas internas da
unidade estudada e das legislações referentes à educação para a diversidade sexual
e de gênero.

O objetivo da cartilha é subsidiar as práticas educativas na perspectiva de educar


com e para a diversidade sexual e de gênero, buscando promover possibilidades
para a construção de uma cidadania plena e emancipada de estudantes do ensino
médio integrado ao técnico, público-alvo desta cartilha, e também de todas as
pessoas inseridas nos processos educativos.

Como recurso didático, a cartilha pretende em seu conteúdo dar visibilidade às


múltiplas formas de vivências existentes na escola e na sociedade como um todo
para além do binarismo de gênero e das fronteiras das normatividades sexuais e de
gênero. A intenção é provocar questionamentos e reflexões quanto às práticas
educativas, muitas vezes tidas como corriqueiras, mas que, no entanto, são reflexos
de uma sociedade ainda patriarcal, heterossexista e LGBTfóbica que insiste em
controlar corpos e mentes normatizados em rígidas demarcações sexuais e de
gênero, gerando desigualdades e violências.

Assim, entendendo que as reflexões sobre gênero e sexualidade no espaço


educacional contribuem para a construção de um ambiente de paz e acolhimento de
um público muitas vezes invisibilizado, a cartilha constitui-se como uma proposta
educativa para estimular debates e sensibilizar as instituições de ensino, em especial
os campi que fazem parte da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica, sobre a importância do respeito e do reconhecimento das diversidades
para o enfrentamento à LGBTfobia, para a superação da heteronormatividade e
cisnormatividade e para a formação de cidadãs/ãos plenas/os e emancipadas/os
participantes ativas/os na construção de uma sociedade justa e solidária.

Boa leitura!

4
INTRODUÇÃO

5
Ao longo do processo histórico da sociedade, o espaço educativo vem contribuindo
para a construção do conhecimento, transitando entre uma educação que visa a
consolidação da hegemonia dominante e uma educação que busca a transformação
social. Neste contexto, encontra-se inserida nos marcos da política educacional
brasileira a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), delineada por uma trajetória
centenária.

A EPT se constitui como modalidade de educação e tem estado presente em


instituições estaduais, municipais, privadas e na Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica. A Rede Federal, instituída em 1909, foi
reconfigurada pela lei nº 11.892 no ano de 2008, criando os Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia. Baseados em um projeto educacional que tem como
perspectiva uma sociedade justa por meio da formação omnilateral, integral ou
politécnica de todas as pessoas, de forma pública e igualitária, os Institutos Federais
de Educação, Ciência e Tecnologia oferecem a educação profissional e tecnológica
nas modalidades de ensino superior, médio e profissional.

E foi no contexto institucional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia


do Norte de Minas Gerais (IFNMG) que o interesse em pesquisar a diversidade sexual
e de gênero surgiu, advindo de inquietações diante das opressões sofridas pela
população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, dentre as outras
orientações sexuais, identidades e expressões de gênero (LGBT+). Ao não assumir
uma postura de silenciamento, temos como propósito contribuir para a
transformação da realidade por meio de intervenções que propiciem mobilizar
afetos para o enfrentamento do preconceito e da discriminação às diversas
identidades de gênero e sexuais.

Na ambiência do ensino médio integrado ao técnico de uma unidade de ensino,


recorremos às problemáticas relacionadas à diversidade sexual e de gênero vividas
neste contexto educativo profissionalizante e a partir desta realidade trilhamos os
caminhos teóricos-metodológicos para a pesquisa de mestrado vinculada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica em Rede
Nacional (ProfEPT). Os dados coletados na pesquisa entre os anos de 2018 e 2020, a
revisão bibliográfica, a análise documental e as entrevistas, em profundo vínculo
com as dimensões do fenômeno educativo e sua relação entre gênero e sexualidade,
revelaram situações de reprodução de uma sociedade heteronormativa e
LGBTfóbica, suscitando reflexões do lugar da diversidade sexual e de gênero na EPT
e na construção de uma sociedade que possibilite ações que contribuam para a
construção de uma cidadania que seja plena e emancipada.

6
A cartilha apresenta-se como uma importante ferramenta de informação, formação
e reflexão sobre as diversas formas de viver e se relacionar afetiva e sexualmente,
colaborando, assim, para dar visibilidade às pessoas LGBT+ que muitas vezes têm as
suas existências e direitos negados ou ameaçados e para contribuir no combate a
toda forma de violência que essa população historicamente é submetida, sobretudo
nos espaços educativos da EPT, lembrando que estas instituições têm como princípio
a formação humana integral para a travessia rumo à emancipação e à
transformação social.

Este produto educacional contou com a colaboração dos sujeitos da pesquisa


entrevistadas/os: educadoras/es, egressos e estudante do ensino médio do IFNMG.
No contato com essas pessoas, percebemos a necessidade de intermediação de
conceitos e aprofundamento na temática sobre diversidade sexual e de gênero, o
que originou elementos que forneceram aporte para a sua elaboração. Além das
concepções quanto às questões relacionadas a gênero e sexualidade, essas pessoas
puderam sugerir mídias (filmes, documentários, músicas, dentre outras) que
tratassem sobre o assunto para a composição da cartilha.

Esta cartilha se divide em quatro unidades. Na Primeira Unidade, apresentamos


conceitos básicos, terminologias, expressões sobre gênero e sexualidade na busca
da ampliação de uma linguagem de respeito e reconhecimento às pessoas LGBT+ e
para o fortalecimento de um diálogo livre do preconceito.

Na Segunda Unidade é traçada uma linha do tempo pontuando momentos históricos


relacionados à diversidade sexual e de gênero durante o surgimento e
fortalecimento da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Nesta linha do tempo, fazemos uma breve contextualização da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, destacando o surgimento do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais (IFNMG). Neste
período, são ressaltadas histórias de personalidades LGBT+ que deixaram suas
marcas no mundo, a trajetória de luta por direitos e ampliação da cidadania desta
população e, ainda, são indicados filmes, curtas, páginas de internet e podcasts que
abordam a temática da identidade de gênero e orientação sexual emergidos em
cada momento da linha.

A Terceira Unidade traz propostas educativas que favorecem a reflexão crítica


quanto à diversidade sexual e de gênero, como sugestão de ação formativa para
estudantes, educadora/es e demais pessoas da sociedade. E na Quarta Unidade são
relacionadas datas importantes que marcam simbolicamente a luta LGBT+ por
acesso a direitos, por reconhecimento da cidadania e como ato político e de
resistência à heteronormatividade e cisnormatividade.

7
UNIDADE 1
Conceitos, terminologias e expressões:
um mosaico em construção

8
Nesta Primeira Unidade apresentamos alguns conceitos, terminologias e
dicas relacionadas à diversidade sexual e de gênero emergidas de diálogos
com educadoras/es, egressos e estudantes do ensino médio integrado ao
técnico e ainda das leituras apoiadas em referências de teóricos e ativistas
estudiosas/os de gênero e sexualidade. São verbetes e informações que
ajudam a refletir, questionar e criar novas possibilidades para uma linguagem
que fortaleça a luta contra o preconceito, ancorada no respeito e
reconhecimento às pessoas LGBT+. Não pretendemos esgotar os conceitos
aqui trazidos, mas provocar reflexões sobre as possibilidades discursivas
para a subversão de uma linguagem construída histórica e socialmente e que
muitas vezes limita as diversas formas de existências.

A
Agênero
Pessoa cuja identidade não se identifica
ou não se sente pertencente a nenhum
gênero, podendo denotar a ausência de
gênero, gênero neutro ou ausência de
identidade de gênero. É uma identidade
não binária de pessoas transgêneras
(REIS, 2018).

Aliada (o)
Pessoas que, independente da orientação
sexual ou identidade de gênero, tomam
ação para promover os direitos e a
inclusão da população LGBT+. Elas são
comumente conhecidas como
Simpatizantes (REIS, 2018).

9
Androginia
Termo genérico que pode ser utilizado
para descrever qualquer indivíduo que
mescla características físicas e/ou
comportamentais culturalmente definidas
como masculino e feminino, ou seja,
refere-se à expressão simultânea de
gêneros (REIS, 2018).

Assexual
É a pessoa que não sente atração sexual
por outras pessoas, seja atração parcial,
condicional ou total, independente de
sexo/gênero igual ou diferente ao dela. É
uma das múltiplas orientações sexuais
(AVILA, 2018).

B
Binário e não-binário
Usa-se o adjetivo “binário” para qualificar
o tipo de identidade de gênero da pessoa
que se identifica com um dos dois termos
da divisão homem/mulher. Qualifica-se
como “não binário” a identidade de
gênero da pessoa que não deseja se
enquadrar em nenhum desses dois
termos (NASCIMENTO, S.D).

10
Bissexual
Pessoa que se sente atraída afetiva e/ou
sexualmente por pessoas de ambos os
gêneros binários (mulher e homem) e
possui a identidade cultural bissexual. Bi é
uma forma reduzida de se referir às
pessoas cuja orientação sexual é
bissexual (GÊNERO, 2009).

C
Cisgênero

É a pessoa que se identifica com o gênero


que lhe foi atribuído compulsoriamente
ao nascimento. Este termo é utilizado
para designar pessoas que não são
transgêneras. A origem da palavra vem
do latim em que “Cis-” é um prefixo em
latim que significa “no mesmo lado de”,
que, no caso do cisgênero, se refere ao
alinhamento da identidade de gênero ao
gênero atribuído quando do nascimento
e, portanto, é oposto de “Trans-” que
exprime o significado de "para além de".
Isto é, a pessoa que foi identificada como
mulher ao nascer e se identifica com o
gênero feminino e a pessoa que foi
identificada como homem ao nascer e se
identifica com o gênero masculino
(adaptado de Reis, 2018 e Nascimento,
s.d.).

11
Cisnormatividade

A cisnormatividade ou normatividade
cisgênera é o termo utilizado para
descrever ou identificar uma suposta
norma social que considera a ideia de que
gêneros são binários e permanentes. A
binariedade se refere às alternativas
dicotômicas que classificam pessoas em
macho/homem, fêmea/mulher, definidas
objetivamente a partir dos corpos ou de
uma ‘essência’. A permanência se refere à
continuidade ou imutabilidade da
identificação de gênero, ou seja, entende
que o ‘sexo biológico’ atribuído ao
nascimento persiste ao longo da vida. Esta
normatividade de gênero exerce, através
de variados dispositivos de poder,
interseccionalmente situados, efeitos
colonizatórios sobre corpos, existências,
vivências, identidades e identificações de
gênero que, de diversas formas e em
diferentes graus, não estejam em
conformidade com seus preceitos
normativos. Desta forma, a
cisnormatividade não permite a
possibilidade de existência ou visibilidade
trans (VERGUEIRO, 2015).

Corpo

Conceito que compreende, além das


potencialidades biológicas, todas as
dimensões psicológicas, sociais e culturais
do aprendizado através das quais as
pessoas desenvolvem a percepção da
própria vivência (GÊNERO, 2009).

12
Crossdresser

É a pessoa que frequentemente veste


roupas e/ou utiliza objetos geralmente
atribuídos ao gênero binário (mulher e
homem) oposto ao atribuído a ela ao
nascimento para vivenciar
momentaneamente papéis de gênero
diferente ao seu. Em geral, não realiza
modificações corporais e não chega a
estruturar uma identidade transgênera
(NASCIMENTO, S.D).

D
13
Diversidade Sexual

Diversidade sexual e diversidade de


gênero são conceitos fortemente
relacionados. Diversidade sexual engloba
distintas orientações sexuais (exemplos:
pansexualidade, assexualidade,
bissexualidade, homossexualidade,
heterossexualidade etc) e distintas
identidades de gênero (exemplo:
feminilidade travesti, feminilidade
transexual, masculinidade transexual etc.).
É uma noção importante na luta pela
superação da LGBTfobia, do
heterossexismo e no questionamento
permanente da heteronormatividade.
Esta noção, no campo da luta pelos
direitos sexuais (entendidos de maneira
plural), não se refere apenas à ideia de
diversidade de orientação sexual e de
identidade de gênero, mas inclui as/os
trabalhadoras/es sexuais, pessoas
solteiras, pessoas viúvas, pessoas sem
filhas/os...enfim, todas aquelas/es que se
colocam (ou são percebidas/os) como
“dissidentes sexuais” em relação à
heteronormatividade. Diversidade de
gênero supõe múltiplas identidades de
gênero ou diversas possibilidades de
expressão de gênero. Portanto, o termo
se contrapõe a visões calcadas no par
binário e dicotômico masculino/feminino,
posto pela heteronormatividade e pelo
modelo de masculinidade hegemônica.
Ou seja, implica o reconhecimento de que
existem várias formas de masculinidade e
feminilidade, e de que as pessoas
também podem ficar na fronteira entre
elas, expressar-se de maneira alternada
ou, ainda, inventar novas formas de
identidades ou novas expressões de
gênero (CARVALHO; ANDRADE;
JUNQUEIRA, 2009).

14
Drag King

Pessoa, geralmente que se identifica


como mulher, que se veste com roupas
classificadas como masculinas de forma
satírica e extravagante com objetivos
artísticos, performáticos e/ou
profissionais. Não possui qualquer
vinculação necessária com um desejo de
reconhecimento de pertencer a outro
gênero, nem qualquer relação necessária
com a orientação sexual do artista
(adaptado de Reis, 2018 e Nascimento,
s.d.).

Drag Queen

Pessoa, geralmente que se identifica


como homem, que se veste roupas
classificadas como femininas de forma
satírica e extravagante com objetivos
artísticos, performáticos e/ou
profissionais. Não possui qualquer
vinculação necessária com um desejo de
reconhecimento de pertencer a outro
gênero, nem qualquer relação necessária
com a orientação sexual do artista
(adaptado de Reis, 2018 e Nascimento,
s.d.).

15
E
Expressão de Gênero

Expressão de gênero diz respeito à como


a pessoa manifesta publicamente, por
meio do seu nome, da vestimenta, do
corte de cabelo, dos comportamentos, da
voz e/ou características corporais e da
forma como interage com as demais
pessoas de acordo com expectativas
sociais de aparência e comportamento
de um determinado gênero. A expressão
de gênero da pessoa nem sempre
corresponde ao seu gênero que lhe foi
atribuído compulsoriamente ao
nascimento (REIS, 2018).

16
G
Gay

Pessoa que se identifica como sendo do


gênero masculino (cis ou trans) que tem
desejos, práticas sexuais e/ou
relacionamento afetivo-sexual com outras
pessoas também do gênero masculino (cis
ou trans). Não precisam ter tido,
necessariamente, experiências sexuais
com outras pessoas do gênero masculino
para se identificarem como gays. A
palavra “gay” vem do inglês e naquele
idioma antigamente significava “alegre”.
A mudança do significado para
homossexual remonta aos anos 1930 e se
estabeleceu nos anos 1960 como o termo
preferido por homossexuais para se
autodescreverem. A palavra gay no
sentido moderno se refere tipicamente à
orientação sexual de homens
homossexuais (enquanto que lésbica é
termo padrão para mulheres
homossexuais) (REIS, 2018).

17
Gênero

De modo geral, o termo gênero é usado


para distinguir a dimensão biológica da
dimensão social, baseando-se no
raciocínio de que há machos e fêmeas na
espécie humana, levando em
consideração, no entanto, que a maneira
de ser homem e de ser mulher é realizada
pela cultura. Refere-se aos diferentes
comportamentos, atitudes e sentimentos
atribuídos aos papéis tidos como
masculinos e femininos em um
determinado contexto social e histórico,
aprendidos e desempenhados no
decorrer da vida. Assim, gênero significa
que as pessoas são produtos da realidade
social e não somente decorrência da
anatomia de seus corpos (adaptado de
Reis, 2018 e Nascimento, s.d.).

18
Gênero fluido (gender-fluid)
É a pessoa cuja identidade varia entre o
gênero masculino, feminino ou gênero
neutro de acordo com o que ela sente em
determinado momento. É um tipo das
diversas identidades de gênero que
abarca o termo transgênero do tipo não-
binário. Sente-se de tempos em tempos
homem ou mulher ou não se identifica
com nenhum gênero (adaptado de Reis,
2018 e vide
https://orientando.org/listas/lista-de-
generos/genero-fluido/).

H
Heteronormatividade
É a ordem sexual do presente fundada no
modelo heterossexual, familiar e SE LIGA NA DICA!
reprodutivo (MISKOLCI, 2016). Relacionada
ao comportamento, desejos e as
Muitas pessoas estudiosas
identificações de gênero admitido como
aceitáveis àqueles ajustados ao par binário e ativistas chamam a
masculino/feminino, ou seja, se relaciona a atenção para a importância
ideia de que o padrão heterossexual de da desconstrução da
conduta é o único válido socialmente e heteronormatividade como
todas as outras são consideradas, por medida ao enfrentamento
consequência, desvios de conduta moral à LGBTfobia.
ou transtornos psíquicos. Desse modo, (NASCIMENTO, S.D)
toda a variação ou todo o desvio do
modelo heterossexual complementar
macho/fêmea – seja através de
manifestações atribuídas à
homossexualidade, transgeneridade,
dentre outras – é marginalizada/o e
perseguida/o como perigosa/o para a
ordem social (GÊNERO, 2009).

19
Heterossexismo

Atitude condizente com a ideia de que a


heterossexualidade é a única forma sadia
de orientação sexual. O termo é utilizado
na mesma acepção que caracteriza as
palavras racismo e sexismo (REIS, 2018).
Pressupõe que todas as pessoas são, ou
deveriam ser, heterossexuais (MISKOLCI,
2016).

Heterossexual

É a pessoa cujo desejo sexual,


emocional e/ou afetivo se manifesta por
pessoas do sexo/gênero diferente
daquele com o qual se identifica.
Heterossexuais não precisam,
necessariamente, terem tido
experiências sexuais com pessoas do
outro sexo/gênero para se identificarem
com tal orientação sexual (REIS, 2018).

Homoafetivo

Adjetivo utilizado para descrever a


complexidade e a multiplicidade de
relações afetivas e/ou sexuais entre
pessoas do mesmo sexo/gênero. Este
termo não é sinônimo de homoerótico e
homossexual, pois conota também os
aspectos emocionais e afetivos
envolvidos na relação amorosa entre
pessoas do mesmo sexo/gênero. É um
termo muito utilizado no mundo do
Direito. Não é usado para descrever
pessoas, mas sim as relações entre as
pessoas do mesmo sexo/gênero (REIS,
2018).

20
SAIBA MAIS!

O termo homossexualismo
é considerado incorreto e
preconceituoso devido ao
sufixo “ismo”, que denota
Homossexual doença, anormalidade. Em
17 de maio de 1990 a
É a pessoa cujo desejo sexual, Assembleia Geral da
emocional e/ou afetivo se manifesta por Organização Mundial da
pessoas do mesmo sexo/gênero com o Saúde (OMS) retirou o
qual se identifica. Assim, a orientação termo e o conceito de
sexual denominada por homossexual “homossexualismo” de sua
pode se referir a homossexuais lista de doenças mentais,
femininas (lésbicas) ou homossexuais declarando que “a
masculinos (gays) (REIS, 2018). homossexualidade não
constitui doença, nem
distúrbio, nem perversão”.
O termo substitutivo,
portanto, é
homossexualidade, que se
refere de forma correta à
orientação sexual do
indivíduo, indicando “modo
de ser” (REIS, 2018).

21
I
Identidade de gênero

Identidade de gênero é uma experiência


interna e individual do gênero de cada SAIBA MAIS!
pessoa, que pode ou não corresponder ao
gênero atribuído no nascimento, incluindo
Identidade de gênero e
o senso pessoal do corpo (que pode
orientação sexual são
envolver, por livre escolha, modificação da
dimensões diferentes e que
aparência ou função corporal por meios
não se confundem. Pessoas
médicos, cirúrgicos e outros) e outras
trans podem ser lésbicas,
expressões de gênero, inclusive
gays, bissexuais,
vestimenta, modo de falar e maneirismos.
heterossexuais, dentre
Identidade de gênero é a percepção que
outras orientações sexuais,
uma pessoa tem de si como sendo do
tanto quanto as pessoas
gênero masculino, feminino, de ambos, de
cisgêneras.
outro ou nenhum gênero, independente
de sexo atribuído ao nascer. Trata-se da
convicção íntima de uma pessoa, de como
ela se identifica e deseja ser reconhecida.
A identidade de gênero da pessoa não
necessariamente está visível para as
demais pessoas (REIS, 2018).

22
Identidade sexual

Refere-se a duas questões diferenciadas:


por um lado, é o modo como a pessoa se
percebe em termos de orientação sexual;
por outro lado, é o modo como ela torna
pública (ou não) essa percepção de si em
determinados ambientes ou situações. A
identidade sexual corresponde ao
posicionamento (nem sempre
permanente) da pessoa como
homossexual, heterossexual, bissexual ou
outra orientação sexual, e aos contextos
em que essa orientação pode ser
assumida pela pessoa e/ou reconhecida
em seu entorno (GÊNERO, 2009).

23
Intersexual

Pessoas que nascem com anatomia


reprodutiva ou sexual e/ou um padrão de
cromossomos que não se encaixam na
definição típica de “sexo masculino” ou
“sexo feminino”. Essa condição pode ser
“descoberta” e/ou identificada em
qualquer idade, mas geralmente a pessoa
é classificada como intersexual quando no
nascimento diante de uma ambiguidade
da genitália e/ou gônada. Intersexual é
um termo guarda-chuva que se refere a
um conjunto amplo de variações do
padrão culturalmente estabelecidos de
corpos tidos como masculinos e
femininos. Ainda é comum a prescrição
de terapia hormonal e a realização de
cirurgia, destinadas a adequar aparência
e funcionalidade da genitália, muitas
vezes antes dos 24 meses de idade.
Contudo, algumas pessoas intersexuais
submetidas a este processo relatam que
não se adaptaram e rejeitaram o sexo
designado ao nascimento, respaldando
uma conduta terapêutica que defende
o adiamento da intervenção até que
a/o jovem sujeito possa participar na
tomada da decisão. Desta forma,
pessoas intersexuais tem-se mobilizado
cada vez mais, a nível mundial, para
que a intersexualidade não seja entendida
como uma patologia, mas como uma
variação, e para que não sejam
submetidas, após o parto, a
cirurgias ditas “reparadoras”, que as
mutilam e moldam órgãos genitais
que não necessariamente concordam
com suas identidades de gênero ou
orientações sexuais. O termo
Hermafrodita é considerado
desatualizado e depreciativo, devendo ser
evitado, sendo, assim, a palavra
apropriada é Intersexual para se referir
a tais pessoas (REIS, 2018). 24
L
Lésbica

Pessoa que se identifica como sendo do


gênero feminino (cis ou trans) e que tem
desejos, práticas sexuais e/ou
relacionamento afetivo-sexual com outras
pessoas também do gênero feminino (cis
ou trans). Terminologia utilizada para
designar a orientação sexual da
homossexualidade feminina. A pessoa que
se identifica como lésbica não precisa ter
tido, necessariamente, experiências
sexuais com outras mulheres (GÊNERO,
2009).

25
SE LIGA NA DICA!

Não revele a orientação


sexual ou identidade de
gênero de uma pessoa sem a
permissão dela, caso esta
pessoa não seja
autodeclarada LGBT+! O ato
LGBT
de revelar a orientação
sexual ou identidade de
Sigla para lésbicas, gays, bissexuais, gênero de uma pessoa seja
travestis, transexuais. A sigla passou por ela lésbica, gay, travesti,
algumas modificações desde o seu transexual, dentre outras
surgimento e pode ser encontrada com o múltiplas identidades,
acréscimo de letras formando outros também é conhecido pela
acrônimos, como LGBTIQ, que inclui expressão da língua inglesa
pessoas intersexos e identidades queer outing. A decisão de sair do
(NASCIMENTO, S.D). Com o objetivo de armário (metáfora usada
abranger outras orientações sexuais, para dizer que alguém evita
identidades e expressões de gênero o revelar sua orientação sexual
símbolo + é acrescentado à sigla LGBT, ou sua identidade de gênero)
formando outras variações (LGBT+, é sempre pessoal. Cada
LGBTI+, LGBTQI+, dentre outras). pessoa que se identifica
como LGBT+ ou que ainda
está se questionando sobre a
sua identidade tem sua
história e seu processo de
aceitação que devem ser
respeitados.

26
LGBTfobia

A LGBTfobia pode ser definida como o


medo, a aversão, ou o ódio irracional às
pessoas que manifestem orientação
sexual ou identidade/expressão de
gênero diferente dos padrões
heteronormativos, mesmo pessoas que
não são LGBT+, mas são percebidas
como tais. É o preconceito e sentimento
de repulsa em relação às pessoas LGBT+
que transpassa o caráter individual e
psicológico e atinge uma dimensão social
e política como dispositivo de vigilância
das fronteiras de gênero. É uma
manifestação arbitrária que consiste em
designar o outro como contrário, inferior
ou anormal; por sua diferença irredutível,
ele é posicionado a distância, fora do
universo comum dos humanos
(BORRILLO, 2010). A LGBTfobia consiste
em um problema social e político dos
mais graves, mas que varia de intensidade
e frequência, de sociedade para
sociedade. Tem sido um conceito guarda-
chuva, utilizado para descrever um
variado leque de fenômenos sociais
relacionados ao preconceito, à
discriminação e à violência contra pessoas
LGBT+. Na maior parte das vezes, os
fenômenos da intolerância, do
preconceito e da discriminação em
relação a gays (homofobia), lésbicas
(lesbofobia), bissexuais (bifobia) e
travestis e transexuais (transfobia) devem
ser tratados não com terapia e
antidepressivos, como no caso das
demais fobias, mas sim com a punição
legal e a educação (ABGLT, 2010 citado
por REIS, 2018).

27
M
Movimento Feminista

Movimento social, político e filosófico que


defende a equidade de direitos de todas
as pessoas, independente de gênero,
sexo, raça, classe social, religião, tanto no
âmbito da legislação (plano normativo e
jurídico), quanto no plano da formulação
de políticas públicas que ofereçam
serviços e programas sociais de apoio,
principalmente, às mulheres. O feminismo
é uma proposição dialética que implica
em perceber a pluralidade e não uma
nova forma de dominação (adaptado de
GÊNERO, 2009).

Movimento LGBT

Movimento social e político que agrega


diferentes sujeitos políticos – lésbicas,
gays, bissexuais, travestis e transexuais,
intersexos, dentre outras pessoas das
múltiplas identidades de gênero e
orientações sexuais – em favor de direitos
de livre orientação sexual e de expressão
das identidades de gênero. Atua através
de intervenção no âmbito da legislação e
da formulação de políticas públicas, bem
como por meio de ações que procuram
visibilizar essas população e suas
demandas e desconstruir preconceitos
fortemente arraigados no social (GÊNERO,
2009).
28
N
Nome social

Nome pelo qual a travesti, a pessoa


transexual ou de qualquer outro gênero
se identifica e prefere ser identificada, SE LIGA NA DICA!
independentemente do nome que consta
na certidão de nascimento e/ou
Sempre chame a pessoa
enquanto o seu registro civil não é
trans ou de qualquer outra
adequado à sua identidade de gênero. O
identidade de gênero pelo
nome social, mais do que a forma como a
seu nome social. Se não
pessoa se reconhece e é conhecida no
souber, pergunte!
ambiente social em que vive e se
relaciona, é uma característica
constitutiva de sua identidade de gênero
que deve ser respeitada, com base no
fundamento constitucional da dignidade
da pessoa humana (adaptado de Reis,
2018 e Nascimento, s.d.).

29
O
Orientação sexual

Refere-se ao desejo sexual, emocional


e/ou afetivo de cada pessoa por
indivíduos do sexo oposto, do mesmo
sexo, de ambos os sexos ou independente
do sexo. As pessoas são geralmente
classificadas como heterossexuais,
homossexuais, bissexuais, mas há ainda
as categorias de assexuais, pansexuais,
dentre outros tipos existentes (adaptado
de GÊNERO, 2009 e Nascimento, s.d.).

Pansexual
P
São pessoas que podem desenvolver
atração física, afetiva, emocional e desejo
sexual por outras pessoas, independente
de sua identidade de gênero ou do seu
gênero que lhe foi atribuído
compulsoriamente ao nascimento. A
pansexualidade é uma orientação
sexual, assim como a
heterossexualidade, a
homossexualidade, a bissexualidade,
dentre outras múltiplas orientações. O
prefixo pan vem do grego e se traduz
como “tudo”. A pansexualidade é uma
orientação que rejeita especificamente a
noção de dois gêneros e até de
orientação sexual específica (REIS, 2018).
30
Q
Queer

Palavra inglesa que originalmente


significava “estranho”, usada de forma
pejorativa e que foi reapropriada por
militantes e estudiosos como símbolo da
não conformação a estereótipos de sexo,
gênero e orientação sexual. A teoria queer
e os militantes queer criticam a fixidez (ou
essencialismo) das identidades, quer
sejam elas hetero ou não heterossexuais,
cis ou transgêneros (NASCIMENTO, S.D).

31
S
Sexo biológico

O sexo tido como biológico, em termos


simples, refere-se às características
biológicas que a pessoa tem ao nascer
com base nas diferenças cromossômicas
(XX e XY, dentre outras variações), órgãos
genitais, composição hormonal (que pode
influenciar na distribuição dos pelos,
massa muscular, voz, menstruação, etc),
capacidade reprodutiva, entre outros.
Em um primeiro momento, isso infere
que a pessoa pode nascer macho, fêmea
ou intersexual. Não há gênero no sexo
tido como biológico em si, o que existe é
uma expectativa social de gênero em
relação ao corpo/genital (adaptado de
Reis, 2018 e Nascimento, s.d.).

32
T
Transexual

É a pessoa que tem outra identidade de


gênero diferente daquela atribuída ao
nascimento e que deseja ser reconhecida
como pertencente a um dos dois gêneros
binários (mulher ou homem), podendo ou
não, para isso, fazer a cirurgia de
redesignação sexual (antigamente
chamada de “cirurgia de mudança de
sexo”) ou outras intervenções cirúrgicas e
de tratamento hormonal (NASCIMENTO,
S.D).

33
SAIBA MAIS!

Qual pronome e artigo usar?


Com relação a pronomes e
artigos, as pessoas,
independente de sua
identidade de gênero,
devem ser tratadas de
acordo com o gênero com o
Transgênero ou "trans" qual se identificam. Em
geral, utilize o pronome ou o
É a pessoa que não se identifica com o artigo no feminino para
gênero que lhe foi atribuído mulheres cis ou mulheres
compulsoriamente ao nascimento. São trans e o pronome ou o
pessoas cuja identidade de gênero artigo no masculino para
transcende as definições homens cis ou homens
convencionais de sexualidade. Esta trans. Se você não tem
terminologia também é utilizada para certeza quanto ao gênero da
descrever pessoas que transitam entre pessoa, especialmente no
os gêneros englobando travestis, caso de transgêneros não
transexuais e outras expressões de binários, pode perguntar,
gênero que se diferencie do cisgênero respeitosamente, como esta
(adaptado de Reis, 2018 e Nascimento, pessoa prefere ser tratada
s.d.). ao conversar ou se referir a
ela. Outra sugestão é
procurar não fazer essa
pergunta como se fosse algo
constrangedor, sussurrando
ou chamando de lado.
Pergunte de forma natural.
(NASCIMENTO, S.D)

34
Travesti

É a pessoa que tem outra identidade de gênero


diferente daquela atribuída ao nascimento, mas
que não necessariamente se identifica com os
gêneros binários: homem e mulher. Ainda que
não seja um consenso, muitas vezes se
diferencia a pessoa travesti da pessoa
transexual, pela travesti não desejar ser
reconhecida como mulher ou como homem,
assim, ela é, geralmente, pessoa que vivencia
papéis tidos como do gênero feminino, mas não
se reconhece com os tais gênero citados,
entendendo-se como integrante de um terceiro
gênero ou de um não-gênero. As pessoas
travestis podem modificar seus corpos por meio
de hormonioterapias, aplicações de silicone
e/ou cirurgias plásticas, porém, vale ressaltar
que isso não é regra para todas. A
denominação travesti é mais antiga que
transexual ou transgênero e muitas vezes
aparecem nas falas mais carregadas de
preconceito do que estas duas últimas.
Atualmente, o termo travesti adquiriu um teor
político de ressignificação de um termo
historicamente tido como pejorativo (adaptado
de Reis, 2018 e Nascimento, s.d.).

35
Não vacile para não
reproduzir preconceito!

O correto é orientação sexual e NÃO “opção sexual”! Não se utiliza a


expressão “opção sexual” por não se tratar de uma escolha. Assim como
ninguém opta por ser heterossexual, ninguém opta por nenhuma outra
manifestação da sexualidade, conscientemente. A expressão “opção sexual”
dá a falsa ideia de que pessoas não heterossexuais escolheram contrariar o
que é tido como norma ou normal, e geralmente essa expressão serve a fins
moralistas (NASCIMENTO, S.D.).

E piadas sobre pessoas LGBT+, podem? Piadas devem ser evitadas, assim
como comentários aparentemente espirituosos, brincadeiras ou qualquer
outra manifestação humorística envolvendo a sexualidade ou a identidade
de gênero das pessoas. Todas estas manifestações estão historicamente
carregadas de preconceito e discriminação, sendo, portanto uma das formas
mais comuns de violência simbólica e sua reprodução somente reforça e
reproduz a opressão. Caso presencie, ajude a/o colega a refletir sobre o que
foi dito, por meio do diálogo!

Pessoas que não se identificam como heterossexuais podem demonstrar


carinho em público? Podem SIM, da mesma forma que pessoas em
relacionamento heterossexual também. Expressar afeto em público é um
direito de todas as pessoas e as leis devem ser aplicadas de forma igualitária
(REIS, 2018).

Quanto ao banheiro e/ou vestiário é um direito da pessoa utilizar aquele de


acordo com a sua identidade de gênero. Se a pessoa se apresenta e se
identifica como mulher, deve usar o banheiro/vestiário feminino, se a pessoa
se apresenta e se identifica como homem, deve usar o banheiro/vestiário
masculino, sendo ela trans ou cis (REIS, 2018).

As siglas (LGBT, LGBTQ, LGBTI, LGBT+, etc) e outras terminologias estão em


constantes mudanças no intuito de abranger a multiplicidade das
sexualidades e identidades de gênero para que todas as pessoas se sintam
representadas, visibilizadas e tenham seus direitos respeitados. Na dúvida
de como tratar a pessoa, pergunte como ela gostaria de ser identificada.
Portanto, não se preocupe em tentar memorizar a lista das diversas
identidades. O respeito ao usar os termos que as pessoas preferem e o
reconhecimento de sua existência é o que mais importa!

36
UNIDADE 2
Gênero e EPT:
uma linha do tempo em processo

37
Uma linha do tempo é traçada nesta Segunda Unidade onde são apresentados
momentos históricos, desde 1909 a 2019, relacionados à diversidade sexual e de
gênero durante o surgimento e fortalecimento da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica. Fazemos uma breve contextualização da Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, destacando o surgimento
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais
(IFNMG) e ressaltando histórias ligadas às personalidades LGBT+ que deixaram
suas marcas no mundo, a trajetória de luta por direitos e ampliação da cidadania
desta população e, ainda, são indicados filmes, curtas, páginas de internet e outras
mídias que abordam a temática da identidade de gênero e orientação sexual
emergidos em cada momento da linha.

38
História da Rede e do IFNMG entre marcos
da diversidade sexual e de gênero

Na Rede
Federal... Escola de Aprendizes e Artífices
No dia 23 de setembro o presidente Nilo Peçanha
assinou o Decreto 7.566, criando inicialmente 19 Escolas de

1909 Aprendizes Artífices subordinadas ao Ministério dos Negócios


da Agricultura, Indústria e Comércio que ofereciam ensino
profissional, primário e gratuito.

Lota de Macedo Soares (1910-1967)


Arquiteta-paisagista e urbanista brasileira, Lota de Macedo
Soares, foi responsável pelo projeto de urbanização dos aterros

1910
do Flamengo e Botafogo. Lota viveu muitos anos com a poetisa
Elizabeth Bishop, romance lésbico retratado no filme Flores
1910
Raras. Link do filme: https://www.youtube.com/watch?
v=uYOKBu1rVtE
(Não recomendado para menores de 14 anos.)

Alan Turing (1912-1954)


Matemático inglês e cientista da computação que desenvolveu
um papel importante na formalização do algoritmo e a base

1912 dos estudos sobre inteligência artificial. Turing foi processado,


condenado e preso por ser gay. Sua história é retratada no
filme "O Jogo da Imitação". Link do filme: tinyurl.com/tbv2lam
(Não recomendado para menores de 12 anos)

39
Diferente dos outros

Considerado o primeiro longa-metragem sobre a


homossexualidade, o filme alemão "Diferente dos Outros" conta

1919 um romance entre dois homens. Foi produzido e escrito por


Richard Oswald e Magnus Hirschfeld. Magnus, que interpreta ele
mesmo no filme, foi um importante médico alemão e militante
da causa homossexual.

Liceus Profissionais Enquanto isso, na


Rede Federal...
Uma nova Constituição era promulgada tratando, pela primeira

1910
vez, do ensino técnico, profissional e industrial. Neste ano
também é assinada a Lei 378, que transformou as Escolas de
Aprendizes e Artífices em Liceus devido à reestruturação no
1937
Ministério da Educação e Saúde.

Enquanto isso, na Escolas Industriais e Técnicas


Rede Federal...

Os Liceus são transformados em Escolas Industriais e

1942 Técnicas pelo Decreto 4.127, de 25 de fevereiro, passando


a oferecer a formação profissional e técnica equiparada
ao nível médio.

Marsha P. Johnson (1945-1992)


Um dos ícones do movimento homossexual da década de 1960,
ativista, mulher trans, negra e drag queen, Marsha foi uma das
líderes da Revolta de Stonewall, em 1969, ao lado da também

1910 1945
ativista trans Sylvia Rivera. A história de Marsha é retratada no
documentário “A Morte e a Vida de Marsha P. Johnson” que destaca
as circunstâncias sobre sua morte (filme não recomendado para
menores de 14 anos).
40
Declaração Universal dos Direitos
Humanos (DUDH)

A DUDH, adotada pela Organização das Nações Unidas, traz em


seu artigo 2º o seguinte texto “Todo ser humano tem capacidade

1948
para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça,
cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
qualquer outra condição.

Laerte
A Laerte Coutinho nasceu em 1951, em São Paulo. Cartunista,
roteirista, ativista, mulher trans que até os 57 anos de idade se

1951 identificava no masculino. O documentário Laerte-se conta


um pouco da trajetória e descobertas de suas identidades e
nos leva a refletir sobre questões de gênero. (Não
recomendado para menores de 14 anos)

Escolas Técnicas Federais


Enquanto isso, na
Rede Federal...
As Escolas Industriais e Técnicas são transformadas em autarquias

1910 1959
com o nome de Escolas Técnicas Federais, com autonomia didática,
técnica, financeira e administrativa. Cursos técnicos foram
criados e autorizado o início da formação técnica de nível superior.

41
A Revolta de Stonewall

Em 28 de junho a polícia de Nova York (EUA) tenta interditar o


bar Stonewall Inn, situado na Christopher Street, movimentada
rua da região boêmia frequentada pelo público LGBT+. A
opressão policial era recorrente naquela época já que não ser
heterossexual era considerado crime em muitos estados norte-
americanos. Na ocasião daquela noite, frequentadores da região
do bar Stonewall Inn reagiram atirando pedras e garrafas em
direção aos policiais. O evento que foi conhecido como A
Revolta de Stonewall é considerado um dos símbolos da luta
LGBT+ e marco importante para a construção da noção de
1969
orgulho. O dia 28 de junho passou a ser consagrado como o "Dia
do Orgulho LGBT". O documentário A Revolta de Stonewall
retrata o contexto desse acontecimento.

Link do documentário: tinyurl.com/vn8kqtl (Não recomendado


para menores de 10 anos.)

Dzi Croquettes
O grupo teatral Dzi Croquettes surgiu no Rio de Janeiro
liderado pelo coreógrafo Lennie Dale. Fez sua primeira
apresentação de dança e humor em 1972, período demarcado
pelo auge da ditadura militar. Formado por homens que
usavam roupas ditas femininas e que misturavam purpurinas,

1972
meiões de futebol, saltos altos, barbas, peitos e pernas
cabeludas. A frase "Nem homem. Nem Mulher. Gente"
abria um dos espetáculos dos Dzi Croquettes e traduz as
transgressões normativas provocadas pelo grupo. A trajetória
do grupo é retratada no documentário Dzi Croquettes.

Link do documentário: tinyurl.com/w3r6ezq


(Não recomendado para menores de 10 anos)

Centros Federais de Educação Enquanto isso, na


Tecnológicas (CEFETS) Rede Federal...

1910 1978
As Escolas Industriais e Técnicas são transformadas em autarquias
com o nome de Escolas Técnicas Federais, com autonomia didática,
técnica, financeira e administrativa. Cursos técnicos foram
criados e autorizado o início da formação técnica de nível superior.
42
Primeira Onda do Movimento
Político Homossexual no Brasil
Em pleno período de Ditadura Militar, inicia-se
a primeira onda do movimento político homossexual no Brasil
marcado pela fundação do Grupo Somos, em São Paulo.
Ainda neste ano, foi publicado o primeiro exemplar do Jornal
Lampião da Esquina que abordava temas políticos e afins,
1978
principalmente relacionados à defesa da homossexualidade
(SIMÕES e FACCHINI, 2009).

Segunda Onda do Movimento


Político Homossexual no Brasil
Durante a redemocratização do Brasil e a eclosão
da epidemia do Hiv-Aids, surgem organizações importantes

1980
para as conquistas de direitos civis e a luta contra a homofobia
como o grupo Triângulo Rosa (1985 a 1988); Grupo Gay da
Bahia (1980 atuante até o presente ano de 2020); e o grupo
Atobá (1986) (SIMÕES e FACCHINI, 2009).

Ativismo Lésbico

1910 1980
Surgimento do Movimento Lésbico-Feminista (MLF) formado por
dissidentes do grupo Somos para tratar de questões políticas
referentes às mulheres lésbicas e feministas. O MLF muda de
nome e passa a se chamar Grupo Lésbico-Feminista (GLF) e,
posteriormente, Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF).

43
Lançamento do Primeiro Boletim
Chanacomchana

O MLF lança seu primeiro boletim chamado Chanacomchana


que falava sobre questões lésbicas efeministas e circulou ao
longo da década de 1980 (SIMÕES e FACCHINI, 2009).

Acesse e veja um dos boletins do Chanacomchana:


1981
tinyurl.com/wun3pdw

Despatologização
da Homossexualidade no Brasil

O Conselho Federal de Medicina do Brasil passa a

1985 desconsiderar o artigo 302.0, da Classificação Internacional de


Doenças (CID), que tratava como doença e definia a
homossexualidade como desvio e transtorno sexual.

Constituição Federal de 1988


Promulgada a Constituição Federal de 1988 definindo em seu

1910
artigo 3º, inciso IV, que um dos objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil é “Promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação”.
1988
Disponível em: tinyurl.com/czskwlw

Terceira Onda do Movimento Político


Homossexual no Brasil
"Terceira onda" impulsionada pela multiplicação de grupos ativistas
e parcerias de muitos destes grupos com o Estado, como a fundação
da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,

1992 Transexuais e Intersexos (ABGLT), em 1995. Marcado também pela


consolidação da presença de novos sujeitos no movimento,
promovendo a designação atual de movimento LGBT dentre outras
siglas afins. As Paradas do Orgulho LGBT se consagram em todo
território brasileiro (SIMÕES e FACCHINI, 2009).
44
Primeira parada do orgulho LGBT
Primeira edição da Parada do Orgulho LGBT no Brasil, realizada
na cidade de São Paulo

Minha vida em cor de rosa


Este filme europeu conta a história de Ludovic, uma criança que
1997
é vista pela família e comunidade como um menino, mas de
forma consistente comunica ser uma menina trans que está
começando a assumir sua identidade perante a sociedade. Além
de se identificar como uma menina, Ludovic sonha em se casar
com o filho da vizinha. O filme aborda os conflitos da família de
Ludovic ao lidar com a sua identidade considerada transgressora
de gênero. (Não recomendado para menores de 14 anos)

Lançamento do Programa
Brasil Sem Homofobia
A partir de uma série de discussões entre o Governo Federal e
a sociedade civil organizada foi lançado, em 2004, o Programa
Brasil Sem Homofobia que foi o primeiro programa

2004 governamental específico para a população LGBT. O objetivo


do programa era promover a cidadania e os direitos humanos
de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), a
partir da equiparação de direitos e do combate à violência e à
discriminação.

Lei Maria da Penha


A Lei nº 11.340, de 07 de agosto (Lei Maria da Penha) cria
mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher. A lei também pode ser aplicada em caso violência
doméstica e familiar entre mulheres que mantenham relação
afetiva. 2006
Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-

45
2006/2006/lei/l11340.htm
Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o
Enquanto isso, na
projeto de Lei 11.892 promulgado no dia 29 de dezembro que
reconfigura a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Rede Federal...
Tecnológica, criando 38 Institutos Federais de Educação, Ciência
e Tecnologia espalhados por todos os estados do Brasil.

Criação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia


2008
do Norte de Minas Gerais (IFNMG) mediante a junção do Centro
Federal de Educação Profissional e Tecnológica de Januária
(CEFET-Januária) e da Escola Agrotécnica Federal de Salinas
(EAF-Salinas).

1ª Conferência Nacional GLBT


Intitulada “Direitos Humanos e Políticas Públicas: O caminho
para garantir a cidadania de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis
e Transexuais”. A 1ª Conferência Nacional GLBT sinalizou a
construção de propostas para ampliação de políticas públicas
para LGBT+em níveis estadual e municipal.

Processo Transexualizador 2008


Instituído o Processo Transexualizador no Sistema Único de
Saúde por meio da Portaria nº 1.707/GM/MS, de 18 de agosto e
da Portaria nº 457/SAS/MS, de 19 de agosto. Em 19 novembro de
2013 foi publicada a Portaria nº 2.803 que redefiniu e ampliou o
Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde – SUS.

Portaria nº 2.803 disponível em:


bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2803_19_11_2013
.html

Lançamento do Plano Nacional de


Promoção da Cidadania e Direitos
Humanos LGBT (PNPCDH/LGBT)
O plano reuniu as proposições da 1ª Conferência Nacional GLBT e

2009
teve como objetivo orientar a construção de políticas públicas de
inclusão social e de combate às desigualdades para a população
LGBT+, primando pela intersetorialidade e transversalidade na
proposição e implementação dessas políticas. 46
Nome Social ao Usuário do SUS
Portaria nº 1.820/2009 do Ministério da Saúde estabelece que o
nome social e à identidade de gênero do usuário do serviço do
Sistema Único de Saúde seja respeitado.

Disponível em:
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_20
09.html

2009 RuPaul's Drag Race


Estreia nos Estados Unidos a série televisiva em formato de
reality show de competição entre drag queens. Idealizado e
apresentado por RuPaul Charles, ator, drag queen, modelo,
autor e cantor americano, o programa RuPaul's Drag Race tem
como uma das premissas básicas apresentar a cultura e o
universo drag para o público. (Não recomendado para menores
de 14 anos)

Campus do IFNMG em Almenara,


Arinos, Montes Claros e Pirapora Enquanto isso, na
Rede Federal...
1910
Portarias MEC n° 108, 113 e 11, de 29 de de janeiro, autorizam o
funcionamento, respectivamente, dos campi Almenara, Arinos e
Araçuaí; e Portaria MEC n° 1.366, de 06 de dezembro, autoriza o
funcionamento dos campi Montes Claros e Pirapora.
2010
Conselho Nacional de Combate à
Discriminação e Promoção dos
Direitos de LGBT
Criado Conselho Nacional de Combate à Discriminação e
Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT).
2010

47
2ª Conferência Nacional de Políticas
Públicas de Direitos Humanos de LGBT
A 2ª Conferência Nacional LGBT teve como objetivo central
analisar as ações realizadas e avaliar seus resultados, bem como
propor estratégias para o seu fortalecimento e diretrizes para a
implementação de políticas públicas no combate à
discriminação e a promoção da cidadania de LGBT.

Reconhecimento da União Estável 2011


Reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo
gênero, também chamada no âmbito jurídico de união
homoafetiva, em julgamento do STF da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 4277 e a Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 132.

Política Nacional de
Saúde Integral de LGBT
2011
Portaria nº 2.836/2011 institui, no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT.
Portaria nº 2.836/2011 disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2836_01_12
_2011.html

Tomboy

O filme francês estreou no Brasil em 2012 e conta a história de


Laure (Zoé Héran) que é uma criança de dez anos designada
ao nascer com o sexo feminino, mas que se identifica como
menino. A família se mudou há pouco tempo e, com isso, não
conhece os vizinhos. Devido seu cabelo curto, sua maneira de
vestir e comportamento tido como masculino as crianças da

2012
nova vizinhança trata a criança como um garoto. Laure, então,
se aproveita disso para se apresentar como Mickäel. O filme
lida com a construção da identidade e papéis de gênero na
infância e as dificuldades das relações entre crianças e pais
nesse processo.
(Não recomendado para menores de 10 anos)

48
Aprovado o Casamento Civil entre
pessoas do mesmo gênero

Casamento civil entre pessoas do mesmo gênero, aprovado


pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Conselho

2013 Nacional de Justiça (CNJ), respectivamente por meio da


Resolução nº 175, de 14 de maio de 2013.
Disponível em:
https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/1754

IFNMG - Centro de Referência em


Educação a Distância e Projetos Enquanto isso, na
Especiais Rede Federal...

Resolução Consup n° 36, de 30 de outubro, cria o Centro de


Referência em Educação a Distância e Projetos Especiais do
IFNMG.
2014

Nome Social no ENEM


Permissão do MEC para pessoas transexuais e travestis poderem
solicitar o uso do nome social no Exame Nacional do Ensino
Médio (Enem).

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho 2014


Filme brasileiro, baseado no curta-metragem Eu Não Quero
Voltar Sozinho, que conta a história de Leo (Ghilherme Lobo) um
adolescente cego, que tenta lidar com a mãe superprotetora ao
mesmo tempo em que busca sua independência. Quando
Gabriel (Fabio Audi) chega à cidade, novos sentimentos
começam a surgir em Leo, fazendo com que ele descubra mais
sobre si mesmo e sua sexualidade.

Link do curta-metragem:
https://www.youtube.com/watch?v=1Wav5KjBHbI
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12
anos.
49
Margarita Com Canudinho
Neste filme indiano é contada a história de Laila (Kalki
Koechelin) que é uma jovem indiana e que tem paralisia
cerebral. Ao lado de sua mãe (Revathy), ela deixa seu país para
estudar na Universidade de Nova York. Sem fé no amor após ter
sido rejeitada por um colega, ela se envolve em um
relacionamento com uma jovem ativista (Sayani Gupta) e
2014
embarca em uma jornada de descobertas.

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12


anos.

Enquanto isso, na IFNMG - Campus


Rede Federal...
Avançado Janaúba

2015 Portaria MEC n° 27, de 21 de janeiro, autoriza o funcionamento do


Campus Avançado Janaúba.

Merlí

A série espanhola Merlí traz o professor de filosofia homônimo


que leciona no Ensino Médio. Merlí é um professor recém-
chegado na escola que adota uma posição radicalmente
alheia à escola tradicional quebrando regras por meio de um
discurso que busca provocar a reflexão emancipatória das/os

2015
alunas/os. Em diversos momentos da série, Merlí coloca-se
como mediador nas temáticas sobre diversidade sexual e de
gênero e mais que lecionar, ele ajuda suas/seus alunas/os a
enfrentarem situações da vida, passando a conhecer a
realidade de cada uma/um.

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12


anos.

50
Ellora
O canal do youtube é apresentado pela criadora de conteúdo
digital Ellora Haonne. A influenciadora digital, que se declara
bissexual, aborda temas relacionados a comportamento,
produzindo vídeos sobre temas como feminismo,
relacionamentos abusivos, amor livre, amor próprio e quebra de
padrões.

2015 Link do canal: https://www.youtube.com/user/ElloraHaonne

Tempero Drag
O Tempero Drag estreou como programa de culinária on-line
apresentado pela drag queen Rita Von Hunty, persona de
Guilherme Terreri Lima Pereira. Guilherme é professor e ator
formado em artes cênicas e letras. Inicialmente, o canal do
youtube, falava sobre comidas veganas, além de outros temas
como cultura drag. Adquirindo um novo formato com o
decorrer do tempo, o programa da Rita passa a ganhar
destaque ao mudar o foco para assuntos sobre política,
abordando temas como comunismo, LGBTfobia, consciência de
classes, feminismo, dentre outros.
Link do canal:
https://www.youtube.com/channel/UCZdJE8KpuFm6NRafHTEIC
-g

IFNMG - Campus Diamantina,


Campus Teófilo Otoni e Campus
Enquanto isso, na
Avançado Porteirinha Rede Federal...

Portaria MEC n° 378, de 09 de maio, autoriza o funcionamento


dos campi Diamantina, Teófilo Otoni e Campus Avançado
Porteirinha.
2016

51
3ª Conferência Nacional de
Políticas Públicas de Direitos
Humanos de LGBT
A 3ª Conferência Nacional LGBT teve como tema “Por um Brasil
que criminalize a violência contra lésbicas, gays, bissexuais,
travestis e transexuais”. Foram aprovadas propostas e menções
para o fortalecimento de políticas públicas voltadas para o 2016
segmento LGBT em todo o país, incluindo a regulamentação
sobre o uso do nome social e o reconhecimento da identidade
de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional.

Nome Social e o Reconhecimento


da Identidade de Gênero na
Administração Pública Federal

Decreto nº 8.727, de 28 de abril dispõe sobre o direito ao uso do


nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de

2016
pessoas travestis ou transexuais no âmbito da administração
pública federal direta, autárquica e fundacional.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-


2018/2016/Decreto/D8727.htm

Amor Por Direito

O filme estreou no Brasil em 2016 e é baseado em fatos reais. O


longa narra o caso da policial Laurel Hester (Julianne Moore) e a
mecânica Stacie Andree (Ellen Page) que travam uma batalha
para assegurar que Stacie receba os benefícios da pensão de sua
esposa, só que as autoridades se recusam a reconhecer a relação 2016
afetiva entre elas.

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12


anos.

52
Hora Queer

O podcast Hora Queer, antes chamado de HQ da Vida, fez sua


primeira transmissão em 2016. A intenção inicial era contar
histórias de LGBTs, porém ao longo dos anos sua pauta foi se
abrindo e interseccionando, predominando temáticas sobre
política com um foco anticapitalista, anti-imperialista, feminista,

2016
antirracista e anti-LGBTfóbico. O idealizador e apresentador do
programa Danilo Lima Carreiro também é drag queen, youtuber
e professor do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais. Em
seu canal do youtube Doutora Drag o programa é apresentado
pela drag queen Dimitra Vulcana e tem como objetivo falar
sobre política de forma didática e reflexiva.
Link do podcast:
https://www.spreaker.com/show/hq-da-vida_1

10 Anos do IFNMG

O IFNMG completa 10 anos de existência. Nesse ano, a

2018 Resolução Consup n° 02, de 07 de fevereiro, define como unidade


de ensino o Centro de Referência em Formação e Educação a
Distância.

53
Nome Social e o Reconhecimento da
Identidade de Gênero no Registro Civil
Pessoas transgêneras que desejam alterar o nome e gênero
de nascimento em seu registro civil passa a ter este direito
garantido por decisão do Supremo Tribunal Federal no
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
4275 e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça.

Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=371085

2018 Me Chame Pelo Seu Nome


O filme narra os acontecimentos de uma temporada de férias na
vida do adolescente Elio (Timothée Chalamet) na casa de campo
da família no norte da Itália em 1983. Lá, o pai dele, especialista
em cultura grego-romana, recebe o acadêmico Oliver (Armie
Hammer), que viaja para ajudá-lo em sua pesquisa. Aos poucos,
Elio e Oliver vão se aproximando um do outro e iniciam uma
relação amorosa escondida, despertando sentimentos ainda
desconhecidos para o jovem Elio.

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14


anos.

Amiel
O minidocumentário Amiel conta a história do ativista LGBT+ que
luta pela visibilidade da população intersexual. Amiel Modesto
Vieira descobre sua intersexualidade apenas aos 33 anos de
idade, quando, ao encontrar uma carta do Hospital das Clínicas

2019
de São Paulo, desvenda o segredo sobre sua condição mantido
por seus pais.

Link do documentário:
https://globosatplay.globo.com/assistir/canal/curtas/v/7468453
Classificação indicativa: livre.

54
Criminalização da Homofobia e
Transfobia

Supremo Tribunal Federal (STF) aprova a equiparação da


homofobia e a transfobia aos crimes de racismo (Lei 7.716/1989)
até que o Congresso Nacional edite lei específica sobre a matéria,

2019
conforme julgamento realizado pelo STF da Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26.

Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?
idConteudo=414010

110 Anos da Rede Federal de


Educação Profissional e Tecnológica
Enquanto isso, na
Com 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia; Rede Federal...
dois centros federais de educação tecnológica (Cefet); 22
escolas técnicas vinculadas às universidades federais; Colégio
Pedro II; sendo no total 661 escolas espalhadas por 578
municípios do país, com a oferta de educação pública gratuita 2019
e de qualidade para milhares de estudantes, a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica completa 110
anos.

55
UNIDADE 3
Práticas e reflexões sobre diversidade
de gênero e sexual na escola

56
Busca-se nesta Terceira Unidade apresentar propostas educativas referentes à
diversidade sexual e de gênero que subsidiem as práticas pedagógicas para a
formação reflexiva e como sugestões de atividades que poderão ser realizadas com
educadoras/es, estudantes, seus familiares, enfim, todas as pessoas interessadas
na construção de um mundo mais justo e solidário. As propostas visam, por meio
da cooperação, da solidariedade e do respeito, desvelar a ordem que coloca as
identidades sexuais e de gênero como normal, estável e limitante das
possibilidades de vivências e experiências relacionadas às questões de gênero e
sexualidade e estimular o debate para enfrentamento da LGBTfobia.

57
PROPOSTA 1
AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO
Entendendo a Heteronormatividade e
a Cisnormatividade

Objetivo:
Identificar, buscando Material:
compreender, livros (incluindo didáticos),
comportamentos que de revistas, filmes, papel, lápis
alguma forma ditam as ou caneta, quadro, pincel
fronteiras estabelecidas pela anatômico e apagador.
heteronormatividade e
cisnormatividade

Tempo recomendado: 120 minutos


Procedimentos:

1 Percorrer pela escola, fazendo um tour pela biblioteca, banheiros, corredores,


quadras e salas, observando e analisando os livros e revistas da biblioteca, as placas
de identificação dos banheiros, as atitudes e comportamentos das pessoas
(estudantes, pessoal do administrativo, pessoas do serviço terceirizado, pessoal da
gestão e docentes). Analisar as demarcações de gênero e sexualidade presente
nestes ambientes e materiais e seguir o roteiro do procedimento seguinte.

2 Roteiro para observação e anotações em papel:

a) Como as figuras de homens e mulheres são representadas nos livros e revistas da


escola? O que leva a compreender que estas figuras são homens e mulheres
(corpos, vestimentas, nome, comportamentos, etc)?

b) Você percebe a presença de figuras não cisgêneras nos livros e revistas da escola?
É maioria, minoria ou inexistem? Caso afirmativo da presença, como são retratadas?
São esteriotipadas?
58
c) Como são representados os relacionamentos afetivos? Você percebe a presença
de relacionamentos não heterossexuais (lésbicas, gays, bissexuais, pansexuais,
demais orientações sexuais) nos livros e revistas da escola? É maioria, minoria ou
inexistem?

d) Como os arranjos familiares são representados? Existem outras composições de


famílias que não seja formado por um casal heterossexual com filhas (os)? Caso não
reconheça outras composições, reflita sobre esta ausência nos livros e revistas, bem
como nos demais materiais didáticos.

e) Os textos dos livros e revistas têm linguagem não sexista, ou seja, usam “ser
humano” ou “pessoa humana” em vez de “homem”; “As pessoas idosas” em vez de
“Os idosos”; “A juventude” em vez de “Os jovens”; “O eleitorado” em vez de “Os
eleitores”; “A direção” ou “A diretoria” em vez de “Os diretores”; dentre outras
expressões? Usam o masculino para se referir ao coletivo, mesmo havendo a
presença feminina ou de outros gêneros?

f) No banheiro existem placas indicativas de gênero? Como são representadas as


figuras?

g) Em livros, revistas, internet, filmes, novelas, séries e outras mídias, como são
representados os relacionamentos afetivos e sexuais das personagens em geral?

h) Você se lembra de ter assistido algum filme com personagem LGBT+ em papel de
protagonista?

i) Você considera importante a visibilidade e o reconhecimento de pessoas LGBT+


nas mídias, nos livros, revistas e demais materiais didáticos? Justifique.

j) Após o passeio pela escola e as reflexões anotadas, o que você entende por
heteronormatividade e cisnormatividade?

3 Após o tour pela escola, convidar o grupo a se sentar em círculo.

4 Inicie uma conversa com o grupo que estimule a reflexão sobre o que é biológico
ou natural e o que é social e cultural no que diz respeito aos nossos
comportamentos.

5 Em seguida, distribuir uma folha com a pergunta-chave e instruir para que a


responda.

6 Pedir para cada participante falar sobre as suas observações realizadas na


atividade e dizer o que respondeu sobre a pergunta-chave.

59
? Pergunta-chave para a discussão coletiva:

O que poderia ser feito para tornar a escola mais acolhedora


para todas as pessoas que não se encaixam nos modelos
cisnormativo e heteronormativo presentes na sociedade?

Sugestão de leitura:

Artigo:
JUNQUEIRA, R.D. Pedagogia do armário: a normatividade em
ação. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 7, n. 13, p. 481-
498, jul./dez. 2013. Disponível em:
http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/320
.

60
PROPOSTA 2
AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO
Superando o preconceito e a discriminação

Objetivo: Material:
Discutir as questões do lápis e folha de papel
preconceito e contendo, cada uma, as
discriminação que levam a assertivas descritas nos
LGBTfobia e refletir sobre procedimentos; quadro e
as possibilidades de pincel anatômico; projetor
superá-las. multimídia; computador ou
mídia removível para acesso ao
material audiovisual.

Tempo recomendado: 45 minutos

Procedimentos:

1 Apresente dados estatísticos sobre a LGBTfobia:

Seguem alguns dados para fundamentação da/o facilitadora/or. Lembrando que


outras pesquisas poderão ser apresentadas com a identificação da sua devida fonte:

61
Em 2009, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgou uma
pesquisa encomendada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (MEC/INEP) na temática do Preconceito e
Discriminação no Ambiente Escolar, foi realizada em 501 escolas de 27 estados,
numa amostra de 18.599 respondentes, dentre elas pais, mães, diretoras/es e
funcionárias/os de escola e estudantes. Nela constatou que 93,5% das pessoas
entrevistadas possuem algum nível de preconceito relacionado ao gênero e
mais de 80% têm preconceito relacionado à orientação sexual e ainda 98%
das/os entrevistadas/os possuem algum nível de distância social para com os
homossexuais (FIPE, 2009).Outra pesquisa que demonstra dados sobre
opressão e rejeição a determinados gêneros na escola foi realizada pela
Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) em parceria com o
Ministério da Educação e Organização dos Estados Ibero-americanos para
Educação, Ciência e Cultura (OEI) no ano de 2015. Os dados revelaram que a
orientação sexual e a identidade de gênero é um dos principais alvos de
preconceitos no ambiente escolar: 19,3% das/os estudantes responderam que
não queriam ter como colega de classe pessoas homossexuais, transexuais,
transgêneros e travestis; no ensino médio e entre os jovens do sexo masculino,
essa ocorrência sobe para cerca de 31% (ABRAMOVAY, 2015). No ano de 2016, a
Secretaria de Educação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT) apresentou o relatório da Pesquisa
Nacional Sobre o Ambiente Educacional no Brasil 2016 contendo experiências
de violências sofridas por estudantes LGBT+. A pesquisa demonstrou que mais
de 65% dos respondentes disseram terem sidos agredidos verbalmente na
escola devido a sua orientação sexual ou identidade/expressão de gênero. As
agressões físicas referentes à orientação sexual foram relatadas por 27%
das/os estudantes, enquanto 25% relatou a agressão devido a sua
identidade/expressão de gênero.

62
2 Distribuir para cada participante uma folha contendo as seguintes assertivas:

a) A heterossexualidade é uma opção sexual assim como as demais orientações


sexuais que são escolhidas conscientemente.

b) Creio que nenhuma pessoa deve ser discriminada por motivo algum.

c) Fazer piadas por meio de gozação, imitação, assovios e chacotas não são
consideradas LGBTfobia, mas apenas brincadeiras, mesmo que seja ofensivo a
alguém ou grupo de pessoas.

d) Se as pessoas heterossexuais podem manifestar carinho em público, as não-


heterossexuais também podem.

e) Pessoas trans não deveriam utilizar o banheiro de acordo com a sua identidade
de gênero.

f) Os direitos humanos não incluem direitos relacionados à nossa sexualidade.

g) Frases como "Não tenho preconceito, tenho até amigas/os que são GLS"; "Tudo
bem ser gay, mas não precisa ser afeminado"; "Pode ser lésbica, mas não precisa se
vestir como homem"; “Homem se depilar é muita viadagem”; “Bissexual é uma
pessoa indecisa quanto a sua orientação sexual”; “ Isso é moda, logo vai passar”;
“Que desperdício você ser LGTB+”; “Quem é a mulher/homem da relação?”;
“Aquela/aquele transexual até parece uma mulher/homem de verdade”. São frases
carregadas de preconceito e discriminação direcionadas às pessoas LGBT+ e devem
ser eliminadas de nossos discursos.

h) Existem brincadeiras e esportes apropriados para homens e mulheres. Uma


criança que brinca de boneca, por exemplo, ou é menina ou é gay.

i) Não estranharia ter uma/um professora/or travesti ou transexual. Estas pessoas


podem ocupar qualquer profissão que quiserem.

j) A sexualidade, em geral, assim como a orientação sexual e as identidades de


gênero, em particular, não é abordada na escola, a ponto de muitas/os jovens que
não se incluem na norma heterossexual sentirem-se isoladas/os, excluídas/os e
incompreendidas/os.

k) O casamento deveria ser somente para casais heterossexuais.

63
l) A heteronormatividade contribui para ocorrência da LGBTfobia.

m) Pessoas LGBT+ devem fazer tratamento para corrigir seus comportamentos e


desvios sexuais.

n) Prefiro uma/um filha/o criminosa/o a uma/um filha/o LGBT+.

o) O direito à cidadania deve ser ampliado a todas as pessoas, independente da


identidade de gênero e orientação sexual.

3 Instruir, anotando no quadro, que para cada frase a/o participante deverá se
posicionar, de acordo a sua opinião, escrevendo “Concordo”, “Discordo” e “Não sei”.
Dar um tempo para que as pessoas reflitam e preencham a folha.

4 Dividir a turma em pequenos grupos e solicitá-los para que façam uma discussão
sobre as respostas e o que consideram ser LGBTfobia para que cada grupo construa
uma definição para o termo.

5 Reunir as/os participantes em círculo e solicitar que cada representante de grupo


apresente a definição elaborada e escreva no quadro.

6 Em seguida, pedir que cada pessoa comente como se sentiu com a atividade, se foi
fácil ou não decidir em qual posição ficar, se conseguiram perceber seus níveis de
preconceito e discriminação e como foi o debate em grupo para a definição de
LGBTfobia.

7 Para finalizar, solicitar que discutam o papel da escola para a transformação de


uma sociedade mais justa e combativa as manifestações LGBTfóbicas.

Música para tocar:

Coloque o clipe da música “Flutua” de Johnny Hooker e


Liniker (confira no link:
https://www.youtube.com/watch?v=mYQd7HsvVtI). É
interessante que se distribua a letra da música para o
grupo acompanhar.

64
PROPOSTA 3
AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO
Vamos nos movimentar?

Objetivo: Material:
Contribuir para a ampliação do Quadro; pincel
conhecimento da história do anatômico; folha de flip
movimento feminista e chart ou de cartolina.
movimento LGBT+ e refletir sobre
a sua importância para a luta por
direitos e cidadania ampla.

Tempo recomendado: 60 minutos

Procedimentos:

1 Converse com a turma sobre movimentos sociais ligados às questões de gênero e


sexualidade e sua importância histórica.

2 Divida a turma em grupos estabelecendo as seguintes temáticas para cada um:


movimentos feministas; movimentos LGBT+ internacional; movimentos LGBT+ no
Brasil.

3 Instrua para que cada equipe pesquise sobre os principais fatos e conquistas da
história de cada movimento.

65
4 Em seguida, deverão produzir cartazes com textos e figuras referentes aos
contextos pesquisados.

5 Solicitar que cada grupo apresente o seu cartaz e relate sobre a pesquisa.

6 Ao final das apresentações, abrir uma discussão, perguntando:Qual a importância


dos movimentos sociais para a população LGBT+ e para a sociedade como um todo?
Como a escola pode contribuir nestas lutas?

7 Os cartazes poderão ser afixados no mural da escola como um dos resultados da


dinâmica.

Sugestão para a pesquisa:

Livros:
LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva
pós-estruturalista. 16 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

SIMÕES, J. A.; FACCHINI, R. Na trilha do Arco-Íris: do movimento


homossexual ao LGBT. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,
2009.

Documentário:
A Revolta de Stonewall
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=cxSBW79yxjQ

Podcast:
Hqpédia #08 – Lampião da Esquina produzido por Hora Queer
+ Doutora Drag. Disponível em:
https://www.spreaker.com/user/halfdeaf/hqpedia-08-lampiao-
da-esquina

66
PROPOSTA 4
AÇÃO-REFLEXÃO-AÇÃO
Existências e Vivências

Objetivo: Material:
Visibilizar histórias de Papel, caneta, quadro,
vidas por meio de relatos pincel anatômico, projetor
de pessoas LGBT+ em multimídia, computador
suas experiências e ou mídia removível para
vivências. acesso ao material
audiovisual.

Tempo recomendado: 60 minutos

Procedimentos:

1 Solicitar para que formem um círculo para discussão sobre os significados de


termos relacionados às orientações sexuais e identidade de gênero presentes na
sigla LGBT+.

2 Em seguida, informar, antes da exibição, qual filme/vídeo/programa que irão


assistir/ouvir, qual o tema, quem o fez, por que será exibido/ouvido, duração, etc.

3 Exibir o documentário Amiel. Disponível


em: https://globosatplay.globo.com/assistir/canal/curtas/v/7468453.

67
4 Após a exibição, pedir às/aos ouvintes/espectadoras/es que anotem sua opinião
sobre a obra (conteúdo, linguagem), respondendo as perguntas: quais os temas
abordados, o que chamou mais sua atenção, qual o sentimento diante o relato;
como podemos relacionar o conteúdo apresentado com as questões de gênero,
sexualidade, mundo do trabalho, raça/etnia, cidadania.

5 Fazer, depois, uma plenária para extrair as conclusões individuais e coletivas.

6 Sugestão para atividades com materiais audiovisuais: Solicitar aos participantes


para que façam um “Caderno de memória das atividades e discussões” de cada
filme, curta-metragem, documentário, vídeo de internet, etc, que forem levados para
a discussão coletiva. Os resultados desse levantamento podem ser apresentados
para a classe ou escola na forma de painéis ou jornal mural e ser desdobrados em
redações e desenhos que representem o ponto de vista de cada pessoa em relação
às vivências LGBT+.

7 No Capítulo 2 desta cartilha podemos encontrar vários filmes, documentários,


séries, canais de youtube, podcast que podem ser trabalhados como o vídeo
sugerido nesta atividade.

68
UNIDADE 4
Datas que marcam:
visibilizar para conquistar

69
Finalizamos a cartilha nesta Quarta Unidade em que são elencadas datas que
marcam simbolicamente a celebração das existências LGBT+, dos avanços e das
conquistas do movimento. Estas datas também são importantes para dar
visibilidade às reivindicações por acesso a direitos, por reconhecimento da
cidadania e para o combate à LGBTfobia.

70
29 de janeiro
Dia Nacional da Visibilidade Trans
No dia 29 de janeiro de 2004, pessoas transexuais e travestis em
parceria com o Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde
lançaram a campanha “Travesti e respeito: já está na hora dos dois
serem vistos juntos. Em casa. Na boate. Na escola. No trabalho. Na vida”
com o objetivo de sensibilizar educadores e profissionais de saúde e
incentivar travestis e transexuais a reivindicar sua própria cidadania e
dignidade. Desde então a data ganhou um sentido político de luta pela
igualdade, respeito, visibilidade de pessoas trans e o enfrentamento à
transfobia.

25 de março
Dia Nacional do Orgulho LGBT
No Brasil, o dia 25 de março é uma data de mobilização e luta por
direitos, pelo respeito, visibilidade e reconhecimento da população
LGBT+. Além desta data, em 28 de junho é celebrado oficialmente o Dia
Internacional do Orgulho LGBT+.

71
17 de maio
Dia de Combate à LGBTfobia
Entre 1948 e 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificava a
homossexualidade como transtorno mental. Nesta época, era usado o
termo “homossexualismo”, cujo sufixo “ismo” remete à categoria de
doença. Em 17 de maio de 1990, a Assembleia Geral da OMS aprovou a
retirada do código 302.0 (homossexualismo) da Classificação
Internacional de Doenças, declarando que “a homossexualidade não
constitui doença, nem distúrbio”. Nesta data simbólica, organizam-se
eventos em vários países para chamar a atenção dos governos e da
opinião pública para a situação de opressão, marginalização,
discriminação e exclusão social em que vivem os grupos LGBT+ na
maior parte dos países. No Brasil, o 17 de maio foi instituído como o Dia
Nacional de Combate à Homofobia, por Decreto assinado pelo
Presidente da República em 04 de junho de 2010.

19 de maio
Dia do Orgulho Agênero
Data simbólica que pessoas agênero elegeram para dizer que existem e
tem orgulho de sua existência. Neste dia, é reivindicada a ocupação de
espaços na sociedade, a visibilidade de suas pautas e o reconhecimento
de direitos.

72
28 de junho
Dia do Orgulho LGBT
No dia 28 de junho de 1969, em mais um episódio de violenta repressão
policial contra o público LGBT+ que frequentavam o Bar Stonewall, em
Nova Iorque, uma multidão se rebelou contra a polícia. As manifestações
de pessoas LGBT+ perduraram nos dias seguintes contra o sistema
jurídico americano anti-LGBT e a data ficou conhecida como a Revolta de
Stonewall. A partir de então, foi criado o Orgulho Gay, surgindo as
primeiras organizações do movimento LGBT+ nos EUA e ganhando a
atenção de muitos países para os problemas e a violência contra esta
população. A Revolta de Stonewall ficou conhecida como um marco
pelos direitos das pessoas LGBT+ e foi importante para fortalecer a luta
dos movimentos nos EUA e em diversos países. A palavra orgulho é
empregada no sentido de afirmação de cada indivíduo e da comunidade
como um todo.

14 de julho
Dia Internacional das
Pessoas Não-Binárias
Para relembrar que existem mais realidades para além do binário de
gênero (homem/mulher), neste dia pretende-se promover a visibilidade
e o reconhecimento das pessoas não-binárias, como o direito ao
documentos de identificação sem a exigência da definição de gênero.
73
29 de agosto
Dia Nacional da Visibilidade Lésbica
A data refere-se ao dia em que se realizou o primeiro Seminário
Nacional de Lésbicas (Senale), em 1996, no Brasil. É um dia dedicado a
se discutir as pautas que o movimento reivindica e dar visibilidade à
população de lésbicas no país.

23 de setembro
Dia da Visibilidade Bissexual
A data surgiu em 1999, proposta pelos ativistas estadunidenses Wendy
Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur, para a celebração do orgulho
de ser bissexual e, ainda, para o combate a bifobia. A Associação
Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA) reconhece a data e diversos
países a celebram como marco da luta das demandas da população
bissexual.

74
26 de outubro
Dia da Visibilidade Intersexual
A data remete ao dia 26 de outubro de 1996 em que pessoas intersexos,
integrantes da Intersex Society of North America, protestaram
publicamente após serem impedidos de participar da Conferência
Anual da Academia Americana de Pediatria, em Boston, EUA. A intenção
do grupo era questionar a forma desrespeitosa com que pessoas
intersexuais são tratadas pela sociedade, inclusive, desde o nascimento
quando muitas sofrem com a mutilação genital. A data marca também a
luta contra a invisibilidade intersexo e o direito ao reconhecimento da
sua identidade de gênero.

20 de novembro
Dia Internacional da
Memória Transgênera
Esta data, que em inglês significa Transgender Day of Rememberance
(TDoR), é inspirada pelo assassinato, em 1998, de Rita Hester, mulher
trans negra muito estimada na comunidade de Allston, Massachusetts.
Este dia é dedicado à memória de todas as pessoas que faleceram
vítimas da transfobia e para chamar a atenção da sociedade para a
violência sofrida pela população trans em todo o mundo.

75
8 de dezembro
Dia do Orgulho Pansexual
Data que visa celebrar a visibilidade pansexual e reivindicar o respeito à
identidade das pessoas que assim se identificam.

76
O Sal da Terra
Composição de Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Disponível em
https://www.letras.mus.br/beto-guedes/44544/. Acesso em: 20 jun 2020.

Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar

Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo mundo


Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver

A paz na Terra, amor


O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da

Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã

Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maçã

Vamos precisar de todo mundo


Um mais um é sempre mais que dois
Pra melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois

Deixa nascer, o amor


Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, M. Coord. Juventudes na escola, sentidos e buscas: por que
frequentam?. Miriam Abramovay, Mary Garcia Castro, Júlio Jacobo Waiselfisz.
Brasília-DF: Flacso - Brasil, OEI, MEC, 2015. Disponível em:
http://flacso.org.br/files/2015/11/LIVROWEB_Juventudes-na-escola-sentidos-e-
buscas.pdf. Acesso em: 22 mar. 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LÉSBICAS, GAYS, BISSEXUAIS, TRAVESTIS E


TRANSEXUAIS. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Pesquisa nacional sobre o ambiente
educacional no Brasil 2016: as experiências de adolescentes e jovens lésbicas, gays,
bissexuais, travestis e transexuais em nossos ambientes educacionais. Curitiba:
ABGLT, 2016. Disponível em: http://www.grupodignidade.org.br/wp-
content/uploads/2016/03/IAE-Brasil-Web-3-1.pdf. Acesso em: 22 mar. 2019.

AVILA, Bia. O que significa ser uma pessoa assexual? Disponível em:
https://medium.com/todxs/o-que-e-ser-assexual-d44b11f3a6ac. Out. 2018. Acesso
em 23 dez. 2019.

BORRILLO, D. Homofobia: história e crítica de um preconceito. Tradução Guilherme


João de Freitas Teixeira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2010.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução


Renato Aguiar. 17 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2019. (negritar o título
"Problemas de gênero"

CARRARA, Sérgio L. et al. (Orgs.). Gênero e diversidade na escola: formação de


professoras/es em gênero, orientação sexual e relações étnico-raciais. Livro de
Conteúdos. Versão 2009. Rio de Janeiro/Brasília: CEPESC/SPM, 2009.

CARVALHO, M. E. P.; ANDRADE, F. C. B.; JUNQUEIRA, R. D. Gênero e diversidade


sexual: um glossário. João Pessoa: Ed. Universitária UFPB, 2009.

GÊNERO-FLUIDO. Orientando: um espaço de aprendizagem. Disponível em:


https://orientando.org/listas/lista-de-generos/genero-fluido/. Acesso em: 23 dez.
2019.

78
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